sábado, 1 de junho de 2024

Os Segredos dos Neandertais

Título no Brasil: Os Segredos dos Neandertais
Título Original: Secrets of the Neanderthals
Ano de Lançamento: 2024
País: Reino Unido
Estúdio: Rosa Productions
Direção: Ashley Gething
Roteiro: Ashley Gething
Elenco: Gabriel Andreu, Graeme Barker, Caroline Colomei

Sinopse:
Documentário da Netflix mostrando as últimas descobertas da aequeologia sobre o chamado Homem de Neandertal que teria surgindo há mais ou menos 400 mil anos, sendo extinto há 30 mil anos na Europa. Um vasto leque de interessantes descobertas da ciência sobre esse parente do homem moderno. 

Comentários:
Muito bom esse documentário. O Homem de Neandertal é uma das espécies de primatas mais estudados pela ciência. Ele foi extinto há relativamente poucos milênios (em termos de história) e deixou diversos sítios arqueológicos para estudo. Nesse documentário descobrimos que esse homem das cavernas já realizava certos rituais em relação aos seus mortos. Isso pode ser um indicio de sentimento religioso, surgindo daí as religiões. Outro aspecto interessante é que os pesquisadores fizeram uma reconstrução facil de uma mulher que teria vivido em uma das cavernas escavadas. Embora não fossem homens modernos (o Homo Sapiens, que somos nós) ao olharmos para essa face não podemos ignorar o sentimento de estarmos olhando para nós mesmos! Aquilo que conhecemos como humanidade já estava presente nesses seres, nosso parentes, que deixaram de existir.  

Pablo Aluísio.

Na França com Madonna

Título no Brasil: Na França com Madonna
Título Original: In France With Madonna
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos, França
Estúdio: France Inc.
Direção: Julie Lazare
Roteiro:  Julie Lazare
Elenco: Madonna, Louis Mercer, Julie Lazare

Sinopse:
Documentário musical que mostra as influências e a aproximação da cultura francesa no jeito de se vestir e cantar da famosa artista norte-americana. O especial mostra os estreito laço cultural que liga a França com Madonna durante toda a sua carreira. 

Comentários:
Achei muito interessante esse documentário. Muitas das coisas reveladas aqui eu não conhecia. Desde os primeiros anos de sua carreira a jovem Madonna sempre teve essa ligação com a cultura francesa. Na verdade seu primeiro plano no mundo das artes era se tonar uma dançarina. E ela começou tudo isso em Nova Iorque e depois Paris. Depois conforme as coisas foram acontecendo ela então optou pela carreira de cantora, mas sem nunca deixar o mundo da dança para trás. Basta ver seus shows para entender bem isso. E também descobrimos que por trás de tudo que conhecemos na jovem Madonna, desde as roupas, maquiagem e cabelos, havia uma equipe de talentosos artistas franceses. É mais do que uma opção cultural, é amor mesmo entre Madonna e a bela cultura francesa. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 31 de maio de 2024

Atlas

Título no Brasil: Atlas
Título Original: Atlas
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: ASAP Entertainment
Direção: Brad Peyton
Roteiro: Leo Sardarian, Aron Eli Coleite
Elenco: Jennifer Lopez, Simu Liu, Sterling K. Brown

Sinopse:
Quando criança, Atlas Shepherd (Lopez) mexeu na programação do robô doméstico de sua casa. Isso acabou gerando uma máquina que começou a pensar por si mesma, avaliando que a humanidade deveria ser destruída. Anos depois, agora adulta, Atlas precisa deter o avanço de um plano de robôs rebelados que estão mesmo dispostos a destruir cada ser humano na face do planeta Terra. 

Comentários:
O filme foi massacrado pelos críticos. Um exagero! Percebi que os críticos mais velhos ficaram extremamente furiosos porque o novo Mad Max fracassou nos cinemas e esse novo filme Atlas fez sucesso. Uma espécie de ressentimento e revanchismo. Ficaram ofendidos! Não tem nada a ver. Cada filme deve ser analisado por si mesmo. Atlas não quer revolucionar nada, nem ser um filme que discute questões existenciais sobre Inteligência Artificial. É apenas um filme pipoca, feito para a pura diversão. É um filme de robôs gigantes de guerra enfrentando robôs rebeldes e revolucionários por causa da IA. Nada mais do que isso. E olhando sob esse ponto de vista digo que gostei do que assisti. É bem produzido, tem ótimos efeitos especiais e de computação gráfica e sua história simples funciona muito bem. Se a geração mais jovem não conhece Mad Max e nem está interessada em conhecer é outra coisa. Atlas agradou justamente por ser mera diversão. Nesse aspecto está de bom tamanho. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Vestígios do Dia

Vestígios do Dia
Revi esse excelente filme de James Ivory. O filme continua maravilhoso a cada releitura. Na verdade o tema principal não é apenas a fleuma e o mundo das grandes propriedades vitorianas de uma Inglaterra prestes a embarcar nos horrores da Segunda Guerra Mundial. Tudo isso é um pano de fundo ricamente ilustrado, porém não o tema central do filme. 

Na verdade o cerne de seu argumento vem da impossibilidade de um homem, no caso o mordomo Mr. Stevens (brilhantemente interpretado por Anthony Hopkins), de assumir suas emoções e de expressá-las. Criado para ser um profissional de extrema educação e gentileza, quase a um ponto obsessivo, ele não consegue mais sair do papel, nem mesmo para assumir um relacionamento com a governanta Miss Kenton (Emma Thompson) que também está apaixonada por ele. Assim temos o melhor filme sobre amor não concretizado da história do cinema (e isso definitivamente não é algo irrelevante).

Além desse aspecto emocional principal temos também um subtexto bem interessante. O mordomo de Hopkins trabalha para um Lord prestes a cair em desgraça no Reino justamente por tentar a todo custo construir uma aliança com os nazistas. O filme explora bem isso com suas duas linhas narrativas. Na primeira vemos Stevens no auge da casa onde trabalha, com a chegada de importantes políticos e chefes de Estado. A casa resplandece de brilho e glamour. Já na segunda linha encontramos tudo mudando, a aristocrata casa sendo colocada em leilão e o velho mordomo em viagem de reencontro ao seu passado (algo que novamente não trará frutos satisfatórios).

Tudo acaba caindo nas mãos de um americano, em bom momento de Christopher Reeve no cinema. Ele obviamente tem um outro modo de ver o mundo e de agir, fugindo completamente dos rígidos padrões britânicos de educação e estilo. Isso claro vai contrastar completamente com Mr. Stevens e sua refinada classe. Enfim, são muitos subtextos enriquecedores. Assim "Vestígios do Dia" continua sendo uma obra prima da sutileza, das frases não ditas e dos sentimentos não expressados. Um filme realmente emocionante ao seu próprio modo.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 29 de maio de 2024

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 3

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 3
Esse álbum dos Beatles levou muito tempo para ficar pronto. Eles levaram praticamente seis meses para completar o disco. Não que os Beatles tivessem ficado todo esse tempo dentro do estúdio gravando as canções. Pelo contrário. Eles tiveram que cumprir tantos compromissos que ficou complicado para eles terminarem o álbum. Só para se ter uma ideia eles tiveram que interromper as gravações para sua primeira turnê americana, a mesma que deu origem à Beatlemania nos Estados Unidos e no mundo.

E a correria foi tão grande que quando as filmagens de seu primeiro filme terminaram eles não tinham sequer gravado a música título do disco, a canção "A Hard Day's Night". Por essa razão não existe nenhum cena no filme mostrando os Beatles tocando essa música. Eles simplesmente não tinham gravado a faixa durante as filmagens. Só depois de pronta é que os editores a colocaram no filme, mas apenas nos créditos iniciais. Uma loucura incrível. E como todos sabemos a música também foi composta meio às pressas, em quartos de hotel das turnês. Quem deu a dica foi Ringo, exausto de tantos compromissos. Ele apenas fez um trocadilho espirituoso em cima da maneira de falar e pensar de John Lennon. Deu certo.

