sábado, 9 de julho de 2005

Elvis Presley - I Feel So Bad / Wild in the Country

Para acalmar um pouco os ânimos dos críticos que afirmavam que depois que voltou do exército Elvis só gravava baladas, a RCA Victor resolveu lançar no mercado um novo single do roqueiro Elvis Presley. Era uma forma de lembrar a todos que ele ainda continuava imbatível nesse estilo musical. Detalhe importante: a canção principal não era uma balada romântica, nem um rock dos anos 50, mas sim um blues conceituado. O que no fundo era algo bem reverencial ao passado. Afinal o blues negro era uma das escolas musicais que deram origem ao próprio rock. Então nada melhor do que ir mais fundo, direto nas origens.

"I Feel So Bad" era uma releitura acelerada (e excelente) de Elvis para  canção originalmente gravada em 1953 por seu autor, Chuck Willis. Esse foi um nome importante do som de Atlanta. Cantor e compositor, Willis foi um artista de peso e importância no surgimento e popularização do R&B para o público branco na década anterior. Infelizmente morreu muito jovem, com apenas 30 anos, em 1958. Elvis sempre foi um admirador do estilo dançante e contagiante de Willis, tanto que quando entrou em estúdio para gravar seu novo single ele lembrou desse antigo hit sulista. Os arranjos foram os mais próximos possíveis ao do cantor original. Agindo assim Elvis mostrava um respeito intencional com a canção e seu autor. Anos depois, quando retornou aos palcos, Elvis novamente ressuscitaria um velho sucesso de Chuck, a famosa e muito conhecida "C.C. Rider" ou "See See Rider", que usaria geralmente no começo de suas apresentações. Certamente ao olhar para o passado Elvis tinha plena noção do que estava fazendo.

Para o lado B a RCA encaixou a música tema do novo filme de Elvis que chegava nas salas de cinema naquele momento, "Wild In The Country", tema composto sob encomenda pelos estúdios Fox. No Brasil o filme recebeu o bonito nome de "Coração Rebelde". Era uma maneira de Elvis procurar por roteiros melhores, algo mais dramático. No cinema ele sempre quis seguir os passos de Marlon Brando e James Dean, embora Hollywood muitas vezes não concordasse com isso. Já no mundo musical as coisas eram um pouco diferentes. Ele tinha que manter o posto de cantor número 1 da América, o maior vendedor de discos do país. Era complicado tentar ser um ator de sucesso ao mesmo tempo em que tentava manter sua coroa de Rei do Rock.

Como Elvis vinha de uma sucessão de hits número 1, criou-se novamente uma grande ansiedade no mercado. Os números iniciais porém mostraram uma recepção bastante morna ao single. As rádios até se empenharam em divulgar a nova música de Elvis, mas apesar de sua grande qualidade a canção não conseguiu virar um hit como "It´s Now or Never". Com muito esforço da RCA, a música só conseguiu alcançar um suado quinto lugar na semana de seu lançamento, caindo várias posições nas semanas seguintes. Na Inglaterra se saiu bem melhor, chegando entre as quatro mais vendidas, mas mesmo por lá o resultado ficou abaixo do que era esperado, afinal todos aguardavam por mais um grande sucesso na voz do cantor mais popular do mundo. De qualquer maneira, se não foi o sucesso de vendas tão esperado, pelo menos ganhou boas resenhas nos principais jornais americanos. Aquele era o espírito que tinha transformado Elvis no fenômeno musical que todos conheciam. Era uma gravação com pique, energia, garra e sentimento, mostrando que a velha chama roqueira ainda brilhava na alma de Elvis Presley

 Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Singles - That´s The Way It Is (1970)

