quarta-feira, 13 de abril de 2005

Elvis Presley - Blue Christmas / Wooden Heart

Mais um single sem novidades. Lançado em novembro de 1964 dentro da série Gold Standard 45 RPM era mais uma tentativa da RCA Victor em faturar algum lucro em cima de gravações já devidamente lançadas anteriormente. Obviamente "Blue Christmas" estava lá para capitalizar nas lojas durante as festas natalinas. Essa canção, como todos sabemos, fez parte do belo álbum "Elvis Christmas Album" ainda nos anos 50. Curiosamente a música conseguiu se destacar dentro das rádios das forças armadas americanas. Achou isso estranho? No documentário "Querida América: Cartas do Vietnã" entendemos bem isso. Imagine-se no front, em pleno Vietnã, na noite de natal, e de repente surge Elvis cantando "Blue Christmas" no pequeno rádio de pilha que você mantém em sua trincheira! Nesse documentário vemos justamente essa realidade. Os soldados americanos, servindo naquele distante e miserável país asiático, lutando uma guerra que não conseguiam entender e tendo que passar o natal dentro daquele lamaçal, só tinham a beleza das melodias que tocavam nas estações de rádios militares para segurarem a dureza daquela situação. A música era uma das poucas formas de conforto que aqueles combatentes tinham para aguentar as saudades e as agruras do front de batalha.

No lado B o single trazia a figurinha carimbada "Wooden Heart" do filme "Saudades de um Pracinha" (G.I. Blues, 1960). Essa música, provavelmente a única desse filme que realmente criou um vínculo emocional com o grande público, seria muitas vezes relançada dentro da carreira de Elvis, principalmente na Alemanha onde virou um dos grandes sucessos de Presley naquele país (uma espécie de "Kiss Me Quick" da Bavária). Especulando, seria uma das canções inevitáveis para Elvis caso ele fizesse alguma turnê naquele país. Simpática, com bela melodia e uma letra meramente bonitinha mas terna e uma cena muito ternura no filme, não é de se admirar que tenha cativado tantas pessoas ao longo do tempo. Por falar nela a RCA Victor na contracapa desse single cometeu um terror estético ao colocar literalmente uma imagem de um coração feito de madeira, misturado com bonecos de neve natalinos, ou seja, um atentado kitsch para qualquer pessoa de bom gosto. Era uma tentativa de trazer alguma personalidade própria a um produto que não passava de uma colcha de retalhos oportunista. Enfim, coisas de uma gravadora desesperada por ter um dos maiores nomes da música sob contrato que não conseguia mais trazer tanto lucro como antigamente.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de abril de 2005

Elvis Presley - Ain't That Loving You Baby / Ask Me

Em 1964, em desespero de causa, a RCA Victor lançou no mercado finalmente um single de canções convencionais inéditas de Elvis Presley. Como não havia nada arquivado com força suficiente para fazer bonito nas paradas os produtores responsáveis pelos lançamentos do cantor foram até os arquivos da gravadora em Nova Iorque em busca de alguma coisa inédita de Elvis. E encontraram essa gravação de "Ain't That Loving You Baby", ainda dos anos 50 que havia sido arquivada pois o engenheiro de som havia notado algumas falhas técnicas. Ela tinha sido registrada numa das últimas sessões de gravação de Presley antes de ir para a Alemanha servir o exército americano. Pois bem, como a RCA estava desesperada o jeito foi lançar aquilo mesmo, do jeito que fosse possível. Realizaram um tratamento sonoro na música e a colocaram no mercado. O resultado foi melhor do que o esperado. Elvis soava novamente interessante para o público e para a crítica - pena que em um registro antigo, dos tempos de roqueiro de Elvis quando ele ainda não havia se rendido ao estilo açucarado de Hollywood. Em relação ao Lado A desse single devo dizer que essa versão nunca foi a minha favorita. A acho sem ritmo e sem pique, algo que foi alcançado numa versão lançada bem mais tarde no álbum "Reconsider Baby" em 1985 - aquilo sim é um som de arrasar! Poucas vezes vi tanta energia e jovialidade em gravações de Elvis como naquele tape. Com uma bateria forte, compassada e feroz, a música faz qualquer um levantar da poltrona para dançar. Uma grande gravação de Elvis que sabe-se lá o porquê ficou anos e anos pegando poeira nos arquivos da gravadora.

