Randolph Scott surgiu como dublê de Gary Cooper mas logo conseguiu seu próprio espaço no cinema americano. Embora tenha estrelado filmes de vários estilos foi no Western que ele finalmente encontrou seu nicho. Scott durante as décadas de 40, 50 e 60 se tornou campeão de bilheteria no mais americano dos gêneros cinematográficos. Suas produções eram bem realizadas, visando geralmente ocupar as matinês de fim de semana onde eram consumidos por fãs de faroestes. Segue abaixo comentários sobre alguns fillmes de sua vasta filmografia.
O Homem Que Luta Só
Um dos últimos filmes de Randolph Scott também é um dos melhores. Aqui ele interpreta o ex xerife e atual caçador de recompensas Ben Brigade. Ele caça o criminoso Billy John no deserto e acaba o capturando. Sua missão passa então a ser levar o bandoleiro para a cidade de Santa Cruz para que ele seja julgado e enforcado pelo homicídio que lá praticou. O problema é que no caminho ele terá que enfrentar índios hostis, outros caçadores de recompensas e o bando de Billy John, liderado agora por Jack, seu irmão (interpretado pelo famoso ator de vilões de western Lee Van Cleef). O roteiro de "O Homem Que Luta Só" pode até parecer simplista mas é um engano pois é primoroso. O personagem de Scott, um sujeito durão e de poucas palavras, não é exatamente o que parece ser. Na verdade ele nem tem tanta pressa assim em levar Billy John ao seu cadafalso. Suas reais intenções só são reveladas no clímax do filme e aí o espectador já está totalmente fisgado. Aliás vamos admitir que a cena final de "Ride Lonesome" é uma das mais belas que já vi em faroestes - Randolph Scott parado em frente a uma árvore de enforcamentos em chamas! Maravilhosa tomada! O diretor de "O Homem Que Luta Só" é o cineasta Budd Boetticher que fez vários westerns ao lado de Randolph Scott. Hoje em dia a obra desse diretor tem despertado muito interesse nos EUA pois todos reconhecem que ele nunca foi reconhecido em vida. Era um diretor inteligente, que fazia maravilhas em cena, mesmo com roteiros aparentemente simples. Esse aqui seria o penúltimo filme que rodaria ao lado de Scott (a última produção que reuniria a parceria seria "Cavalgada Trágica" no ano seguinte). Em conclusão digo que "Ride Lonesome" é sem dúvida um dos melhores momentos de Randolph Scott - extremamente bem escrito e dirigido prende a atenção da primeira à última cena.
O Pistoleiro
Mais uma produção bancada pelo próprio Randolph Scott. Curioso é que em pleno auge do chamado Star System (onde os atores eram quase escravos dos estúdios) Scott tenha trilhado um caminho próprio, produzindo seus próprios filmes e depois os negociando com os estúdios para distribuição (o que também aconteceu aqui com "O Pistoleiro" que acabou sendo lançado pela Columbia Pictures). Esse conta a estória de Jeff Travis (Randolph Scott) um renegado da Guerra Civil que para escapar da forca do exército ianque foge para uma pequena cidade do oeste com um nome falso. Lá se envolve com um grupo de assaltantes de diligências. Ao mesmo tempo em que planeja o roubo de cargas de ouro se enamora pela filha do dono da empresa de transportes, a bela Josie (Claire Trevor). O personagem de Scott é curioso. Nem é um mocinho de filmes típico de westerns e nem é um vilão assumido pois tem consciência e sente quando injustiças são cometidas. O interessante é que o ponto de partida dessa produção é a mesma de um filme de Audie Murphy chamado "Kansas Raiders" que assisti recentemente. Tanto o personagem de Scott como o de Murphy fazem parte do bando de Quintrail, um personagem histórico real que assaltava bancos e cidades inteiras durante a Guerra Civil Americana. E assim como o filme de Audie Murphy esse aqui também tem um bom elenco de apoio com os veteranos atores Ernest Borgnine e Lee Marvin. Em suma, outro bom faroeste de Scott que diverte acima de tudo.
