domingo, 21 de outubro de 2007
James Stewart / William Holden / Gary Grant
Harvey (1950)
Foto promocional do filme "Meu Amigo Harvey" dirigido por Henry Koster e estrelado por James Stewart. Esse foi um dos filmes mais simpáticos da carreira do ator onde ele interpretava um homem que dizia ter contato com um coelho gigante chamado Harvey que lhe dava conselhos e dicas sobre sua vida pessoal. Diante da afirmação fora dos padrões a própria família do pobre sujeito resolve então que havia chegado o momento de interná-lo em uma instituição psiquiátrica - mas será que ele realmente estaria alucinando? James Stewart está perfeito em seu papel, mesclando ternura, doce ingenuidade e imaginação de uma maneira tão carismática que fica realmente impossível não se solidarizar com ele em cena. O ator inclusive gostava de sempre dizer que esse havia sido um de seus trabalhos preferidos, principalmente pela ingenuidade do enredo, resgatando de certa maneira nossa imaginação infantil. Recentemente o cineasta Steven Spielberg, fã absoluto do filme original, afirmou que adoraria realizar um remake do clássico! Será que o projeto sairá mesmo do papel? Só nos resta esperar. Enquanto esse novo filme não vem leia a resenha completa que publicamos do filme clicando aqui!
Sunset Boulevard (1950)
William Holden brilha na foto promocional do clássico imortal "Crepúsculo dos Deuses". Dirigido por Billy Wilder e contando com um roteiro brilhantemente escrito o filme sondava a mente de uma antiga estrela de Hollywood que agora envelhecida, esquecida e abandonada pela fama e fortuna, tentava criar um mundo próprio em sua mente deteriorada pelas décadas de decadência. Gloria Swanson teve nesse filme uma das mais marcantes atuações de toda a sua carreira, criando um clima sórdido, insano, mas ao mesmo tempo muito comovente da vida de uma estrela cujo brilho simplesmente se apagou. Wilder assim criou um dos momentos mais sensíveis sobre o lado humano da indústria do cinema. Um triste retrato dos antigos mitos que perdem o brilho por causa do tempo, sempre implacável. Um filme realmente inesquecível e obrigatório para todo cinéfilo que se preze. Para ler mais e conhecer o texto completo sobre esse imortal clássico da sétima arte em nosso blog click aqui.
Cary Grant e o Oscar
Não foram poucas as injustiças que a Academia promoveu ao longo dos anos. Nomes como Charles Chaplin, um verdadeiro gênio da sétima arte, nunca foram devidamente premiados por suas verdadeiras obras primas. O mesmo se deu com vários atores de outros gêneros. Um dos mais injustiçados foi o galã Cary Grant. Ele foi pela primeira vez indicado ao Oscar em 1942 pelo papel de Roger Adams no clássico romântico "Serenata Prateada", linda produção dirigida pelo mestre George Stevens. Ao lado de um excelente elenco que incluía Irene Dunne e Beulah Bondi, ele foi solenemente ignorado na noite de premiação. Para muitos o fato de ser um eterno galã das telas o havia prejudicado. Nova oportunidade surgiria dois anos depois com "Apenas um Coração Solitário" de Clifford Odets. Aqui Grant atuava ao lado de dois grandes nomes do meio teatral americano, Ethel Barrymore e Barry Fitzgerald. O filme era um dramalhão daqueles, mostrando um homem que retornava ao lar e encontrava sua família em destroços, tanto física como emocionalmente falando. Pela sinceridade de sua atuação Grant foi apontado como um dos favoritos, mas tudo foi em vão. Ele não levou o cobiçado Oscar para casa. Depois disso mesmo tendo realizado grandes filmes, no total de 76 atuações, Grant nunca mais foi lembrado pela Academia. Só em 1970 o erro de nunca tê-lo premiado foi corrigido ao dar ao ator um prêmio de consolação, pelo conjunto da obra. O ator havia se despedido das telas quatro ano antes com a comédia "Devagar, Não Corra". Nunca a frase "Antes tarde do que nunca" fez tanto sentido. Grant faleceu em 1986 com 82 anos de idade.
Pablo Aluísio.
sábado, 20 de outubro de 2007
Marilyn Monroe - Marilyn e o nosso tempo
Por que Marilyn Monroe?
