sexta-feira, 10 de junho de 2011

Jesus e os dias no deserto

Hoje vou deixar aqui uma dica de filme para os leitores do blog. A produção em questão se chama "Últimos Dias no Deserto". Como bem sabemos o evangelho nos informa que Jesus foi para o deserto por 40 dias e 40 noites para jejuar e orar a Deus. Ele estava prestes a iniciar sua missão e por isso procurou resguardar um tempo de isolamento e oração antes de iniciar sua jornada. Foi acima de tudo uma busca espiritual em torno de si mesmo. Um momento de auto conhecimento de Jesus. Uma viagem existencial e espiritual.

No deserto Jesus sofreu tentações do diabo. Ele tentou quebrar seu espírito, oferecendo riquezas materiais em troca de adoração. "Se você se prostrar perante mim, terá todos os reinos e riquezas do mundo!" - teria proposto o anjo caído. Jesus porém venceu as tentações e partiu para seu destino divino. No filme vemos um enredo meramente ficcional em parte. Isso porque a Bíblia não entra em tantos detalhes como nos é mostrado no filme. No roteiro Jesus encontra uma família no meio do deserto e tenta ajudá-la (sendo que essa parte do roteiro não existe no evangelho, servindo como uma licença poética e de finalidade dramática).


A família que Jesus encontra tem muitos problemas de relacionamento. O filho quer ir embora para Jerusalém. Ele não quer seguir os passos do pai que vive como pedreiro nas areias do deserto. O pai é um sujeito durão, que não aceita que suas ordens sejam questionadas. Nisso se cria o conflito entre pai e filho. Para piorar ainda mais a mãe está morrendo. Ela passa os dias dentro da pequena tenda de peles que eles mantém no alto das montanhas. Satã então desafia Jesus a resolver aquele conflito familiar. E isso não é só. A todo tempo o diabo tenta Jesus, sussurrando coisas em seu ouvido, fazendo com que ele comece a duvidar de si mesmo, de sua capacidade de fazer jus ao seu papel de Messias. O roteiro porém acerta ao mostrar que Jesus não aceitaria desafios por parte do demônio. Afinal sendo Jesus o próprio Deus encarnado na Terra, não faria sentido algo desse tipo.

Olha, teologicamente falando o roteiro apresenta alguns problemas, isso é verdade. Nada disso porém desmerece o filme que é por demais interessante, principalmente indicado aos cristãos. O Jesus (interpretado pelo excelente ator Ewan McGregor) é muito humano, muito humilde, sempre pronto a ajudar. O filme tem uma fotografia lindíssima, pois o deserto, com sua imensidão vazia tem também sua beleza natural. Por fim podemos ao menos tentar imaginar o que sentiu e o que passou o Jesus da história quando resolveu jejuar em um deserto escaldante, sem nenhuma alma viva por perto. Foi certamente um dos momentos mais importantes no fortalecimento de sua fé que a partir dai seria completamente inabalável.

Pablo Aluísio.

Cavaleiros Templários

Fazer parte da Ordem do Templo, dos cavaleiros templários, era uma grande honra para o homem medieval. Eles eram monges católicos que serviam a uma ordem militar de proteção aos cristãos e também de luta contra as hordas muçulmanas que investiam contra os países católicos da Europa. Essa ordem, a dos cavaleiros templários, foi certamente a maior, a mais bem organizada e a mais famosa dos tempos medievais.

Não era fácil ser um cavaleiro templário. A ordem tinha regras rígidas, tanto de comportamento na vida pessoal como também de treinamento e disciplina. Qualquer quebra nessas regras - chamadas de normas da ordem dos cavaleiros templários - traziam para o infrator várias punições. A mais grave delas era a expulsão, muitas vezes seguida da excomungação. Durante muitos séculos historiadores procuraram e pesquisaram em antigos documentos se havia punição de morte dentro da ordem, mas nada até hoje foi encontrado. Com isso a hierarquia e a disciplina dos templários não chegavam ao ponto de dar direito aos superiores de tirarem a vida dos cavaleiros.

