sexta-feira, 27 de maio de 2005

Elvis Presley - Reconsider Baby

Elvis Presley - Reconsider Baby
Nunca passou pela cabeça dos executivos da RCA Victor o lançamento de um disco apenas com músicas de blues gravadas por Elvis ao longo de sua carreira. Durante toda a sua discografia oficial que se encerrou em 1977 com sua morte, nada chegou ao mercado nesse sentido. Só em 1985 é que chegou no mercado essa coletânea blues de suas melhores faixas no gênero. Foi um resgate histórico tardio, mas muito bem-vindo. Afinal Elvis sempre foi um admirador da cultura negra dos Estados Unidos. O blues para ele era tão familiar e natural como havia sido o gospel, o country e, é claro, o rock.

Esse álbum adquiri ainda na era do vinil, em 1985 mesmo. Foi um disco que chegou a ser lançado no Brasil. A capa e a contracapa seguiram o padrão americano, o que foi muito bem-vindo para os fãs. A filial brasileira da RCA inclusive manteve o texto original que vinha na contracapa em inglês. Isso deu uma certa sensação aos fãs na época de que o disco era importado, embora fosse realmente uma edição nacional, bem caprichada. A capa já chamava a atenção por trazer uma foto rebuscada de Elvis, tirada de forma amadora, com seu terno de listas que ele chegou a usar em algumas apresentações. O clima anos 50 era de fato bem adequado para esse tipo de lançamento.

A seleção também era bem elaborada. Em meados dos anos 80 as coisas tinham melhorado na major americana da RCA Victor. Os discos eram bem mais selecionados, contando com especialistas na discografia de Elvis Presley. Nada parecido com a bagunça que se tornou os lançamentos do cantor após sua morte em 1977. Nada de coletâneas de músicas infantis e outras bobagens. A intenção agora era de fato resgatar o melhor em termos de qualidade musical por parte de Elvis e seu legado. Assim os fãs acabaram sendo presenteados com um disco que tinha além de uma direção de arte muito bonita, também uma seleção digna de um nome como Elvis Presley.

1. Reconsider Baby    
A música principal do disco também lhe dava o título. "Reconsider Baby" é até hoje considerada a melhor música de blues gravada por Elvis. Ela fez parte inicialmente do sublime disco "Elvis is Back!" que foi gravado assim que Elvis retornou aos Estados Unidos da Alemanha, onde tinha ido cumprir seu serviço militar. Depois de ficar dois anos longe dos estúdios e dos microfones, Elvis parecia com muita disposição para gravar. O repertório desse disco foi simplesmente genial, uma maravilhosa sessão de canções que para muitos formaram o melhor trabalho do cantor nos anos 60. Certos exageros à parte, não há muito equívoco nesse tipo de opinião. "Reconsider Baby" estava aí para provar esse tipo de ponto de vista. Era mesmo uma obra prima do blues, divinamente cantada por Elvis Presley. Um daqueles momentos únicos que definiram toda a carreira de um artista como ele.

2. Tomorrow Night    
"Tomorrow Night" foi gravada por Elvis Presley ainda nos tempos da Sun Records. Até hoje não se sabe com exatidão em que ano ela foi gravada, se 1954 ou 1955. Quando o passe de Elvis foi comprado pela RCA Victor a gravadora levou todos os takes e músicas gravadas por Elvis na Sun Records. Essa foi uma delas. Ficou arquivada anos e anos e depois relançada com novo arranjo no álbum "Elvis For Everyone" de 1965. Ela ganhou uma roupagem musical nova com a assinatura do grande músico e produtor Chet Atkins. Os executivos da RCA achavam que não dava para lança-la tal como gravada na Sun, pois a consideravam muito simples, muito sem sofisticação. Atkins foi então designado para dar uma sonoridade mais moderna e bonita. A versão que temos nesse álbum é a crua, tal como foi gravada pelos Blue Moon Boys (Elvis, Scotty Moore e Bill Black). Embora a versão embelezada dos anos 60 seja de fato muito bonita, com uma bela guitarra tocada pelo próprio Chet Atkins atravessando toda a faixa, aqui a ouvimos tal como foi registrada por Elvis e banda em seus primórdios. É de fato a versão definitiva de Mr. Presley. Já a música original é bem mais antiga e foi lançada pelo cantor e compositor Lonnie Johnson. Hoje em dia essa composição é considerada uma das mais importantes da história do blues norte-americano. Evocativa e muito bem escrita, realmente é um ponto alto da discografia de Elvis Presley. Um momento que não foi bem aproveitado na época de sua gravação.

3. So Glad You´re Mine
A versão de "So Glad You're Mine” que ouvimos nesse álbum é a mesma do disco "Elvis" de 1956, sem maiores novidades. Apenas a RCA Victor trabalhou um pouco mais na master original para recuperá-la adequadamente. Alguns fãs e críticos dizem que ela tem uma leve aceleração em seu ritmo normal. De fato, se ouvirmos o disco de vinil lançado em 56, vamos notar mesmo uma pequena variação em sua duração. Esse porém é um detalhe tão absurdamente minucioso que para o ouvinte comum não fará muita diferença. No mais esse blues é outro grande clássico, criado e composto por Arhur "Big Boy" Crudup, um artista de blues pelo qual Elvis tinha especial admiração. Não podemos nos esquecer que a primeira gravação profissional de Elvis se deu com uma outra composição de Big Boy, a hoje clássica "That´s All Right (Mama)".
   
4. One Night    
"One Night" foi lançada como single em 1957. Chamou muito atenção em seu lançamento original pois a música foi considerada quase pornográfica para aquela sociedade muito conservadora e puritana dos anos 50. E isso porque o produtor Steve Sholes optou pelo lançamento de uma versão mais leve, não totalmente provocante que ficou conhecida dentro do estúdio como "One Night Of Sin". Pois foi justamente um dos takes da versão envenenada que foi selecionado para esse disco. Como não existia mais a preocupação em não chocar ou não escandalizar, a RCA resolveu restaurar os takes originais, sendo que esse ótimo momento chegou pela primeira vez no mercado justamente nesse título "Reconsider Baby", quase quarenta anos depois de sua gravação original! Como diz o ditado, antes tarde do que nunca...

5. When It Rains, It Really Pours
"When It Rains, It Really Pours" é bem mais interessante. Um velho blues gravado por Elvis que ficou anos e anos arquivado, sem que a gravadora do cantor a colocasse no mercado. Quem lembra do disco "Elvis For Everyone" de 1965? Pois é, era um álbum bem estranho, não sendo nem um disco oficial de inéditas gravado em estúdio e nem uma coletânea tradicional. Ficando no meio termo entre as duas classificações, acabou chamando pouca atenção dos fãs. Essa música também já havia sido lançada no álbum "Elvis: A Legendary Performer Volume 4" e aqui ganha nova roupagem. Está bem mais trabalhada, com visível melhoria na qualidade sonora.
    
6. My Baby Left Me    
"My Baby Left Me" é uma antiga gravação de Elvis que foi lançada pela primeira vez em álbum no LP "For LP Fans Only". Nem precisa dizer que essa foi uma coletânea da RCA nos tempos em que Elvis estava servindo o exército na Alemanha. Um mero caça-níqueis? Em termos, havia boa coisa ali, além disso preservou para a posteridade grandes momentos da carreira de Elvis, inclusive sua primeira gravação profissional, a excelente "That´s All Right (Mama)", gravada nos tempos em que Elvis pertencia ao selo Sun Records. Bom, diante de tudo isso é interessante notar que a versão de "My Baby Left Me" que foi incluída nesse disco é a oficial, master, sem novidades.

7. Ain´T That Loving You Baby
Já tive oportunidade de escrever várias vezes isso e repito mais uma vez: a versão de "Ain't That Loving You Baby" que você encontra nesse disco de Elvis é a melhor de todas as que já ouvi! Muito superior inclusive ao master oficial que sem ritmo, sem pegada, fracassou nas paradas quando foi lançada tardiamente em single durante os anos 60. Aqui há uma batida inigualável! De todas as músicas que Elvis gravou em sua carreira essa ocupa um lugar de destaque pelos motivos errados. Como é possível ignorarem esse take, escolhendo um bem mais inferior para lançar oficialmente? Um verdadeiro desperdício. O mais estranho é que essa versão ficou anos e anos fora do mercado. Enfim, se você precisa de apenas uma razão para comprar esse disco "Reconsider Baby" essa é a inclusão desse take maravilhoso na seleção musical. Um pedaço de genialidade de Elvis que foi injustamente jogado de lado pela RCA Victor.    

8. I Feel So Bad
"I Feel So Bad" também é outro momento muito bom do disco. Elvis a gravou em 1961 em uma época em que ele estava ficando mais centrado apenas nas trilhas sonoras de filmes. É uma faixa que nos faz lembrar o quão Elvis poderia ter sido interessante nos anos 60 se não tivesse sido literalmente engolido pelos estúdios de Hollywood. É a tal coisa, a música ficou em segundo plano, enquanto o Elvis ator não conseguia ir muito além do lugar comum. Uma pena. Mal lançada, sem promoção, esse blues ainda conseguiu chegar na décima quinta posição da Billboard, mostrando que a música de qualidade de Elvis sobrevivia a tudo mesmo, até mesmo ao péssimo gerenciamento de seus lançamentos pela RCA.   

9. Down In The Alley
"Down in the Alley" é outra gravação resgatada dos anos 60, mais um excelente momento de Elvis no gênero blues. Outra que nunca foi aproveitada de forma adequada na discografia de Elvis. Outra que foi usada como bonus songs de uma trilha sonora menor, "Spinout". No lado B desse álbum, que vendeu pouco e foi ignorado, a música, apesar de sua grande qualidade, foi deixada de lado, esquecida completamente. Curiosamente Elvis parecia acreditar nela, a tal ponto que chegou a usá-la ao vivo nos anos 70. Ele a resgatou do esquecimento com o objetivo de variar um pouco seu repertório de palco, mas a recepção do público, que mal a conhecia, foi fria e indiferente. Com isso Elvis a jogou de novo na gaveta do esquecimento. Provavelmente se tivesse sido bem recebida Elvis teria um mudado um pouco a lista das canções que sempre apresentava em seus concertos. Como o público porém queria mesmo ouvir "Love Me Tender" e "Suspicious Minds" Elvis foi ficando dentro de uma zona de conforto, cantando basicamente as mesmas músicas, ano após ano. Uma pena.   

