quinta-feira, 15 de julho de 2010
A República Brasileira - Edição VI
A República Brasileira - Edição V
quarta-feira, 14 de julho de 2010
A República Brasileira - Edição IV
O que derruba Bolsonaro nas pesquisas eleitorais?
Segundo a última pesquisa eleitoral Bolsonaro continua na mesma faixa que sempre esteve. Ele tem uma base de mais ou menos trinta por cento do eleitorado. É o núcleo mais fanático de seguidores, com fidelidade canina. Para esses a relação é de fã para ídolo. Nada parece tirar o apoio dessa gente. Porém para os outros setenta por cento do eleitorado as coisas andam ruins, bem ruins.
Bolsonaro não está preocupado com seu curral eleitoral. Ele sabe que essas pessoas o seguiriam até o inferno se fosse preciso. O que o presidente não consegue é conquistar o eleitor mais moderado, sensato, que não tem postura de fanboy do presidente. Para essa grande maioria do povo brasileiro o presidente Bolsonaro precisa mostrar serviço. Caso contrário não terá o apoio nas eleições
Um dos piores fatores que jogam Bolsonaro para baixo é a economia. E a economia brasileira vai muito mal. Altas taxas de desemprego, baixo crescimento e o pior de tudo, a inflação! Esse era um dragão que parecia ter desaparecido após o plano Real, mas que parece ter voltado para ficar. E quem sente mais a inflação é a camada mais pobre da população. O preço dos alimentos não param de crescer e nem é preciso falar da alta dos combustíveis e fontes de energia em geral. O preço da energia elétrica, por exemplo, consome parte significativa do orçamento das famílias. O brasileiro médio se vê mais pobre, mais pressionado pela alta dos preços. O salário não aumenta, os preços sim, todos os dias. Sentindo o problema no bolso esse eleitor nem pensa mais em votar nesse presidente. Se a vida vai mal, troca-se o presidente, assim como se troca o técnico de um time de futebol que só perde, rodada após rodada.
Por fim há o fator insanidade. Essa característica é bem conhecida do governo Bolsonaro. Atos administrativos sem sentido, defesa de pautas que não interessam a ninguém, a não ser um pequeno nicho de fanáticos (como a intervenção militar, elogios para a ditadura, etc) e conflitos constantes, muitos deles sem qualquer razão de ser. Todo dia parece surgir uma insanidade nova no Planalto. O presidente Bolsonaro parece não ter estratégia nenhuma para melhorar sua governabilidade. Muitas vezes puxa brigas com outros poderes sem qualquer necessidade. Por exemplo, o caso Daniel Silveira. Pesquisas recentes mostraram que a maioria da população brasileira foi contra sua impunidade. Bolsonaro ganhou novos eleitores com esse caso? Os números mostram que não. Ele só queimou mais ainda o seu filme. O presidente assim segue errando e se queimando, destruindo todas as pontes para sua reeleição.
A rejeição a Bolsonaro
Bolsonaro tem a maior rejeição entre os candidatos a presidente. Segundo os números da pesquisa 60% dos eleitores não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum, em nenhuma hipótese. Segundo especialistas em estatística nenhum candidato conseguiria vencer uma eleição com uma rejeição tão alta. Os dados foram divulgados na pesquisa XP / Ipespe de hoje (6.5.22).
A desaprovação de seu governo também não anda nada bem. 52% consideram o governo de Bolsonaro como ruim ou péssimo. Para 63% a economia está indo no caminho errado, mostrando uma das piores avaliações do governo nessa administração. Também é um reflexo da crise econômica pela qual país passa, com forte inflação, desemprego e setor produtivo sem crescimento considerável.
Existe uma faixa entre 20 a 25 por cento do eleitorado que não deixa Bolaonaro de jeito nenhum! Para esses Bolsonaro representa o Messias mesmo, é o homem puro, de coração e de honestidade. O Messias enviado por Deus. Que Jesus Cristo que nada, Bolsonaro é o verdadeiro ídolo. E o mais curioso é que dentro desse universo existem muitos evangélicos. O fanatismo religioso muitas vezes se mistura com o fanatismo político. Eis uma verdade! Quem tem tendência a ser fanático o será, não importa sobre o quê!.
