quinta-feira, 5 de março de 2009

Elvis Presley - Reconsider Baby (1985)

Depois que Elvis Presley morreu a gravadora que detinha seus direitos ficou meio à deriva, sem saber direito o que fazer com o catálogo que tinha em mãos. O maior exemplo disso são as muitas coletâneas de sucesso que chegaram ao mercado, sendo que 99% delas não tinham nada a oferecer em termos de material inédito ou de qualidade. Eram basicamente formadas por reprises dos grandes sucessos de Elvis, muitas delas sem nenhuma novidade. Eu que vivenciei esse período fui chegando na equivocada conclusão que não havia mais nada em arquivo que fosse relevante e muito provavelmente não tinha sobrado material inédito do cantor. Nem é preciso dizer o quanto isso me entristecia e me aborrecia. O fato porém é que a partir de meados dos anos 80 uma suave brisa de mudanças na discografia de Elvis foi chegando. Um exemplo é esse "Reconsider Baby" disco que comprei na época de seu lançamento, ainda em vinil (foi aliás esse título um dos primeiros a chegar em laser disc naquele mesmo ano no Brasil, uma novidade absoluta no nosso mercado).

Ao lado do material reprise de sempre, "Reconsider Baby" trazia algumas novidades bem interessantes aos admiradores, a começar pela inspirada direção de arte. É fato que muitos discos da velha guarda de Elvis não tinham um cuidado maior em termos de capa e arte final. Pois bem, esse Reconsider Baby não tinha apenas uma capa bonita e com feeling blueseiro (a tônica do disco em si) mas também uma contracapa rica em textos, fotos e informações, o que já deixava o fã comum com água na boca. Em termos de fotos duas imagens bem raras (na época) de Elvis em seus shows pelo vizinho Canadá nos anos 50. Mas não ficava por aí. Ao lado de cada canção um belo trabalho de pesquisa especificando data de gravação, versões originais (e seus cantores devidamente creditados), posição nas charts e os discos de Elvis nas quais as canções foram originalmente lançadas no mercado. Para o fã atual de Elvis isso pode até mesmo soar como banal mas não nos anos 80 onde todo tipo de informação técnica sobre Elvis era algo bem raro de se encontrar, principalmente nos próprios discos do cantor. Para completar o que por si já era muito bom O LP ainda trazia um ótimo texto do autor Peter Guralnick fazendo um estudo da influência do Blues na carreira de Elvis Presley. Simplesmente fantástico!

Reconsider Baby é um disco conceitual. Os idealizadores de seu lançamento resolveram juntar o que havia de mais relevante no gênero blues dentro da carreira de Elvis para compor uma coletânia diferente, bem organizada e coesa. Obviamente ausências são sentidas na seleção musical mas isso não tira o mérito do disco em si. A grande novidade para o fã de Elvis era a inclusão de versões inéditas no LP, algo muito bem vindo e que mostrava naquele momento que material inédito existia e o mais importante, de boa qualidade sonora! Havia no total quatro preciosidades no álbum. A primeira era a tão falada versão envenenada de "One Night" (creditada no disco com seu título original embora saibamos que depois seria rebatizada como "One Night a Sin"). A letra que havia sido mudada para não causar controvérsias aqui aparece em sua versão inicial (e sem censura); "Stranger In My Own Home Town" também surgia em uma versão bem mais crua do que a mais conhecida (e oficial). A intenção era óbvia: mostrar o lado mais visceral da vocalização de Elvis nesses blues arrasadores.

A versão que define o disco porém é "Ain't That Loving You Baby" gravada nas últimas sessões de Elvis antes de seguir rumo à Alemanha para cumprir seu serviço militar. Ao ouvir esse take pela primeira vez fiquei completamente surpreso e isso por várias razões mas a principal era tentar entender como uma versão tão excelente como essa foi simplesmente arquivada por anos e anos e nunca aproveitada pela RCA Victor! Muitas vezes superior à versão do single a música tinha pique e arranjo suficientes para arrasar nas paradas dos anos 50. Incrível como algo assim foi simplesmente desperdiçado pelo pessoal da RCA na época! Além disso a versão apresentada pela primeira vez aqui demonstrava aos fãs nos anos 80 que Elvis havia deixado verdadeiros tesouros arquivados dentro de sua gravadora. Era uma notícia maravilhosa certamente. Por fim, e não menos importante, o álbum trazia também uma versão completa e caprichada do clássico natalino de Blues: "Merry Christmas Baby"!

Além das inéditas é bom frisar que naquela época muitas das músicas presentes no disco não eram fáceis de achar por aí, como por exemplo Down in The Alley e Hi Heel Sneakers que havia anos estava fora de catálogo aqui e nos EUA! Não devemos esquecer que estamos falando de 25 anos atrás, onde não havia internet e nem a facilidade de se conhecer a obra de Elvis que temos hoje! Por isso ao comprar o disco simplesmente o gastei de tanto ouvir por aquela época! Depois tive que comprar novamente em CD mas algumas mudanças não me agradaram na versão digital (como por exemplo a própria capa que foi desfigurada ao colocarem o nome do disco em destaque nada estético). Mas isso é uma outra história. Ouvir Elvis arrasando no Blues marcou muito naqueles distantes anos 80. Como diria Howlin Wolf quando perguntado se Elvis era realmente um bom cantor de Blues: "É claro que é, nunca ouviu as músicas do rapaz?" Pois é, ouça "Reconsider ao estilo Blues" e tire suas próprias conclusões.

Elvis Presley - Reconsider Baby (1985)
Reconsider Baby
Tomorrow Night
So Glad You're Mine
One Night
When It Rains, It Really Pours
My Baby Left Me
Ain't That Loving You Baby
I Feel So Bad
Down in the Alley
Hi-Heel Sneakers
Stranger In My Own Home Town
Merry Christmas Baby:

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis By Request (Specially For Brazil)

Existem situações que nos deixam admirados. Nos anos 70 a discografia nacional de Elvis Presley se transformou após a morte do cantor em algo realmente disperso, sem organização, sem foco. Hoje ao termos acesso a tantas gravações raras e inéditas fico pensando porque não utilizaram esse material ainda naquela década. Certamente venderia muito uma vez que a morte de Elvis ainda era muito recente e o interesse na obra do cantor cada vez mais crescente. Ao invés disso porém discos e discos foram lançados sem muitos critérios e o pior, sem muito conhecimento por parte daqueles que trabalhavam na representante da RCA em nosso país. Felizmente alguém teve a feliz ideia de ouvir os fãs, os que acompanhavam a discografia de Elvis há muitos anos. Essa união entre fãs e a filial da RCA no Brasil rendeu bons frutos como já tive oportunidade de escrever aqui no blog.

Esse Elvis By Request (Specially For Brazil) apesar do nome em inglês é outro disco 100% nacional. A seleção das faixas foi escolhida diretamente por fãs que enviaram suas sugestões à RCA através de uma promoção da gravadora que foi realizada na época. O resultado das músicas escolhidas de certa forma surpreende pois algumas das músicas nunca foram populares por aqui como por exemplo "Sentimental Me" ou "Tell Me Why". Conversando com fãs da velha guarda alguns me confidenciaram que essas faixas foram incluídas porque eram extremamente raras de se encontrar no mercado (nem preciso lembrar que em 1979 ou você tinha o vinil em mãos ou não tinha nada, uma vez que o mercado pirata de LPs era extremamente raro e os discos originais há muito estavam fora de catálogo em nosso país),

Outro aspecto digno de nota é a presença significante de músicas dos anos 60, muitas de trilhas sonoras. Isso é até fácil de explicar de certo modo. Elvis foi um dos campeões de reprises na Sessão da Tarde. Praticamente toda semana um filme seu dos anos 60 era exibido e assim o cantor foi ficando cada vez mais conhecido pela população brasileira em geral justamente por esse tipo de repertório. Não me admira que canções títulos de filmes seus como "Viva Las Vegas" ou "Girls, Girls, Girls" entrassem na seleção final. Além disso hits com claro sabor latino também marcavam presença como "No More" e "It´s Now or Never". Para completar a sempre lembrada "Sylvia" também entrou na edição uma vez que a canção era extremamente popular por aqui.

Além das canções raras ou complicadas de se achar havia ainda as que simplesmente nunca havia sido lançadas antes. Nesse quesito se sobressai "America", que só havia sido lançada em single nos EUA na esteira de lançamento do álbum "Elvis in Concert". Não resta dúvidas que muitos fãs compraram o disco na época apenas para ter acesso a essa faixa, que pela primeira vez chegava ao mercado brasileiro. Para finalizar é importante informar que todas as demais canções são oficiais, sem nenhum traço da incrível avalanche de material inédito que chegaria ao mercado depois dos anos 1990. Por essa razão hoje em dia o interesse em discos como esse é apenas histórico, o que não deixa de ser bem interessante uma vez que ele traz o retrato de uma época no mercado brasileiro em que cada pequeno trecho inédito de Elvis Presley já era motivo suficiente para a elaboração de todo um disco a ser colocado á venda. O LP chegou nas lojas em julho de 1979 e vendeu excepcionalmente bem nos meses seguintes, principalmente em agosto quando se celebrou os dois anos da morte do cantor. Seu êxito de vendas fez com que novos volumes dessa franquia Elvis By Request fossem lançados nos anos seguintes mas essa é uma outra história.

