sábado, 24 de janeiro de 2009

Elvis Presley - FTD Out in Hollywood

Falar de Elvis em Hollywood é um assunto polêmico. Isso porque tendemos a cair nos extremos. O primeiro é representado pelos fanáticos fãs de Elvis que o achavam um grande ator e são capazes de escutar a trilha de "Paradise Hawaiian Style" trezentas vezes e, mesmo assim, achar todas as músicas boas, divertidas e clássicas. Essa corrente extremista é muito perigosa. São pessoas completamente desprovidas de senso crítico e os principais responsáveis pelo próprio enclausuramento de Elvis em Hollywood. Afinal, "Paradise"... só foi feito porque teve alguém que se deu ao trabalho de assistir a "Harum Scarum", não é mesmo? A outra corrente é igualmente perigosa. É representada por radicais de extrema direita, geralmente com algum conhecimento em cinema, seja ele real ou não. Detestam todos os filmes de Elvis da década de 60 e não encontram nenhuma música decente na trilha sonora.

Ambas as correntes são equivocadas e devem ser evitadas. Toda essa polêmica pode ser evitada utilizando-se de duas palavras mágicas: "bom senso". Iniciaremos nosso texto no ponto onde tudo começou. E esse lugar temporal é o ano de 1956. Elvis Presley estava sacudindo o mundo com uma música nova, revolucionária e alegre que varreu os quatro cantos do mundo e deu origem ao maior movimento de mudanças musicais já registrado. Sua repercussão se deu em todos os setores da sociedade, passando pelo vestuário, costumes, gírias, cinema e até a política. No auge de seu sucesso, com o mundo nas mãos, Elvis foi atrás de realizar o seu maior sonho: ser um grande ator. Não fazia muitos anos desde que ele, à época um pobre menino sulista, trabalhava de lanterninha nos cinemas locais, só para poder assistir aos filmes de graça, pois não tinha dinheiro para comprar a entrada. Agora, com 21 anos Elvis era o maior nome da música mundial e Hollywood continuava sendo a sua grande menina dos olhos. Com um visual e sex appeal arrebatador, Elvis logo conseguiu sua grande chance de estrear nas grandes telas com o filme "Love Me Tender" (Ama-me Com Ternura). A atuação de Elvis é claramente de um estreante, porém, surpreendentemente esforçada.

A princípio Elvis não queria misturar cinema com música, porém, Hollywood não pensava o mesmo, afinal, não fazia sentido fazer um filme com o cantor mais famoso do mundo sem fazê-lo cantar nenhuma música. O resultado foi quatro canções incluídas, dentre as quais a lendária "Love Me Tender". Mas aqui, em um filme simples, com atuações boas, e uma história razoável encontra-se um dos primeiros problemas dos filmes de Elvis: a plateia não queria saber o que Elvis fazia no filme, só queria vê-lo, de preferência cantando alguma coisa. Qualquer coisa. O hino americano, uma marchinha, ciranda cirandinha, qualquer coisa. Porém, a princípio isso não foi problema e os quatro primeiros filmes de Elvis são de uma qualidade muito boa, destacadamente "Jailhouse Rock" (O Prisioneiro do Rock) e "King Creole" (Balada Sangrenta). Qualquer crítico de cinema especializado que negar a boa atuação de Elvis nesses dois filmes deveria se aposentar imediatamente. Elvis faz papéis fortes de caras maus e durões, que estão dispostos a arriscar tudo para conseguirem o que querem. Além de roteiros fortes, um excelente elenco de apoio, atuação primorosa de Elvis, músicas simplesmente maravilhosas e sequências antológicas, os filmes de Elvis da década de 50 não só marcaram época, como também são considerados verdadeiros clássicos atualmente. Quando Elvis acabou as filmagens de "King Creole" duas coisas estavam bem claras: Elvis ainda tinha um grande caminho a percorrer e muito que desenvolver-se como ator.

O segundo fato notável era de que Elvis estava em franca expansão como ator. Provavelmente, mais 3 ou 4 filmes do nível de "King Creole" o teriam elevado à categoria de ator de primeiro escala. Isso nos leva à pergunta mais óbvia: Era Elvis um bom ator? Nunca saberemos. Ele teve o seu processo de desenvolvimento barrado no início da década de 60. Porém, uma coisa ninguém duvida: Elvis tinha potencial. 1958 marcou a ida de Elvis para o exército e talvez a maior guinada de sua carreira. Coincidentemente, no mesmo ano, Elvis perdeu sua mãe. Essa perda, juntamente com a instantânea retirada de Elvis de sua realidade dos holofotes do mundo, empreenderam mudanças nele. Em um show de 69 ele mesmo afirmou que a sensação que sentiu foi de que estava tudo acabado. Uma hora ele tinha tudo e na outra sua carreira artística simplesmente desapareceu. Quando Elvis voltou do exército ele voltou uma pessoa mais madura, mas ao mesmo tempo mais triste e principalmente desorientada. O próprio Elvis tomou consciência que tinha mudado. Consciência que seus fãs nunca tiveram. Não que isso fosse uma coisa ruim. Pelo contrário. As músicas iniciais de Elvis da década são ainda muito poderosas, clássicas e alegres. São uma espécie de continuação da década de 50, não tão cruas, mais lapidadas, porém, bem menos inocentes e mais contidas. Elvis já havia estado no limite e isso o trouxe problemas, por que ir lá de novo?! Elvis agora era mais controlado. Um bom moço, sem dúvida. Essa nova estratégia foi, é verdade, intencionada e planejada pelo Coronel Parker, mas será que Elvis queria mesmo ser aquele jovem da década de 50? O Elvis de 1960 queria ser um prolongamento do de 1958? Certamente não. Por isso Elvis tomou uma decisão radical: rompeu com os anos 50. Claro que esse rompimento tomou proporções ridículas na década de 70, mas teve seu início em 1960 quando Elvis voltou do exército. A década de 50, definitivamente a melhor de sua vida, agora lhe trazia lembranças de sua mãe e de uma época repleta de vitórias e alegrias.

