terça-feira, 1 de março de 2005

Elvis Presley - Elvis em Hollywood

Foi em 1º de abril que Elvis Presley conseguiu realizar o sonho de sua vida. O ano era 1956 ele transpôs pela primeira vez os portões de ferro torneado da Paramount para um encontro com o produtor Hal Wallis. Junto com ele ia o inseparável manager, o coronel tom Parker. Ainda garoto, em Tupelo, Elvis já sonhava com as luzes do cinema. Queria ser ator, mais do que qualquer outra coisa. Voltou-se para a musica porque não via perspectivas de realizar o sonho em sua cidade natal.

Mas adorava tanto os filmes que chegou a trabalhar como lanterninha em Tupelo. São relações contidas no vídeo Elvis in Hollywood, The 50's, de Frank Martin, lançada pela BMG-Video. Vale a pena assistir á fita, Elvis, rei do rock, sempre foi espancado pelos críticos. Nunca foi considerado um verdadeiro ator. No Maximo era um cantor que rebolava diante das câmeras – e que foi engordando até perder o pique. Seu primeiro filme estreou em novembro de 1956. em Ama-se com Ternura [Love me Tender], ele desafiou duplamente os códigos de Hollywood, morreu no final e protagonizou um drama de época, desenrolado em plena guerra Civil. Nada mais estranho ao mito do jovem com o qual a teen generation da América queria tanto se identificar.

Elvis não freqüentou cursos de arte dramática. Tinha ídolos, Marlon Brando, James Dean, Humphrey Bogart. Assistiu muitas vezes ao filme que eles interpretavam. Queria captar as sutilezas da técnica de interpretação de cada um. Em Loving You [1957], sua primeira preocupação, ao chegar ao set, foi perguntar ao diretor Hal Kantes se seu personagem teria de sorrir muito. Ao atônito diretor, explicou que Bogart não ria, e por isso era grande. Para Elvis, os jovens curtiam seus shows e sua presença na tela porque a América era muito repressiva nos anos 50.

Os jovens não podiam se soltar em casa e na escola. Soltavam-se com ele, ao som do rock'n'roll. Nunca radicalizou sua rebeldia e até foi impedido pelo coronel Parker de ser o astro que queria. Mas uma vez, pelo menos, chegou perto do seu ideal ao interpretar, sob a direção de Michael Curtiz, um papel que só não foi de James Dean porque o astro de Juventude Transviada morreu. Não por acaso, os críticos consideram Balada Sangrenta [King Creole, 1958] o melhor momentos de Elvis no cinema.
 
"Love Me Tender" fez um belo sucesso de bilheteria. De fato conseguiu o feito de ser um dos 20 filmes mais vistos de 1956, uma posição importante em se tratando de um faroeste B, onde a principal atração era um jovem cantor que ainda não era tão conhecido de todo o público. Os mais velhos, por exemplo, torciam o nariz para Elvis e seus discos, pior, quando o viam dançando na TV ficavam horrorizados. E era justamente o público mais velho na época que curtia esse tipo de produção western.

De uma maneira ou outra duas coisas positivas aconteceram nesse filme. Os produtores entenderam que Elvis tinha jeito para a coisa. Fotografava muito bem nas telas e apesar de não ter experiência como ator não era tão ruim representando como se esperava. Pelo contrário, ele chegou até mesmo a ganhar alguns elogios da crítica da época. Alguns disseram que ele tinha "boa presença de cena". Seja lá o que isso realmente significava não era uma coisa ruim, uma crítica negativa em sua essência.

A RCA Victor compilou as músicas do filme e as lançou em um EP (um compacto duplo). Também colocou no mercado um single com a música "Love Me Tender" como Lado A. Os dois disquinhos venderam muito, levando o nome de Elvis Presley novamente para o topo das paradas, dos mais vendidos. O Coronel Parker não precisou de muito tempo para entender que Elvis assim poderia ser duplamente lucrativo, não apenas nas bilheterias de cinema, mas também nas lojas de discos, pois o filme impulsionava a venda de discos e vice versa. Os lançamentos fonográficos de Elvis também serviam como publicidade para os filmes. Discos vendiam filmes e filmes vendiam discos. Na visão do Coronel Parker era uma combinação comercial perfeita!