I've lost You / The Next Step is Love - Dois compactos (singles) foram lançados com músicas do álbum "That´s The Way It Is". Esse foi o primeiro a chegar no mercado americano. Lançado em junho de 1970 o single trouxe mais uma boa vendagem para Elvis na concorrida parada de singles da Billboard. Nada muito espetacular, mas que serviu para que o cantor ganhasse algumas notas de elogio entre a crítica. Era material novo, com canções gravadas por Elvis em Nashville naquela longa sessão de gravação, algo que anos depois iria se chamar (de forma bem adequada) de "A maratona de Nashville". De fato, eram tantas canções, em um espaço de tempo tão curto, que realmente mais parecia uma maratona de gravações feitas por Elvis e seu grupo. Ali no estúdio aliás só ficou a banda básica. Melhoramentos de arranjos seriam feitos depois por Felton Jarvis. É interessante que existem muitos fãs que preferem ouvir as gravações mais cruas, sem tantos exageros que foram acrescentados pelo produtor depois.

As duas canções do single eram inegavelmente boas. "I've lost You" surgia como versão de estúdio, ao contrário do álbum que traria a versão ao vivo gravada em Las Vegas. Como é de praxe toda gravação registrada em estúdio tem melhor qualidade técnica. A canção é bem escrita e tem bons arranjos, mas há um problema em sua estrutura, com excesso de refrão sendo repetido ao longo de toda a duração. Algo que acaba cansando os ouvidos, apesar da excelente performance de Elvis.  Ele inclusive acreditou mesmo no sucesso da música, a apresentando diversas vezes em sua temporada de Las Vegas. Depois que o filme ficou pronto ele desistiu da canção e ela praticamente sumiu de seus concertos nos anos que viriam.

"The Next Step is Love" vinha no lado B. Essa música tem uma melodia que soa agradável aos ouvidos. A letra também lembra as músicas das trilhas sonoras dos anos 60, por causa de sua singeleza. A RCA acreditava que essa melodia tinha vocação para virar hit, mas isso definitivamente não aconteceu. No final das contas o single " I've lost You / The Next Step is Love" conseguiu chegar apenas na trigésima segunda posição entre os mais vendidos na época original de seu lançamento. Um resultado comercial modesto demais para um nome tão forte dentro da indústria fonográfica como Elvis Presley.

You Don't Have to Say You Love Me / Patch Up - Em termos de single o último lançamento de Elvis em relação a "That´s The Way It Is" foi esse compacto simples com a dobradinha "You Don't Have to Say You Love Me / Patch Up". Era outubro de 1970 e embalado pela promoção extra que vinha das salas de cinema o novo single de Elvis acabou sendo muito bem sucedido nas paradas. Quase alcançou o Top 10 da Billboard, chegando na décima primeira posição entre os mais vendidos. Uma ótima posição para Elvis naquela época. As rádios tocaram bastante o Lado A "You Don't Have to Say You Love Me". Já o Lado B com "Patch Up" não teve a mesma sorte, embora Elvis tivesse se esforçado bastante para divulgar a música em seus shows realizados em Las Vegas.

A capa trazia na discografia do cantor uma curiosidade. Era a primeira vez que um disco seu o trazia usando óculos! A foto foi tirada durante os ensaios para a temporada em Las Vegas e como sempre acontecia nesses momentos Elvis mantinha seus óculos pois havia sido aconselhado por médicos a fazer isso pois ela tinha desenvolvido glaucoma. Com a iluminação das filmagens da MGM ele resolveu manter seus olhos protegidos. Já nos palcos Elvis raramente usava óculos, o que lhe trouxe problemas oculares por causa dos canhões de luz próprios da época. Curiosamente os covers de Elvis não dispensam os óculos de "aviador" nem mesmo quando estão no palco, talvez para reforçar a caracterização do cantor (esse modelo acabou ficando bem marcado com essa fase de Elvis). Então é isso, temos aqui um single muito bem sucedido comercialmente, embora a longo prazo não tenha sido tão marcante assim pois Elvis logo deixaria de cantar as canções em seus concertos. O público também pareceu se esquecer rapidamente delas, apesar do sucesso inicial.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Elvis Presley - Wear My Ring Around Your Neck

Quando Elvis Presley foi para o exército, ele acabou se convencendo de que muito provavelmente havia chegado no fim de sua carreira. Em sua forma de ver as coisas, ele seria substituído por qualquer outro cantor jovem que surgisse durante sua ausência. Fabian, Rick Nelson ou até mesmo Frankie Avalon. Todos eles tinham o potencial para roubar seu trono de Rei do Rock (segundo o próprio Elvis!). No exército Elvis não faria mais shows, nem filmes e nem muito menos gravaria material inédito. Afinal quem não é visto, não é lembrado.