Outro ingrediente nessa fórmula Bolsonarista é o ódio! Existem pessoas e não se engane sobre isso, que amam odiar! Parece uma maluquice, mas é a verdade! Esse ódio muitas vezes é baseado em ideias irracionais como racismo, supremacia branca ou coisas piores. Pessoas que se acham superiores aos outros, seja por questões raciais, seja por questões sociais. A elite brasileira, péssima em todos os aspectos, sempre odiou pretos e pobres. Um pobre de direita no Brasil é um grande absurdo histórico e social!
Outro ingrediente que eu colocaria no Bolsonarismo é o ressentimento. Gente que não deu muito certo na vida e odeia pessoas que chegam ao topo. E se essa pessoa é de esquerda então o ódio e o ressentimento são potencializados ao máximo. O fracasso pessoal leva ao ressentimento. Mistura isso com teorias da conspiração birutas e você vai entender o que pensa um Bolsonarista de puro ódio!
Agora o mais interessante de tudo é que eu pessoalmente penso que o Bolsonaro deva ser o menos Bolsonarista dessa corja. Ele fala muita besteira? Claro que sim! Só que ao mesmo tempo o Bolsonaro não faz aquilo que seus seguidores querem. Ele não censura seus opositores, não implantou uma ditadura no Brasil (Pelo menos por enquanto). Um parlamentar disse recentemente que ele só radicaliza quando está no holofote ou quando precisa agitar sua base de malucos fanáticos. Disso já percebi há muito tempo. O Bolsonaro parece ser muito mais racional e inofensivo do que muitos de seus seguidores. Para o Brasil é um alívio.
A República Brasileira - Edição III
Esse atual presidente do Brasil já deixou de ser decepção há muito tempo. A decepção acontece quando você pensa que alguém é honesto e depois se descobre que não é! Bom, do Bolsonaro eu não espero absolutamente mais nada. Ele é um típico político do centrão, sem tirar e nem colocar nada. É um sujeito que vai decepcionar muita gente, pois ele na verdade não está nem aí para os grandes valores que mente dizendo defender. Bolsonaro é a maior fraude da história do Brasil, nada se compara a isso.
E ele engana pessoas religiosas sem a menor cerimônia. Essas pessoas, milhares delas, são ingênuas e carentes. O mundo moderno cada vez mais as deixam obsoletas. Tentando pegar em alguma tábua de salvação eles se agarram a demagogos como Bolsonaro. E o idolatram sem a menor vergonha. Existe hoje, em certos setores religiosos, uma verdadeira "Religião Bolsonarista", fruto da lavagem cerebral que é passada via redes sociais e pelos próprios pastores, muitos deles apenas interessados na grana que podem ganhar do Estado. É uma patifaria sem limites!
O Bolsonarismo é uma grande farsa. Uma cambada de oportunistas, falsos conservadores, gente truculenta, estúpida, gente péssima. A religião é um escudo apenas para os próprios preconceitos pessoais. Gente que julga, gente que idolatra, apesar da Bíblia condenar essas duas coisas. Aliás quem lê a Bíblia nesses meios? Eu arrisco a dizer que praticamente ninguém. A fusão de religião com política sem dúvida é uma das maiores atrocidades da política brasileira atual. Algo que ainda vai causar muitos estragos nos anos que virão! Salvem suas almas!
Os Pastores do Ouro!
Essa foi quase cômica, se não fosse trágica no fim de tudo. O MEC, segundo denúncias, ficou na mão de certos pastores que pelo visto estão mais interessados no bode de ouro! Segundo foi denunciado por vários prefeitos os tais pastores pediam uma propina bem singular. Para liberar verbas da educação do MEC para essas prefeituras eles pediram uma barra de ouro de 1 kg. Era o preço para a verba ser liberada! Aleluia irmãos!