Já "Ask Me" não acho tão marcante. Seu arranjo é daqueles que ficaram extremamente, profundamente datados. É interessante notar que arranjos de sax e guitarra (que eram comuns em gravações de Elvis por essa época) até hoje soam bem agradáveis de ouvir mas aqueles baseados em órgãos musicais (como aqueles que eram usados em igrejas) não soam nada bem hoje em dia. Esse tipo de arranjo inclusive foi bem usado em artistas nacionais durante o advento da jovem guarda. Os Beatles também flertaram com esse tipo de instrumentação mas em poucas canções. De uma forma ou outra foi algo que em minha opinião envelheceu bastante, deixando as canções com ares de coisa velha, ultrapassada. A letra também é banal demais para ser levada muito à sério. No geral é um típico lado B com tudo o que isso significa em termos de importância dentro de um single. De uma forma ou outra a boa notícia foi que pela primeira vez em bastante tempo Elvis tinha finalmente um single de sucesso. Também pudera o Elvis que surgia nesse compacto quando o sujeito ligava a vitrola em casa era o mesmo que havia incendiado a América com seus rocks viris - algo que constratava enormemente com o Elvis dos filmes Made in Hollywood. A fera do rock havia se transformado em uma Doris Day de calças, para desapontamento de todos os que admiravam seu enorme talento. A pergunta que fica no ar é a seguinte: se os rocks blues de Elvis sempre faziam sucesso quando lançados porque o Coronel Parker e o próprio Elvis viraram as costas para o gênero nos anos 60? Além do mais se as primeiras colocações eram todas do bom e velho Rock, agora nas gravações de grupos britânicos como os Beatles, por que diabos Elvis não aproveitou o bom momento e voltou ao velho estilo? São perguntas que jamais teremos as respostas, infelizmente.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Such A Night / Never Ending

Mais um single kamikase de Elvis a chegar nas lojas em julho de 1964. Esse pelo menos tinha um atrativo a mais para os fãs do cantor pois trazia no lado B a canção "Never Ending", inédita dentro da discografia, gravada em uma sessão convencional em maio de 1963, quando Elvis, muito pressionado pela gravadora, entrou em estúdio para gravar faixas que não faziam parte de trilhas sonoras de Hollywood. Agora pensem no seguinte absurdo. A música que era novidade para os fãs naquele momento simplesmente foi relegada para um obscuro Lado B do single que trazia como Lado A uma reprise do álbum "Elvis is Back". Tem como entender algo assim?

De duas uma, ou a pessoa responsável pelos lançamentos de Elvis Presley na gravadora não entendia nada de sua discografia ou então a própria RCA considerava "Never Ending" uma música tão sem expressão que resolveu não investir nada nela no momento de seu lançamento. A segunda hipótese é um pouco improvável pois apesar de "Never Ending" não ser nenhuma obra prima passa longe de se comparar com as bobagens que Elvis vinha gravando para seus filmes. É uma boa baladinha, com letra interessante, fugindo um pouco dos padrões. O tom suave que Elvis imprime em sua interpretação também a salva de cair na vala comum de coisas sem importância dentro de seus últimos trabalhos em estúdio. Agora se você acha que isso já seria bagunça suficiente que tal dar uma olhada na capa? Ela trazia uma foto de Elvis no filme "Love Me Tender" de 1956 (algo completamente nada a ver com as músicas do single) e para completar a confusão o disquinho ainda era qualificado como um "Lançamento especial de verão"!

No material promocional a RCA tentou justificar o single afirmando que seria a primeira vez que "Such a Night" seria lançada em 45 RPM. Também disse que estava atendendo a pedidos do público mas jamais deu maiores explicações sobre as suas afirmações. No fundo não era nada disso. A gravadora simplesmente não tinha mais material convencional de qualidade para lançar no mercado. Tudo o que sobrava para ela era tentar vender as trilhas sonoras de Elvis, o que andava bem complicado com a concorrência forte que estava por aí. Curiosamente o single trouxe resultados comerciais contraditorios. Naquela época a Billboard não classificada o single como uma entidade única mas sim com as canções separadas. Nesse sistema o Lado A conseguia uma classificação dentro das paradas e o Lado B outra posição. Algo ao meu ver sem muito sentido pois quem comprava o single acabava levando as duas canções simultaneamente. Uma questão de pura lógica. Se uma música era vendida a outra também.

