sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Todos Dizem Eu Te Amo

Título no Brasil: Todos Dizem Eu Te Amo
Título Original: Everyone Says I Love You
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax, Magnolia Productions
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Goldie Hawn, Julia Roberts, Drew Barrymore, Edward Norton, Alan Alda
  
Sinopse:
O filme conta a estória da vida amorosa e sentimental de uma típica família de Nova Iorque. Holden (Edward Norton) e Skylar (Drew Barrymore) formam um jovem casal de Manhattan que tenta superar seus problemas. Os pais de Skylar, Bob (Alan Alda) e Steffi (Goldie Hawn), apesar dos anos de casamento também sentem que o relacionamento está chegando em um momento delicado. Joe (Woody Allen) é o ex-marido de Steffi. Ele decide viajar até Veneza em busca de um novo recomeço em sua vida na parte mais bela e romântica da Europa. Lá acaba conhecendo a americana Von (Julia Roberts), que se relaciona rapidamente com ele, tentando esquecer seu casamento em crise. E isso é apenas o começo de uma grande e complicada rede de relacionamentos familiares e pessoais de cada um.

Comentários:
Embora eu goste dessa fase relativamente mais recente da carreira do diretor Woody Allen, o fato é que ainda prefiro muito mais seus filmes mais antigos, principalmente os que foram realizados durante as décadas de 1970 e 1980. Eram filmes mais honestos, verdadeiros. Parece que depois que largou seu antigo produtor Allen se tornou muito comercial, apelando para elencos numerosos, cheios de astros do cinema, para atrair o público. O problema é que nenhum desses filmes conseguiu desenvolver de forma satisfatória seus personagens. Allen precisou criar tantos papéis, para encaixar tantos astros e estrelas de Hollywood, que tudo acabou ficando vazio, falso, plastificado. Outro aspecto é que Allen deixou uma de suas marcas características de lado, a dos longos e bem elaborados diálogos, para contar estorinhas bem fracas, onde o aspecto existencial sequer passa perto. Tudo para agradar um público maior. Nesse processo esqueceu seus antigos admiradores, se tornou quase um diretor como outro qualquer, banal e focado apenas em fazer grandes bilheterias. Sim, essa é a fase em que Allen vendeu a alma em busca de um sucesso fugaz e irrelevante. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Comédia ou Musical.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Eu Sou a Fúria

Título no Brasil: Eu Sou a Fúria
Título Original: I Am Wrath
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Chuck Russell
Roteiro: Yvan Gauthier, Paul Sloan
Elenco: John Travolta, Christopher Meloni, Amanda Schull, Sam Trammell, Paul Sloan, Rebecca De Mornay
  
Sinopse:
Após retornar de uma viagem, ainda no estacionamento do aeroporto, Stanley (Travolta) vê sua esposa ser brutalmente assassinada por um trio de criminosos. Após o funeral ele percebe, desesperado, que a polícia não parece estar muito empenhada em manter o assassino preso. Após fazer seu reconhecimento o sujeito simplesmente é liberado, saindo pela porta da frente da delegacia para responder o processo em liberdade. Stanley fica tão revoltado com a situação de impunidade que resolve agir por conta própria, fazendo justiça com as próprias mãos.

Comentários:
Basta ler a sinopse desse filme para lembrar imediatamente da série policial "Desejo de Matar" onde Charles Bronson interpretava o justiceiro das ruas Paul Kersey. O enredo é praticamente o mesmo, sua esposa é morta e ele parte para a vingança. Assim "Eu Sou a Fúria" é praticamente um remake não assumido. O problema básico é que John Travolta não é Charles Bronson. Ele não fica perfeitamente à vontade nesse tipo de papel e tampouco passa credibilidade ao espectador ao sair pelas ruas de noite com armas de grosso calibre para matar a quadrilha que assassinou sua esposa. Por falar nela quem a interpreta é a atriz Rebecca De Mornay. Há muitos anos que não a tinha visto em filmes e fiquei surpreso com sua atual aparência. Foram tantas as plásticas que ela acabou perdendo suas feições originais, algo realmente surpreendente. Gostava mais de sua visual antigo, mais natural e sensual. No geral é isso. Travolta, ao lado de um amigo dos tempos em que eles atuavam em forças especiais, altamente armados, caçando cada um dos responsáveis pela morte de sua querida mulher. O filme inclusive usa a frase "Não há justiça sem sangue" para mostrar de forma bem clara suas intenções! Há muita violência estilizada nesse filme de ação que pode ser tudo, menos convincente. O diretor Chuck Russell certamente já fez coisas bem melhores como a comédia "O Máskara" e "Queima de Arquivo" (com Arnold Schwarzenegger). Aqui tudo soa banal e repetitivo, sem novidades. Melhor rever os antigos filmes de Charles Bronson que eram bem melhores.

Pablo Aluísio.

