sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Tropas Estelares: Invasion

Uma equipe de elite é enviado para um setor distante do universo para investigar o que teria acontecido com uma nave que perdeu contato com a terra. Sem sinais e vagando pelo espaço os soldados liderados pelo Major Henry 'Hero' Varro acabam descobrindo uma situação terrível. Animação conjunta entre Estados Unidos e Japão com produção da Sony Pictures. Esse foi o caminho encontrado pelos produtores da franquia Tropas Estelares para levar em frente a série, saem os atores de carne e osso e entra a tecnologia digital. Em termos puramente técnicos o resultado é satisfatório mas não impressionante. O problema que mais incomoda aqui é a falta de uma maior expressividade no rosto dos personagens – todos ficam com expressões típicas de videogame. Já nas cenas de ação onde não se foca muito nas expressões dos soldados o resultado é bem melhor. Para inovar um pouco novos tipos de insetos foram acrescentados na franquia, alguns bem curiosos.

Outra coisa que chama a atenção em “Tropas Estelares – Invasion” é a escolha de uma postura mais adulta. Há cenas de nudismo, com as militares de seios à mostra andando nuas para lá e para cá. Por essa razão não é recomendado aos pais de crianças menores que comprem o DVD para seus filhos. O roteiro é redondinho, fechando bem a trama em si. Personagens da franquia original retornam aqui bem mais velhos e com patentes mais elevadas como Johnny Rico. A maior parte da equipe técnica é formada por japoneses. A animação foi dirigida por Shinji Aramaki, especialista em animações e animes nipônicos. No saldo final é um bom passatempo. Talvez daqui para frente Tropas Estelares sobreviva como produto justamente nesse tipo de formato. Não deixa de ser interessante. Os fãs da franquia agradecem.

Tropas Estelares: Invasion (Starship Troopers: Invasion, Estados Unidos, 2012) Direção: Shinji Aramaki / Roteiro: Robert A. Heinlein, Flint Dille / Elenco: Leraldo Anzaldua, Luci Christian, Melissa Davis / Sinopse: Uma equipe de elite é enviado para um setor distante do universo para investigar o que teria acontecido com uma nave que perdeu contato com a terra. Sem sinais e vagando pelo espaço os soldados liderados pelo Major Henry 'Hero' Varro acabam descobrindo uma situação terrível.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O Amor Pede Passagem

Mike (Steve Zahn) é um solteirão que trabalha no hotel de beira de estrada de seus pais. Sem perspectivas na vida profissional e afetiva ele acaba conhecendo a executiva bem sucedida Sue Claussen (Jennifer Aniston) e fica completamente apaixonado por ela. Além de ter um amor à primeira vista típico de adolescentes ele ainda sofre de um amor platônico sem amarras. Será que duas pessoas tão diferentes poderiam realmente dar certo? "O Amor Pede Passagem" é mais uma daquelas comédias românticas que apostam na chamada atração dos opostos. O filme para falar a verdade não é de todo mal, tem jeito de produção independente (apesar de não ser), um ritmo leve, um jeito despretensioso e uma vontade enorme de ser alternativo. Bom, ficou na intenção. Apesar de tudo tem seus pontos positivos. 

A Jennifer Aniston, por exemplo, começa o filme fazendo algo um pouquinho diferente de seus personagens habituais. Aqui ela aparece na pele de uma mulher um tanto quanto calculista, fria e sistemática. Pelo menos nas cenas iniciais. A caracterização cai bem em uma personagem que é uma executiva do mundo dos negócios. Steve Zhan repete seu personagem padrão. Quase sempre ele interpreta adultos que psicologicamente nunca conseguem sair da adolescência. Até em trabalhos mais consistentes como a ótima série "Treme" da HBO Zhan repete esse tipo de papel. Não é ruim, apenas repetitivo em excesso. O roteiro lida com situações que se sucedem meio que por acaso ao longo do filme e mais coisas implausíveis vão acontecendo (como o cara ir atrás dela pelo país afora e ela não ficar nem um pouco assustada com esse comportamento totalmente freak!). De fato se algo assim realmente acontecesse na vida real era bem possível que a executiva entrasse com uma ordem de restrição contra o pobre rapaz. O que antigamente eram simples caso de paixões platônicas hoje em dia virou caso de justiça. Aliás o grande problema do filme é esse, tem muita coisa implausível acontecendo, a maior delas é justamente o romance dos dois, algo que na vida real muito provavelmente jamais aconteceria. Recomendo mais para as fãs de comédias românticas já que o filme é assim mesmo, "bonitinho" em demasia e com "final fofo". Se faz o seu estilo então desligue o bom senso e se divirta.  