Caso não fossem pagos, segundo os denunciantes, eles não liberavam as verbas que são determinadas no final das contas, pela lei. Eu ouvi um amém? Pior mesmo foi o show de idolatria. Mais de 30 mil Bíblias foram distribuídas com a primeira página trazendo uma enorme foto do ministro da educação que também é pastor. Mas os pastores não dizem que imagens são idolatria? Levantem os braços para a glória irmãos! E o princípio da impessoalidade da administração pública, alguém viu por aí? Ainda bem que não existe corrupção no governo Bolsonaro não é mesmo? Aleluia!
Militares no Sistema Eleitoral
Foi uma péssima ideia colocar militares no sistema eleitoral brasileiro. Nas próximas eleições penso que não vão agir em prol da democracia. Caso seu candidato (Bolsonaro, o néscio) se saia mal nas urnas é bem provável que os militares que vão atuar nas eleições coloquem dúvidas e quem sabe digam que houve fraude nas eleições. Eles são interessados diretos na questão. Há milhares de militares em cargos públicos sem concurso, ganhando verdadeiras fortunas. Vocês acham mesmo que eles vão deixar esse mamata sem fazer confusão?
Além disso há mais ou menos 30 por cento dos eleitores que desejam no fundo uma ditadura militar mesmo. Querem a volta dos porões da ditadura, querem torturas, querem raptar o Estado brasileiro novamente. Concurso público? Isso vai contra os interesses dessa péssima elite. Eles querem indicar seus filhos que não deram para nada a assumirem cargos públicos com a força de uma baioneta. É gente sórdida, sem valores morais nenhum (embora enchem a boca para dizer que são moralmente superiores).
Então o que eu prevejo hoje (20.04.22)? Eu prevejo que caso Bolsonaro perca as eleições os militares vão criar caos dentro da sociedade. Vão afirmar que não houve eleições limpas, que as urnas foram fraudadas. E como possuem o apoio desse pequeno grupo da elite brasileira que não vale nada, muito provavelmente vão tentar um golpe militar. Se os democratas não reagirem e não houver força da sociedade civil organizada esses fardados vão implantar novamente um regime de força e terror em nosso pais. Jovens vão ser mortos novamente, a censura virá e a violência será a tônica do novo regime. Jamais confie nos militares brasileiros. A história está aí para provar do que eles são capazes de fazer.
Quando se ataca a Democracia
O caso da graça concedida pelo presidente Bolsonaro a um truculento deputado levanta questões interessantes. Pessoas apoiaram esse tipo de coisa. Militares ofenderam ministros do Supremo Tribunal Federal. Quando instituições que representam a democracia são atacadas, a própria democracia é atacada. E o que esperam de resultado de algo assim? Esperam que suas vidas vão melhorar? Que a economia do país vai melhorar?
Os primeiros sintomas já aparecem em números. O Dólar subiu. A economia demonstra que a inflação veio para ficar. Então se o governo é ruim e o povo decide eleger outro presidente não pode por causa dos senhores militares que ganham altas aposentadorias e pensões com o próprio dinheiro do povo? Os militares são donos do Brasil? Não, definitivamente não são!
O que separa a civilidade da barbárie em nosso país é a Constituição. Só gente escrota defende volta de ditadura militar. Aqueles que votam em pessoas que defendem atos antidemocráticos mal sabem o tamanho do erro que cometem. Os efeitos poderão ser desastrosos. Não votem em criminosos truculentos que pisam na lei e na constituição. O fascista alimentado de hoje pode ser o algoz de sua vida amanhã!
Bolsonaro e o fiasco das ruas
Bolsonaro, o presidente mais decepcionante da história do Brasil, contava com uma grande manifestação no dia de ontem. Segundo os estúpidos apelos de propaganda essas manifestações de primeiro de maio seriam "as maiores da história do mundo!". O que posso dizer? Gente maluca! E como foram as manifestações? Um fiasco.