O Negociador

Título no Brasil: O Negociador
Título Original: Metro
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Thomas Carter
Roteiro: Randy Feldman
Elenco: Eddie Murphy, Michael Rapaport, Kim Miyori, James Carpenter, Denis Arndt, Donal Logue
  
Sinopse:
Scott Roper (Eddie Murphy) é um policial de San Francisco especializado em negociar situações com reféns. Ele está em treinamento com membros da SWAT, ao mesmo tempo em que tenta lidar com a delicada situação envolvendo sua ex-namorada, agora envolvida com um rico jogador de baseball. Isso porém é o de menos. Quando seu parceiro é morto por um serial killer e ladrão de jóias, Scott resolve fazer dessa perseguição uma questão pessoal. Ele quer vingar a morte do colega de todas as formas possíveis. Filme indicado ao Acapulco Black Film Festival na categoria de Melhor Trilha Sonora.

Comentários:
É a tal coisa, se você estiver em busca de um filme engraçado com Eddie Murphy, do tipo "Um Tira da Pesada" e genéricos, não aconselho essa produção. O filme na verdade se leva mais à sério do que era esperado. O papel de Murphy tem pouco (ou nada) a ver com o seu divertido detetive Axel Foley de "Beverly Hills Cop". Na época em que esse filme chegou nos cinemas Murphy vinha colecionando fracassos de bilheteria, entre elas as desastrosas comédias "Um Distinto Cavalheiro" e "Um Vampiro no Brooklyn". Numa tentativa desesperada de voltar ao top das bilheterias ele aceitou até mesmo a estrelar uma fraca sequência "Um Tira da Pesada 3" que também não fez sucesso. Assim o estúdio já estava quase desistindo desse policial, pensando em lançá-lo diretamente no mercado de vídeo quando Murphy finalmente reencontrou o caminho do sucesso de bilheteria com "O Professor Aloprado". Animados com esse hit cinematográfico os produtores então apostaram nesse filme policial que infelizmente não caiu no gosto do público. É um filme apenas mediano realmente, quase beirando o fraco, que poucos hoje em dia se lembram. Na época foi chamado de mais um fantasma assombrando a carreira de Murphy. Fracasso de crítica e público pouco marcou ou fez diferença.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Esquadrão Suicida

Título no Brasil: Esquadrão Suicida
Título Original: Suicide Squad
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros, DC Entertainment
Direção: David Ayer
Roteiro: David Ayer
Elenco: Will Smith, Jared Leto, Margot Robbie, Joel Kinnaman, Ben Affleck, Viola Davis, Common
  
Sinopse:
Um grupo de criminosos condenados é recrutado pelo governo americano para atuar em missões de extrema gravidade e violência, onde devem enfrentar meta-humanos, tais como o Batman ou o Superman. O receio é que esses super-heróis em algum momento se voltem contra a humanidade. Como são pessoas perigosas e algumas com personalidades psicopatas, um pequeno chip explosivo é colocado em cada uma delas. No primeiro sinal de fuga ou desobediência eles devem ser executados. Filme baseado nos quadrinhos da DC Comics.

Comentários:
O filme foi massacrado pela crítica, mas está fazendo sucesso de bilheteria, liderando o Top 10 nos Estados Unidos. É a tal coisa, se você for atrás de qualidades cinematográficas do tipo um bom roteiro aqui é melhor esquecer. "Suicide Squad" não tem roteiro. O enredo pode ser resumido em duas frases curtas (Grupo de criminosos é reunido. Sua missão é destruir uma ameaça sobrenatural). Não passa disso. Apesar de tudo tem personagens interessantes, principalmente para quem curte quadrinhos. Certo, nenhum deles é minimamente desenvolvido, mas tudo bem, valem pela diversão. Deadshot, papel de Will Smith, talvez seja o único que tenha algum background ou história pessoal por trás. Ele tem uma filha e zela por ela. Fica por aí. A atriz Margot Robbie que interpreta Harley Quinn, a Arlequina, além de ser muito bonita é a quem tem a melhor oportunidade de atuar um pouco mais, até porque sua personagem é maluca, o que dá margem a ela para mostrar um pouquinho mais no quesito atuação. Jared Leto já provou inúmeras vezes que é um bom ator, mas seu Coringa é bem sem graça. Também ele herdou uma carga pesada pois precisou ficar à altura de Jack Nicholson e Heath Ledger que interpretaram o vilão no passado e qualquer comparação nesse sentido chega a ser covardia. Já os vilões do filme (dois irmãos bruxos) são péssimos. Chega a ser constrangedor, poderiam ter escolhido algo melhor para o Esquadrão suicida enfrentar. No meio de tanta gente sobrou espaço ate mesmo para o "RoboCop" Joel Kinnaman (que interpreta o líder militar da missão, Rick Flag) e Ben Affleck, em duas pequenas pontas como o próprio Batman. No geral, para um filme que custou tão caro (quase 200 milhões de dólares entre produção e marketing) nada me deixou muito admirado em termos de efeitos visuais e produção. Tudo soa na média. O 3D não é grande coisa. Há uma cena com helicópteros em que isso fica bem claro para o espectador. onde as aeronaves parecem de papelão ou maquetes nada convincentes. Não é um filme marcante, nem para os fãs dos quadrinhos, e só vale mesmo como diversão ligeira. Alguns personagens deram certo e esse provavelmente será o pontapé inicial para futuros filmes com eles (afinal fez sucesso comercial). Fora isso a DC ainda continua comendo poeira da Marvel no cinema.