O Resgate de um Bandoleiro
Pat Brennan (Randolph Scott) é um pequeno fazendeiro que vai até uma cidade para comprar um touro reprodutor para seu rebanho. Na viagem de volta a diligência em que se encontra é sequestrada pelo bando de Frank Usher (Richard Boone) que exige um resgate de 50 mil dólares pela vida da jovem filha de um rico dono de minas da região, que também estava na mesma carruagem. Esse é mais um faroeste produzido pelo próprio ator Randolph Scott. A fita é ágil, curtinha (para passar nas matinês) mas mesmo assim consegue manter bem o interesse. Enquanto estão sequestrados começa um jogo psicológico entre o mocinho Pat (Scott) e o vilão (Boone). Esse aliás é um dos pontos altos do roteiro que consegue criar bastante tensão e suspense em um filme que basicamente só seria um faroeste convencional. Grande parte do filme se passa num casebre no alto de uma colina em pleno deserto. O clima árido e hostil combina bem com o clima tenso. Curiosamente no comecinho do filme o personagem de Scott é amenizado, inclusive participando de uma pequena aposta ao montar um touro feroz. Além disso ele faz amizade com um garotinho, numa sacada do roteiro que achei ser inspirado em "Os Brutos Também Amam". Enfim, vale a pena conhecer mais esse trabalho de Scott.
Colt .45
Fitinha rápida estrelado por Randolph Scott para a Warner. Aqui ele interpreta Steve Farrell, um vendedor de armas da fábrica Colt que é roubado em pleno escritório do xerife por um bandido perigoso chamado Jason Brett (Zachary Scott, bem canastrão). Em posse dessas armas roubadas o criminoso forma um bando que fica conhecido como a "Quadrilha do Colt" e começa a assaltar diligências, bancos e moradores da região. Randolph Scott então sai em encalço do grupo de malfeitores. O filme é o que se pode chamar de "Bang Bang" autêntico pois o roteiro realmente foca na ação e nos tiroteios. A fita é curtinha (72 minutos) e foi feita assim visando aumentar as exibições nas matinês dos cinemas dos anos 50. O roteiro é bem simples e vai direto ao ponto, sem firulas. O elenco de Colt .45 chama atenção por causa da presença de Lloyde Bridges (o pai de Beau e Jeff Bridges). Seu papel é um tanto secundário mas ele se esforça para ser notado. Como sua esposa a estrelinha Ruth Roman, amiga pessoal de Randolph Scott que apesar da extensa filmografia (mais de cem filmes!) nunca conseguiu se tornar uma estrela de primeira grandeza. O diretor Edwin L. Marin era muito produtivo mas morreu pouco tempo depois da realização desse filme. Era um diretor de estúdio e fazia o que lhe era pedido pelos produtores. Realizador competente conseguiu bons resultados mesmo em produções B. Enfim, um faroeste bang bang legítimo, eficiente e divertido. Vale a pena assistir.
Pistoleiros do Entardecer
Grande filme. Esse western mostra muito bem a diferença que faz um grande diretor. Veja, tinha tudo para ser mais um faroeste de rotina da carreira de Randolph Scott mas isso seria óbvio demais. Sam Peckinpah consegue reverter certas máximas do gênero ao mesmo tempo em que é respeitoso à mitologia do velho oeste. Ao contrário de usar personagens que são indiscutivelmente mocinhos ou bandidos, o diretor coloca em cena sujeitos dúbios, que transitam entre cometer crimes ou protagonizar momentos de grande honra pessoal. É o caso de Gil Westrum (o último personagem da carreira de Randolph Scott que abandonaria o cinema logo após). Gil tem como objetivo roubar o ouro que foi contratado a transportar mas como acompanhamos no desenrolar do filme esse é apenas o ponto de partida de tudo o que acontecerá nas montanhas. É bom frisar porém que a estética da violência que seria marca registrada do diretor ainda não está presente nesse filme, o que era de se esperar. Filmado na primeira metade dos anos 60 o cineasta ainda não havia levado às últimas consequências suas escolhas estéticas e cinematográficas. Mesmo assim o filme é surpreendentemente bem roteirizado, com um clímax excelente, de tirar o chapéu. No final quem melhor define a essência do filme é a personagem Elsa (interpretada pela atriz Meriette Hartley). Ela explica que sempre foi levada a crer que havia o bem e o mal absolutos na vida, mas que depois de tudo o que passou compreendeu que na vida há pessoas que transitam de um lado ao outro, em uma zona cinzenta, tal como os personagens desse western. Uma conclusão simplesmente perfeita.