O Amor Pede Passagem (Management, Estados Unidos, 2008) Direção: Stephen Belber / Roteiro: Stephen Belber / Elenco: Jennifer Aniston, Woody Harrelson, Steve Zahn, Margo Martindale, Fred Ward, Tzi Ma / Sinopse: Mike (Steve Zahn) é um solteirão que trabalha no hotel de beira de estrada de seus pais. Sem perspectivas na vida profissional e afetiva ele acaba conhecendo a executiva bem sucedida Sue Claussen (Jennifer Aniston) e fica completamente apaixonado por ela. Além de ter um amor à primeira vista típico de adolescentes ele ainda sofre de um amor platônico sem amarras. 

Pablo Aluísio.

Brigitte Bardot e o Biquíni Proibido!

Brigitte Bardot foi um dos grandes símbolos sexuais do cinema mundial durante as décadas de 50 e 60. De óbvios atributos estéticos a atriz causou frisson não apenas pela sua extrema beleza mas também por várias atitudes de independência que a fez ser amada e odiada nas mesma proporções. Em uma época em que a mulher tinha que seguir rígidos padrões morais e sexuais Bardot ousou ir mais além. A forma como ela se tornou ícone sexual de uma geração foi no mínimo curioso. Tudo começou quando a adolescente Bardot conheceu Roger Vadim. Ele era bem mais velho do que ela, com fama de conquistador inveterado. Na época em que o conheceu Brigitte tinha apenas 15 anos e ainda era apenas uma aspirante à carreira de modelo. Conforme Vadim foi lutando por sua carreira a aproximação amorosa se tornou inevitável. Para escândalo da tradicional família Bardot ela resolveu assumir seu romance. Para seus pais foi como uma declaração de guerra familiar, embora para Brigitte tudo soasse apenas como uma mulher que lutava para se relacionar com quem bem entendesse.

Aos 17 anos finalmente se casou com Vadim, a contragosto dos pais que desaprovavam de forma veemente o casamento. O auge dos atritos envolvendo Brigitte e sua família aconteceria na ocasião do lançamento de seu primeiro filme. A produção se chamava "Manina, la fille sans voile" e não economizava na sensualidade, trazendo fartas cenas de Bardot de biquíni, na praia, em cenas ousadas. Quando o filme foi lançado o clã Bardot perdeu a paciência e tentando preservar sua "reputação moral" resolveu tomar medidas duras, levando todos, de produtores ao diretor Vadim, aos tribunais. Tentando a todo custo proibir a exibição do filme os advogados da família Bardot alegavam que a produção ia contra todos os valores morais e religiosos do povo francês, contra a ética, contra o pudor e chegava ao ponto de acusar os realizadores de anticristãos e lascivos pois estariam pisando nos dogmas religiosos mais vitais ao sentimento da nação francesa! O caso acabou virando um carnaval e o filme acabou se tornando dez vezes mais famoso por causa do inusitado processo judicial. A polêmica logo chegou aos EUA e o filme acabou sendo comprado por um grande estúdio americano para distribuição no país sob o sugestivo nome "The Girl In the Bikini". O tiro da família Bardot obviamente saiu pela culatra pois trouxe uma publicidade impensada para um pequenino filme como aquele!

Nem é preciso dizer que em pouco tempo Bardot virou símbolo sexual também para os americanos. Afinal ela era além de linda muito interessante em seu estilo de vida livre e exótico, caindo como uma luva na imagem que os ianques tinham sobre os hábitos sexuais dos franceses, geralmente vistos como libertinos incorrigíveis. Após uma longa batalha judicial o tribunal deu ganho de causa para os produtores do filme. Não havia sentido em aplicar censura em um filme que no final de contas só mostrava uma linda adolescente de biquíni passeando pela praia. Aliás ela estava mais maravilhosa do que nunca. Por que proibir a beleza feminina afinal? O caso fez jurisprudência na justiça francesa e em vários outros países o exemplo foi seguido. Não havia como proibir uma obra de cinema apenas por uma questão moral de foro íntimo, pois a decência varia de pessoa para pessoa. O que pode ser considerado imoral para alguns pode não ser para outros. Na nova década não havia mais espaço para moralismos caducos e retrógrados como aquele. O biquíni de Bardot enfim vencera e ela, linda e graciosa, iria a partir daí iniciar um reinado nas telas mundiais que duraria vários anos para deleite de todos os cinéfilos ao redor do mundo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Raul - O Início, o Fim e o Meio

Raul Seixas foi um sujeito incomum. Nascido na Bahia gostava mesmo era de Rock Americano. Artista brasileiro, não ligava e nem dava a menor bola para movimentos da época como o tropicalismo e a Bossa Nova. Em plena ditadura militar propôs a criação de uma sociedade alternativa, algo completamente subversivo. Espiritualista, não seguia a religião dominante, preferindo se dedicar a estudos esotéricos baseados em um mago inglês meio maluco. Raul definitivamente não seguia padrões em sua vida e nem muito menos na sua música. Foi uma pessoa e artista ímpar, singular. Esse novo documentário procura trazer uma luz sobre a história desse personagem muito interessante da nossa cultura. O retrato que salta da tela é de uma pessoa que não se enquadrava em nenhum rótulo ou tentativa de classificação. Não é á toa que Raul gostava de dizer que era acima de tudo um “Raulseixista”!. Em pouco mais de duas horas o filme tenta destrinchar a vida de Raul, desde sua infância até sua morte. 

