domingo, 7 de agosto de 2022

Minions 2

Título no Brasil: Minions 2 - A Origem de Gru
Título Original: Minions - The Rise of Gru
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Kyle Balda, Brad Ableson, Jonathan del Val
Roteiro: Matthew Fogel, Brian Lynch
Elenco: Steve Carell, Pierre Coffin, Alan Arkin, Julie Andrews, Jean-Claude Van Damme, Dolph Lundgren, Danny Trejo

Sinopse:
O sonho do garotinho Gru é de se tornar algum dia um grande vilão e ele percebe que sua hora chegou ao ser convidado para fazer um teste como novo integrante de um sexteto de vilões, só que a coisa toda da errado quando ele rouba um amuleto especial e passa a ser seguido por esses mesmos vilões!

Comentários:
O mundo da animação vai muito bem, obrigado. Veja o caso desse novo filme dos Minions. Tudo começou com a animação "Meu Malvado Favorito" e desde então vários filmes foram lançados. Muitos achavam que essa franquia estava esgotada. Ledo engano. Esse filme foi um tremendo sucesso de bilheteria esse ano, já tendo faturado mais de 700 milhões de dólares mundo afora. É muita grana mesmo, realmente de impressionar. E isso sem contar o quanto vão ganhar com a venda de brinquedos, licenças de produtos e tudo mais. Os Minions se tornaram uma máquina de fazer dinheiro, tornando multimilionários os seus criadores! Em termos artísticos o que eu achei interessante foi que a história se passa nos anos 1970, dando oportunidade para o roteiro tirar uma onda com a época, com as roupas, com o estilo daqueles tempos da discoteca. Diante disso, a trilha sonora se destaca, trazendo de volta músicas antigas que vão ser referência para os pais que vão levar suas crianças ao cinema. No geral temos aqui uma diversão muito boa, que a criançada certamente vai adorar.

Pablo Aluísio.

Men

Título no Brasil: Men
Título Original: Men
Ano de Lançamento: 2022
País: Reino Unido
Estúdio: DNA Films
Direção: Alex Garland
Roteiro: Alex Garland
Elenco: Jessie Buckley, Rory Kinnear, Paapa Essiedu, Gayle Rankin, Sarah Twomey, Zak Rothera-Oxley

Sinopse:
Após a morte trágica de seu marido que cometeu suicídio, uma jovem viúva decide alugar uma casa isolada no campo do interior da Inglaterra. Uma vez lá, começa a perceber que está sendo observada por tipos estranhos, figuras completamente bizarras.

Comentários:
Esse é um novo filme de terror inglês recentemente lançado. Aliás uma primeira observação seria sobre sua classificação, uma vez que não é um terror convencional, seria melhor defini-lo como um filme de suspense psicológico. A protagonista tenta superar um trauma após a morte do seu marido que se suicidou. No vilarejo de campo ela encontra pessoas estranhas, os tais homens do título original inglês. São tipos variados de pura esquisitice, como um padre que tortura psicologicamente quem lhe pede conselhos e um zelador que por trás de um sorriso amigável esconde algo sinistro. E o que dizer do homem nu que insiste em invadir seu jardim? O que mais vai chocar as pessoas no filme é o final dessa história. Uma cena praticamente irracional e escatológica. O que essa cena final significa? Em meu ponto de vista ela traz o verdadeiro renascimento psicológico da personagem principal, algo muito visceral, o que para muitas pessoas vai soar de muito mau gosto.  Esse no final das contas se revela ser um filme bem interessante, justamente por fugir de convencional. A estranheza também tem seu valor.

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de agosto de 2022

Agente Oculto

Título no Brasil: Agente Oculto
Título Original: The Gray Man
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Anthony Russo, Joe Russo
Roteiro: Joe Russo, Chistopher Marcus
Elenco: Ryan Gosling, Chris Evans, Ana de Armas, Billy Bob Thornton, Jessica Henwick, Alfre Woodard

Sinopse:
A CIA retira da prisão um assassino condenado para atuar em missões não oficiais, para fazer o serviço sujo que seus agentes não podem realizar. Quando isso foge de controle é hora de eliminar o tal agente oculto antes que ele cause mais problemas. Apenas os mais fortes vão sobreviver.

