domingo, 26 de fevereiro de 2017

Oscar 2017

O Oscar 2017 não será esquecido tão cedo e não pelos motivos certos! A festa foi certamente uma das piores dos últimos anos. Infestada por um sentimento de revanche do partido democrata (do qual vários membros da Academia são filiados),  com um discurso politiqueiro em excesso (e não político, é bom frisar), a festa foi ofuscada por uma insistência em fazer propaganda partidária no lugar errado, tudo aliado a muita, muita desorganização.

O auge do caos foi, como todos já sabemos, quando "La La Land" foi anunciado como o filme vencedor da noite. A equipe do filme subiu ao palco, os emocionados discursos de agradecimento começaram e... de repente, descobriram que o verdadeiro vencedor foi "Moonlight"! Algo assim só havia acontecido no concurso de Miss Universo! Um papelão, um vexame, de uma festa que começou errada e terminou de forma desastrosa! Como eu escrevi, a insistência de fazer piadinhas e críticas ao presidente Trump saiu pela culatra, essa não deveria ser a tônica da cerimônia, mas foi! E então aquelas pessoas que supostamente sabiam tanto sobre o mundo e a política dos Estados Unidos cometeram o erro mais básico possível numa festa como essa: trocaram os envelopes dos prêmios! Não sabem nem dar o envelope certo ao apresentador e querem ditar regras e "verdades" sobre política para todos? Ridículo demais...

E nos demais prêmios houve muita contestação. Tudo bem que Casey Affleck, esteve bem em "Manchester À Beira-Mar", mas será que merecia mesmo o Oscar de Melhor Ator? Tenho minhas dúvidas! Denzel Washington certamente está bem melhor em "Um Limite Entre Nós", mas resolveram não premiá-lo porque ele já havia ganho duas vezes antes! Mas isso nunca foi motivo para não se premiar alguém! Atitude politiqueira (novamente!). Emma Stone, merecia por La La Land - Cantando Estações? A grande dama Isabelle Huppert esteve muito superior em Elle. Injustiça, vamos dizer a verdade!

Na direção também houve um equívoco. Barry Jenkins (Moonlight - Sob a Luz do Luar), Dennis Villeneuve (A Chegada) e até Kenneth Lonergan (Manchester À Beira-Mar) mereciam muito mais do que Damien Chazelle, por La La Land. Além disso a premiação de melhor direção sempre deve ser seguida da de melhor filme, para haver uma lógica na premiação. Não foi o que aconteceu. Um dos poucos prêmios merecidos foi o de melhor atriz coadjuvante dado a Viola Davis, por Um Limite Entre Nós. Não tanto por seu desempenho ter sido tão brilhante, mas sim porque não havia concorrentes à altura. Acertaram também na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, com Mahershala Ali (Moonlight - Sob a Luz do Luar), muito embora eu preferisse que Jeff Bridges levasse o prêmio.

E as gafes não tiveram fim, colocaram até pessoas vivas na parte em que se homenageiam os falecidos. A figurinista Janet Patterson, mostrada como morta, está viva e reclamou do uso de sua imagem na sessão In Memorian! Que coisa absurdamente desorganizada! Um lixo! Então é isso. O Oscar que quis fazer de Donald Trump a piada da noite acabou virando ele próprio a piada. Politicagem em excesso e competência de menos marcaram a noite. Espero que melhorem para o ano que vem.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Filmes no Cinema - Edição IX

Nessa semana a maioria das salas de cinema do Brasil estão dominadas pelo filme "Guardiões da Galáxia Vol. 2". Dirigido por James Gunn essa continuação é mais uma aposta da Marvel em expandir seu império no mundo do cinema. O primeiro filme não me agradou muito. Esses personagens são de segundo escalão da editora e para quem não gosta muito desse estilo de aventuras espaciais adolescentes fica mesmo complicado gostar. Esse segundo tem sido recebido com reservas pelo público que mais interessa à própria Marvel: o dos leitores de quadrinhos. Críticas dessas pessoas estão pipocando em diversos meios pela internet. A opinião geral parece ser a de que as altas expectativas não foram satisfeitas. Como a Marvel já está em crise no mundo dos gibis, não me admira que as más notícias venham agora também para as telas.