O Coronel Parker sabia que a situação realmente não era boa e em conversação com a RCA planejou uma forma de manter o nome de Elvis sempre em evidência no mundo musical. O plano era relativamente simples. Lançar regulamente singles inéditos no mercado  - geralmente a cada 4, 5 meses – para que Elvis não fosse completamente esquecido. Todo o material já havia sido gravado antes de Elvis ir para o serviço militar. Devidamente arquivado, seria lançado no mercado aos poucos, de forma gradual. Assim as canções certamente iriam se tornar sucesso, tocando nas rádios e criando uma falsa impressão nas fãs de que Elvis ainda estava na ativa, produzindo.

O primeiro single a seguir essa nova estratégia foi “Wear My Ring Around Your Neck / Doncha Think It's Time”. O lado A era composto por um dos melhores rocks gravados por Elvis na década de 50. Ótimo ritmo em performance inspirada do cantor.  Curiosamente embora seja de excelente qualidade “Neck” não conseguiu se destacar nas paradas. O máximo que conseguiu foi alcançar um suado terceiro lugar por uma semana apenas (muito pouco em se tratando de single inédito de Elvis Presley). Para alguns analistas a culpa seria da letra considerada pouco significativa. Para outros o que pesou mesmo foi a falta da presença de Elvis na promoção da música.

O lado B não era menos interessante, “Doncha Think It's Time” tinha um ritmo próprio, sui generis, com uma vocalização muito singular por parte de Elvis. O ritmo soava nervoso, pausado, com explosões vocais em momentos chaves da canção! Infelizmente também não conseguiu chamar a atenção e foi solenemente ignorada na época. De forma injusta acabou virando um “Lado B obscuro” e nada mais. Aliás o próprio Elvis parece ter esquecido dessas músicas pois nos anos seguintes jamais as cantou ao vivo e nem as utilizou em qualquer outro projeto de sua carreira. Caíram realmente no esquecimento dentro da discografia de Elvis. A RCA Victor se esforçou bastante na divulgação do compacto, mas os resultados foram desanimadores, sendo o primeiro single de Elvis desde março de 1957 a não chegar ao topo da parada. O resultado comercial morno já indicava os problemas pelos quais a gravadora iria enfrentar, afinal vender canções inéditas de um soldado servindo à pátria na distante Alemanha não era nada fácil, nem mesmo para Elvis Presley!

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e os discos de Natal

Hoje em dia isso já não é tão comum, mas na época de Elvis era tradicional o fato dos grandes cantores de sucesso gravarem álbuns de natal. Frank Sinatra, Bing Crosby e Dean Martin são exemplos de cantores famosos e populares que gravaram discos com repertório exclusivamente natalino. A razão era simples de entender, esses discos vendiam muito, principalmente porque pegavam o embalo das vendas que cresciam justamente nesse período do ano. Gravar um disco de natal era ter um álbum certo entre os mais vendidos. Uma receita infalível de sucesso comercial.

Elvis não escapou dessa realidade. E foi relativamente cedo que ele gravou um disco natalino. Em 1957, com apenas um ano de sucesso internacional na carreira, a RCA Victor colocou no mercado o "Elvis Christmas Album", o disco de natal de Elvis. É curioso porque o LP chegou nas lojas em uma época em que Elvis era considerado um roqueiro rebelde, uma figura fora do sistema mesmo. Foi uma surpresa porque ninguém pensava que um roqueiro como ele iria cantar músicas de natal. Era como ver James Dean cantar Jingle Bells em um disco de natal. Os jovens rebeldes da época, com jaqueta de couro, cabelos cheios de brilhantina, andando em suas motocicletas possantes, poderiam esperar por tudo, menos por algo assim.