Agora, depois de sua volta do exército, uma nova realidade surgiu. Mudanças também. E se tinha uma pessoa que era péssima em enfrentar mudanças essa pessoa era Elvis. Mudanças e pessoas. Essa fuga eterna de Elvis de conflitos, sejam eles artísticos ou pessoais, afundou seu casamento, arruinou preciosos anos de sua carreira e em última instância o levou à morte. E foi exatamente essa negação de nova realidade que fez Elvis fazer um filme ruim atrás do outro. O que nos leva ao início do problema: um filme chamado "G.I Blues" (Saudades de um Pracinha). Não me entendam mal. O filme não é ruim, porém, passa longe de ser bom, e sua qualidade comparada com seus antecessores é sofrível. Mas, surpreendentemente, sua trilha sonora chegou ao primeiro lugar nas paradas e lá ficou por dez semanas!!! Vejam, aqui está um filme regular, com algumas músicas boas e a maioria apenas mediana. O próprio Elvis não gostou do filme. E o resultado foi esplêndido. Parte do faturamento veio do fato dos fãs estarem há dois anos desejando material cinematográfico do cantor.

Provavelmente, se Elvis estrelasse um documentário sobre a vida do bicho preguiça, ele seria um sucesso. Conclusão tirada pelos lacaios de Hollywood e o raposa Parker: Elvis precisa aparecer em filmes leves. A lógica cinemtográfica de Elvis estabeleceria mais uma nova conclusão com a filmagem de "Flaming Star" (Estrela de Fogo). O filme é bem acima da média, com grandes atores e um excelente diretor, além de uma convincente atuação de Elvis. Um novo detalhe na indústria Presley surgiu: o filme conteria poucas canções. Na verdade apenas 4, o mesmo número de seu filme inicial "Love Me Tender". Porém, pela primeira vez em um filme de Elvis as canções baixaram muito o nível. Apenas "Summer Kisses, Winter Tears", que acabou sendo cortada, tem algum mérito. "Flaming Star" é muito sem sal e "Britches" e "A Cane and High Starched Collar", incluída no filme em uma seqüência totalmente desnecessária, são do nível de pérolas trash futuras como "He´s Your Uncle Not Your Dad". E o ritmo... Meu Deus que country capenga e de mau gosto. Aliás, country nada, é sem classificação essas duas porcarias, que são de longe, as primeiras músicas realmente péssimas da discografia de Elvis. "G.I Blues", com uma história meio boboca e muitas canções foi um sucesso financeiro e "Flaming Star", sem quase nenhuma música com boa atuação de Elvis e roteiro forte, apesar de ter agradado a críticos, foi um relativo fracasso.

Conclusão dois: Elvis teria que estrelar filmes leves sem grandes pretensões cinematográficas. Nada de metê-lo em filmes sérios e sem canções. Financeiramente não compensava. O filme seguinte de Elvis foi "Wild In The Country" (Coração Rebelde) onde foi praticamente boicotado pelo raposa Parker e os estúdios. O que poderia ter sido um ótimo filme tornou-se uma película confusa, com atuações estranhas por parte de todo o elenco. Foi a última vez que Elvis seria levado à sério em Hollywood. "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano) veio em seguida e sepultou de uma vez por todas as pretensões de Elvis em ser um grande ator. Ele passaria os sete anos seguintes, metido em filmes com dezenas de garotas, cenários deslumbrantes, roteiros capengas e muitas músicas ruins. Os anos 60 chegaram e com eles mudanças musicais profundas se operaram. Os Beatles e outros roubaram a cena e elevaram o rock à categoria de arte, de uma forma nunca imaginada. Mas Elvis se recolheu em seu canto e só retornaria com força total sob a orientação de Steven Binder em uma noite de junho de 1968.

Muito se especula de quem seja a culpa desse verdadeiro desastre na carreira de Elvis chamado Hollywood. Tem-se que culpar o Coronel, que nunca viu a música de Elvis como arte, por ter transformado a carreira de Elvis em um circo, em troca de alguns trocados. Os estúdios da época e seus chefões por terem destruído uma das mais promissoras carreiras cinematográficas que poderia ter existido. O público que pagou para ver "Blue Hawaii" e derivados, se deliciando em ver Elvis cantando para crianças pentelhas, garotas bonitas, animais e às vezes até para os próprios caras em quem batia, como ele mesmo enfatizou. E o próprio Elvis que nunca superou seu medo de confrontação pessoal, além de nunca aceitar o fato de que ele é quem deveria ter pulso em sua carreira. Sem contar que Elvis nunca entendeu que em Hollywood para conseguir bons papéis é preciso muito esforço e dedicação, além de uma certa dose de exigência.

A FTD fez um grande trabalho em garimpar o que há de menos doloroso nesses anos sombrios. Não que músicas boas não tenham sido feitas, porém, é fato que elas foram exceção. O CD não tem nenhuma canção realmente medíocre, apenas algumas não tão boas como "This Is My Heaven". Porém, aqui você vai encontrar verdadeiras pérolas perdidas, como "Lonely Man", "Puppet On A String" e "King Of The Whole Wide World". Claro, não é indicado para todo mundo, mas para aqueles que desejam entender mais um pouco do processo que levou um dos maiores artistas do século passado a sofrer tamanha humilhação durante tanto tempo. Talvez a resposta esteja naquele ditado: quem muito se abaixa mostra os fundos. Aqui estão as músicas do cd Out In Hollywood analisadas uma por uma:

01. MEXICO (take 7) - O CD tem início com essa musiquinha do filme "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco) de 1963. Por essa época a qualidade dos filmes iria começar a baixar e Elvis não iria fazer uma sessão decente até a gravação do excelente "How Great Thou Art" em 1966, uns três anos depois. 1963 marcou também como o primeiro ano de Elvis sem um primeiro lugar nas paradas, e o preparativo da invasão britânica que iria tomar forças de vendaval no ano seguinte. O filme em si não é dos piores, com uma ótima leading lady, a deliciosa bond girl Ursulla Andress, e uma cena antológica em que Elvis “pula” de um penhasco. O pula está entre aspas porque a cena, claro, foi feita por um dublê. Aliás, apesar de se passar teoricamente no México, Elvis nunca saiu dos EUA para filmar nada, o que gerou rumores de que Elvis era preconceituoso contra os latinos. Nada mais longe da verdade. Elvis mal sabia o que era um latino!!! O real motivo de ele não ter viajado foi, além de baratear o custo, o mesmo motivo que o levou a nunca se apresentar fora dos Estados Unidos: a situação ilegal em que seu empresário Coronel Tom “Raposa” Parker se encontrava, visto que ele era um imigrante holandês. A trilha sonora tem, em sua predominância, músicas imitando sons latinos. E eu enfatizo o "imitando". Canções como "The Bullfighter Was a Lady" soam tão artificiais como corante de framboesa. Aliás, será que no México existem touradas??? Hum... pensei que era na Espanha. Mas tudo bem, para todo bom americano latino é a mesma coisa, e esse grande lapso ficou bem exposto no filme. Mas, Elvis não teve culpa de nada disso. O descrédito fica com os escritores. A trilha tem bons momentos como a ótima "Bossa Nova Baby", medianas como "You Can´t Say No in Acapulco" e a desastrosa "There´s no Room to Rhumba in a Sports Car"!!! Acreditem esse é o título da música. "Mexico" fica no meio termo. É bem instrumentada e tem uma melodia agradável. O problema é que no filme ela é apresentada em um dueto com um moleque pentelho, o que a estraga severamente. Nesse take Elvis canta as partes do garoto, o que a torna bastante melhor. Na verdade, não querendo se arriscar em lançar um dueto tosco de Elvis, a gravadora retirou os vocais da criança, o que deixou a música na versão oficial péssima, com verdadeiros rombos em todo o seu decorrer. Essa versão é muito melhor. Agora convenhamos, a ideia de se colocar Elvis, o Rei do Rock, cantando sobre senhoritas com um pivete em uma bicicleta, em uma música que mistura o inglês com o espanhol não é das melhores.

02. CROSS MY HEART AND HOPE TO DIE (take 6) - Vou direto ao ponto: "Girl Happy" (Louco Por Garotas) é um dos meus filmes favoritos de Elvis. Calma, antes de criticar a minha pessoa deixe-me explicar. Sei que a trilha possui músicas fracas como "Wolf Call" e a horrenda "Fort Lauderdale Chamber of Commerce". Sei que a voz de Elvis não estava lá essas coisas nesse ano e sua paciência nas gravações dessa trilha pela primeira vez em toda sua carreira foi embora. Seu tédio é notável no filme e nas músicas. Também é de meu conhecimento que o filme é um "beach movie" dos mais bobos, inocentes e superficiais. E como esquecer das ridículas cenas de Elvis fingindo tocar baixo, fingindo estar tocando violão quando o som que sai é de uma guitarra, ou então quando ele está tomando sol com blusa de botão azul e uma calça preta e sapatos sociais, como se fosse para uma festa de gala?! Esse são alguns dos defeitos mais graves e toscos do filme. Mas não ligo. O filme é um senhor trash, porém, super simpático. O roteiro é divertido, possui cenas engraçadas (a parte em que Elvis se veste de mulher e ainda continua com seu topete é muito surreal e ridiculamente engraçada), tiradas hilárias e um clima tão alto astral que fica difícil não se tornar um idiota completamente sem senso crítico ao assistir o longa. Claro também que enquanto Elvis estava fazendo podreiras divertidas como essa a cena musical pegava fogo. Mas vamos aos fatos, "Girl Happy" passa a léguas da ruindade de "Harum Scarum" (Feriado no Harém), da apatia de "Clambake" (O Barco do Amor) ou do absurdo de "Kissin Cousins" (Com Caipira Não se Brinca). O filme é bom? De jeito nenhum, na verdade para quem não é fã de Elvis fica difícil engolir um longa tão bobinho e mal feito. Porém, para quem quer se divertir com besteiras sessentistas completamente fora da nossa realidade essa é uma boa pedida. "Cross My Heart and Hope to Die" vem desse filme. É uma música mediana que não incomoda, porém, fica empalidecida se comparada com clássicos do cantor. É um pop típico dos filmes de Elvis na época, com um ótimo riff de baixo. Esse take é quase igual ao master, com exceção de um erro de ritmo da banda no fim da música, que a acelera na hora errada. Tranquila, agradável e inofensiva, porém, com um leve toque sexy, "Cross My Heart" não se destaca na trilha, mas é uma boa pedida no mar de porcarias que Elvis estava cantando na época.