Raul sempre foi original. Garotinho já surge de topete, gola levantada para cima, fã de carteirinha de Elvis Presley. Junto com amigos decidiu abrir um fã clube próprio do cantor, o Elvis Rock Club em Salvador. Depois já adulto vemos sua paixão pela música virar profissão. Na década de 60 formou seu próprio grupo de Ié, Ié, Ié, chamado “Rauzlito e os Panteras”. Após mudar-se para o Rio de Janeiro se tornou produtor da CBS e trabalhou ao lado de artistas como Jerry Adriani e Renato e Seus Blue Caps. Mas isso era pouco e nos anos seguintes Raul chutou o balde e resolveu se assumir como cantor, impondo seu estilo único na MPB. Sua parceria com Paulo Coelho rendeu os maiores clássicos de sua carreira. Uma amizade complicada marcada pela competição interna. O próprio Coelho dá longo depoimento e é interrompido justamente por uma mosca bem na hora da entrevista! A associação com o sucesso “Mosca na Sopa” de Raul obviamente é imediata, sendo esse um dos momentos mais divertidos do documentário. Um dos grandes méritos de “Raul - O Início, o Fim e o Meio” é que embora busque louvar a genialidade do artista jamais joga para debaixo do tapete os problemas do homem Raul. Casado várias vezes (suas ex-mulheres dão ótimos depoimentos) Raul teve sérios problemas com drogas e álcool ao longo da vida. O alcoolismo aliás foi o grande pesadelo na vida do artista em seus últimos anos. Completamente embriagado não conseguia mais se apresentar ao vivo – há no documentário o registro que mostra Raul completamente bêbado em cima de um palco sem saber o que fazer. Retirado do palco o público começa a jogar latas e outros objetos em direção aos músicos e a apresentadora tenta acalmar os ânimos. A cena final, reconstruindo a noite da morte de Raul e seu enterro é tocante. 

Raul viveu como quis e ao morrer acabou se aproximando ainda mais de seu ídolo de infância, Elvis. Tal como Presley ele mantém um público fiel e devoto. Nada mal para esse baiano que tascou uma mosca na sopa da música brasileira. Claro que uma vida tão rica não seria retratada integralmente apenas em um documentário mas o resultado final é muito bom. O roteiro tenta explicar Raul mas isso é desnecessário. Raul não é para ser entendido mesmo. O maluco beleza detestava essa coisa de ter explicação para tudo. Assista, ouça e conheça esse grande nome da nossa música.  

Raul - O Início, o Fim e o Meio (Brasil, 2012) Direção: Walter Carvalho, Leonardo Gudel / Roteiro: Leonardo Gudel / Elenco: Depoimentos de Paulo Coelho, Tárik de Souza, Caetano Veloso, Kika Seixas, Sylvio Passos entre outros / Sinopse: Documentário que mostra a vida profissional e pessoal do cantor e compositor Raul Seixas, um dos grandes nomes do rock brasileiro.  

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Fome de Viver

Hoje o mundo foi surpreendido com a morte do diretor Tony Scott. Isso me recordou um de seus pequenos clássicos, um filme sobre vampiros que causou sensação na década de 80. "Fome de Viver" é puro estilo. É o típico caso de filme em que a forma é muito mais importante do que o conteúdo. Isso porque do ponto de vista de seu conteúdo o filme não traz nada de muito relevante ou surpreendente. O enredo é bem criado, mas não foge demais da mitologia dos vampiros que todos conhecemos. De certa forma é até simples. O grande diferencial é realmente sua forma. Nenhuma cena do filme parece ter sido filmada de forma gratuita. Tudo é pensado, ultra produzido, sofisticado. O diretor Tony Scott não deixa de criar ambientações singulares para cada tomada de cena (usando fartamente de cortinas brancas ao vento, sombras, luz, arquitetura clássica, enquadramentos ousados etc).

Em certos momentos me lembrou muito Blade Runner (inclusive com o uso de pombas brancas voando ao fundo). O elenco todo está bem, desde o cantor David Bowie (usando uma ótima maquiagem simulando o passar do tempo) até Susan Sarandon (mesmo que tenha sido maquiada de forma pesada que escureceu seus marcantes olhos). Já Catherine Deneuve esbanja elegância e sofisticação, até mesmo nas cenas mais violentas. Enfim, quem for assistir "Fome de Viver" esperando um filme de vampiros tradicional vai ter uma bela surpresa. O filme é em sua essência um exercício de estilo, onde tudo é muito chic, com cara de videoclip dos anos 80.

Fome de Viver (The Hunger, Estados Unidos, 1983) Direção: Tony Scott / Roteiro: Ivan Davis, Michael Thomas / Elenco: Catherine Deneuve, David Bowie, Susan Sarandon / Sinopse: Um casal de vampiros tenta manter seu estilo de vida em uma grande cidade americana do século XX

Pablo Aluísio.