O Laço do Carrasco
O Major confederado Matt Stewart (Randolph Scott) acaba liderando uma tropa que decide roubar um carregamento de ouro do exército da União durante a guerra civil americana. O problema é que após ter em mãos toda essa fortuna acabam descobrindo que a guerra finalmente havia chegado ao fim! A partir daí o que fazer? Entregar o ouro ao exército da União o que os levaria inexoravelmente à morte por enforcamento ou ficar com todo o carregamento para eles? O choque de ambições seria inevitável. Assim Scott e seus subordinados (entre eles Lee Marvin) terão que lidar com a situação ao mesmo tempo em que lutam para preservar o ouro que agora é cobiçado por um bando de assassinos e ladrões. Mais um western produzido e estrelado pelo astro Randolph Scott. Na década de 1950 o ator decidiu que iria produzir seus próprios filmes. Como já havia ganho bastante dinheiro no cinema percebeu que tinha um público cativo e que por isso valia a pena investir em suas próprias películas. Além do mais nenhum investimento no mercado financeiro lhe traria tanto retorno como esse. A decisão foi mais do que acertada. Geralmente trabalhando com os grandes estúdios para distribuição Randolph Scott acabou fazendo fortuna pessoal com seus westerns. Realizando em média três filmes por ano o ator foi ficando cada vez mais milionário. Quando se aposentou das telas em 1962 estimava-se que já era dono de uma fortuna avaliada em mais de 100 milhões de dólares! "O Laço do Carrasco" ainda é um de seus filmes mais lembrados por fãs de western hoje em dia. O enredo é bem interessante mas o diretor e roteirista Roy Huggins não o desenvolve muito bem, pois muito potencial dessa estória foi desperdiçada na minha opinião. O principal erro é que ao invés de mostrar o desenlace dessa questão optou-se por priorizar mais o chamado Bang Bang (tiroteios e emboscadas). Scott segue com sua caracterização típica. Não há uma preocupação melhor em desenvolver os personagens do ponto de vista psicológico como acontecia nas parcerias entre Scott e o diretor Budd Boetticher. Aqui temos nitidamente um western de matinê - que aliás foi o ponto forte de Scott, onde ele realmente fez fortuna com filmes rápidos, ágeis e eficientes. Enfim, "O Laço do Carrasco" é um bom western dos anos 50 muito embora poderia sim ser bem melhor do que realmente é. Não é assim um dos melhores trabalhos de Randolph Scott mas merece ser visto (ou revisto) sempre que possível.
Arizona Violenta
Mais uma das produções de western de Randolph Scott da décade de 50: "Arizona Violenta". O filme é curioso por alguns motivos interessantes. O primeiro é que ele foi rodado nas mesmas locações em que "Sete Homens e um Destino" seria feito anos depois. Aquela mesma vilazinha ao pé da montanha. Produzido pelo próprio Randolph Scott que inclusive escolheu o local que depois ficaria famoso pelos fãs do gênero. Atuando ao seu lado no filme temos a atriz Jocelyn Brando, irmã de Marlon Brando. Para quem não sabe foi por causa da irmã Jocelyn que Brando resolveu ser ator ao se mudar para Nova Iorque após ser expulso da Academia Militar onde estudava. Jocelyn Brando porém nunca chegou a se tornar uma estrela. Era um atriz mediana, esforçada mas não muito brilhante.. Aqui sua atuação soa exagerada, o que contrasta com a tranquilidade e a austeridade de Scott, sempre com boa presença de cena (embora ele modestamente não se considerasse um grande ator). No filme Randolph Scott interpreta John Stewart, um rancheiro que tem problemas com um proprietário de terras (Richard Boone) que quer a todo custo dominar a região. O roteiro, muito eficiente por sinal, foi escrito por Irving Ravetch, um talentoso escritor que fez roteiros para grandes filmes como "O Mercador de Almas", "O Indomado" e um dos mais curiosos filmes da carreira de John Wayne, "Os Cowboys" onde ele virava um tipo de mestre para vários pupilos, garotos que queriam se tornar cowboys como ele. O diretor H. Bruce Humberstone (1901–1984) era um veterano que conseguiu imprimir ao filme uma excelente dose de aventura e ação. Não é para menos, ele era muito competente nesse aspecto, tanto que depois seria escalado para fazer filmes de Tarzan. A parceria com Scott daria mais frutos e ele voltaria a dirigir o ator no também eficiente faroeste "Colt 45". Enfim, "Arizona Violenta" é um western com cara de matinê - curtinho, divertido e eficiente. Vale a pena assistir.