Elvis By Request (Specially For Brazil)
Viva Las Vegas
It´s Now Or Never
No More
Sylvia
Sentimental Me
What a Wonderfull Life
Tell Me Why
Girls Girls Girls
Come What May
It Hurts Me
I Need You So
America
The Wonder of You
Memphis, Tennessee

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Elvis Presley - The Elvis Medley (1982)

Curioso mesmo é esse LP intitulado "The Elvis Medley". Lançado em 1982 e produzido por David Briggs o disco foi a primeira tentativa de modernizar o som de Elvis para as novas gerações. Como sabemos de tempos em tempos a RCA lança no mercado vários remixes do cantor, inclusive "A Little Less Conversation" que foi um enorme sucesso em seu lançamento. Aqui não podemos falar em remix, na realidade é apenas um medley bem elaborado, bem feito e caprichado, claro levando-se em conta a limitação da tecnologia da época. Eu tive o privilégio de acompanhar o sucesso do disco no Brasil em seu lançamento. Naquela ocasião estava morando no Rio de Janeiro e fiquei não menos do que surpreso com o elevado número de vezes que o Medley era tocado nas rádios FM de então. Não importava o local ou a hora, em plena praia de domingo podíamos ouvir Elvis Presley tocando nos carros, nas barracas à beira mar, nos carros de som. Algo muito gratificante para um fã desse artista.

O Medley era composto apenas de faixas fortes, mega sucessos do passado glorioso de Elvis: Jailhouse Rock / Teddy Bear / Hound Dog / Don´t Be Cruel / Burning Love e Suspicious Minds. O produtor Briggs não quis arriscar e resolver investir no certo e seguro. O mais interessante é que mesmo juntando faixas de períodos diferentes da carreira de Presley tudo transpareceu muito bem encaixado, como se realmente fossem da mesma fase de sua trajetória. Como seria impossível lançar um álbum apenas com esse Medley os produtores resolveram, para completar o disco, colocar mais hits, só que dessa vez em suas versões oficiais, tal como foram gravadas. Chamo inclusive a atenção para a inclusão de "Always On My Mind". Como sabemos a música não teve qualquer repercussão ou sucesso enquanto Elvis estava vivo. De fato foi relevada para um mero lado B do single "Separate Ways" em 1972. Presley nunca sequer a cantou ao vivo durante toda a sua carreira. Música obscura e deixada de lado que após a morte do cantor se tornou um megasucesso, sendo tocada insistentemente em rádios e programas, principalmente durante as décadas seguintes. Sobre sua inclusão em "The Elvis Medley" Briggs comentou: "Era uma grande gravação mas nunca havia se dado atenção a ela. Resolvi incluir no disco como uma forma das pessoas prestarem atenção nela". Acertou em cheio nas suas pretensões.

Outro aspecto a se considerar sobre o disco "The Elvis Medley": além da tentativa de tornar o som de Elvis em algo moderno o disco investiu muito bem no acabamento do produto. Capa de extremo bom gosto, com direção de arte trabalhada, era um LP de presença, ótimo para exibir nas lojas de disco em destaque. Houve inclusive intenso trabalho na promoção do LP, que não ficou restrito apenas às execuções do disco durante os programas mais populares nas rádios mas também através de promoções e sorteios, inclusive com viagens à Memphis - pois Priscilla naquele momento tomando as rédeas do nome Elvis dava cabo ao seu projeto mais ambicioso: a abertura de Graceland para visitação pública, algo que se mantém até os dias atuais. Em suma, "The Elvis Medley" é de certa forma um sinal dos novos tempos que viriam em relação ao nome do cantor, uma forma de tornar o produto Elvis mais atraente, jovem, atual. Um empreendimento que vamos ser sinceros deu muito certo, com certeza.

The Elvis Medley (1982)
The Elvis Medley
Jailhouse Rock
(Let Me Be Your) Teddy Bear
Hound Dog
Don't Be Cruel
Burning Love
Suspicious Minds
Always On My Mind
Heartbreak Hotel
Hard Headed Woman

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Our Memories Of Elvis (1979)

Lançado em fevereiro de 1979 esse disco (na realidade uma pequena série de dois LPs) é bem curioso, a começar pela capa. Nela vemos Tom Parker e Vernon Presley em frente à Graceland, a mansão de Elvis. É o único disco do cantor em que ele mesmo não está na capa e sim seu empresário, na época muito preocupado com a exploração em torno do nome de seu falecido cliente. Nesse ano inclusive ele havia contratado uma empresa de licenciamento exclusivamente para vender a imagem de Elvis em produtos e preservar a integridade de seus direitos autorais (e cujo maior beneficiário era justamente ele, Tom Parker, é claro!). Era uma clara tentativa de evitar ao máximo a exploração não autorizada do cantor.

O design desse projeto é pobre e acima de tudo bem apelativo. Ao lado de um selo de lembranças de "mais um ano sem Elvis" surge todo o oportunismo da velha raposa holandesa. Na realidade a maior exploração em torno da morte do cantor não veio de outros mas do próprio Parker que não se fez de rogado ao bolar um nome sentimentaloide ao LP e usar o próprio pai de Elvis para faturar mais uma grana. Incrível o nível a que chegou o sujeito. A contracapa do vinil ainda era pior: sem medo de parecer desleixada a RCA simplesmente repetiu a contracapa do recém lançado disco "Elvis in Concert". Além de ser constrangedor a falta de primor técnico revelou ainda mais a falta de capricho por parte da gravadora em torno do nome do cantor. Além do sentimentalismo barato "Our Memories of Elvis" mostrava bem como a gravadora RCA estava perdida na época. Sem uma pesquisa correta, a gravadora nem ao menos sabia o que tinha em mãos em relação a Elvis. Tudo o que conseguiram realizar foi um projeto apelativo e de sentimentalismo barato como esse, sem nenhuma preocupação em realmente vasculhar os arquivos da gravadora em busca de algo inédito (e como sabemos hoje havia muito material pegando pó nos extensos setores de conservação sonora da empresa).

Entre as faixas quase nenhuma novidade relevante, a não ser o fato das músicas (as mesmas versões oficiais dos últimos discos de Elvis) virem sem o chamado Overtub (a instrumentalização colocada após a música ter sido gravada em estúdio). A pergunta é: e isso faz alguma diferença? Em termos de novidade, nenhuma. Claro que hoje em dia existem fãs que não gostam muito dos arranjos de Felton Jarvis e preferem as versões mais "cruas", sendo o mais próxima possível do que Elvis gravou em estúdio, mas isso na realidade faz pouca ou quase nenhuma diferença. No meio de todo esse material requentado a única diferença substancial era a versão completa de "Don´t Think Twice It´s All Right" do volume 2 da coleção. Como havia sido editada ao máximo no LP original de 1973 o lançamento do take completo era muito bem-vindo. De resto o Coronel Parker ainda inventou dois singles* que foram lançados ao mercado mas não conseguiram nenhuma repercussão. Pelo menos dessa vez não caíram na Lábia do velho trambiqueiro.

Our Memories of Elvis vol 1
Are You Sincere
It's Midnight
My Boy
Girl Of Mine
Take Good Care Of Her
I'll Never Fall In Love Again
Your Love's Been A Long Time Coming
Spanish Eyes
Never Again
She Thinks I Still Care
Solitaire

Our Memories Of Elvis vol 2
I Got A Feelin' In My Body
Green Green Grass Of Home
For The Heart
She Wears My Ring
I Can Help
Way Down
There's A Honky Tonk Angel
Find Out What's Happening
Thinking About You
Don't Think Twice It's All Right (Complete Unedited Version)

* Singles lançados: "Are You Sincere / Solitaire" em março de 1979 e "I Got A Feelin' In My Body / There's A Honky Tonk Angel" em julho do mesmo ano.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de março de 2009

Elvis Presley - Disco de Ouro (1977)

Elvis Disco de Ouro - Não há como falar sobre a discografia brasileira de Elvis Presley sem citar "Elvis Presley - Disco de Ouro". Esse foi o álbum nacional que mais tempo ficou em catálogo em nosso país. O disco era item obrigatório em qualquer loja de discos de qualquer cidade do país. Era presença certa seja nos grandes magazines, seja nas pequenas lojas de esquina pelo país afora. Até mesmo naqueles lugares onde não havia quase nenhum título de Elvis à venda era certo encontrar ao menos uma cópia do Disco de Ouro para vender. Como explicar tanta popularidade, ainda mais de um LP sem nenhum grande atrativo, uma mera coletânea de sucessos como esse?

O fato é que uma série de eventos acabaram contribuindo para o Disco de Ouro ser o mais vendido LP de Elvis no Brasil em todos os tempos. O primeiro é cronológico. O disco foi lançado pela RCA em nosso país em março de 1977, ou seja, poucos meses antes da morte de Elvis. Na verdade "Elvis Presley - Disco de Ouro" faz parte de uma coleção de LPs com esse selo lançado pela gravadora com aqueles que eram, na época, os maiores vendedores de discos da RCA. Isso é facilmente perceptível ao se olhar a contracapa do disco: vários outros LPs dessa mesma série estão anunciados lá. Propagandas desse estilo eram comuns na época. Assim é desnecessário dizer que quando Elvis morreu em agosto de 1977 e o público foi às lojas em busca de algum LP do cantor encontraram à venda justamente o Disco de Ouro. Por isso em pouco tempo a coletânea estourou em vendagens. Era sim o disco certo na hora certa, principalmente para quem não era colecionador ou fã do cantor e só queria levar uma lembrança de Elvis para casa.