10. Hi-Heel Sneakers
O vinil vai passando e então soam os primeiros acordes de "Hi-Heel Sneakers". Esse é um blues das antigas, gravado pela primeira vez por Tommy Tucker, cantor negro de blues, excelente pianista e compositor de mão cheia. É dele uma das mais bonitas e lindas músicas de todos os tempos, "My Girl". Pois bem, aqui Tucker foi direto no fonte, mesclando o blues mais tradicional com uma sonoridade que ele pensava ser atrativa para as rádios. No fundo ele queria fazer sucesso, óbvio. E de fato ele acertou em cheio pois a canção conseguiu chegar na décima primeira posição da concorrida parada Billboard Hot 100. Para um blues era algo excepcional. Elvis sempre ligado no que estava acontecendo ficou realmente atraído por aquele som. Elvis cresceu com uma excelente formação musical, ouvindo muito blues, country, gospel, enfim, as sonoridades que eram tocadas nas rádios comerciais de sua cidade. A música estava no ar e Elvis obviamente sabia quando ouvia um blues de qualidade. O problema é que por essa época ele já estava preso aos contratos das companhias cinematográficas. Os pacotes das trilhas sonoras chegavam fechados, sem possibilidade de Elvis discutir o que iria ou não gravar. Mesmo assim, com as mãos amarradas, ele decidiu que iria fazer sua versão. Algo que ficou maravilhoso em sua voz. Ouvindo faixas como essas podemos ter uma noção de como Elvis perdeu tempo gravando todo aquele material de Hollywood. Se ele tivesse se dedicado apenas a bons materiais nessa fase de sua vida teríamos algo bem melhor para ouvir hoje em dia.   

11. Stranger In My Own Home Town
"Stranger In My Own Home Town" ganhou um destaque melhor na discografia de Mr. Presley. Essa fez parte da histórica sessão de gravação de Elvis no American Studios em 1969. Lançada no álbum "From Memphis to Vegas – From Vegas to Memphis"e relançada logo depois no "Back in Memphis", esse blues sempre ganhou elogios da crítica em geral. Não fez sucesso nas rádios e nem se tornou um hit, mas trouxe prestígio a Elvis em um momento de virada em sua carreira. Depois de anos de trilhas sonoras massacradas pela crítica, Elvis finalmente ganhou reconhecimento pelo belo trabalho que produziu no American em Memphis. Afinal ele estava em casa e tinha que honrar seu lugar entre os grandes intérpretes e cantores da história da música norte-americana.
   
12. Merry Christmas Baby
Outro blues fantástico é "Merry Christmas Baby". Para muitos foi a única obra prima gravada por Elvis durante as sessões que deram origem ao disco "Elvis Sings the Wonderful World of Christmas". Aquele mesmo álbum de 1971 só com músicas de natal, que o próprio Elvis nem queria gravar, mas que acabou cedendo aos desejos e caprichos da RCA Victor e do Coronel Parker. Originalmente essa canção saiu como lado B de um single pouco conhecido durante o pós-guerra. Era o ano de 1947 e a indústria fonográfica ainda engatinhava. Elvis com apenas 12 anos de idade teve contato com a versão original? Não sabemos, mas é possível, afinal ele foi uma pessoa que cresceu ao lado do rádio ouvindo tudo o que era tocado. Muitos creditam a inspiração de Elvis a outra gravação, de Chuck Berry, em 1958, quando ele estava começando o serviço militar. Isso também é possível, porém essa é aquele tipo de pergunta que só poderia ser respondida pelo próprio Presley. De uma forma ou outra o que temos certeza é que a gravação do cantor é absurdamente bem realizada. Puro blues, puro blues.
   
Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de maio de 2005

Elvis Presley - Elvis e "Big Boy" Crudup

Quem compôs a primeira música que Elvis Presley gravou comercialmente foi Arthur "Big Boy" Crudup. E quem foi ele? Crudup foi um cantor, instrumentista e compositor negro nascido em Forest, Mississippi, bem no meio do Delta do famoso rio. Ele fez parte de uma longa linhagem de grandes músicos de Blues que eram muito comuns no Sul dos Estados Unidos. Como se sabe o Blues nasceu dos lamentos dos escravos e depois dos negros libertos que ganhavam a vida em condições muito duras nas plantações de algodão do sul americano. Como o violão era um instrumento barato e de fácil acesso logo se formou um grande número de músicos, profissionais ou não, que tocavam o bom e velho blues, seja em clubes noturnos, seja nas próprias ruas, sempre em busca de alguma contribuição de alguém que vinha passando.

No caso de Crudup ele tinha um diferencial pois além do Blues do Delta era também um grande admirador do gospel que era cantado nas igrejas negras pelo sul. Essa proximidade de dois ritmos diferentes iria ser bem marcante em suas composições, o que nos anos seguintes levaria à fusão de estilos que acabaria dando origem ao que hoje conhecemos como Rock´n´Roll. Arthur Crudup uniu as linhas de melodia do velho blues ao estilo dançante e vibrante do gospel negro, dando origem, até de forma inconsciente, em uma nova linguagem musical. Para completar o caldo o que mais era necessário? Ora, o country branco dos caipiras. E foi um caipira, Elvis Presley, que jogou o último ingrediente no caldeirão. O prato que saiu de tantas misturas nós já conhecemos muito bem.

Ao longo de sua vida Arthur Big Boy transitou ora pelo Blues mais visceral, ora pelo gospel dos grupos vocais fazendo parte inclusive do Harmonizing Four, um dos preferidos de Presley. Muitas biografias afirmam que Arthur Big Boy Crudup teve uma vida miserável e morreu pobre e esquecido. Isso é verdade apenas em termos. Ao longo da carreira o música assinou com grandes companhias, inclusive a RCA em que Elvis gravava seus discos e teve uma vida próspera no auge do sucesso. Após alguns problemas com um selo ocasionados por direitos autorais Arthur resolveu deixar o mundo da música de lado e voltou para a Virginia onde morreu em 1974. O lado positivo é que em vida foi homenageado e reconhecido. Elvis Presley gravou outras canções suas como "My Baby Left Me" e "So Glad You're Mine" e depois em agradecimento lhe presenteou com uma placa de ouro comemorativa de seu primeiro single, "That´s All Right (Mama)". Era o reconhecimento de Presley para com o velho músico negro que tanta contribuição deu para o mundo da música americana (e mundial).

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e o Bluegrass

Outro grande nome da música norte-americana que cruzou caminho com Elvis Presley foi o cantor e compositor country Bill Monroe, o autor de "Blue Moon Of Kentucky". Músico pioneiro, é conhecido nos Estados Unidos como o pai do Bluegrass. O próprio Bill se auto denominava "um fazendeiro com um bandolim e uma voz de tenor". Ele e seu conjunto de Bluegrass ajudaram e influenciaram profundamente o Western Swing e o honky-tonk (variações da música rural americana).

Bill Monroe nasceu em Rosine, Kentucky no ano de 1911. Em 1934 juntou-se ao seu irmão, Charlie Monroe, e juntos começaram a tocar em Estados do Sul como a Carolina. Dois anos depois firmaram um contrato com uma subsidiária da RCA, a Bluebird label. Em 1938 se separa de seu irmão e forma sua própria banda, Bill Monroe & His Bluegrass Boys e começam a se apresentar no Grand Ol' Opry.

Depois do fim da banda em 1945, Monroe continua em carreira solo, se apresentando em vários festivais de Country Music. Em 1954, Elvis Presley gravou seu primeiro single com uma canção de Monroe no Lado B "Blue Moon of Kentucky". Essa música foi gravada originalmente por Monroe em 1947 quando o músico assinou com a gravadora Columbia. Na mesma linha ele emplacou vários sucessos country como "Toy Heart," "Blue Grass Breakdown," "Molly and Tenbrooks", "Wicked Path of Sin," "My Rose of Old Kentucky" e "Little Cabin Home on the Hill", essa última uma das preferidas de Elvis.

Monroe também cruzou o caminho de outro mito, Hank Williams, e se imortalizou entrando para o Country Hall da fama nos anos 70 e no Rock and Roll Hall da fama em 1997. Foi também homenageado no álbum "Bill Monroe and Friends", lançado em 1985 contando com grandes nomes da música country como Johnny Cash, Willie Nelson e Emmylou Harris. Bill Monroe morreu no dia 9 de setembro de 1996 em Springfield, Tennessee. Seu legado musical porém permanece firme até os dias de hoje.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de maio de 2005

Elvis Presley - The Blue Moon Boys

Elvis Presley - The Blue Moon Boys
Quando Elvis Presley apareceu para sua primeira audição na Sun Records ele chegou sozinho com seu violão. O produtor e dono da Sun Records, Sam Phillips, queria gravar uma música e sua secretária sugeriu que ele chamasse o "cara das costeletas" para um teste. Elvis então foi convidado para o estúdio para ver se ele interpretaria a música como Phillips queria. Não deu muito certo. A canção era muito careta para um jovem daqueles bancar o baladeiro meloso. Elvis era um garotão e não tinha o sentimento ideal para aquele tipo de melodia. Nesse ponto Sam poderia ter desistido de Elvis, afinal ele era só um chofer de caminhão anônimo em Memphis. Curiosamente não o fez. Por puro instinto, sexto sentido ou qualquer outra coisa Phillips teve a intuição de que Elvis poderia ser promissor. Ele perguntou a Presley se ele tinha uma banda ou alguns músicos que pudessem comparecer com ele em um novo dia na Sun. Elvis não tinha ninguém. Sem outra alternativa Sam resolveu ligar para dois músicos amigos seus para tocar com Elvis numa data que pretendia marcar. Eles eram Scotty Moore e Bill Black.

Muitos autores chamam essa primeira formação que tocou ao lado de Elvis de "The Blue Moon Boys". De fato em algumas ocasiões o trio chegou a usar esse nome mas na realidade eles não se viam assim. Eram apenas Elvis, Scotty e Bill, como aliás aparecia nos selos dos primeiros compactos de Elvis na Sun. Logo que se conheceram Elvis percebeu que se daria muito melhor com Bill Black. Ele era um sujeito bonachão, de sorriso fácil e gostava de uma boa piada sulista. Scotty por outro lado era fechado, taciturno e pouco extrovertido. Era calado e ficava o tempo todo na dele. Na realidade mal chegou a criar um laço de amizade com Elvis mesmo trabalhando ao seu lado por tantos anos. Como todo mundo sabe Presley gostava de um clima mais leve, geralmente contando casos engraçados ou fazendo gozações. Com Moore não havia muito espaço para esse tipo de coisa. Ele era mais velho do que Elvis e se mantinha numa postura mais profissional. Isso contrastava com o baixista gordinho da trupe. Bill Black era o mais velho do grupo, tinha quase 10 anos a mais que Elvis, mas não se comportava como tal. Ria com Presley e se divertia ao lado dele nos estúdios e quando caíam na estrada para fazer shows em cidades vizinhas.