Para os críticos porém o disco surpreendeu. Não havia bregas de natal, mas canções de qualidade. O repertório ia do blues ao rock mais característico da época, embora com letras essencialmente natalinas. Para colocar sua marca registrada nas gravações Elvis até mesmo improvisou um verso dizendo para uma garota que Papai Noel viria em um Cadillac! Esse disco, um dos mais vendidos de toda a carreira de Elvis, poderia ser tudo, menos bobo ou careta. Era realmente um grande trabalho do cantor e não desmerecia em nada sua fase de roqueiro rebelde. Outro fato interessante sobre o "Elvis Christmas Album" de 57 é que esse foi o primeiro LP da carreira de Elvis a ter um tratamento de primeira linha em termos de direção de arte. Havia vários brindes dentro do álbum, muitas fotos e trabalho técnico impecável. "Santa Claus Is Back In Town", "Blue Christmas", "Here Come Santa Claus" e "Santa Bring My Baby Back" são consideradas as melhores do disco. Houve ainda um single tardio lançado em 1966 com a canção "If Every Day Was Like Christmas", mas sem muita repercussão. Os Estados Unidos estavam afundando na Guerra do Vietnã e o espírito natalino estava em baixa.

Elvis só voltaria a gravar para o natal muitos anos depois, já na década de 1970. De fato o "Elvis Christmas Album" foi sendo reeditado ano após ano, até chegar em um ponto que a RCA decidiu que seria interessante gravar um novo disco nos mesmos moldes. Era 1971 e Elvis já era um artista diferente por essa época. De fato ele não queria mais gravar músicas de natal. Apenas após muita pressão acabou cedendo. O material faria parte de um disco chamado "Elvis Sings the Wonderful World of Christmas" (Elvis canta o Maravilhoso Mundo do Natal). Esse segundo e último disco natalino de Elvis tem seus defensores, mas também seus críticos. Para muitos é um álbum melancólico, com um Elvis desinteressado nos vocais. O disco foi gravado meio às pressas, com Elvis improvisando com um pequeno grupo de músicos no estúdio e talvez por isso não seja tão tecnicamente perfeito quanto o primeiro disco dos anos 50. Mesmo assim ainda tem belos momentos como "O Come, All Ye Faithful" (uma canção lindamente melancólica) e "Merry Christmas Baby" (um ótimo blues, com performance perfeita de Elvis e banda). No final esse segundo disco natalino de Elvis não vendeu bem e o cantor finalmente desistiu de insistir nesse nicho musical. Papai Noel não voltaria mais a aparecer em sua discografia.

No Brasil os discos de natal de Elvis se tornaram verdadeiras raridades. O primeiro "Elvis Christmas Album" foi lançado timidamente no natal de 1958 (um ano após seu lançamento nos Estados Unidos) e mesmo assim em tiragem limitada, com apenas 10 mil cópias (chegando praticamente apenas nos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro). Os encartes, fotos e a excelente capa bem produzida que foi usada no lançamento americano também foram deixados de lado no Brasil. A filial da RCA no Brasil decidiu elaborar uma nova edição, bem mais simples e modesta, sem nada do que se encontrava no original Made in USA. Até mesmo a capa foi mudada. Ao invés da bem trabalhada direção de arte com os presentes embaixo da árvore de natal optou-se por uma foto simples de Elvis tirada durante o filme "Jailhouse Rock" (O Prisioneiro do Rock, no Brasil). Nada de luxo.