Os cavaleiros faziam juramentos quando eram nomeados cavaleiros e a partir dai ficavam sob as ordens dos reis e superiores a quem era submetidos. Isso porém não suplantava as ordens do Papa. O Papa em Roma era o superior hierárquico máximo da ordem, seu comandante em chefe. Assim que entravam na ordem os cavaleiros eram submetidos a um juramento em latim. Desse juramento constava que eles iriam inicialmente servir como monges militares durante cinco anos, defendendo a Igreja e a mensagem de Jesus Cristo, o Senhor, em toda a Terra.

Seus únicos bens pessoais eram suas armas, seu escudo, sua armadura, seu cavalo e a roupa do corpo. Eles deveriam ser preparados para lutar em terras distantes, sob o sol escaldante ou sob frio intenso, nos alpes e montanhas geladas ou nos desertos do Oriente Médio. Para muitos historiadores os templários representaram o que havia de melhor entre guerreiros da Idade Média. Eram disciplinados, bem treinados, extremamente empenhados e com a moral do campo de batalha apoiada em uma fé inabalável.  Certamente era o lutador perfeito para uma época especialmente brutal e violenta na história da humanidade.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Papa Pio VII

Quando Dom Pedro I subiu em seu cavalo e gritou "Independência ou Morte", declarando assim a separação de Brasil e Portugal, quem estava sentado no trono de São Pedro era o italiano Barnaba Niccolò Maria Luigi Chiaramonti, que subiu ao papado com o nome de Pio VII. Esse Papa, que foi monge beneditino, foi uma das figuras históricas mais importantes da Igreja Católica porque teve seu pontificado em um dos períodos mais nebulosos da história europeia.

Durante seu pontificado subiu ao poder na França um jovem general chamado Napoleão Bonaparte. Ele era fruto da revolução francesa. Com a deposição e morte dos reis franceses o povo pensou ter se libertado da opressão e da tirania dos reis absolutistas. Durante a revolução o clero também foi acusado de ter participado dos reinados desses reis despóticos e cruéis e por essa razão a Igreja e seus membros foram perseguidos durante aqueles anos de revolução e sangue. O problema é que a própria revolução acabou se tornando ainda mais sangrenta do que o período da realeza. O chamado "Terror" matou milhões de franceses na guilhotina. Muitos padres, bispos e membros da igreja francesa foram mortos, sem julgamentos, em execuções sumárias absurdas. Outros foram torturados, tendo os bens da igreja confiscados pelo poder revolucionário.

No meio do caos subiu ao poder Napoleão. Um militar ganancioso, tão absolutista quanto tinham sido os reis da dinastia Bourbon. Napoleão Bonaparte não tinha qualquer respeito para com a Igreja e o Papado. Na verdade tentou em vão subjugar Pio VII, tentando forçar e forjar seu apoio para suas guerras de conquistas (as chamadas guerras napoleônicas). Com a recusa do santo padre o ditador militar resolveu despachar suas tropas para destruir a sede da Igreja em Roma. Em poucos momentos da história o Papado esteve em tamanho perigo como naqueles anos turbulentos. Seguindo as ordens de Napoleão os Estados que pertenciam à Igreja foram confiscados pela França e o próprio Papa preso em prisões situadas longe de Roma, em território francês. Napoleão queria exterminar o catolicismo da Europa pois esse havia se tornado um empecilho perigoso aos seus planos de dominar todo o mundo ocidental conhecido.

Inglaterra, Prússia e Rússia se aliaram e depois de muito sangue derramado conseguiram destruir Napoleão e seus exércitos. Somente após essas guerras é que finalmente Pio VII conseguiu retornar para Roma. Ele encontrou igrejas saqueadas, membros do clero mortos e muito medo entre os católicos, que apesar da perseguição por parte de Napoleão continuaram firmes na fé. Uma das primeiras medidas de Pio VII de volta a Roma foi autorizar a criação da Companhia de Jesus - um grupo de religiosos determinados a seguirem uma disciplina dura, praticamente militar, para expandir a evangelização dos povos, principalmente no chamado novo mundo (onde estavam as colônias americanas mais importantes).