Outro fator que fez esse álbum cair no gosto popular foi sua seleção musical, feita e elaborada especialmente para o público brasileiro. Não é por outra razão que o disco abria logo com a conhecida "Kiss Me Quick". É fato que nos EUA nenhuma coletânea traria essa canção como carro chefe pois por lá a música passou em brancas nuvens e não fez o menor sucesso que alcançou em nosso país. O resto das músicas não eram diferentes, uma boa seleção das mais populares de Elvis como Don´t Be Cruel, Jailhouse Rock, Love Me Tender e Tutti Frutti (outra que dificilmente entraria em uma coletânea Made in USA). Interessante é que em algumas regiões o disco acabou ficando conhecido como "Kiss Me Quick" mesmo não sendo esse seu título original. O fato é que o disco caiu nas graças popular. Infelizmente o álbum não informa o autor da seleção musical, de qualquer forma não há como negar que ele acertou em cheio.

A direção de arte do álbum era bem simples mas eficaz. Aproveitaram uma foto bem conhecida retirada da discografia americana (já fazia parte das capas de "A Date With Elvis" e "Elvis Golden Records") e a colocaram no estilo visual de todos os demais álbuns dessa série. Era algo sem maiores firulas mas de certa forma era uma capa bem eficiente e chamativa. Outro ponto a favor no sucesso do disco. "Elvis - Disco de Ouro" foi tão popular que arrisco a dizer que esteve na casa de praticamente todo apreciador de música nos anos 70 e 80. Sempre o encontrava nas casas de amigos, vizinhos ou parentes, mesmo que eles não fossem grandes fãs de Elvis. O disco vendeu muito e por longo tempo. Segundo pesquisas descobri que o LP ficou em catálogo (ou seja sempre sendo fabricado pela gravadora RCA no Brasil) por longos 16 anos. Na verdade ele só saiu de cena quando o próprio vinil saiu do mercado. Mesmo assim ganhou uma digna reedição em CD logo no comecinho dos anos 90, o que demonstra ainda mais a força de seu apelo comercial no Brasil. Por tudo isso não restam dúvidas que o LP marcou a discografia brasileira de Elvis Presley definitivamente.

Elvis - Disco de Ouro (1977)
Kiss Me Quick
It´s Now Or Never
Don´t Be Cruel
Hound Dog
Jailhouse Rock
One Night
I Need Your Love Tonight
Tutti Frutti
All Shook Up
Heartbreak Hotel
Love Me Tender
Loving You
Blue Suede Shoes
Surrender

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis Sings for Children and Grownups Too!

Já que o dia das crianças está chegando eu me lembrei recentemente desse LP intitulado "Elvis Sings for Children and Grownups Too!" que tenho até hoje em minha coleção de discos de vinil. O álbum foi lançado originalmente em 1978, ou seja, um ano após a morte de Elvis, e mostra claramente que a RCA Victor tinha um vasto mercado consumidor ávido em adquirir discos do cantor mas, até aquele momento, não sabia muito bem como fazer isso. A morte de Elvis ocorrida poucos meses antes criou uma verdadeira corrida às lojas em busca de seus álbuns e discos. De repente todo mundo parecia ter virado fã da noite para o dia. 

Um tipo de sentimento muito comum em relação a grandes ídolos mortos. Como foi um acontecimento inesperado, a gravadora não estava muito preparada para a demanda, por isso começou a criar coletâneas sem muito sentido, aproveitando geralmente datas festivas. O importante era faturar com o calor do momento. Foi dentro desse contexto meio bagunçado que surgiu essa seleção especial para crianças (algo que convenhamos me soa bizarro até os dias de hoje!). O conteúdo reúne músicas infantis cantadas por Elvis ao longo de sua carreira. Obviamente que como roqueiro ou astro de Las Vegas não haveria espaço para esse tipo de faixa, mas em Hollywood tudo era possível. Por essa razão a grande maiorias das músicas foram retiradas de trilhas sonoras, as mesmas que quase acabaram com sua carreira nos anos 1960.

O disco também apresenta alguns equívocos pois nem todas as faixas foram gravadas para o público infantil. Veja por exemplo o clássico "(Let Me Be Your) Teddy Bear". Essa canção da trilha sonora de "Loving You" apesar de ter o nome de um brinquedo popular nos Estados Unidos na época é direcionada na verdade para as fãs adolescentes de Elvis dos anos 1950. Como se sabe surgiu um boato (não verdadeiro) em 1956 de que Elvis adorava ursinhos de pelúcia. Assim de repente as fãs começaram a enviar o ursinho Teddy de presente para ele em Memphis, a ponto do cantor ter que ir à imprensa dizer que ficava muito comovido com o carinho de todas elas, mas que não havia mais lugar em Graceland para tantos ursinhos! Para aproveitar a repercussão dos acontecimentos então a música foi composta. "The Puppet On A String" e "Angel" também seguem essa linha de amores adolescentes, pouca coisa tendo a ver com crianças. 

Entre as músicas puramente infantis se destacam mesmo "Wooden Heart" da trilhas sonora "G.I. Blues" que rendeu uma ótima cena no filme com as marionetes e "Old Shep", um clássico absoluto de seu segundo disco de 1956 e também a única representante de uma obra essencialmente mais roqueira do cantor (embora a canção em si seja uma balada chorosa). E finalizando o disco especialmente criado para a garotada vem a linha trash representada pelas maçantes "How Would You Like To Be" e "Cotton Candy Land" (ambas da mais infantil trilha sonora da carreira de Elvis, "It Happened at the World's Fair" de 1963) e "Old MacDonald" (que confesso simpatizo por ser assumidamente idiota e divertida!). Pois é, em 1978 a RCA provou que ainda não sabia que lado ia em relação ao fantástico acervo de Elvis. Isso só se tornaria mais claro anos depois quando vasto material gravado por ele foi encontrado pegando poeira nos arquivos da gravadora... mas isso, é claro, é uma outra história.

Elvis Sings for Children and Grownups Too! (1978)
(Let Me Be Your) Teddy Bear
Wooden Heart
The Five Sleepyheads
The Puppet On A String
Angel
Old MacDonald
How Would You Like To Be
Cotton Candy Land
Old Shep
Big Boots
Have A Happy

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Elvis Presley - Elvis in Concert (1977)

Elvis in Concert (1977) - Em junho de 1977, o coronel Parker assinou com a CBS um contrato para a elaboração de um especial de TV com Elvis. O cantor sempre se deu bem com seus programas de televisão e essa era mais uma oportunidade para mostrar o cantor ao vivo em todos os lares dos Estados Unidos. Elvis estava afastado da TV desde 1973, com "Aloha From Hawaii" e agora voltava com um programa simples, que só deveria filmar seus shows ao vivo, sem cenas de estúdio ou roteiro pré estabelecido. Elvis gostou da ideia, para ele seria muito mais cômodo assim, tudo o que ele tinha que fazer era se apresentar normalmente no palco. Além do mais não haveria cenas de estúdio, como no NBC 68 e nem a pressão de se apresentar ao vivo, como no "Aloha". Na realidade ele até demonstrou um certo desinteresse pela produção, inclusive não comparecendo a uma reunião com os executivos da rede CBS.

E assim foi feito, a turnê começou em Greensboro no dia 21 e terminou no histórico dia 26 de junho em Indianapolis, no último show de sua carreira. A CBS gravou quase todos os shows, mas as tomadas que foram escolhidas para o especial foram as de Saginaw, Rapid City e Omaha. A trilha do especial foi quase toda gravada em Rapid City. O especial foi ao ar em outubro, dois meses após a morte de Elvis e deu a CBS uma das maiores audiências de sua história. Os Estados Unidos em peso tiveram a oportunidade de assistir aos últimos shows de Elvis. No final do programa foi apresentado um pequeno trecho com Vernon Presley. Muito abatido e abalado ele lamentou a morte do filho. Lamentavelmente Elvis não estava nada bem no programa; ele deixou transparecer todos os seus problemas físicos durante essas apresentações: muito gordo, pálido, suando muito e um pouco perdido no palco. Quase perdeu o controle em "Are You Lonesome Tonight?" e só se recuperou totalmente na visceral interpretação de "How Great Thou Art" (ele sempre renascia ao cantar gospel).

No mais, apresentou uma seleção musical à prova de falhas; como tinha medo de esquecer as letras, escolheu as canções mais manjadas de sua carreira. Não inventou, resolveu e preferiu o caminho seguro. Em julho a CBS mostrou o material gravado a Elvis. Ele se mostrou passivo, não sugerindo nenhuma alteração. Curiosamente o destaque do especial, a interpretação ao piano de "Unchained Melody" ficou de fora da trilha sonora, sendo lançada antes, no disco "Moody Blue". A crítica se dividiu entre aqueles que respeitaram o momento (o choque da morte de Elvis ainda era muito presente) e outros que não pouparam o cantor recém falecido. Dois em especial foram muito além do razoável, Roy Carr e Mick Farren escreveram: "Se o especial tivesse sido exibido com Elvis vivo, causaria mais danos à sua carreira do que uma década estrelando filmes de terceira". O disco foi lançado logo e se tornou um grande sucesso de vendas. A RCA apostou alto e resolveu lançar um álbum duplo, sendo que o disco I traria a íntegra do especial e o disco II traria uma seleção de canções gravadas ao longo deste último tour. Sem grandes novidades, o disco serviu para uma coisa: mostrar que apesar de tudo a voz de Elvis estava intocável, perfeita. A lamentar apenas a falta de critério por parte da gravadora, que resolveu colocar fotos antigas de Elvis no encarte interno. Deveria ter sido usado material do próprio especial, até porque Elvis estava usando uma de suas jumpsuits mais bonitas e famosas.