Após alguns meses o baterista D.J. Fontana entrou para o grupo. Juntos gravaram praticamente todas as músicas que Elvis gravou na década de 1950. Presley estimava seus colegas músicos e os levou junto quando foi contratado pela RCA Victor. Além disso fez questão de levá-los também para Hollywood quando começou a fazer filmes. Apesar de ter sido leal o fato é que a estrela de Elvis começou a subir a um patamar que Scotty e Bill ficaram totalmente ofuscados. Seus nomes desapareceram dos discos e eles viraram coadjuvantes do superstar Elvis. Em 1958 Bill Black resolveu cair fora. Ele já vinha com projetos próprios e sentia que devia seguir seu caminho. Além disso tinha entrado em atrito com o empresário de Elvis, Tom Parker, por melhores ganhos. Com a saída de Black os Blue Moon Boys chegaram ao fim. Scotty Moore porém seguiu em frente tocando com Elvis em muitos de seus álbuns pela década de 60 afora. D.J. Fontana também se tornou um músico de estúdio dos mais presentes na sessões de Elvis nos anos seguintes. De fato com a saída de Black eles próprios nunca mais se viram como um grupo em si. Era apenas Elvis Presley e a banda que o acompanhava.

Alguns anos atrás o vocalista Bono do U2 afirmou numa entrevista que o som que Elvis, Scotty e Bill fizeram na Sun Records jamais será superado. Ele tem razão. Eram as pessoas certas no lugar certo na época exata! O trio e depois quarteto com violão, guitarra, baixo e bateria acabaria se tornando o padrão dos grupos de rock até os dias de hoje! Até os Beatles seguiram exatamente essa formação. E pensar que tudo começou meio por acaso numa pequena gravadora de Memphis...

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e Chet Atkins

Chet Atkins foi um influente guitarrista e produtor musical, que ajudou a modernizar a música country na década de 60, abrindo caminho para o enorme sucesso comercial do gênero. Chet Atkins teve uma carreira multifacetada: como músico de estúdio, participou de gravações com Elvis Presley e os Everly Brothers; como artista com uma grande produção própria; e como um "caçador de talentos", descobriu novos artistas country.

Entre suas descobertas estão Charley Pride e Waylon Jennings. Chet Atkins produziu alguns dos maiores sucessos de Elvis como "It's Now or Never", "Are You Lonesome Tonight?", "Surrender", "Kiss Me Quick" e várias outras canções interpretadas pelo cantor. Atkins era uma das pessoas mais poderosas em Nashville, a capital da música country dos Estados Unidos, principalmente durante os anos 60, quando trabalhava na RCA Records, produzindo estrelas como Eddy Arnold, Don Gibson e Jim Reeves.

Ele era chamado de "o Rei da viela dos Músicos", referência à região de Nashville onde ficavam todas as gravadoras. Até sua morte, ele manteve um escritório na mesma área. Artistas como Mark Knopfler, George Harrison e Paul McCartney frequentemente citavam o estranho estilo de Atkins tocar guitarra como uma importante influência. Atkins devolveu o favor aos Beatles ao gravar, em 1966, o álbum "Chet Atkins Picks on the Beatles."

Mark Knopfler, que liderava o Dire Straits, dividiu dois prêmios Grammys com Atkins em 1990 pelo aclamado disco "Neck and Neck." Atkins venceu 14 Grammys no total, o último deles em 1996. Aos 49 anos, ele foi a pessoa mais jovem a ser indicada para o Country Music Hall of Fame. Começando no meio da década de 50, Atkins lançou mais de 100 álbuns, e ganhou o apelido de Mr. Guitar Man. Sempre que assinava um papel, ele acrescentava as iniciais "cgp" -- certified guitar player, ou guitarrista certificado. Seu legado será o "Som de Nashville", que ele ajudou a criar ao lado do lendário produtor da Decca Records, Owen Bradley, o homem que criou Patsy Cline e Loretta Lynn. Chet Atkins morreu em julho de 2001. 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 24 de maio de 2005

Elvis Presley - Discografia de Singles - Anos 1950

Elvis Presley - Discografia de Singles - Anos 1950 - Segue abaixo todos os singles (compactos simples) lançados por Elvis Presley em sua carreira durante os anos 50. Muitos desses discos originais são bem raros nos dias de hoje, valendo pequenas fortunas para colecionadores de material do cantor. Outro aspecto a se levar em conta é que nem todos os singles tiveram capas com fotos de Elvis ou arte mais bem elaborada feita pela gravadora. Os primeiros singles da Sun Records eram bem simples, contando apenas com capa padrão da gravadora e selo amarelo, sem luxos. Só a partir do momento em que Elvis virou um fenômeno de vendas é que a RCA Victor procurou melhorar na apresentação dos singles, contratando artistas para a elaboração de bem feitas capas, algumas delas com design até hoje imitados por outros artistas. Segue abaixo a lista completa, com informações adicionais.

1) That's All Right / Blue Moon of Kentucky (Sun) 1954
2) Good Rockin Tonight / If I Don't Care if the Sun Don't Shine (Sun) 1954
3) Milkcow Blues Boogie / You're a Heartbreaker (Sun) 1955
4) Baby Let's Play House / I'm Left, You're Right, She's Gone (Sun) 1955
5) I Forgot to Remember to Forget / Mystery Train (Sun) 1955
6) Heartbreak Hotel / I Was The One 1956 # **
7) I Want You, I need You, I Love You / My Baby Left Me 1956 #
8) Don't Be Cruel / Hound Dog 1956 #
9) Blue Suede Shoes / Tutti Frutti 1956
10) I Got a Woman / I'm Counting On You 1956
11) I'll Never Let You Go / I'm Gonna Sit Right Down and Cry 1956
12) I Love You Because / Trying to Get You 1956
13) Just Because / Blue Moon 1956
14) Money Honey / One-Sided Love Affair 1956
15) Shake, Rattle and Roll / Lawdy, Miss Clawdy 1956
16) Love Me tender / Anyway You Want Me 1956 #
17) Too Much / Playing for Keeps 1957 #
18) All Shook Up / That's When Your Heartaches Begin 1957 #
19) Teddy Bear / Loving You 1957 #
20) Jailhouse Rock / Treat Me Nice 1957 #
21) Don't / I Beg Of You 1958 #
22) Wear My Ring Around Your Neck / Doncha Think It's Time 1958 #
23) Hard Heard Woman / Don't Ask Me Why 1958 #
24) One Night / I Got Stung 1958 #
25) A Fool Such As I / I Need Your Love Tonight 1959 #
26) A big Hunk O'Love / My Wish Came True 1959 #

**A partir deste single todos saíram pela RCA Victor.
# Singles premiados com Disco de Ouro e/ou Platina.

Elvis Presley - Gold Leaf

Elvis Presley e a Gold Leaf
Data:1957 / fonte: "Day By Day" de Ernst Jorgensen / Photo:Joe Tunzil / Suit: Gold Leaf / Nota: Após terminar seu filme "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957), Elvis fez uma apresentação no International Amphitheater em Chicago no dia 24 de março de 1957. Na ocasião o cantor usou a famosa suit "gold-leaf". A roupa toda dourada foi uma criação do estilista Nudie Cohen. Cinco dias depois o cantor voltava ao palco no Kiel Auditorium em St. Louis, no repertório seus maiores hits no momento, "All Shook Up", "Don't be Cruel" entre outras. Esta famosa jumpsuit, a "Gold Leaf", apareceu na capa do disco "Elvis Golden Records vol 2", este é um disco que reúne os principais singles de sucesso de Elvis Presley no período em que ele estava servindo o exército na Alemanha.

Na minha modesta opinião é o melhor trabalho musical de toda a carreira do cantor. As canções aqui presentes são simplesmente o melhor exemplo do Rock'n'Roll de Elvis nos anos 50. Foi lançado em dezembro de 1959 marcando a despedida do rei aos melhores anos de sua trajetória artística. É a reunião dos cincos singles lançados por Elvis, no período de janeiro de 1958 a junho de 1959. Todos estes compactos receberam o disco de ouro e se tornaram "as gravações douradas do Rei". Apesar de ter sido lançadas separadamente, estas músicas foram gravadas nas mesmas sessões de gravação, que se realizaram um pouco antes do cantor partir para a Alemanha. O subtítulo "50.000.000 Elvis Fans Can't Be Wrong", ou seja, "50.000.000 de fãs de Elvis não podem estar errados" retrata bem a popularidade do cantor em fins dos anos cinqüenta. Na capa em diversas fotos da mesma pose o cantor está vestindo sua roupa primeira "jumpsuit", a famosa "Gold Leaf", avaliada em dez mil dólares, que passa a mensagem de que Elvis realmente era "o sonho dourado da indústria fonográfica".

O fato engraçado é que mesmo tendo a usado em alguns shows, ele não aprovou a roupa por achá-la muito pesada e quente. Melhor assim, desta forma a "Gold Leaf" ficou representando para a posteridade este momento da carreira de Elvis. Época que ficaria conhecida como àquela em que ninguém liderou as paradas mundiais de sucesso com tanta freqüência quanto ele. Estas canções marcam também a despedida do contrabaixista Bill Black pois ele deixou de trabalhar com Elvis depois de entrar em conflito com o coronel Parker por motivos financeiros. Assumiu deste modo o posto deixado por Black o músico Bob Moore. Era o fim dos "Blue Moon Boys".

Single nas lojas:
All Shook Up (Elvis Presley / Blackwell) — Esta canção alcançou tamanho sucesso quando lançada que se tornou parte do vocabulário da juventude norte americana da época. Elvis alcança uma das mais brilhantes interpretações de sua vida resultando num dos singles mais vendidos de sua carreira. A canção chegou a Elvis através de Steve Sholes, seu produtor na RCA Victor. O single alcançou o primeiro lugar da parada da revista Billboard em março de 1957 tendo sido gravada em 12 de janeiro do mesmo ano nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Esta canção foi gravada primeiramente como I´m All Shook Up por David Hill, na Aladdin Records. Elvis gravou fazendo percussão na parte de trás do violão. O single ficou durante nove semanas no topo das paradas dos EUA, seu maior tempo consecutivo como número 1. Também foi seu primeiro número 1 na Inglaterra.  

That's When Your Heartaches Begin (Raskin / Brown / Fisher} - Em 1953 Elvis entrou pela primeira vez num estúdio de gravação. Pagou quatro dólares e saiu com o primeiro acetato de sua vida. A lenda afirmava que o cantor havia gravado este disco para dar de presente a sua mãe mas o que Elvis queria mesmo era ouvir como ficava sua voz num disco. Este pequeno acetato contava com "My Happiness" no lado A e esta música no lado B. Esta é uma versão gravada posteriormente por Elvis já como cantor profissional e que foi lado B de "All Shook Up" em março de 1957. A versão do Acetato só foi encontrada muitos anos depois e lançada na caixa de cinco CDs intitulada "The King of Rock'n'Roll". A Versão original desta música foi lançada em 1950 pelo grupo "The Ink Spots".