Outra boa opção para quem estiver a fim de ir para o cinema nessa semana é o novo filme estrelado por Natalie Portman. O filme se chama "Além da Ilusão". O roteiro explora a história de duas irmãs americanas que dizem ter o poder de falar com os espíritos de pessoas mortas. Esse roteiro me lembrou bastante da história das irmãs Fox que diziam também ter poderes mediúnicos em Nova Iorque durante o século XIX. No caso real elas depois confessaram a farsa em jornais e revistas da época. Será que esse novo filme irá pelo mesmo caminho? Só conferindo para saber. De uma forma ou outra essa sinopse me chamou bastante a atenção e já coloquei em minha lista de filmes que quero assistir assim que for possível.

Essa semana é bem diferente pois existe um blockbuster americano dominando as telas (Guardiões da Galáxia 2) ao mesmo tempo em que vários filmes mais alternativos encontram espaço em determinadas cidades. Um exemplo vem com "Além das Palavras". Essa produção entre Inglaterra e Bélgica traz o melhor do cinema europeu dos dias atuais. Dirigido por Terence Davies, esse filme conta a história da poetista Emily Dickinson (Cynthia Nixon). O roteiro se propôs a ser bem abrangente, mostrando a vida da escritora desde os seus primeiros anos até seus momentos finais, quando se tornou uma mulher consagrada por sua obra, mas também reclusa por causa de sua personalidade introspectiva. O filme foi muito bem recebido pela crítica europeia e é certamente uma boa pedida para um público mais seletivo.

Para o público mais cult ainda há outras opções. Para quem gosta de cinema nacional valem as indicações de "Elon Não Acredita na Morte". Estrelado por Rômulo Braga o filme mostra a jornada desesperada de um homem em busca da mulher desaparecida. Já "Vermelho Russo" mostra duas atrizes brasileiras que vão até a gelada e distante Moscou para estudar arte dramática do famoso método Stanislavski. Um filme no mínimo curioso contando com as carismáticas e talentosas atrizes Maria Manoella e Martha Nowill.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Filmes no Cinema - Edição VIII

Fim de semana, hora de conferir os lançamentos nos cinemas. Essa, devo dizer, é uma semana bem fraca em termos de estreias nas telas. Dando um panorama bem geral poucos filmes despertaram meu interesse em pagar um ingresso para assistir. São filmes, de certa forma, de medianos para fracos. De qualquer forma vamos tecer alguns breves comentários sobre eles.

Como todos já sabem o grande lançamento da semana é o filme "A Bela e a Fera", versão convencional, com atores em carne e osso, em adaptação do famoso desenho da Disney. O filme virou alvo de uma polêmica muito chata e enfadonha lá fora por causa da atriz Emma Watson. Emma virou uma dessas feministas bem chatinhas e por isso pegaram no pé dela ao interpretar uma princesa da Disney nas telas. Para as feministas a figura das princesas nada mais é do que um estereótipo ofensiva para com as mulheres... Não disse que era uma polêmica bem chata? Pois é...

O curioso em relação a esse semana é que não há um segundo grande lançamento nas telas. Todos os demais filmes são pequenas produções, sem muitas chances no circuito comercial. O lançamento de "A Bela e a Fera" é tão massificante e massacrante que não sobrou espaço para mais ninguém. Mesmo assim há alguns filmes que valem a curiosidade. Há uma produção francesa chamada "Os Cowboys" que apesar do título não é um western. É um drama sobre um pai que fica desesperado quando a filha resolve fugir com seu namorado, um jovem muçulmano! Pelo visto a crise dos imigrantes islâmicos já adentrou os lares franceses!

