sexta-feira, 8 de março de 2002

Textos Avulsos - Edição XII

Gilberto Gil se torna imortal
Gilberto Gil se tornou o novo membro da Academia Brasileira de Letras. Eu particularmente fiquei feliz. Penso que toda classe artística merece representação na ABL. Quando um cantor e compositor como Gil se torna imortal ele automaticamente se torna representante de toda a sua classe musical. E isso é importante. Claro houve quem criticasse, mas esse tipo de ponto de vista na minha forma de pensar não tem razão de ser.

No meu ponto de vista as pessoas podem até criticar sua entrada na ABL baseado em sua obra, por acharem que não seria para tanto, mas é um erro criticar só pelo fato dele ser cantor e compositor. Música tem letra e letra é poesia. E a ABL é uma Academia de Letras, ou seja, não se torna membro apenas escritores de livros. Poetas e todo artista que lide com letras também pode ser membro. Uma atriz que lida com textos também pode ser membro como aconteceu com Fernanda Montenegro. E assim ela se torna também representante de sua classe profissional, a dos atores e atrizes. Eu que sempre amei cinema só tenho a bater palmas.

Agora o que poucos críticos assumem é que seu ressentimento muitas vezes tem raízes em racismo e preconceito social. O Gilberto Gil é um homem negro e hoje no Brasil o racismo saiu do armário. Além disso ele é um artista de esquerda o que o coloca em rota de colisão com esses reacionários que infelizmente infestam o debate na internet. Não tem importância. Basta ouvir um álbum das melhores canções do Gil para perceber que sua entrada na ABL foi muito justa. Talento não lhe falta, certamente. Parabéns Gilberto Gil. Deixo aqui meus sinceros e humildes aplausos. (11/04/22). 

Roupa Nova
Morreu ontem o vocalista Paulinho do grupo Roupa Nova. É uma perda para a música brasileira. O Roupa Nova foi um grupo de pop rock romântico que fez muito sucesso na década de 1980 no Brasil. Eles trouxeram ao mercado grande hits, que tocavam muito nas rádios. E a sonoridade era mais do que agradável. O Roupa Nova, surgido na década de 1970, encontrou seu nicho justamente nesse tipo de som mais romântico, bem pop, com letras suaves ou docemente nostálgicas.

O sucesso do grupo também se deveu a um lance de sorte. Eles foram contratados pela gravadora Som Livre e suas músicas eram tocadas nas novelas da emissora. Ao todo o Roupa Nova esteve presente em mais de 30 trilhas sonoras de novelas. Claro, com um painel de exposição desses o sucesso veio de forma imediata. De certo modo, ao lado de Rita Lee, eles foram o som dos anos 80 no Brasil.

Agora, não podemos explicar apenas pelo lado comercial o sucesso do grupo. Eles tinham talento. Suas canções eram bem compostas, gravadas, tudo feito com bom gosto e elegância. Os discos do Roupa Nova imperaram nos bailinhos dos anos 80 e por essa razão esse grupo e seu vocalista Paulinho tem seu lugar garantido na história da música popular brasileira.

Pablo Aluísio. 

Um comentário: