Esse foi o último filme de Elvis Presley. Foi uma produção conjunta entre o canal NBC e a Universal. Na verdade Elvis estava bastante desiludido com Hollywood e por isso sua carreira de ator estava chegando mesmo ao fim. De certa forma a incrível fama de Elvis foi explorada de forma equivocada pelos grandes estúdios de cinema que ao longo da década de 1960 nunca lhe deram papéis melhores ou consistentes. Como tudo o que Elvis fazia se tornava sucesso as produções seguiam sempre a mesma fórmula que ao longo do tempo foi se desgastando cada vez mais. Os roteiros eram simples desculpas para Presley sair cantando uma música atrás da outra até que finalmente se acertava com a mocinha e The End.
O curioso é que esse filme foge dessa linha mais ingênua. As personagens femininas não são jovens bobas que caem aos pés de Elvis por onde ele passa. O personagem que interpreta não é um piloto-aventureiro ou algo que o valha. Aqui Elvis faz o papel do médico John Carpenter que exerce sua profissão num dos bairros mais pobres de Nova Iorque. Em sua luta diária pelo bem estar de seus pacientes ele acaba se tornando amigo próximo de algumas noviças da paróquia local, entre elas a irmã Michelle (Mary Tyler Moore). Curiosamente embora a estória se passe toda em Nova Iorque o filme não foi rodado lá mas sim em estúdio na Califórnia, em Pasadena.
Além do clima mais pé no chão "Ele e as três noviças" também se destaca por ter uma ambientação mais naturalista, inclusive com cenas externas, algo que era incomum nos filmes de Elvis (praticamente todos os anteriores foram rodados dentro de estúdio). O cantor está com ótima aparência física, fruto de sua volta aos palcos em Las Vegas o que o renovou como artista e intérprete. Outro ponto positivo é a trilha sonora que é incrivelmente livre de bobagens que ouvíamos nas produções mais recentes do cantor. Durante um certo tempo se cogitou em exibir o filme na TV americana mas depois o bom senso prevaleceu e o filme chegou finalmente nas salas de cinema em janeiro de 1970. Depois a própria NBC o exibiu em edição cortada para encaixar dentro de sua programação noturna com menos de uma hora de duração, o que deixou a película bem truncada e sem ritmo.
O filme fazia parte do contrato que Elvis assinou com o canal em 1968 onde ficou estabelecido que ele faria um programa de TV (o NBC Special Comeback) e um telefilme - que acabou sendo esse "Change of Habit". Uma das cenas mais lembradas é a sequência final onde Elvis surge cantando dentro de uma Igreja Católica. No saldo final o filme como um todo agrada. É interessante perceber que quando as coisas pareciam melhorar para Elvis no cinema ele finalmente deixou de lado sua carreira de ator. De certo modo ele, ao que tudo indica, se conscientizou que era mesmo um cantor, um músico e não um ator. Melhor assim pois a partir desse ponto ele voltaria aos palcos definitivamente e com ânimo renovado. Os anos 70 estavam nascendo e na nova década que surgia Elvis entraria de corpo e alma em turnês extremamente bem sucedidas, levando sua música para grandes arenas e grandes multidões. Era o começo de uma nova era em sua vida artística. Nesse cenário é bom saber que Change of Habit foi uma despedida digna de Elvis das telas.
Ele e as Três Noviças (Change of Habit, EUA, 1969) Direção: William A. Graham / Roteiro: James Lee, S.S. Schweitzer / Elenco: Elvis Presley, Mary Tyler Moore, Barbara McNair / Sinopse: Médico em um gueto de Nova Iorque tenta levar sua carreira em um dos bairros mais pobres da cidade. Lá conhece três noviças da paróquia local que também estão determinadas a ajudar a carente população local.
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirEle e as Três Noviças
Pablo Aluísio.
Excelente postagem, Pablo. Elvis realmente fechou sua carreira cinematográfica com chave de ouro. Ainda que pareça que a partir daí os roteiros seriam melhores, filmes mais "pé no chão", como o amigo diz... mas não. Além do mais Elvis estava voltando aos palcos e tinha muito mais a nos oferecer com os lançamentos e especiais, filmes dele nos palcos, como foi o caso do That´s The Way It Is e On Tour e o Aloha. Esse filme eu gosto muito. Abraço do Baratta.
ResponderExcluirPois é Baratta, se Elvis não tivesse abandonado o velho estilo de fazer filmes em Hollywood não haveria esses dois documentários musicais que os fãs de Elvis adoram. Chegou um ponto em sua carreira que ele tinha que mudar mesmo. O bom é que seu último filme acabou sendo muito melhor do que se esperava.
ExcluirSó o fato de ter o Elvis, um protestante, tentando namorar uma freira, sem saber, mas quem está assistindo sabe, já é uma revolução em termos de filmes de Elvis. Alem de outras perolas, como o Elvis fumando, a freira revolucionária e todo clima de final da década de "60 com a guerra do Vietnam a todo vapor e a grande desilusão pelo Way Life American cada dia mais evidente. Quem diria? Tudo isso em um filme de Elvis.
ResponderExcluirExatamente Serge, parece que esse filme acabou tendo todos os elementos que faltaram em todos os outros filmes de Elvis durante os anos 60. Não deixa de ser algo impressionante mesmo!
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