Só participaram os mais fanáticos. Os que já estão babando, com baba escorrendo pelo canto da boca. Essa gente, em última análise, não interessa Bolsonaro. São idiotas úteis (ou inúteis). O que mais preocupa Bolsonaro é a perda do voto sensato, da pessoa equilibrada, que não é insana. Esses já pularam fora do barco há muito tempo.
Entretanto há risco de reeleição de Bolsonaro, simplesmente porque do outro lado temos Lula, com seu histórico de crimes que são muito complicados de apagar. Quem vai vencer essa eleição de candidatos péssimos? Aquele que tiver a menor taxa de rejeição. Nesse caso Lula ainda está na frente porque Bolsonaro tem taxas de rejeição enormes. A Bipolaridade está jogando o Brasil em um buraco negro. De qualquer forma o fiasco das manifestações em favor de Bolsonaro é uma boa notícia. A democracia agradece! (2.05.22).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 13 de julho de 2010
A República Brasileira - Edição II
Prudente de Morais
A República brasileira nasceu de um golpe militar e seus dois primeiros presidentes foram militares. O resultado foi pífio. Deodoro da Fonseca renunciou e Floriano Peixoto conduziu um governo de crises, agravado pelo fato de sua legitimidade para ser presidente ser bastante contestável. Assim para muitos o primeiro presidente de fato do Brasil foi Prudente de Moraes. Ele foi o terceiro presidente da república do ponto de vista histórico e o primeiro civil a ser eleito, com mais de 200 mil votos. Era advogado, formado na prestigiosa faculdade de direito do largo de São Francisco. Uma figura importante da política nacional, sendo senador e presidente do senado republicano. Era o homem certo para aquele momento da história do Brasil.
Seu governo porém não foi isento de problemas. Os seguidores de Floriano Peixoto eram bem fanáticos e sempre havia uma ameaça de novo golpe militar no horizonte. Além disso seu vice (que era de outra chapa, essa florianista) era conspirador e segundo alguns historiadores planejou o assassinato de Prudente. Felizmente ele sobreviveu a esse atentado à sua vida.
Prudente de Morais também pode ser considerado o primeiro presidente da República Velha a dar começo à chamada política café com leite, que iria promover uma alternância de poder de presidentes de São Paulo e Minas Gerais, todos comprometidos com os interesses dos grandes fazendeiros desses dois estados. Era o começa de uma era na política brasileira que só chegaria ao fim com a revolução promovida por Getúlio Vargas, décadas após o fim da presidência de Prudente de Morais, que foi presidente de 1891 a 1894.
Memórias de um Sargento de Milícias
Esse romance é um dos clássicos da literatura brasileira. Escrito por Manuel Antônio de Almeida e publicado pela primeira vez em 1854, inicialmente em estilo de folhetim, esse livro logo chamou a atenção por sua singularidade. Não é uma obra de fácil classificação. Não pode ser considerado um livro clássico da era romântica e nem tampouco um livro com características do realismo literário brasileiro. Então onde se enquadra? Basicamente em nenhuma escola da literatura.
O autor Manuel Antônio de Almeida morreu muito jovem, de um naufrágio na costa do Rio de Janeiro. Com isso ele ficou imortalizado basicamente por um único livro que foi justamente esse "Memórias de um Sargento de Milícias". O enredo se passava na época de Dom João VI, mas o escritor não estava preocupado em trazer em detalhes o Rio de Janeiro da era colonial. Nada disso, ele só queria mesmo era contar uma boa história, de preferência com muita diversão.
Por essa razão muitos críticos afirmam que "Memórias de um Sargento de Milícias" é uma obra picaresca, com um protagonista que foge totalmente do estereótipo do herói romântica mais tradicional. As personagens femininas também não eram mocinhas românticas em busca do grande amor de suas vidas, nada disso, era mulheres fortes, forjadas na dureza da vida. Enfim, se você não leu nos tempos de colégio, não deixe de dar uma segunda chance a esse livro singular dentro da história da literatura de nosso país.