Sete Homens Sem Destino
Ben Strike (Randolph Scott) é um ex xerife que parte em busca da captura de sete ladrões de bancos que durante um assalto acabaram matando sua esposa. Durante sua jornada pelo deserto do Alabama acaba encontrando um jovem casal que tenta chegar ao oeste selvagem. O que Strike não sabe é que de uma forma ou outra todos os acontecimentos estão interligados entre si. "Sete Homens Sem Destino" tem um dos melhores roteiros que já vi em westerns dos anos 50. Uma produção ágil, rápida, muito bem escrita e extremamente eficiente. Randolph Scott repete seu papel de homem íntegro, de moral induvidosa e firmeza de caráter. Aqui ele conta com um elenco de apoio muito bom a começar pela presença de um jovem Lee Marvin, fazendo o papel de um cowboy oportunista que está no encalço do dinheiro roubado. Não era a primeira vez que Scott e Marvin dividiam a cena juntos (e nem seria a última) mas aqui Lee Marvin teve muito mais oportunidades de atuar, com mais diálogos e cenas que não se resumiam apenas a tiroteios no meio do deserto. Sua cena de assédio com a personagem da atriz Gail Russell é uma das melhores e mais tensas partes da produção. O filme foi dirigido novamente pelo diretor e parceiro de Randolph Scott, Budd Boetticher. Já tive oportunidade de exaltar as qualidades desse cineasta que na minha opinião foi totalmente subestimado na época. Boetticher tinha um feeling incrível para contar as estórias em uma edição enxuta, onde não havia espaço para desperdício. Todas as cenas possuem um propósito bem definido, sem perda de tempo ou enrolação. O que resulta daí são faroestes onde o espectador não tira os olhos da tela, sempre interessado no que vai acontecer. O mais interessante é que seus filmes não são longos (70 minutos em média) e em nenhum momento ficamos com a impressão de que algo faltou em cena. Enfim, "Sete Homens Sem Destino" é uma boa pedida para os fãs de Randolph Scott e os admiradores dos filmes "rápidos no gatilho" de Budd Boetticher. Vale a sessão certamente.
O Romântico Defensor
Cole Armin (Randolph Scott) é um cowboy texano que vai até a cidade de Albuquerque para trabalhar ao lado de seu tio, John Armin (George Cleveland). um bem sucedido homem de negócios na região. Durante a viagem a diligência onde se encontra é assaltada por uma quadrilha de bandidos. Quando finalmente chega em seu destino acaba descobrindo que seu tio John teve participação no roubo. Em pouco tempo tio e sobrinho entram em choque por causa do crime ocorrido, ficando em lados opostos da lei. "Albuquerque" é um western ao velho estilo onde tudo funciona muito bem. O roteiro é caprichado, bem desenvolvido, criando situações ora mais dramáticas, ora mais bem humoradas. O lado romântico também não é deixado de lado e aqui Randolph Scott corteja a mocinha Celia Wallace (Catherine Craig). O elenco de apoio é excepcionalmente bom com destaque para George Cleveland como o tio Armin, um vilão mais cerebral do que visceral (tanto que não pega em armas, apenas planeja de longe formas de prejudicar o seu sobrinho). George 'Gabby' Hayes, um veterano nas telas com quase 200 filmes também está excelente como Juke, um velho barbudo e ranzinza que trabalha para o personagem de Randolph Scott. Ele funciona muito bem como alívio cômico dentro da trama. "Albuquerque" ficou muito conhecido pelo público americano por causa das inúmeras reprises televisivas ao longo de todos esses anos. Na década de 50 a Paramount, produtora do filme, negociou com a Universal a venda dos direitos autorais de mais de 700 faroestes, todos para serem exibidos no canal NBC no período vespertino. "Albuquerque" fazia parte desse pacote. Passando constantemente na TV norte-americana o filme foi criando uma espécie de intimidade com o público, se tornando uma obra muito conhecida e querida entre os fãs americanos de western. Até no Brasil o filme também foi bem reprisado nos primórdios da TV brasileira. Por aqui quando em sua exibição na extinta TV Tupi a produção recebeu o título pomposo de "O Romântico Defensor". Enfim é isso. "Albuquerque" certamente tem todos os ingredientes que fazem um bom western. Além disso seu clima nostálgico é completamente irresistível. Um faroeste dos bons que merece ser conhecido pelos fãs do gênero.