Outro filme que explora a vida dos refugiados na França é "Fátima", a história de uma mãe de origem muçulmana que luta para criar suas duas filhas em uma grande cidade francesa. O choque cultural, o preconceito e as dificuldades dela fazem parte do roteiro desse drama socialmente consciente. E se você não estiver disposto a encarar esse tipo de drama francês mais pesado fica a dica da comédia americana "Tinha que Ser Ele?". Pessoalmente já perdi as esperanças no humor americano há muitos anos. Nunca mais consegui me divertir com uma comédia feita para o cinema que venha da indústria Made in USA. Os filmes em geral são imbecilizados demais. Meu único interesse aqui se resumiria na atuação de Bryan Cranston. Ele, que nunca fez comédia antes (que eu saiba) tenta um novo rumo em sua filmografia. Será que deu certo? Bom, isso só conferindo nos cinemas mesmo. Boa sorte!

Pablo Aluísio.

Filmes no Cinema - Edição VII

Um dos lançamentos que mais me chamaram a atenção nessa semana nos cinemas é a nova versão de "King Kong". Intitulado "Kong: A Ilha da Caveira", o filme tem tido boas reações por parte dos críticos de um modo em geral. Pelo visto teremos ao menos uma boa aventura para ver sem maiores preocupações. O único nome mais conhecido do elenco é Samuel L. Jackson, o que não faz grande diferença no final das contas pois nesse tipo de filme o que realmente importa são os efeitos especiais e, é claro, a presença do gorila gigante. Estou esperando coisa boa, vamos conferir.

Já "Fome de Poder" traz Michael Keaton no papel de um dos fundadores do império de fast food, o McDonald´s. Curioso que agora temos mais um razão para chamar o atual circuito comercial de cinema fast food, pois resolveram fazer um filme exatamente sobre isso. Para quem procura por conteúdo e não apenas por hambúrgueres nas telas deixo a recomendação de "Versões de um Crime", filme de tribunal estrelado pelo ator Keanu Reeves. Já fiz resenha desse filme aqui no blog. É bom, nada excepcional, mas um bom filme.

Para os católicos temos duas boas estreias nas telas. O primeiro é o novo filme de Martin Scorsese chamado "Silêncio". O filme mostra em seu ótimo roteiro a perseguição sofrida pela Igreja Católica no Japão do século XVII. No enredo dois padres jesuítas sofrem todos os tipos de intolerância religiosa por causa de sua fé. Um brilhante trabalho de Scorsese, praticamente uma declaração de amor para a sua religião. Já "Papa Francisco: Conquistando Corações" tem como objetivo contar parte da história desse grande Papa que hoje em dia está sentado no trono de Pedro. O tema, como não poderia de ser, é mais do que interessante. Pretendo assistir, com absoluta certeza.

Outro bom drama a chegar nas telas é "Negação". Outro filme que já assisti e escrevi resenha. Na estória vemos a luta travada nos tribunais entre uma historiadora e pesquisadora americana e um revisionista, um sujeito que nega o holocausto, afirmando que tudo não passaria de uma grande mentira da propaganda sionista. Filme de tribunal, mas muito além disso, explorando detalhes de um dos maiores crimes da humanidade. Excelente filme, que recomendo bastante. Para fechar a lista deixo enfim a indicação do filme "Personal Shopper", uma produção no mínimo interessante, estrelada por Kristen Stewart, que mostra a incomum profissão de uma americana em Paris cujo trabalho consiste em aconselhar celebridades a comprarem as roupas certas. Especialmente indicado para fashionistas em potencial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

A Qualquer Custo

Título no Brasil: A Qualquer Custo
Título Original: Hell or High Water
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: David Mackenzie
Roteiro: Taylor Sheridan
Elenco: Jeff Bridges, Ben Foster, Chris Pine, Gil Birmingham, William Sterchi, Buck Taylor
  
Sinopse:
Uma dupla de policiais veteranos caça dois irmãos, assaltantes de bancos, no oeste texano. Tentando antecipar onde os próximos crimes serão cometidos, eles montam uma tocaia para aprisionar os criminosos. Filme indicado ao Cannes Film Festival. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator - Drama (Jeff Bridges) e Melhor Roteiro - Drama (Taylor Sheridan). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme,  Melhor Ator (Jeff Bridges), Melhor Roteiro (Taylor Sheridan) e Melhor Edição (Jake Roberts).

