sábado, 23 de julho de 2005

Elvis Presley - Elvis no Exército - Parte 3

Goethhestrasse 14 foi onde os Presleys moraram em Bad Nauheim, por 15 longos meses. A vida nessa casa era uma rotina que nunca variava. Às 4:30 hs da manhã, Lamar acordava para esquentar o motor do carro de Elvis, uma BMW esporte branca. Quando Elvis acordava, todo mundo também tinha que acordar: essa era uma regra não escrita. Vovó e Elizabeth iam para a cozinha preparar a comida que era feita para agradar ao paladar de uma única pessoa, mas que era servida para todos. Bacon e ovos fritos, geléia, manteiga, café e pêssegos em calda. Depois do Breakfast, Elvis entrava no carro e dirigia 17km até a base. Assim que ele partia, todo mundo voltava para a cama, só acordando mais tarde, no horário normal, para iniciar suas tarefas diárias. O volume de correspondência era enorme, e virtualmente toda pessoa naquela casa aprendeu a falsificar a assinatura de Elvis.

O jantar era servido às seis horas e, à noite, acontecia a cerimônia de autógrafos. Elvis estabeleceu esse ritual para que sua família não fosse incomodada em horas impróprias. Assim os autógrafos só eram concedidos durante meia hora, todas as noites. Uma placa na janela da casa, escrita em inglês e alemão avisava: "autógrafos entre 7:30 a 8:00 da noite somente, por favor" Durante o dia, a rua ficava calma e deserta. Mas quando a hora mágica se aproximava, uma pequena multidão se formava diante da casa. Elvis aparecia vestindo seu uniforme e assinava capas de discos, retratos, cartões postais, etc. Nunca houve nenhuma desordem ou violência durante essas sessões de autógrafos, mas depois de um tempo elas começaram a aborrecê-lo. Nesse ponto a rotina foi alterada, Lamar ou Red, iam lá fora e explicavam que Elvis estava indisposto, mas mesmo assim fazia questão de assinar os souvenirs das fãs. Lamar e Red coletavam as coisas, entravam na casa, Elvis assinava ou eles mesmos forjavam a assinatura do cantor e voltavam para devolver tudo, enquanto os fãs esperavam pacientemente.

Depois dessa cerimônia, a família sentava-se na sala para o balanço do dia. Elvis ia ao piano tocar alguma canção, ou então escutar a estação de rádio das forças armadas ou seus discos preferidos. Lá pelas nove horas, Elvis estava com fome novamente e, depois do lanche, subia para seu quarto e dormia dando boas risadas com a revista Mad. Nos fins de semana, Elvis convidava alguns companheiros do exército para irem à sua casa. Rex Mansfield (na foto ao lado de Elvis), Joe Esposito e Charlie Hodge. Lá pela meia noite de Sexta feira todos saíam. Se alguém demonstrasse cansaço ou relutância, em ir, Elvis pegava quatro ou cinco bolinhas, conseguidas com o farmacêutico da base, e fazia o cara tomar.

E iam todos para Frankfurt. A diversão favorita de Elvis nessa moderna cidade era uma contorcionista que trabalhava numa boate. Impressionado pela forma que ela contorcia o corpo, Elvis finalmente foi apresentado à dama e saíram algumas vezes. Todos os rapazes se deliciavam pensando no que essa garota poderia fazer na cama. Mas The Pelvis nunca divulgou que tipo de relacionamento ele manteve com a "rosquinha", como a moça foi apelidada. Durante esse inverno, Vernon conheceu Dee Stanley, mulher de um sargento que lá servia e com quem tinha três filhos. Dispostos a casar, Dee iniciou a ação de divórcio contra o marido e, em junho, ela e Vernon foram visitar Elvis no hospital militar de Frankfurt, onde ele estava confinado com tonsilite (inflamação das amígdalas) Vernon e Dee queriam a permissão para o casamento. "Senhora Stanley" – disse Elvis deitado na cama – "quero que meu pai seja feliz. Ele é um pai e um marido maravilhoso, e eu sempre quis Ter um irmão. Agora, terei três. Só precisamos acrescentar outro quarto em Graceland"