Chernobyl

Não é de hoje que Hollywood se aproveita da paranoia que envolve a energia nuclear para criar seus monstros radioativos. Esse "Chernobyl Diaries" se utiliza da velha fórmula que tanto foi usada na década de 50. Aqui temos novamente um grupo de jovens americanos e russos que resolvem fazer um turismo radical: ir até a cidade de Chernobyl na Rússia para conhecer o local. Para quem não se lembra Chernobyl foi palco do maior desastre nuclear da história quando um dos reatores da usina nuclear local explodiu contaminando tudo em um raio de quilômetros. A população que morava próxima à usina teve que sair às pressas da região, deixando tudo para trás, casas, móveis e objetos pessoais. É justamente nesse local abandonado que os turistas vão conhecer. O plano inicial é de passar apenas duas horas em Chernobyl, tirar algumas fotos da cidade fantasma e ir embora. Não precisa ser gênio para saber de antemão que alguma coisa vai acontecer e eles vão ficar presos no local sem possibilidade de ir embora.

"Chernobyl Diaries" até tem um começo promissor. O problema é o roteiro que é bem ruim. Assim que o carro pifa começam os sustos de meia tigela. Algo surge na escuridão e começa a atacar todos só que ninguém sabe ao certo do que se trata. Podem ser outras pessoas mas podem ser também apenas alguns animais selvagens. Em certo momento do filme um dos personagens solta a pérola “Eu não estou conseguindo ver nada” – de fato, não é só ele que não consegue ver nada já que o filme é totalmente escuro e ninguém vê absolutamente nada do que está acontecendo em cena. Muitos gritos, gente correndo pra lá e pra cá, e lanternas caindo na escuridão. Isso é tudo. Os que gostam de ver monstros em filmes de terror podem ir tirando o cavalinho da chuva porque se eles existem não aparecem nunca! Há relances apenas. Embora não seja um Mockumentary (falso documentário), "Chernobyl Diaries" usa e abusa da câmera subjetiva, tremida, desfocada e nervosa. Chega a dar dor de cabeça. Assim o espectador é jogado no meio da escuridão com um monte de gente gritando sem se saber ao certo o que diabos está acontecendo. No final fica o gosto de decepção. Prefiro os monstros radioativos da década de 50 porque apesar da roupa de borracha eles eram divertidos e o mais importante: o espectador conseguia vê-los! Aqui em "Chernobyl Diaries" não se vê nada, apenas seu dinheiro do ingresso indo embora á toa. Enfim não caia nesse abacaxi de urânio.

Chernobyl - Sinta a Radiação (Chernobyl Diaries, Estados Unidos, 2012) Direção: Bradley Parker / Roteiro: Oren Peli, Carey Van Dyke, Shane Van Dyke / Elenco: Jesse McCartney,Jonathan Sadowski, Nathan Phillips, Olivia Dudley, Ingrid Bolsø Berdal / Sinopse: Grupo de turistas resolve ir na cidade radiotiva de Chernobyl para fazer o chamado turismo radical. O que não contevam é que haveria vida no local.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de agosto de 2012

Filmografia Comentada: Steve McQueen

Steve McQueen foi um dos atores mais populares da década de 60. Estreiou no cinema em "Marcado Pela Sarjeta" em uma participação não creditada. Seu tipo não se enquadrava nos galãs românticos da época e por isso ele aos poucos foi se especializando em filmes de muita ação e emoção, criando seu próprio estilo. Sua sorte mudou ao estrelar um filme de orçamento modesto da companhia Mirisch, especializada em produções B. O western "Sete Homens e Um Destino" se tornou um grande sucesso de bilheteria e assim Steve McQueen se tornou um astro de primeira grandeza. Os sucessos se sucederam, "Fugindo do Inferno", "Bullit". "O Canhoneiro do Yang-,Tsé", "Crown, O Magnífico", "Papillon", "O Inferno na Torre" e tantos outros. McQueen formou seu próprio público e estilo se tornando rapidamente um campeão absoluto de bilheterias. Louco por carros e corridas McQueen procurava sempre fazer suas próprias cenas de perseguição nos filmes. Seu último filme, "Caçador Implacável" mostrava que apesar dos anos McQueen continuava fiel ao tipo de produção que lhe trouxe fama e fortuna. O ator morreu em 1980, aos 50 anos, deixando toda uma legião de fãs órfãos de seu talento e carisma.