Pio VII esteve no poder por 23 anos. Seu pontificado foi um dos mais cruciais da história da Igreja Católica em seus dois mil anos de existência. Para muitos na época ele seria o último Papa, isso por causa da revolução francesa e a da perseguição violenta que Napoleão Bonaparte promoveu contra religiosos e membros do clero em seu país e nas nações dominadas. Isso porém não aconteceu. O Papa Pio VII conseguiu sobreviver a todas as perseguições e a todos os violentos inimigos que queriam a destruição da igreja. Assim rompeu as amarras da tirania para retornar para Roma onde após sua morte foi eleito o Papa Leão XII, seu sucessor (que muitos diziam não iria existir). Cumpria-se assim mais uma vez a profecia que o próprio Jesus Cristo havia feito sobre sua Igreja, pois as portas do inferno novamente não tinham conseguido destruir a Igreja Católica. Ela seguia em frente, firme e forte para os novos tempos.

Pablo Aluísio.

Madre Teresa de Calcutá

O nome de Madre Teresa de Calcutá foi escrito no livro dos santos da Igreja Católica no dia de hoje. O Papa Francisco abriu um precedente interessante em sua santificação, deixando que seu nome continuasse a ser apenas Madre Teresa de Calcutá, sem a denominação santa. Para os mais velhos sua figura é bem conhecida, por causa de suas atividades de ajuda aos mais pobres. Porém os mais jovens ainda desconhecem a grande obra de caridade que ela promoveu ao longo de sua vida.

Assim fica a pergunta: Quem foi Madre Teresa de Calcutá? Ela foi uma religiosa católica, nascida na Albânia (em uma cidade que hoje faz parte da Macedônia). Anos depois acabou se naturalizando indiana. Aos 18 anos de idade sua vocação aflorou e ela resolveu entrar para a ordem de Nossa Senhora da Lorena, na Irlanda, onde vivia. Depois de ser ordenada foi enviada para a missão católica da Índia, para trabalhar ao lado de um dos povos mais pobres e desassistidos do mundo, numa das regiões como pior índice de desenvolvimento humano no planeta.

Ela começou sua atividade pastoral na Índia como professora de um centro infantil, ensinado crianças a ler e escrever. A situação porém era tão grave que ela logo foi designada para trabalhar no lar dos moribundos, um lugar administrado pela Igreja Católica que tinha como objetivo ajudar pessoas carentes, doentes e em situações de risco. Lá Madre Teresa começou a cuidar de crianças abandonadas, com AIDS, doenças contagiosas e todos os tipos de excluídos da sociedade. Em 1965 esse grupo de religiosas, aos quais Madre Teresa fazia parte, foi denominado e reconhecido pela Igreja como a Congregação Missionárias da Caridade. Seu exemplo missionário também começou a ser implantado em diversas nações pelo mundo afora, sempre com esse objetivo: ajudar a todos aqueles que não tinham nada e nem a quem recorrer.

O grande exemplo de ajuda ao próximo veio em 1979 quando Madre Teresa de Calcutá foi premiada com o Prêmio Nobel da Paz. Ela usou o prestigio que o prêmio lhe trouxe para incentivar grupos e pessoas ricas ao redor do mundo para que doassem bens e dinheiro para ser usado em sua obra de caridade nas diversas cidades onde a sua congregação Missionária atuava. Essa sua personalidade cativante, de fibra, ativista e atuante, trouxe muitos benefícios para centenas de milhares de pobres que eram assistidos pelas irmãs da caridade.