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de maio de 2005

Elvis Presley - Elvis e Red West

Não poderíamos deixar passar em branco a morte de Red West, aos 81 anos de idade, no último dia 18 de julho. De todos os membros da Máfia de Memphis ele foi seguramente o mais próximo e o maior amigo de Elvis (pelo menos assim pensava o cantor). Essa foi uma amizade longa, que começou nos tempos de colégio e que acabou mal, quando Red foi demitido por Vernon e resolveu escrever um livro de revelações que de certa forma demolia a imagem pública de Elvis, o colocando pela primeira vez perante o público em geral como um viciado em drogas, com sérios problemas pessoais.

Elvis ficou surpreso e sem saber o que fazer direito, pois a traição de Red West era algo que ele jamais esperaria acontecer. Afinal eles foram amigos, grandes amigos, por tantos anos. Assim que se tornou famoso e viu que sua carreira iria decolar, Elvis contratou Red que estava desempregado na época, para trabalhar ao seu lado, geralmente como guarda costas e segurança. A verdade porém era que Elvis apenas queria dar um emprego ao seu velho amigo, para que ele e Sony West, seu primo, não passasse por apertos financeiros.

Assim Red West viveu praticamente toda a sua vida como empregado e amigo de Elvis. Viajando ao seu lado, indo para Hollywood na época dos filmes ou para Nashville quando Elvis ia até lá cumprir algum compromisso com sua gravadora, a RCA Victor. Praticamente Red viveu o tempo todo ao lado de Elvis, chegando em certa época a morar em Graceland. Elvis o estimava muito e considerava um de seus homens de maior confiança. A traição de Red em 1976 atingiu Elvis de uma maneira bem forte. "Como Red fez isso comigo?" - chegou a perguntar! Elvis ficou realmente abalado emocionalmente com tudo o que aconteceu.

Além da amizade e proximidade um fato interessante também chama a atenção. Elvis abriu espaço para Red West em sua própria carreira musical. O cantor chegou a gravar várias canções escritas por Red, algumas até muito boas, temos que admitir. Também fez questão que Red tivesse pequenos papéis em alguns de seus filmes. Não raro Elvis pedia aos roteiristas que colocassem algumas cenas de lutas para que Red aparecesse ao seu lado (pois assim como Elvis, Red também adorava artes marciais). Enfim, é mais um membro da Máfia de Memphis que se vai. Muitos fãs não gostam de Red West pelo que ele fez, agindo como uma espécie de Judas na história de Elvis, porém o fato inegável é que ele foi certamente um dos personagens mais próximos da vida de Elvis Presley.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis no Texas

Elvis Presley no Texas
Data:11 de novembro de 1956 / Local: Cotton Bowl, Dallas, Texas. / Elvis tinha que fazer um show no Texas, mas como ele morria de medo de voar, resolveu alugar um vagão inteiro de um trem para chegar em Dallas a tempo. Foi acompanhado de seu amigo Nick Adams e Gene Smith. Os caras da banda, Scotty, Bill e D.J. tiveram mais coragem e foram de avião mesmo. O show foi realizado no Cotton Bowl Stadium, com lotação esgotada de 26.500 fãs. Elvis cantou 'Heartbreak Hotel', 'Long Tall Sally', 'I Was The One', 'Blue Suede Shoes', 'I Got A Woman', 'Love Me', 'Don't Be Cruel' e 'Hound Dog'. Os mais velhos não gostaram nada do show e o principal jornal do Texas no dia seguinte se referiu a Elvis como "O delinquente do Tennessee". O público adorou e o número de fãs cresceu tanto no Texas que nesse mesmo dia foi formado o primeiro fan club de Elvis Presley no Estado da Rosa Amarela. Dois meses antes o cantor tinha terminado as gravações de "Elvis", segundo disco da carreira de Elvis Presley.

Com o sucesso alcançado pelo seu primeiro disco e pelos singles "Heartbreak Hotel / I Was the One", "I Want You, I Need You,I Love You / My Baby Left Me" e "Don't Be Cruel / Hound Dog" Elvis conseguia o feito de emplacar quatro discos consecutivos entre os dez mais, sendo considerado já a aquela altura um fenômeno não só musical mas também social pois suas apresentações polêmicas em programas de TV lhe trazia cada vez mais popularidade. Sem dúvida 1956 foi o grande ano do Rei do Rock, o seu auge, sendo o sucesso tamanho alcançado por ele, que logo estava estreando no cinema com o filme "Love Me Tender" (ama-me com ternura, 1956) e alcançando novamente o primeiro lugar nas paradas com o single "Love Me Tender / Any Way You Want Me", além do lançamento de toda a trilha do filme num compacto duplo que foi lançado em novembro de 1956. Este era em suma tudo o que estava rolando nesta época com Elvis Presley, ou seja, ele estava no auge de sua popularidade. Assim em setembro de 1956 Elvis entrava novamente nos estúdios para "encher a lata". Sem dúvida ele foi o mais rápido "Hit Maker" da história pois gravou este LP em apenas três dias nos Studios Radio Recorders da RCA em Hollywood. O LP foi lançado no final de 1956 alcançando o primeiro lugar nas paradas. Elvis Presley havia começado o ano como um obscuro cantor do sul dos Estados Unidos e terminou como um fenômeno de sucesso, nunca ninguém subiu tão rápido em tão pouco tempo. Fora estes dois discos, Elvis liderou as paradas mundiais também com singles de enorme sucesso. Este foi o início da carreira de um dos maiores sucessos da história do show business norte-americano.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de maio de 2005

Elvis Presley - Sun Records Sessions 1954

Elvis Presley - Sun Records Sessions 1954
As primeiras sessões profissionais de Elvis na Sun Records aconteceram em julho, agosto e setembro de 1954 respectivamente. Das quinze canções gravadas por Elvis nessas sessões o produtor Sam Phillips aproveitou apenas 4 que foram lançadas justamente em seus dois primeiros singles. O restante foi arquivada, sem maiores planos por parte de Phillips em um dia lançá-las.

Não deixa de ser curioso ainda mais se formos analisar o que Elvis deixou para trás nesses registros. Há preciosidades absolutas que não seriam desperdiçadas pela gravadora RCA quando Elvis foi trabalhar lá - levando consigo tudo o que havia gravado na Sun. As faixas I Love You Because, Blue Moon, I'll Never Let You Go e Just Because, por exemplo, iriam fazer parte do primeiro LP de Elvis no novo selo. E por qual razão Sam Phillips não as aproveitou ele próprio? Complicado chegar na resposta dessa pergunta. Provavelmente ele não achasse as gravações tecnicamente perfeitas (realmente não são) ou então não viu potencial comercial nelas naquele momento.

Mas além dessas que foram aproveitadas pela RCA existiram muitas outras que não tiveram destino nenhum e se perderam para sempre! Isso mesmo, estima-se que algo em torno de 60% de tudo que Elvis produziu na Sun se perdeu para sempre. Os motivos foram muitos - alguns registros foram apagados assim que gravados, outros foram pessimamente armazenados e se deterioraram ou então simplesmente se perdeu os tapes originais. Um exemplo é a faixa Satisfied que não chegou até os nossos dias.

Além dela existem muitas e muitas músicas que foram ensaiadas na Sun, chegou-se a gravar um take considerado ideal mas depois não se sabe ao certo onde foram parar, se existem ainda ou se perderam para sempre. Por fim há casos curiosos de músicas que foram arquivadas por longos anos para depois surgirem sem mais nem menos na discografia de Elvis anos depois. É o caso de Tomorrow Night que ficou pegando poeira por 12 anos para depois ganhar um novo arranjo feito por Chet Atkins para ser lançada no disco "Elvis For Everyone" na década de 60. O que se tira de conclusão de tudo isso é que infelizmente muito material histórico foi perdido, o que demonstra como foi rica a passagem de Elvis pela Sun Records.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e Dixie

Dixie Locke foi a primeira garota com a qual Elvis se envolveu mais seriamente. Antes ele já tivera alguns namoricos, mas com Dixie as coisas pareciam caminhar muito bem. Na mesma época em que tentava decolar uma carreira como cantor, Elvis procurava solidificar ainda mais esse relacionamento. Dixie era uma típica garota do sul. De boa família, respeitável, sociável e muito leal a Elvis. Os dois se conheceram meio ao acaso em um ringue de patinação. Elvis não sabia patinar e por isso ficava se agarrando na cerca e foi lá que ele puxou papo com ela pela primeira vez. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, Elvis era na realidade bastante tímido e reservado e na escola secundária jamais se comportou como um rebelde ou algo parecido. Jamais criou problemas em sala de aula e nunca se meteu em confusões. Ele era fã de James Dean, mas não se comportava como ele.

Conhecer Dixie foi muito bom para Elvis. Ele se tornou mais sociável e levava a namorada todos os domingos ao cinema local, o Memphian. Dixie também deu bastante apoio a Elvis em seu começo de carreira. Por conta própria resolveu fundar um fã clube próprio (o primeiro fã clube de Elvis Presley da história) e se tornou sua própria presidente. Ao lado de amigas divulgava as apresentações do namorado no colégio e incentivava os jovens de sua idade a irem ver Elvis. De fato tudo caminhava para um futuro casamento. A mãe de Elvis, Gladys, gostava de Dixie e se dava bem com ela. Infelizmente com o sucesso batendo às portas o namoro esfriou.

Elvis ficava quase todo o tempo viajando em locais distantes e o assédio feminino exagerado em cima dele piorou ainda mais a situação. Muitos anos depois Elvis ainda falaria de Dixie, ora com alívio por não ter se casado cedo demais, ora com arrependimento do casal não ter seguido em frente. Ele costumava dizer que "Meu primeiro disco salvou meu pescoço!" se referindo ao fato de não ter casado com Dixie, mas parece ter se arrependido disso tempos depois ao tentar um reencontro com a antiga namoradinha da escola.

Mas já era tarde demais. Dixie conheceu outro rapaz e com ele se casou. Tiveram filhos e ela virou um típica dona de casa do sul. Sempre manteve um carinho especial pelo ex namorado e de longe foi acompanhando sua escalada ao topo do sucesso. Alguns anos atrás ela finalmente resolveu falar sobre Elvis. Não havia mágoa nem mácula em relação a ele, apenas nostalgia pelos bons momentos que passaram juntos. A vida caminha para a frente, é um fato da vida e Dixie sabe muito bem disso.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de maio de 2005

Elvis Presley - 3000 South Paradise Road

Aqui temos mais um lançamento do selo FTD (Follow That Dream). Logo de cara podemos perceber o bom gosto da direção de arte da capa. Quem é colecionador de longa data, desde os tempos do vinil, vai reconhecer rapidamente essa foto. Ela foi utilizada na contracapa do álbum "Elvis On Stage - February 1970". Elvis usa um figurino diferenciado, com camisa e calça em cores diferentes, algo bem raro de acontecer, principalmente depois que adotou as famosas roupas ao estilo jumpsuit (seus conhecidos macacões, geralmente brancos, mas também disponíveis em outras cores como preto, azul e vermelho). Pois bem, a capa como se pode perceber já é um convite para adquirir o CD, mas há mais atrativos.

