quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Ingrid Bergman e o Oscar

A atriz sueca Ingrid Bergman (1915 -1982) foi uma recordista de indicações e premiações no Oscar. Ela foi uma das atrizes estrangeiras mais bem sucedidas da história de Hollywood. Além de ter se tornado uma das estrelas mais populares, também foi uma das mais prestigiadas pela Academia, tendo sido premiada por três vezes. Em 1944 foi premiada pela primeira vez por sua atuação no filme "À Meia Luz". Dirigida por George Cukor e atuando ao lado de Charles Boyer e Joseph Cotten, ela arrancou elogios da crítica. Com apenas 29 anos de idade ela conseguia chegar no auge de sua carreira como atriz. Um feito e tanto, bastante comentado na época.

As premiações porém não terminaram por aí. Em 1956 ela foi novamente premiada por sua atuação em "Anastácia, A Princesa Esquecida". Nessa produção elegante dirigida pelo cineasta Anatole Litvak, ela interpretava Anna Koreff, uma mulher que aparecia na imprensa mundial, muitos anos após a morte da família Romanov, o clã imperial russo, alegando ser a princesa Anastácia, cujo paradeiro desconhecido levantava inúmeras dúvidas e lendas se ainda estava viva ou não. O filme contava no elenco com o excelente Yul Brynner, interpretando o general Sergei Pavlovich Bounine. Afinal, ela era ou não a princesa desaparecida? Com classe e elegância, dignas de uma verdadeira aristocrata de sangue azul, ela realmente deixava todos em dúvida. Curiosamente Ingrid não pôde comparecer na noite de premiação. Quando seu nome foi anunciado quem subiu ao palco para receber a estatueta foi seu colega e amigo Cary Grant.

O terceiro e último Oscar dado a Ingrid Bergman veio por sua atuação em "Assassinato no Expresso Oriente" de 1974. Exatamente 30 anos depois de vencer pela primeira vez ela era novamente ovacionada pela Academia de Hollywood. O filme era uma adaptação tardia do famoso livro de suspense escrito pela aclamada escritora Agatha Christie. O elenco era todo formado por grandes nomes de Hollywood em sua era de ouro, contando ainda com Lauren Bacall, Anthony Perkins e Richard Widmark, entre outros. Ingrid dessa vez foi premiada na categoria Melhor Atriz Coadjuvante. Ela interpretou a personagem Greta Ohlsson. Uma dama estrangeira, uma caracterização aliás bem adequada para ela, uma sueca nascida no norte frio do continente europeu.

Fora as três premiações, Ingrid também foi indicada por excelentes atuações em outros clássicos do cinema. Em "Por Quem os Sinos Dobram", o grande clássico baseado na obra de Ernest Hemingway, que trazia ainda o mito Gary Cooper como seu par romântico, ela deu vida a uma mulher corajosa que sobrevivia no meio do inferno da guerra civil espanhola. Igualmente foi indicada pela inspirada atuação no épico "Joana D'Arc" (1948) onde interpretava a famosa guerreira medieval francesa que se tornaria santa ao morrer na fogueira da inquisição. Ingrid era bem mais velha que a Joana da história, porém ninguém pareceu se importar muito com esse detalhe.

Também por "Os Sinos de Santa Maria" (1945) recebeu nova indicação. Essa era outra produção com tema religioso. Por fim em 1978 a atriz ainda conseguiria uma sétima indicação ao Oscar pelo filme "Sonata de Outono", um drama sensível dirigido pelo mestre (e seu conterrâneo sueco) Ingmar Bergman. Foi uma grata surpresa ser indicada já no final de sua carreira, quando ela começava a se preparar para uma merecida aposentadoria. De fato esse foi seu último trabalho no cinema, embora não tenha sido seu último trabalho como atriz. Ela voltaria para uma despedida final no telefilme "Golda" onde ela interpretava a famosa personagem da história de Israel Golda Meir. Nesse mesmo ano ela faleceria, sem ter ido embora para a Suécia, onde queria passar seus últimos dias, mas feliz por ainda ter a chance de desenvolver mais um belíssimo trabalho de atuação.

Pablo Aluísio.

O Expresso de Von Ryan

Frank Sinatra nunca foi um excepcional ator mas sabia escolher bem os filmes em que atuava. Ao contrário de Elvis Presley, que muitas vezes aceitou passivamente participar de filmes francamente ruins, Sinatra sabia se impor aos produtores e diretores e sempre exigia apenas o que de melhor havia em termos de roteiros, diretores e equipe técnica. Claro que muitas vezes se utilizava de métodos questionáveis para alcançar seus objetivos mas de qualquer forma acabava chegando lá. Não é novidade para ninguém, por exemplo, o fato amplamente conhecido de que nos anos 50 teria contado com a força da máfia para estrelar no clássico A um passo da Eternidade. Esse filme acabou dando a Sinatra o único Oscar de sua vida e de quebra salvou sua carreira do ostracismo em que se encontrava.