"You Can't Do That" também foi gravada na pressa. A EMI queria lançar um single o mais rapidamente possível. Já que o disco não conseguia ficar pronto era necessário colocar alguma coisa nova no mercado para faturar em cima da imensa popularidade dos Beatles. Assim eles se reuniram de forma urgente dentro da EMI e gravaram essa música que seria colocada como Lado B de  "Can't Buy Me Love". Como se pode perceber a pressão em cima do grupo era grande, principalmente por parte da gravadora. Eles tinham que compor e gravar em ritmo quase industrial. Manter o pique para tantas solicitações de material era complicado.

Quando chegou em junho de 1964 o filme estava praticamente pronto, mas o disco ainda não. Os Beatles precisavam gravar ainda cinco ou seis faixas para o lado B do disco. John e Paul tinham decidido não colocar nenhum cover no álbum, mas apenas composições próprias. Então eles correram para criar um lado inteiro para o que seria a trilha sonora do filme. "Things We Said Today" foi composta dentro dos estúdios da BBC, onde os Beatles tinham seu próprio programa musical, onde tocavam e conversavam com os ouvintes e o DJ. Enquanto estavam esperando sua vez de entrar, eles apressadamente fizeram a música. Depois foi uma questão de tempo para finalizá-la em Abbey Road, poucos dias depois.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 28 de maio de 2024

Clint Eastwood e o Western - Parte 4

Clint Eastwood e o Western - Parte 4
Depois do grande sucesso de seus filmes de faroeste rodados na Itália, Clint Eastwood voltou para a Califórnia. Ele tinha alguns planos, o mais ambicioso deles era criar sua própria companhia de filmes. Conversando com um amigo mexicano ele foi aconselhado a não fazer isso. O sujeito lhe disse que ele iria à falência em pouco tempo e que iria ficar mal, cheio de dívidas. Em sua língua espanhola ele falou para Clint que aquele era um mal paso (um mal passo) que ele iria dar em sua vida. 

Clint aproveitou a situação para dar o nome para sua empresa. Como forma de piada a chamou de Malpaso Productions, usando da mesma expressão que seu "amigo" havia dito em sua conversa. Clint então alugou um pequeno escritório e contratou uma secretária que no final das contas iria trabalhar com ele por décadas e décadas. Era o ano de 1967 e Clint tinha grandes ambições pela frente. 

A ideia de Clint era relativamente simples. Usando de sua fama conquistada no cinema europeu, ele iria aos grandes estúdios de Hollywood pedir um financiamento para a produção de seus próprios filmes. Iria dirigir, escrever os roteiros e produzir seus filmes. Depois com o filme pronto ele iria dar para o estúdio distribuir nos cinemas. Depois de alcançar o custo da produção, recuperando o investimento, o estúdio iria lhe repassar o lucro do filme, dividido meio a meio. 

Naquele tempo isso parecia ser ousado demais, entretanto o tempo iria demonstrar que era uma excelente forma para Clint fazer os filmes que queria, o tornando além disso um homem muito rico, dono dos direitos autorais de seus próprios filmes, uma maneira de fazer cinema que iria acompanhar toda a sua trajetória em Hollywood. Ele obviamente ainda iria fazer muitos filmes de faroeste, mas não queria se resumir a esse gênero. Queria fazer todos os tipos de filmes. E acabou assim se tornando uma verdadeira lenda na indústria cinematográfica. 

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 27 de maio de 2024

As Cartas de Grace Kelly - Parte 10

As Cartas de Grace Kelly - Parte 10
Grace estava empolgada para filmar seu novo filme, a aventura "Mogambo" que seria filmado no Quênia, na África. Ela estava mais curiosa do que qualquer outra coisa. Nunca tinha ido no continente africano e achava tudo muito exótico e selvagem. Mas assim que chegou nas locações no Hell's Gate National Park percebeu que não seria algo fácil. O calor era sufocante! Os mosquitos comiam vivos os membros da equipe e elenco, inclusive ela! O diretor John Ford era um tipo durão, que falava com muita rudeza com seus atores e atrizes. A muito educada Grace Kelly não gostou do jeito dele, apesar de ser um dos grandes diretores de Hollywood. 