"Elvis In Concert" nunca foi lançado em DVD nos EUA. Dizem as más línguas que Priscilla Presley pessoalmente vedou a comercialização do especial para preservar a imagem de Elvis. Se esta foi a sua real intenção, ela está muito equivocada. Elvis pode não estar bem fisicamente, mas artisticamente, suas interpretações estão entre as melhores de sua carreira. "Elvis In Concert" é um momento raro na história televisiva norte americana e mundial, pois levou para a posteridade os últimos momentos do Rei do Rock nos palcos e por isso deve ser conhecido pelas novas gerações. Não se deve e nem se pode maquiar e esconder a verdade histórica.

Also Sprach Zarathustra (Richard Strauss) - Composição clássica do grande maestro e músico Richard Strauss. Tornou-se mundialmente conhecida como tema do filme 2001 - Uma Odisseia no espaço do diretor Stanley Kubrick. Elvis adorava ficção científica e resolveu que ela seria usada no começo de seus shows. A primeira versão arranjada por Felton Jarvis copiava o estilo das discoteques dos anos 70. Elvis detestou e resolveu usar o arranjo clássico normal. Sem dúvida se tornou uma abertura à altura do Rei do Rock. Curiosidade: Zarathustra é uma antiga divindade dos persas. No "Elvis in Concert", infelizmente ela foi "picotada" pelos engenheiros da RCA Victor. Foi acrescentado gravações de vários fãs de Elvis falando de seu amor pelo cantor. Acho que isso só funciona bem mesmo na TV, no disco ficou um pouco fora de contexto, acho que esses comentários deveriam ter ficado de fora da trilha, são totalmente dispensáveis.

See See Rider (Arr. Elvis Presley) - Novo arranjo para a canção "C.C.Rider Blues" dos anos 50. Esta canção seria utilizada em quase todos os seus shows se tornando parte fixa de seu repertório nos anos setenta. Numa homenagem a Elvis nos anos 90 o "The Killer" Jerry Lee Lewis ficou responsável por uma nova versão desta canção, o que resultou num dos mais esquisitos tributos musicais a um artista da história. A nova versão de Lewis não lembrava nem a original e muito menos a versão de Elvis resultando em mais uma extravagância do "matador". Lançado originalmente no disco "On Stage - February 1970". Acho que essa versão do "In Concert" é bem mais "hardcore" do que todas as outras. Isso se deve ao fato de que a banda TCB estava mais do que entrosada em 1977, sem dúvida, o que trazia também mais liberdade para os músicos.

That's All Right (Arthur Crudup) - Esta é uma música histórica! Foi a primeira canção interpretada pelo cantor a ser lançada comercialmente pela pequena gravadora de Sam Cornelius Philips: Sun Records. Foi gravada no dia 7 de julho de 1954 por um simples caminhoneiro do Tennessee que ganhou uma chance de Provar seu talento graças a interferência da secretária de Philips, Marion Keisker, que insistiu com o patrão para que ele proporcionasse uma chance para o "Cara de Costeletas". Elvis virou a versão de "Big Boy" pelo o avesso e criou as bases estéticas do Rock'n'Roll! O Rock não é só a mistura de vários ritmos americanos, mas também uma postura positiva e satírica diante da vida e Elvis foi o primeiro a se expressar desta forma criando o "Rockabilly". "Thats All Right (mama)" pode ser considerada uma das dez canções mais importantes da história da música pop do século XX. Ela foi lançada pela primeira vez no Compacto Simples SUN 209 e depois pela RCA no disco "For LP Fans Only". Em 2003 "That's All Right (mama)" foi eleita a canção mais inovadora da História.

Are You Lonesmo Tonight? (Turk / Handman) - Outra versão de Presley para uma música do início do século XX. "Are you Lonesome Tonight ?" foi grande sucesso na era do cinema mudo com o cantor Al Jolson (Que iria estrelar o primeiro filme falado da história "O Cantor de Jazz") em 1926. Em 1959 surgiria outra versão com Jaye P. Morgan pela própria RCA. Finalmente a versão de Presley foi gravada no dia 4 de Abril de 1960 e lançada em Novembro do mesmo ano se tornando mais uma música de "the pelvis" a atingir o Primeiro lugar entre os mais vendidos. Estou convencido que Elvis tinha um problema em apresentar "Are You Lonesome Tonight?", principalmente na parte falada. Ele sempre queria rir nessas ocasiões, inclusive há uma versão ótima em que ele morre de rir ao cantá-la em um show de Vegas em 1969. Recomendado para mal humorados de plantão!

Medley: Teddy Bear (Mann / Lowe) / Don't Be Cruel (Presley / Blackwell) - No auge do sucesso de Elvis correu um boato que ele adorava ursinhos de pelúcia, apesar de não ser verdade o boato ganhou força e de um momento para o outro o cantor se viu num mar de bichinhos dados pelos seus fãs. Para aproveitar esta história foi composto este grande sucesso que alcançou o primeiro lugar da parada de singles da Revista Billboard com "Loving You" no lado B. Este compacto simples foi lançado em junho de 1957. "Teddy Bear", por sua vez, foi gravada nos estúdios Radio Recorders em 24 de janeiro de 1957. O "Teddy" do ursinho é uma homenagem ao presidente americano Theodore Roosevelt. Ainda é uma das mais queridas músicas de Elvis principalmente pelas mulheres. É a representante no CD da trilha do filme "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957). Já Don't be Cruel foi Lançado em um single juntamente com "Hound Dog". Elvis em diversas entrevistas nos anos cinquenta afirmou ser esta a sua música preferida. Seu produtor na Sun Records, Sam Philips, declarou: "...Não gostei de Heartbreak Hotel, mas quando ouvi Don't be Cruel eu pensei comigo mesmo: Agora eles descobriram o que fazer com o talento de Elvis". Foi lançada em julho de 1956 atingindo o primeiro lugar rapidamente. Foi durante a apresentação desta música que Elvis foi censurado no Ed Sullivan Show pois os produtores do programa resolveram só o mostrar da cintura para cima! Sem dúvida este ato simbolizou todo o moralismo da sociedade americana dos anos 50. "Don't be Cruel" foi gravada em 2 de julho de 1956 em Nova Iorque. Finalmente o single Hound Dog / Don´t Be Cruel foi lançado em 13 de julho de 1956 e ganhou ouro quase na mesma semana

You Gave Me a Mountain (Marty Robbins) - Música que Elvis cantava com bastante emoção. A letra poderia ser adaptada para os próprios dramas pessoais do cantor. Lógico que Elvis estava se identificando com a canção, pois estava se divorciando de Priscilla na época. Uma vez, em Las Vegas, Elvis dedicou esta bela melodia a sua filha, Lisa Marie. Foi lançada pela primeira vez na discografia de Elvis no disco "Aloha From Hawaii" em 1973.

Jailhouse Rock (Leiber / Stoller) - Música título do terceiro filme estrelado por Elvis que no Brasil recebeu o nome de "O Prisioneiro do Rock", sendo que sua trilha foi lançada em um Compacto Duplo em outubro de 1957. Foi ainda lançada como single em setembro de 1957 com "Treat Me Nice" no lado B. O Sucesso foi imediato e o single chegou ao primeiro lugar na parada americana. A cena do filme em que Elvis apresenta esta canção é considerado o melhor momento do cantor no cinema. Leiber e Stoller afirmaram posteriormente que sua intenção era "...imitar o som de pedras quebrando" o que de certa forma foi conseguido. Foi gravado em 30 de abril de 1957 nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Assim Elvis ignorou a intenção satírica dos autores (Jerry Leiber e Mike Stoller) e interpretou a canção com fúria. Jailhouse Rock foi o primeiro single da história a ir direto para o topo das paradas no Reino Unido.

How Great Thou Art (Stuart K. Hine) - Escrita em 1886 pelo Reverendo Carl Boberg com o nome de "O Stored Gud". Em 1907 o Reverendo Stuart K. Hine escreveu a primeira versão em língua inglesa, esta por sua vez baseada na versão alemã da canção intitulada "Wie Gross Bist Du". A primeira gravação foi de George Beverly Shea em 1955, seguida da versão dos Blackwood Brothers em 1957. Elvis recebeu o prêmio Grammy na categoria "Melhor Perfomance Inspirativa" por sua interpretação desta música em 1974 no disco "Elvis As Recorded Live On Stage in Memphis" (1974). Sem dúvida um marco na carreira de Presley.

I Really Don't Want to Know (Barnes / Robertson) - Na minha opinião o melhor country da carreira de Elvis Presley. Sei que isso vai causar um certo rebuliço entre os puritanos, mas o que eu posso fazer? gosto realmente não se discute. A versão original foi gravada no dia 07 de junho de 1970 e lançada em single pouco depois. Fez parte de um dos melhores discos da carreira de Elvis, o mitológico "Elvis Country", sempre presente na lista dos mais importantes da história de The Pelvis. Aqui no In Concert Elvis apresenta uma bela versão, sem novidades, mas bem executada.