Madre Teresa tinha consciência da força da mídia e a utilizou em prol das pessoas carentes. Ficou muito próxima de celebridades internacionais, entre elas a Princesa Diana, que ajudou bastante na arrecadação de fundos para as obras de caridade de Madre Teresa. E foi justamente quando trabalhava em um programa de homenagem à memória de Diana, que Madre Teresa veio a falecer de uma parada cardíaca. Era 5 de setembro de 1997. Madre Teresa se foi, mas seu exemplo de vida e ajuda aos mais pobres ficou como prova de sua inquestionável santidade na Terra.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Helena - Flavia Iulia Helena

Flavia Iulia Helena era filha de uma modesta família da Ásia Menor, onde hoje se localiza a Turquia. Apesar de sua origem plebeia sua vida mudou quando conheceu o general e político romano Constâncio Cloro. Ele se encontrava naquela província em função de sua posição dentro do império romano. Com Helena teve um filho a que chamou Constantino, que se tornaria o futuro imperador de Roma. Os historiadores ainda debatem se Helena foi ou não casada com Constâncio, uma vez que seu relacionamento logo chegou ao fim pois ele se casou com a filha do imperador Maximiano, deixando Helena para trás. 

Provavelmente sua origem em uma família modesta seja fruto desse acontecimento. Para Constâncio era mais proveitoso se casar com uma mulher influente dentro do império. O tempo porém passou, Constâncio morreu e seu filho com Helena se tornou o único imperador. Constantino atribuiu sua vitória a um acontecimento de ordem sobrenatural. Enquanto marchava para vencer as tropas inimigas ele viu uma cruz no céu. Uma voz divina então lhe disse "Com esse símbolo vencerás". Constantino então mandou seus soldados pintarem o símbolo da cruz em seus escudos e acabou se tornando vencedor da guerra pelo trono de Roma. Tal como havia sido profetizado.

O imperador Constantino foi figura central nos primeiros anos do Cristianismo porque ele iria tornar essa a religião oficial do Império. Sua mãe Helena também foi uma figura extremamente importante. Ela se tornou uma devota cristã e já envelhecida, aos 80 anos de idade, resolveu viajar até Jerusalém em busca dos locais sagrados e de relíquias envolvendo a história de Jesus Cristo. Na Terra Santa ela localizou o lugar onde Jesus foi crucificado e mandou erguer uma grande igreja no lugar. Também localizou vários outros lugares importantes para o cristianismo, mandando construir templos nos mesmos lugares onde os eventos descritos no evangelho aconteceram. 

Mais do que localizar os pontos mais importantes da história do cristianismo em seus primeiros séculos, Helena também conseguiu achar a cruz que foi usada na crucificação de Jesus. Ela havia sido escondida pelos primeiros cristãos em uma velha pedreira usada por judeus e romanos no século I. Foi uma descoberta histórica. Helena então mandou levar tudo para Roma. Ainda hoje o "títulus", a inscrição que Pôncio Pilatos mandou escrever para colocar acima da cruz que dizia "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus", ainda se encontra em uma igreja católica romana que foi erguida onde se localizava o antigo palácio de Helena na cidade. Dois anos após essa viagem histórica, extremamente importante para o cristianismo, Helena morreu em Roma, feliz por ter encontrado tantos lugares e relíquias sagradas da vida de Jesus Cristo em Jerusalém. 

Pablo Aluísio.

José, Pai de Jesus

Já que hoje é o dia dos pais, nada melhor do que lembrar a figura paterna de José, pai terreno de Jesus Cristo. Hoje em dia reconstruir a história de José sob o ponto de vista histórico e arqueológico se mostra um grande desafio. Isso porque estamos falando de um homem comum, um trabalhador do século I. No tempo de Jesus os historiadores oficiais se esforçavam para contar a história dos reis e imperadores e não de pessoas humildes como José. Assim o grande manancial em termos de estudos históricos em relação a ele ainda é o novo testamento cristão.