03. WILD IN THE COUNTRY (take 11) - Quando foi filmar "Wild In The Country" (Coração Rebelde), em novembro de 1960, Elvis estava em um excelente momento em sua carreira. "Are You Lonesome Tonight" iria logo entrar para as paradas e se tornar a terceira música de Elvis a alcançar o primeiro lugar no ano. "G.I Blues" (Saudades de um Pracinha) havia sido um sucesso estrondoso e "Flaming Star" (Estrela de Fogo) era um ótimo filme que deu a oportunidade para Elvis de mostrar seu talento como ator. E ele acabara de sair de uma triunfante sessão de gravação que produzira seu primeiro e excepcional álbum gospel "His Hand in Mine". Definitivamente, as coisas estavam indo bem. O roteiro original de "Wild In The Country" era bom e o filme não era para conter canções. Porém, alguém deu um jeito de inserir três músicas no filme: "Wild In The Country", a bela "In My Way" e a divertida "I Slipped I Stumbled I Fell". Apesar de não produzir nenhum hit, a trilha de "Wild In The Country" era uniformemente boa, bem intimista, talvez refletindo o filme e as canções nele postas não prejudicaram o resultado. O roteiro inicial era bem dramático, porém, o Coronel resolveu fazer algumas mudanças e suavizar a coisa ao máximo. Para completar ocorreu um grave problema com a cena final. O final era dramático com a personagem principal feminina, interpretada pela belíssima Hope Lange morrendo. Aqui entra outro problema do filme. Após um mostra inicial ocorreu uma reação negativa da plateia com a cena que teve que ser refilmada com Hope sobrevivendo. Resumindo: avacalharam um bom roteiro em potencial e o que era bom virou um dos mais confusos filmes de Elvis que não possuía clímax, com uma história estagnada e embaralhada, com vários bons personagens nunca desenvolvidos. A interpretação de Elvis está ok. Ele poderia ter dado um tom menos educado e mais sombrio ao personagem. Esse na verdade era o erro onde a Elvis Presley Industries estava começando a pecar. Tudo estava muito suave, muito família. O personagem de Elvis era bem mais complexo do que o que o filme mostra. "Wild In The Country" foi a última oportunidade dada a Elvis de provar que era um bom ator. Mas o Elvis falhou. O Coronel falhou. Os roteiristas falharam. E principalmente a platéia falhou, desprestigiando esse pequeno esforço cinematográfico e o preterindo no lugar de "Blue Hawaii", filme responsável pela nova prisão de Elvis Hollywood. Mas a trilha, como disse, é boa, sendo a canção tema, sem dúvida, o destaque. A leve guitarra elétrica tocada no dedilhado é lindíssima e a letra bastante singela. Uma pequena homenagem a raízes humildes, na verdade. O primeiro take dessa música é curioso, tendo seu arranjo bem mais complexo e Elvis tentando subir uma oitava acima, O resultado foi ruim e o arranjo pomposo foi abandonado. Elvis também se manteve na sua oitava. Esse take é bem próximo ao original com apenas algumas quase imperceptíveis mudanças na guitarra.

04. ADAM AND EVIL (take 16) - O ano de 1966 veio e com ele o ultimato do mundo da música de que as transformações ocorridas nos últimos anos não só haviam modificado tudo, como tinham vindo para ficar. E não por coincidência os anos de 1964 e 1965 foram abissais para Elvis em termos de queda da qualidade de material. A coisa iria piorar e muito. Percebendo as mudanças no mercado e vendo a queda nas vendas ter início, os produtores de Elvis tentaram fazer algumas mudanças no próximo filme do cantor. A começar pela trilha que deveria conter mais rocks, em vez de cânticos árabes, músicas dos anos 20 ou temas havaianos pra lá de bregas. Apesar de realmente ser um pouco superior a outras trilhas "Spinout" (Minhas Três Noivas) oscila entre o muito bom ("Am I Ready" e "I´ll Be Back"), o apenas mediano ("Stop Look And Listen") e o trash total (a horrorosa e mortífera "Beach Shack"). "Adam and Evil" fica no intermediário. Esse rock bastante peculiar segue a cartilha de tentar balançar a trilha de Elvis tentando reviver glórias passadas. A música em si não é ruim, tem um ótimo ritmo, uma boa pegada de bateria e uma letra curiosa. Mas é só. Não entra na categoria das melhores músicas de Elvis, apesar de passar longe de incomodar. O interessante sobre essa música é que ela foi a mais trabalhosa da sessão. O take aqui presente é o primeiro completo em muito, simplesmente porque Elvis não conseguia achar o tom certo na parte em que canta o verso “ but you´re the devil I don´t want to live without”. Ele mesmo comenta no estúdio essa ser a nota mais difícil de sua vida inteira!!! O CD "Spin in Spinout" mostra a crescente dificuldade de Elvis na música take após take. Até que enfim ele acerta na 16ª tentativa... que ainda não é o master que viria na tentativa de número vinte!!! Aqui os produtores da "Follow That Dream" botaram trechos de várias músicas cantaroladas por Elvis na sessão como "Flowers on the Wall" (presente no filme "Pulp Fiction"). O Coronel tentou promover o filme como o triunfal aniversário de 10 anos de Elvis no cinema, porém os próprios fãs, sabendo da necessidade de mudanças boicotaram a produção que se tornou o maior fracasso de bilheteria de Elvis em Hollywood. Uma pena, pois o filme não é dos piores. Esse boicote deveria ter ido para algo como "Kissin Cousins" ou "Paradise Hawaiian Style".

05. LONELY MAN (take 4) - Delicada, bela e melancólica são alguns dos adjetivos que podem ser empregados para essa belezura gravada para o filme "Wild In The Country" (Coração Rebelde). "Lonely Man" reflete bem toda a atmosfera intimista do filme e fala de um homem totalmente desiludido, extremamente machucado pela vida e não mais desejoso de viver. O homem da canção é posto como se fosse um andarilho que “vai de cidade em cidade procurando algo que não consegue encontrar”. A sensação de auto abandono e falta de esperança é extremamente latente durante toda a canção e culmina no final quando é revelado que o homem é o próprio narrador da música. Definitivamente, uma das mais melancólicas gravações da carreira de Elvis, melancolia esta acentuada por um estranho acordeão. Se você nunca percebeu nada disso que eu falei sobre a música, não se preocupe. A interpretação de Elvis é tão suave e singela, que todo esse sofrimento e sua real essência são bastante atenuados, ficando quase imperceptíveis. Ganhou uma versão ainda mais triste, só com o violão, porém, nunca lançada. Foi cortada do filme injustamente e lançada como single, lado B da ótima "I Fell So Bad", alcançando a razoável 32ª posição. Os fãs estranharam essa alien no mundo de Elvis da época.

