O último dos grandes empresários do show business americano, herdeiro da velha escola de P.T.Barnum (aquele que disse "Nasce um otário a cada minuto") O Coronel Tom Parker faz parte do folclore. As histórias que se contam sobre ele já fez muita gente dar risada: de como vendia cachorro quente só com as pontas das salsichas aparecendo, o interior do pão sem carne nenhuma, como pintava pardais de amarelo e os vendia como canários, ou como fazia seus perus dançarem colocando-os sobre uma chapa de ferro quente aquecida por uma resistência elétrica. E muitos outros disparates. Mas afinal quem é esse homem misterioso que adora elefantes? Outra historinha: durante as filmagens de "Em cada sonho um amor", em Cristal River, na Flórida, o Coronel insistiu em visitar um velho paquiderme que tinha conhecido em seus tempos de circo. Tom Parker só ficou sossegado quando chegou ao Zoo e alimentou o animal, que demonstrou reconhecê-lo, abanando a cabeça e arrastando o pé acorrentado. Na década de 30 o Coronel trabalhava com o Royal American Shows, um circo que viajava pelos Estado Unidos e Canadá num trem particular de 70 vagões. Sobre o que fazia nesse circo existem divergências: alguns afirmam que o Coronel vendia algodão doce e maçãs carameladas; outro o colocam como intendente da companhia, um trabalho de muita responsabilidade para alguém com vinte e poucos anos.
Tudo o que sabemos é que sua escola foi o circo, onde aprendeu a manipular o público. Tom Parker também era um homem com extraordinários poderes psíquicos. Ele era, por exemplo, um ótimo hipnotizador. Durante os anos em que as organizações Presley esteve confinada a uma tediosa rotina de fazer um filme atrás do outro, o Coronel uniu seu estilo bonachão aos seus poderes de controlar a mente produzindo cenas de irresistível humor, como conta Albert Goldman em seu livro "Elvis": "Durante as filmagens de Kid Galahad, certa vez o coronel hipnotizou Sonny West, o guarda costas de Elvis, instruindo-o para que dissesse ao diretor Phil Karlson que o filme cheirava mal, a atuação era horrível, a direção era nojenta e toda a produção era uma terrível perda de tempo. Num intervalo da filmagem, o grande, corpulento Sonny caminhou até o diretor e lançou-lhe a impressionante e insultuosa conversa. O diretor ficou boquiaberto com o choque, enquanto o Coronel bebia a cena, rindo consigo mesmo e esforçando-se para que seu rosto não o traísse. Finalmente Karlson gritou: "Quem é esse sujeito? Tirem-no daqui!" Quando lhe explicaram a piada, o diretor ficou espantado por Sonny West ter atuado tão convincentemente e sem dar um sorriso sequer. "Ele estava hipnotizado" explicou o Coronel. "Ele não poderia ter feito isso de outro jeito". Virando-se para Sonny o diretor do filme perguntou: "Isso é verdade?" "Sim Senhor, é verdade sim", admitiu Sonny. Os dotes psíquicos do Coronel não eram limitados apenas à hipnose. Há anos ele sofria de uma ruptura de disco na coluna, motivo pelo qual ele sempre usava uma bengala. Mas nunca se submeteu a uma cirurgia, preferindo controlar a dor, às vezes insuportável, através do poder de sua mente.