Pablo Aluísio.

Johnny Texas

Título no Brasil: Johnny Texas
Título Original: 1000 dollari sul nero
Ano de Produção: 1966
País: Itália, Alemanha
Estúdio: Cinecittà Studios
Direção: Alberto Cardone
Roteiro: Ernesto Gastaldi, Rolf Olsen
Elenco: Anthony Steffen, Gianni Garko, Erika Blanc, Carlo D'Angelo, Daniela Igliozzi, Franco Fantasia
  
Sinopse:
Depois de cumprir uma longa pena de prisão de doze anos, Johnny Liston (Anthony Steffen) retorna para sua cidade natal. Ao chegar descobre que o lugar em que nasceu agora vive sob terror, implantado por seu próprio irmão Sartana (Gianni Garko) que ao lado de uma quadrilha de assassinos e bandoleiros domina toda a região. Ele também descobre que sua antiga namorada Manuela e seu irmão, um rapaz deficiente, estão sendo oprimidos pela gangue de seu irmão mais velho. Assim ele resolve enfrentá-lo para trazer paz e justiça de volta aos moradores daquela sofrida cidade perdida no meio do oeste.

Comentários:
Um dos primeiros filmes italianos a explorar o personagem Sartana que foi criado pelo roteirista Ernesto Gastaldi. Assim como aconteceu com Django, Sartana acabou virando nome comercial de sucesso na época do auge do Western Spaghetti. Curiosamente ele também apareceu em situações e com personalidades diferentes ao longo dos anos. Aqui, em uma de suas primeiras aparições, Sartana é notoriamente um vilão, o chefe de um bando de assassinos que rouba, extorque e chantageia os moradores de uma pequena cidade. A justiça porém não tarda a chegar e vem nas mãos de seu próprio irmão, conhecido como Johnny Texas. É divertido perceber que o protagonista acabou sendo ofuscado pelo antagonista no filme, uma vez que Johnny Texas logo caiu no esquecimento enquanto Sartana deu nome a dezenas de outros filmes de sucesso. Assim o diretor Alberto Cardone acabou realizando um bom filme, com muita ação, tiroteios, tudo tendo como base a velha fórmula da justiça pelas próprias mãos. Por fim vale destacar a figura da mãe de Sartana e Johnny Texas. O título original do filme faz referência a um colar usado por ela que tem um símbolo bem interessante dentro da trama. A valorização da figura materna não poderia ser mais típica da cultura italiana da época. Então é isso, uma boa oportunidade de conferir um dos primeiros faroestes com o famoso Sartana nas telas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Filmografia Comentada - Ann-Margret

De tempos em tempos Hollywood importa alguma beldade estrangeira para transformá-la em símbolo sexual nos Estados Unidos. Aconteceu com Ursula Andress (Suíça), Anita Ekberg (Suécia) e Sophia Loren (Itália). Na década de 60 foi a vez da sueca Ann-Margret Olsson. Nascida em Valsjöbyn, ele chegou em Los Angeles com 19 anos e logo chamou a atenção dos estúdios por causa de sua beleza e simpatia. Além de muito bonita também parecia ser muito talentosa pois dançava, cantava e atuava, ou seja, tinha o pacote completo para se tornar uma grande estrela. Sua estréia no cinema americano não poderia ser melhor. Foi em "Dama por Um Dia", estrelada pelo mito Bette Davis e dirigido pelo grande cineasta  Frank Capra. Sua primeira grande chance de brilhar porém só viria dois anos depois com o musical "Bye Bye Birdie" onde interpretava uma fã inconsolada por seu cantor preferido ter sido convocado pelo exército americano. Era obviamente uma paródia do que havia acontecido com o roqueiro Elvis Presley.

E por falar em Elvis o grande momento da filmografia de Ann-Margret surgiria justamente em "Amor à Toda Velocidade" (Viva Las Vegas, 1964), ótimo musical onde ela teve a oportunidade de dançar e cantar ao lado do famoso cantor. A aproximação aliás ultrapassou as telas e ela e Elvis tiveram um tórrido caso de amor no set de filmagem. Depois do sucesso desse musical da MGM a atriz procurou diversificar o máximo possível sua carreira abraçando projetos ousados e gêneros diversos nos anos seguintes. Na produção "Em Busca do Prazer" ousou interpretar um personagem forte para os anos 60, o de uma garota liberal envolvida em um triângulo amoroso fora dos padrões. Em "Matt Helm Contra o Mundo do Crime" voltou a contracenar com um cantor famoso, Dean Martin, em um filme que procurava satirizar de certa forma as fitas de James Bond. Também rodou westerns como "A Última Diligência". Ao lado do mito John Wayne apareceu em "Os Chacais do Oeste". O último grande filme da atriz foi "Tommy", musical que se tornou famoso na época. Depois disso os bons filmes foram rareando e ela se contentou em fazer personagens coadjuvantes em produções menores. Mesmo assim a sueca continuou trabalhando sem parar nos anos seguintes. A beleza obviamente já não era a mesma dos primeiros anos mas isso não a impedir de realizar ao todo quase 80 filmes, o que demonstra bem que embora não tenha se tornado uma estrela de primeira grandeza certamente marcou o mundo do cinema em sua época. Aqui estão alguns comentários de filmes da estrela que tivemos a oportunidade de assistir.