Cavalgada Trágica
"Cavalgada Trágica" é um dos melhores westerns da carreira de Randolph Scott. Não é de se admirar já que aqui temos novamente Scott dirigido pelo ótimo cineasta Budd Boetticher. O diferencial de Budd para outros diretores de faroestes é que ele tinha profundo respeito pela mitologia do gênero. Admirador do estilo de vida do velho oeste o diretor tirava o máximo de roteiros que em essência eram simples. Esse é um exemplo típico. No filme Randolph Scott interpreta Jefferson Cody, um ex veterano das guerras indígenas que dedica sua vida em uma busca desesperada. Sua esposa há muito fora raptada por tribos Comanches hostis e assim Scott percorre os territórios indígenas na esperança de um dia encontrá-la. Numa dessas buscas acaba libertando a jovem e bela Nancy (Nancy Lowe) cujo marido ofereceu uma recompensa de 5 mil dólares para seu resgate. Claro que com tanto dinheiro em jogo vários caçadores de recompensas sairiam em seu encalço. É justamente isso que motiva Ben (Claude Atkins) e seu bando que querem colocar as mãos na mulher para receberem eles próprios sua recompensa. Todos os ingredientes que fizeram a fama de Scott no cinema estão lá: o cavaleiro errante, a busca pelo ente querido, as tribos Comanches sedentas por sangue e os bandoleiros com más intenções. A locação é de rara beleza, rochedos de forte impacto na tela, localizados em Alabama Hills em Lone Pine, Califórnia. Além disso o diretor Budd Boetticher capricha no desenvolvimento psicológico dos personagens e no clima de tensão entre eles. O desfecho é brilhante, se tornando mais um dos grandes trabalhos da dupla Scott / Boetticher. Juntos realizaram alguns dos faroestes mais elegantes da história do cinema americano. A cena final com Randolph Scott e o por do sol ao longe, cavalgando nas pradarias é marcante, um momento único, difícil de se esquecer depois.
A Sétima Cavalaria
"A Sétima Cavalaria" começa onde praticamente todos os filmes sobre o General Custer terminam. Aqui acompanhamos a volta do Capitão Tom Benson (Randolph Scott) ao Forte Lincoln após ir buscar sua noiva, a bela Martha (Barbara Hale). Ele era o braço direito de Custer na tropa e saiu de licença por motivos pessoais. O que Benson não sabe é que ao retornar não encontrará mais ninguém no forte! Toda a Sétima Cavalaria da qual fez parte acabara de ser massacrada pelos guerreiros Sioux e Cheyennes comandados por Cavalo Louco e Touro Sentado. "A Sétima Cavalaria" é seguramente um dos melhores westerns estrelados por Randolph Scott. O roteiro é muito bem escrito e se concentra nos eventos que ocorreram após a morte de Custer e a Sétima Cavalaria. O inquérito aberto pelo exército americano, as dúvidas sobre as reais intenções de Benson ao pedir licença, a necessidade de resgatar todos os restos mortais dos militares em Little Big Horn, tudo é extremamente bem exposto em grande momento de Scott no cinema. Há cenas impactantes como a volta do cavalo do general ao campo de batalha e a questão sobre a quem pertenceria os despojos da grande batalha - aos vencedores ou aos soldados da cavalaria? Uma das coisas que mais chamam atenção nesse filme é a questão sobre quem teria sido responsável pelo massacre das tropas americanas. Durante muitos anos após o desastre em Little Big Horn houve uma glorificação do General Custer. Considerado herói pois morreu lutando, seu legado foi incontestável por anos. Depois descobriu-se que Custer cometeu muitos erros no campo de batalha. Extremamente vaidoso e egocêntrico, Custer queria alcançar os picos da glória ao acreditar que venceria toda uma nação Sioux apenas com poucos homens extremamente bem treinados. Se equivocou feio o que acabaria custando a vida de centenas de soldados e oficiais americanos. O filme não tem medo de tocar nessa ferida e o faz de forma brilhante. Para quem gosta da história do velho oeste "A Sétima Cavalaria" é essencial.