Comentários:
Ótimo filme! No enredo temos dois irmãos que se encontram após muitos anos por causa do falecimento de sua mãe. Ela morreu pobre e endividada, por causa de uma hipoteca feita para salvar seu rancho. O irmão mais velho Tanner (Ben Foster) passou muitos anos preso. De volta à liberdade acaba convencendo seu irmão mais jovem, Toby (Chris Pine), a realizar uma série de assaltos em pequenas agências bancárias de cidadezinhas perdidas no oeste do Texas. A ideia é roubar o dinheiro necessário para pagar a hipoteca do rancho da mãe, evitando assim que o banco fique com a propriedade. Após os primeiros assaltos entram em cena dois policiais veteranos. O xerife Marcus (Jeff Bridges) é um velho homem da lei, prestes a se aposentar. Seu parceiro, o mestiço Alberto (Gil Birmingham), é um excelente policial, com muita experiência em campo. O segredo para prender os dois ladrões de bancos é antecipar seus próximos crimes. Descobrir onde eles atacarão em seguida. Para isso os tiras procuram descobrir qual será a próxima agência a ser roubada. Inicia-se assim uma verdadeira caçada humana no meio da imensidão do Texas.

De certa forma esse novo filme estrelado pelo sempre ótimo Jeff Bridges é uma espécie de faroeste moderno, passado no oeste americano da atualidade. Todos os personagens são bem desenvolvidos e o filme conta com um excelente roteiro. Os dois irmãos criminosos são apresentados como pessoas comuns, que tentam sobreviver de alguma forma. O excelente ator Ben Foster interpreta o irmão mais velho, ex-presidiário, que gosta do que faz, dos crimes que comete. Ele parece adorar a adrenalina da perseguição policial, do perigo em se entrar em um banco com armas na mão anunciando um assalto. Seu irmão mais jovem, interpretado pelo ator Chris Pine (sim, o Capitão Kirk da nova franquia "Star Trek") faz o sujeito com ficha limpa que embarca nos planos alucinados de seu mano. O destaque porém vai para a ótima atuação de Bridges como o velho xerife. Experiente, com um sotaque todo característico da região, onde palavras são confundidas com resmungos ranzinzas, ele passa o filme inteiro trocando farpas com seu parceiro. Sendo ele um policial com origem mexicana, isso acaba rendendo ótimos momentos de humor, sem qualquer intenção de ser ofensivo, sendo apenas divertido. O filme tem um clímax muito bom, que me lembrou inclusive de velhos filmes de western, onde bandidos e mocinhos se enfrentam nas ingremes montanhas texanas. Um filme realmente muito bom, valorizado sobretudo por causa desse teor nostálgico de seu roteiro. Mais do que recomendado.

Pablo Aluísio.

Adeus, Minha Rainha

Título no Brasil: Adeus, Minha Rainha
Título Original: Les Adieux à la Reine
Ano de Produção: 2012
País: França, Espanha
Estúdio: GMT Productions, Les Films du Lendemain
Direção: Benoît Jacquot
Roteiro: Benoît Jacquot, Gilles Taurand
Elenco: Léa Seydoux, Diane Kruger, Virginie Ledoyen, Xavier Beauvois, Michel Robin
  
Sinopse:
Nos últimos dias de reinado do Rei Louis XVI, a rainha Marie Antoinette (Diane Kruger) tenta organizar sua fuga para a Áustria, sua terra natal. Dentro do Palácio de Versailles a movimentação se torna intensa, com a nobreza tentando escapar com vida da Revolução Francesa, tudo sendo visto sob a ótica de uma criada da rainha, a jovem Agathe-Sidonie Laborde (Léa Seydoux). Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival e vencedor do César Awards nas categorias de Melhor Fotografia (Romain Winding), Melhor Figurino (Christian Gasc) e Melhor Desenho de Produção (Romain Winding).