Adeus, Amor
Um cantor de rock famoso vai até uma cidadezinha perdida no Ohio para gravar seu programa de despedida antes de ir servir o exército americano. Lá é feito um concurso para escolher a fã número 1 dele que ganhará o direito de beijar seu grande ídolo. Um musical simpático, bem humorado e com uma inédita postura de sátira besteirol, algo que era bem raro no começo dos anos 60. Para o cinema em geral o filme revelou a linda Ann-Margret que chamou tanto a atenção do público que o diretor George Sidney a levou para contracenar com Elvis Presley em "Amor a Toda Velocidade". Aliás nada mais conveniente pois Ann-Margret foi chamada por um cronista de Nova Iorque como a "Elvis de saias". Curiosamente um dos satirizados dentro do enredo é o próprio Elvis pois o personagem chave da estória é um roqueiro famoso que vai servir o exército deixando suas fãs apavoradas e desesperadas! A produção é apenas mediana, há algumas coisas que não funcionam muito bem como ver Dick Van Dyke rebolando numa horrível roupa prateada que mais parece ter saído do guarda roupa de figurinos de "Perdidos no Espaço". De qualquer maneira aproveite a festa e caso tenha vivido aqueles anos distantes sinta muita saudade! / Adeus, Amor (Bye Bye Birdie, Estados Unidos, 1963) Direção: George Sidney / Roteiro: Michael Stewart, Irving Brecher / Elenco: Dick Van Dyke, Ann-Margret, Janet Leigh.

Amor à Toda Velocidade
Lucky Jackson (Elvis Presley) ganha a vida cantando e divertindo os turistas hospedados em hotéis de luxo de Las Vegas, mas seu grande sonho mesmo é se tornar um grande piloto de corridas. Ele almeja vencer o primeiro Las Vegas Grand Prix que vai pagar uma pequena fortuna para o vencedor. Por acaso acaba conhecendo a linda Rusty Martin (Ann-Margret), que ele pensa erroneamente ser uma dançarina de cassinos. Indo atrás dela Lucky acaba descobrindo que não é bem isso que a apaixonante garota faz para viver. Um dos grandes sucessos no cinema da carreira de Elvis Presley. Realmente é um de seus melhores musicais. O curioso foi que a fita foi produzida meio às pressas após a MGM decidir que iria aproveitar o Grand Prix de Las Vegas para locações. O enredo, escrito pela roteirista Sally Benson (a mesma de "Sombra de uma Dúvida" e "Agora Seremos Felizes"), conseguiu mesmo capturar a essência de um encontro entre Elvis e Margret, que era considerada a "Elvis de saias" naquela época. O casal que levou o romance também para fora das telas solta faíscas em cena. A produção também tem um ótimo desenrolar, fruto da competência do experiente cineasta George Sidney que resolveu dar o mesmo destaque para ambos, o que gerou ciúmes em Elvis que começou a acreditar que Sidney estava perdidamente apaixonado por Margret. Bobagem. O diretor sabia que tinha dois grandes talentos em mãos e resolveu aproveitar tudo o que poderia. O grande sucesso de "Viva Las Vegas" deu um impulso e tanto na carreira de Ann-Margret, que saiu depois em busca de novos desafios. Já para Elvis virou uma enorme camisa de força. Seus filmes seguintes, principalmente àqueles onde ele interpretava pilotos de corrida, nada mais eram do que tentativas de repetir o sucesso dessa película. Mesmo assim não há como negar, "Amor à Toda Velocidade" é de fato um marco no cinema musical dos anos 1960. Um simpático romance que uniu uma das melhores duplas já vistas em Hollywood em todos os tempos. / Amor à Toda Velocidade (Viva Las Vegas, Estados Unidos, 1964) Direção: George Sidney / Roteiro: Sally Benson / Elvis Presley, Ann-Margret, Cesare Danova.

A Marca de um Erro*
Tendo como garantia um excelente roteiro assinado por Zequial Marko, a música de Lalo Schifrin (Operação Dragão), e um time de atores de respeito como: Alain Delon, Ann-Margret, Van Heflin e Jack Palance - o diretor Ralph Nelson (Réquiem Para um Lutador) construiu um belo filme no estilo do inconfundível policial-noir e com forte influência de clássicos do gênero, como os premiados, Rififi - Os Segredos das Jóias e O Grande Golpe. O longa, A Marca de Um Erro (Once a Thief - 1965) conta a história de Eddie Pedak (Alain Delon) um imigrante italiano de Trieste e ex-presidiário que, vivendo na cidade de San Francisco tenta seguir o caminho da regeneração. Porém, o sonho de viver em paz junto com sua linda mulher, Kristine Pedak (Ann-Margret) e sua filhinha, parece impossível. Tudo porque em seus calcanhares estão o Inspetor Mike Vido (Van Heflin), que jura que Eddie é o responsável pelo recente assalto a uma loja de conveniência que culminou com a morte da proprietária - além da presença sinistra do bandidão Walter Pedak (Jack Palance) irmão de Eddie e que deseja a todo custo o retorno de seu irmão ao mundo do crime para um último e lucrativo assalto. Porém, no caminho do sucesso deste último assalto, está o bandidão James Arthur Sargatanas (John Davis Chandler) braço direito de Walter e inimigo mortal de Eddie Pedak. Um bom filme, com um ótimo e surpreendente final. A bela dupla Delon-Margret, com diálogos precisos e com uma ótima química, consegue manter, suspenso no ar, elementos incendiários como mentira, ciúme e infidelidade, que, jogados num caldeirão em ebulição, pode deixar a história ainda mais instigante e explosiva. Nota 7 / A Marca de um Erro (Once a Thief, 1965) Direção de Ralph Nelson / Roteiro: Zekial Marko / Elenco: Alain Delon, Ann Margret e Jack Palance / Sinopse: Em San Francisco (EUA), o jovem imigrante ex-presidiário Eddie tenta mudar de vida e trabalhar para sustentar a esposa e filha pequena. Mas um policial e também seu irmão bandido não o deixam em paz, e acabam por forçá-lo a voltar ao crime. Mas, ao contrário dos outros, Eddie sabe quem são seus verdadeiros inimigos.