Seu nome real era Yosef, do hebraico. O termo José é latinizado, derivativo do romano Iosephus. Usando a tradição e o evangelho como base sabemos alguns aspectos pessoais do pai de Jesus. Ele descendia da casa de Davi, o que lhe dava certamente uma posição de destaque dentro da sociedade da época. Tradicionalmente sua profissão seria a de carpinteiro, porém alguns historiadores modernos colocam José como um trabalhador da construção civil, haja vista que na época o império romano usou de farta mão de obra do povo judeu para a construção de cidades romanas por toda a Judeia. Se José era um trabalhador como afirma o texto do evangelho, ele certamente foi também um homem que trabalhou nessas grandes construções.

A vida pessoal de José antes de se unir a Maria porém segue sendo misteriosa de certa forma. Há vários historiadores que inclusive defendem o fato de que José seria bem mais velho do que Maria e que teria filhos de um casamento anterior. Segundo a doutrina protestante os supostos irmão de Jesus  (Tiago, José, Simão e Judas) seriam filhos de José desse primeiro casamento. Para a doutrina católica esses não eram irmãos de Jesus, mas primos ou "irmãos" na fé. Assim como a Bíblia nada cita sobre o passado de José, os católicos acreditam que a sagrada família seria formada apenas por José (pai), Maria (mãe) e Jesus (filho). Seria até interessante percebemos que uma família com tão poucos membros (apenas três) era algo até raro naqueles tempos onde as famílias eram numerosas. De qualquer forma onde a Bíblia não explica ou detalha, não caberá ao intérprete supor fatos que ela não cita em suas palavras.

Dois fatos principais são louvados em relação a José além do fato dele representar a figura paterna do menino Jesus. O primeiro é o fato de que José foi um bom homem, trabalhador, que viveu para sua família. Homem de poucas palavras - quase não é citado, mesmo no novo testamento - aceitou seu destino de bom grado, agradecendo a bênção a que foi submetido, sem reservas. Outro aspecto é que José deu ao menino Jesus seus primeiros ensinamentos e valores, determinando inclusive a profissão que iria se dedicar até sair em sua missão. Assim como seu pai, Jesus também foi um carpinteiro. 

Para a teologia católica tudo o que você precisa saber sobre José está no novo testamento. Mesmo assim há aspectos interessantes que ainda chamam a atenção dos que se interessam pela história do cristianismo. Por exemplo, não se sabe em que ocasião José morreu e nem quando. Não há informações sobre o seu destino após o nascimento de Jesus ou sua opinião sobre o caminho que seu filho começou a percorrer após se assumir como o Messias. Na realidade José, a partir de determinado ponto do novo testamento, simplesmente deixa de ser citado. Teria ele morrido antes da crucificação de Jesus? Ninguém sabe ao certo. Não há também pistas sobre o que aconteceu ao seu pai nas palavras de Jesus. Apenas sabemos que Maria esteve no momento da cruz, mas não José. Enfim, uma figura tão importante ainda permanece de certo modo encoberto pelas areias do tempo. Quem sabe um dia a arqueologia bíblica traga alguns fatos reveladores sobre Yosef. Só nos resta esperar por esse momento.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de junho de 2011

O que são Nefilins?

Segundo textos antigos os Nefilins seriam uma raça formada pelo cruzamento entre Anjos e seres humanos. Um ser híbrido, não autorizado a existir por Deus. A palavra original em hebraico significa "Aqueles que farão os demais caírem", uma clara referência aos anjos caídos, seres angelicais que foram expulsos por Deus do céu.

Condenados a viveram na Terra acabaram encarnando como gigantes (presentes em várias lendas antigas). No mundo dos vivos teriam raptado, violentado e engravidado mulheres humanas. Desse cruzamento herético nasceram os Nefilins, seres enormes, com grande poder e força física.

Em textos mitológicos eles são representados como gigantes - com mais de quatro metros de altura. Como eram imbatíveis no campo de batalha passaram a ser considerados semideuses, ou heróis. Retratados em lendas mitológicas antigas chegaram até os escritores do velho testamento. Segundo lendas, Deus teria promovido o grande dilúvio (onde resolveu poupar apenas Noé e sua família), entre outros motivos, para destruir essa raça híbrida entre homens e anjos. Com o dilúvio todos os Nefilins foram exterminados da face da Terra. No mundo espiritual suas almas errantes se tornaram demônios.