São dois CDs na verdade, um lançamento duplo. No primeiro CD temos um show de Elvis realizado em 12 de agosto de 1972 em Las Vegas. Essa foi uma boa temporada que resultou em apresentações bem interessantes. Aqui temos o Dinner Show, que geralmente trazia um Elvis mais descansado, cantando melhor e com mais foco. Dentro de um repertório mais leve e dançante Elvis volta a se destacar ao cantar o hino "American Trilogy", Sim, ele poderia ter aproveitado para adicionar canções mais novas, recentemente lançadas no mercado, como "Burning Love", por exemplo, mas isso no final das contas não conta muito por causa de sua boa performance. Já o CD 2 traz um ensaio que Elvis realizou com a TCB Band em 4 de agosto, em Las Vegas também. Embora o clima de ensaio sempre deixasse Elvis mais disperso, não se preocupando muito em ser perfeito ao microfone, aqui ainda temos alguns lapsos de seu talento. "True Love Travels On A Gravel Road" do American Studios, por exemplo, ganha uma versão ao vivo. Pena que Elvis nunca tenha utilizado a música com mais frequência em suas apresentações. Seria um sopro de novidade muito bem-vindo. "I'll Remember You" e "Faded Love" também são destaques, mas a grande atração vem mesmo de "Burning Love", seu grande sucesso do momento.

Elvis Presley - 3000 South Paradise Road (2016):
CD-1: Las Vegas, August 12 1972 (D.S.) - 1. See See Rider / 2. Proud Mary / 3. Until It's Time For You To Go / 4. You Don't Have To Say You Love Me / 5. You've Lost That Loving Feeling / 6. Polk Salad Annie / 7. What Now My Love / 8. Fever / 9. Love Me / 10. Blue Suede Shoes / 11. One Night / 12. All Shook Up / 13. Teddy Bear/Don't Be Cruel / 14. Heartbreak Hotel / 15. Hound Dog / 16. Love Me Tender / 17. Suspicious Minds / 18. Band introductions / 19. My Way / 20. American Trilogy / 21. Can't Help Falling In Love.

CD-2: Rehearsal, Las Vegas August 4 1972 - 1. You Don't Have To Say You Love Me / 2. Until It's Time For You To Go / 3. You've Lost That Loving Feeling / 4. Burning Love / 5. What Now My Love (# 1) / 6. What Now My Love (# 2) / 7. My Babe / 8. For The Good Times / 9. True Love Travels On A Gravel Road /10: Fever / 11: Blueberry Hill / 12: Little Sister/Get Back (incomplete) / 13: I'll Remember You / 14: American Trilogy / 15:Something / 16: Faded Love / 17: You Gave Me A Mountain / 18: I'm Leavin' / 19: My Way (# 1) / 20: My Way (# 2).

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Tahoe '73

Nos anos 70 o Coronel Tom Parker direcionou a carreira de Elvis para um determinado tipo de apresentação em cassinos. Primeiramente em Las Vegas e depois em Lake Tahoe. É curioso que foi justamente nesse último local que Elvis acabou realizando suas temporadas menos conhecidas e menos badaladas. O cantor Frank Sinatra era sócio justamente do Sahara Tahoe onde Elvis se apresentou várias vezes. Geralmente Sinatra levava seu próprio grupo de artistas (o chamado Rat Pack com Dean Martin, Sammy Davis Jr, entre outros) para se apresentar na alta temporada. Nos meses menos frequentados o velho Sinatra entrava em contato com o Coronel Parker para levar Elvis para curtas temporadas por lá. Era uma forma de não deixar os hotéis vazios em baixa estação. E Elvis conseguia lotar seus shows em Lake Tahoe, mesmo com teoricamente tudo contra. De fato, no quesito bilheteria o Rei do Rock realmente jamais deixou a desejar durante os anos 70.

Nenhum desses concertos chegaram a ser excepcionais. Elvis, como bom profissional que era, subia ao palco e cumpria seus compromissos. Nada mais. Em raras ocasiões ele até tentou testar novos repertórios, introduzindo músicas novas, mas não ia muito além disso. O próprio Frank Sinatra aconselhava Elvis a não mudar muito, a não sair demais do habitual. Para Sinatra a fórmula do sucesso era sempre repetir a mesma seleção musical, com os maiores sucessos, para não decepcionar ninguém na plateia. Elvis parece ter seguido o conselho do colega veterano. O concerto que ouvimos aqui nesse CD foi gravado na noite de 9 de maio de 1973. É um CD com qualidade Audience, ou seja, um pouco sofrível em termos de sonoridade. Isso porém fica em segundo plano quando descobrimos que é uma gravação pouco conhecida que certamente vale pelo menos uma audição, nem que seja por mera curiosidade. E por fim para os que gostam do bom e velho vinil haverá também uma edição limitada desse título nesse formato.

Elvis Presley - Tahoe '73 (2017)
01. Opening Riff / C. C. Rider 02. medley: I Got A Woman / Amen 03. Love Me Tender (with false start) 04. You Dont Have To Say You Love Me 05. Steamroller Blues 06. You Gave Me A Mountain 07. Love Me 08. Blue Suede Shoes 09. Heartbreak Hotel 10. medley: Long Tall Sally / Whole Lotta Shakin' Goin' On / Flip Flop And Fly / Whole Lotta Shakin' Goin' On 11. I'm Leavin 12. Hound Dog 13. What Now My Love 14. Suspicious Minds 15. Band Introductions 16. I'll Remember You 17. I Can't Stop Loving You 18. Bridge Over Troubled Water 19. A Big Hunk O'Love 20. Can't Help Falling In Love 21. Closing Vamp / Announcements.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Greensboro '77

Mais um título divulgado a ser lançado no mercado americano. Trata-se de "Greensboro '77". O CD do selo Ragdoll label trará o show que Elvis realizou na cidade de Greensboro em 21 de abril de 1977. Em relação a esse lançamento temos uma boa e uma má notícia para os colecionadores. A boa novidade é que se trata de uma apresentação inédita, considerada por muitos como um dos melhores concertos realizados por Elvis nessa turnê. A má notícia é que o CD será lançado com qualidade "Audience", ou seja, através de material gravado originalmente no meio da plateia, com todos os problemas de qualidade a que estamos de certa maneira acostumados.

Em termos de repertório poderíamos dizer que se trata de um show de rotina, pois Elvis em pouco inovou na seleção das músicas. Depois da introdução com as costumeiras "Also Sprach Zarathustra / See See Rider / I Got A Woman / Love Me", Elvis canta uma versão OK de " If You Love me Let Me Know" que iria fazer parte de seu último álbum, "Moody Blue". Outra canção que se destaca é "And I Love You So". A bela balada do disco "Elvis Today" aos poucos foi se firmando no set list dos concertos por essa época. Infelizmente seus antigos rocks clássicos não tiveram versões muito boas. O medley "Teddy bear - Don't Be Cruel" soa um pouco cansado, embora as músicas em si sejam à prova de falhas. "Jailhouse Rock" é apenas uma sombra da gravação clássica e "Little Sister" é uma mera introdução. De qualquer maneira as versões de "My Way", "Early Mornin' Rain", "Hurt" (do From Elvis Presley Boulevard) e "How Great Thou Art" puxam a qualidade lá para cima. Em um tempo em que Elvis vinha enfrentando diversos problemas de saúde, emocionais, etc, esse registro prova que ele ainda era capaz de belos momentos no palco, diante de seu querido público.

Elvis Presley - Greensboro '77 (2017)
Also Sprach Zarathustra / See See Rider / I Got A Woman / Love Me / If You Love me Let Me Know / You Gave Me A Mountain / Jailhouse Rock / O Sole Mio / It's Now Or Never / Little Sister / Teddy bear - Don't Be Cruel / And I Love You So / Fever / My Way / Introductions / Early Mornin' Rain / What'D I Say / Johnny B Goode / Introductions (Incomplete) / Hurt (With Reprise) / Hound Dog / Funny How Time Slips Away / How Great Thou Art / Little Darlin' / Can't Help Falling In Love / Closing Vamp.

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Murfreesboro 74

Esse é o novo CD do selo FTD, que ao contrário do que andavam dizendo por aí não vai acabar. Pelo contrário, o selo tem se mostrado bem lucrativo pois atende uma parcela de fãs de Elvis que estão sempre dispostos a ouvirem novidades, ano após ano. Esse lançamento aqui tem uma boa sonoridade, pois está na categoria de Soundboard, ou seja, o áudio foi gravado diretamente do sistema de som que foi usado nos dois concertos. Os shows foram realizados nos dias 14 e 19 de março de 1974, na cidade de  Murfreesboro no Tennessee. Com população de pouco mais de 100 mil habitantes era próxima de Memphis, uma vez que Elvis já não estava mais com disposição de fazer longas viagens. Se houvesse a oportunidade de cantar perto de casa seria algo muito bem-vindo para ele nessa fase de sua vida. As dificuldades e os desconfortos das longas viagens já não eram mais de seu agrado pessoal. A vida na estrada, nas turnês, era algo penoso conforme a idade vinha chegando para Elvis.

Em termos de repertório não há muitas novidades nessas apresentações. Elvis estava disposto a fazer shows profissionais, corretos, mas sem grandes surpresas. Preferiu se agarrar no certo e no seguro. Do primeiro show no dia 14 eu poderia destacar as interpretações do cantor em faixas como "Steamroller Blues", um bom blues que Elvis já não utilizava mais com tanta frequência e o gospel "Why Me Lord" que começava a entrar nos concertos e seria utilizado no show de Elvis em Memphis, indo parar no álbum oficial, fazendo com que os fãs do mundo todo conhecessem a canção que nunca havia sido gravada antes por ele em estúdio. O segundo show tem menos novidades, mas eu destacaria o medley com as canções " Long Tall Sally / Whole Lotta Shakin' Goin' On / Mama Don't Dance / Flip, Flop and Fly / Jailhouse Rock / Hound Dog". Veja como Elvis pouco se importava com seus clássicos de rock. Esse monte de músicas cabiam em uma performance de pouco mais de três minutos de duração! Realmente uma pena. De qualquer forma esse medley também seria usado no disco de Memphis. Por fim há outra nova música no repertório, a bonita "Help Me", cuja versão ao vivo surgiria no álbum gravado ao vivo em Memphis e depois faria parte do disco "Promised Land", em sua versão de estúdio. Então é isso. Um CD bom, interessante, mas nada excepcional. Até que vale a pena ter na coleção.