Pois bem, na Billboard a canção "Such A Night" mesmo sendo uma reprise sem maiores atrativos conseguiu alcançar uma surpreendente décima sexta posição entre os mais vendidos! Já a música que era inédita, "Never Ending", sequer conseguiu classificação! Esse fato foi ruim porque a RCA desistiu de lançar as gravações de maio de 1963 - havia várias faixas arquivadas - em um álbum próprio. Ao invés disso a gravadora começou a utilizar essas faixas como "tapa buracos" ou "Bonus Songs" nas famigeradas trilhas sonoras que estavam por vir. Só nos anos 1990 as músicas seriam finalmente reunidas e lançadas como inicialmente tinha sido planejada. Isso deu origem ao CD "The Lost Album" (o álbum perdido), um título que recomendo aos fãs de Elvis pois mostra um dos últimos suspiros de relevância musical de Elvis Presley nesse momento tão conturbado de sua carreira.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de abril de 2005

Elvis Presley - Double Features - Viva Las Vegas / Roustabout

Então para fechar as postagens sobre "Viva Las Vegas" no blog vou deixar a dica desse ótimo CD que reúne toda a trilha sonora do filme com outro álbum, também uma trilha, do filme "Roustabout" que no Brasil recebeu o nome de "Carrossel de Emoções". Sem qualquer favor esse CD é o melhor da série "Double Features", que teve a proposta de lançar no mercado as tão mal faladas trilhas sonoras de Elvis nos anos 60. Essa coleção chegou ao mercado na primeira metade dos anos 1990 e foi um achado. Esse aqui chegou aos fãs em fevereiro de 1993 e rapidamente esgotou pois o interesse foi enorme, inclusive no Brasil onde o "Double Features" foi realmente disputado pelos admiradores do Rei do Rock em nosso país. Quem comprou fez um grande negócio e não digo apenas por fatores externos - como bom gosto nas capas e direção de arte, além de detalhes e curiosidade sobre o filme e as faixas no encarte que acompanhava o CD - mas também pela ótima qualidade sonora das trilhas.

Não consegui até hoje ouvir nada melhor do que o trabalho de restauração que foi feito nas gravações que compõem esse lançamento. Um primor realmente - tanto que mesmo após vários anos, e mesmo tendo outros CDs com essas mesmas faixas, ainda priorizo ouvir esse "Double Features" do que qualquer outro item que faça parte de minha coleção. Além disso foi o primeiro da era digital que trouxe todas as músicas da trilha de "Viva Las Vegas". Como se sabe as canções foram lançadas de forma equivocada na época, em single e em um EP, compacto duplo, sem maior impacto no mundo musical. Com esse CD foram reunidas definitivamente. Tudo bem que as canções não fazem muito sentido tiradas de seu contexto cinematográfico mas certamente são preciosas para o verdadeiro fã que deseja ouvir tudo que seu ídolo lançou. Além da qualidade de "Viva Las Vegas" ainda temos como brinde todas as faixas de "Roustabout" que também considero uma boa trilha sonora, livre de chatices. No saldo final é uma preciosidade em CD que o fã de Elvis não pode deixar de ter em sua coleção. "Double Features" nesse aspecto é realmente essencial.

Elvis Double Features (Viva Las Vegas / Roustabout)
1. Viva Las Vegas 
2. If You Think I Don't Need You 
3. I Need Somebody To Lean On 
4. You're The Boss 
5. What'd I Say 
6. Do The Vega 
7. C'mon Everybody 
8. The Lady Loves Me 
9. Night Life 
10. Today, Tomorrow And Forever 
11. The Yellow Rose Of Texas / The Eyes Of Texas 
12. Santa Lucia 
13. Roustabout 
14. Little Egypt 
15. Poison Ivy League 
16. Hard Knocks 
17. It's A Wonderful World 
18. Big Love Big Heartache 
19. One Track Heart 
20. It's Carnival Time

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Kiss Me Quick / Suspicion

Todo artista tem seu momento de auge, de apogeu e depois a queda é inevitável, diria até natural. Música tem bastante a ver com juventude e no mercado fonográfico o importante é aproveitar as bandas que estão na moda, aquelas que os jovens (principais consumidores de discos) estão curtindo no momento. Em 1964 não é segredo para ninguém que os Beatles dominavam as paradas, as capas de revistas e a atenção da mídia. Aqueles cabeludos em terninhos traziam algo de novo e a indústria do disco americano correu atrás da onda. A RCA Victor assistiu tudo meio sem saber o que exatamente fazer. A gravadora tinha Elvis Presley sob contrato mas desde que ele e o seu empresário colocaram na cabeça de irem para Hollywood as coisas não iam nada bem. A RCA tinha que lançar no mercado todas aquelas trilhas sonoras sem qualidade, um material que não tinha força dentro das paradas musicais. Assim os executivos resolveram radicalizar. Já que Elvis praticamente não entrava mais em estúdio a não ser para gravar músicas de filmes eles resolveram relançar velho material, reprises em singles kamikases que seguiam uma lógica meio sem noção - se vendessem, ótimo, caso contrário a RCA lavava as mãos. Era uma indireta para Parker e Elvis - para que eles colocassem a mão na consciência, quem sabe assim o cantor voltaria a gravar material convencional de qualidade.