Outro fato como razão da ira de Deus contra a raça dos Nefilins provém do fato de que eles começaram a ser idolatrados pela humanidade como Deuses, e isso era obviamente uma grave ofensa contra Deus e seus planos para os homens e os anjos. Deus entendeu que os Nefilins não eram anjos e nem seres humanos e isso claro ofendia aos planos de Deus para o mundo. Assim eles foram destruídos para todo o sempre e não mais andaram sobre o nosso mundo novamente.

Pablo Aluísio.

Tiago, o Justo

Figura central no cristianismo primitivo, Tiago o Justo, segue sendo motivo de controvérsias e divergências doutrinárias. Para um certo ramo do protestantismo ele teria sido o irmão de Jesus, irmão no sentido de "irmão de sangue", filho de José e talvez até de Maria. Para os católicos ele seria apenas "irmão na fé em Cristo" e não irmão por parentesco. No máximo poderia ter sido primo de Jesus. Essa visão se apoia no simples fato de que Tiago tem seu pai e sua mãe citados nominalmente em textos antigos. Em determinado manuscrito milenar ele é nomeado como Tiago, filho de Alfeu e em outro ainda mais antigo ele é citado como Tiago, filho de Maria de Cleofas. Com essa explicação realmente fica complicado defender que Tiago fosse realmente irmão de Jesus.

Superada essa divergência o fato é que Tiago foi um dos principais líderes da Igreja em seus primórdios. Alguns teólogos afirmam que Tiago, o justo, na realidade seria uma denominação tardia referente ao apóstolo de Jesus conhecido como "Tiago Menor". A diferença de denominações seria explicada pelo fato de que quando andou ao lado de Jesus ele ainda era bastante jovem, quase um adolescente. Com os anos e com seu exemplo de vida perfeito, em honra e retidão, começou a ser chamado em Jerusalém como "Tiago, o justo".

Outros pesquisadores dizem que Tiago foi um dos primeiros apóstolos a encontrar Jesus Cristo após sua ressurreição gloriosa. Esse fato por si só o colocava em papel de destaque dentro da pequena e ainda primitiva comunidade cristã, formada pelos primeiros cristãos da história. De fato um aspecto é pouco discutido em relação a sua história: com a ida de Pedro e Paulo para Roma, coube a Tiago cuidar e liderar os cristãos que tinham ficado em Jerusalém. Ele inclusive é considerado o primeiro bispo de Jerusalém, em um momento ainda de intensa busca por uma identidade própria para a nova religião, uma vez que o Judaísmo não reconhecia a figura de Jesus como a do Messias.

De qualquer forma Tiago foi um homem importante nos primeiros anos de evangelização. Era muito austero em sua vida pessoal, se recusando a comer carne, a viver com qualquer tipo de luxo pessoal e a agir de forma contrária às escrituras. Admirado em Jerusalém acabou virando alvo dos sacerdotes do templo que começaram a vê-lo como a um inimigo. Denunciado injustamente por atos que não cometeu, acabou sendo condenado pelas autoridades judaicas a morrer apedrejado. Sendo uma pessoa tão justa e correta, sua execução causou grande comoção e revolta entre o povo de Jerusalém que assistiu a execução de um homem íntegro, por ordem de líderes religiosos vis e corrompidos. Assim o martírio de Tiago acabou inspirando a muitos, consagrando a velha máxima de que o sangue dos mártires sempre originam conversões em massa entre o povo. Para conhecer melhor sua visão de mundo e seu pensamento não deixe de ler a epístola de Tiago do novo testamento, cuja autoria é creditado a essa importante figura histórica do surgimento do cristianismo primitivo.

Pablo Aluísio.