Depois de tantos anos decorridos de sua morte ela ainda segue sendo lembrada. Marilyn virou um ícone pop semelhante a Elvis Presley e James Dean, dois outros símbolos que foram contemporâneos da atriz e se negam a serem enterrados pelo tempo. Hoje em dia a empresa que cuida dos interesses e da imagem de Monroe fatura milhões todos os anos. Esse dinheiro não vem apenas dos direitos autorais de seus filmes e gravações fonográficas (que foram poucas e esporádicas), mas também do mundo da moda, das roupas e acessórios. De fato, Marilyn é um dos grandes nomes usados em marketing de produtos ao redor do planeta. E o que a imagem de Marilyn Monroe transmite exatamente nos dias atuais? Bom, a primeira associação vem com o cinema, porém não se resume a apenas isso. Ela também simboliza o máximo em termos de estrela das telas, considerada uma verdadeira deusa de Hollywood em seus anos de glória e auge. Marilyn assim vira sinônimo de glamour, juventude e beleza. O nome Marilyn Monroe consegue ainda evocar uma certa melancolia, tristeza e até mesmo desilusão com o seu destino trágico. Essa combinação acaba se tornando irresistível ao mercado.
Outro aspecto que ajudou na perenidade da fama da atriz é seu envolvimento com o presidente JFK e seu irmão Bobby. Esse caso amoroso poderia ser apenas mais um dentre tantos outros que ela manteve ao longo da vida se não fosse os complicados e inexplicáveis eventos que rondaram sua morte. Em cima deles foram escritos dezenas e dezenas (diria até centenas) de livros procurando decifrar o que realmente teria acontecido em sua casa naquela madrugada fatídica. Teria Marilyn Monroe morrido simplesmente de uma overdose acidental? Será que não foi um suicídio, tal como alegava a versão oficial, impulsionado por uma atriz com os nervos à flor da pele? Logo ela que tinha um longo histórico de atentados contra a própria vida... Ou tudo não passou de um encobertamento de algo bem maior envolvendo uma família rica e poderosa da política americana? Esse tipo de pergunta fez com que Marilyn se tornasse também um nome sempre em voga no nicho das teorias da conspiração - algo que americanos em geral adoram e cultivam como hábito de leitura e lazer.
De qualquer maneira explicar porque algumas estrelas se tornam eternas na mente do público enquanto outras simplesmente são esquecidas não é uma tarefa fácil. Provavelmente Marilyn Monroe e sua incrível fama jamais seja explicada de forma completa e exaustiva. Pelo menos a razão sempre falha em termos de Marilyn. O que sobra de seu mito porém já vale a eternidade. A filmografia de Marilyn Monroe é certamente muito relevante, deliciosa de se assistir. São musicais, comédias românticas, alguns resgatando o antigo vaudeville e até dramas! Some-se a isso o fato da estrela ter sido dirigida por grandes nomes da história do cinema americano e você provavelmente entenderá que até mesmo dentro do fechado círculo de críticos cinematográficos Marilyn ainda se mostra um tema importante para se debater, estudar e analisar. Marilyn Monroe morreu? Bom, isso é uma pergunta que depende muito do ponto de vista de quem a faz e responde. No meu caso não tenho dúvidas que ela não morreu - aliás jamais morrerá.
Pablo Aluísio.
Depois de tantos anos decorridos de sua morte ela ainda segue sendo lembrada. Marilyn virou um ícone pop semelhante a Elvis Presley e James Dean, dois outros símbolos que foram contemporâneos da atriz e se negam a serem enterrados pelo tempo. Hoje em dia a empresa que cuida dos interesses e da imagem de Monroe fatura milhões todos os anos. Esse dinheiro não vem apenas dos direitos autorais de seus filmes e gravações fonográficas (que foram poucas e esporádicas), mas também do mundo da moda, das roupas e acessórios. De fato, Marilyn é um dos grandes nomes usados em marketing de produtos ao redor do planeta. E o que a imagem de Marilyn Monroe transmite exatamente nos dias atuais? Bom, a primeira associação vem com o cinema, porém não se resume a apenas isso. Ela também simboliza o máximo em termos de estrela das telas, considerada uma verdadeira deusa de Hollywood em seus anos de glória e auge. Marilyn assim vira sinônimo de glamour, juventude e beleza. O nome Marilyn Monroe consegue ainda evocar uma certa melancolia, tristeza e até mesmo desilusão com o seu destino trágico. Essa combinação acaba se tornando irresistível ao mercado.
Outro aspecto que ajudou na perenidade da fama da atriz é seu envolvimento com o presidente JFK e seu irmão Bobby. Esse caso amoroso poderia ser apenas mais um dentre tantos outros que ela manteve ao longo da vida se não fosse os complicados e inexplicáveis eventos que rondaram sua morte. Em cima deles foram escritos dezenas e dezenas (diria até centenas) de livros procurando decifrar o que realmente teria acontecido em sua casa naquela madrugada fatídica. Teria Marilyn Monroe morrido simplesmente de uma overdose acidental? Será que não foi um suicídio, tal como alegava a versão oficial, impulsionado por uma atriz com os nervos à flor da pele? Logo ela que tinha um longo histórico de atentados contra a própria vida... Ou tudo não passou de um encobertamento de algo bem maior envolvendo uma família rica e poderosa da política americana? Esse tipo de pergunta fez com que Marilyn se tornasse também um nome sempre em voga no nicho das teorias da conspiração - algo que americanos em geral adoram e cultivam como hábito de leitura e lazer.
De qualquer maneira explicar porque algumas estrelas se tornam eternas na mente do público enquanto outras simplesmente são esquecidas não é uma tarefa fácil. Provavelmente Marilyn Monroe e sua incrível fama jamais seja explicada de forma completa e exaustiva. Pelo menos a razão sempre falha em termos de Marilyn. O que sobra de seu mito porém já vale a eternidade. A filmografia de Marilyn Monroe é certamente muito relevante, deliciosa de se assistir. São musicais, comédias românticas, alguns resgatando o antigo vaudeville e até dramas! Some-se a isso o fato da estrela ter sido dirigida por grandes nomes da história do cinema americano e você provavelmente entenderá que até mesmo dentro do fechado círculo de críticos cinematográficos Marilyn ainda se mostra um tema importante para se debater, estudar e analisar. Marilyn Monroe morreu? Bom, isso é uma pergunta que depende muito do ponto de vista de quem a faz e responde. No meu caso não tenho dúvidas que ela não morreu - aliás jamais morrerá.
Pablo Aluísio.
O Poderoso Chefão / Quanto Mais Quente Melhor / Maureen O´Hara
Marlon Brando - The Godfather (1972)
Na foto o diretor Francis Ford Coppola surge rodeado do maravilhoso elenco que foi escalado para o clássico "O Poderoso Chefão" (The Godfather, EUA, 1972). Embora nos dias de hoje seja impensável ver qualquer outro ator a não ser Marlon Brando interpretando o papel de Don Vito Corleone, o fato é que a Paramount Pictures não queria o astro no elenco. O produtor Robert Evans acreditava que Brando era um sujeito complicado de se lidar no set de filmagens. Ele tinha realmente um histórico de brigas e desavenças com outros diretores e produtores no passado e Evans tinha receios que ele fosse causar todo tipo de confusão com Francis Ford Coppola. Sabendo disso e querendo muito o papel o próprio Brando gravou um tape amador onde interpretava o personagem sob o seu ponto de vista - não a de um gângster violento e insano, mas sim a de um pai de família que precisou usar da violência para proteger sua família e seus entes queridos. Isso certamente deixou Coppola entusiasmado e ele próprio entrou na briga para escalar Brando no elenco. O resto é história. Ao lado de atores talentosos como Al Pacino e James Caan o filme se tornou não apenas maravilhoso, mas lendário. No Oscar veio a consagração definitiva com os prêmios de Melhor Filme, Roteiro Adaptado (Mario Puzo e Francis Ford Coppola) e Melhor Ator (cujo Oscar foi recusado por Brando em nome dos nativos americanos que, em sua visão, sofriam todo os tipos de preconceitos nos filmes de Hollywood). Para ler nossa resenha sobre essa obra imortal do cinema americano basta clicar aqui.
Marilyn Monroe - Some Like a Hot (1959)
Na foto o diretor Billy Wilder conversa com Marilyn Monroe durante uma pausa nas filmagens de "O Pecado Mora ao Lado". Depois do grande sucesso desse filme Wilder voltaria a trabalhar com Marilyn em "Quanto Mais Quente Melhor". Para muitos críticos de cinema essa foi sem dúvida a melhor comédia americana de todos os tempos. Wilder conseguiu com um texto simples e muito divertido criar uma verdadeira obra prima da sétima arte e isso sob condições bem adversas pois Marilyn estava passando por uma de suas piores fases em termos psicológicos. A atriz não conseguia mais decorar direito suas falas e faltava constantemente às filmagens. Isso deixou Wilder em desespero, tentando finalizar uma produção extremamente complicada, cara e cheia de problemas, enquanto sua estrela não parecia disposta a colaborar. Para complicar ainda mais a atriz se envolveu com Tony Curtis durante a produção, causando todo tipo de intrigas, fofocas e desavenças no set. Nada disso porém atrapalhou o resultado final pois é sem dúvida um filme delicioso de assistir, uma verdadeira obra prima de Wilder, um diretor que realmente marcou época em Hollywood. Para ler resenha, comentários, sinopse e informações do filme clique aqui.
Maureen O´Hara
A atriz Maureen O´Hara faleceu ontem em Los Angeles, aos 95 anos de idade. O Los Angeles Times trouxe uma manchete curiosa sobre sua morte: "Morre Maureen O´Hara, a única atriz que foi durona o bastante para encarar John Wayne em um filme". Brincadeiras à parte realmente foi com pesar que recebemos a notícia. Aqui no blog já tínhamos escrito um bom texto sobre a atriz (basta clicar aqui para ler), por essa razão não vamos nos repetir muito, apenas lamentar sua morte. Maureen certamente não foi apenas uma atriz durona, como levaria a crer a manchete do jornal americano, mas sim uma talentosa e carismática profissional que participou de 65 filmes em quase 70 anos de carreira (isso mesmo que você leu!). Injustamente ignorada pela Academia, que nunca lhe legou um Oscar de Melhor Atriz, apesar das maravilhosas atuações que apresentou em sua longa carreira, a atriz recebeu uma homenagem, um prêmio pelo conjunto da obra. Fica assim nosso registro de pesar. A mulher Maureen FitzSimons se vai porém a estrela Maureen O´Hara ficará para sempre imortalizada em seus filmes.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Dalton Trumbo: Um gênio nas mãos do Macartismo
Há exatos 39 anos (1976), o mundo do cinema perdia um dos seus maiores roteiristas: Dalton Trumbo. Realizador de verdadeiras obras-primas, como: “Spartacus” (1960) - “Johnny Vai à Guerra” (1971) - “Papillon” (1973) – “Adeus às Ilusões” (1965) e “A Felicidade Não Se Compra” (1946). O famoso roteirista que nasceu em Montrose, Colorado (EUA) - em 9 de dezembro de 1905, já fazia sucesso escrevendo roteiros para pequenas peças na Universidade do Colorado onde ficou por apenas dois anos. Em 1939 escreveu seu primeiro romance: “Johnny Vai à Guerra” que se transformou rapidamente num estrondoso sucesso. Em 1940, porém, sua sorte mudou e passou a ser o roteirista mais bem pago de Hollywood.
Ainda naquele ano viu seu Drama-Romance, “Kitty Foyle”, estrelado por Ginger Roger, Dennis Morgan e com direção de Sam Wood, ser indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado. Em 1941, quando a Alemanha nazista invadiu a União Soviética, Trumbo e seus editores resolveram suspender novas edições do livro “Johnny Vai à Guerra” até que a guerra acabasse. Em 1947 Trumbo é chamado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos - em outras palavras - o tribunal anticomunista de Joseph McCarthy.
Nos depoimentos, Trumbo negou-se a entregar os colegas comunistas para o aterrorizante senador. Como punição foi condenado a 11 mêses de reclusão na prisão federal de Ashland, Kentucky. Após cumprir a pena, Trumbo mudou-se com a família e mais três casais de amigos, também perseguidos pelo macartismo, para o México. Em solo mexicano e ainda abalado pelo tempo em que passou na prisão, o famoso roteirista recebeu apoio de vários amigos produtores, diretores e atores. Mesmo de longe, Trumbo ainda era requisitado pelos grandes produtores de Hollywood que lhe encomendavam roteiros que eram assinados por “testas de ferro”. Sob pseudônimo, escreveu mais de trinta roteiros. Dois filmes que ele escreveu sob pseudônimo ganharam o Oscar de melhor roteiro: “A Princesa e o Plebeu” (1953) e “Arenas Sangrentas” (1956). Somente dois anos depois, o astro e seu amigo pessoal, Kirk Douglas, assumiu o risco de contratá-lo e creditá-lo como roteirista do épico-clássico, “Spartacus” (1960), marcando assim o fim da lista negra. A vida de Trumbo e seu exílio já ganharam um documentário em 2006, que foi escrito por seu próprio filho, Christopher Trumbo.
Telmo Vilela Jr.
Nos depoimentos, Trumbo negou-se a entregar os colegas comunistas para o aterrorizante senador. Como punição foi condenado a 11 mêses de reclusão na prisão federal de Ashland, Kentucky. Após cumprir a pena, Trumbo mudou-se com a família e mais três casais de amigos, também perseguidos pelo macartismo, para o México. Em solo mexicano e ainda abalado pelo tempo em que passou na prisão, o famoso roteirista recebeu apoio de vários amigos produtores, diretores e atores. Mesmo de longe, Trumbo ainda era requisitado pelos grandes produtores de Hollywood que lhe encomendavam roteiros que eram assinados por “testas de ferro”. Sob pseudônimo, escreveu mais de trinta roteiros. Dois filmes que ele escreveu sob pseudônimo ganharam o Oscar de melhor roteiro: “A Princesa e o Plebeu” (1953) e “Arenas Sangrentas” (1956). Somente dois anos depois, o astro e seu amigo pessoal, Kirk Douglas, assumiu o risco de contratá-lo e creditá-lo como roteirista do épico-clássico, “Spartacus” (1960), marcando assim o fim da lista negra. A vida de Trumbo e seu exílio já ganharam um documentário em 2006, que foi escrito por seu próprio filho, Christopher Trumbo.
Telmo Vilela Jr.
Peanuts: A Garotinha Ruiva de Charles M. Schulz
Charles M. Schulz criou todos os personagens da turma do Charlie Brown, conhecidos nos Estados Unidos como "Peanuts" (no Brasil o próprio passou a ser chamado pelo apelido de Minduim). Nas tirinhas de sua imortal criação Charles mostrava a vida de um grupo de crianças, sendo seu protagonista justamente o tímido e desajeitado Charlie Brown, sempre sofrendo pelo amor platônico de uma linda garotinha ruiva que era sua vizinha e que estudava na mesma escola que ele. O que poucos sabem é que as estorinhas eram na realidade inspiradas na vida do próprio Schulz. Muito dos personagens retratavam pessoas e aspectos reais da sua vida particular, o que explicava em grande parte o grande humanismo e conteúdo emocional que elas traziam.
A garotinha ruiva, musa dos sonhos românticos do atrapalhado Charlie Brown, realmente existiu e quem de fato era loucamente apaixonado por ela era justamente Schulz, na época um talentoso desenhista que ainda sonhava com a possibilidade de viver de sua arte. Eles se conheceram numa escola de artes. Schulz, já maduro e relativamente bem sucedido, dava aulas. A garota ruiva se chamava Donna Mae Johnson e era encantadora. Colocando de lado todas as suas inibições Schulz então resolveu investir todas as suas fichas nela. Afinal ele estava apaixonado de verdade. Para sua felicidade as coisas começaram muito bem, com um encontro que o cartunista definiu como um desses momentos raros da vida. Era a realização de uma velha paixão que ele havia nutrido em silêncio por tanto tempo.
O começo promissor porém acabou mal. Schulz (que era tão tímido como seu famoso Charlie Brown) resolveu numa noite pedir a mão de Donna em casamento. Ele tinha muitos planos que queria compartilhar com ela. Sua carreira começava a deslanchar e ele viu que finalmente poderia assumir um compromisso mais sério em sua vida. A expectativa de algo grandioso porém teve vida curta. Contrariando tudo o que esperava dela a garota ruiva disse não ao seu pedido! Nem precisa dizer que o criador do Snoopy ficou completamente arrasado. A noite ficou na memória de Donna que anos depois contou tudo a um jornal americano (atualmente ela tem 86 anos e vive em um asilo na Pensilvânia). Ela até gostava do galanteador Schulz, mas tinha seu coração dividido com outro homem - que terminaria se casando com ela. Além disso em sua opinião Schulz havia se precipitado em sua opinião pois ela ainda era bem jovem e não queria entrar em um casamento precoce. Como se pode perceber não era apenas Charlie Brown que era atrapalhado e ansioso demais.
Isso o devastou. Obviamente Charles M. Schulz seguiu com sua vida em frente, casou-se com uma mulher dominadora (que daria origem inclusive à personagem mandona Lucy), mas jamais esqueceu Donna, levando ela para dentro das histórias em quadrinhos de Charlie Brown e sua turma. Nasceu assim a figura da garotinha ruiva, a mais perfeita paixão platônica jamais criada no mundo dos cartoons. Já perto da velhice certo dia Schulz resolveu ligar para sua velha paixão. No meio de um bate papo descontraído ele confidenciou a ela que criou a personagem como uma forma de imortalizá-la para sempre em suas tirinhas diárias, desenhos animados e filmes. A arte imitando a vida de uma maneira criativa e até mesmo lúcida e profundamente romântica.
Pablo Aluísio.
A garotinha ruiva, musa dos sonhos românticos do atrapalhado Charlie Brown, realmente existiu e quem de fato era loucamente apaixonado por ela era justamente Schulz, na época um talentoso desenhista que ainda sonhava com a possibilidade de viver de sua arte. Eles se conheceram numa escola de artes. Schulz, já maduro e relativamente bem sucedido, dava aulas. A garota ruiva se chamava Donna Mae Johnson e era encantadora. Colocando de lado todas as suas inibições Schulz então resolveu investir todas as suas fichas nela. Afinal ele estava apaixonado de verdade. Para sua felicidade as coisas começaram muito bem, com um encontro que o cartunista definiu como um desses momentos raros da vida. Era a realização de uma velha paixão que ele havia nutrido em silêncio por tanto tempo.
O começo promissor porém acabou mal. Schulz (que era tão tímido como seu famoso Charlie Brown) resolveu numa noite pedir a mão de Donna em casamento. Ele tinha muitos planos que queria compartilhar com ela. Sua carreira começava a deslanchar e ele viu que finalmente poderia assumir um compromisso mais sério em sua vida. A expectativa de algo grandioso porém teve vida curta. Contrariando tudo o que esperava dela a garota ruiva disse não ao seu pedido! Nem precisa dizer que o criador do Snoopy ficou completamente arrasado. A noite ficou na memória de Donna que anos depois contou tudo a um jornal americano (atualmente ela tem 86 anos e vive em um asilo na Pensilvânia). Ela até gostava do galanteador Schulz, mas tinha seu coração dividido com outro homem - que terminaria se casando com ela. Além disso em sua opinião Schulz havia se precipitado em sua opinião pois ela ainda era bem jovem e não queria entrar em um casamento precoce. Como se pode perceber não era apenas Charlie Brown que era atrapalhado e ansioso demais.
Isso o devastou. Obviamente Charles M. Schulz seguiu com sua vida em frente, casou-se com uma mulher dominadora (que daria origem inclusive à personagem mandona Lucy), mas jamais esqueceu Donna, levando ela para dentro das histórias em quadrinhos de Charlie Brown e sua turma. Nasceu assim a figura da garotinha ruiva, a mais perfeita paixão platônica jamais criada no mundo dos cartoons. Já perto da velhice certo dia Schulz resolveu ligar para sua velha paixão. No meio de um bate papo descontraído ele confidenciou a ela que criou a personagem como uma forma de imortalizá-la para sempre em suas tirinhas diárias, desenhos animados e filmes. A arte imitando a vida de uma maneira criativa e até mesmo lúcida e profundamente romântica.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Anita Ekberg (1931 - 2015)
Mais uma notícia triste para os fãs do cinema clássico. Faleceu no último dia 11 de janeiro a atriz sueca Anita Ekberg. Nascida na fria e distante Malmö, Skåne län, na Suécia, ela se consagrou na sétima arte nas mãos do talentoso diretor italiano Federico Fellini no imortal clássico da sétima arte "La Dolce Vita" de 1960. Interpretando a personagem Sylvia a atriz assegurou seu lugar no panteão dos ídolos imortais do cinema. Uma mulher bonita, exuberante e extremamente sensual, ela começou sua carreira atuando no filme "O Aventureiro do Mississippi" em 1953. Com apenas doze anos a linda garota loira de olhos azuis encantou a todos nessa conhecida fita de aventura estrelada pelo ícone e grande galã da época, Tyrone Power. Depois de mais algumas aparições sem maior importância ela novamente surgiu encantadora na comédia "Artistas e Modelos" da dupla Jerry Lewis e Dean Martin. O enredo explorando o mundo da moda exigia a presença de diversas modelos bonitas em cena e Anita, maravilhosa no auge de sua juventude, foi uma delas. Com o mesmo Jerry Lewis ainda faria outra fita de humor de sucesso, "Ou Vai ou Racha", onde ganhou uma personagem com maior destaque, uma espécie de paródia sobre européias em Hollywood. Sensualizando ao lado da piscina acabou chamando a atenção por sua beleza e charme.
Em 1956 ganhou o Globo de Ouro na categoria revelação feminina ao lado das atrizes Victoria Shaw e Dana Wynter. Era o começo de uma nova fase em sua vida. Participar de comédias ao lado de Jerry Lewis até poderia ser interessante, mas não trazia maiores desafios. Assim em busca de novos horizontes a sueca voltou para a Europa para um novo começo no mundo do cinema de velho continente. Em 1959 estrelou um típico épico italiano, "O Escudo Romano", que se não era uma obra de arte serviu pelo menos para que Federico Fellini se convencesse que tinha encontrado a atriz ideal para seu próximo filme. Assim ela seria contratada para interpretar a personagem que a consagraria definitivamente. Ao lado do ator Marcello Mastroianni ela acabou virando um símbolo sexual do cinema internacional ao surgir linda e maravilhosa na fonte de águas cristalinas, uma imagem que jamais seria esquecida. Depois do sucesso de público e crítica ela não parou mais e trabalhou exaustivamente durante toda a década de 1960, surgindo em dezenas de produções, tanto na Europa como nos Estados Unidos.
"Tormenta Sobre o Rio Amarelo", "Os Mongois", "Como Aprendi a Amar as Mulheres", "Enquanto Viverem as Ilusões", "Sete Vezes Mulher", "Os Crimes do Alfabeto" e até um faroeste ao lado do amigo Dean Martin intitulado "Os Quatro Heróis do Texas", são alguns dos filmes que rodou nesse momento particularmente produtivo de sua carreira. Infelizmente Anita não conseguiu ser tão bem sucedida na vida pessoal e amorosa quanto era na profissional. Se envolveu com os homens errados que acabaram destruindo parte de sua fortuna conquistada no cinema. Somando-se a isso vieram divórcios complicados que a deixaram praticamente à beira da ruína financeira. O que sobrou foi levado por advogados desonestos e gananciosos.
Com a chegada da idade os convites também começaram a rarear. Ela já não era mais tão bonita e jovial como exigia os diretores de elenco. Aos poucos foi sendo deixada de lado. Sem trabalho e com problemas de obesidade Anita Ekberg começou a passar por momentos complicados, agravados pela própria imprensa italiana que começou a explorar de forma sensacionalista a crise que vivia. Mesmo com tantos aspectos negativos ela jamais desistiu de lutar e seguir em frente. Em determinado momento da vida, sem dinheiro e sem trabalho, resolveu pegar o único tipo de serviço que estava lhe sendo oferecido: o de empregada doméstica. Durante essa fase complicada deixou de trabalhar como atriz. Mesmo assim se mostrou sendo sempre uma mulher digna e honesta, muito forte em sua personalidade, que viveu até o fim de seus dias de cabeça erguida. Seu último trabalho como atriz foi produzido em 2002. "Il Bello Delle Donne" era uma série de TV que não fez muito sucesso. De uma forma ou outra, como bem demonstrou o farto noticiário produzido após sua morte, Anita Ekberg não foi esquecida por seu incrível trabalho nas telas no passado. Descanse em paz.
Pablo Aluísio.
Em 1956 ganhou o Globo de Ouro na categoria revelação feminina ao lado das atrizes Victoria Shaw e Dana Wynter. Era o começo de uma nova fase em sua vida. Participar de comédias ao lado de Jerry Lewis até poderia ser interessante, mas não trazia maiores desafios. Assim em busca de novos horizontes a sueca voltou para a Europa para um novo começo no mundo do cinema de velho continente. Em 1959 estrelou um típico épico italiano, "O Escudo Romano", que se não era uma obra de arte serviu pelo menos para que Federico Fellini se convencesse que tinha encontrado a atriz ideal para seu próximo filme. Assim ela seria contratada para interpretar a personagem que a consagraria definitivamente. Ao lado do ator Marcello Mastroianni ela acabou virando um símbolo sexual do cinema internacional ao surgir linda e maravilhosa na fonte de águas cristalinas, uma imagem que jamais seria esquecida. Depois do sucesso de público e crítica ela não parou mais e trabalhou exaustivamente durante toda a década de 1960, surgindo em dezenas de produções, tanto na Europa como nos Estados Unidos.
"Tormenta Sobre o Rio Amarelo", "Os Mongois", "Como Aprendi a Amar as Mulheres", "Enquanto Viverem as Ilusões", "Sete Vezes Mulher", "Os Crimes do Alfabeto" e até um faroeste ao lado do amigo Dean Martin intitulado "Os Quatro Heróis do Texas", são alguns dos filmes que rodou nesse momento particularmente produtivo de sua carreira. Infelizmente Anita não conseguiu ser tão bem sucedida na vida pessoal e amorosa quanto era na profissional. Se envolveu com os homens errados que acabaram destruindo parte de sua fortuna conquistada no cinema. Somando-se a isso vieram divórcios complicados que a deixaram praticamente à beira da ruína financeira. O que sobrou foi levado por advogados desonestos e gananciosos.
Com a chegada da idade os convites também começaram a rarear. Ela já não era mais tão bonita e jovial como exigia os diretores de elenco. Aos poucos foi sendo deixada de lado. Sem trabalho e com problemas de obesidade Anita Ekberg começou a passar por momentos complicados, agravados pela própria imprensa italiana que começou a explorar de forma sensacionalista a crise que vivia. Mesmo com tantos aspectos negativos ela jamais desistiu de lutar e seguir em frente. Em determinado momento da vida, sem dinheiro e sem trabalho, resolveu pegar o único tipo de serviço que estava lhe sendo oferecido: o de empregada doméstica. Durante essa fase complicada deixou de trabalhar como atriz. Mesmo assim se mostrou sendo sempre uma mulher digna e honesta, muito forte em sua personalidade, que viveu até o fim de seus dias de cabeça erguida. Seu último trabalho como atriz foi produzido em 2002. "Il Bello Delle Donne" era uma série de TV que não fez muito sucesso. De uma forma ou outra, como bem demonstrou o farto noticiário produzido após sua morte, Anita Ekberg não foi esquecida por seu incrível trabalho nas telas no passado. Descanse em paz.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Rod Taylor (1930 - 2015)
O ator australiano Rod Taylor, que estrelou o thriller de Alfred Hitchcock "Os Pássaros", morreu aos 84 anos, no último dia 7 de janeiro. Taylor vivia há décadas nos Estados Unidos e morreu em sua casa localizada em Los Angeles após um jantar oferecido a amigos e pessoas próximas. Sua carreira começou em 1951 quando atuou no filme "Inland with Sturt". Sua atuação na aventura australiana "O Pirata de Porto Belo" chamou a atenção dos estúdios de Hollywood. Sem pensar duas vezes mudou-se de seu país natal para os Estados Unidos. Após atuar no seriado de faroeste "Cheyenne" ganhou finalmente sua grande chance na produção "A Rainha Tirana" de Henry Koster onde teve a oportunidade de atuar ao lado de lendas como Bette Davis e Joan Collins. A partir daí a carreira começou a decolar aos poucos, dando a chance para Rod de atuar em alguns clássicos do cinema americano como "Assim Caminha a Humanidade" onde interpretou um personagem inglês, Sir David Karfrey.
Ao lado de Montgomery Clift e Elizabeth Taylor apareceu no excelente drama "A Árvore da Vida". Depois, demonstrando ser um ator eclético, que poderia trabalhar bem nos diversos gêneros cinematográficos, atuou numa comédia romântica de relativo sucesso chamada "Elas Querem é Casar". No final dos anos 1950 acabou porém encontrando o gênero no qual iria se consagrar, a dos filmes com muita fantasia e criatividade. O trampolim veio curiosamente na TV onde se destacou na famosa série "Além da Imaginação". Suas atuações lhe abriram as portas novamente do cinema americano, só que dessa vez focado em adaptações de grandes clássicos Sci-fi da literatura como "A Máquina do Tempo" onde interpretou o próprio autor do romance e personagem central do enredo, H. George Wells. A partir daí, sempre flertando com o público infantojuvenil, aceitou o convite de participar do clássico de animação da Disney "A Guerra dos Dálmatas" onde dublou o personagem canino Pongo. Foi assim um dos primeiros atores de Hollywood a topar fazer dublagens em animações, algo que hoje em dia se tornou comum.
Em 1963 após atuar em "O Pirata Real" (mais uma aventura de capa e espada onde interpretava o famoso bucaneiro dos mares Sir Francis Drake) foi chamado pelo mestre Alfred Hitchcock para trabalhar em "Os Pássaros" que se tornaria uma das obras primas do diretor. Acostumado ao modo britânico de trabalhar o ator acabou se dando muito bem ao lado de Hitch, que sempre econômico em palavras, não se furtou em elogiar sua atuação. Depois desse sucesso sua carreira ganhou um novo impulso e ele seguiu atuando em mais de uma dezena de filmes como "Águias em Alerta" ao lado de Rock Hudson e "A Espiã de Calcinhas de Renda" com Doris Day. Nunca veio a se tornar um astro de primeiro time em Hollywood, mas sempre foi muito requisitado para filmes e séries ao longo dos anos, principalmente por ser talentoso e muito profissional. Rod Taylor faleceu deixando esposa e filha. Que descanse em paz.
Pablo Aluísio.
Ao lado de Montgomery Clift e Elizabeth Taylor apareceu no excelente drama "A Árvore da Vida". Depois, demonstrando ser um ator eclético, que poderia trabalhar bem nos diversos gêneros cinematográficos, atuou numa comédia romântica de relativo sucesso chamada "Elas Querem é Casar". No final dos anos 1950 acabou porém encontrando o gênero no qual iria se consagrar, a dos filmes com muita fantasia e criatividade. O trampolim veio curiosamente na TV onde se destacou na famosa série "Além da Imaginação". Suas atuações lhe abriram as portas novamente do cinema americano, só que dessa vez focado em adaptações de grandes clássicos Sci-fi da literatura como "A Máquina do Tempo" onde interpretou o próprio autor do romance e personagem central do enredo, H. George Wells. A partir daí, sempre flertando com o público infantojuvenil, aceitou o convite de participar do clássico de animação da Disney "A Guerra dos Dálmatas" onde dublou o personagem canino Pongo. Foi assim um dos primeiros atores de Hollywood a topar fazer dublagens em animações, algo que hoje em dia se tornou comum.
Em 1963 após atuar em "O Pirata Real" (mais uma aventura de capa e espada onde interpretava o famoso bucaneiro dos mares Sir Francis Drake) foi chamado pelo mestre Alfred Hitchcock para trabalhar em "Os Pássaros" que se tornaria uma das obras primas do diretor. Acostumado ao modo britânico de trabalhar o ator acabou se dando muito bem ao lado de Hitch, que sempre econômico em palavras, não se furtou em elogiar sua atuação. Depois desse sucesso sua carreira ganhou um novo impulso e ele seguiu atuando em mais de uma dezena de filmes como "Águias em Alerta" ao lado de Rock Hudson e "A Espiã de Calcinhas de Renda" com Doris Day. Nunca veio a se tornar um astro de primeiro time em Hollywood, mas sempre foi muito requisitado para filmes e séries ao longo dos anos, principalmente por ser talentoso e muito profissional. Rod Taylor faleceu deixando esposa e filha. Que descanse em paz.
Pablo Aluísio.
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