Jesse James
Elenco: Um dos grande méritos do filme “Jesse James” é o seu elenco. Tyrone Power está bem como o personagem principal embora haja limitações em sua caracterização pois ele está de certa forma muito polido em cena (o verdadeiro Jesse James era mais turrão e rude). Melhor se sai Henry Fonda, com trejeitos rústicos do interior, sempre cuspindo fumo e com olhar de caipirão desconfiado. Sua atuação demonstra uma preocupação maior em construir um personagem mais próximo da realidade. Seu Frank James não aparece muito mas quando surge chama bem a atenção. A atriz Nancy Kelly que faz a esposa de James surpreende em ótimas cenas. São dela inclusive os momentos mais dramáticos como àquele em que resolve ir embora com o filho recém nascido. Por fim, completando o núcleo do elenco principal temos Randolph Scott. Em papel coadjuvante o ator está excepcionalmente bem na pele de um sujeito que caça Jesse James no começo do filme mas que depois compreende a situação do criminoso e acaba mudando de atitude, ajudando inclusive sua família. / Roteiro e Argumento: Não há como negar que o roteiro de Jesse James é romanceado mas mesmo assim tenta manter um pé na realidade (o filme inclusive contou com consultores históricos para recriar a biografia do famoso criminoso de forma mais fiel aos acontecimentos reais). No começo da estória ainda há uma tentativa de justificar a entrada de Jesse James no mundo do crime mas depois, de forma acertada, o texto demonstra a mudança em sua personalidade quando ele se torna realmente um criminoso por vontade própria, ciente de seus atos. Embora haja traços do Jesse James da literatura de entretenimento, dos famosos livros de bolso (que ajudou a popularizar seu nome) o roteiro procura sempre seguir os fatos reais quando possível. A cena final de seu assassinato, embora com erros históricos, é bem realizada. / Produção: Embota não tenha sido creditado o filme foi produzido pessoalmente pelo chefão da Fox, Darryl F. Zanuck. Isso significa que “Jesse James” contou com o melhor que estava disponível na época no estúdio. De fato a produção é de muito bom gosto, com boa reconstituição de época (inclusive no que diz respeito a pequenos detalhes como figurino). Há ótimas cenas de roubos de trens, bancos e perseguições. Uma sequência que inclusive chama a atenção até hoje é aquela em que Jesse e Frank James pulam com seus cavalos do alto de um despenhadeiro em um rio abaixo. Pela altura e pela coragem dos dublês o resultado final realmente impressiona. A nota triste é que os animais foram sacrificados após soltarem daquela altura o que levou o filme a ser enquadrado em uma lista do American Human Associate por crueldade animal em filmes de Hollywood. / Direção: O diretor Henry King soube ser conciso em “Jesse James” e realizou um trabalho enxuto e eficiente. Evitou glamorizar a vida do criminoso. Como o filme teve um cronograma de filmagens muito austero Henry King contou com a ajuda de outro diretor da Fox, Irving Cummings, que acabou não sendo creditado. Henry King aqui trabalhou novamente ao lado de um de seus atores preferidos, Tyrone Power. Juntos tiveram grandes êxitos de bilheteria em filmes de capa e espada – sendo esse “Jesse James” mais uma bem sucedida parceria entre ambos. O filme foi a quarta maior bilheteria do ano só ficando atrás apenas de fenômenos como “E o Vento Levou” e “O Mágico de Oz”.