Depois desse episódio Sinatra nunca mais largou o cinema, conciliando sua carreira musical com os filmes que ia protagonizando ao longo dos anos. Ao se analisar a lista dos títulos em que Sinatra atuou percebemos bem que suas escolhas eram bem ecléticas, pois ele praticamente passeou por todos os gêneros conhecidos, não se limitando ao musical, caminho óbvio que poderia tomar em razão de seu grande talento como cantor. Ao invés disso Sinatra apareceu em dramas, faroestes, policiais e até filmes políticos. Como se não bastasse procurou enriquecer seus poucos dotes dramáticos atuando ao lado de grandes atores e diretores. Foi esperto e sagaz e no saldo final de sua passagem por Hollywood podemos notar que a despeito de seu limitado talento de ator não fez feio e nem passou vexame nas telas.

Quando atuava sozinho, estrelando e levando um filme praticamente nas costas, Sinatra optava por se apoiar em um bom roteiro para que a plateia não desgrudasse os olhos da telona. Um exemplo é o filme "O Expresso de Von Ryan". O roteiro do filme é simples mas muito bem bolado. Sinatra faz o papel de um major, abatido durante um vôo sobre a Itália, que é capturado pelos Nazistas e levado a um campo de prisioneiros. Até aí temos um argumento bastante comum. A reviravolta acontece justamente quando Ryan, com o apoio de seu grupo, consegue tomar o controle do trem que os levava prisioneiros. Após assumir o controle da situação os americanos e ingleses se vestem com os uniformes nazistas para tentar atravessar a Itália até chegar na neutra Suíça.

O filme é extremamente interessante. Sinatra aqui pouco atua, já que o roteiro é todo centrado nas boas cenas de ação e no argumento envolvente. No desenrolar da trama conseguimos notar nitidamente como o cantor era perspicaz em suas escolhas. Cercado de um elenco bastante entusiasmado, com destaque para o ótimo Trevor Howard, muita ação e momentos de suspense, o filme se desenvolve extremamente bem e o velho Blue Eyes acaba nos presenteando com um belíssimo filme de guerra, do tipo que nos dias atuais é cada vez mais raro de encontrarmos. As quase duas horas de projeção passam rapidamente e nem há tempo para percebermos se a atuação de Sinatra é boa, ruim ou mediana. Ele cumpre bem seu papel e no final isso é definitivamente tudo o que importa. O desfecho, que vai soar bastante inesperado aos fãs de Sinatra, serve também para coroar mais um belo trabalho do ator no cinema. O filme "O Expresso de Von Ryan" é indicado para quem gosta de Sinatra, bons filmes de guerra e muita ação, não necessariamente nessa ordem. Assista e aproveite.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Trapézio

Em 1956 Tony Curtis era apenas mais um galã de segunda linha que não conseguia emplacar em bons papéis. Geralmente estrelava os chamados filmes B das mil e uma noites dos estúdios Universal - filmes de capa e espada que eram feitos especialmente para as matinês dos cinemas. Já estava com oito anos de carreira nas costas quando a primeira oportunidade real bateu à sua porta. O ator Burt Lancaster estava procurando um partner para filmar ao seu lado uma adaptação da novela Trapézio. O filme contaria a estória de dois trapezistas em Paris que tentam executar o maior de todos os números dessa arte: o saldo triplo mortal. Também procurava uma atriz europeia que funcionasse como pivô do triângulo amoroso que iria ser mostrado nas telas.

O interesse de Lancaster sobre esse filme era fácil de entender. Ele começou sua carreira no circo (a sua primeira esposa era trapezista) e apesar de ter alcançado o sucesso como ator jamais esqueceu o período em que viveu no mundo circense. Após alguns testes Burt sugeriu ao diretor Carol Reed que contratasse Tony Curtis. Ele tinha os atributos certos para o papel. Além de ser jovem tinha também habilidades atléticas que iram ajudar muito nas filmagens. Como estrelava vários filmes de capa e espada Tony foi logo considerado ágil o suficiente para se sair bem nas cenas de picadeiro. Já a escolhida para o principal papel feminino foi a atriz italiana Gina Lollobrigida. Embora tivesse uma extensa filmografia em seu país estrelaria pela primeira vez uma produção norte-americana.