Papillon
Henri 'Papillon' Charriere (Steve McQueen) é condenado por assassinar um gigolô e é enviado para a terrível penintenciária de Saint Laurent na Guiana Francesa. A prisão era conhecida por seu regime de trabalhos forçados em pântanos e pela rígida disciplina interna. Na viagem para o local acaba conhecendo Louis Dega (Dustin Hoffman) um falsificador de bônus de guerra que acumulou grande riqueza com sua atividade ilegal. Papillon lhe oferece proteção em relação a outros prisioneiros que já sabem que Dega tem uma verdadeira fortuna pessoal e certamente vão querer tirar algum proveito disso. O que começa como um simples acordo de proteção acaba ao longo dos anos se tornando uma sólida amizade pessoal entre ambos. "Papillon" é um filme visceral. O roteiro foi baseado no relato autobiográfico de Henri Charrière que foi mandado para a Ilha do Diabo na década de 1930. Seu teor cru e realista até hoje impressiona. Não poderia ser diferente. Aqui temos um dos maiores roteiristas da história de Hollywood, Dalton Trumbo, o mesmo de Spartacus que foi perseguido durante o macartismo e que foi trazido de volta do ostracismo por Kirk Douglas. Seu texto é brilhante, um grande estudo e denúncia sobre as péssimas condições que existiam no local. Um claro atentado aos direitos mais básicos dos apenados.

Para se ter uma pequena idéia da rigidez do sistema prisional basta citar o fato de que era prática constante o envio de prisioneiros para a solitária durante longos anos. O próprio Papillon passou cinco anos encarcerado no chamado "buraco" por ter agredido um guarda da prisão que estava espancando seu amigo Dega. Isolado, sem luz e com comida racionada ele aos poucos vai perdendo o senso de realidade chegando ao ponto de saciar sua fome comendo pequenos insetos que infestam sua cela como baratas e centopeias. Essas cenas passadas na solitária aliás são as melhores de todo o filme, mostrando de forma inequívoca o grande talento de Steve McQueen, um ator que sempre achei muito subestimado pela crítica. Outro ponto muito marcante é a obstinação de seu personagem que nunca se rende e está sempre em busca de sua liberdade. Sua frase "Estou vivo desgraçados!" é muito significativa nesse ponto. Papillon é uma pessoa que não se rende, que não desiste. No fundo o filme é uma crônica sobre a perseverança humana que a despeito de todas as adversidades jamais se dobra ao que o destino parece lhe impor. Um grande momento do cinema americano da década de 70 e uma obra essencial para todos os cinéfilos.

Sete Homens e Um Destino
Moradores de um pacato vilarejo mexicano pedem ajuda a um grupo de pistoleiros liderados por Chris (Yul Brynner) e Vin (Steve McQueen) para que os protejam do terrível bando de bandidos e assassinos do pistoleiro Calvera (Eli Wallach). Refilmagem americana do filme "Os Sete Samurais" de Akira Kurosawa. Uma das grandes idéias dos roteiristas foi transpor a estória para o velho oeste, pois essa é a verdadeira mitologia americana. Saem os samurais e entram os pistoleiros e cowboys do filme. Nada mais adequado. Mas não foi apenas por essa adaptação que a produção se tornou um clássico. Provavelmente esse seja o western com a mais lembrada e famosa música tema da história do cinema. Muito evocativa e tocada várias vezes ao longo do filme em diversas versões diferentes logo fica claro porque se tornou um marco no estilo. Elmer Bernstein era realmente um grande compositor como bem demonstrado aqui. Basta a música tocar para o espectador entrar imediatamente no clima do gênero western.

Outro ponto muito forte de "The Magnificent Seven" é seu elenco acima da média, liderado pelos carismas de Yul Brynner e Steve McQueen, ambos estrelas em ascensão em Hollywood na época. Os sete pistoleiros contratados para defender a pequena vila são variações do velho mito do cavalheiro solitário e errante (como bem resume uma cena em que eles discutem sobre os prós e contras da vida que levam). O elenco de apoio é excepcionalmente bom, com destaque para Charles Bronson (ainda em sua fase de coadjuvante), Robert Vaughn (que iria virar astro da TV anos depois) e James Coburn (um dos atores que melhor personificou pistoleiros em filmes de faroeste). Produzido pela Mirisch cia, a produção não é muito rica (essa empresa era especializada em fitas B que depois eram distribuídas pelos grandes estúdios como Universal e MGM) mas esse pequeno detalhe não compromete o filme em nenhum momento. Já a direção do veterano John Sturges é eficiente (embora um corte na duração final cairia bem). De qualquer forma não há como negar que para quem gosta de western esse é sem dúvida um filme obrigatório.

24 Horas de Le Mans
Assisti hoje esse curioso filme da filmografia do Steve McQueen. O fato é que ele era louco por corridas e carros velozes, assim quando estava no auge de seu sucesso resolveu bancar um projeto pessoal: realizar um filme durante as 24 horas de Le Mans (uma das corridas mais famosas da Europa). Embora tenha sido aconselhado a não estrelar o filme Steve bateu o pé e levou uma enorme equipe de Hollywood para filmar o grande evento esportivo. O problema é que em sua ansiedade de fazer o filme McQueen esqueceu de que todo filme tem que ter um roteiro e não basta apenas filmar carros à toda velocidade.