Se isso já foi bem ruim o pior ainda estaria por vir. Em 1971 a RCA Brasil decidiu que não iria lançar o "Elvis Sings The Wonderfull World of Christmas" no mercado brasileiro. A distribuidora nacional entendeu que não havia mercado promissor para um disco de músicas natalinas cantadas por Elvis Presley em nosso país. Nem a segunda edição do "Elvis Christmas Album" com nova capa e renovado repertório que chegou ao mercado americano pelo selo RCA Camden, encontrou espaço no Brasil. Assim, sem outra alternativa, os fãs brasileiros de Elvis precisaram importar todos esses discos diretamente dos Estados Unidos, por preços nada amigáveis. Na era do vinil, onde não havia ainda internet e nem nada parecido, ou se tinha o LP original ou não se tinha nada. As coisas eram bem mais complicadas.

Depois da morte de Elvis a procura por discos do cantor explodiu, como era de se esperar, e assim a RCA Brasil decidiu inventar o disco "O Primeiro Natal Sem Elvis" que nada mais era do que o álbum de natal de 1971, com a mesma seleção musical, capa e encartes. Tudo para aproveitar o momento de comoção pela morte do cantor. O disco até que vendeu muito bem nas lojas, demonstrando que Elvis havia se tornado novamente um grande campeão de vendas no mercado, mesmo que postumamente. Nesse mesmo ano (estamos falando de 1977) três outros discos de Elvis também venderam muito bem no Brasil naquele natal. Um deles foi o "Elvis Disco de Ouro" (até hoje o LP mais vendido no Brasil). Os dois outros discos foram o "Moody Blue" (idêntico ao americano, com algumas cópias em vinil azul especial) e o "Elvis in Concert" (com a trilha sonora do último especial de TV de Elvis, em edição dupla).

Sem Elvis a RCA então fez o que foi possível nos anos seguintes para sempre lucrar com essas gravações natalinas. Novos álbuns foram criados, com novas capas, seleções musicais diferentes, algumas deles misturando as músicas dos dois discos natalinos originais, mas sinceramente falando nenhum desses discos tinham algum valor histórico. A regra era apenas ter a cada fim de ano apenas mais uma coletânea caça-níquel tentando faturar em cima do clima natalino e do nome de Elvis Presley. Por isso para o fã que queira conhecer esse aspecto diferente da carreira do cantor o ideal é apenas ter os dois álbuns oficiais que foram lançados durante sua carreira, quando Elvis ainda era vivo. Todo o resto é apenas subproduto desses dois discos originais.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de julho de 2005

Ele e as Três Noviças

Esse foi o último filme de Elvis Presley. Foi uma produção conjunta entre o canal NBC e a Universal. Na verdade Elvis estava bastante desiludido com Hollywood e por isso sua carreira de ator estava chegando mesmo ao fim. De certa forma a incrível fama de Elvis foi explorada de forma equivocada pelos grandes estúdios de cinema que ao longo da década de 1960 nunca lhe deram papéis melhores ou consistentes. Como tudo o que Elvis fazia se tornava sucesso as produções seguiam sempre a mesma fórmula que ao longo do tempo foi se desgastando cada vez mais. Os roteiros eram simples desculpas para Presley sair cantando uma música atrás da outra até que finalmente se acertava com a mocinha e The End.

O curioso é que esse filme foge dessa linha mais ingênua. As personagens femininas não são jovens bobas que caem aos pés de Elvis por onde ele passa. O personagem que interpreta não é um piloto-aventureiro ou algo que o valha. Aqui Elvis faz o papel do médico John Carpenter que exerce sua profissão num dos bairros mais pobres de Nova Iorque. Em sua luta diária pelo bem estar de seus pacientes ele acaba se tornando amigo próximo de algumas noviças da paróquia local, entre elas a irmã Michelle (Mary Tyler Moore). Curiosamente embora a estória se passe toda em Nova Iorque o filme não foi rodado lá mas sim em estúdio na Califórnia, em Pasadena.

