quarta-feira, 15 de março de 2006
O Homem Que Matou o Facínora
John Ford, ao lado da equipe de roteiristas, trabalhou maravilhosamente bem o roteiro, com vários leituras sublimares que apenas um ótimo texto poderia explorar bem. Um dessas mensagens nas entrelinhas é o papel desempenhado pelo próprio personagem de John Wayne. Embora tenha sido creditado como o ator principal do filme (fruto de seu status de grande astro na época) o fato é que seu personagem é meramente coadjuvante na trama, mesmo que não seja um papel secundário qualquer.
Na realidade esse filme é uma parábola da capacidade de se doar pela felicidade de quem se ama. Tom é um rústico cowboy do interior, mas sua paixão pela jovem Hallie (Vera Miles) é tão profunda e sincera que ele deixa de lado até mesmo seus interesses pessoais para proteger Ranson (Stewart) pois é óbvio que Hallie o tem em grande consideração. Embora durão no exterior, Tom (Wayne) é na verdade uma pessoa extremamente altruísta, solidária e leal a ponto de ficar em segundo plano, abrindo mão de seus próprios sonhos pela felicidade da mulher que ama. Falar mais sobre a trama seria tirar parte de seu impacto.
Outro ponto excelente da produção é seu elenco excepcional. Como se não bastasse termos dois mitos em cena, James Stewart e John Wayne, o filme também apresenta um elenco de apoio de respeito, igualmente formado por grandes atores de sua época, a começar pelos que interpretam os bandidos do filme. Liberty Valance, o facínora do título nacional, é interpretado com brilhantismo por Lee Marvin, um ícone dos filmes de western. Ao seu lado, formando o bando de criminosos, está o famoso Lee Van Cleef que estrelaria uma longa série de faroestes nos anos seguintes, com destaque para as produções que rodou na Itália. Em suma, "O Homem Que Matou o Facínora" é um desses faroestes que podemos qualificar, sem medo de exageros, como monumental. É um western que privilegia o lado mais humano de seus personagens. É um exemplo de que mesmo dentro do gênero faroeste seria possível emplacar grandes dramas humanos. Um grande momento nas carreiras de John Wayne, James Stewart e John Ford. Impecável em todos os sentidos. Obra-prima da sétima arte.
O Homem Que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance, Estados Unidos, 1962) Direção: John Ford / Roteiro: James Warner Bellah, Willis Goldbeck baseados na história de Dorothy M. Johnson / Elenco: John Wayne, James Stewart, Vera Miles, Lee Marvin, Lee Van Cleef, Edmond O'Brien, Andy Devine / Sinopse: Ransom Stoddard (James Stewart) é um jovem e idealista advogado recém formado que vai até uma distante cidadezinha do oeste para iniciar sua carreira jurídica. Durante a viagem é assaltado e espancado pelo fora-da-lei Liberty Valance (Lee Marvin). Jurando colocá-lo na cadeia, usando de meios legais, Ransom inicia uma luta pessoal pela implantação da lei e ordem naquela região selvagem. Para isso conta com o apoio da jovem Hallie (Vera Miles) e do durão Tom Doniphon (John Wayne). Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Edith Head).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 14 de março de 2006
Calibre 45
O elenco de Colt .45 chama atenção por causa da presença de Lloyde Bridges (o pai de Beau e Jeff Bridges). Seu papel é um tanto secundário, mas ele se esforça para ser notado. Como sua esposa a estrelinha Ruth Roman, amiga pessoal de Randolph Scott que apesar da extensa filmografia (mais de cem filmes!) nunca conseguiu se tornar uma estrela de primeira grandeza. O diretor Edwin L. Marin era muito produtivo, mas morreu pouco tempo depois da realização desse filme. Era um diretor de estúdio e fazia o que lhe era pedido pelos produtores. Realizador competente, conseguiu bons resultados mesmo em produções B como essa. Já Randolph Scott mais uma vez assina a produção, já que ele percebeu que ganharia muito mais produzindo seus próprios filmes do que trabalhando para outros produtores. Acabou ficando muito rico com essa ideia, até porque na época nenhum gênero cinematográfico era mais popular e lucrativo do que o faroeste. Enfim, temos aqui um western bem no estilo bangue-bangue. É uma fita muito boa, eficiente e divertida. Vale a pena assistir. Para os nostálgicos então, é programa praticamente obrigatório.