Comentários:
No marketing de lançamento desse filme se promoveu que ele seria a mais cara produção da história da Netflix. Realmente temos aqui uma produção classe A, filmada em diversas cidades da Europa de cartão postal. Os dois atores principais são carismáticos e estão no topo da cadeia alimentar em Hollywood. As cenas de ação são bem realizadas, inclusive em suas bem inspiradas coreografias. O filme é realmente um símbolo do poder atual das grandes plataformas de streaming, um passo a mais, um outro nível. Com tudo isso a favor por que não gostei plenamente do que assisti? Em meu ponto de vista faltou um roteiro melhor escrito. A história contada é muito genérica, mais do mesmo, um jogo previsível de gato e rato envolvendo dois assassinos profissionais. Quantas vezes você ja não viu isso antes? Com essa falha central todos os demais elementos cinematográficos do filme se perdem no lugar comum. E o que sobra no final desse menu já tão bem manjado? Apenas um entretenimento passageiro, meramente descartável. 

Pablo Aluísio.

Rei Charles III

Título no Brasil: Rei Charles III
Título Original: King Charles III
Ano de Lançamento: 2017
País: Inglaterra
Estúdio: Masterpiece
Direção: Rupert Goold
Roteiro: Mike Bartlett
Elenco: Tim Pigott-Smith, Oliver Chris, Richard Goulding, Charlotte Riley, Richard Goulding, Adam James

Sinopse:
Após várias décadas como rainha, Elizabeth II falece. Seu filho mais velho, Charles, assume o trono e não demora a entrar em rota de colisão com o parlamento inglês, criando uma verdadeira crise constitucional e institucional no sistema jurídico do Reino Unido. 

Comentários:
O roteiro desse filme faz um interessante jogo de futurologia ao tentar prever como será o reinado do príncipe Charles. Na história aqui contada ele não se conforma em ser apenas uma figura decorativa para turista ver, mas sim um monarca que realmente governa sua nação, o que o coloca em choque com o primeiro ministro e todo o sistema parlamentar de governo. E o roteiro teve a ousadia de explorar um fantasma da princesa Diana assombrando os corredores e salas luxuosas da família real. Um filme que é no mínimo curioso pelo tema que explora, o que certamente trouxe para si todas as antipatias dos verdadeiros membros da família real, o que não é de surpreender. Assim deixo a dica para quem gosta desse tema da monarquia inglesa, um filme certamente bem diferente do que se costuma ver por aí. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

O Homem de Galveston

Título no Brasil: O Homem de Galveston
Título Original: The Man from Galveston
Ano de Produção: 1963
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: William Conrad
Roteiro: Dean Riesner, Michael S. Zagor
Elenco: Jeffrey Hunter, Preston Foster, James Coburn

Sinopse:
Timothy Higgins (Jeffrey Hunter) é um advogado de Nova Iorque que vai até a distante Galveston no oeste americano para defender sua ex-namorada, que agora luta para escapar da pena de morte após ser acusada de matar um chantagista que estaria extorquindo seu dinheiro em troca de não revelar segredos de seu passado distante.

Comentários:
Um filme de faroeste diferente, onde o foco se concentra em um julgamento de uma mulher acusada de assassinato. O interessante é que o roteiro aos poucos vai recriando os eventos do crime em flashbacks, enquanto o espectador é apresentado a testemunhas e depoimentos de pessoas que supostamente acompanharam parte dos acontecimentos. O personagem de Jeffrey Hunter é do tipo honesto e íntegro que confia plenamente na palavra de sua cliente, que inclusive teve um caso amoroso com ele no passado. A questão inteligente que o argumento trabalha é justamente em sua culpabilidade ou não - seria ela realmente inocente ou apenas uma astuta manipuladora de pessoas e fatos? Em termos de produção não há com o que se preocupar pois o tão conhecido padrão de qualidade Warner está em cada momento do filme. Tudo parece muito bem realizado, inclusive com bela reconstituição histórica do sistema legal da época. Um ótimo programa para quem gosta de filmes de western e tribunal.

Pablo Aluísio.