06. THANKS TO THE ROLLING SEA (take 3) - Se você quiser procurar músicas com temas estranhos é só checar as trilhas de Elvis. Você verá música sobre animais ("A Dog´s Life", "Dominic"), temas árabes ("Golden Coins", "Mirage"), temas mexicanos ("Guadalajara" e "Vino Dinero Y Amor"), músicas para crianças ("Cotton Candy Land", "Confidence", "Five Sleepyhead") entre outras bizarrices. Essa música é quase um canto de idolatração ao mar!!! Ao mar!!! Mas vamos por partes, a canção tem um ótimo ritmo, Elvis está cantando muito bem, diga-se de passagem, e se eu fosse um pescador adoraria cantarolá-la em minhas pescarias matinais ou noturnas. Mas meu povo, vamos aos fatos, quem está cantando é Elvis Presley, o cara que praticamente inventou a música moderna. Quem em sua sã consciência iria fazer isso com um cantor de tal porte?! Como disse, a música não é de todo ruim, mas o tema é que me desagrada bastante. Foi gravada para o ridículo "Girls! Girls! Girls!" Em uma cena igualmente estúpida com Elvis pescando peixe e cantando essa baboseira para os seus amigos pescadores. Um desperdício.

07. WHERE DO YOU COME FROM (take 13) - A trilha de "Girls! Girls! Girls!" (Garotas, Garotas, Garotas) é uma montanha russa com absolutos clássicos ("Return to Sender"), músicas alegres e ritmadas (a ótima tema e a irônica "I Don´t Want to be Tied"), músicas com temas ridículos e de péssimo gosto ("Song of the Shrimp", "The Walls Have Ears") e bonitas baladas, como a ótima "Because of Love" e essa aqui. "Where do You Come From" é a típica canção mediana de Elvis. Possui uma melodia bonita, mas que ao mesmo tempo não consegue transmitir um pingo de sinceridade, parecendo muito forjada. Possui uma letra bonitinha, mas cuja simplicidade aqui não contribui em nada para a canção. Resumindo, música de laboratório, feita para preencher lugares vazios do álbum, mas que não chega a incomodar. Agora vejam vocês que entre tantas músicas legais da trilha como as acima citadas para fazer par com a excelente "Return to Sender", no single promocional, adivinhem qual a RCA escolheu? Dou um passe de 10 anos sem assistir "Kissin Cousins" para o ganhador! Ah, acertou quem falou "Where do You Come From". Fraquíssima, até para um lado B, a música conseguiu a ridícula 99ª posição nas paradas, a pior de Elvis, até então. Esse take é até melhor que o original com Elvis mais seguro com a canção.

08. KING OF THE WHOLE WIDE WORLD (take 3) - Gravada para o filme "Kid Galahad" (Talhado Para Campeão), "King Of The Whole Wide World" é uma daquelas músicas que faz você se orgulhar de ser fã de Elvis. Alegre, frenética, com uma letra simples, porém, extremamente pra cima, vocais de Elvis extremamente inspirados e a banda afinadíssima, "King Of The Whole Wide World" é um dos mais perfeitos exemplos das músicas ao estilo “levanta defunto” pelas quais Elvis sempre vai ser lembrado. A letra não poderia ser mais verdadeira, afirmando que quem é rico nunca se contenta com sua riqueza por maior que ela seja e quem é pobre sempre leva uma vida mais simples. Destaque absoluto para a voz de Elvis que lembra muito as loucas músicas dos anos 50 e para o excepcional Boots Randolph destruindo no sax, em um de seus melhores solos. Com certeza um das melhores músicas de toda a carreira de Elvis, e ainda um tesouro escondido. Talvez não tenha feito muito sucesso pela péssima promoção pessoal da RCA que a lançou em um EP, alcançando a apenas razoável 30ª posição, em 1962, quando Elvis estava começando a ter alguns de seus compactos passando despercebidos pela mídia. A única crítica vai para a ridícula cena em que ela é cantada no filme, com Elvis na traseira de um caminhão. Mas isso não a estragou. Teve uma versão um pouco menos ritmada tentada por mais de 30 takes. O take aqui apresentado é o antecessor do master da segunda versão, e só é diferente no solo de Boots Randolph, um pouco inseguro ainda, mas não menos genial. Para mostrar para fãs bobões dos Beatles, sem dúvida.