O filme contava ainda com Ava Gardner e Clark Gable. Grace gostou logo de cara de Ava, mas não gostou de Gable. Ele era um daqueles galãs da velha Hollywood e como tal vivia dando em cima das atrizes e qualquer mulher que se aproximasse dele. Parecia que havia uma obrigação em sua mente, de que deveria conquistar cada mulher que conhecia. Grace não gostava dele, achava o ídolo de Hollywood um grande canastrão e fazia chacota de seus avanços em relação a ela. 

Pior do que isso, Grace descobriu que o grande galã de Hollywood era banguela e que usava uma dentadura! Para ela aquele era o fim. Ela tinha má vontade até mesmo de ficar perto dele. Para complicar o que já era complicado o filme logo estourou o orçamento, as filmagens eram complicadas por causa da mudança da luz solar e do clima tropical. Foram tantos os problemas enfrentados que os estúdios de Hollywood iriam desistir de filmar no continente africano nos anos seguintes. Era mais rápido e fácil filmar tudo dentro dos grandes estúdios em Hollywood. 

Então a direção da MGM mandou a equipe voltar da África. O resto das cenas seriam filmadas nos estúdios da companhia em Los Angeles. Para Grace Kelly foi um alívio pois ela não estava mais suportando o calor, as picadas de mosquitos, os animais selvagens, etc. Assim que as filmagens terminaram ela voou para Nova Iorque e se hospedou no melhor hotel da cidade. Queria descansar no luxo! Afinal ela era uma estrela de Hollywood. Filmar na África nunca mais estaria na sua agenda de trabalho. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 26 de maio de 2024

A Paixão do Imperador Adriano

Vários imperadores romanos foram homossexuais. Essa era uma tradição que vinha desde Júlio César cujas inscrições pelas ruas de Roma diziam: "César, homem de muitas mulheres, mulher de muitos homens". Fazia parte do jogo político ter relações homossexuais com figuras importantes para subir na carreira política. O imperador Adriano porém se notabilizou por ter elevado a homossexualidade ao sagrado divino. Ele subiu ao poder após a morte de Trajano, um imperador nascido fora de Roma. Adriano também era natural da província da Hispânia (atual Espanha) e para muitos romanos não passava de um estrangeiro dentro do próprio Império. Segundo várias fontes Adriano teria conspirado com a própria mulher de Trajano para se tornar imperador. Uma vez entronado no poder supremo começou a perseguir violentamente todos aqueles que pudessem simbolizar uma ameaça ao seu poder.

Embora fosse casado com uma importante mulher romana, Adriano gostava mesmo da companhia de jovens rapazes. Ele foi um homossexual praticamente assumido o que causava escândalo em certos setores da sociedade romana. A questão era que Adriano amava a arte grega, sua literatura e seu modo de vida. Naquela época o homossexualismo era extremamente difundido entre os gregos e ser gay era praticamente um pré requisito para ser um verdadeiro grego. Com o poder em mãos Adriano se jogou numa vida de pura luxúria homossexual. Viajou praticamente durante todo o seu período como imperador, ficando pouco tempo na capital do império, Roma. Durante essas viagens Adriano se entregou a todos os tipos de prazeres pervertidos. Centenas de jovens bonitos, todos menores de idade, foram para a cama com ele. Sim, além de ser homossexual, Adriano também era pedófilo, como havia sido Tibério antes dele.

Um desses meninos porém virou a cabeça do imperador. Ele se chamava Antínuos e era considerado um dos jovens mais bonitos da Grécia antiga. Adriano se apaixonou completamente pelo rapazola. Mandou que os principais poetas romanos lhe escrevessem longos poemas de amor e passou a exibir ostensivamente sua paixão por onde passava. Seu romance porém foi breve. Durante uma viagem pelo Egito Antínuos sofreu um acidente, caindo do navio imperial, se afogando nas águas barrentas do Rio Nilo. A morte de seu amado abalou profundamente o Imperador que inconsolável resolveu que todos os habitantes do império romano deveriam tratar seu jovem namorado como a um verdadeiro Deus dali para frente. Inaugurou estátuas sagradas em honra a Antínuos, mandou construir templos em sua honra e assumiu de maneira completamente pública seu grande amor homossexual pelo jovem (que segundo fontes não teria nem ao menos 17 anos de idade ao morrer). Pela primeira vez na história um Imperador romano era ostensivamente homossexual e pedófilo, para todos verem.