Elvis Introduces His Father (Presley) - Aqui Elvis pede para que seu pai, Vernon Presley, suba no palco para que ele o apresente ao público presente. Mostra o valor que Elvis dava aos seus familiares, principalmente como uma bela homenagem ao velho Vernon. A RCA resolveu colocar esse trecho no disco.

Hurt (Crane/Jacobs) - Sucesso de Jimi Huro em 1961. Esta versão de Elvis é o carro chefe do disco e também a principal canção do único single extraído do LP "From Elvis Presley Boulevard". É uma bela canção que mostra a maturidade vocal alcançada pelo cantor em seus anos finais. Pode-se dizer que Elvis se aproximava cada vez mais do estilo de seu ídolo de infância: Mario Lanza. "Hurt" foi gravada no dia 5 de Fevereiro de 1976.

Hound Dog (Jerry Leiber / Mike Stoller) — Sem dúvida uma das mais conhecidas músicas de Elvis. Originalmente foi lançada por Willie "Big Mama" Thornton em 1953. A Versão de Elvis surgiu como lado B do single "Don't Be Cruel" alcançando o primeiro lugar nas paradas em julho de 1956. Foi uma das mais difíceis de gravar levando Elvis e seu grupo a produzir mais de trinta takes!. Finalmente Elvis se deu por satisfeito escolhendo uma das versões como definitiva. Elvis a apresentou no programa de Milton Berle na TV americana numa das melhores performances de sua vida. Foi gravada em 2 de julho de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Anos depois Stoller se manifestou: "Hound Dog foi feita para ser cantada por uma mulher...mas a versão de Elvis ficou tão legal que ninguém se tocou sobre isso. Elvis conhecia a versão original de Big Mama Thornton, mas só optou por cantá-la após ouvir a versão de Freddie and The Bellboys em Las Vegas, em maio de 56. Antes de gravar a canção, Elvis já a havia cantado duas vezes na TV. Quando chegou a hora de gravá-la, precisaram executá-la 31 vezes para obter a versão perfeita"

My Way (Claude François / J. Revaux / P. Anka) - A versão deste single é a do disco "Elvis In Concert", que foi gravada no dia 21 de junho de 1977 na cidade de Rapid City. O single só foi lançado três meses após a morte de Elvis. Considero a versão do "Aloha From Hawaii" a melhor da carreira do Rei, sem descartar, é lógico, a ótima versão de estúdio. Não vou desmerecer essa, até porque "My Way" é ótima na voz de Elvis, em qualquer época. Inclusive, acho que "My Way" deveria ter sido lançada antes na carreira de Elvis, deveria ter sido o single principal do "Aloha", sem dúvida. Mas enfim, só chegou nas lojas americanas após a morte do cantor. É considerado o último single da carreira de Elvis. Esta sem dúvida pode ser incluída entre as cinco melhores músicas que Elvis interpretou em sua vida. O Título original desta canção Francesa é "Comme D'Habitut" e foi lançada pela primeira vez pelo autor, Claude François, em 1967, na França, pelo selo Barclay. Em 1968, Frank Sinatra lançou sua versão em língua Inglesa, adaptada por Paul Anka, que acabou conquistando o mundo.

Can't Help Falling In Love (Peretti / Creatore / Weiss) -- Canção baseada em "Plaisir d'Ámor" do compositor francês de origem alemã Jean Paul Martini. A versão de Presley foi muito feliz pois foi muito bem adaptada. O maior sucesso do filme. Quando foi lançada em Single em Novembro de 1961 alcançou um enorme sucesso de vendas. Nos anos setenta ela seria utilizada como desfecho de todos os seus shows. Nos anos 90 o grupo UB40 faria uma nova versão de grande sucesso. Parte da trilha sonora do filme Blue Hawaii. O álbum ficou durante incríveis 20 semanas no nº 1 e vendeu mais de 2 milhões de exemplares.

I Got a Woman / Amem (Ray Charles) - Outra música que entrou em definitivo no repertório do Rei nos anos cinqüenta e setenta, sendo muitas vezes usada de introdução logo após "Also Spratch Zarathustra" de Richard Strauss. Deve-se sua criação a Ray Charles que colocou uma letra pop sobre o ritmo de uma música religiosa chamada "My Jesus is all the world to me". Esta música trouxe problemas para Elvis pois seu título (Eu consegui uma Mulher) foi considerado ofensivo pela rígida sociedade americana da época. Elvis era considerado um incentivador da delinquência juvenil pelos moralistas por sua dança e sua música e é claro que eles não iriam deixar passar esta oportunidade para mais uma vez atacá-lo. Foi gravada em 10 de janeiro de 1956 e é a primeira música gravada por Elvis nos estúdios da RCA Victor. Foi lançado num single junto com "I'm Counting on you" em agosto de 1956. "Amem" é uma canção gospel, mas que Elvis a utiliza aqui mais como um bom treinamento vocal.

Love Me (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Sem dúvida uma das mais belas criações daquela que sem dúvida foi a mais importante dupla de compositores do Rei. Leiber e Stoller compuseram as mais importantes músicas da carreira de Elvis como "Jailhouse Rock", "Trouble" e "King Creole" entre outras. Esta foi feita especialmente para Elvis pois Mike e Jerry achavam interessante o apego que Elvis tinha por músicas românticas, então resolveram compor uma canção sob medida para o gosto e a interpretação do cantor. Era uma das preferidas dele tanto que a integrou em seu repertório nos anos setenta estando presente em quase todos os seus discos gravados ao vivo neste período. Também foi lançada num compacto duplo em outubro de 1956 junto com outras músicas do LP "Elvis Presley".

If You Love Me (Rostill) - Country empolgante que foi grande sucesso nos Estados Unidos. Se tornou rapidamente parte do repertório do cantor nos shows ao vivo. Foi gravada no dia 25 de Abril de 1977 no segundo show que Elvis fez na cidade de Saginaw. Também faz parte do especial de TV "Elvis in Concert". Foi lançada pela primeira vez no disco "Moody Blue".

It's Now Or Never (Schroder / Gold) - Versão em língua inglesa para a conhecida canção napolitana "O Sole Mio" (que fez parte da trilha da novela "Terra Nostra"). "O Sole Mio" foi gravada por inúmeros artistas ao longo da história, sendo que em 1899 ela ganhou o festival Napolitano Piedigrota, considerado um dos mais importantes da Europa. A Primeira versão em língua inglesa foi gravada por Tony Martin em 1949 com o título de "There's no Tomorrow". Em 1960 Elvis Presley gravou sua versão que se tornou um de seus maiores sucessos alcançando o primeiro lugar em Agosto de 1960. Gravada pouco mais de uma semana após Stuck on You, vendeu 10 milhões de discos do single mundo afora. É um dos maiores sucessos do cantor.

Tryin'To Get To You (Charles Singleton / Rose Marie McCoy) - Gravada em 11 de julho de 1955 nos estúdios Sun em Memphis, Tennessee. Aqui Elvis exercita seu poderio vocal numa balada romântica característica do Sul dos Estados Unidos. Esta sem dúvida era uma de suas prediletas pois mesmo sendo ele o Rei do Rock'n'Roll não dispensava uma balada melódica como essa. Pode-se encontrá-la em discos ao vivo gravados durante os anos 70, porém a melhor versão sem dúvida é essa: simples e direta passando o sentimento dominante da época. Mais uma canção do disco "Elvis Presley".

Hawaiian Weeding Song (King / Hoffman / Manning) -- Canção que Elvis cantou para Priscilla na sua lua de mel segundo o próprio relato dela no livro "Elvis e Eu" (Elvis and Me, Editora Rocco, 1985). Pode-se encontrar duas versões ao vivo desta canção gravadas pelo cantor nos anos setenta. Uma está presente no já citado disco "Alternate Aloha" e a outra que faz parte do trabalho musical póstumo "Elvis in Concert". Termina assim a trilha, como no filme, com a "canção havaiana de casamento"

Fairytale (Anita Pointer / Bonnie Pointer) - Esta é do "Elvis Today". Foi a primeira música gravada por Elvis no dia 10 de março. Quando as sessões terminaram no dia 12, o produtor Felton Jarvis levou as matrizes para Nova Iorque para as mixagens e retoques finais e depois voltou a Los Angeles para passar pelo crivo final de Elvis. Ele odiou as mudanças e explodiu com o pessoal da RCA Victor: "Sabem de uma coisa? Se eu fosse esperto deixava vocês e ia para a White Wale (uma das piores gravadoras dos EUA). Aposto que acho emprego em qualquer lugar. Aposto como alguém me contrata. Juro por Deus, isso não vai voltar para Nova Iorque, vai para Memphis, para uma remixagem e lá vai ficar, seus fdp". Apesar da bronca e da remixagem de um engenheiro de som de confiança de Elvis, ele não ficou contente e achou que as gravações foram prejudicadas pela RCA. Chegou a desabafar com Linda, sua namorada na época: "Este disco, Elvis Today, foi seriamente prejudicado pelos caras da RCA como uma forma de revanche contra mim. Essa vai ser a última vez que algo assim vai acontecer. Da próxima vez eu vou embora. Gravadora de merda"

Little Sister (Pomus / Schuman) - Música lançada como lado B do single "His Latest Flame" em agosto de 1961. A letra é bem fraquinha, porém o ritmo é ótimo principalmente pela aula de guitarra de Scotty Moore. Elvis no filme de 1970 "That's The Way It Is" (Elvis é assim, 1970) apresenta esta música em um ensaio com sua banda, nada levado à sério mas que serve para animar o ambiente durante as gravações.