O filme Trapézio acabou se tornando um grande sucesso de bilheteria. Também pudera, tinha todos os ingredientes para se tornar um êxito nos anos 50: um cenário exótico, uma beldade estrangeira, um romance à flor da pele, um astro de primeira linha e um coadjuvante que despontava para o estrelado. Pela primeira vez em sua carreira Curtis finalmente era levado à sério. Seu papel nem era tão destacado mas ele fez o suficiente para não fazer feio. O argumento do filme também ajudava já que não se tratava de um dramalhão onde fosse exigido muito dos atores, no fundo era um passatempo leve, com boas cenas coreografadas de trapézio, filmadas com profissionais do ramo (muito embora os atores também tenham filmado cenas menos perigosas). A parceria com Burt Lancaster ainda renderia mais um bom filme a Tony Curtis no ano seguinte: A Embriaguez do Sucesso, onde seria extremamente bem elogiado pela crítica. Com tudo isso hoje Tony pode dizer que esse filme foi na realidade o verdadeiro trampolim para os seus melhores anos, que iriam atravessar o restante da década de 50 e 60, graças especialmente ao grande astro e estrela de primeira grandeza na constelação de Hollywood, Burt Lancaster.

Trapézio (Trapeze, Estados Unidos, 1956) Direção: Carol Reed / Roteiro: Liam O'Brien, baseado no romance escrito por Max Catto / Elenco: Burt Lancaster, Tony Curtis, Gina Lollobrigida, Katy Jurado, Thomas Gomez / Sinopse: Trapezistas em Paris tentam criar um número inovador que mudará a história do circo.

Pablo Aluísio.

Os Filmes de Vivien Leigh - Parte 1

Vivien Leigh nasceu em Darjeeling, na época uma província do império britânico na distante e exótica Índia. Seus pais estavam a trabalho por lá. Depois de algum tempo retornaram finalmente a Londres, onde Vivien desde cedo mostrou muita vocação para as artes, especialmente para a arte dramática. Assim ela estudou por vários anos para ser atriz, frequentando alguns dos melhores cursos de teatro de Londres.

Durante muitos anos o teatro foi o centro de sua carreira de atriz e só aos 22 anos ela fez seu primeiro filme chamado "The Village Squire", uma pequena produção inglesa dirigida pelo cineasta Reginald Denham. O roteiro do filme era baseado numa peça teatral escrita pelo dramaturgo Arthur Jarvis Black e contava a singela história de uma pequena vila no interior da Inglaterra que via sua rotina mudar completamente com a chegada de uma grande estrela de cinema.

Como era de se esperar os primeiros filmes de Vivien Leigh foram todos rodados na Inglaterra, sua terra natal. Hollywood ainda parecia uma realidade distante nesses seus primeiros trabalhos no cinema. Em 1935, ano em que estreou nas telas, ela atuou em quatro produções distintas, todas produções modestas de estúdios locais. "Look Up and Laugh", seu segundo filme, foi uma comédia. Era uma experiência bem nova para Leigh que sempre havia direcionado seus estudos para o drama, não para o humor. Esse filme aliás é um caso raro dentro da sua filmografia pois a atriz não tinha muita vocação para esse tipo de roteiro. Anos depois lembrando de sua participação nesse filme ela confessou: "Eu não nasci para as comédias, definitivamente não!"

Essa percepção iria ficar ainda mais forte em seu filme seguinte, intitulado "Things Are Looking Up". Leigh interpretava uma colegial nesse filme muito leve, simples, de conteúdo familiar. Serviu para ganhar alguma experiência, porém não foi algo muito importante. No quarto filme em que participou "Gentlemen's Agreement" de George Pearson, ela ouviu um conselho desse diretor dizendo a ela que deveria ir para os Estados Unidos, onde haveria certamente maiores oportunidades para sua carreira de atriz. Ficar na Inglaterra iria limitar seus objetivos. Ela ouviu atentamente o que Pearson lhe aconselhou e começou então a planejar sua viagem para Hollywood. Quem sabe poderia dar certo por lá.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Exodus

O filme Exodus, lançado em 1960, trata da delicada questão da criação do Estado de Israel. É uma obra cinematográfica de fôlego com três horas e trinta minutos de duração, dividida em três atos distintos que tentam no fundo dar um rosto (ou rostos) ao povo judeu no momento de nascimento de sua nação. No primeiro ato somos apresentados a um campo de refugiados (na realidade prisioneiros) administrado pelos britânicos na ilha de Chipre. O local era utilizado pelos ingleses para abrigar temporariamente grupos de judeus que tentavam chegar até a Palestina de navio.