Duas religiões porém se negaram a aceitar Antínuos como um Deus! A primeira foi o Judaísmo. Era impossível para um judeu aceitar um rapaz como aquele, homossexual e pederasta, como uma divindade que estivesse no mesmo patamar que seu amado Deus único! Adriano ficou possesso com isso e mandou seus exércitos praticamente destruírem Jerusalém. A guerra que se iniciou foi uma das mais violentas da história culminando com a destruição de vários templos judaicos, profanações de seus lugares sagrados, crucificações em massa e morte. Adriano praticamente destruiu a cidade, expulsou os judeus sobreviventes e mudou o nome de Jerusalém para Élia Capitolina. O culto ao Deus dos judeus foi proibido. Orações só poderiam ser feitas agora para seu jovem namorado falecido. Para completar e mostrar força mandou destruir um importante templo judeu, erguendo em seu lugar um recinto religioso dedicado a orações para Zeus e seu amante juvenil, Antínuos.

Outra religião nascente que também trouxe muitas resistências a Adriano foi o Cristianismo. Seus seguidores acreditavam que Jesus era o Messias enviado por Deus. Crucificado por Roma ele teria ressuscitado do mundo dos mortos para a salvação da humanidade. Havia uma forte moralidade dentro do cristianismo que combatia de forma veemente o homossexualismo que Adriano tanto tentava propagar no império. Bastou isso para que o imperador ordenasse inúmeras perseguições a líderes cristãos. Qualquer um que fosse reconhecido como membro dessa seita religiosa deveria ser crucificado ou jogado aos leões nas arenas romanas. Quando Adriano soube que o tal Jesus Judeu havia sido crucificado no lugar chamado de Gólgota ordenou imediatamente que no mesmo lugar fosse erguido em templo em honra a Afrodite, a Deusa do Amor e do Erotismo. Adriano também mandou editar leis que ordenavam a prisão de qualquer religioso que se levantasse contra os seus padrões de comportamento. Bastava a citação de que o homossexualismo seria um pecado mortal para que o insurgente fosse condenado às mais duras penas do Império Romano.

Após a morte do imperador o culto ao novo deus Antínuos foi desaparecendo do Império. Os próprios imperadores que o sucederam chegaram na conclusão que era um absurdo transformar um jovem rapaz homossexual, amante de Adriano, em uma divindade. Muitos inclusive alegaram que fatos assim só serviam para destruir ainda mais a religião pagã e politeísta do antigo Império. Com isso Antínuos foi paulatinamente desaparecendo dos grandes templos, caindo rapidamente em esquecimento. Enquanto isso o Cristianismo baseado na vida daquele pobre homem morto em Jerusalém foi ganhando cada vez mais adeptos até se tornar a maior religião do mundo em todos os tempos.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de maio de 2024

Elvis Presley - Elvis Country - Parte 1

Elvis Presley - Elvis Country - Parte 1
A primeira vez que ouvi "Snowbird" eu pensei se tratar de alguma música de trilha sonora lá por volta de 1968, 1969, por aí. Realmente essa canção ficaria completamente dentro do contexto musical das outras que Elvis havia gravado para filmes de Hollywood nessa época. É uma música bem pueril, diria até bucólica, ideal para aquele momento em que o movimento hippie tomava conta das ruas da Califórnia. Sem dúvida era uma faixa para dialogar com esse tipo de público. Um cabeludo qualquer de San Francisco naqueles anos iria curtir essa canção com absoluta certeza! 