Em 1964 alguns compactos que seguiam essa filosofia no mercado foram lançados. "Kiss Me Quick / Suspicion", "Such A Night / Never Ending" e "Blue Christmas / Wooden Heart" tentaram a sorte no disputado mercado de singles. Nenhum desses produtos se destacaram nas paradas, sendo praticamente ignorados, virando mercadoria sem expressão nas lojas. As músicas tinham sido gravadas há anos, algumas da volta de Elvis aos Estados Unidos em 1960, sem nenhuma novidade digna de nota. As capas eram simples, os próprios disquinhos eram feitos de material sem nenhum luxo. Na realidade nada trouxeram para a carreira de Elvis e em pouco tempo estavam pegando poeira no fundo das lojas americanas. Não demorou muito e estavam na seção de "promoções", vendidos a um terço do preço normal de um single de sucesso. Se nos Estados Unidos os kamikases nada trouxeram de bom para a carreira do cantor em países de terceiro mundo (como o Brasil) alguns deles acabaram caindo no gosto do povão. Um exemplo é "Kiss Me Quick" que vendeu muito em nosso país. Em lojas populares os disquinhos eram vendidos em bacias e cestas, onde eram misturados com outros compactos populares em promoção. Elvis disputava espaço com música caipira, samba, forró ou boleros. Em valores atuais custavam uma mixaria, algo em torno de R$ 2,00 ou um pouco menos. Com esses preços irrisórios acabaram atraindo o consumidor brasileiro que os levava para casa - geralmente os singles ficavam posicionados perto dos caixas, assim eram usados como brindes ou troco para as compras do mês. Quando chegavam em casa obviamente as pessoas tocavam os disquinhos em animados churrascos com a vizinhança e assim "Kiss Me Quick" acabou virando um tremendo sucesso (mas apenas no Brasil mesmo). Afinal, se é para ser popular então que se lance produtos popularescos. Elvis nos anos 1960 provou a veracidade dessa afirmação.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de abril de 2005

Elvis Presley - EP Viva Las Vegas

Outro lançamento que não deu certo no mercado. Vendeu pouco e foi bem ignorado no meio musical da época. Nem as revistas especializadas se importaram muito com sua chegada no mercado. É curioso, um compacto duplo com quatro canções inéditas de Elvis e ninguém deu muita bola. Certo, essas são músicas que não foram bem divulgadas mas nada justifica o fato de terem sido ignoradas. Por isso repito que foi um grande erro da RCA em não ter lançado um álbum com a trilha sonora do filme. O LP certamente traria mais atenção para o conjunto das canções e certamente elas seriam mais bem sucedidas comercialmente. Quer um exemplo? A trilha de "Roustabout" lançada pouco depois conseguiu o feito de chegar ao primeiro lugar nas paradas por uma semana, o que para Elvis nessa fase era um ótimo resultado.

Mas o fato é que os jovens pareciam mais interessados em outras novidades, principalmente dos grupos de rock da chamada invasão britânica. Tudo era novidade, os cabelos lisos em franjas, as canções compostas pelos próprios membros da banda, o fato de serem jovens como seu público, de terem personalidades cativantes e diferenciadas, tudo prendia a atenção da juventude, enquanto que Elvis estava mesmo virando um ator convencional de Hollywood, bem longe dos palcos e do contato direto com o público. Até seu cabelo estava numa fase ruim, engomadinho e mais parecendo um capacete cheio de laquê! Foi muito comentado que certos cinemas de grandes cidades americanas investiam mais no nome de Ann Margret nas marquises do que no de Elvis. Afinal ela era jovem, bonitona e sensual. Certamente atrairia mais um garoto de seus 15, 16 anos do que o próprio Elvis. Isso refletia diretamente um certo desinteresse das pessoas da época sobre os filmes do cantor nos cinemas. Tudo parecia meio estagnado, quadrado, antigo e até mesmo cafona! E não havia nenhuma boa novidade no ar pois Elvis havia acabado de assinar um contrato de sete anos com a MGM... Tempos negros começavam a surgir no horizonte da carreira de Elvis Presley.