Dom Pedro II e a Rainha Vitória
As relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra não iam muito bem no século XIX. A chamada questão Christie havia criada uma tensão entre os dois países. Mas o que deu origem a tudo isso? Um navio inglês foi saqueado na costa do Rio Grande do Sul. A carga foi roubada e a tripulação agredida. Pouco tempo depois três marinheiros ingleses no Rio de Janeiro foram presos e também agredidos por policiais. O embaixador inglês no Brasil, chamado Christie, culpou o império brasileiro.
Só com a mediação do imperador Belga é que a situação se resolveu. Ele decidiu a questão Christie em favor do Brasil, o que gerou um pedido de desculpas formais por parte da Rainha Vitória da Inglaterra. Então um encontro entre os dois monarcas foi marcado. Na realidade ao longo de sua vida Dom Pedro II iria se encontrar com a rainha Vitória por três vezes, em momentos diferentes de suas vidas.
A Rainha Vitória mantinha um diário pessoal onde escrevia todos os aspectos de seu dia a dia. E ela também escreveu sobre seus encontros com o imperador do Brasil. Segundo seus próprios escritos ela teve uma boa impressão de Dom Pedro II. Escreveu que ele era um homem alto e robusto, de traços finos, que não gostava da vida da alta sociedade. O imperador passou para a Rainha Vitória uma impressão de ser um homem simples, de bons hábitos.
A Rainha Vitória escreveu que ele acordava cedo e era um homem bem ativo. Acordava às seis e às sete já estava cuidando de seus negócios, de seus afazeres. Vitória também apreciou os elogios que Pedro deu ao seu Palácio e depois à sua residência pessoal. Foi um bom e agradável encontro entre os dois monarcas que juntos governaram suas nações por décadas durante o século XIX.
O presidente Getúlio Vargas foi um dos líderes políticos mais importantes da história do Brasil. Sua trajetória política foi muito rica em termos de detalhes históricos e todos os estudantes de história a conhecem nas fileiras escolares, por isso não vou aqui repetir tudo. Escrevo esse texto com outro objetivo, apenas de trazer minhas impressões pessoais sobre esse presidente.
Como sou um profissional do direito que lida com os direitos trabalhistas, tenho uma ligação com esse nome da nossa história. Getúlio Vargas foi um homem extremamente inteligente e organizado que planejou elevar o Brasil a um novo patamar. Criou estatais importantes e deu vida ao conjunto de leis trabalhistas que evitou a exploração de trabalhadores por todos esses anos, a CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas.
Getúlio Vargas apenas errou quando flertou com o autoritarismo e a ditadura. O Estado Novo foi uma mancha negra em nossa história. Ele voltaria pelo voto popular ao poder, como deveria ter sido desde o começo, mas não suportou as pressões que sofreu. Acabou se matando, saindo da vida para entrar na história. Seu maior legado foi justamente a legislação do trabalho, a mesma que hoje em dia tentam destruir. Nos tempos de Getúlio os presidentes lutavam pelo povo trabalhador, hoje em dia luta pelo capital financeiro. È a nova realidade dos novos tempos de exploração.
Pablo Aluísio.
A República Brasileira - Edição I
O primeiro presidente da República brasileira foi um militar, o Marechal Deodoro da Fonseca. Essa figura histórica guarda algumas curiosidades interessantes. A mais interessante delas é que ele foi nunca foi um republicano, pelo contrário, Deodoro era um monarquista que inclusive era considerado um "bom amigo" pelo imperador D. Pedro II. Então porque ele proclamou a república? Há muitas teses sobre isso. As mais conhecidas afirmam que o exército, após a guerra do Paraguai, tomou uma grande consciência de sua importância. Aos poucos o exército brasileiro avançou nos campos políticos e sociais. E depois de um tempo assumiu o controle do próprio Estado brasileiro.