Aí é que está todo o problema de Le Mans: ele não tem roteiro! Não é que o roteiro do filme seja ruim, nada disso, ele simplesmente não existe! Isso mesmo. Tudo se passa nas próprias 24 horas de Le Mans. Tudo o que se vê durante o filme inteiro é a própria corrida e nada mais. É quase um documentário. Para não dizer que McQueen não interpreta nada ele tem duas cenas onde troca diálogos rápidos com outros personagens (que nem mesmo possuem nomes!). Tecnicamente a verdade seja dita: o filme é muito bem editado e tem ótimas sequências de pista... mas também só tem isso. Enfim, o resultado de tudo isso é que o filme foi um tremendo fracasso de bilheteria e o McQueen perdeu uma verdadeira fortuna com isso. Bem feito, só assim ele nunca mais estrelaria um filme sem roteiro.

Fugindo do Inferno
Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir de um campo de prisão alemão durante a II Guerra Mundial. O local foi especialmente construído pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito. Esse é certamente um dos filmes mais lembrados quando se trata de fitas sobre fugas espetaculares. Além disso é considerado uma das produções mais populares estreladas pelo carismático Steve McQueen, na época no auge de sua popularidade como astro de filmes de ação. Embora pouca gente perceba isso o fato é que "The Great Escape" tem grande "parentesco" com outro clássico estrelado por McQueen, "Sete Homens e Um Destino". Ambos foram dirigidos pelo mesmo cineasta e conta com praticamente a mesma equipe no mesmo estúdio. Se compararmos os dois porém veremos que "Fugindo do Inferno" conta com uma produção bem acima do anterior, fruto é óbvio do grande sucesso do famoso western. Por trás das câmeras se sobressai o trabalho do excelente (e subestimado) John Sturges, que aqui entrega uma pequena obra prima dos filmes de guerra.

O roteiro foi baseado no livro de memórias de um participante da fuga (que foi real e aconteceu em 1944, já na fase final da II Guerra Mundial). Claro que o filme toma enormes liberdades com o material original, o livro de Paul Brickhill. O túnel que vemos em cena certamente é irreal, tal o seu grau de sofisticação. Obviamente que a escavação real mais parecia com um mero buraco do que qualquer outra coisa, muito longe do que vemos na tela. Aliás essa falta de veracidade seria satirizada anos depois na comédia "Top Secret" de 1984. O fato é que "Fugindo do Inferno" é acima de tudo uma obra de entretenimento e não esconde isso, principalmente em seus letreiros iniciais quando deixa claro que embora baseado em história real houve várias mudanças nos personagens, locais e tempo em que aconteceram os fatos reais. Longo em sua duração o filme não cansa o espectador pois a trama é muito bem amarrada e mantém o interesse. O roteiro também causa surpresa por ter basicamente dois finais, o primeiro na fuga e o segundo nos acontecimentos que ocorreram após a mesma ter sido levado a cabo. De qualquer forma "Fugindo do Inferno" é certamente um dos melhores filmes de guerra já feitos. Movimentado, bem escrito e com muito suspense e emoção. Se não conhece ainda não deixe de assistir.

O Inferno é Para os Heróis
Steve McQueen foi o grande nome do cinema de ação dos anos 60. Seus filmes iam direto ao assunto e não havia espaço para sutilezas ou abobrinhas dramáticas. Quem comprava o ingresso para ver um filme seu já sabia o que iria encontrar. Falando de forma crua o ator fazia filmes "pra macho", ou seja, muita ação, porrada e mortes. E é justamente isso que encontramos em "O Inferno é para os heróis". No roteiro não há lugar para melodramas, pelo contrário, o que vemos é um autêntico filme de guerra, com muita ação da primeira à última cena. Os personagens do batalhão são rapidamente apresentados e todos logo partem para o front onde tropas alemãs os esperam.

O elenco é muito interessante. Além de McQueen fazendo seu estilo caladão e durão temos ainda Bobby Darin, o cantor, fazendo um recruta mais preocupado em juntar cacarecos do que lutar e Nick Adams fazendo um refugiado polaco tentando ganhar uma viagem para os EUA com o objetivo de fugir da guerra e tentar um novo recomeço. Esse ator inclusive hoje é mais lembrado por suas amizades (foi grande amigo de James Dean e Elvis Presley) do que por sua carreira propriamente dita. E para terminar o elenco ainda traz o futuro durão dos filmes de western, James Coburn, interpretando um soldado nerd (vejam só que ironia). É isso, o filme é realmente um autêntico "war movie" com direito inclusive a uma muito bem feita cena de destruição de uma casamata alemã (devidamente copiada por Spielberg em Soldado Ryan). Coloque o capacete e divirta-se.

Pablo Aluísio.

