quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Versões de um Crime

O ator Keanu Reeves interpreta um jovem advogado de defesa que precisa defender um adolescente acusado de matar seu próprio pai. Supostamente ao ver sua mãe sendo agredida e abusada por ele não pensou duas vezes e, em um ataque de fúria, o matou com uma faca, a sangue frio. Mesmo sendo menor de idade ele acaba indo a julgamento no tribunal do júri como adulto por causa da brutalidade do crime. Acontece que Reeves conhece toda a família do acusado, foi inclusive muito próximo ao pai assassinado (que também era um advogado bem sucedido) e precisa encontrar forças para ao menos tentar salvar o garoto acusado de assassinato da pena máxima, a pena de morte. O que temos aqui é um drama de tribunal como aqueles antigos filmes dos anos 1970 cujos roteiros discutiam os limites entre a lei, a justiça e a verdade. O advogado protagonista do filme se vê em uma situação delicada, ainda mais quando vai supostamente chegando mais próximo da verdade, conforme o julgamento avança. Como era de se esperar temos aqui um roteiro com muitas reviravoltas, algumas bem criadas, outras soando forçadas. No geral porém é um roteiro que ao menos tenta manipular no bom sentido o espectador, tudo em nome da diversão, indo de um lado para o outro da verdade. Aquele público que gosta de desvendar mistérios certamente vai curtir as várias nuances desse roteiro. Prestar atenção em tudo o que acontece em cena se torna assim essencial.

Esse é apenas o segundo filme da diretora, nascida em Memphis, Courtney Hunt. Apesar da sua pouca experiência é de se reconhecer que seu primeiro filme "Rio Congelado" é muito bom, um drama humano sobre as pessoas pobres que vivem em estados em crise econômica dos Estados Unidos. Aqui ela mudou radicalmente seu foco, deixando a denúncia social para realizar um filme mais convencional em sua estrutura. A boa notícia é que a diretora conseguiu realizar um bom filme. A produção não é excelente, ficando na média de, digamos, um telefilme bem produzido. Não há grandes cenas bem elaboradas com bonita fotografia, mas a força do roteiro acaba compensando esse tipo de coisa. Em termos de elenco até que gostei da atuação de Keanu Reeves, logo ele que sempre costuma ser tão criticado. Esse filme porém me chamou muito a atenção pois foi o primeiro que assisti de Renée Zellweger após sua tão falada cirurgia plástica. Levei até um certo tempo para reconhecê-la pois realmente virou uma outra pessoa de tão diferente que está. Aquela graciosidade texana de seus filmes antigos ficaram definitivamente no passado. Não gostei de seu visual. Realmente mais uma bela atriz que obcecada pela juventude eterna acabou estragando sua beleza. Uma pena.

Versões de um Crime (The Whole Truth, Estados Unidos, 2016) Direção: Courtney Hunt / Roteiro: Courtney Hunt / Elenco: Keanu Reeves, Renée Zellweger, Jim Belushi, Gugu Mbatha-Raw, Gabriel Basso / Sinopse: O jovem advogado Ramsey (Reeves) precisa livrar o garoto Mike (Basso) da acusação de ter matado seu próprio pai durante uma briga, algo que definitivamente não será nada fácil pois não faltam provas de sua autoria nesse crime chocante.

Pablo Aluísio.

6 comentários:

  1. Avaliação:
    Direção: ★★★
    Elenco: ★★★
    Produção: ★★★
    Roteiro: ★★★
    Cotação Geral: ★★★
    Nota Geral: 7.4

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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  2. Já que você falou em Memphis lá vou eu para mais um dos meus indefectíveis of topics: eu não sei se você já teve a oportunidade de ver a serie Quarry. O que a torna curiosa é que ela se passa em Memphis em plena guerra do Vietnam, ou seja também com o Elvis vivo e no seu terceiro renascimento (Rock; Cinema; Vegas), mas a despeito disso, em oito episódios, o Elvis só é citado uma vez, porem a música da serie é a melhor da melhor da década final de "60, inicio de "70. Coisa muito boa mesmo, com direito inclusive a um versão rock da música Polk Salad Annie, que, contrariando o normal, é um rock tipo anos "70 muito melhor que a versão afetada e duvidosa do Elvis.
    A estória da serie é aquela do soldado que volta da guerra e tem problemas pra se reintegrar na vida cotidiana e vai para o lado negro da força, mas é bem feita e com ótimos atores. Se puder, prove.

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  3. Nunca assisti Serge...
    Em relação a séries ando de mal a pior...
    Por falta de tempo tive que escolher entre ver filmes ou séries... Os dois não dá, não tenho tempo :(

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  4. Pablo, depois eu vi que"Polk Salad Annie" é de 1968 e foi escrita e cantada por Tony Joe White. O interessante é que essa música é sobre o drama da Annie e da fome, ou da dificuldade de alimentar, no pobre sul dos EUA; mas a interpretação e performance do Elvis, com sua característica random dance, da uma impressão de ser paródia boba sobre um vegetal. Sem o Elvis talvez essa música nem fosse conhecida, mas a interpretação do Tony Joe é mais densa e coerente com o tema.

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  5. E, também, quem ouve essa musica com o Tony Joe White pela primeira vez pode pensar que ele está tentando imitar o Elvis ate no timbre da voz da parte falada, ou no arranjo, mas é justamente o oposto, quem eu faz isso, supreendentemente, é o Elvis. O Tony jáhavia gravada daquele jeito em 1968 e o Elvis só viria canta-la por volta de 1970.

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  6. Elvis levou essa música como uma paródia, uma piada até.
    Provavelmente não entendeu sua mensagem original ou se entendeu preferiu levar para o lado do puro humor.
    Nada do que inicialmente havia pensado o autor Tony Joe White.

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