Elvis Presley - Murfreesboro 74 (2018)

Disc 1 - March 14, 1974
01 Also Sprach Zarathustra / 02 See See Rider 3:36 / 03 I Got A Woman / Amen 4:13 / 04 Love Me 1:41 / 05 Trying To Get To You 2:09 / 06 All Shook Up 1:01 / 07 Steamroller Blues 3:01 / 08 (Let Me Be Your) Teddy Bear / Don't Be Cruel 2:06 / 09 Love Me Tender 1:53 / 10 Johnny B. Goode 1:40 / 11 Hound Dog 1:11 / 12 Fever 3:06 / 13 Polk Salad Annie 3:38 / 14 Why Me Lord 3:58 / 15 Suspicious Minds 3:55 / 16 Introductions 1:58 / 17 I Can't Stop Loving You 2:41 / 18 Help Me 2:44 / 19 American Trilogy 4:04 / 20 Let Me Be There 3:59 / 21 Funny How Time Slips Away 2:42 / 22 Can't Help Falling In Love 1:41 / 23 Closing Vamp 1:00

Disc 2 - March 19, 1974
01 Also Sprach Zarathustra (Theme From 2001: A Space Odyssey) 1:15 / 02 See See Rider 3:37 / 03 I Got A Woman / Amen 5:56 / 04 Love Me 1:46 / 05 Trying To Get To You 2:12 / 06 All Shook Up 1:02 / 07 Steamroller Blues 2:56 / 08 (Let Me Be Your) Teddy Bear / Don't Be Cruel 1:58 / 09 Love Me Tender 1:55 / 10 Medley: Long Tall Sally / Whole Lotta Shakin' Goin' On/Mama Don't Dance / Flip, Flop and Fly / Jailhouse Rock / Hound Dog 3:37 / 11 Fever 3:08 / 12 Polk Salad Annie 3:39 / 13 Why Me Lord 4:00 / 14 Suspicious Minds 3:51 / 15 Introductions 2:37 / 16 I Can't Stop Loving You 2:32 / 17 Help Me 3:11 / 18 American Trilogy 4:00 / 19 Let Me Be There 4:15 / 20 Funny How Time Slips Away 2:32 / 21 Mystery Train 0:45 (incomplete).

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - A New Decade, A New Sound

A New Decade, A New Sound (2014) - Esse bootleg lançado recentemente pelo selo Straight Arrow procura resgatar duas apresentações de Elvis Presley em Las Vegas na sua segunda temporada de retorno aos palcos. Como o próprio título sugere havia um clima de euforia no ar, uma nova década nascia e Elvis aproveitava para testar novas sonoridades em sua música. Pena que o som propriamente dito do título seja bem ruim pois se trata de um audience recording, ou seja, uma gravação feita no meio do público, por fãs. 

Eu particularmente assumo que nunca gostei muito dos CDs da Straight Arrow. Alguns títulos são até interessantes, mas no geral o selo não se importa muito com qualidade sonora, lançando coisas inéditas, é verdade, mas que não primam muito pela qualidade de som. Assim pela má sonoridade presente só indico mesmo "A New Decade, A New Sound" para fãs radicais do Rei do Rock.

A New Decade, A New Sound (2014) - February 3 1970 Dinner show: Excerpt of Sammy Shore speech - Orchestra Instrumental - Opening Vamp - All Shook Up - I Got A Woman - Proud Mary - Don't Cry Daddy - Teddy Bear/Don't Be Cruel - Long Tall Sally - Let It Be Me - I Can't Stop Loving You - Walk A Mile In My Shoes/In The Ghetto - Kentucky Rain - Sweet Caroline - Polk Salad Annie - Introductions - Suspicious Minds - Can't Help Falling In Love. / February 5 1970 Dinner show: Rick Rennie comments recorded prior the show - Orchestra Instrumental - Opening Vamp - All Shook Up - I Got A Woman - Proud Mary - Don't Cry Daddy - Teddy Bear/Don't Be Cruel - Love Me - C. C. Rider - Let It Be Me - I Can't Stop Loving You - Love Me Tender - Chat with audience - In The Ghetto - Sweet Caroline - Polk Salad Annie - Introductions - Suspicious Minds - Can't Help Falling In Love.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Houston, We Have a Problem...

Houston, We Have a Problem... - Terceiro lançamento da Audionics, o título do CD faz um trocadilho engraçadinho com a famosa frase dita pela tripulação da nave Apolo XIII. Esse é o show de Elvis realizado em Houston na data de 28 de agosto de 1976. Elvis pesadão luta para realizar uma boa apresentação. A boa notícia é que ele conseguiu. No começo o ouvinte fica com receios que Elvis fará mais um daqueles concertos preguiçosos e cheios de problemas, típicos do trabalho que ele vinha desenvolvendo ao vivo no ano do bicentenário dos Estados Unidos. 

Felizmente ele consegue se superar e lá pela quarta música Elvis parece se empolgar com o show. A qualidade sonora é boa, um soundboard bem gravado. Pena que o show em si esteja também incompleto. Outro problema é a já conhecida manha de Elvis em promover longas apresentações de seus músicos, o que lhe dava a chance de sentar para descansar e se poupar, tendo em vista seus problemas de saúde. O repertório é o costumeiro, sem maiores novidades. Os únicos destaques dignos de nota vem das performances de "America" (em homenagem ao seu país) e "Hurt" (onde Elvis tentava mostrar que ainda tinha muito poderio vocal).

Houston, We Have a Problem... - See See Rider (incomplete) I Got A Woman - Amen / Love Me / If You Love Me / You Gave Me A Mountain / All Shook Up / Teddy Bear - Don't Be Cruel / And I Love You So /  Jailhouse Rock / Fever / America / Polk Salad Annie - Introductions / Early Mornin' Rain / What'd I Say / Johnny B. Goode / Drum solo / Bass solo / Bass solo (#2) / Piano solo / Keyboard solo / School Days / Hurt / Funny How Time Slips Away / Can't Help Falling In Love / Closing Vamp.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de maio de 2005

Elvis Presley - The Last Movies

Essa é a capa do novo CD do selo FTD (Follow That Dream) intitulado "Elvis - The Last Movies" ("Elvis - Os Últimos Filmes" em português). Achei a ideia muito boa, até porque é notório que os últimos filmes de Elvis no cinema não tiveram o tratamento adequado em termos de trilhas sonoras pela gravadora RCA Victor na época de seus lançamentos. As músicas desses filmes foram dispersadas dentro do mercado, ora surgindo como meros "tapa buracos" de seus discos promocionais, ora como compactos sem qualquer divulgação pela RCA.

Nenhum dos filmes ganhou uma trilha sonora própria, lançada como álbum, como havia acontecido nos primeiros anos de Elvis em Hollywood. Tudo foi de certa maneira desprezado, pessimamente tratado pelo selo RCA. Agora temos a reunião das três últimas trilhas sonoras, trazendo além das gravações oficiais, muito material inédito, takes alternativos e um pequeno livreto com várias fotos inéditas, rara memorabilia e informações em geral das sessões originais. É uma boa pedida para os colecionadores adquirirem o pacote completo do trabalho de Elvis feito durante os anos 60 no cinema. Aqui temos muito material proveniente do faroeste "Charro", da boa comédia de costumes "Lindas Encrencas, as Garotas" e do bom filme final "Ele e as Três Noviças". Vale muito a pena comprar esse novo CD. Deixamos assim a dica desse lançamento que está chegando nas lojas dos Estados Unidos, Europa e Japão nas próximas semanas. 

Elvis Presley - Elvis The Last Movies (2017)
01 Change Of Habit / 02 Rubberneckin' / 03 Let's Be Friends / 04 Have A Happy / 05 Let Us Pray / 06 Clean Up Your Own Back Yard / 07 Almost / 08 Charro / 09 Let's Forget About The Stars / 10 Let's Forget About The Stars (rough mix) / 11 Charro (rough mix) / 12 Clean Up Your Own Back Yard (undubbed master) / 13 Almost (undubbed master) / 14 Swing Down Sweet Chariot (movie version) / 15 Swing Down Sweet Chariot (female vocals and brass overdub) / 16 Signs Of The Zodiac (duet with Marlyn Mason) / 17 College Songs Medley (Far Above Cayuga's Waters / Boola Boola / Dartmouth's In Town Again / The Eyes Of Texas / On, Wisconsin / The Whiffenpoof Song / Fair Harvard / Notre Dame / Violet) / 18 Almost (takes 1-3*) / 19 Almost (takes 4* & 6) / 20 Almost (takes 10*-11) / 21 Almost (take 13*) / 22 Almost (takes 14-16*) / 23 Almost (takes 22-25*) / 24 Almost (takes 27-28*) / 25 Almost (take 29*) / 26 Let Us Pray (alternate vocal overdub) / 27 Let Us Pray (M/vocal only).

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Dez Curiosidades sobre "Live a Little, Love a Little"

1. Mesmo desaconselhado pelo estúdio Elvis resolveu dirigir ele mesmo o pequeno Buggy de seu personagem. O diretor Norman Taurog disse que isso não daria certo pois queria cenas de velocidade ao que Elvis respondeu: "Você quer que eu corra? Pois então correrei na praia!".

2. Esse foi o último filme da carreira do diretor Norman Taurog, um cineasta que vinha acompanhando Elvis desde o começo de sua carreira em Hollywood. Ambos se deram muito bem nos filmes que fizeram juntos e por isso Elvis estava sempre sugerindo para a MGM e Paramount que ele fosse contratado novamente para lhe dirigir em cena. Norman Taurog morreria em 1981 aos 82 anos de idade.

3. A crítica afirmou que finalmente Elvis estava apresentando um material um pouco mais adulto, maduro, fugindo da velha fórmula de seus filmes para adolescentes. Um produtor chegou inclusive a sugerir que Elvis aparecesse na frente de um cinema onde estaria sendo exibido um filme pornográfico, mas o Coronel Parker vetou tal inclusão. Para o empresário de Elvis isso poderia lhe "manchar a imagem perante o público".

4. No roteiro Elvis teria que contracenar com um enorme cão, então ele sugeriu que levasse seu próprio cachorro de estimação para as filmagens, o corpulento Brutus. Para Elvis seria mais fácil contracenar com seu cão, pois ele já o conhecia há anos.

5. Durante as filmagens o filme recebeu o título de "Kiss My Firm, But Pliant Lips", nome do romance original escrito por Dan Greenburg que deu origem ao filme. Esse autor chegou inclusive a tentar a sorte como ator em Hollywood atuando no western "O Massacre dos Pistoleiros", mas as coisas não deram muito certo. Já como escritor ele anos depois tentaria o gênero dos filmes de terror alcançando certo sucesso com o filme "A Árvore da Maldição". Já na década de 1990 se tornaria conhecido por ter roteirizado a série de sucesso "Louco Por Você" onde ele finalmente retornou para o estilo mais romântico.