Comentários:
Esse é mais um filme que explora a figura da última rainha da França, Marie Antoinette. Muito badalado em seu lançamento essa produção tem aspectos positivos e negativos. Um dos seus maiores atrativos vem do fato de ter sido rodado nas locações reais onde tudo aconteceu, no Chateau de Versailles e no Le Trianon, o pequeno palacete privado e pessoal da Rainha. Apesar disso, de ter tido essa honraria de filmar em lugares tão especiais, o diretor Benoît Jacquot não conseguiu aproveitar bem isso em cena. Percebe-se que apesar de ter sido rodado em lugares tão exuberantes (o que custou grande parte do orçamento do filme), o filme nunca se torna especialmente belo. Muitas vezes o cineasta priorizou os closes e não os ambientes abertos, perdendo muito potencial. O roteiro explora um antigo boato, a de que a rainha teria uma paixão lésbica pela duquesa Gabrielle de Polignac (Virginie Ledoyen), uma fofoca que nunca conseguiu ser provada por historiadores. No filme isso surge como um fato. A rainha sofre mais pela separação de sua amada, do que por propriamente perder seu poder. Marie Antoinette é interpretada pela atriz alemã Diane Kruger (da série "The Bridge"). Ela não é parecida fisicamente com a verdadeira rainha, nem tem o tipo de personalidade adequada para interpretá-la. A rainha era pequenina, de gestos finos, Kruger tem uma presença mais opulenta, é alta demais, o que prejudica o filme como um todo. O roteiro tenta compensar isso realçando o lado mais frívolo de Antoinette, mas não funciona muito bem. A atriz Léa Seydoux interpreta a verdadeira protagonista do filme, a de uma criada da rainha. Ela seria a incumbida de ler livros importantes para Marie Antoinette, pois a rainha era conhecida por não gostar muito de ler, embora tivesse uma das melhores bibliotecas do mundo ao seu dispor. No saldo final temos que reconhecer que "Les Adieux à la Reine" tinha muito potencial, mas tudo fica de certa forma pelo meio do caminho. Poderia ter sido um filme bem melhor.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Manchester À Beira-Mar

Já que estamos perto do Oscar, nada mais interessante do que conferir os filmes que estão concorrendo na categoria de Melhor Filme do ano. Um deles é justamente esse drama sobre morte, recomeço e redenção. A história se passa em uma cidade chamada Manchester (não a cidade inglesa, mas sim a  americana). É justamente para lá que retorna Lee Chandler (Casey Affleck). Seu irmão falece, vítima de uma doença cardíaca, e ele precisa providenciar não apenas seu funeral, como também guiar o futuro de seu sobrinho daqui para frente. Lee não é exatamente o sujeito certo para ajudar na vida dos outros, já que sua própria vida é um caos desde que uma tragédia destruiu seu casamento alguns anos antes. Ele foi embora de Manchester justamente por causa dos traumas de um passado trágico, que ele prefere esquecer. Seu retorno assim não é algo que ele desejasse fazer. E para sua surpresa ele descobre no testamento de seu irmão que terá que, a partir de agora, cuidar do sobrinho pois se torna seu tutor legal. Como se isso não fosse ruim o bastante Lee ainda precisa lidar com sua ex-esposa, que ainda mora em Manchester, se casou novamente e tem um pequeno filho. Para ele, óbvio, tudo isso é péssimo!