Por essa razão a Paramount Pictures anunciou logo após o sucesso de "Ama-me Com Ternura" que Elvis já estava contratado para atuar em seu próximo filme justamente pelo estúdio. A Paramount era na época um dos maiores estúdios de cinema de Hollywood. Entre seus contratados estavam John Wayne, Jerry Lewis, Dean Martin, Alfred Hitchcock, Frank Sinatra, James Stewart, Grace Kelly e tantos outros astros e estrelas da constelação do cinema. E a Paramount estava decidida a começar um novo filão de filmes feitos especialmente para Elvis. Ele seria a mais nova estrela do cinema. As apostas eram altas em relação ao seu futuro em Hollywood. O próprio Elvis sabia disso e apostava numa longa carreira de ator. Sobre isso ele chegou a declarar para uma revista de cinema na época: "Cantores aparecem e desaparecem muito rapidamente, da noite para o dia. Já se você for um bom ator poderá ficar em evidência por muitos anos".

O primeiro filme de Elvis no cinema, o faroeste "Love Me Tender" (Ama-me com Ternura, no Brasil) foi praticamente um teste. Os produtores queriam conferir se Elvis levava jeito para a coisa, se ele se saía bem em uma tela de cinema. Os resultados foram muito bons. Para um western B o filme, impulsionado pelas músicas e pela fama de Presley, se tornou um sucesso de bilheteria.

Para o segundo filme a Paramount Pictures resolveu investir em Elvis sem receios. Agora sua chegada em Hollywood era pra valer. O filme iria se apoiar exclusivamente nele. Se fizesse sucesso todos os méritos seriam de Elvis. O mesmo aconteceria se fosse um fracasso. Poderia enterrar suas pretensões de ter uma carreira em Hollywood.

A RCA Victor aproveitou o bom momento e editou a primeira trilha sonora de Elvis em um álbum completo. No lado A apenas as músicas do filme e no lado B uma série de boas canções que estavam arquivadas na sede da gravadora em Nova Iorque. O sucesso do disco antecipou o sucesso do filme. Elvis procurou estudar as atuações de seus dois maiores ídolos no cinema, James Dean e Marlon Brando. Ao diretor Hal Kanter, Elvis disse que não queria que seu personagem risse muito em cena, nada de sorrisos, isso porque Brando e Dean "sempre interpretavam personagens sérios". Bom, essa não era bem a intenção do estúdio. Eles já tinham em seus quadros os verdadeiros Marlon Brande e James Dean, assim não queriam um terceiro astro na mesma linha. Elvis era de outro tipo. Ele deveria basicamente cantar e encantar suas fãs nos filmes, nada mais. Ele seria um astro romântico ao velho estilo.

Como Elvis ainda era muito inexperiente no quesito atuação o estúdio escalou a veterana Lizabeth Scott para trabalhar ao seu lado. Era uma maneira de Elvis pegar dicas e sugestões na hora de atuar. Os dois eram sempre vistos juntos nas filmagens o que levantou alguns boatos de que estariam tendo um caso. Nada verdadeiro. Ela era bem mais velha do que ele e exercia uma certa autoridade sobre Elvis. Além disso a atriz era lésbica e mantinha sua vida privada bem longe das revistas de fofocas da época. Assim o jovem Elvis estava interessado mesmo em Dolores Hart, a bela atriz que tinha praticamente a sua idade. Não demorou muito e o cantor demonstrou estar apaixonado por ela. Anos depois Dolores largaria tudo, sua vida em Hollywood para se tornar freira numa ordem católica e sua história ao lado de Elvis seria contada no documentário "Deus é o Elvis Maior".

Pablo Aluísio.

Um comentário: