quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Missão Titã

Título no Brasil: Missão Titã
Título Original: Slingshot 
Ano de Lançamento: 2024 
País: Estados Unidos, Hungria, Indonésia
Estúdio: Bluestone Entertainment 
Direção: Mikael Håfström 
Roteiro: R. Scott Adams, Nathan Parker 
Elenco: Casey Affleck, Laurence Fishburne, Emily Beecham, Tomer Capone, David Morrissey, Charlotta Lövgren 

Sinopse:
Uma nave espacial chamada Odyssey 1 é enviada para uma distante Lua de Saturno. Em Titã essa missão deve extrair metais e gases raros e preciosos para trazer de volta ao Planeta Terra. O problema é que se trata de uma viagem espacial de longa duração e o astronauta John (Casey Affleck) começa a perder contato com a realidade. Em determinado momento ele não consegue mais separar os delírios de sua mente com o que realmente se passa ao seu redor. E essa situação pode ser fatal. 

Comentários: 
Esse filme é mais um que segue aquela linha mais psicológica que ultimamente temos visto bastante em novos filmes de ficção na linha de "Ad Astra" e "Gravidade". Eu particularmente gosto bastante dessa linha cinematográfica porque esses roteiros exploram muito bem o impacto que pode causar grandes e longas viagens espaciais na mente humana. O protagonista é mais um impactado por esse tipo de missão rumo a um mundo distante. Não podemos nos esquecer que existe mesmo, no mundo real, essa barreira que muito provavelmente jamais será superada pela humanidade. A própria fragilidade do ser humano como entidade biológica tornam essas viagens praticamente impossíveis de serem realizadas. No quadro geral, temos um bom filme, mas particularmente destaco seu final. Achei muito interessante, corajoso e coerente. Em determinado momento o personagem é colocado numa encruzilhada onde deve decidir em qual caminho deve seguir. Os rumos que o roteiro toma a partir desse momento foram justamente o que eu estava esperando. Nota 10 pela coerência com tudo o que se assiste nessa história. A coragem dos roteiristas sem dúvida é um grande ponto diferencial. Enfim, merecem todos os nossos elogios. 

Pablo Aluísio. 

Kursk

Kursk
Eu me recordo muito bem da história desse filme. Acompanhei pela imprensa. Em agosto de 2000 o submarino nuclear russo K-141 Kursk perdeu contato com sua frota no Mar de Barents. Era uma das máquinas de guerra mais importantes da frota do norte. Após algumas buscas descobriu-se que o submarino havia sofrido um acidente grave. Um dos torpedos explodiu dentro do Kursk. Nele havia uma tripulação de 118 homens. A maioria morreu na explosão. Apenas 20 sobreviventes tentaram pedir por socorro, batendo com martelos nas grossas camadas de aço do submarino.

O filme se concentra justamente nessa operação de salvamento. Inicialmente os russos tentaram salvar os tripulantes sobreviventes, porém como bem mostrado no filme, a frota do norte estava sucateada (um aspecto bem presente nas forças armadas russas atualmente). Feridos em seu orgulho patriótico, os comandantes da marinha russa hesitaram muito em pedir ajuda internacional. Até porque eles entendiam que isso seria uma espécie de humilhação pública perante o mundo. Enquanto decidiam o que fazer os marinheiros ficaram no fundo do oceano, esperando por um socorro que parecia nunca chegar.

Esse bom filme foi produzido pelo cineasta Luc Besson. Ele contratou pessoalmente dois excelentes atores para o elenco. O primeiro deles foi o grande Max von Sydow. Ele interpreta esse velho homem do mar, um almirante russo cheio de orgulho que não quer a ajuda dos ingleses no resgate. Já Colin Firth é o oficial inglês, que oferece os meios mais modernos para resgatar os marinheiros russos. O filme captou muito bem toda a atmosfera da tragédia do Kursk, não esquecendo de também desenvolver a vida dos marujos, de suas famílias e as perdas que sofreram. Sob o ponto de vista cinematográfico é uma bela obra. Na ótica histórica também não deixa nada a desejar.

Kursk (Bélgica, França, Luxemburgo, 2018) Direção: Thomas Vinterberg / Roteiro: Robert Rodat, baseado no livro "A Time to Die" de Robert Moore / Elenco: Max von Sydow, Colin Firth, Matthias Schoenaerts, Léa Seydoux, Peter Simonischek / Sinopse: O filme resgata a história da tragédia que envolveu o submarino nuclear Kursk em agosto de 2000.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

As Loucas Aventuras de Elvira

Título no Brasil: As Loucas Aventuras de Elvira
Título Original: Elvira's Haunted Hills
Ano de Lançamento: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: New World Pictures
Direção: Sam Irvin
Roteiro: Cassandra Peterson
Elenco: Cassandra Peterson, Sam Irvin, Mary Scheer, Scott Atkinson, Heather Hooper, Mary Jo Smith

Sinopse:
Após mais uma turnê pela Europa Oriental, Elvira (Cassandra Peterson) segue viagem em direção a Paris onde pretende inaugurar um novo show de variedades. Só que as coisas vão de mal a pior e ela fica perdida no meio da estrada ao lado de seu fiel assistente. Por um lance de sorte acaba arranjando uma carona numa antiga carruagem, só que vai parar em um sinistro castelo que pertence a um nobre decadente, pra lá de esquisito! 

Comentários:
Os americanos adoram essa personagem da Elvira! Bom, tem gosto pra tudo nesse mundo. Na verdade a atriz Cassandra Peterson foi bem espertinha! Ela pegou o visual da Vampira, uma antiga atriz de filmes B dos anos 40 e 50 e a modernizou para esses filmes tolinhos que fez nos anos 80. Sem dúvida a moça se deu bem, pois foram vários filmes, cada um fazendo mais sucesso do que o outro, embora esse sucesso, devemos frisar, acontecia mais dentro de um certo nicho de mercado bem restrito, a dos fãs de filmes trash de terror. Os jovens dos anos 80 também gostavam porque afinal de contas a Cassandra Peterson tinha bem o biótipo das pornstars, com seios grandes e maquiagem exagerada. E ela não se poupava em nada para aproveitar esses, digamos, dotes pessoais. No final de tudo, temos esses filmes, com roteiros bem bobinhos, humor pastelão e a senhorita Elvira desfilando toda a sua exuberância sexy e kitsch em cada cena! Só recomendado mesmo para quem gosta!

Pablo Aluísio. 

Nos Domínios do Terror

Título no Brasil: Nos Domínios do Terror
Título Original: Twice-Told Tales
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Sidney Salkow
Roteiro: Robert E. Kent, Nathaniel Hawthorne
Elenco: Vincent Price, Joyce Taylor, Sebastian Cabot, Brett Halsey, Beverly Garland, Richard Denning

Sinopse: 
Trilogia de episódios baseada em contos de Nathaniel Hawthone. "Dr. Heidegger's Experiment" (cientista desenvolve uma fórmula para o rejuvenescimento, mas com consequências assustadoras); "Rappaccini's Daughter" (versão bizarra de "Romeo e Julieta"); "The House of the Seven Gables" (adaptação de um filme que o próprio Vincent Price fez nos anos 40).

Comentários:              
Vincent Price em trilogia de terror baseado na obra de Nathaniel Hawthorne. Esse formato foi muito popular no cinema de terror dos anos 60 e 70. Sempre havia um fio narrador central e contos que iam se desenvolvendo ao longo da projeção do filme. Tão marcante foi essa estrutura que Spielberg tentou repetir o sucesso desse tipo de produção na TV nos anos 80 com a série "Contos Assombrosos". Particularmente acho muito charmoso e nostálgico.  O fio condutor de todos os contos de terror é a presença carismática de Vincent Price. O que acho curioso nele é que apesar de sempre estar presente em filmes de horror por toda a sua longa carreira havia um claro tom de cinismo e até mesmo humor em todas as suas atuações. Na vida real ele era um homem bem culto, colecionador de obras de arte e penso que ele via todos esses filmes com uma certa ironia, um certo humor e isso era passado para o espectador, mesmo que de forma bem implícita, algo sugerido sutilmente. Aqui os produtores seguiram a forma de trazer três contos de terror em um mesmo filme. A questão era simples de explicar. Mesmo que o espectador não viesse a gostar de um dos contos era bastante provável que ele fosse gostar de outro. Assim sairia satisfeito do cinema, de uma maneira ou outra. Um tiro certo!  Bem pragmático não é mesmo? Nos Estados Unidos esse filme foi lançado em DVD duplo junto com outro pequeno clássico de Price, "Tales of Terror". Para quem aprecia os filmes do ator não poderia haver algo melhor. Quem sabe um dia as produtoras nacionais sigam o exemplo. Vamos torcer.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Obrigado a Matar

Calem Ware (Randolph Scott) é um xerife numa pequena cidade do velho oeste. Habitualmente ele tem que lidar com forasteiros, arruaceiros e bêbados em geral. Mas não é só a isso que se resume a vida de um homem da lei naquele ambiente hostil. Por ter um passado de muitos duelos ele também tem que enfrentar a presença de vários pistoleiros que de um jeito ou outro querem acabar com sua fama de rápido no gatilho. “Obrigado a Matar” mostra o cotidiano de um xerife naqueles tempos onde o colt era a única autoridade que realmente era respeitada. O roteiro é excelente e mostra alguns dias na vida desse homem da lei. Sem família, morando numa pensão, muitas vezes sem remuneração adequada, ele tem que diariamente se impor aos valentões que chegam na cidade. Uma das regras que determina é a proibição de usar armas dentro da comunidade. Isso obviamente lhe traz todo tipo de problema com os facínoras que não aceitam ser desarmados. Outro aspecto muito bem retratado no filme é a vida pessoal do xerife. Ele tem um longo relacionamento com uma atriz de teatro, Tally Dickenson (Angela Lansbury), mas sua vida amorosa é prejudicada pela vida que leva. Afinal qual mulher não ficaria apreensiva em se relacionar com um homem que a qualquer momento pode ser alvejado por algum bandido? Não é definitivamente um romance de sonhos. 

Randolph Scott está muito bem em seu papel. Após matar um pistoleiro que o desafia, ele volta para sua delegacia e podemos sentir toda a tensão e stress que passa naquele momento. É um dos personagens mais humanos interpretados pelo ator. Ao contrário de xerifes durões de outros filmes que nada sentem, esse aqui tem crises de consciência após matar mais um criminoso. Em essência é um bom homem, cheio de grandes valores e virtudes que tem que lidar com a escória da sociedade. Outro momento marcante de “Obrigado a Matar” acontece em um saloon, onde Scott é atingido na cabeça por um tiro certeiro. Em determinado momento quase acreditei que assistiria ao primeiro filme de Scott onde o eterno mocinho morreria na cena seguinte! Felizmente em pouco tempo as coisas voltam ao normal. Em suma, “Obrigado a Matar” tenta trazer o lado mais humano desses profissionais que tentaram durante todo o período do velho oeste americano trazer alguma lei e ordem nas cidades onde atuavam. Verdadeiros heróis da colonização do oeste bravio e selvagem que recebem nessa produção uma merecida homenagem.

Obrigado a Matar (A Lawless Street, Estados Unidos, 1955) Direção: Joseph H. Lewis / Roteiro: Kenneth Gamet, Brad Ward / Elenco: Randolph Scott, Angela Lansbury, Warner Anderson / Sinopse: Xerife do velho oeste tenta lidar com uma cidade violenta ao mesmo tempo que decide reviver um grande amor do passado.

Pablo Aluísio.

Chuva de Balas

Depois de chegar de trem à cidade de Soldier Springs, Mike Ryan (Joel McCrea), um agente federal que resolveu mudar de cidade, arranjar um emprego e viver no anonimato, decide pegar a primeira carruagem para a cidade de Bancroft - pequena cidade no Arizona. Mike viaja na companhia da bela Molly Jones (Joan Weldon). No meio da viagem porém, a carruagem é parada e assaltada por dois bandidos. Todos os passageiros são assaltados e Mike, obrigado a entregar seu coldre junto com seu revólver. Todo este panorama de violência seria normal dentro do universo de um filme de faroeste, se o principal assaltante, Velvet Clark - o "mão de veludo" - (Mark Stevens), não fosse um dos cidadãos mais respeitados da pequena Bancroft. Dono de uma ótima reputação e boa condição financeira, Velvet, além de um homem educado, é um bom pianista e jogador de cartas famoso. Ou seja: um sujeito que praticamente ninguém desconfia. Porém, a (boa) vida dupla do "mão de veludo" pode estar com os seus dias contados com a chegada à cidade do experiente agente federal, Mike Ryan.

Chuva de Balas (Gunsight Ridge -1957) que conta com uma direção regular do mediano diretor Frank Lyon, está longe de ser um clássido do gênero western, mas cumpre bem o seu papel, com um bom roteiro e uma ótima fotografia em preto e branco. Além disso tem a velha classe do ótimo Joel McCrea na pele de Mike Ryan. Como curiosidade o longa traz ainda o jovem Jody McCrea, então com 23 anos - filho de Joel - que faz uma pequena participação. Na verdade o filho de McCrea só iria ganhar uma certa fama em meados da década de 60 quando, depois de ganhar um corpanzil com exercícios de musculação, passou a atuar em filmes do tipo "praia dos músculos" que virou febre na época, inclusive com a participação quase onipresente do cantor Frank Avalon em vários desses filmes.

Chuva de Balas (Gunsight Ridge, EUA, 1957) Direção: Francis D. Lyon / Roteiro: Talbot Jennings, Elisabeth Jennings / Elenco: Joel McCrea, Mark Stevens, Joan Weldon / Sinopse: Procurando por uma nova vida um agente federal acaba indo parar numa pequena cidade do Arizona. Após ser assaltado durante a viagem acaba descobrindo que o ladrão é na verdade um rico e influente morador da comunidade para onde pretende se instalar para viver.

Telmo Vilela Jr.

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Tudo Isto e o Céu Também

Título no Brasil: Tudo Isso e o Céu Também
Título Original: All This, and Heaven Too
Ano de Lançamento: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros.
Direção: Anatole Litvak
Roteiro: Casey Robinson, Rachel Field
Elenco: Bette Davis, Charles Boyer, Barbara O’Neil, Jeffrey Lynn, June Lockhart, Virginia Weidler

Sinopse:
No século XIX, Henriette Deluzy-Desportes (Bette Davis) é uma governanta francesa contratada para cuidar dos filhos do Duque de Praslin (Charles Boyer). Gentil e educada, ela conquista a afeição das crianças e desperta a paixão do Duque — o que gera o ciúme devastador de sua esposa, a Duquesa de Praslin (Barbara O’Neil). Quando a duquesa é misteriosamente assassinada, Henriette torna-se o centro de um escândalo que abala a sociedade francesa. O filme acompanha sua luta por dignidade e justiça, além do amor impossível que a marcou para sempre.

Comentários: 
A história desse filme, embora baseada em um romance, se inspirava numa história real de crime e traição ocorrida na França do século XIX. As bases e premissas são reais, com a morte de uma Duquesa, um crime envolvendo o Duque e sua amante, a própria governanta de sua mansão! Uma excelente oportunidade para reunir novamente Bette Davis e Charles Boyer. Eles tinham feito muito sucesso de público e crítica com o filme "Cartas de Amor" e esperavam por um bom roteiro para voltarem a trabalhar juntos. Quando Davis leu a história enviada pelo estúdio nem pensou duas vezes e aceitou interpretar sua personagem marcante. Para ela foi uma nova vitória, exatamente no momento de auge em sua carreira, pois ainda estava colhendo o sucesso de seus filmes anteriores, Jezebel (1938) e Vitória Amarga (1939). A direção ficou a cargo do cineasta europeu Anatole Litvak. Ele recebeu muitos elogios por sua direção refinada e de bom gosto nesse filme. E tudo acabou se traduzindo em mais um sucesso de bilheteria, além de várias indicações ao Oscar, principalmente nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia em Preto e Branco.

Pablo Aluísio. 

A Dama das Camélias

Título no Brasil: A Dama das Camélias
Título Original: Camille
Ano de Produção: 1936
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: George Cukor
Roteiro: Zoe Akins, Frances Marion
Elenco: Greta Garbo, Robert Taylor, Lionel Barrymore, Elizabeth Allan, Jessie Ralph, Henry Daniell

Sinopse:
Filme baseado no romance escrito por Alexandre Dumas. Na história uma cortesã parisiense precisa escolher entre o amor de jovem que a ama ou o interesse de barão insensível que a quer, mesmo quando sua própria saúde começa a falhar.

Comentários:
Greta Garbo foi a maior estrela de cinema de sua época. Ela era de família humilde, havia começado a trabalhar como assistente numa barbearia, mas acabou sendo descoberta por produtores americanos que viram na bela jovem uma aposta de estrelato. Ela acabou fazendo uma série de filmes de sucesso e se tornou a mais popular estrela de cinema do mundo. Curiosamente sua fama a incomodava bastante e ela largou a carreira muito cedo, se tornando uma mulher reclusa e misteriosa até o fim de seus dias, algo que acabou gerando ainda mais interesse do público, a tornando uma diva absoluta. Esse filme aqui é um de seus grandes sucessos comerciais, quando ela já pensava em abandonar o cinema. Baseado em livro do grande Alexandre Dumas, um dos mais consagrados autores da literatura, é uma daquelas obras cinematográficas que conseguiram resistir até mesmo ao teste do tempo.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de outubro de 2025

Os Filmes de Leonardo DiCaprio - Parte 3

A Praia
Um jovem norte-americano, em férias pela Ásia, ouve falar de uma praia maravilhosa, realmente paradisíaca, ainda inexplorada por turistas. Instigado pela lenda ele decide fazer uma viagem até lá e realmente a encontra. Um lugar muito bonito, mas também perigoso, que colocará sua vida em risco. Ainda colhendo os frutos do grande sucesso de Titanic, que havia se tornado o filme de maior bilheteria da história, o ator Leonardo DiCaprio poderia escolher qualquer filme, qualquer super produção de Hollywood naquela época. Só que para surpresa de todo mundo ele acabou optando por esse filme menor, sem grande expressividade. 

Não foi uma boa escolha. O filme realmente apresentava muitos problemas de roteiro e foi arrasado pela crítica em seu lançamento. Havia mesmo uma enorme pressão sobre o Leo e ao que tudo indica ele preferiu mesmo apostar em algo mais modesto. O filme até que não é tão ruim como os críticos falaram, mas temos que reconhecer que de fato é bem esquecível e nada marcante. Tem uma história simples, que até se torna interessante em alguns momentos, mas no geral realmente se torna algo decepcionante para um ator que vinha de um sucesso tão grandioso como Titanic. 

A Praia (The Beach, Estados Unidos, 2000) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Danny Boyle / Roteiro: John Hodge, Alex Garland / Elenco: Leonardo DiCaprio, Tilda Swinton, Daniel York / Sinopse: Jovem norte-americano decide conhecer uma praia exótica, de complicado acesso, no meio selvagem e acaba caindo numa armadilha mortal. 

Gangues de Nova York
Assisti a esse filme no cinema, na época de seu lançamento original. Jamais poderia pensar que a elegante e fina Nova Iorque teria tido um passado tão violento e brutal. O diretor Martin Scorsese sempre foi apaixonado pela cidade e resolveu contar esse período histórico pouco lisonjeiro do lugar, em um tempo onde cada palmo de território era disputado no braço por violentos membros de Gangues. Esteticamente bem realizado, com excelente produção, algo que era mesmo de se esperar de um filme dirigido por Martin Scorsese, esse "Gangs of New York" nunca me agradou muito. Achei o filme sujo e violento em demasia, com pouco espaço para uma melhor dramaturgia. Em poucas palavras? Muita briga para pouca história.

Foi, se não estou enganado, o primeiro filme da parceria entre Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio. Assim o diretor deixava de trabalhar ao lado de Robert De Niro, seu ator preferido e habitual desde os anos 60, para dirigir DiCaprio, um astro de Hollywood, com grande força comercial nas bilheterias. O resultado em meu ponto de vista foi apenas morno. Além disso sempre achei um desperdício contratar um ator brilhante e talentoso como Daniel Day-Lewis para atuar como um mero butcher, um açougueiro irascível e brutal, com facão nas mãos. Sua indicação ao Oscar inclusive foi mais pelo conjunto da obra de sua carreira do que por sua atuação no filme.  

Outro ponto é que Scorsese amenizou bastante o racismo que imperava nas ruas de Nova Iorque na época histórica que o filme retrata. Afinal as gangues eram todas unidas por fatores raciais, de origem, principalmente as que envolviam imigrantes. Bom, de uma forma ou outra, mesmo não sendo um filme que me agradou totalmente, devo dizer que a produção tem seu lugar dentro da rica e inigualável filmografia de Scorsese, um verdadeiro mestre da sétima arte.

Gangues de Nova York (Gangs of New York, Estados Unidos, 2002) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Martin Scorsese, Jay Cocks / Elenco: Leonardo DiCaprio, Cameron Diaz, Daniel Day-Lewis, John C. Reilly, Liam Neeson / Sinopse: A história do filme se passa em 1863 quando o jovem Amsterdam Vallon (Leonardo DiCaprio) chega a Nova Iorque em busca de vingança. Ele quer a cabeça de Bill 'The Butcher' Cutting (Daniel Day-Lewis) que matou seu pai anos antes. Não será algo fácil já que Nova Iorque estava completamente dominada por gangues violentas de rua. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator (Daniel Day-Lewis), Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia (Michael Ballhaus).

Prenda-Me se for Capaz
Qual é a história contada no filme? Frank Abagnale Jr. (Leonardo DiCaprio) resolve se passar por médico, advogado, piloto de avião comercial e tudo mais que conseguir convencer para as pessoas ao seu redor. Para isso usa sua lábia, seu conhecimento básico das profissões que finge exercer e muito carisma. Com apenas 18 anos coleciona uma série de pequenos golpes que acabam lhe trazendo muitos benefícios, inclusive acesso amplo a ambientes que lhe seriam negados caso não inventasse todas as suas lorotas. Após participar de um roubo milionário o FBI resolve seguir seus passos. É justamente isso que faz o agente Carl Hanratty (Tom Hanks) ir em seu encalço. A tentativa de capturá-lo porém não será das mais fáceis.

Esse é um filme leve, divertido, alto astral mesmo que o personagem seja no fundo apenas um estelionatário. Steven Spielberg no fundo não quis fazer um filme sobre um criminoso e seus crimes. Ele na verdade quis explorar o absurdo das situações, sempre com um largo sorriso na face. Funciona? Certamente sim, só que não é dos melhores filmes do diretor. Considero uma obra menor dentro da vasta e importante filmografia de Spielbeg, que alterou várias coisas da história real (sim, o filme é baseado numa história real). O personagem de Tom Hanks, por exemplo, nunca existiu de fato, foi uma criação para ajudar a tocar a história, já que na vida real foram vários agentes diferentes. Já o personagem vivido pelo Di Caprio era um escroque pé de chinelo que o FBI colocou as mãos e depois foi trabalhar com a agência para capturar outros meliantes. Então é isso. Um filme menor do diretor, porém divertido.

Prenda-Me Se For Capaz (Catch Me If You Can, Estados Unidos, 2002) Estúdio: DreamWorks SKG / Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Jeff Nathanson / Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hanks, Christopher Walken, Amy Adams, Martin Sheen / Sinopse: A história real de um criminoso que enganou todo mundo nos Estados Unidos durante os anos 60. Baseado em fatos reais.

O Aviador
Howard Hughes (1905 - 1976) não era um sujeito comum. Filho único de um dos maiores industriais dos Estados Unidos, já nasceu bilionário. Excêntrico ao extremo, cheio de manias, entrou para a história americana por causa de seus projetos ousados e inovadores. Foi o primeiro a visualizar a oportunidade de tornar comercialmente viável uma rota de aviação para transporte regular de passageiros entre Estados Unidos e Europa. Investiu em filmes na era de ouro de Hollywood, criando sob sua produção alguns clássicos imortais da sétima arte. Além disso foi figura de ponta em suas indústrias pois amava tecnologia e investiu pesadamente na área criando nesse processo uma série de invenções que até hoje fazem parte do dia a dia de milhares de pessoas mundo afora. 

Era aventureiro e revolucionário mas em segredo escondia vários problemas mentais que foram minando o homem ao longo dos anos. Com uma história tão rica não faltaria assunto certamente para contar sua biografia no cinema. O diretor Martin Scorsese há muitos anos queria mostrar a vida de Howard Hughes nas telas e conseguiu após receber um excelente roteiro feito sob encomenda escrito por John Logan. O texto era enxuto e se focava nos aspectos mais interessante da vida de Hughes, exatamente o que Scorsese buscava há muitos anos.

Para surpresa de muitos o diretor acabou escalando para o papel principal o ator Leonardo DiCaprio. Certamente ele não era parecido com Howard Hughes mas demonstrou ter tanta paixão pelo material e pelo roteiro que Scorsese simplesmente não conseguiu recusá-lo. Decisão acertada pois Leonardo demonstra muita sensibilidade para interpretar o famoso industrial. Fugindo de armadilhas fáceis que poderia cair por interpretar uma pessoa com problemas mentais, ele optou por uma atuação no tom correto, respeitosa e que nunca cai na caricatura. Embora excelente o ator foi completamente ignorado pelo Oscar que resolveu premiar sua partner em cena, a talentosa Cate Blanchett que aqui interpreta a grande Katherine Hepburn, um mito do cinema que era amiga pessoal de Hughes. Por falar em Oscar o filme teve várias indicações mas fora o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante dado a Blanchett, tudo o que conseguiu vencer foram Oscars técnicos (Edição, Direção de Arte, Figurino e Fotografia). Em minha opinião merecia mais. Uma produção que consiga captar tão bem a essência de uma pessoa tão complexa como Hughes merecia bem mais.

O Aviador (The Aviator, Estados Unidos, 2004) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: John Logan / Elenco: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, Jude Law / Sinopse: Cinebiografia do industrial Howard Hughes, um homem à frente de seu tempo que tinha que lidar não apenas com os desafios de sua posição mas também com um terrível problema mental que o afligia.

Os Infiltrados
Na violenta Boston há uma guerra surda entre o departamento de polícia local e os membros de uma gangue de traficantes de drogas de origem irlandesa! Para descobrir o que se passa no mundo do crime os policiais infiltram um de seus homens entre os criminosos. Curiosamente ao mesmo tempo a gangue também resolve implantar um de seus homens dentre os tiras. Está formada a guerra de informações.