A Última Diligência
Um grupo de viajantes decide enfrentar um longo trajeto até a cidade de Cheyenne. O problema é que a região está dominada por guerreiros Sioux comandados por um cacique conhecido por sua violência contra caravanas de homens brancos. Contando com o apoio da cavalaria até um terço da jornada, eles precisam sobreviver durante todo o restante do trajeto, algo que definitivamente não será nada fácil de alcançar. Os perigos são muitos, mas todos anseiam ir embora por um motivo ou outro, de acordo com seus próprios problemas pessoais. O objetivo é começar vida nova em um novo lugar. Gostei bastante desse western. O roteiro é muito bom e consegue desenvolver bem todos os personagens ao mesmo tempo em que não deixa o filme cair no marasmo ou no lugar comum. Basicamente temos esse grupo bem diferente de pessoas precisando se unir para sobreviver a uma perigosa viagem de diligência até a distante Cheyenne. No caminho precisam vencer o perigo da presença dos nativos e guerreiros comandados pelo infame Cachorro Louco (o mesmo cacique que chacinou a Sétima Cavalaria do General Custer). O grupo é bem diversificado, havendo desde bandidos procurados pela lei como Ringo Kid (Alex Cord), até o próprio xerife da região, Curly Wilcox (interpretado pelo veterano ator de faroestes Van Heflin), passando ainda por uma prostituta e dançarina de saloon, Dallas (Ann-Margret), até uma respeitada dama da sociedade, a senhorita Lucy Mallory (Stefanie Powers, que anos depois iria fazer muito sucesso na TV com a série "Casal 20"). Por fim, completando o grupo temos um banqueiro almofadinha (que na verdade está tentando fugir com o dinheiro da empresa onde trabalha), um jogador inveterado, um vendedor de whisks e um médico alcoólatra conhecido como "Doc" Josiah Boone (curiosamente interpretado pelo famoso cantor Bing Crosby, que se sai excepcionalmente muito bem em sua atuação). O elenco, como se pode perceber, é acima da média, mas quem se destaca mesmo é uma jovem (e linda) Ann-Margret! Dois anos após seu sucesso ao lado do roqueiro Elvis Presley em "Viva Las Vegas" ela conseguiu outra excelente atuação. Sua personagem Dallas é ao mesmo tempo uma figura doce e terna, mas também esperta, até mesmo por causa da vida que leva. Ela se apaixona pelo fugitivo Ringo Kid e pretende recomeçar vida nova ao seu lado. Se você ainda tinha alguma dúvida se ela foi mesmo uma das mais bonitas atrizes da história de Hollywood basta vê-la aqui em cena. Ann-Margret está simplesmente linda, com figurino de época, realçando ainda mais sua beleza ruiva, roubando todas as atenções do espectador. Enfim, grande faroeste que vale muito a pena conhecer. Uma das melhores produções da Fox no gênero, sem favor ou exagero algum. / A Última Diligência (Stagecoach, Estados Unidos, 1966) Direção: Gordon Douglas / Roteiro: Joseph Landon, Dudley Nichol / Elenco: Ann-Margret, Alex Cord, Bing Crosby, Stefanie Powers, Van Heflin, Red Buttons.