Além do clima mais pé no chão "Ele e as três noviças" também se destaca por ter uma ambientação mais naturalista, inclusive com cenas externas, algo que era incomum nos filmes de Elvis (praticamente todos os anteriores foram rodados dentro de estúdio). O cantor está com ótima aparência física, fruto de sua volta aos palcos em Las Vegas o que o renovou como artista e intérprete. Outro ponto positivo é a trilha sonora que é incrivelmente livre de bobagens que ouvíamos nas produções mais recentes do cantor. Durante um certo tempo se cogitou em exibir o filme na TV americana mas depois o bom senso prevaleceu e o filme chegou finalmente nas salas de cinema em janeiro de 1970. Depois a própria NBC o exibiu em edição cortada para encaixar dentro de sua programação noturna com menos de uma hora de duração, o que deixou a película bem truncada e sem ritmo.

O filme fazia parte do contrato que Elvis assinou com o canal em 1968 onde ficou estabelecido que ele faria um programa de TV (o NBC Special Comeback) e um telefilme - que acabou sendo esse "Change of Habit". Uma das cenas mais lembradas é a sequência final onde Elvis surge cantando dentro de uma Igreja Católica. No saldo final o filme como um todo agrada. É interessante perceber que quando as coisas pareciam melhorar para Elvis no cinema ele finalmente deixou de lado sua carreira de ator. De certo modo ele, ao que tudo indica, se conscientizou que era mesmo um cantor, um músico e não um ator. Melhor assim pois a partir desse ponto ele voltaria aos palcos definitivamente e com ânimo renovado. Os anos 70 estavam nascendo e na nova década que surgia Elvis entraria de corpo e alma em turnês extremamente bem sucedidas, levando sua música para grandes arenas e grandes multidões. Era o começo de uma nova era em sua vida artística. Nesse cenário é bom saber que Change of Habit foi uma despedida digna de Elvis das telas.

Ele e as Três Noviças (Change of Habit, EUA, 1969) Direção: William A. Graham / Roteiro: James Lee, S.S. Schweitzer / Elenco: Elvis Presley, Mary Tyler Moore, Barbara McNair / Sinopse: Médico em um gueto de Nova Iorque tenta levar sua carreira em um dos bairros mais pobres da cidade. Lá conhece três noviças da paróquia local que também estão determinadas a ajudar a carente população local.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - The Elvis Is Back Sessions


Elvis Presley - The Elvis Is Back Sessions (4-CD)
THE ORIGINAL ALBUM
SIDE 1                                                                      
01 Make Me Know It 2:02                                                   
02 Fever 3:35                                                                                )                                   
03 The Girl Of My Best Friend 2:25                                              
04 I Will Be Home Again 2:37                                                      
05 Dirty, Dirty Feeling 1:36                                                                  
06 Thrill Of Your Love 3:05                                                         

SIDE 2                                                                                       
07 Soldier Boy 3:07                                                                      
08 Such A Night 3:02                                                          
09 It Feels So Right 2:12                                                             
10 Girl Next Door Went AíWalking 2:16                                        
11 Like A Baby 2:39                                                                
12 Reconsider Baby 3:44                                                        

THE ORIGINAL SINGLES SIDES
13 Stuck On You 2:22                                                           
14 Fame And Fortune 2:33                                                                  
15 It’s Now Or Never 3:18                                                                 
16 A Mess Of Blues 2:42                                                                        
17 Are You Lonesome Tonight? 3:09                                             
18 I Gotta Know 2:18                                                                     