Calibre 45 (Colt .45, Estados Unidos, 1950) Estúdio: Warner Bros / Direção: Edwin L. Marin / Roteiro: Thomas W. Blackburn / Elenco: Randolph Scott, Ruth Roman, Lloyde Bridges, Zachary Scott, Alan Hale, Ian MacDonald / Sinopse: Vendedor de armas da marca Colt é assaltado no escritório de um xerife do velho oeste. Agora ele vai precisar recuperar todas as armas, mesmo que para isso tenha que enfrentar uma perigosa quadrilha de bandidos.
Pablo Aluísio.
Obrigado a Matar
Calem Ware (Randolph Scott) é um xerife numa pequena cidade do velho oeste. Habitualmente ele tem que lidar com forasteiros, arruaceiros e bêbados em geral. Mas não é só a isso que se resume a vida de um homem da lei naquele ambiente hostil. Por ter um passado de muitos duelos ele também tem que enfrentar a presença de vários pistoleiros que de um jeito ou outro querem acabar com sua fama de rápido no gatilho. “Obrigado a Matar” mostra o cotidiano de um xerife naqueles tempos onde o colt era a única autoridade que realmente era respeitada. O roteiro é excelente e mostra alguns dias na vida desse homem da lei. Sem família, morando numa pensão, muitas vezes sem remuneração adequada, ele tem que diariamente se impor aos valentões que chegam na cidade. Uma das regras que determina é a proibição de usar armas dentro da comunidade. Isso obviamente lhe traz todo tipo de problema com os facínoras que não aceitam ser desarmados. Outro aspecto muito bem retratado no filme é a vida pessoal do xerife. Ele tem um longo relacionamento com uma atriz de teatro, Tally Dickenson (Angela Lansbury), mas sua vida amorosa é prejudicada pela vida que leva. Afinal qual mulher não ficaria apreensiva em se relacionar com um homem que a qualquer momento pode ser alvejado por algum bandido? Não é definitivamente um romance de sonhos.
Randolph Scott está muito bem em seu papel. Após matar um pistoleiro que o desafia, ele volta para sua delegacia e podemos sentir toda a tensão e stress que passa naquele momento. É um dos personagens mais humanos interpretados pelo ator. Ao contrário de xerifes durões de outros filmes que nada sentem, esse aqui tem crises de consciência após matar mais um criminoso. Em essência é um bom homem, cheio de grandes valores e virtudes que tem que lidar com a escória da sociedade. Outro momento marcante de “Obrigado a Matar” acontece em um saloon, onde Scott é atingido na cabeça por um tiro certeiro. Em determinado momento quase acreditei que assistiria ao primeiro filme de Scott onde o eterno mocinho morreria na cena seguinte! Felizmente em pouco tempo as coisas voltam ao normal. Em suma, “Obrigado a Matar” tenta trazer o lado mais humano desses profissionais que tentaram durante todo o período do velho oeste americano trazer alguma lei e ordem nas cidades onde atuavam. Verdadeiros heróis da colonização do oeste bravio e selvagem que recebem nessa produção uma merecida homenagem.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 13 de março de 2006
Cine Western - Robert Livingston
Cine Western - Bob Nolan
domingo, 12 de março de 2006
O Rei do Laço
“O Rei do Laço” foi o penúltimo filme da dupla Martin / Lewis. Na Na época das filmagens dessa produção já havia muita tensão entre a dupla que tanto sucesso havia feito no cinema com seus filmes anteriores. Dean Martin sentia-se muito subestimado dentro dos scripts dos filmes que fazia ao lado de Lewis. No fundo os personagens que interpretava não passavam de mera escada para Jerry desfilar seu repertório de palhaçadas. Entre uma cena e outra ele cantava alguma canção. O curioso é que Dean Martin era um sujeito tranquilo e cool, mas que infelizmente sucumbiu às opiniões (equivocadas ao meu ver) de sua esposa na época. Ela colocou na cabeça de Martin que ele não estava tendo o destaque merecido! Uma bobagem. De fato Dean Martin não tinha do que reclamar. Sempre havia espaço para sua música nos filmes e ele sem muito esforço se tornou um homem muito rico em sua parceria com Jerry Lewis (que o adorava e ficou muito deprimido após Martin romper com ele).