Macho Callahan

Título no Brasil: Macho Callahan
Título Original: Macho Callahan
Ano de Produção: 1970
País: Estados Unidos, México
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Bernard L. Kowalski
Roteiro: Richard Carr, Cliff Gould
Elenco: David Janssen, Jean Seberg, Lee J. Cobb, David Carradine

Sinopse:
Diego Callahan (David Janssen) é um cowboy forçado a se alistar no exército confederado durante a guerra civil americana. Acusado injustamente de traição é jogado numa das mais infames prisões da guerra. Após fugir vai atrás de todos aqueles que o colocaram naquela situação de vida ou morte. Sua sede de vingança porém não será tão facilmente saciada pois um perigoso caçador de recompensas sai em seu encalço pelos desertos do velho oeste americano.

Comentários:
"Macho Callahan" ficou bem popular no Brasil porque foi lançado em VHS pela Globo Filmes em meados dos anos 1980. É uma produção entre Estados Unidos e México que procura reprisar alguns temas caros aos filmes italianos de faroeste, naquela altura em sua fase de maior popularidade. Isso não deixa de ser muito curioso, pois em última instância era um filme americano que procurava imitar os Westerns Spaghettis, que por sua vez eram imitações mais violentas dos filmes ianques. No meio desse rocambole todo fica até complicado entender quem no final das contas estaria imitando quem! Deixando isso de lado temos que dar crédito ao filme em si, que realmente é bom, diria até acima da média em termos de elenco - embora David Janssen não seja tão conhecido hoje em dia o elenco coadjuvante era de fato um destaque, em especial David Carradine no papel de David Mountford. Enfim, vale a pena conhecer ou rever para matar as saudades da era do VHS no Brasil.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

O Satânico Dr. No

Esse foi o primeiro filme de James Bond no cinema. Foi uma produção complicada, fruto das dificuldades de se adaptar para o cinema as aventuras escritas por Ian Fleming no mundo da literatura. O interesse dos estúdios surgiu curiosamente após o presidente John Kennedy declarar que os livros de Fleming eram os seus preferidos para se ler em momentos de lazer. Assim os direitos do livro foram comprados, porém havia um problema básico a se superar. Quem iria interpretar o agente James Bond, 007? Após várias especulações o estúdio escolheu um ator que era relativamente desconhecido na época, o escocês Sean Connery. E mesmo com todas as críticas por sua escolha (o sujeito nem era inglês!), o resultado se mostrou melhor do que se poderia esperar. Tanto que hoje em dia Connery ainda é escolhido em diversas listas como o melhor James Bond da história do cinema.

De qualquer forma temos também que admitir que apesar de ser um filme importante, por ter sido o primeiro Bond e tudo mais, esse filme envelheceu muito. Esteticamente ainda soa nostálgico e elegante, principalmente quando Connery está em cena, vestindo um elegante smoking. Porém nas cenas finais de ação, com toda aquela parafernália antiga, o filme se mostra completamente datado nos dias atuais. O diretor Terence Young fez um bom trabalho com o que tinha à disposição naqueles tempos, mas revisto hoje em dia o peso dessa mesma produção se faz sentir e de uma maneira bem ultrapassada.

O Satânico Dr. No (Dr. No, Inglaterra, 1962) Direção: Terence Young / Roteiro: Richard Maibaum, Johanna Harwood, baseados no livro escrito por Ian Fleming / Elenco: Sean Connery, Ursula Andress, Joseph Wiseman, Jack Lord, Bernard Lee / Sinopse: O agente inglês James Bond (Sean Connery) é enviado para desvendar o desaparecimento de um membro do serviço de inteligência de sua majestade, ao mesmo tempo que encontra uma ligação com a suspensão do programa espacial dos Estados Unidos. Por trás de tudo há um vilão sinistro, o misterioso Dr. No.

Pablo Aluísio.

O Acidente de Montgomery Clift

Em 1956 Montgomery Clift estava filmando ao lado da amiga Elizabeth Taylor a produção "A Árvore da Vida". Para celebrar Liz convidou Monty a um jantar em sua casa. A recepção seria realizada por ela e seu marido na época, Mike Wilding. Montgomery Clift já vinha com problemas envolvendo bebidas. Ele estava bebendo cada vez mais, ao ponto até de interferir em sua vida profissional e em eventos sociais como aquele abusava ainda mais do copo. O jantar foi muito festivo, além de Elizabeth Taylor havia outras estrelas de cinema na ocasião, como Rock Hudson. Monty parecia animado e alegre durante a festa, algo que estava se tornando cada vez mais raro.