Assim "Manchester by the Sea" se desenvolve. É um drama pesado, longo, mas também bastante humano, mostrando um sujeito comum, um trabalhador, que precisa superar um monte de coisas ruins que aconteceram em sua vida. O roteiro é bem escrito, ao estilo fragmentado. O espectador perceberá isso logo nas primeiras cenas. O diretor Kenneth Lonergan vai contando sua história usando vários flashbacks que vão surgindo sem aviso prévio. Tudo, de maneira em geral, vai se formando na própria mente de Lee, através de lembranças. Gostei desse estilo narrativo, pois é bem elegante. Esse filme foi produzido por Matt Damon que inclusive iria interpretar o personagem Lee. Isso só não aconteceu porque ele foi para a China filmar seu novo filme e não houve tempo suficiente para retornar aos Estados Unidos. Assim o próprio Damon escalou Casey Affleck para o papel, uma escolha que se mostrou muito acertada, por Casey tem esse estilo de cara comum, que nunca parece estar em paz consigo mesmo. Já Michelle Williams precisa repensar um pouco sua carreira. Não que ela esteja ruim em cena, pelo contrário, seu papel é um dos melhores dos últimos anos, o problema é que Michelle parece ter se especializado ultimamente em interpretar apenas mulheres sofridas, deprimidas, quase como uma imagem no cinema de sua vida real. Uma mudança de ares seria bem-vinda.

Manchester À Beira-Mar (Manchester by the Sea, Estados Unidos, 2016) Direção: Kenneth Lonergan / Roteiro: Kenneth Lonergan / Elenco: Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler, Lucas Hedges / Sinopse: O filme "Manchester by the Sea" conta a história de Lee Chandler (Casey Affleck), um sujeito comum que precisa voltar para sua cidade natal Manchester para cuidar do funeral de seu irmão. Uma vez lá ele precisará enfrentar velhos traumas e fantasmas de seu próprio passado. Filme premiado no Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Drama (Casey Affleck). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Casey Affleck), Melhor Ator Coadjuvante (Lucas Hedges), Melhor Atriz Coadjuvante (Michelle Williams), Melhor Direção (Kenneth Lonergan) e Melhor Roteiro Original (Kenneth Lonergan).

Pablo Aluísio.

Ou Tudo, Ou Nada

Título no Brasil: Ou Tudo, Ou Nada
Título Original: The Full Monty
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Peter Cattaneo
Roteiro: Simon Beaufoy
Elenco: Robert Carlyle, Tom Wilkinson, Mark Addy
  
Sinopse:
Um grupo de seis trabalhadores comuns resolve montar um show de nudez, com homens normais, sem músculos, sem nenhum grande atrativo. A situação incomum logo chama a atenção da sociedade e a imprensa que começa a dar destaque ao estranho evento! Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical. Filme premiado pelo Oscar na categoria de Melhor Música (Anne Dudley). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção (Peter Cattaneo), Melhor Filme e Melhor Roteiro Original (Simon Beaufoy).

Comentários:
Filme que foi muito badalado, absurdamente badalado, pela crítica internacional. Isso levou o filme a ser indicado a prêmios importantes, sem nenhuma justificativa. E afinal do que se trata? Se trata basicamente de uma comédia muito simples, que explora apenas uma situação pretensamente divertida e engraçada: um bando de trabalhadores que resolvem ficar pelados para ganhar uma grana extra. Por serem totalmente diferentes dos profissionais strippers, com todos aqueles músculos e corpo cheio de óleo, eles acabam atraindo a atenção para si mesmos. É isso, nada mais, nada menos. No começo você ainda pode - fazendo muita força - dar algumas risadinhas amarelas. Depois vai ficando cansativo, cansativo e lá pelo final você vai ficar torcendo para o filme acabar logo. De bom mesmo apenas algumas cenas que exploram os problemas sociais da classe trabalhadora. Mesmo assim nem isso é muito trabalhado. Enfim, tudo muito fraco e muito superestimado. Pode ser dispensado sem maiores dificuldades.

Pablo Aluísio.