O Segredo da Cabana

Muito bizarro esse novo “The Cabin in the Woods”. Isso é o mínimo que eu posso dizer. O filme começa de forma muito convencional. Um grupo de jovens decide passar um fim de semana numa cabana localizada numa distante floresta. Bom, se você já assistiu a pelo menos um filme de terror na vida sabe que esse enredo não tem nada de original. Todos sabemos que os jovens estão ali só para serem trucidados, um por um, e que a floresta esconde um terrível e macabro segredo. Até aí realmente tudo mais do mesmo. Agora logo no começo da estória notamos que no meio desse argumento clichê há algo de diferente. Um grupo de executivos e funcionários do que parece ser uma empresa monitora tudo o que acontece na cabana com os jovens. Estranho não é mesmo? Eles se comportam como em toda corporação, batem papo, tomam cafezinho, contam piadas, enquanto isso o grupo na cabana é atacado por uma família de zumbis caipiras! Isso mesmo! Sentiu o tamanho da bizarrice? Mas isso, por mais incrível que possa parecer, é apenas o começo de tudo porque por trás de toda aquela situação está um contexto ainda mais bizarro, estranho e inacreditável. Uma realidade nada comum que não convém revelar aqui para não estragar a surpresa de quem ainda não assistiu ao filme.

A verdade é a seguinte, quando tudo for revelado e explicado você poderá ter apenas duas reações possíveis: vai abrir um sorriso e adorar, achando tudo muito inventivo e bem bolado, diferente, além de extremamente fantasioso ou vai odiar e se sentir enganado por ter pensado tanto tempo estar assistindo a um tipo de filme para depois descobrir que não é bem aquilo que você pensava ser. “O Segredo da Cabana” é um filme bem radical nesse ponto. Particularmente acompanhei tudo com atenção e quando cheguei ao clímax da produção acabei me divertido pelo inusitado de tudo. A conclusão é um tanto absurda, mas boa ou ruim pelo menos é diferente do que estamos acostumados a assistir. A produção no final das contas mistura elementos de tudo o que você possa imaginar, fazendo um caldeirão gigante de cultura pop onde convive todo tipo de personagem, desde os antigos monstros da Universal até os bons e velhos zumbis comedores de carne humana. Eu vou recomendar o filme com certeza pois você, amando ou odiando o resultado final, pelo menos no final das contas vai assistir algo diferente – coisa que andava faltando nos filmes de terror recentes. Assista e (se possível) se divirta com tudo o que acontece na tela. Bizarro é pouco para definir.

O Segredo da Cabana (The Cabin in the Woods, Estados Unidos, 2011) Direção: Drew Goddard / Roteiro: Joss Whedon, Drew Goddard / Elenco: Sigourney Weaver, Kristen Connolly, Chris Hemsworth, Anna Hutchison / Sinopse: Um grupo de jovens decide passar o fim de semana em uma cabana isolada no meio de uma floresta. O que começa como pura diversão acaba virando um terrível ataque de monstros sedentos por sangue humano.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Homem Que Matou o Facínora

“Quando a lenda se torna mais interessante do que o fato, que se publique a lenda”. Essa frase colocada na boca de um dos personagens de “O Homem que Matou o Facínora” resume muito bem esse maravilhoso western, um dos grandes clássicos da história do cinema americano. John Ford, um mestre em extrair grandes lições de histórias aparentemente simples, aqui tem um dos momentos mais inspirados de toda a sua carreira. E diante da obra cinematográfica que ele produziu ao longo da vida isso definitivamente não é pouca coisa!

No filme acompanhamos a chegada do senador Ransom Stoddard (James Stewart) na pequenina cidade onde começou sua carreira política muitos anos antes. Ele vem para o enterro de um velho conhecido, Tom Doniphon (John Wayne). Mas quem seria Tom Doniphon na realidade? Através de flashback somos apresentados aos acontecimentos do passado onde Tom e Ranson tomaram parte em eventos que ficariam na história da região – e que em consequência levaria Ranson a ter uma extremamente bem sucedida carreira política nos anos que viriam. O enredo, como se pode perceber, tem uma inteligente linha narrativa.

John Ford, ao lado da equipe de roteiristas, trabalhou maravilhosamente bem o roteiro, com vários leituras sublimares que apenas um ótimo texto poderia explorar bem. Um dessas mensagens nas entrelinhas é o papel desempenhado pelo próprio personagem de John Wayne. Embora tenha sido creditado como o ator principal do filme (fruto de seu status de grande astro na época) o fato é que seu personagem é meramente coadjuvante na trama, mesmo que não seja um papel secundário qualquer.

Na realidade esse filme é uma parábola da capacidade de se doar pela felicidade de quem se ama. Tom é um rústico cowboy do interior, mas sua paixão pela jovem Hallie (Vera Miles) é tão profunda e sincera que ele deixa de lado até mesmo seus interesses pessoais para proteger Ranson (Stewart) pois é óbvio que Hallie o tem em grande consideração. Embora durão no exterior, Tom (Wayne) é na verdade uma pessoa extremamente altruísta, solidária e leal a ponto de ficar em segundo plano, abrindo mão de seus próprios sonhos pela felicidade da mulher que ama. Falar mais sobre a trama seria tirar parte de seu impacto.