Nem bem Vernon encontrou sua mulher, Elvis também achou a sua. Foi em agosto de 1959, que ele conheceu Priscilla Ann Beaulieu. Sentado na sala num fim de semana à noite, ele viu entrar a mais bela adolescente do mundo. Priscilla parecia um anjo de 14 anos. Ela veio com Currie Grant, um colega de Elvis, e ficou até às onze horas. Quando Priscilla voltou para sua casa (na cidade de Weisbaden) seus pais estavam à sua espera. Não haveria mais visitas a esse tal de Elvis Presley. Priscilla nem se incomodou, pois não pensava que Elvis quisesse vê-la de novo. Imagine sua surpresa quando soube por intermédio de Grant que Elvis estava querendo um novo encontro no fim de semana. Junto com Grant, ela acabou persuadindo os pais.

Currie Grant fez um bom serviço, explicando que Elvis era um jovem exemplar, que vivia com o pai e a avó de forma respeitosa, e que as festas de fim de semana eram inocentes reuniões onde moças e rapazes tocavam piano e cantavam, comendo pizzas e tomando refrigerantes. Quando ao problema de Priscilla chegar tarde em casa, Elvis colocaria um carro à disposição, para trazê-la e levá-la. Naquele fim de semana, Priscilla voltou a Bad Nauheim. Gradualmente o ritmo de suas visitas mudou para duas ou três vezes por semana e, eventualmente, quatro vezes por semana. Lamar ia buscá-la em Wiesbaden, logo no começo da noite, e dirigia uma hora até chegarem em Bad Nauheim.

Depois, no fim da noite, outra longa viagem de volta. Assim que a freqüência dessas visitas aumentou, seu objetivo mudou. Agora, em vez de festinhas em volta do piano, o famoso herói sexual, e sua "teen angel" passavam a noite no quarto sozinhos, conversando sobre carros, cinema e maquiagem. Mas o que pensavam os Beaulieus, ao ver sua filhinha ir passar a noite com um notório símbolo sexual? Bem, quando Priscilla contou a Elvis que as mentiras que era forçada a inventar para explicar porque chegava em casa tão tarde da noite, não estavam mais colando, e que isso poderia por um fim às visitas, Elvis decidiu ir direto ao coração do problema.

Ele e Vernon telefonaram aos Beaulieus e marcaram uma visita. O que disseram aos pais de Priscilla não se sabe exatamente, mas é bastante provável que tenham explicado que, um dia, quando Elvis deixasse o exército e restabelecesse sua carreira artística, ele iria querer se casar e cuidar da família. Embora nenhuma promessa de casamento tenha sido feita nesse primeiro encontro, essa idéia estava implícita na mente de todos. A Sra Beaulieu chegou a dizer a filha que sua relação com Elvis representava a "oportunidade de sua vida".

Por volta de setembro de 1959, Elvis viu os primeiros sinais de que sua carreira estava revivendo. Hal Wallis veio de Hollywood para supervisionar o trabalho de uma 2ª unidade de produção, que iria filmar algumas cenas de fundo para o primeiro filme de Elvis depois do exército. Logicamente, o filme iria explorar dramaticamente suas aventuras na Alemanha, como recruta do Tio Sam. Elvis não gostou nada da idéia, mas guardou seu descontentamento só para si. Ele queria papéis que não apenas explorassem versões fantasiosas de sua vida, mas nunca disse nada ao produtor Wallis. Elvis passaria toda a sua longa carreira em Hollywood lamentando-se do fato de não ganhar bons papéis. O que ele nunca aprendeu é que atores não ganham bons papéis – eles exigem. Os últimos meses na Alemanha passaram rapidamente. Três semanas antes de dar baixa, Elvis mandou sua família de volta para Memphis. No dia final ele embarcou em um DC 7 no aeroporto de Frankfurt, de volta aos Estados Unidos.

Lu Gomes.

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