Disc 2
THE MARCH SESSIONS
01 Make Me Know It (take 1) 2:37                                                       
02 Make Me Know It (take 2) 1:59                                                        
03 Make Me Know It (take 3) 2:19                                                       
04 Make Me Know It (takes 4-8) 4:02                                                  
05 Make Me Know It (takes 9-11) 2:55                                               
06 Make Me Know It (takes 12 & 14) 3:33                                        
07 Make Me Know It (takes 15-16) 3:01                                             
08 Make Me Know It (takes 17-18) 2:56                                              
09 Make Me Know It (take 19/M) 2:10                                               
10 Soldier Boy (take 1) 3:09                                                              
11 Soldier Boy (takes 2-7) 8:52            
12 Soldier Boy (takes 8-10) 4:15                                                      
13 Soldier Boy (take 11) 3:07                                                           
14 Soldier Boy (takes 12, 14 & 15/M) 4:43                                          
15 Stuck On You (take 1) 2:35                                                          
16 Stuck On You (take 2) 2:25                                                           
17 Stuck On You (take 3/M) 2:30                                                      
18 Fame And Fortune (take 1) 3:32                                                 
19 Fame And Fortune (take 2) 2:37            
20 Fame And Fortune (takes 3-5) 5:40                                             
21 Fame And Fortune (takes 6-7) 3:39                                                
22 Fame And Fortune (take 8) 2:52

DISC 3
THE MARCH SESSIONS (Continued)
01 Fame And Fortune (take 9)    2:54                                                     
02 Fame And Fortune (takes 10-11) 4:10                                           
03 Fame And Fortune (takes 12 & 14) 4:09                                         
04 Fame And Fortune (take 15) 2:42                                                  
05 Fame And Fortune (splice of takes 15 & 14/M) 2:33                   
06 A Mess Of Blues (take 1) 3:05                                                       
07 A Mess Of Blues (takes 2-3) 3:00                                             
08 A Mess Of Blues (take 4) 2:13                                                         
09 A Mess Of Blues (take 5/M)  2:49                                                    
10 It Feels So Right (take 1) 2:08                                                       
11 It Feels So Right (take 2) 2:10                                                        
12 It Feels So Right (take 3) 3:18                                                      
13 It Feels So Right (takes 4 & 5/M) 3:03

THE APRIL SESSIONS
14 Fever (take 1) 3:53                                                                         
15 Fever (takes 2-3) 4:08                                                                    
16 Fever (take 4/M)    3:56                                                                     
17 Like A Baby (takes 1-2) 5:03                                                                            
18 Like A Baby (takes 3-4) 3:53                                                       
19 Like A Baby (takes 5 & 6/M) 3:18            
20 It’s Now Or Never (take 1) 3:29                                                    
21 It’s Now Or Never (take 2) 3:24                                                      
22 It’s Now Or Never (takes 3-4) 3:59

DISC 4                                                                  
THE APRIL SESSIONS (Continued)
01 It’s Now Or Never (splice of takes 4 & 2/undubbed master) 3:18
02 The Girl Of My Best Friend (takes 1-3) 5:10                                          
03 The Girl Of My Best Friend (takes 4-6) 3:51                                
04 The Girl Of My Best Friend (takes 7-9) 4:36                             
05 The Girl Of My Best Friend (take 10/M) 2:34                              
06 Dirty, Dirty Feeling (take 1) 2:25
07 Dirty, Dirty Feeling (takes 2-3) 1:42                                            
08 Dirty, Dirty Feeling (take 4) 1:43                                                      
09 Dirty, Dirty Feeling (splice of take 4 and guitar solo from take 1/M)    1:37                                                                             
10 Thrill Of Your Love (take 1)    3:41            
11 Thrill Of Your Love (takes 2 & 3/M) 3:46                                
12 I Gotta Know (takes 1 & 2/M) 3:05                                                
13 Such A Night (take 1) 3:15                                                        
14 Such A Night (takes 2-4) 2:27                                                    
15 Such A Night (take 5/M) 3:13                             
16 Are You Lonesome Tonight? (takes 1-2) 3:49                          
17 Are You Lonesome Tonight? (takes 3-4) 2:11                         
18 Are You Lonesome Tonight? (take 5)    3:12                                 
19 Are You Lonesome Tonight? (workpart take 1) 0:58                            
20 Are You Lonesome Tonight? (workpart take 2) 1:18                          
21 Are You Lonesome Tonight? (splice of take 5 & workpart take 2) 3:09                                                                               
22 Girl Next Door Went A’ Walking (takes 1-3) 4:06                             
23 Girl Next Door Went A’ Walking (take 4/M) 2:24                             
24 I Will Be Home Again (take 4/M) 2:47                                           
25 Reconsider Baby (take 2/M) 3:53