Early Morning Rain (Gordon Lightfood) - Do disco "Elvis Now". Sucesso country de Peter, Paul and Mary nos anos 60. A Versão de Elvis Presley foi gravada no dia 15 de março de 1971. Era uma de suas preferidas estando sempre presente em seus shows, como pode-se constatar nos discos "Elvis in Concert" e "Alternate Aloha".

What'd I Say (Ray Charles) - Esta canção foi tema do filme de Elvis "Viva Las Vegas". Essa versão do "Elvis In Concert" não foi levada muito à sério por Presley, é só uma brincadeira com a banda TCB. Clássico de Ray Charles, gravada por um grande número de artistas ao longo da história. Em "Viva Las Vegas" Elvis contou não somente com sua banda, mas também por um grupo de apoio da MGM, contando inclusive com uma segunda turma de vocalização, os grupos The Jubilee Four e Carole Lombard Quartet. Este primeiro inclusive teve direito a apresentar uma canção solo no filme, chamada "The Climb". Ann-Margret também apresentou duas canções solos: "Appreciation" e "The Rival".

Johnny B. Goode (Chuck Berry) - O Riff mais conhecido da história do Rock. Aqui, James Burton dá o tom da nova era na carreira de Elvis Presley. Um dos mais adorados e conhecidos hinos da nação rocker ganha sua versão na voz do Rei. Elvis, por sua vez, não deixa por menos e protagoniza uma das melhores versões para a histórica canção de Chuck Berry. O próprio Berry já dizia: "Tudo o que eu preciso para fazer uma música de Rock é um cara, uma garota e um cadillac". Definitivo, nas palavras do mais Outsider de todos os grandes nomes do surgimento do Rock.

And I Love You So (Don McLean) - Outra do "Elvis Today". Uma das provas mais contundentes do fato de Elvis utilizar suas canções para resolver seus conflitos pessoais. Estaria Elvis se dirigindo a Priscilla para realçar seu amor por ela, ao afirmar que ainda a amava tanto? Na minha opinião, sem dúvida. Muitas das músicas retratavam o homem Elvis com perfeição transparente, eis um exemplo cabal disso. A canção é linda, dispensa maiores comentários. Apenas junte-se a Elvis neste momento de mais uma declaração de amor na sua carreira. Em tempo: No "Elvis in Concert" está uma versão ótima deste canção ao vivo. Imperdível.

America (Tradicional) - Embora Elvis sempre a apresentasse nos shows, America nunca havia sido lançada antes em sua discografia. Esta música foi se tornando cada vez mais presente em seus repertórios, principalmente após 76, o ano em que se comemorou os 200 anos de independência dos EUA. Em 2001, após os atentados ao World Trade Center em Nova Iorque, America foi relançada em single de grande sucesso. Toda a renda foi revertida para a fundação American Red Cross Disaster Relief Fund.

Elvis Presley - Elvis in Concert (1977): Elvis Presley (vocal, piano e violão) / James Burton (guitarra) / John Wilkinson (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Jerry Scheff (baixo) / Dennis Linde (baixo) / Norbert Putnam (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / David Briggs (piano e orgão) / Bobby Ogdin (piano elétrico) / The Sweet Inspirations (vocais) / J.D. Summer & The Stamps (vocais) / Kathy Westmoreland (vocais) / Sherril Nielsen (vocais) / Joe Guercio (orquestra) / Tony Brown (piano) / Chip Young (guitarra) / Alan Rush (guitarra) / Randy Cullers (bateria) / Farrel Morris (percussão e sinos) / Chip Young (guitarra) / Jane Fricke, Lee J. Beranetti, Sherilyn Kramer e Yvonne Hodges (vocais de apoio) / Produzido e arranjado por Felton Jarvis e Elvis Presley / Gravado no Crisler Arena, Ann Arbor (24 de abril de 1977) - Civic Center, Saginaw (25 de abril de 1977) - Civic Auditorium, Omaha (19 de junho de 1977) - Rushmore Civic Center, Rapid City (21 de junho de 1977) / Data de lançamento: Outubro de 1977

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Moody Blue (1977)

Esse foi o último disco lançado em vida por Elvis Presley. Foi o marco final na trajetória de um dos grandes vendedores de discos da história. A indústria fonográfica poucas vezes havia presenciado um fenômeno de vendas como o que aconteceu com Elvis. Desde 1956, quando Elvis despontou para o sucesso, ele jamais deixou de frequentar as principais listas dos mais vendidos pelo mundo afora. Embora tenha tido altos e baixos nessa longa caminhada o cantor se transformou ao longo dos anos em uma verdadeira mina de ouro para o mercado musical.

Ao todo foram três décadas de sucesso. Ao morrer, pouco tempo após o lançamento desse seu último disco, Elvis era um dos nomes mais conhecidos da cultura mundial. Os anos 50 foram seu auge quando ele simbolizou toda a rebeldia dos jovens da época. Nos anos 60 sua carreira foi prejudicada por um grande número de filmes que nada acrescentaram a sua fabulosa veia artística. Finalmente nos anos 70 Elvis conseguiu reerguer sua carreira gravando músicas de qualidade com ótimos arranjos. Apesar de tudo o que ocorreu em sua vida pessoal, Elvis se mostrou maduro o suficiente para continuar transmitindo alegria e emoção através dos diversos shows que ele fez na década de 70. O disco traz canções gravadas no estúdio montado pela RCA em Graceland junto com músicas gravadas ao vivo. É um canto de cisne à altura daquele que foi o maior nome do Rock'n'Roll mundial. Elvis se despediu com este LP como o maior recordista de vendas de todos os tempos sendo o seu nome incluído no livro "Guiness Book" como o artista solo de maior sucesso musical da história mundial. Um grande marco para um grande artista.

UNCHAINED MELODY (North/Zaret) - Originalmente lançado por Al Hibbler em 1955 pelo selo Decca. No mesmo ano Roy Hamilton lançava sua versão pelo selo Columbia. A versão de Presley foi gravada ao vivo no dia 24 de Abril de 1977 no Center Civic em Saginaw durante uma de seus inúmeros shows. É um dos momentos mais inspirados de sua carreira onde Presley nos brinda com uma amostra de seu inigualável talento. Sozinho ao piano ele emociona a todos sendo ovacionado ao final com uma grande salva de palmas. Esta canção é um dos destaques do especial de TV "Elvis in Concert", exibido pela rede CBS, após a morte do cantor. Esta música acabou se tornando o tema principal do grande sucesso cinematográfico "Ghost", com Patrick Swayze e Demi Moore nos anos 90.

IF YOU LOVE ME (Rostill) - Country empolgante que foi grande sucesso nos Estados Unidos. Se tornou rapidamente parte do repertório do cantor nos shows ao vivo. Foi gravada no dia 25 de Abril de 1977 no segundo show que Elvis fez na cidade de Saginaw. Também faz parte do especial de TV "Elvis in Concert".

LITTLE DARLIN (Maurice Williams) - Sucesso imortal dos Drifters. É sem sombra de dúvida o melhor e mais divertido momento do disco pois esta pode ser considerada uma música símbolo dos anos 50. O destaque fica por conta do ótimo acompanhamento vocal. Ela foi gravada ao vivo no dia 24 de Abril de 1977 em Saginaw.

HE'LL HAVE TO GO (Allison/Alison) - Esta é a última música gravada por Elvis em estúdio. Ela marca a despedida de um dos maiores "Hit Makers" da história. Desde que entrou em um estúdio pela primeira vez em 1953 foram muitas canções gravadas (quase 700) sendo algumas delas as mais populares do século. Como disse um grande crítico norte-americano: "...Se você deseja conhecer a história do show business ianque conheça antes a história de Presley". Esta histórica música foi gravada no dia 30 de Outubro de 1976 em Memphis.

LET BE ME THERE (Rostill) - Originalmente lançada em 1973 pelo selo MCA por Olivia-Newton John. A versão deste LP é a mesma versão que foi lançada no disco "On Stage In Memphis" e que foi gravada no show que Elvis fez em Memphis em 1974, depois de um longo período em que ele esteve afastado dos palcos de sua cidade do coração. Este show foi especial para Elvis pois sua versão apresentada no espetáculo da música gospel "How Great Thou Art" ganhou o Grammy, o Oscar da música norte americana.

WAY DOWN (Martine) - Grande sucesso de Elvis que quando foi lançado como single em Julho de 1977 chegou ao primeiro lugar nas paradas britânicas. Conta com ótimo arranjo e maravilhoso acompanhamento do cantor J.D.Summer. Foi gravada no dia 29 de outubro de 1976 em Graceland.

PLEDGING MY LOVE (Robey/Washington) - Canção do mitológico cantor de R&B Johnny Ace que morreu em 1954 vítima de roleta russa. Ela foi gravada em 29 de Outubro de 1976 em Graceland e lançada como lado B do Single de grande sucesso "Way Down".

MOODY BLUE (Mark James) - Música título do LP composto pelo autor de um dos maiores sucessos da carreira de Elvis: "Suspicious Minds". As primeiras 250 mil cópias deste disco foram lançadas em vinil azul transparente inspirada nesta música. "Moody Blue" também foi lançada em single junto com "She Thinks I Still Care" em Dezembro de 1976. A Música foi gravada no dia 4 de Fevereiro de 1976 em Graceland.