6. Vernon Presley, o pai de Elvis, fez uma pontinha no filme, como modelo numa série de fotos que são mostradas rapidamente durante uma cena. Priscilla tentou que Elvis também arranjasse uma outra participação especial para ela na produção já que ela queria começar uma carreira de atriz, mas Elvis não achou uma boa ideia. Contrariada, ela desistiu.

7. As filmagens foram feitas em locações de Los Angeles. Durante uma pausa de uma cena Elvis acabou caindo no chão quando várias fãs praticamente o atropelaram em busca de um autógrafo. Para sua sorte nada mais parecido com isso voltou a acontecer e as filmagens continuaram sem incidentes parecidos até o fim dos trabalhos.

8. Norman Taurog foi o cineasta que mais trabalhou ao lado de Elvis Presley durante sua carreira. Foram no total nove filmes juntos: Saudades de um Pracinha (1960), Feitiço Havaiano (1961), Garotas e Mais Garotas (1962), Loiras, Morenas e Ruivas (1963), Cavaleiro Romântico (1965), Minhas Três Noivas (1966), Canções e Confusões (1967), e O Bacana do Volante (1968).

9. As filmagens terminaram no dia 1 de maio de 1968, justamente no mesmo dia em que Elvis e Priscilla celebravam seu primeiro ano de casamento. Elvis a levou para jantar fora em Los Angeles, algo que ele raramente fazia. Assim houve dupla celebração, pelo aniversário de casamento e pelo fim dos trabalhos em seu novo filme que só iria estrear dentro de alguns meses.

10. Elvis alugou um cinema de Memphis para uma sessão privada com seus amigos e familiares. Ele queria conferir como o filme havia ficado. Para seu desapontamento acabou não gostando do resultado final. Achou que tudo ficou meio confuso, com um roteiro que acabou não lhe agradando. Sua má impressão fortaleceu ainda mais sua recente vontade de desistir de Hollywood para voltar aos shows ao vivo e às gravações de discos convencionais, como havia feito no começo de sua carreira nos anos 50.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e Roy C. Bennett

Morreu no último dia 2 de julho, aos 97 anos, o compositor Roy C. Bennett. Ao lado de seu companheiro Sid Tepper escreveu dezenas de canções de sucesso para cantores e astros como Duke Ellington, Louis Armstrong, Ray Charles, Frank Sinatra, Elvis Presley e os Beatles. Em relação a Elvis foi uma parceria longa e produtiva. No total Bennett compôs 45 músicas para o Rei do Rock ao longo de sua carreira, entre elas grande parte das trilhas sonoras dos filmes “G.I. Blues” e "Blue Hawaii". Os dois álbuns venderam milhões de cópias ao redor do mundo. Outros sucessos vieram com canções como  “Puppet on a String", “New Orleans” e o dueto entre Elvis e a atriz Ann-Margret “The Lady Loves Me”. Já os Beatles gravaram a canção "Glad All Over" e a apresentaram no programa que estrelavam na rádio inglesa BBC durante a década de 1960.

Roy C. Bennett começou a escrever músicas ainda muito jovem, quando tinha apenas 11 anos de idade. Ele nasceu em uma família humilde do Brooklyn, em Nova Iorque, e desde muito jovem demonstrou sua paixão pela música. Depois que conheceu seu parceiro por décadas, Sid Tepper, na escola onde ambos estudavam, ele resolveu entrar no concorrido mercado fonográfico americano. Embora tentasse despontar como cantor de sucesso ele logo entendeu que tinha mais talento para compor para outros artistas já que sua voz não era definitivamente o seu forte. Apaixonado por canto de corais - chegou a escrever um livro sobre o assunto - ele passou então a trabalhar para grandes companhias da cidade, escrevendo temas para programas de TV, peças de teatro e finalmente filmes para o cinema.

O sucesso chegou quando ele escreveu hits para a carreira do cantor Eddie Arnold. Seu êxito chamou a atenção das estrelas do circuito country de Nashville e em meados dos anos 1950 ele começou uma intensa fase criativa escrevendo para artistas de sucesso da época como Sarah Vaughn, Guy Lombardo, Eartha Kitt, os Ink Spots, Louis Prima, Arthur Godfrey, Tommy Dorsey e Lawrence Welk. Durante uma convenção musical ele acabou conhecendo o Coronel Tom Parker, empresário de Elvis. "Gosto de suas músicas, filho. Aqui está meu cartão. Quero comprar algumas para Elvis" - teria lhe dito o velho astuto. Em pouco tempo Roy estava em negociações com o Coronel com o objetivo de vender suas músicas para as duas editoras do astro mais famoso do rock.

Curiosamente, apesar de ter escrito dezenas de músicas para Elvis por tantos anos, ele nunca chegou a conhecê-lo pessoalmente. Sobre isso disse certa vez: "Elvis era muito protegido pelo Coronel Parker. Nunca cheguei a apertar sua mão. Não o conheci, o que era estranho, pois estava durante todos aqueles anos ouvindo Elvis cantar as minhas melhores músicas. Ouvi dizer em Nashville que o Coronel não gostava que Elvis se socializasse com compositores com receios de que ele viesse a ser influenciado de alguma forma por nós. Uma pena, gostaria de agradecer a Elvis pelo que ele fez pelas minhas criações. Ele era ótimo!".

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 18 de maio de 2005

Elvis Presley - Em Cada Sonho um Amor

"Follow That Dream" (no Brasil, "Em Cada Sonho um Amor") foi o primeiro filme de Elvis Presley lançado em 1962. Qual é a história contada por essa película? Uma família de caipiras chega na Flórida e sem gasolina acaba parando em terras públicas banhadas por um belo rio pertencente ao governo. Após serem hostilizados por um representante do estado que os avisa que devem ir embora dali, pois não possuem direitos sobre aquelas terras, o patriarca "Pop" Kwimper (Arthur O'Connell) decide que eles vão ficar, para lutar pelas terras como posseiros. Para Toby Kwimper (Elvis) e sua irmã de criação, aquela parece ser uma boa ideia pois eles logo começam a ganhar algum dinheiro vendendo pontos de pesca para turistas. A boa vida porém será ameaçada por uma assistente social que irá brigar na justiça para que a família perca o direito de continuar com as crianças no local.

"Em Cada Sonho um Amor" também foi o primeiro filme de Elvis nos estúdios da United Artists. Essa companhia foi fundada por Charles Chaplin e tinha como objetivo dar maior liberdade para os artistas ao invés dos magnatas poderosos do cinema em sua época. Era literalmente uma união de artistas em prol de sua arte. Assim temos pequenos detalhes que diferenciam essa produção das demais que Elvis faria nos anos 60. Uma delas foi a escolha de filmar praticamente tudo em locações reais, ao ar livre (as cenas mais bonitas foram captadas em Crystal River, Florida) e não enfurnados em estúdios de Los Angeles. O sol forte inclusive queimou o cabelo de Elvis, o levando para seu tom mais natural, praticamente loiro.

As cenas musicais não são muito empolgantes, até porque as músicas nunca foram consideradas marcantes dentro da discografia de Elvis, mas de maneira em geral são simpáticas e alegres. Em termos de roteiro não há também muitas novidades com Elvis dividido entre uma mulher mais jovem e uma mais velha (situação recorrente em muitos de seus filmes). O que salva "Follow That Dream" de escapar da lista dos piores filmes de Elvis é seu clima agradável e relaxante, além do tom mais bem humorado. Presley também acentua seu lado mais cômico ao interpretar um personagem muito caipira, ingênuo e simplório, que não conhece nada da vida da cidade. Com sotaque muito acentuado lembrava o próprio Elvis um pouco demais. No saldo final passa longe de aborrecer alguém, embora obviamente também passe longe de ser uma obra prima ou um filme memorável de Elvis em Hollywood. Está entre os filmes medianos que Elvis rodou em sua carreira.

Em Cada Sonho um Amor (Follow That Dream, Estados Unidos, 1962) Estúdio: United Artists / Direção: Gordon Douglas / Roteiro:  Charles Lederer, Richard Powell / Elenco: Elvis Presley, Arthur O'Connell, Anne Helm / Sinopse: Uma família de caipiras do interior decide tomar posse de terras públicas, mas abandonadas, na ensolarada Flórida, dando origem a vários problemas, inclusive jurídicos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de maio de 2005

Elvis Presley - 1961 / 1962

Quando Elvis voltou do exército ele tinha duas grandes pretensões. Uma era se tornar um grande ator e a outra desenvolver sua habilidade vocal. Primeiro fez "G.I. Blues" (Saudades de um Pracinha), um filme que ele não gostou de jeito algum, criticando inclusive a qualidade da trilha sonora. Porém, a ele era dito para fazer "G.I Blues" para reconquistar os fãs e depois lhe seriam oferecidos papeis mais dramáticos. "Flaming Star" (Estrela de Fogo) seu filme seguinte foi um bom início, seguido de "Wild in the Country" (Coração Rebelde) que, originalmente, tinha um ótimo roteiro, mas foi estragado pelos engravatados de Hollywood e pela raposa velha Coronel Tom Parker. A segunda pretensão, todavia foi alcançada: Elvis nunca cantou melhor e sua voz nos três primeiros anos da década de 60 estava em grande forma, excelente, com performances lindíssimas em clássicos como "Are You Lonesome Tonight?", "It´s Now Or Never" (há quem odeie essa canção hoje em dia mas não há como negar sua boa perfomance na gravação), além das bonitas e românticas "They Remind Me Too Much Of You", "There´s Always Me" e muitas outras.

O ano de 1961 chegou e definitivamente foi um ano que dividiu a carreira de Elvis. Ele começou o ano com dois shows beneficentes em Memphis em fevereiro, seus primeiros após a sua volta do exército e em março gravou o álbum "Something for Everybody", que apesar de ser muito bom e ter chegado ao primeiro lugar, perde se comparado com "Elvis is Back", um magistral álbum, muito eclético em sua diversidade de ritmos. Logo após as sessões de gravação Elvis viajou para o Havai para filmar "Blue Hawai" (Feitiço Havaiano) e fazer um show beneficente, que acabou sendo seu último até 1968. "Blue Hawai" foi a pior coisa que aconteceu na carreira de Elvis por ter sido um sucesso fora do comum, realmente espetacular. O álbum passou absurdas 20 semanas em primeiro lugar e o filme foi um estrondoso sucesso, apesar de ser muito fraco. A sua trilha é na verdade uma das piores de Elvis, se salvando apenas umas quatro músicas, incluindo o clássico absoluto "Can´t Help Falling in Love". Afinal botar o rei do rock para cantar uma dúzia de músicas havainas era o fim!!!