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Elvis Presley 1976

Elvis estava muito obeso por volta de 1976. Isso porém não o impediu de encarar uma agenda insana de shows por todos os Estados Unidos. Viajando em seu avião particular, o Lisa Marie, Elvis cruzou os céus e cumpriu uma das mais lotadas turnês de sua carreira. Era o ano do bicentenário de independência da América e ele queria mostrar para seus fãs todo o seu patriotismo nos palcos. Mandou confeccionar uma nova roupa de palco que chamou de bicentennial com as cores da bandeira do país.

Só que nem todo o entusiasmo de Elvis conseguiu superar seus problemas. Ele passou a se apresentar com dificuldade, principalmente por causa do peso. Suando muito, esquecendo as letras das músicas, ele começou a ser criticado pelos jornalistas que iam até seus shows. O público, obviamente, comparecia para prestigiar, mas nem sempre ficava plenamente satisfeito. Havia problemas bem visíveis ali, era algo muito claro para quem assistia aos concertos.

Elvis então adotou duas estratégias para se preservar. Ele adotou uma fórmula de atender a pedidos da plateia. Assim caso esquecesse as letras poderia ter uma desculpa em mãos. Também adotou uma longa apresentação de sua banda, com solos de praticamente cada um de seus membros. Geralmente nesses momentos Elvis sentava numa cadeira ou então ia embora para o camarim se recuperar. Em termos de repertório ele introduziu poucas músicas novas. As mais notórias eram "Hurt" e "America, The Beautifull". Uma raridade foi ter cantado "Danny Boy", mas isso foi tão breve e singular que nem sequer serve como uma citação, um exemplo válido de renovação que ele vinha promovendo nos shows.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley: The Searcher

Esse é um documentário sobre Elvis Presley que está sendo exibido no Brasil pelo canal HBO. É dividido em duas partes. Na primeira somos levados aos primeiros anos de Elvis, quando ele saiu de uma origem humilde para se tornar o cantor número 1 dos Estados Unidos, sendo coroado logo no começo da carreira como o verdadeiro Rei do Rock. Afinal o novo estilo musical, batizado de rock, começava a dominar as rádios da América naquele período histórico. Nessa primeira parte vemos Elvis ainda bem jovem, muito apegado à mãe, procurando por novos caminhos, querendo acima de tudo trazer uma vida melhor para sua família.

Na segunda parte vemos Elvis voltando do exército, tentando retomar os rumos de sua carreira. É interessante porque o documentário demonstra bem a divisão entre as escolhas pessoais de Elvis em relação à sua música (bem presentes em discos como Elvis is Back e His Hand in Mine) e o material imposto por Hollywood, onde a vontade do cantor se tornava nula. Eram músicas que ele não acreditava, mas que gravava, por imposição contratual. O documentário é rico em imagens raras e fotos pouco conhecidas. Na frente de tudo está a ex-esposa Priscilla Presley que colaborou bastante na produção. Se você gosta de Elvis Presley e quer conhecer mais sua história se torna uma ótima dica na programação da TV a cabo. Não vá perder.

Elvis Presley: The Searcher (Estados Unidos, 2018) Direção: Thom Zimny / Roteiro: Alan Light / Elenco: Elvis Presley, Priscilla Presley, Tom Parker, Steve Allen, Ann-Margret, Chet Atkins / Sinopse: Documentário sobre o ator e cantor Elvis Presley, desde os seus primeiros anos, passando pelo estrelato em Hollywood até seu final, quando foi encontrado morto no banheiro de sua mansão Graceland no ano de 1977,

Pablo Aluísio.