SHE THINKS I STILL CARE (Duffy/Lioscomb) - Sucesso do início dos anos 60. Elvis fez uma bela versão desta canção sendo que na mesma ocasião foi gravada um arranjo radicalmente diferente deste, em versão blues, versão esta que foi lançado na caixa de 5 CDs intitulada "Walk a mile in my shoes" em 1995. Foi gravada em fevereiro de 1976 sendo lançada como lado B do Single "Moody Blue".

IT'S EASY FOR YOU (Lloyd/Weber) - Esta é a canção que marca a despedida do Rei do Rock ao mundo musical após 21 anos de muito sucesso. Ela mantém o alto nível artístico do LP que foi um dos grandes sucessos da carreira de Elvis chegando ao terceiro lugar nas paradas americanas quando foi lançado em Junho de 1977. Dois meses depois o mundo chorava a morte de Elvis Aaron Presley, O REI DO ROCK'N'ROLL. Mas sua música e sua arte nunca morrerá. Viva Elvis.

Elvis Presley - Moody Blue (1977): Elvis Presley (voz, violão e piano) / James Burton (guitarra) / Jerry Scheff (baixo) / John Wilkinson (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Glen Hardin (piano) / David Briggs (piano elétrico) / Bill Sanford (guitarra) / Norbert Putnam (baixo) / Bobby Emmons (piano elétrico) / J.D.Summer and the Stamps (Vocais) / Kathy Westmoreland (Vocais) / Myrna Smith (vocais) / Chip Young (guitarra) / Dennis Linde (baixo) / Sherril Nielsen (vocais) / Tony Brown (piano) / Weldon Myrick (steel guitar) / Joe Guercio e sua Orquestra / Produzido por Felton Jarvis e Elvis Presley / Arranjado por Felton Jarvis, Bergen White / Data de Gravação: 2 a 7 de fevereiro, 29 e 30 de outubro de 1976 em Graceland, Memphis e 24 e 25 de abril de 1977 no Civic Center em Saginaw / Data de Lançamento: junho de 1977 / Melhor posição nas charts: #3 (EUA) e #3 (UK)

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de março de 2009

Elvis Presley - From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee (1976)

From Elvis Presley Boulevard foi o penúltimo disco de Elvis a ser lançado. Chegou nas lojas americanas em maio de 1976 e no Brasil oito meses depois. O álbum trazia pela primeira vez parte das gravações que Elvis realizou em Graceland na chamada Jungle Sessions (o nome foi dado por causa da sala das selvas localizada na mansão, onde as músicas foram gravadas). Isso explica também o nome do disco, uma referência ao endereço onde se situava a famosa residência do astro. Em termos musicais Boulevard segue basicamente uma linha country melancólica, onde o cantor procurou gravar músicas que retratassem aspectos de sua vida pessoal na época. Basta dar uma rápida olhada nos títulos das músicas para entender bem o estado de espírito no qual Elvis se encontrava. As letras falavam sobre mágoa (Hurt), despedida (The Last Farewell), solidão (Solitaire) e desilusão (Never Again). Ao se analisar bem o conteúdo do LP os admiradores logo entenderam o recado que o cantor tentava passar aos ouvintes.

O ano de 1976 foi marcado por uma intensa agenda de shows que Elvis realizou pelos Estados Unidos. Como a data marcava o bicentenário de independência do país o patriota cantor resolveu homenagear seu país com a inclusão de América em muitos dos shows (a música seria lançada em single após sua morte). Também fez questão de levar a canção Hurt para o repertório de muitos de seus concertos, numa clara tentativa de divulgar melhor seu disco, já que os anteriores não tinham alcançado boa margem de vendas nas principais paradas. Como sempre o estado de saúde de Elvis fez ele alternar bons shows com apresentações fracas, em visto dos problemas que enfrentava. Como resultado final o disco conseguiu se destacar nas paradas country, porém no Top 200 só conseguiu atingir um modesto quadragésimo primeiro lugar. Se não foi o ideal pelo menos alcançou uma posição melhor que seus antecessores, Promised Land e Elvis today. Como havia certa incerteza sobre os rumos que sua carreira poderia tomar daí em diante parte do material gravado na Jungle Session foi arquivado para ser lançado apenas um ano depois no disco Moody Blue. Essas são as canções de From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee:

HURT (Crane / Jacobs) - Sucesso de Timi Yuro em 1961. Esta versão de Elvis é o carro chefe do disco e também a principal canção do único single extraído do LP. É uma bela canção que mostra a maturidade vocal alcançada pelo cantor em seus anos finais. Pode-se dizer que Elvis se aproximava cada vez mais do estilo de seu ídolo de infância: Mario Lanza. "Hurt" foi gravada no dia 5 de Fevereiro de 1976.

NEVER AGAIN (Wheller / Chesnut) - Balada romântica extremamente melancólica. Retrata de forma muito triste os diversos problemas emocionais enfrentados pelo cantor no crepúsculo de sua vida. Conta com um bom acompanhamento principalmente de cordas. Foi gravada no dia 6 de Fevereiro de 1976.

BLUES CRYING IN THE RAIN (Rose) - Grande momento do disco. Country delicioso em que Elvis parece demonstrar que apesar de todos os problemas, ele ainda era capaz de cantar de forma maravilhosa. O Acompanhamento vocal ficou simplesmente magnífico contando mais uma vez com J.D.Summer and the Stamps, Myrna Smith e Kathy Westmoreland. No dia de sua morte Presley sentou-se ao piano e cantou esta canção para alguns amigos seus, deste modo esta pode ser considerada uma das últimas músicas que o Rei do Rock cantou em sua vida. A versão definitiva foi gravada em 7 de Fevereiro de 1976.

DANNY BOY (Weatherly) - Música que faz parte do folclore irlandês composta no início do século sendo gravada diversas vezes por inúmeros intérpretes. Era mais conhecida por "Londoderry Air". Era uma das preferidas do pai do cantor, Vernon Presley, e talvez por esta razão Elvis a tenha gravado. O novo arranjo ficou belíssimo e a interpretação do cantor figura entre as melhores de toda a sua carreira. Uma pena que nunca foi bem aproveitada ao vivo, sendo conhecida apenas uma rara versão cantada por Elvis no Texas. A faixa foi recuperada e anos depois lançada no CD Tucson 76.

THE LAST FAREWELL (Whitaker / Webster) - Sucesso do cantor e compositor Roger Whitaker. É bastante comovente analisar algumas letras das canções interpretadas por Presley neste período de sua vida. Quase todas elas de alguma forma retratam situações que o cantor podia se identificar em sua vida pessoal. Esta é uma delas. Foi gravada no dia 2 de Fevereiro de 1976

FOR THE HEART (Dennis linde) - Country do mesmo autor de um dos maiores sucessos de Elvis Presley nos anos setenta "Burning Love". Esta canção foi lado B do single "Hurt" que foi lançado em março de 1976. A música recebeu novos instrumentos na sua mixagem o que sem dúvida deu maior consistência a sua melodia. Ela foi gravada no dia 5 de Fevereiro na "Sala das Selvas" em Graceland.

BITTER THEY ARE, HARDER THEY FOR (Gatlin) - Larry Gatlin era um dos autores preferidos de Elvis e lançou esta canção em 1974 alcançando um grande sucesso. Elvis a escolheu e gravou sua versão no dia 2 de fevereiro de 1976. É uma boa balada e possui bom ritmo.

SOLITAIRE (Sedaka / Cody) - Música lançada por Neil Sedaka em 1972 pela RCA que se tornou um grande sucesso na interpretação do grupo "Carpenters". A versão de Elvis não foi das mais felizes se transformando no momento mais fraco do disco. A versão do Rei deixa transparecer a decadência física que o cantor passava.

LOVE COMING DOWN (Jerry Chesnut) - Outro country que cumpre bem suas pretensões. No final de sua carreira Elvis começou a se voltar cada vez mais a dois tipos básicos de canções: Baladas Românticas e música country. Sem dúvida nesta escolha entrava o próprio gosto pessoal do cantor que adorava particularmente esses estilos musicais.

I'LL NEVER FALL IN LOVE AGAIN (Donegan / Currie) - Grande sucesso do cantor Tom Jones nos anos 60. Elvis se tornou grande amigo de Jones em seus anos de Las Vegas. Os dois de certo modo tinham o mesmo estilo de show e se apresentavam quase sempre nos mesmos hotéis. Elvis inclusive chegou a subir no palco com Tom Jones em 1974. Apesar de tudo, esta versão do Rei se tornou satisfatória tendo em vista as condições pessoais dele. Foi gravada no dia 4 de fevereiro.