Outro ponto excelente da produção é seu elenco excepcional. Como se não bastasse termos dois mitos em cena, James Stewart e John Wayne, o filme também apresenta um elenco de apoio de respeito, igualmente formado por grandes atores de sua época, a começar pelos que interpretam os bandidos do filme. Liberty Valance, o facínora do título nacional, é interpretado com brilhantismo por Lee Marvin, um ícone dos filmes de western. Ao seu lado, formando o bando de criminosos, está o famoso Lee Van Cleef que estrelaria uma longa série de faroestes nos anos seguintes, com destaque para as produções que rodou na Itália. Em suma, "O Homem Que Matou o Facínora" é um desses faroestes que podemos qualificar, sem medo de exageros, como monumental. É um western que privilegia o lado mais humano de seus personagens. É um exemplo de que mesmo dentro do gênero faroeste seria possível emplacar grandes dramas humanos. Um grande momento nas carreiras de John Wayne, James Stewart e John Ford. Impecável em todos os sentidos. Obra-prima da sétima arte.

O Homem Que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance, Estados Unidos, 1962) Direção: John Ford / Roteiro: James Warner Bellah, Willis Goldbeck baseados na história de Dorothy M. Johnson / Elenco: John Wayne, James Stewart, Vera Miles, Lee Marvin, Lee Van Cleef, Edmond O'Brien, Andy Devine / Sinopse: Ransom Stoddard (James Stewart) é um jovem e idealista advogado recém formado que vai até uma distante cidadezinha do oeste para iniciar sua carreira jurídica. Durante a viagem é assaltado e espancado pelo fora-da-lei Liberty Valance (Lee Marvin). Jurando colocá-lo na cadeia, usando de meios legais, Ransom inicia uma luta pessoal pela implantação da lei e ordem naquela região selvagem. Para isso conta com o apoio da jovem Hallie (Vera Miles) e do durão Tom Doniphon (John Wayne). Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Edith Head).

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Gigantes de Aço

Hollywood parece estar sem ideias novas. Esse "Gigantes de Aço" é um exemplo. Por trás da tecnologia se encontra um argumento muito derivativo e sem novidades. A estória do filme gira em torno de um esporte muito popular no futuro: lutas entre robôs! Entre os competidores está Charlie Kenton (Hugh Jackman), um treinador falido que desesperado resolve investir suas fichas em uma velharia caindo aos pedaços. Ao lado de seu filho ele tenta conseguir o impossível: vencer uma competição de alto nível com esse antigo e obsoleto robô que ele encontrou por acaso, abandonado em um ferro velho! Lida assim a sinopse tudo parece ser inovador mas não se engane, é pura aparência. O filme se "inspira" em muitas produções do passado, em especial a franquia Rocky. Aliás o filme foi definido muito bem por um observador como um "Rocky Balboa encontra Transformers". De fato, o argumento é realmente o mesmo dos filmes do famoso personagem de Stallone, só que ao invés de lutadores de carne e osso entram robôs de pixel, gerados na mesma tecnologia que foi utilizada em filmes como Transformers.

No meio dos efeitos digitais outra coisa chama a atenção: o pieguismo do relacionamento entre pai e filho. Ora, ao falar em pieguice no cinema lembramos imediatamente de que diretor? Isso mesmo, Steven Spielberg. Aqui ele coloca seu dedo na produção inserindo muita água com açúcar na complicada reaproximação do pai com seu filho, um garoto que não aceita muito bem o fato dos pais serem separados (outra obsessão de Spielberg sempre presente em suas mais melosas produções). Embora tenha sido um filme extremamente caro, com produção milionária (mais de 100 milhões de dólares) Spielberg preferiu colocar um de seus ratinhos de laboratório para dirigir, Shawn Levy. Especialista em bobagens com muitos efeitos digitais (como a franquia "Uma Noite no Museu"), Levy aqui repete a dose. O problema é que basicamente ele sempre se saiu melhor com comediazinhas descartáveis e esse "Gigantes de Aço" não é nesse estilo. Assim tudo ficou truncado, sem muito foco. O humor quando surge não marca, provocando apenas risinhos amarelos. A única coisa que mantém o interesse em todo o filme é a sucessão de lutas dos robôs mas isso é pouco para quem deseja mais conteúdo. No final das contas só recomendo "Gigantes de Aço" para guris da mesma idade do menino do filme, por volta de 11 anos. Acima disso realmente tudo vai soar bobo, piegas e juvenil demais.

Gigantes de Aço (Real Steel, Estados Unidos, 2011) Direção: Shawn Levy / Roteiro: John Gatins, Dan Gilroy / Elenco: Hugh Jackman, Evangeline Lilly, Dakota Goyo / Sinopse: A estória do filme gira em torno de um esporte muito popular no futuro: lutas entre robôs! Entre os competidores está Charlie Kenton (Hugh Jackman), um treinador falido que desesperado resolve investir suas fichas em uma velharia caindo aos pedaços. Ao lado de seu filho ele tenta conseguir o impossível: vencer uma competição de alto nível com essa velha lata de sardinhas!

Pablo Aluísio.