09. LITTLE EGYPT (take 21) - Se teve um ano que fez diferença na carreira de Elvis foi o ano de 1964. De forma negativa, infelizmente. A qualidade do material gravado diminuiu consideravelmente e os filmes de Elvis passaram a usar e abusar de sua fórmula. Para completar a América começava a pegar fogo com o início da Guerra do Vietnã e as consequências práticas do assassinato de Kennedy. Os protestos por mudanças sociais feito pelos negros e outras minorias se intensificou. A América começou a virar gente grande. No cenário musical é que a coisa deu uma reviravolta. A juventude americana, até então desamparada com o rock, se apegou a uma nova força musical que aportou nos EUA em fevereiro: os Beatles, que começaram a maior revolução musical desde Elvis, quebrando recorde por cima de recorde. A RCA entrou em verdadeiro desespero. Se as músicas de Elvis não mais chegavam ao número 1 em 1963, agora elas não entrariam nem no top 10. A gravadora apelou para uma política de quantidade, sem nenhum critério de qualidade ou ordem lógica, no que diz respeito aos singles. Tanto é que no ano de 1964, foram lançados singles com músicas de filmes de Elvis, restos dos anos 50 e singles promocionais do álbum "Elvis is Back" e "Pot Luck", sendo o primeiro de quatro anos antes!!! Alguns conseguiram chegar ao top 20, porém, músicas como "Kiss Me Quick" afundaram na 34ª posição e os lados B de Elvis passaram a ter dificuldades de entrar no HOT 100. As paradas musicais tiveram uma reviravolta muito violenta com os Beatles massacrando todos os seus oponentes. O que 1956 foi para Elvis, 1964 foi para os Beatles, em escalas bastante semelhantes. Os filmes de Elvis, ao contrário e não merecidamente, continuavam a lucrar. Na verdade foi em 64 que Elvis obteve seu maior êxito comercial nos cinemas, com o ótimo "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade). Para piorar as coisas, naquele mesmo ano Elvis leu, com profunda chateação, uma notícia em um jornal afirmando que os seus filmes, de baixo custo e alta rentabilidade estavam patrocinado filmes de grande porte dos estúdios!!! Foi nesse clima caótico, em meio a mudanças musicais que Elvis entrou em março de 1964 pra filmar "Rostabout" (O Carrossel de Emoções). O filme em si é bem legal e a trilha é junto com a de Viva Las Vegas a melhor da década de 60. Surpreendentemente, livre de chatices (com exceção da horrorosa "Carny Town" e umas duas outras musiquinhas fracas) o álbum possuía boas baladas como a lindíssima "Big Love, Big Heartache" e "It´s a Wonderful World" (única música de Elvis que chegou perto de ser indicada ao Oscar), divertidos rocks como a agitada "Hard Knocks" e a otimista "There´s a Brand New Day On the Horizon", além da diferente e ótima "One Track Heart". Na Inglaterra, já completamente tomada pela beatlemania, a trilha alcançou a baixa, para a época, 12ª posição. Porém, nos EUA a trilha surpreendeu e alcançou o primeiro lugar em pleno domínio dos Beatles!!! O último primeiro lugar de um álbum de Elvis até 1973 quanto voltaria ao topo com "Aloha From Hawaii". "Little Egypt" é outra grande canção desse filme. Cortesia da dupla dinâmica Leiber / Stoller, que escreveram grandes clássicos do rock para Elvis na década de 50. A canção é acima da média para uma trilha de Elvis e conta a história verídica de uma dançarina bastante famosa do século retrasado. Acontece que uma outra dançarina com homônima tentou processar Elvis por estar usando o seu nome, porém, ela perdeu a causa. Elvis, apesar de involuntariamente ter rompido com a dupla de compositores gravaria algumas de suas músicas no decorrer de sua carreira como essa, tendo sido "Bossa Nova Baby" a que se deu melhor, ao ser, em 1963, um top 10 americano. Bem ritmada, com uma ótima letra, "Little Egypt" merecia um lançamento em single que nunca ocorreu, devido ao sucesso da trilha!!! Vai entender a RCA! Obteve uma explosiva mini versão para o especial de 1968. Esse take é bem diferente do oficial, mais compassado e um pouco mais rápido.

10. WONDERFUL WORLD (take 7) - O ano de 1968 viria a ser um dos mais marcantes da carreira de Elvis e oficializaria sua volta à cena musical. Porém, o ano começou meio que no desespero, com a indústria Elvis Presley no fundo dos fundos. Lançamentos superiores como "Guitar Man" e "Big Boos Man" mostraram que nem músicas boas estavam se dando bem nas paradas. As últimas sessões em Nashville na década provaram ser um fracasso, com Elvis completando apenas 2 músicas, em vez de o álbum pretendido. "Stay Away Joe" (Joe é Muito Vivo) provaria ser um grande fracasso de bilheteria e a trilha de "Speedway" (O Bacana do Volante) naufragaria em ambos os lados do atlântico. Se artisticamente as coisas iam de mal a pior, pessoalmente Elvis estava muito bem. Casado no ano anterior, Elvis se tornou pai em fevereiro pela primeira vez. Foi nesse contexto misto que Elvis entrou no set de seu novo filme "Live a Little, Love a Little" (Viva Um Pouquinho, Ame um Pouquinho) em março de 1968. Particularmente acho o filme muito estranho. Não diria que ele é de todo ruim, pois foi o filme que claramente rompeu com a fórmula de filmes de Elvis nos anos 60, cujo último representante foi "Speedway" (O Bacana do Volante). Seu antecessor, "Stay Away Joe" (Joe é Muito Vivo) havia sido uma clara mudança na carreira cinematográfica de Elvis. Por pior que seja, temos que lhe dar crédito por mostrar algo diferente, como Elvis galinhando o tempo todo no filme, ao contrário do galante romântico dos anteriores que por mais garotas que pegasse sempre era comportado. O sexo está bem implícito e o clima por mais country que seja, tem um ar de anos 60 sujo. "Live a Little, Love a Little" consolida essa tendência, e é de longe um dos filmes mais adultos de Elvis, onde ele xinga, transa com a sua parceira (fato que não acontecia antes) e onde o filme inteiro Elvis exala um ar maduro e adulto, nunca visto em sua carreira. Era a atmosfera do especial de 1968 pairando no ar. Fora que Elvis estava mais bonitão e mais em forma do que nunca. Porém, o potencial do filme é destruído por um roteiro fraco e extremamente bizarro e surreal, com passagens bem confusas. Mas o forte do filme é sua trilha sonora. Apenas 4 canções foram incluídas e todas de nível muito bom. É o único filme de Elvis da década de 60 que possui uma trilha 100%. "Wonderful World" é a mais fraquinha delas, porém não deixa nada a desejar. Uma espécie de prima pobre de "What a Wonderful World", essa canção clama por uma observação mais acurada de nossa parte, para chegarmos à conclusão de que vivemos em um mundo maravilhoso. Com uma bonita letra e uma melodia extremamente desenvolta, a canção é beneficiada de vocais inspirados de Elvis que no ano de 68 parecia transformar em ouro tudo que tocava. Porém, "What a Wonderful World" era inocente demais para sua época, os amargos e violentos anos 60, e talvez por esse motivo tenha caído no esquecimento. O take aqui apresentado é muito similar ao original. Um curioso momento do CD.