Nesse primeiro ato logo somos apresentados ao personagem Ari Ben Canaan (interpretado por Paul Newman), cuja principal função na ilha é retirar uma parcela desses judeus em cativeiro para levá-los até a Palestina, para que com isso crie pressão sobre a ONU na aprovação da criação de Israel. O segundo ato já se desenvolve nos assentamentos judeus na Palestina e tenta mostrar o cotidiano dessas famílias empenhadas em ficar no país e assim começar uma nova nação. Finalmente no terceiro ato temos a criação de Israel e as reações (algumas vezes violentas) que esse fato gerou, principalmente por parte da população palestina, que naquela altura sentiu que simplesmente estavam tomando sua nação e seu país e a entregando aos recém chegados judeus. O tema é melindroso e até hoje repercute. O filme, é claro, toma partido ao lado do povo judeu e sua causa, até porque não seria diferente haja visto que os grandes estúdios de Hollywood são administrados e comandados por judeus.

E justamente por isso talvez Exodus não seja uma obra completa. O ponto de vista é unilateral, focado apenas na visão judia da questão. Tirando um único personagem (um palestino que nutre amizade e simpatia por um personagem judeu) nada mais nos é mostrado sobre o outro lado da questão, sobre a forma de agir e pensar do povo palestino naquele momento. O roteiro não esconde e nem tenta disfarçar de que lado realmente está. Como a questão Israel - Palestina é muito mais complexa do que isso ficamos com a sensação pouco confortável de estarmos assistindo na realidade um grande e pomposo manifesto político em prol de Israel.

Já sobre o filme em si, tecnicamente falando, a produção apresenta alguns problemas. O maior deles talvez seja a duração excessiva. O filme em alguns momentos se arrasta, cenas sem grande importância ganham um destaque desproporcional. O filme poderia sem problemas ter duas horas de duração sem perda de conteúdo. A direção de Otto Preminger por sua vez comete alguns erros primários (em certos momentos podemos perceber a sombra da câmera e do cameraman se projetando sobre os atores). São coisas menores mas que em certos momentos incomodam. Já a trilha sonora, ainda hoje lembrada, é um destaque. O compositor Ernest Gold foi inclusive premiado com o Oscar por seu trabalho. Enfim, Exodus é um bom filme e só peca pela tentativa de fazer propaganda política sem dar chance à outra parte de se manifestar, fora isso é um bom passatempo, isso claro se você tiver disposição de assistir uma película com uma duração tão excessiva como essa.

Exodus (Exodus, Estados Unidos, 1960) / Direção: Otto Preminger / Roteiro: Dalton Trumbo / Elenco: Paul Newman, Eva Marie Saint, Ralph Richardson, Peter Lawford, Lee J. Cobb / Sinopse: O filme mostra diversos eventos que deram origem à criação do Estado de Israel ao mesmo tempo em que o mesmo luta para sobreviver diante da hostilidade das nações vizinhas.

Pablo Aluísio.

Cinema Clássico - Marilyn Monroe



segunda-feira, 12 de novembro de 2007

A Deusa: As Vidas Secretas de Marilyn Monroe

A ótima biografia "A Deusa - As Vidas Secretas de Marilyn Monroe" de autoria de Anthony Summers é uma excelente dica de leitura para esse fim de ano. Temos aqui, em pouco mais de 500 páginas, um ótimo retrato de um dos maiores ícones da história do cinema americano. Marilyn aparece nas páginas desse livro sem retoques, com sua real faceta, mostrando como era uma pessoa atormentada, carente, complexa e confusa. Nascida sem uma estrutura familiar sólida (sua mãe enlouqueceu e foi internada em um asilo e seu pai sumiu) a pequena Norma Jean abriu caminho na vida de uma forma surpreendente, se tornando até hoje no maior símbolo sexual feminino que se tem notícia. Ao longo de capítulos curtos o autor vai revelando os detalhes da vida de Marilyn, fatos esses que foram coletados por inúmeras entrevistas que realizou ao longo de uma extenso período de pesquisa. Ele entrevistou atores, diretores, empregados e ex namorados da atriz para formar um mosaico de sua personalidade.

