Algumas considerações sobre o filme "Minha Doce Gueixa" que assisti nesses dias. Queria chamar atenção sobre alguns aspectos curiosos da produção. Já escrevi uma resenha, mas alguns detalhes a mais merecem menção. O que mais chama atenção, é óbvio, é a maquiagem maravilhosa que foi feita em Shirley MacLaine. Ela ficou mesmo parecendo uma perfeita japonesa tradicional. Não diria que seria irreconhecível pelo próprio marido, como o roteiro propõe, mas seguramente enganaria muita gente. Perfeita a caracterização. Talvez pela transformação impressionante a Shirley MacLaine acabou sendo capa da revista Time, o que trouxe uma grande publicidade extra para o filme. Foi a primeira e única vez que a atriz teve esse privilégio.
Outro fato curioso acontece quando é mostrado um escritório do suposto estúdio cinematográfico que está produzindo uma nova versão de "Madame Butterfly" Lá atrás de uma caricatura de executivo de cinema - dando gritos e ordens histéricas para todo mundo - surgem posters de filmes de sucesso da Paramount na época. Entre eles um de "Saudades de um Pracinha", o filme da volta de Elvis Presley aos Estados Unidos, quando ele interpretou um soldado americano se apaixonando na noite alemã, onde cantava no palco de um nightclub de Frankfurt. Foi bem curioso ver como a Paramount aproveitava seus filmes para se auto promover. Afinal cinema é um grande negócio. Metalinguagem em prol de publicidade grátis e fácil.
O filme também teve sua trilha sonora lançada, algo que não era comum na época. Afinal "My Geisha" não era propriamente um musical, mas sim uma comédia romântica com leves toques sutis de melodrama. A RCA Victor porém resolveu apostar lançando um álbum com a música do filme, incluindo aí algumas árias que foram dubladas por Shirley MacLaine.
Pelo visto a RCA estava animada com o lançamento das trilhas sonoras de Elvis Presley e tentou repetir o mesmo sucesso, mas sem obviamente o mesmo êxito comercial, afinal de contas Shirley MacLaine não era cantora e tampouco a música oriental fazia sucesso nas lojas de discos dos Estados Unidos. De uma forma ou outra o LP original hoje é uma raridade, cobiçado pelos colecionadores de vinil ao redor do mundo. Nada mal para um álbum que quase nem existiu.
Pablo Aluísio.