É um dos filmes que menos gosto de Martin Scorsese. Olhando para produções como esse noto um certo desvirtuamento no estilo do cineasta. Ao longo dos anos ele foi ficando cada vez mais intenso, para não dizer exagerado. Nesse processo perdeu grande parte de sua classe. O elenco é fenomenal, com destaque para a presença de Jack Nicholson, mas no geral o filme não conseguiu funcionar plenamente, pelo menos em minha forma de ver. Há um uso excessivo de cenas violentas e algumas de extremo mau gosto que me fazem questionar o que estaria se passando na cabeça do velho Scorsese. Claro que nada disso fará grande diferença pois "The Departed" foi sucesso de crítica e público. 

É mais um fruto da parceria do diretor com o ator Leonardo DiCaprio que, coitado, segue sua sina de ir atrás do Oscar de todas as formas sem conseguir nada. Nesse aqui as coisas foram ainda piores, o agente de Leo fez grande promoção para o ator na Academia - o que de fato era merecido pois ele está bem no filme - mas ele sequer conseguiu ser indicado! Até o velho Jack foi esquecido - provavelmente por causa da pouca participação de seu personagem na trama em geral. Ao invés disso os membros da Academia resolveram premiar o medíocre Mark Wahlberg com uma indicação de Melhor Ator Coadjuvante. Sinceramente? Sua indicação me pareceu ser uma piadinha de humor negro dos membros votantes do Oscar...

Os Infiltrados (The Departed, Estados Unidos, 2006) Estúdio: Warner Bros / Direção: Martin Scorsese / Roteiro: William Monahan, Alan Mak / Elenco: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Mark Wahlberg, Martin Sheen, Vera Farmiga, Alec Baldwin / Sinopse: A violência explode no submundo do crime em uma grande cidade dos Estados Unidos. Filme vencedor do Oscar de Melhor Filme, Roteiro Adaptado, Edição e Direção. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de outubro de 2025

Sob Pressão

Título no Brasil: Sob Pressão
Título Original: Bad Day on the Block
Ano de Lançamento: 1997 
País: Estados Unidos 
Estúdio: Largo Entertainment 
Direção: Craig R. Baxley 
Roteiro: Betsy Giffen Nowrasteh 
Elenco: Charlie Sheen, Mare Winningham, David Andrews, John Ratzenberger, Dawnn Lewis, Noah Fleiss 

Sinopse:
Lyle Wilder, um bombeiro respeitado em Los Angeles, é celebrado como herói por um ato de bravura, mas por trás de sua reputação existe um homem instável. Quando sua esposa e filho o deixam por causa de seu comportamento agressivo, Lyle acha que seus vizinhos são responsáveis pela partida da família. Ele entra numa espiral de paranoia e vingança, começando a atormentar o casal ao lado e situações ainda mais extremas ocorrem quando sua fúria se intensifica. A polícia, confiando em sua imagem pública, reluta em acreditar nas acusações dos vizinhos, deixando-os desprotegidos diante do comportamento ameaçador de Wilder.

Comentários: 
Um bombeiro condecorado é abandonado pela esposa e pelo filho por causa de suas tendências violentas, incluindo jogar roleta-russa com a esposa. O único problema é que ele acredita que o casal de vizinhos e seus dois filhos são os culpados pela partida, enchendo a cabeça da esposa com bobagens. Ele então decide punir a família por suas falhas. Mas quando o casal o denuncia à polícia, a polícia não acredita no casal por causa do status do bombeiro na comunidade. A situação se agrava até que ele mata um técnico, depois a polícia e, finalmente, lança um ataque totalmente terrorista contra a família, incluindo novamente jogar roleta-russa com eles. Um filme até interessante, mas que foi prejudicado pelo próprio ator. Nessa época Charlie Sheen já vivia ele mesmo uma vida de muitas drogas e prostituição. A carreira já estava praticamente decadente! É incrível como ele destruiu tudo em tão pouco tempo! 

Pablo Aluísio.