Só que ao invés de ser uma música de Hollywood, ela era na verdade mais uma gravação da chamada Maratona de Nashville. Essa foi uma longa sessão realizada por Elvis em 1970 nos estúdios da RCA Victor na conhecida capital da música country. Elvis gravou tantas músicas que elas iriam dar origem a diversos álbuns do cantor naqueles anos, entre eles esse "Elvis Country" que como o título já deixava bem óbvio, era formado apenas por músicas desse estilo, algo que estava começando a predominar no repertório de Elvis. 

E de todas esas faixas a mais caipira era "Little Cabin on the Hill" que sem a menor sombra de dúvidas foi escrita para um público bem Hillbilly. Uma ironia que um artista que se tornou mundialmente conhecido pelo mais urbano de todos os gêneros musicais, o Rock, tinha também esse lado rural bem acentuado. Claro que Elvis nunca foi um caipira vivendo nas montanhas, mas esse tipo de sentimento muitas vezes falava fundo em seu coração. Então o tema não era apenas conhecido dele, mas se mostrava também muito familiar, por suas próprias origens lá na pequenina e caipira cidade sulista de Tupelo na década de 1930. 

"Tomorrow Never Comes" era mais pretensiosa e diria até mesmo épica. Aquele tipo de música que começa um tanto intimista, mas que vai crescendo a cada nota musical, até finalmente chegar em um clímax de pura apoteose. Foi justamente esse tipo de estrutura melódica que atraiu Elvis que estava decidido a mostra todo o seu poderio vocal nos anos 70. Ele queria não apenas ser conhecido por suas canções de rock e pop, mas também ter o devido reconhecimento como um dos grandes cantores da cultura norte-americana. No final ele estava certo. Os anos iriam trazer esse reconhecimento para ele. 

Pablo Aluísio. 

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 2

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 2
Os Beatles gravaram esse álbum no meio de uma correria sem fim. Eles tinham turnês para fazer, cenas para filmar e além de tudo encontrar tempo para gravar as canções do disco que futuramente seria a trilha sonora original. E mais curioso de tudo é que todas as músicas seriam compostas pela dupla Lennon e McCartney. Mesmo que ainda fossem jovens eles já sabiam do valor de seu trabalho musical e por isso determinaram que não haveria músicas de outros nesse álbum.

E no meio de toda essa agitação eles ainda tinham fôlego para compor belas baladas como "I Should Have Known Better". Essa música seria usada como faixa 2 do lado A do disco original britânico, ou seja, os Beatles colocavam fé na música. Acertaram bem no alvo pois a música se tornou um hit, um sucesso instantâneo do grupo assim que chegou nas rádios inglesas e americanas. O tema era de arrependimento, porém obviamente numa levada mais juvenil, adolescente, afinal esse era o público dos Beatles na época. Jovens não pensam muito bem em seus atos, são impulsivos, mas era melhor pensar um pouco melhor antes de fazer alguma bobagem. Esse era o tema da música.

Embora George Harrison não tenha composto nenhuma música para esse disco, John Lennon o escalou para cantar a bucólica "I'm Happy Just to Dance with You". Tema simples, bem romântico, ideal para bailinhos, onde o sujeito apaixonado ficava feliz apenas por dançar com a garota que amava. A voz de George e sua conhecida timidez que lhe valeu o apelido de "O Beatle quieto" combinou bem com a letra e a melodia. Os Beatles porém pouco trabalharam em cima dessa canção, se tornando apenas um bom complemento para o disco de uma forma em geral.

E fechando o lado A do disco original britânico surgia a boa faixa "Tell Me Why" onde o destaque vinha dos vocais dos Beatles. Todo mundo cantando junto em Abbey Road. Imagine um casal de adolescentes em crise. Ele quer saber porque o relacionamento vai tão ruim, por que ela o trata tão mal. Afinal o que ele fez? Um tema ideal para as fãs que gritavam pelos Beatles na época, ou melhor dizendo, para os fãs, uma vez que a letra vinha em primeira pessoa, de um namorado perplexo pelo que vinha acontecendo nos últimos dias. Pelo visto o pobre coitado acabou mesmo sem respostas...

Pablo Aluísio.