Os Chacais do Oeste
Realizado na última fase da carreira de John Wayne, "Os Chacais do Oeste" é um de seus westerns mais criativos e saborosos. Na trama acompanhamos Lane (John Wayne) e seu grupo de companheiros veteranos da Guerra Civil. Eles são contratados pela linda Lowe (Ann-Margret) para uma missão extremamente perigosa: recuperar meio milhão de dólares em ouro que seu marido escondeu no México antes de morrer. Assaltante de trens o bandoleiro só contou o verdadeiro lugar onde escondeu todo o ouro para sua viúva que agora conta com o apoio de Lane e seu grupo para encontrá-lo. O problema é que tanto ouro assim acaba atraindo a atenção de todos os bandoleiros e bandidos da região, o que fará com que tudo fique muito mais complicado. Liderando o grupo de renegados que saem em busca de Lane está um misterioso pistoleiro, interpretado pelo sempre marcante Ricardo Montalban. O roteiro se baseia justamente nessa caça ao tesouro onde todos tentam chegar primeiro ao prêmio máximo. Jonh Wayne, apesar da idade, aparece em grande forma. Corre, atira, monta, atravessa rios lamacentos e não deixa a desejar em absolutamente nada. Sua partner em cena é a maravilhosa Ann-Margret que tanto sucesso fez ao lado de Elvis Presley no musical "Amor a Toda Velocidade". Apesar de trintona ainda esbanja sensualidade e charme no meio das areias do deserto onde se passa quase toda a ação do filme. Inclusive temos aqui um diálogo memorável entre Wayne e ela quando Margret tenta seduzir o velho cowboy. Ele se vira e diz: "Eu tenho uma cadeira que tem mais idade do que você!". Hilário. "Os Chacais do Oeste" foi produzido pelo filho de Wayne, Michael. Não é uma produção de encher os olhos mas tudo é muito bem realizado. Há ótimas cenas com muitas paisagens naturais e cenários bem elaborados - inclusive o local onde o ouro é finalmente encontrado. Há excelente uso de uma velha Maria Fumaça e uma sequência final com muitos tiros e pirotecnia - onde algumas construções voam literalmente pelos ares após Wayne se cansar de trocar tiros e decidir resolver tudo na base da dinamite! Ao seu lado velhos amigos de tantos anos como Ben Johnson e Christopher George. Na direção temos o cineasta Burt Kennedy com extensa experiência em faroestes. Anos depois ele se consagraria na TV dirigindo a extremamente bem sucedida série Magnum com Tom Selleck. Para finalizar é impossível não mencionar a saborosa cena final. É o único diálogo de Montalban com John Wayne mas é tão marcante que vale o filme inteiro. Fantástica cena que vai deixar muita gente surpresa. Enfim fica a dica de "Os Chacais do Oeste" mais um ótimo momento da filmografia do eterno Duke, John Wayne. / Os Chacais do Oeste (The Train Robbers, EUA, 1973) Direção: Burt Kennedy / Roteiro. Burt Kennedy / Elenco: John Wayne, Ann-Margret, Rod Taylor, Ben Johnson, Christopher George, Bobby Vinton, Ricardo Montalban / Sinopse: Uma jovem viúva contrata um grupo formado por veteranos da Guerra Civil para recuperar meio milhão de dólares em ouro provenientes de um grande roubo de trem cometido por seu marido morto. O problema é que o ouro também desperta a cobiça de todos os pistoleiros e renegados da região. Chegar a ele será um grande desafio.

Cactus Jack - O Vilão
Um xerife do velho oeste que mais parece uma montanha de músculos chamado Handsome Stranger (Arnold Schwarzenegger) serve como escolta para a bela Charming Jones (Ann-Margret) mas ambos correrão grande perigo pois um perigoso vilão chamado Cactus Jack (Kirk Douglas) pretende colocar as mãos no dinheiro que ela carrega na viagem. Na década de 80 essa comédia passada no velho oeste ganhou várias reprises na TV aberta brasileira. È um tipo de estilo que certamente não agradará a todos. Se você é um fã de filmes de western então tudo ficará muito mais complicado pois o roteiro brinca bastante com os clichês do gênero. Para os fãs do astro brutamontes Arnold Schwarzenegger a produção vai servir como uma grande curiosidade uma vez que ele na época ainda não era o campeão de bilheteria dos anos que viriam. Seu papel é simpático e o fortão procura não estragar o estilo cômico da produção. Kirk Douglas e Ann-Marget da era clássica de Hollywood também não parecem se importar muito. Desligue o cérebro e tente se divertir. / Cactus Jack - O Vilão (The Villain, Estados Unidos, 1979) Direção: Hal Needham / Roteiro: Robert G. Kane / Elenco: Kirk Douglas, Ann-Margret, Arnold Schwarzenegger, Footer Brooks.

Pablo Aluísio.

A Volta dos Sete Homens

Esse faroeste é na realidade a continuação do grande clássico "Sete Homens e um Destino" lançado em 1960. Seis anos depois a United Artists resolveu produzir essa sequência. Obviamente o estúdio estava em busca de um novo sucesso de bilheteria, mas dessa vez o tiro foi em vão. A realidade pura e simples é que não é um bom western e isso se deve muito em razão do fato de que tudo não passa de um remake disfarçado. O enredo é praticamente o mesmo do primeiro filme, sem colocar ou tirar quase nada. O elenco também ficou completamente desfalcado, sobrando apenas Yul Brynner, Nada de Charles Bronson ou Steve McQueen. Outra ausência sentida é a do diretor John Sturges. Em seu lugar a produtora colocou o menos talentoso Burt Kennedy que se resumiu a copiar o filme original.