Um exemplo do que digo pode ser conferido aqui mesmo em “O Rei do Laço”. Dean Martin tem a oportunidade de cantar não um, nem duas músicas, mas cinco canções ao longo do filme!!! Acredito que mais espaço do que isso seria impossível. Infelizmente, apesar de ser um dos melhores cantores dos Estados Unidos, aqui Dean Martin não contava com bom material, pois as músicas não eram tão boas e nem marcantes – apelando mais para uma linha bem infantil e descartável. Na equipe técnica desse filme temos duas curiosidades interessantes: a presença na direção de Norman Taurog (que faria uma série de filmes ao lado de Elvis Presley) e a participação no roteiro do famoso escritor Sidney Sheldon (que só se consagraria mesmo anos depois). Enfim é isso. Uma pena que Jerry Lewis e Dean Martin tenham rompido tão cedo pois seus filmes, apesar de não serem obras primas do cinema, divertiam bastante o público em geral (pra falar a verdade ainda hoje divertem).
O Rei do Laço (Pardners, Estados Unidos, 1956) Direção: Norman Taurog / Roteiro: Sidney Sheldon, Jerry Davis / Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Lori Nelson / Sinopse: Filhinho de mamãe (Lewis) resolve ir para o Oeste Selvagem em busca de emoções. Lá se torna xerife de uma cidadezinha aterrorizada por um grupo de bandidos mascarados.
Pablo Aluísio.
Chuva de Balas
Chuva de Balas (Gunsight Ridge -1957) que conta com uma direção regular do mediano diretor Frank Lyon, está longe de ser um clássido do gênero western, mas cumpre bem o seu papel, com um bom roteiro e uma ótima fotografia em preto e branco. Além disso tem a velha classe do ótimo Joel McCrea na pele de Mike Ryan. Como curiosidade o longa traz ainda o jovem Jody McCrea, então com 23 anos - filho de Joel - que faz uma pequena participação. Na verdade o filho de McCrea só iria ganhar uma certa fama em meados da década de 60 quando, depois de ganhar um corpanzil com exercícios de musculação, passou a atuar em filmes do tipo "praia dos músculos" que virou febre na época, inclusive com a participação quase onipresente do cantor Frank Avalon em vários desses filmes.
Chuva de Balas (Gunsight Ridge, EUA, 1957) Direção: Francis D. Lyon / Roteiro: Talbot Jennings, Elisabeth Jennings / Elenco: Joel McCrea, Mark Stevens, Joan Weldon / Sinopse: Procurando por uma nova vida um agente federal acaba indo parar numa pequena cidade do Arizona. Após ser assaltado durante a viagem acaba descobrindo que o ladrão é na verdade um rico e influente morador da comunidade para onde pretende se instalar para viver.
Telmo Vilela Jr.
sábado, 11 de março de 2006
Adeus Gringo
Título Original: Adiós Gringo
Ano de Produção: 1965
País: Itália, França, Espanha
Estúdio: Fono Roma, Explorer Film '58, Dorica Film
Direção: Giorgio Stegani
Roteiro: Giorgio Stegani, Harry Whittington
Elenco: Giuliano Gemma, Ida Galli, Roberto Camardiel
Sinopse:
Brent Landers (Giuliano Gemma) é um cowboy acusado injustamente de um crime que não cometeu. Procurando pela verdadeira justiça ele sai no velho oeste americano em busca do homem que poderá finalmente lhe inocentar. No caminho sofre todos os tipos de violência, tentando sobreviver naquele mundo brutal e hostil, onde não existe espaço para o perdão. Roteiro baseado na novela "Adios" escrita pelo autor Harry Whittington.