11. THIS IS MY HEAVEN (take 4) - Parece que o encontro de Elvis com os Beatles em 27 de agosto de 1965 não lhe gerou muita fonte de inspiração. Do contrário ele não teria entrado no set de filmagem dois dias depois para afundar sua carreira em níveis assombrosos ao atuar no PÉÉÉÉSSIMO "Paradise Hawaiian Style". Enfatizei o "péssimo", pois além do filme ser muito ruim, me recuso a acreditar que algum ser humano que se preze neste planeta se digne a ouvir esse material e o ache pelo menos atrativo. Com exceção de "Sand Castles", a trilha é pura música trash, uma atrás da outra. Ao contrário de outras trilhas que possuem duas ou três músicas interessantes, esse disco é um desperdício total e definitivamente Elvis nunca esteve tão longe da Sun Records como aqui. O revolucionário da década de 50 que 10 anos antes cantava propostas sensuais de sexo rápido como "Baby Let´s Play House", agora era obrigado a cantar sobre uma vendedora de mamão! Acima do peso, totalmente no piloto automático e contando com um dos roteiros mais capengas e chulos de todos os tempos, lá se foi o antes rei do rock gravar músicas sobre cachorros e criancinhas que querem namorar em "Datin". Muitos críticos costumam dizer que fora "Sand Castles", "This is My Heaven" é a outra música boa da trilha. Discordo totalmente, essa pseudo-balada possui um ritmo insuportavelmente arrastado que não chega a um clímax, é um meio termo entre música havaiana e pop absurdo. O take aqui apresentado é igualmente ruim. Para ser esquecida e reesquecida!!!

12. SPINOUT (take 2) - "Spinout" é uma música interessante. Não pelas suas qualidades, que não são muitas, mas por ser a típica música mediana de Elvis. Sabe aquelas músicas que você acaba de escutar e não se lembra dela, nem do ritmo, nem da letra? Mas ao mesmo tempo também não diz que ela é ruim? Pois é. "Spinout" é assim. Impossível de ser criticada ferozmente, mas também completamente impossibilitada de ser elogiada. Música tema do maior fracasso de Elvis no cinema, a canção tem um ritmo até interessante, porém, que não se desenvolve. A letra é até razoável, porém, também não é lá essas coisas. Foi erroneamente lançada como lado A (!) do único single que representou a trilha, mesmo o filme possuindo excelentes canções como a bombástica "I´ll Be Back" ou a linda "Am I Ready". A posição nas paradas? Adivinhem! Dou um disco original de "Paradise Hawaiian Style" para quem acertar! Claro foi também mediana, mal atingindo o top 40, na......quadragésima posição!!!

13. ALL THAT I AM (take 2) - A trilha de "Spinout" (Minhas Três Noivas) é surpreendentemente livre de músicas ruins. Bom, ou quase. A terrível "Beach Shack" está aí para nos provar o contrário. Mas, a maioria das outras canções é acima da média da época. "All that I Am" é uma baladinha com um estilo meio bossa nova bem interessante. Não figura entre as melhores de Elvis, mas com certeza cai bem em uma ouvidinha esporádica. Possui uma ótima introdução de violão e um ritmo bem agradável. Curiosidade: foi a primeira música de Elvis a contar com o apoio de um violino. Cortesia de Felton Jarvis, que estreava como produtor de Elvis. Foi um grande sucesso na Europa e na Inglaterra onde foi lançada como lado A, sabiamente. Nos EUA a canção ficou com a mixuruca 41ª posição e ainda teve o desprestígio de ser o lado B de "Spinout". Vale a pena ser descoberta.

14. WE´LL BE TOGETHER (take 10) - Explorar a carreira de Elvis em Hollywood vai trazê-lo várias alegrias. Porém, muitas tristezas também. E, algumas coisas inusitadas. Por exemplo, essa simples canção, com Elvis cantando um versinho em espanhol. A música é ok. Não incomoda muito e tem uma melodia bem graciosa, além de um simpático solo de bandolim. Porém, é só. Com um arranjo muito meloso e completamente descaracterizado da maioria das músicas de Elvis, porém não das que ele estava gravando na época, a canção não chega a empolgar e soa meio brega por vezes. É originária do fraquíssimo "Girls! Girls! Girls!" Esse take acaba com Elvis dizendo com a sua característica voz de palhaço: “quase!” Realmente, a versão apresentada aqui é muito boa. Ainda vou além, esse poderia muito bem se o master. Passará despercebida na primeira ouvida.

15. FRANKIE AND JOHNNY (take 1) - Se existe um ano que merece ficar no esquecimento na carreira de Elvis esse é o ano de 1965. Para comprovar esse fato, basta lembrar que "Paradise Hawaiian Style" e "Harum Scarum" são ambas desse período. Elvis, nesse ano, atingiu o auge de sua hibernação musical, não gravando nada além de trilha bobonas. Enquanto isso, a mini saia, a Guerra do Vietnã e a consolidação da invasão britânica aconteciam. Sem mencionar a revolução nas letras das músicas causada por um sujeito chamado Bob Dylan. Mas Elvis permanecia cego perante todas essas mudanças que ocorriam. "Não enfrentar os problemas e fingir que eles não existem" - esse era o lema de Elvis. É desse ano também o filme Frankie And Johhny (Entre a Loira e a Ruiva). Superior ao seu antecessor e ao seu sucessor, o filme não é lá essas coisas, mas passas longe de ser um dos piores. A trilha sonora é bem peculiar com a maioria das músicas usando arranjos dos anos 1920, seguindo a ambientação da película. Agora imaginem vocês, em meados de 1966, quando foi lançado, com a revolução cultural batendo na porta, o quão ridículo e ultrapassado a trilha desse filme deve ter sido considerada. O resultado se fez nas paradas, onde ela alcançou ainda a honrosa 20ª posição, a pior de um álbum de Elvis na década. A trilha em si, apesar de conter momentos péssimos, como a horrenda "Chesay" ou a mortificante "Look Out Brodway", não é das piores. Na verdade algumas músicas se sobressaem como o excepcional blues "Hard Luck", a absurdamente bela "Begginer´s Luck" e a inocente e animada "Shout it Out". A música título é boa e conta a história do filme em menos de 3 minutos. A história é aparentemente inspirada em um fato real ocorrido em 1899 no Missouri. Bem ritmada e com excelente letra, "Frankie And Johnny" não faz feio. Porém, ela é vítima de suas próprias origens. Sendo uma música antiga e com uma melodia bastante próxima às músicas de cabaret, a canção pareceu datada mesmo à sua época de lançamento, com um incomodo trombone como introdução. Na verdade a música é toda orquestrada. A RCA não pensou assim e a lançou como single alcançando a razoável 25ª posição. O take aqui apresentado é o primeiro e tem algumas diferenças em relação ao master. A voz de Elvis ainda está insegura durante toda a música e quase some na parte final, devido a problemas técnicos.