Para quem não lembra esse filme conta o retorno do pistoleiro Chris Larabee Adams (Yul Brynner) para o mesmo vilarejo onde esteve defendendo a população em "Sete Homens e Um Destino". Depois de tantos anos o lugar volta a ser palco de uma quadrilha de bandoleiros mexicanos que invade as comunidades humildes da região para levar a população masculina como mão de obra escrava para a construção de uma nova vila para o vilão e bandido Lorca (Emilio Fernández). O povo pacato e pacífico daquela cidadezinha fica apavorada e corre para pedir ajuda a quem lhe salvou no passado, o próprio Larabee. Acontece que os sete pistoleiros originais se dispersaram e ele precisa formar um novo grupo. Onde procurar? Além de conhecidos habituais, outros pistoleiros rápidos no gatilho, ele também resolve ir na prisão de uma cidade do México para subornar o carcereiro, contratando alguns criminosos da pesada. E é isso. Com a ajuda desses demais homens (sete ao total, como no primeiro filme) ele volta a enfrentar o bando de mexicanos que aterrorizam os moradores. Apesar de ter a sempre emocionante trilha sonora composta por Elmer Bernstein o filme como um todo nunca justifica sua existência. É mais do mesmo e... pior.

A Volta dos Sete Homens (Return of the Seven, Estados Unidos, 1966) Direção: Burt Kennedy / Roteiro: Larry Cohen / Elenco: Yul Brynner, Robert Fuller, Julián Mateos, Warren Oates, Fernando Rey, Emilio Fernández / Sinopse: Após um ataque de bandoleiros mexicanos violentos, um jovem de uma comunidade atacada consegue fugir para pedir ajuda ao pistoleiro Chris Larabee (Brynner) que resolve reunir um novo grupo de homens destemidos para proteger todas aquelas pessoas indefesas. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música (Elmer Bernstein).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Paris, Texas

Título no Brasil: Paris, Texas
Título Original: Paris, Texas
Ano de Produção: 1984
País: Inglaterra, Alemanha, França
Estúdio: Road Movies Filmproduktion, Argos Films
Direção: Wim Wenders
Roteiro: L.M. Kit Carson, Sam Shepard
Elenco: Harry Dean Stanton, Nastassja Kinski, Dean Stockwell, Aurore Clément, Tom Farrell
  
Sinopse:
Em um deserto hostil do Texas, um homem sem memória (Harry Dean Stanton) acaba sendo encontrado. Ele é Travis Henderson. Seu maior drama é não saber quem é, de onde veio e nem para onde vai. Aos poucos porém ele vai, em rápidos lapsos, entendendo e recriando tudo o que aconteceu em sua vida passada. Ao lado do irmão, sua esposa e sua filha ele começa então a tecer pequenos momentos de lembrança em sua mente abalada. Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Direção (Win Wenders).

Comentários:
Esse é um cult movie que foi muito cultuado durante os anos de ouro do VHS (entenda-se anos 80). Curiosamente apesar de sempre ler e ouvir falar sobre o filme na época, principalmente através de publicações de cinema (lembra delas?) fiquei anos sem conferir o tão aclamado filme de Wim Wenders. Certa manhã, durante as férias de verão, na casa de parentes, acabei dormindo até um pouco mais tarde e fiquei para trás em casa, sozinho. Todos os demais tinham ido à praia. Procurando por algo a assistir me deparei com uma velha fita VHS de "Paris, Texas" e assim o assisti pela primeira vez, meio sonolento, é verdade, numa manhã de domingo. A minha impressão - que ainda se mantém firme depois de todos esses anos - é a de que o diretor alemão foi mesmo um mestre nessa sua maneira de dirigir, dando muita importância à forma, porém sendo bem raso em termos de conteúdo. O enredo de "Paris, Texas" não parece ir para lugar nenhum, essa é a verdade. Wenders porém o trata com tanto maestria, em termos cinematográficos, que o público acaba esquecendo disso. Visualmente muito bem fotografado, embora com um visual árido, o filme se destaca por ter uma narrativa que nos lembra até mesmo um sonho. Não há muito objetividade e nem muita certeza para onde se quer ir. Em relação a esse filme em si o que realmente importa é o caminho a ser percorrido e não o seu ponto de chegada, o objetivo final de sua estória. Para quem gosta desse tipo de filme fica a indicação. Já para os que preferem algo mais claro e objetivo fica o aviso.

Pablo Aluísio.

Sexta-Feira 13

Título no Brasil: Sexta-Feira 13
Título Original: Black Friday
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Arthur Lubin
Roteiro: Curt Siodmak, Eric Taylor
Elenco: Boris Karloff, Bela Lugosi, Stanley Ridges, Anne Nagel, Anne Gwynne, Edmund MacDonald
  
Sinopse:
Quando seu amigo pessoal, o professor Kingsley, morre tragicamente, o neurocirurgião Dr. Ernst Sovac (Boris Karloff) decide que precisa preservar sua mente de alguma maneira. Afinal a inteligência de um homem tão brilhante não poderia simplesmente deixar de existir da noite para o dia. Assim ele resolve usar um novo procedimento experimental, ainda não autorizado pelas autoridades, para transplantar o cérebro do amigo para o corpo de um criminoso também recentemente falecido, o gangster Red Cannon. Inicialmente a operação parece ter sido um sucesso, mas em pouco tempo algo parece claro: a mente de inteligência única parece agora fixada em ser usada para o mundo do crime.