Elvis Presley - EP Soundtrack Viva Las Vegas (1964)
If You Think I Don't Need You
I Need Somebody To Lean On
C'mon Everybody
Today, Tomorrow and Forever

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - What'd I Say / Viva Las Vegas

É complicado entender porque esse single não fez o sucesso esperado nas lojas. Todos os elementos pareciam estar presentes: boas músicas, dançantes, com faro de sucesso e saídas de um filme que estava fazendo bonito nas bilheterias de cinema. Todos estavam comentando sobre o novo musical de Elvis ao lado de Ann-Margret mas as vendas foram bem fracas. Sua melhor posição foi o vigésimo primeiro lugar, bem decepcionante. Afinal o que aconteceu de errado? Para alguns foi mais um erro da RCA do que qualquer outra coisa. Ao escolher a manjada "What'd I Say" de Ray Charles para música principal o interesse do público decaiu já que a música já havia feito sucesso suficiente antes com o cantor original. Além disso a gravação de Elvis dessa canção nunca foi uma unanimidade. Para muitos é mal executada e não tem pique (opinião que respeitosamente rejeito).

"Viva Las Vegas", por outro lado, era considerada muito Hollywoodiana, com estilo de musical de cassino e não teria qualquer chance diante do concorrido hit parade da época. Afinal os Estados Unidos já viviam a febre da Beatlemania e da invasão britânica com tudo. Elvis cantando sobre coristas de Las Vegas não seria muito interessante para a garotada da época. Assim os críticos acharam que sim, o filme seria um sucesso no mundo do cinema (como foi realmente) mas no mundo puramente musical as coisas seriam um pouquinho diferente. A falta de sucesso acabou convencendo a RCA do não lançamento de um LP com a trilha sonora do filme, apostando apenas no lançamento de apenas mais um EP - compacto duplo. Absurdo? Claro que sim! Um dos maiores erros da discografia de Elvis que se viu privado de um álbum que seria essencial para os fãs. Mais uma burrada daqueles que comandavam a carreira do mais popular cantor de todos os tempos.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de abril de 2005

Elvis Presley - Devil in Disguise / Please Don't Drag String Around

Em Junho de 1963 Elvis lançou o single "Devil in Disguise / Please Don't Drag String Around". Um compacto simples de relativo sucesso que chegou ao terceiro lugar nos Estados Unidos e ao primeiro lugar na Inglaterra. Duas canções retiradas das sessões conhecidas como "The Lost Album". As músicas foram gravadas em maio de 1963 em Nashville com a clara intenção de compor um disco novo de Elvis que não fosse trilha sonora. Porém os executivos mudaram de idéia e começaram a utilizar todo o material como "Bônus Songs" em discos diversos, principalmente de trilhas de filmes. Em razão disso muitas músicas foram lançadas até 4 anos depois de terem sido gravadas. O material foi desperdiçado e grande parte dele passou em branco na carreira de Elvis - ótimas canções acabaram completamente ignoradas. Nos anos 90 a RCA reconheceu o erro cometido e uniu todas as canções em um mesmo CD denominado "The Lost Album". Antes tarde do que nunca!

Ouvindo essas faixas hoje em dia, tanto "Devil in Disguise" como "Please Don't Drag String Around", podem ser definidas como canções pop de ótimos arranjos e melodias. A voz de Elvis estava em bom momento, onde ele conseguia imprimir numa mesma faixa grande poder vocal como suavidade extrema. "Devil" teve maior repercussão porque tinha um refrão ao estilo pegajoso que grudava na mente de ouvinte quando a ouvia na rádio e não saia mais de sua cabeça. Obviamente Elvis também estava em sua fase mais açucarada, com o repertório sendo selecionado cuidadosamente para não chocar com sua nova imagem de cantor para toda a família que havia sido cuidadosamente construída por Tom Parker após Elvis retornar do serviço militar. Assim até mesmo canções que ousavam citar "Devil" (diabo) em seus títulos eram em última análise inofensivas e nada ousadas. Rock n roll? Esqueça, por esses anos Elvis havia se transformado no "genro preferido da América". Se antes do exército ele encarnava o rebelde transgressor que aterrorizavam as mães de suas fãs, agora Elvis cantava para garotinhas chinesas em seus filmes, explorando todo o seu suposto bom mocismo. Mais cândido do que isso impossível. "Please Don't Drag String Around" vai pelo mesmo caminho, embora considero essa como uma das mais simpáticas melodias cantadas pelo cantor por essa época. Um single, como já escrevi, muito agradável, embora musicalmente sem grande impacto no mundo da música.

Pablo Aluísio.