Sim, a República nasceu de um golpe militar, muito embora nem todos gostem de ver esse fato histórico sob esse ângulo. Porém foi exatamente isso que aconteceu. A República nasceu sem nenhum apoio popular, até porque o imperador Dom Pedro II era bem visto pelo povo em geral. Homem honesto e culto, foi sem dúvida um dos maiores líderes da história do Brasil. O mesmo não se podia dizer do Marechal Deodoro. Ele era, segundo pessoas que o conheceram, um homem bem rude, avesso à leitura, um tanto inculto e ignorante.
Assumiu o poder como primeiro presidente, mas não tinha vocação nenhuma para isso. Ficava irritado de ter que ouvir o congresso nacional. Era chucro e pouco educado. Além disso não tinha a diplomacia e a sofisticação intelectual necessárias para comandar um Estado nacional complexo, como era o Brasil já naquela época. Acabou largando a presidência em mais um ato impensado. Aliás esse mesmo tipo de arroubo precipitado havia sido o estopim da proclamação da República. Então é isso, o primeiro presidente da história do Brasil não foi nem um pouco uma figura admirável. Muito longe disso.
Os Verdadeiros Bandeirantes
Os bandeirantes paulistas idealizados pelos historiadores do século passado (em especial os da década de 1920) mais pareciam mosqueteiros franceses da literatura. Na verdade os bandeirantes eram caçadores de tribos nativas e aventureiros em busca de esmeraldas. Os índios eram escravizados em grande número e depois vendidos no litoral e as pedras preciosas eram o grande motivo, o motor, para se adentrar os sertões em busca de riquezas.
Eles também não eram figuras heroicas. Muitos deles mal falavam o português, mas sim o Tupi, conhecido na época como "a língua geral" falada no Brasil. Um bispo que encontrou o famoso bandeirante Domingos Jorge Velho diria depois que ele era na realidade "um selvagem" que mal conseguia se comunicar em língua portuguesa.
Outro fato curioso é que eles não usavam essa denominação de bandeirantes. Isso foi criado séculos depois por historiadores que queriam criar uma mitologia de história paulista. Na verdade eles se viam mais como sertanistas, desbravadores do sertão, que nada mais era do que uma simplificação do termo "desertão", que era como as pessoas da época se referiam ao interior inexplorado do território brasileiro. De qualquer forma eles também tiveram sua importância. Muito do que séculos depois foi considerado território do Brasil se deveu ás expedições desses homens que eram pessoas de seu tempo, que sim eram violentos e assassinos, mas que jogavam de acordo com as regras vigentes nos séculos XVII e XVIII.
Lampião e o Sangue no Sertão
Lampião virou símbolo cultural do nordeste. A figura do cangaceiro é uma das mais conhecidas de nossa cultura. Até aí tudo bem. Porém historicamente não há como escapar do fato de que Lampião foi um criminoso e um assassino violento. Ao lado de seu bando, que contava com outros cangaceiros infames como Corisco, Lampião espalhou terror pelo sertão nordestino. Seus atos de violência estão por todas as pequeninas cidades nordestinas.
Certa vez ele matou uma família inteira porque esses não tinham dinheiro para lhe pagar. Lampião chegava nas fazendas distantes e mandava recados pedindo dinheiro. Muitos desses nordestinos que viviam em propriedades rurais não tinham dinheiro para pagar por esse tipo de extorsão. Assim Lampião simplesmente os matava. E matava pai, filho e neto. Ao longo de sua carreira criminosa ele cometeu atos e crimes chocantes.
Em outra feita se indispôs com mulheres de determinada região. Sabe-se lá a razão implicou com o penteado e o corte de cabelo que elas usavam. E o que fez depois disso? As marcou com ferro quente no rosto, como se fosse gado. O executor desse crime foi um cangaceiro chamado Zé Baiano, que inclusive havia matado sua própria mulher por causa de uma infidelidade dela, dentro do próprio bando de cangaceiros. Enfim, pessoas realmente criminosas, sem um pingo de compaixão pelo próximo. De certo modo tiveram o destino que mereciam.
Pablo Aluísio.