Tarde da noite, entrando pela madrugada, finalmente o ator resolveu ir embora. Ele estava completamente embriagado mas como havia chegado sozinho em seu carro pretendia voltar também dirigindo ele próprio seu veículo. A questão era que pelo seu estado de embriaguez não havia muita possibilidade de algo assim dar certo. Bebida e volante nunca combinam. Para piorar a estrada que levava à casa de Elizabeth Taylor era sinuosa e mal iluminada. Primeiro partiu Kevin McCarthy, um dos convidados de Liz e logo em seguida saiu Monty. Numa das primeiras curvas Kevin olhou pelo retrovisor e ainda conseguiu ver o carro de Montgomery Clift saindo pela tangente da pista, indo de encontro a um poste telefônico. A batida foi certeira. O automóvel ficou em frangalhos e o ator estava severamente ferido.

Ao ouvir o barulho da batida Elizabeth Taylor saiu em disparada para o local do acidente. Monty estava encoberto por um banho de sangue. Sem cinto de segurança seu rosto foi de encontro ao volante e partes do para-brisa cortaram seu rosto. A situação era bem grave. Logo uma ambulância foi chamada e ele foi levado ao hospital. Seus ferimentos foram graves e atingiram vários nervos faciais, o que para um ator era uma notícia terrível pois sua capacidade de expressão ficaria comprometida. A produção do filme que estava participando foi suspensa e Monty passaria os meses seguintes sofrendo severas dores de cabeça decorrentes da grande pancada que sofreu. Para amenizar as dores começou a tomar grande quantidade de drogas pesadas, além de aumentar seu consumo de bebidas. Depois do acidente Montgomery Clift jamais foi o mesmo. Entrou em quadro de depressão e começou a lentamente se auto destruir.

Para piorar ele que sempre era considerado um dos atores mais bonitos do cinema começou a enfrentar problemas para arranjar novos trabalhos, uma vez que seu rosto agora exibia diversas cicatrizes que nem os melhores maquiadores conseguiam esconder. Além da queda de sua aparência física havia outros problemas sérios, como uma constante dor de cabeça que nunca o deixava em paz. Isolado e sofrendo ele começou um caminho sem volta. De fato essa terrível fase de sua vida acabou sendo conhecida como o "mais longo suicídio da história de Hollywood". Ele morreria precocemente em julho de 1966, sem nunca ter superado esse trauma em sua vida.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 4

Elvis não colocava muita fé em sua carreira em seus anos iniciais. Quando um repórter perguntou a ele o que estaria fazendo dali a dez anos, Elvis pensou um pouco e respondei: "Não sei! Acho que vou abrir uma loja de carros usados ou algo assim". Diante da resposta incomum o jornalista quis saber se Elvis não se via cantando no futuro ao que ele deixou a entender que não pois "cantores surgem e somem com rapidez".

De qualquer maneira naquele distante ano de 1956 Elvis vivia um dos melhores momentos de sua vida pessoal e artística. Sua mãe Gladys estava viva, ele curtia a onda de sucesso de seus discos e tinha assinado como uma grande gravadora, a RCA Victor. O que poderia estar faltando? Basicamente nada. Era só questão de gravar bons discos e seguir em frente com o mesmo sucesso.

Nesse momento ele também recebeu o título de "Rei do Rock". O curioso é que Elvis não gostava de ser chamado de Rei. Para ele apenas Jesus Cristo poderia ser chamado de Rei, no caso de "Rei dos Reis", conforme o título de um filme épico de sucesso da época. Aproveitando de toda a onda dessa nova música a RCA por sua vez queria que Elvis gravasse cada vez mais rocks, um atrás do outro, pois era esse tipo de gravação que andava vendendo muito por todo o país. Elvis cedeu e gravou "Ready Teddy", um rock visceral composto pela dupla Robert Blackwell e John Marascalco. A música era dinamite pura e Elvis foi encorajado para apresentá-la ao vivo em sua apresentação na TV. A performance do jovem roqueiro com cabelo cheio de brilhantina causou grande comoção em todo o país. Os mais velhos odiaram. Os mais jovens amaram. No meio de toda a polêmica que se seguiu Elvis ficou ainda mais famoso.