Elvis Presley - From Elvis Presley Boulevard, Memphis, Tennessee (1976): Elvis Presley (voz, violão e piano) / James Burton (guitarra) / Jerry Scheff (baixo) / John Wilkinson (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Glen Hardin (piano) / David Briggs (piano elétrico) / Bill Sanford (guitarra) / Norbert Putnam (baixo) / Bobby Emmons (piano elétrico) / J.D.Summer and the Stamps (Vocais) / Kathy Westmoreland (Vocais) / Myrna Smith (vocais) / Chip Young (guitarra) / Dennis Linde (baixo) / Sherril Nielsen (vocais) / Tony Brown (piano) / Weldon Myrick (steel guitar) / Joe Guercio e sua Orquestra / Produzido por Felton Jarvis e Elvis Presley / Arranjado por Felton Jarvis, Bergen White / Data de Gravação: 2 a 7 de fevereiro de 1976 em Graceland, Memphis / Data de Lançamento: maio de 1976 / Melhor posição nas charts: #41 (EUA) e #29 (UK)

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis Today (1975)

Elvis Today - Elvis Today foi o segundo LP de material inédito do cantor a ser lançado em 1975. Se o anterior, Promised Land, trazia vasto material gravado dois anos antes, Today aparecia nas lojas com canções recentemente gravadas por Elvis em Hollywood. O cantor não gravava nesses estúdios desde o projeto Elvis On Tour e agora reencontrava sua equipe de músicos para encher definitivamente a lata e acalmar os ânimos de sua gravadora, que vinha sistematicamente reclamando da pouca presença de Elvis dentro dos estúdios. O resultado foi bem satisfatório. Elvis Today é um bom álbum, bem gravado (não houve correrias em sua produção) e com Elvis sereno, cantando músicas suaves, além das já tradicionais baladas country românticas que por essa época já tinham se tornado a tônica de seus trabalhos mais recentes. Se havia ainda alguma dúvida da forte aproximação de Elvis com a música country, Today e seu repertório vinha para confirmar definitivamente esse fato. Eis as músicas do disco:

T-R-O-U-B-L-E (Jerry Chesnut) - Uma das coisas mais significativas sobre a carreira de Elvis Presley nos anos 70 era a ausência de rocks em seus discos. Os críticos sempre perguntavam onde estavam os rocks nos trabalhos do "Rei do Rock" durante esta fase. A resposta é simples: Elvis evoluiu como artista, talvez não fosse mais tão importante para ele gravar apenas um tipo de música. Além disso ele sempre se queixou da falta de material de qualidade deste gênero durante os anos 70. Sua visão era simples, ele queria mudar e como ele mesmo afirmou: "Não quero ser um cantor de 40 anos cantando Hound Dog". Outro fator importante era a forma como Elvis usava a música para exorcizar seus dramas pessoais. E nada estava mais longe do estado de espírito de Presley neste período do que rocks. De qualquer forma sempre surgia uma canção como essa e "Promised Land" para deixar claro que Elvis era sim o "Rei do Rock", cujo trono aliás não tem sucessor.

AND I LOVE YOU SO (Don McLean) - Uma das provas mais contundentes do que afirmei antes. Estaria Elvis se dirigindo a Priscilla para realçar seu amor por ela, ao afirmar que ainda a amava tanto? Na minha opinião, sem dúvida. Muitas das músicas retratavam o homem Elvis com perfeição transparente, eis um exemplo cabal disso. A canção é linda, dispensa maiores comentários. Apenas junte-se a Elvis neste momento de mais uma declaração de amor na sua carreira. Em tempo: No "Elvis in Concert" está uma versão ótima deste canção ao vivo. Imperdível.

SUSAN WHEN SHE TRIED (Don Reid) - Elvis Presley poderia ser resumido assim: cantor americano de rock'n'roll, Gospel, música romântica e caipira. Então se já tivemos rock (T-R-O-U-B-L-E), baladas românticas (And I Love You So) e Gospel (Shake a Hand), o que faltaria no disco para completar a definição de Elvis? Um country claro, aliás três. Este é o primeiro do disco, com um arranjo bem caipira, lá das profundezas do Tennessee, para ser cantado na cabaninha com um cachimbo de milho na boca! Elvis volta às raízes! Antes tarde do que nunca: A versão original é do grupo Statler Brothers.

WOMAN WITHOUT LOVE (Jerry Chesnut) - Romantismo descabelado que deixaria Lord Byron morto de inveja. É isso aí, podem dizer o que quiser do velho Elvis, mas não podem acusá-lo de não ser um romântico incurável. Exemplo de canção que você não deve ouvir se estiver curtindo uma fossa, ainda mais se for uma mulher. A não ser que você seja, assim como Elvis, uma romântica também incurável. Se for assim, então caia de cabeça na melodia e boa sorte!

SHAKE A HAND (Joe Morris) - A primeira versão é de 1935, por Faye Adams. Na época dourada do Rock foi gravada ainda por Little Richard em sua fase "cantor-de-rock-convertido-à-religião-para-se-livrar-do-inferno". Seu ritmo é claramente inspirado e desenvolvido para ser cantado em grupo com várias pessoas, ou seja, em uma igreja. Muito boa a melodia em geral e o acompanhamento. A mais recente versão veio com Sir Paul McCartney em seu excelente CD "Run Devil Run". Então vamos lá? "Shake a Hand" com Elvis.

PIECES OF MY LIFE (Troy Seals) - Bela canção de amor. O destaque fica com o arranjo primoroso. A banda de Elvis está afinadíssima. A canção começa de forma intimista e vai crescendo até se tornar apoteótica, voltando a seu ritmo inicial. De muito bom gosto, sem dúvida. Foi lançada como single com outra verdadeira pérola da carreira de Elvis: "Bringing It Back". O vocal de Elvis está ótimo, principalmente na parte falada, algo que ele não usava desde 1960 com "Are You Lonesome Tonight?" Destaque final: o acompanhamento da orquestra e a bateria de Ronnie Tutt. Ótima.

FAIRYTALE (Anita Pointer / Bonnie Pointer) - Foi a primeira música gravada por Elvis no dia 10 de março. Quando as sessões terminaram no dia 12, o produtor Felton Jarvis levou as matrizes para Nova Iorque para as mixagens e retoques finais e depois voltou a Los Angeles para passar pelo crivo final de Elvis. Ele odiou as mudanças e explodiu com o pessoal da RCA Victor: "Sabem de uma coisa? Se eu fosse esperto deixava vocês e ia para a White Wale (uma das piores gravadoras dos EUA). Aposto que acho emprego em qualquer lugar. Aposto como alguém me contrata. Juro por Deus, isso não vai voltar para Nova Iorque, vai para Memphis, para uma remixagem e lá vai ficar, seus fdp". Apesar da bronca e da remixagem de um engenheiro de som de confiança de Elvis, ele não ficou contente e achou que as gravações foram prejudicadas pela RCA. Chegou a desabafar com Linda, sua namorada na época: "Este disco, Elvis Today, foi seriamente prejudicado pelos caras da RCA como uma forma de revanche contra mim. Essa vai ser a última vez que algo assim vai acontecer. Da próxima vez eu vou embora. Gravadora de merda"

I CAN HELP (Billy Swan) - Parece mais uma jam session descontraída do que uma faixa de um disco de estúdio. Como a temática do disco é mais "down", serve para aliviar e descontrair o resultado final. James Burton tem sua chance de demonstrar seus dotes musicais. Elvis está bem à vontade, sem levar a canção e a si mesmo muito à sério. Tem muito mais a ver com a gravação de "Tiger Man", essa sim uma verdadeira jam session destas sessões, do que com o resto das músicas. Final com toques de blues. Resultado final Ok!

BRINGING IT BACK (G. Gordon) - Bela balada. Foi lançada como lado principal de um single com "Pieces of My Life" em setembro de 1975. O principal single deste disco porém chegou nas lojas americanas em abril daquele ano, apenas um mês após as gravações e trazia a dobradinha "T-R-O-U-B-L-E / Mr. Songman", esta última do disco "Promised Land". Na Inglaterra e restante da Europa foi ainda lançado um terceiro single com "Green Green Grass Of Home / Thinking About You" que acabou alcançando um apreciável sucesso. Nesse mesmo período a RCA inglesa começou uma série de relançamentos dos principais singles da carreira de Elvis e conseguiu resultados incríveis, sendo que três deles chegaram entre os 10 mais vendidos. O sucesso foi tamanho que a ideia foi exportada para os demais países europeus.

GREEN GREEN GRASS OF HOME (Claude Putman, Jr) - Essa foi escolhida especialmente por Elvis, sendo a que ele dispensou os maiores cuidados em termos de arranjo e gravação, pois sem dúvida era uma de suas preferidas. O tema, que louva o estilo sulista de ser, foi gravada pela primeira vez por Tom Jones. Mas vamos deixar o próprio Elvis Presley refletir, em suas palavras, o significado dessa música em sua vida: "Quando Green Green Grass Of Home foi lançada com Tom, eu e os rapazes retornávamos a Memphis no nosso grande ônibus vermelho. Ouvimos a canção pelo rádio e começamos a chorar. Sua letra significava muito para nós do sul". O resultado final não poderia ser outro, como foi gravada com um sentimento muito presente por parte de Elvis ela se tornou uma das mais belas músicas da carreira do cantor.

Elvis Presley - Elvis Today (1975): Elvis Presley (vocal) / James Burton (guitarra) / Johnny Cristopher (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Norbert Putnam (baixo) / Duke Bartwell (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / David Briggs (piano e orgão) / Voice (vocal) / Tony Brown (piano) / Chip Young (guitarra) / Mike Leech (baixo) / Weldon Myrick e Buddy Spicher (steel guitar) / Richard F. Morris (percussão) / Ginger e Mary Holladay, Lea J. Beranetti e Millie Kirkham (vocais) / Produzido e arranjado por Felton Jarvis e Elvis Presley / Gravado no RCA Studio C, Hollywood, nos dias 10 a 12 de março de 1975 / Data de lançamento: Maio de 1975

Pablo Aluísio.