Águas Sangrentas
Após o assalto a uma diligência, Chris Danning (Randolph Scott) sai no encalço dos criminosos responsáveis pelo roubo e morte dos passageiros. Após cavalgar por várias cidades atrás de pistas chega na pequena Coroner Creek no Arizona. Lá descobre que um próspero homem de negócios e fazendeiro chamado Younger Miles (George Macready) está por trás do terrível crime. “Águas Sangrentas” é mais um bom western do final da década de 40 que traz todos os elementos que os fãs do estilo certamente vão gostar. Há o cavaleiro errante que parte em busca de vingança, o malfeitor rico e poderoso que usa de seu poder econômico para dominar toda uma região e por fim a sede de justiça que move o personagem principal. Só no final conseguimos compreender completamente porque o personagem de Randolph Scott se empenha tanto em vingar a morte dos passageiros da diligência no assalto que ocorre no começo do filme. Uma odisséia em busca de vingança, justiça e redenção pessoal e também uma bela estória de amor. A produção de “Águas Sangrentas” é de bom nível. O filme foi produzido pela Columbia, na época a lanterninha entre os estúdios de Hollywood. Mesmo assim nada deixa a desejar no filme nesse aspecto. As filmagens foram realizadas no conhecido Iverson Ranch, localizado nos arredores de Los Angeles, na Califórnia. A Columbia quase sempre rodava seus faroestes nesse local e muitos anos depois ele ficaria ainda mais conhecido por ter sido utilizado como locação da famosa e popular série de TV Bonanza. ”Coroner Creek” foi dirigido pelo conhecido cineasta Ray Enright que inclusive já havia trabalhado com Randolph Scott anos antes no popular “Gung Ho”, um grande sucesso de bilheteria. Detalhista e disciplinado sempre fazia um bom trabalho mesmo quando lidava com orçamentos mais modestos. “Águas Sangrentas” é mais uma interessante película assinado por ele. Também é considerado um momento marcante da carreira de Randolph Scott. Algumas cenas aqui ficaram bem conhecidas entre os fãs do ator como a que ele tem uma de suas mãos esmagada nas pedras de um leito do rio (dando origem ao título nacional). Ferido, acaba tendo que passar o restante do filme sacando e atirando com a mão esquerda o que era bem complicado para ele já que era destro! Enfim, temos aqui mais um trabalho marcante na extensa e rica filmografia do velho Randy. Não deixe de conhecer.
De Arma em Punho
Ransome Callicut (Randolph Scott) é um forasteiro que chega na pequena vila de Los Angeles, um lugar inóspito perdido no meio do deserto, infestada de malfeitores. Ele desembarca no local afirmando ser um simples professor de crianças mas o oficial da cavalaria na região, o capitão Roy Giles (Philip Carey), acredita que ele esteja mentindo pois é bastante parecido com um major desertor das forças armadas durante a guerra civil. Enquanto investiga o recém chegado ele percebe que Ransome está cada vez mais envolvido nos problemas políticos locais. Há um grupo de rebeldes que deseja a separação do sul da Califórnia da federação americana, o que pode levar a uma nova guerra de secessão. Afinal qual seria a ligação entre o misterioso personagem de Randolph Scott com a turbulenta situação política em Los Angeles? “De Arma em Punho” é mais uma produção com o ator Randolph Scott para a Warner. Esse aqui tem um roteiro bem mais trabalhado com uma intrigada trama que provavelmente vá confundir um pouco o espectador menos atento. Callicut (Scott) pode ser tanto um desertor do exército como também um espião enviado pelo governo americano para investigar os problemas envolvendo os rebeldes californianos. O filme foi rodado praticamente todo dentro do estúdio. Existem cenas em locações reais mas essas são geralmente pontuais, feitas com uma segunda unidade. As principais seqüências que contam com Scott e o elenco principal são praticamente todas recriadas em cenários dentro dos estúdios da Warner. Hoje em dia esse tipo de técnica é facilmente perceptível. Alguns não gostam pois soa artificial mas pessoalmente acho tudo muito charmoso e elegante. O horizonte ao longe é pintado, por exemplo, mas tudo com tão bom gosto que não há como se aborrecer com detalhes assim. Além dos costumeiros tiroteios e perseguições “De Arma em Punho” ainda tem uma dupla de atores mais cômicos (um se veste de mulher para enganar os rebeldes) e duas seqüências musicais com canções cantadas em espanhol pela atriz e intérprete Lina Romay. Para os fãs de Randolph Scott é bom salientar que "Stardust", seu lindo cavalo Palomino branco e marrom, está em cena, mostrando todo seu porte imponente e beleza. Em conclusão é isso, mais um bom filme com Scott que ainda conta com o diferencial de mostrar pequenos toques de mistério e tramas políticas. "De Arma em Punho" é um eficiente western da década de 50 que deve ser assistido pelos fãs do gênero.
Pablo Aluísio.
Filmografia Comentada - Randolph Scott
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