"Long Tall Sally" foi outro rock de raiz gravado por Elvis nesse LP.  Era uma original de Little Richard, que anos depois disse estar honrado de ter ouvido uma de suas músicas gravadas pelo garoto de Memphis. Era algo especial. Isso também colocava por terra aquela velha narrativa de que Elvis seria um ladrão da cultura negra. Um branco bonitão que colocou as mãos nas músicas compostas pelos primeiros roqueiros negros e depois ficou rico e famoso com elas. Na verdade o próprio Richard desmentiria isso, dizendo que o fato de Elvis ter gravado sua música o teria lhe ajudado muito naqueles tempos pioneiros. Era um ato de colaboração, ajuda e amizade e não de exploração como muitos quiseram fazer crer anos depois.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Heartbreak Hotel / I Was The One

O primeiro sucesso nacional de Elvis Presley curiosamente não fez parte de seu primeiro álbum pela RCA Victor. "Heartbreak Hotel" só foi lançado mesmo em single, compacto simples, com a baladona "I Was The One" no lado B. Afinal porque isso aconteceu? Muito simples. A lógica comercial da indústria fonográfica nos anos 50 era bem diferente da de hoje. O carro chefe da popularidade dos artistas era justamente o single - pequeno compacto de vinil com duas canções, uma no lado A e outra no lado B.

Caso a canção conseguisse fazer sucesso nas rádios a venda desses pequenos discos era garantida, eram baratos, simples e muito acessíveis, sendo vendidos em todos os locais - até em postos de gasolina. Retorno financeiro rápido e fácil. "Heartbreak Hotel" foi muito trabalhado pela RCA. Elvis havia custado caro à gravadora e ele tinha que emplacar nas paradas de todo jeito. A música causou perplexidade entre alguns executivos. Era bem estranha, com um ritmo pouco comum, não era um blues, nem um rock autêntico e tampouco era uma balada. O que diabos era "Heartbreak Hotel" então?

A canção foi escrita baseada em uma única frase: "Eu caminho numa rua solitária". Mae Axton havia lido essa frase marcante em um jornal local que noticiava o suicídio de um homem que havia deixado escrito em seu bilhete de despedida apenas isso. Ela então imaginou que no final dessa rua solitária deveria haver um Hotel... dos corações partidos. Mais emblemática do que isso, impossível. Mae então levou a música para uma convenção de músicos e compositores em Nashville. Ela sabia que Elvis Presley iria estourar nas paradas e isso poderia ser sua grande chance de emplacar um sucesso realmente nacional. Após muita luta conseguiu uma audição com Elvis. Tocou a música para ele numa demo onde o cantor tentava imitar justamente o estilo de Elvis. Presley adorou o que ouviu e disse que gravaria a música. O resto é história.

Durante muitos anos se especulou porque Elvis estava creditado na música se não a tinha composto de fato. Era comum na década de 50 os cantores dividirem a autoria da música para lançamento em suas vozes no mercado. Era uma forma do intérprete ganhar alguns trocados a mais com os direitos autorais. Era praxe na época e Elvis seguiu apenas um costume do mercado fonográfico. Apesar disso sempre que perguntado em entrevistas se tinha realmente composto a música, Elvis logo se punha a explicar que não era o caso, que ele apenas assinava a composição por uma questão de mercado. "Heartbreak Hotel" trouxe bons resultados para Elvis - caiu no gosto popular e atingiu o primeiro lugar na parada Billboard (a principal dos EUA). Foi a primeira vez que ele conseguiu esse feito. Além disso trouxe ao cantor seu primeiro disco de ouro. Era o começo de um reinado nas paradas de singles que iria durar, sem maiores interrupções, até mais ou menos 1962 quando seus singles começaram a derrapar nas paradas por causa dos filmes em Hollywood. Essa porém é uma outra história.

Elvis Presley: Heartbreak Hotel / I Was The One (1956)
Elvis Presley (vocal, violão), Scotty Moore (guitarra), Chet Atkins (guitarra), Bill Black (baixo). D.J. Fontana (bateria), Floyd Cramer (piano), Gordon Stoker, Ben Speer e Brock Speer (vocais de apoio), Heartbreak Hotel (Tree Publishing Co, BMI) 2:08 - Data de gravação: 10 de janeiro de 1956 - Local: RCA Studios, Nashville. I Was The One (Cheppel e Co, Inc / Rachel's Own, ASCAP) 2:33 - Data de gravação: 11 de janeiro de 1956 - Local: RCA Studios, Nashville.

Pablo Aluísio.