A Marilyn que emerge de suas páginas é uma mulher cheia de problemas pessoais, afetivos, psicológicos mas ao mesmo tempo dona de um raro talento para surpreender em cena. Embora fosse uma atriz extremamente problemática nos sets de filmagens, Marilyn sempre conseguia se superar em seus filmes, mostrando muita presença e glamour. As histórias de bastidores de seus filmes já valem por si só o valor da compra da biografia. A atriz era a antítese do profissionalismo. Sempre causava algum tipo de confusão durante as produções: nunca chegava no horário certo, brigava com outros atores e atrizes, infernizava a vida dos diretores e levava sempre uma professora de interpretação a tiracolo. Também tinha um pavor patológico de gravar suas cenas, causando atrasos e mais atrasos por causa de sua insegurança fora do normal. Não raro abandonava os estúdios e sumia por dias, sem ninguém saber ao certo seu paradeiro. Apesar disso, como bem recorda o grande ator Lawrence Olivier, quando o filme era finalmente exibido a grande presença na tela sempre era dela, de Marilyn, que roubava as cenas dos demais atores.

A vida pessoal também era bastante conturbada. Marilyn casou oficialmente três vezes, embora haja até hoje a suspeita de que tenha casado uma quarta vez no México, em uma noite de loucuras. Casou-se pela primeira vez aos 16 anos em um casamento arranjado por sua tutora que queria se livrar dela. Depois que o marido foi para a marinha, Marilyn tratou de correr atrás de seu sonho de virar atriz em Hollywood. Ao mesmo tempo em que começava a despontar como modelo e atriz seu casamento ia por água abaixo. O segundo casamento foi com o mito do beisebol americano Joe DiMaggio, um descendente de italianos, casca grossa, ciumento e truculento que chegou a bater nela, causando o inevitável divórcio. Por fim se uniu ao intelectual Arthur Miller em sua última tentativa de ser feliz no matrimônio. Foi um casamento marcado pela indiferença e frieza por parte dele e de infidelidade por parte dela.

Outro ponto interessante do livro é aquele que trata sobre o envolvimento de Marilyn com os irmãos Kennedy (John, o presidente e Bobby, o procurador geral). O autor analisa as diversas teorias de que Marilyn teria sido morta em uma conspiração envolvendo o alto escalão do governo americano no começo da década de 60. Embora não se possa chegar na verdade absoluta dessa questão o escritor faz uma análise bastante interessante dos eventos e mistérios que cercam a morte da atriz. O uso abusivo de drogas e os problemas mentais dela também são enfocados de uma maneira lúcida e coerente. A única conclusão que podemos tirar após ler essa biografia é que apesar de ter alcançado os picos da fama, ter conquistado dinheiro e poder dentro da indústria cinematográfica, Marilyn Monroe morreu solitária e infeliz. Como todo mito que se preze, Marilyn também foi sepultada em sua incrível fama.

Pablo Aluísio.

Marilyn Monroe - A Nudez da Deusa

A cidade de Paris vai receber nos próximos dias uma nova exposição de fotos originais da atriz Marilyn Monroe. Intitulada “Marilyn, The Last Sitting” a amostra será realizada na galeria DS World Paris. Será uma celebração dos 55 anos do famoso ensaio de Marilyn Monroe com o fotógrafo Bert Stern que foi realizado apenas um mês antes da morte de Marilyn. As fotos estarão abertas ao público a partir de 6 de junho e ficará em exposição até dezembro. No total são 59 fotografias originais, trazidas pela primeira vez dos Estados Unidos à Europa. A exposição será aberta conjuntamente com outra que também é bem aguardada pelos parisienses, “Yves Saint Laurent, dans l’intimité du créateur”.

As fotos de Marilyn porém já estão chamando bastante atenção da imprensa francesa. Isso porque fazem parte das últimas sessões de Marilyn. Na época em que foram tiradas o fotógrafo Bert Stern trabalhava para a famosa revista de moda Vogue. Quando Marilyn recebeu o convite para as fotos ela disse a Bern que só as faria se fosse algo completamente novo e inovador. Aceitou inclusive ousar nas poses, aparecendo nua em diversas tomadas. Também expôs pela primeira vez uma cicatriz que tinha bem abaixo do abdômen, fruto de uma cirurgia que havia sido submetida na década anterior. Marilyn Monroe se expôs como poucas vezes na carreira nessa ocasião.

Para o curador da mostra, Julien Faux, essa será uma oportunidade única para os parisienses tomarem contato com as fotografias originais e não meras reproduções. Ele explicou: "Marilyn Monroe foi um ícone do século XX, um mito, uma mulher excepcional, muito à frente de seu tempo. Ela foi uma modelo e uma atriz que se tornou o ápice da vanguarda em sua época, tanto no mundo da moda como do cinema". O ingresso para a exposição estará à venda já nos primeiros dias de junho e custará 10 Euros.

Pablo Aluísio.