Comentários:
Famoso western spaghetti baseado em um livro americano. Assinando com o nome de George Finley, o diretor italiano Giorgio Stegani (nascido em Milão), realizou um dos faroestes mais famosos e conhecidos do gênero. Inclusive no Brasil se tornou um grande sucesso de bilheteria, principalmente nos conhecidos cinemas de bairro, que hoje em dia já não existem mais. O ator Giuliano Gemma, que virou ídolo dos fãs de faroeste europeu nos anos 1960, está em seu tipo habitual, a do homem bom e honesto que acaba sendo acusado de um crime que jamais cometeu. Assim parte em busca da prova que o livrará das acusações e essa viagem acaba se tornando uma odisseia onde ele encontra os tipos mais característicos desse tipo de filme. A produção foi praticamente toda rodada nos desertos da Espanha, uma região muito parecida às regiões desérticas dos Estados Unidos (no roteiro a ação se passa no estado do Novo México). Existe uma versão em 8mm dos bastidores do filme que acabou servindo de material extra no bem produzido DVD alemão de "Adeus Gringo". Pena que a edição brasileira seja pobre e sem novidades. Mesmo assim deixamos a dica desse verdadeiro clássico do faroeste italiano. Não deixe de assistir.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 7 de março de 2006
Touro Sentado
Título Original: Mystery Files - Sitting Bull
Ano de Produção: 2011
País: Inglaterra
Estúdio: National Geographic
Direção: Kate Haddock
Roteiro: Kate Haddock
Elenco: Struan Rodger, Tobias Capwell, Adrian Bouchet, Gemma Deerfield, Helen Rappaport, Aaron Scully
Sinopse:
Documentário que narra as descobertas arqueológicas envolvendo a batalha de Little Bighorn, quando os guerreiros nativos de Touro Sentado massacraram os soldados da Sétima Cavaleria comandados pelo General Custer.
Comentários:
Tudo o que se refere com a National Geographic é bom, tem qualidade. Essa série "Mystery Files" tem a proposta de revelar segredos do passado, envolvendo grandes figuras históricas. Nesse episódio em particular somos levados ao campo de batalha onde soldados americanos foram mortos por nativos Sioux em um dos eventos mais relembrados da história do velho oeste. Os historiadores fizeram escavações no lugar onde se deu essa batalha e descobriram coisas interessantes, como o fato de que os rifles usados pelos Sioux e Lakotas eram mais modernos do que os usados pelos soldados da cavalaria! Surpreso com esse fato? O documentário ainda vai mais longe. Por anos se pensou que o próprio Touro Sentado havia participado da batalha, mas na verdade ele ficou na tribo, rezando por seus guerreiros. Ele era na verdade um xamã, um homem que realizava rituais em prol de seu povo. Não era um guerreiro do campo de batalha, até porque já era um homem velho quando tudo aconteceu. E a figura do General Custer também perde seu brilho de herói nesse documentário, mostrando a verdade dos fatos, os genocídios que ele costumava praticar contra os índios. Enfim, não deixe de assistir para ter uma visão mais claro do que realmente aconteceu na história real.
Pablo Aluísio.
Aliança de Aço
Título Original: Union Pacific
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Cecil B. DeMille
Roteiro: Walter DeLeon, Gardner Sullivan
Elenco: Barbara Stanwyck, Joel McCrea, Akim Tamiroff, Robert Preston, Lynne Overman, Brian Donlevy
Sinopse:
O Presidente Lincoln assina a autorização para a construção de uma grande ferrovia cortando todo o território dos Estados Unidos, com parada final na Califórnia. Isso cria uma série de intrigas entre diversas pessoas interessadas nesse novo empreendimento.
Comentários:
Foi um dos últimos trabalhos de Cecil B. DeMille no cinema. Esse diretor e produtor foi sem dúvida um dos mais importantes da história de Hollywood. Ele pensava seus filmes como espetáculos, como eventos. Para ele não havia espaço para o simples, o medíocre. Os filmes tinham que ser grandiosos, com produções milionárias, milhares de figurantes, cenários absurdamente caros, etc. Aqui ele fez da construção da ferrovia Union Pacific um espetáculo cinematográfico. Como tudo que dizia respeito a Cecil B. DeMille esse filme também se caracterizava pelo exagero. Ele trouxe trens de época, redobrou os custos da Paramount para reconstruir aquele dias perdidos no passado. O filme foi indicado na categoria efeitos especiais, mas a verdade é que praticamente tudo o que se vê na tela existia de fato. Já o roteiro tem alguns problemas. Há excesso de personagens, mas isso no final não tira os méritos de DeMille. Aqui ele deixou mais uma vez as marcas de sua conhecida megalomania. É cinema produzido para encher os olhos do espectador.
Pablo Aluísio.