Comentários:
Pois é, existe um filme da década de 1940 chamado "Sexta-Feira 13", tal como a série violenta de filmes com o psicopata Jason dos anos 80. Poucos ainda se lembram disso ou possuem conhecimento da existência dessa produção. Aqui não temos psicopatas com machados e máscaras de hockey matando adolescentes e jovens namorados desprevenidos no meio da floresta, mas sim uma mistura até bem feita envolvendo dois clássicos da literatura de terror: "O Médico e o Monstro" de Robert Louis Stevenson e "Frankenstein ou o Moderno Prometeu" de Mary Shelley. Do primeiro os roteiristas tiraram a ideia de duas personalidades diferentes convivendo em um mesmo corpo, sendo uma delas culta, elegante e sofisticada e a outra violenta, psicopata e cruel. Na verdade a união das duas personalidades do transplante - uma do professor falecido e a outra do criminoso em seu próprio corpo. Já do segundo livro temos a figura do cientista louco, que não parece estar interessado nos limites éticos e profissionais de sua atividade médica. Mesmo sabendo dos riscos não hesita em ultrapassar todas as fronteiras da lei para trazer para o mundo um ser monstruoso, feito de pedaços e órgãos de pessoas mortas. Um dos grandes atrativos do filme vem da presença de dois monstros consagrados do cinema de horror clássico: Boris Karloff e Bela Lugosi. É verdade que Lugosi já parecia debilitado em cena por causa de seu vício em drogas pesadas, mas mesmo assim vê-lo ao lado de Karloff certamente vale a pena. Dois grandes mitos atuando em um filme que, como já escrevi, é também a união de dois clássicos da literatura de terror. Poderia haver algo mais interessante para os fãs do gênero? Penso sinceramente que não...

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de agosto de 2016

Richard Burton - Paixão Proibida

Nesse fim de semana tive a oportunidade de conferir mais um clássico do cinema inglês. O filme em questão se chama "Look Back in Anger" (no Brasil, "Paixão Proibida"). É uma adaptação de uma peça teatral estrelada pelo ator Richard Burton. Aliás sábia escolha. É um daqueles personagens que você fica em dúvida se foi o ator que escolheu o papel ou o contrário disso. Isso porque o protagonista, Jimmy Porter, tinha muito a ver com o próprio Richard Burton. De temperamento mercurial e personalidade forte, ele acaba involuntariamente destruindo todos ao seu redor. Aliás, até seu próprio casamento acaba sendo tragado por suas atitudes nada nobres.

O enredo do filme se desenvolve em torno de um casal, Jimmy (Burton) e Alisson (Mary Ure). O casamento deles é o que se pode chamar de inferno na Terra. Tudo se baseia em um relacionamento destruído, em frangalhos, que só continua de pé por razões que a própria razão desconhece. O roteiro aliás é muito pertinente nesse aspecto pois mostra duas pessoas afundadas em uma união infeliz, repleta de brigas e ofensas, mas que continua sem muitas razões claras. Afinal quem gostaria de viver em um matrimônio onde não existe mais diálogo, mas só brigas, brigas, ofensas, provocações e humilhações diárias? Para piorar o personagem de Richard Burton sobrevive no limite, trabalhando como feirante de dia e tentando descolar alguns trocados como músico (ele toca trompete) em bares e boates, sem muito sucesso.

E onde o fracasso se instala também se instala a tentativa de descontá-lo nos outros. No caso o marido desconta toda a sua ira e frustração pessoal na própria esposa. Burton em cena está impagável. O ator parecia frustrado com o trabalho que vinha desenvolvendo em Hollywood e voltou para a Inglaterra para respirar ares mais artísticos, estrelar mais filmes que lembrassem o seu tempo de ator de teatro em Londres. Acertou em cheio. Certamente "Look Back in Anger" passou longe de ser tão popularmente comercial como os épicos de Roma e Guerra que Burton vinha estrelando em Hollywood, mas certamente lhe trouxe muito orgulho e reconhecimento pessoal pelo trabalho que desenvolveu. Acabou sendo indicado a dois prêmios importantes, o Globo de Ouro e o BAFTA Awards. Dizem que durante uma de suas habituais bebedeiras disse que o cinema americano era apenas o lugar onde ele ganhava suas fortunas, sendo que a paixão de ser ator só encontrava mesmo nos palcos e estúdios britânicos.

Por fim, outro bom motivo para conferir esse "Look Back in Anger" é a presença da jovem atriz
Mary Ure. Com cabelos platinados e rosto de beleza clássica ela atuou como a esposa de Richard Burton no filme. Uma mulher que pagou um alto preço por amar um homem que no fundo não queria amar ninguém e nem ser amado. Sua interpretação chama bastante a atenção do espectador, principalmente por ela apresentar uma maturidade e um grau de sofrimento que nem era condizente com sua idade na época em que o filme foi realizado. Infelizmente Mary teve um destino trágico ao morrer de uma overdose de drogas acidental. Ela ainda trabalharia ao lado de Burton em filmes como "O Desafio das Águias" (dizem que foi namorada do ator), mas infelizmente teve pouco tempo de vida para explorar todos os seus talentos dramáticos. Esse filme aqui acabou sendo uma boa oportunidade de conferir como ela era, além de linda esteticamente, uma grande atriz.

Pablo Aluísio.