Em junho, antes de ir filmar "Follow that Dream" (Em Cada Sonho Um Amor) Elvis ainda entrou em estúdio e gravou entre outras, um de seus melhores singles: “His Latest Flame / Little Sister”, que injustamente não chegou ao primeiro lugar nos EUA. Na Inglaterra ambas as músicas atingiram o topo das paradas. "Surrender" foi a música de Elvis nesse ano que alcançou o número 1 nas paradas em ambos lados do Atlântico."Follow That Dream" era um comédia bem leve onde Elvis se saiu muito bem. Infelizmente, foi durante as sessões desse filme que o cantor perdeu um de seus melhores guitarristas: Hank Garland, vitimado em um acidente de carro que quase tirou sua vida e destruiu sua carreira de guitarrista. O som de Elvis perderia muito com a saída de Garland. Fora isso, o quadro profissional de Elvis era excelente. Ele ainda chegava fácil ao primeiro lugar, seus filmes ainda mantinham um certo nível, ele ainda gravava em ritmo muito bom e produtivo e a qualidade das músicas era ainda muito boa. Tudo parecia ainda caminhar relativamente bem por essa época.

Já na vida pessoal Elvis parecia determinado a se divertir o máximo possível! Por essa época ele resolveu romper com a namorada Anita Wood e como Priscilla ainda não havia chegado aos Estados Unidos para morar em Graceland, Elvis ficou completamente solto, solteirinho da silva! Se Elvis era um garoto que na década de 50 levava uma vida nada mundana, namorando firme garotas e morando com os pais, a situação se inverteu nessa fase de sua vida. Elvis agora, sem a balança moral de sua mãe, entupia sua mansão da maior quantidade de mulheres possível. Nos primeiros anos em Hollywood Elvis ficava hospedado em alguns hotéis da cidade mas suas festas com muita gente e muito barulho de música alta lhe trouxeram vários problemas. Alguns estabelecimentos o convidaram gentilmente a ir embora. Assim Elvis pensou em uma solução. Aconselhado pelo empresário Tom Parker ele acabou comprando uma casa em Bel Air. Afinal Parker queria manter as festas extravagantes de Elvis fora do radar da imprensa. Assim Elvis encontrou um lugar ideal para descansar, relaxar e se divertir, longe dos olhos da imprensa marrom da capital do cinema.

O ponto negativo é que por essa época Elvis também começou a aumentar seu consumo de drogas prescritas. Ele passou a se interessar pelo assunto e começou a ler livros de medicina onde eram explicadas as principais pílulas do mercado, seus efeitos e suas contra indicações. Elvis que odiava drogas de rua como maconha e cocaína havia encontrado um jeito seguro, limpo e longe de problemas de também ficar alto em suas festas privadas. Tudo ainda era um grande segredo guardado a sete chaves. Nem mesmo Parker tinha consciência do que acontecia nesse aspecto na vida de Elvis. Também não havia qualquer sinal em sua vida pública e profissional sobre isso. Na época ele era apenas o "Solteirão mais cobiçado da América". Sua imagem pública era impecável e Evis era considerado um dos homens mais bem sucedidos dos EUA. Tudo parecia muito bem em sua vida mas nuvens negras estavam para chegar em sua carreira.

Pablo Aluísio e Victor Alves

Elvis Presley - O Começo da Queda

Além da apresentação em Pearl Harbor, Elvis também realizou dois concertos em Memphis antes de se retirar de forma prolongada dos concertos ao vivo durante os anos 60. No dia 25 de fevereiro de 1961 Elvis subiu ao palco do Ellis Auditorium. Foi um evento de homenagem ao próprio Elvis - o governador do estado Buford Ellington declarou o dia como 'Elvis Presley Day' - e também uma forma de arrecadar fundos para a caridade - mais de 50 mil dólares foram arrecados ao fim do concerto. Antes dos shows houve um evento em honra a Elvis no Hotel Claridge. O cantor não gostava muito de jantares sociais como esse mas foi convencido por Vernon a comparecer. Distribuiu sorrisos, autógrafos e recebeu as devidas homenagens. Depois disso Elvis só voltaria a se apresentar em Pearl Harbor no Havaí e só retornaria em 1968 no especial de TV na NBC e no ano seguinte em Las Vegas para temporadas longas no International Hotel (depois Las Vegas Hilton). Mas o que levou Elvis a ficar tantos anos fora dos shows ao vivo? Logo ele que tanto gostava do calor humano proporcionado por seus fãs?

A verdade é que Elvis queria de todas as formas dar certo no mundo do cinema. Ele estava vivendo seu sonho de ser James Dean, seu grande ídolo nas telas. E o Coronel Parker resolveu adotar o lema: "Se quiser ver Elvis cantando pague uma entrada de cinema". Nada de shows, nada de aparições em programas de TV, nada de entrevistas. Parker (e Elvis concordava com isso) entendia que se Elvis começasse a fazer turnês as pessoas deixariam de assistir seus filmes. Afinal se podiam ver Elvis em carne e osso para que iriam até o cinema para vê-lo em celulóide? É incrível mas eles insistiram nisso por praticamente toda uma década!

Com Elvis fora do caminho no mundo musical os jovens acabaram adotando outros ídolos. Os Beatles chegaram nos EUA e varreram as paradas de sucesso como nunca ninguém havia visto antes. Eles chegaram a ocupar os quatro primeiros lugares da Billboard em sequência, sem ninguém por perto para ameaçá-los. Elvis? Estava praticamente fora da lista dos mais vendidos. Era considerado carta fora do baralho. E logo após outros grupos semelhantes surgiram, tanto ingleses como americanos. Tudo estava mudando, as letras, as mensagens das músicas, os figurinos dos grupos de sucesso. Era uma nova onda musical surgindo, um novo estilo que vinha para romper com o marasmo.

Enquanto o mundo musical mudava e passava por uma revolução sem precedentes, Elvis que tinha de certa forma começado tudo aquilo nos anos 50, afundava em Hollywood estrelando filmes ruins e tolos que eram ignorados pela juventude da época. Só para se ter uma idéia do tamanho do desastre para a carreira de Elvis basta citar que ele ficou de 1962 a 1969 sem conseguir emplacar nenhum sucesso musical no topo da parada de singles da Billboard! Suas novas canções não tocavam mais nas rádios e ele foi desaparecendo lentamente do meio. Afinal quem não era visto não era lembrado. 

Até no Brasil a crise foi sentida. A filial brasileira da RCA deixou até de lançar seus álbuns por aqui após um certo tempo. Elvis não vendia mais a ponto de justificar o lançamento de seus discos fora dos EUA. As fãs que gritavam pelos Beatles empunhavam cartazes onde se podia ler: "Viva os Beatles! Elvis já morreu". O pior era saber que nisso havia de fato um fundo de verdade. E pensar que tudo poderia ter sido diferente. Assim seus shows em Memphis e Pearl Harbor se tornaram significativos e simbólicos da crise que surgia no horizonte. Era o começo da queda. Foi a despedida de uma era de ouro para o artista Elvis.

Pablo Aluísio

domingo, 15 de maio de 2005

Elvis Presley - Biografia, 1962 - Parte 1

8 de janeiro de 1962 - Elvis completa 27 anos de idade ao lado de amigos e conhecidos em Graceland. Suas férias estão acabando e logo ele precisará voltar a gravar novas músicas para a RCA Victor, além de atuar em novos filmes em Hollywood. Elvis intensifica seus telefonemas para a Alemanha. Ele quer trazer Priscilla para passar alguns dias ao seu lado nos Estados Unidos. Os pais dela não acham uma boa ideia. Elvis também recebe uma bela homenagem nesse dia do programa American Bandstand.

Fevereiro de 1962 - A RCA Victor lança o primeiro single de Elvis no ano com as músicas "Good Luck Charm" e  "Anything that's Part of You". O compacto chega ao topo da parada Billboard e se torna um novo sucesso de vendas. A crítica se divide, alguns reclamam da falta de Rock nas gravações de Elvis. Ele parece ter se tornado um cantor pop romântico. O fato negativo é que esse seria o último single de Elvis a chegar ao topo em muitos anos. Elvis só retornaria para a primeira posição entre os mais vendidos na classificação de singles com "Suspicious Minds" em 1969. Isso iria refletir a queda de vendas do cantor no mercado de compactos. Um fato preocupante para sua gravadora.

Março de 1962 - Elvis viaja para Nashville, Tennessee. A gravadora programa uma extensa lista de músicas para gravação. A intenção é gravar material convencional, não relacionado a trilhas sonoras de Hollywood. A RCA pretende lançar um novo álbum de Elvis o mais breve possível. Assim nos dias 18 e 19 desse mês Elvis comparece nos estúdios B da gravadora para gravar as seguintes músicas: Something Blue, Gonna Get Back Home Somehow, Easy Question, Fountain of Love, Just for Old Time's Sake, Night Rider, You'll Be Gone, I Feel That I've Known You Forever, Just Tell Her Jim Said Hello, Suspicion e She's Not You. Essa sessão é toda produzida por Steve Sholes, que vinha trabalhando ao lado de Elvis desde o seu primeiro álbum na RCA em 1956.

Março de 1962 - A correria para Elvis nesse mês é intensa. Após gravar farto material para a RCA em Nashville ele é informado pela Paramount Pictures que seu novo filme será filmado novamente no Havaí, como havia acontecido com "Feitiço Havaiano". O roteiro é enviado para Elvis. O enredo conta a história de um jovem que pretende comprar um barco de pesca por dez mil dólares. Enquanto não arranja esse dinheiro ele vai ganhando a vida se apresentando em clubes noturnos. O filme também ganha título e passa a se chamar "Girls, Girls, Girls" (no Brasil "Garotas e mais Garotas"). Antes de viajar para as ilhas havaianas Elvis precisa ir para a Califórnia para gravar as músicas da trilha sonora nos estúdios Radio Recorders. A sessão é programada para ser realizada no dia 26 desse mês.

Março de 1962 - Estreia nos cinemas o filme "Follow That Dream" (Em cada sonho um Amor, no Brasil). Elvis faz o papel de um jovem caipira que luta contra o governo que quer tirar as terras de sua família na ensolarada Flórida. Com direção de Gordon Douglas e contando no elenco com Arthur O'Connel e Ann Helm, o filme recebe críticas mornas. O filme não faz muito sucesso, mas também não dá prejuízo para o estúdio. Um mês após a RCA Victor iria finalmente lançar a trilha desse filme em um EP, compacto duplo, com quatro canções: Follow That Dream, Angel, What a Wodrefull World e I'm Not the Marryng Kind. O EP chega ao 15º lugar na parada de sucessos da revista Billboard.

Pablo Aluísio.