O que mais sabemos sobre o Coronel? Ele nunca assinou um cheque, nunca teve um cartão de crédito e pagava tudo em dinheiro vivo, além de fazer questão de não dever um centavo ao imposto de renda. Embora atuasse em um negócio internacional ele nunca teve um passaporte. Por quê? Segundo o próprio não podia provar seu nascimento pois era um filho enjeitado. Nunca devendo ao imposto de renda, evitando submeter-se a investigações para a obtenção de cartões de crédito e não se sujeitando ao escrutínio do pessoal da imigração para tirar um passaporte, um homem pode passar toda sua vida nos Estados Unidos sem precisar dizer exatamente quem ele é. O Coronel foi casado durante mais de 50 anos com a mesma mulher, Marie, e não teve filhos. Antes de Elvis, por nove anos, de 1944 a 1953, o Coronel dedicou-se a empresariar o cantor Eddy Arnold. A patente de "Coronel", que tantos benefícios lhe trouxe, é um título honorário, que lhe foi concedido por Jimmy Davis, governador da Louisiana, em 1948. Virtualmente único em sua profissão, por sempre se dedicar exclusivamente a um único cliente, o Coronel tinha somente duas paixões, fora o trabalho. Uma era comer, o que fez com que seu peso subisse até os 150 Kg, a outra era o jogo. Tom Parker era um jogador prodigioso. Em Las Vegas, onde mantinha um apartamento, era considerado um dos maiores jogadores da história. Na roleta, sempre fazia a aposta máxima, 10 mil dólares, chegando a perder, às vezes, mais de um milhão de dólares por mês. O Coronel tinha 47 anos quando ficou famoso, graças à sua associação com Elvis Presley, mas nunca conversou com jornalistas. Não que recusasse a atender a imprensa. Pelo contrário - qualquer jornalista que lhe pedisse uma entrevista, era atendido gentilmente pelo Coronel: "Ficaria encantado em lhe conceder uma entrevista. Você deseja uma curta ou uma longa? O preço da curta é de 25 mil dólares, a longa custa 100 mil".
Após a morte de Elvis, a verdadeira identidade do Coronel Parker foi sendo descoberta pelos autores que escreveram sobre o cantor. Alguns acontecimentos sempre chamaram a atenção, como por exemplo, o fato de Elvis nunca ter cantado fora dos Estados Unidos (exceto uma única vez no vizinho Canadá). Outro fato também intrigou os autores: durante seu serviço militar na Alemanha, Elvis nunca foi visitado por Tom Parker. Sem dúvida havia algo de errado com o Coronel, a questão que surgiu foi saber por quê o Coronel evitava sempre viajar para fora dos Estados Unidos? Após uma investigação descobriu-se que o Coronel não havia nascido em Hungtington, West Virginia, como sempre afirmou e sim em Breda, na Holanda, em 26 de junho de 1909. Nome verdadeiro: Andreas Cornelius Van Kuijik. Não se sabe como o Coronel veio parar nos Estados Unidos, mas com certeza foi de maneira ilegal. Seus primeiros registros em solo americano datam de 1929, quando ele tinha 18 anos. Em 1929 o Coronel se alistou no exército americano, onde serviu de 1930 a 1932. E depois disso ele apagou todas as pistas sobre seu passado. Albert Goldman matou a charada em 1980. Junto a Lamar Fike eles resolveram ir direto ao coração do problema. É Goldman quem recorda: "Quando descobrimos essa história, Lamar Fike, que viajou muito com o Coronel nos velhos tempos afirmou que não via o Coronel como uma figura inalcançável e propôs: 'Porque não telefonamos ao Coronel e esclarecemos o mistério?' Quando Lamar conseguiu falar com o Coronel, foi muito bem tratado e começou: 'Coronel, vocês sempre me disse que se houvesse alguma coisa que eu quisesse saber sobre você, deveria perguntar-lhe pessoalmente'. De Hollywood a voz do velho homem fez-se ouvir em Nova Iorque: 'Está certo Lamar, o que você quer saber?' 'Bem, Coronel', disse Lamar, 'tem um livro aqui que diz que seu nome verdadeiro é Andreas Van Kuijik e que você nasceu em Breda na Holanda'. Houve uma pequena pausa na linha e uma perceptível mudança de tom na voz de Parker: 'Oh, sim', respondeu o Coronel, 'Isso já saiu em mais de quinze lugares. Essa é velha... não é nenhuma novidade!' Lamar ficou tão impressionado com a inesperada resposta que protestou: 'Mas Coronel, eu o conheço há mais de 20 anos - porque nunca me contou que era holandês?'. O Coronel, sempre com uma resposta na ponta da língua, retrucou: 'Porque você nunca me perguntou'. Muitos anos depois, quando perguntado como resumiria sua sociedade com Elvis Presley o Coronel afirmou: 'Quando conheci esse rapaz ele só tinha o potencial de um milhão de dólares. Agora ele já ganhou muito mais do que o seu Milhão!'. Coisas de Tom Parker, ou melhor, Andreas Van Kuijik...
Fonte: Elvis, Documento Histórico.
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