16. I NEED SOMEBODY TO LEAN ON (take 8) - Todos nós sabemos como Elvis era bom de baladas. Basta nos lembrarmos de seu vozeirão em clássicos absolutos como "My Way" ou "Bridge Over Troubled Water". Porém, Elvis também conseguia cantar outro tipo de balada. Aquele tipo bem calmo, quase sussurrando. "Are you Lonosome Tonight" é o maior exemplo. Pois bem, para a trilha do ótimo "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade) Elvis exercitou novamente seu dom de baladeiro com essa canção lindíssima. Simples, com uma suave guitarra e um piano melancólico, a música consegue puxar tanto para o blues como para o jazz, sendo única na carreira de Elvis. Calmamente cantando, quase sussurrando a triste letra, Elvis poucas vezes soou mais sincero. Cortesia dos ótimos Doc Pomus e Mort Shuman que nesse filme contribuíram com suas duas últimas grandes canções, sendo a outra a louca e ultra clássica "Viva Las Vegas". "I Need Somebody to Lean On" é uma senhora balada e uma que poucos conseguiriam cantar. O master original possuía uma pequena diferença de equalização que fazia a voz de Elvis soar como se estivesse distante do microfone. Esse take apresentado corrige o problema. Sentimos cada suspiro de Elvis o que faz com que a música se torne ainda mais linda. Tão bom quanto o master, esse take é ótimo e a música uma das melhores do CD.

17. THE MEANEST GIRL IN TOWN (take 9) - Na carreira de Elvis existem algumas categorias de músicas curiosas. Por exemplo, existem aquelas músicas que possuem letra capenga e ritmo artificial, ou seja, são ruins de doer. Porém, mesmo assim, Elvis entrega uma performance tão incrivelmente inspirada que toda a ruindade da canção fica disfarçada. Como exemplo, citemos a horrorosa "If I´m a Fool" ou a fraquinha "Padre". Em outros casos, a canção é boa, porém, a banda ou Elvis simplesmente não estava inspirada e o resultado é uma canção com potencial, cujo resultado final fica além do esperado. É o caso de "Raised On Rock" e dessa canção do filme "Girl Happy" (Louco Por Garotas). Com um ótimo ritmo agitado e dançante e uma letra legal, "The Meanest Girl in Town" é estragada pela banda que, com exceção do ótimo solo de sax do sempre perfeito Boots Randolph, está no piloto automático. A guitarra está muito fraquinha, a bateria inexistente e o resto da instrumentação está tão apagada da gravação que difícil analisá-los. E a performance de Elvis é triste e desempolgada, além de sua voz não estar nem 50% do seu normal. Falta aquele feeling na música, aquela pegada. Esse take é melhor que o master, por possuir um solo mais inspirado de sax. A banda parece aparecer um pouco mais. Mas nada que se destaque. Uma ótima canção que foi desperdiçada, sem dúvida.

18. NIGHT LIFE (take 3) - "Viva Las Vegas" (Amor à Toda Velocidade) não é só o melhor filme de Elvis da década de 60. É também o mais alegre, descompromissado e melhor dirigido. Some a isso uma co-estrela da altura de Ann Margret, um tórrido caso de romance fora das telas e você terá um filme deliciosamente divertido. E para completar a trilha ainda é a melhor da década também. Claro que algumas porcarias como "Do The Vega" foram escritas para o filme, mas felizmente não foram lançadas e pouco são lembradas quando se fala em "Viva Las Vegas". Com clássicos absolutos como a música título e "What I´d Say", baladas de alto nível ("Today Tomorrow and Forever" e "I Need Somebody To Lean On"), rocks agitados e alegres ("C´mon Everybody" e "If You Think I Don´t Need You"), a trilha é realmente excelente. Porém, nem tudo que foi produzido foi aproveitado. "Night Life" foi uma das músicas descartadas. Uma espécie de alter ego de classe baixa de "Viva Las Vegas" (as letras são muito parecidas), "Night Life" possúi uma ótima letra e uma melodia bem suja, cortesia do irregular trio Giant, Baum e Kaye que aqui entregam um trabalho de bom nível, porém que não conseguiu acompanhar o patamar da trilha. Nesse take Elvis claramente erra a letra e ao fim é possível ouvi-lo falando com o produtor sobre isso. Uma canção boa, porém, que fica perdida em meio a trabalhos superiores.

19. PUPPET ON A STRING (take 7) - Essa bela e delicada balada é odiada por alguns fãs. O motivo disso não sei, pois a acho linda e extremamente bem cantada por Elvis, que impõe aquela doçura na voz necessária para não deixar a música piegas. Com um ritmo que lembra uma canção infantil "Puppet On a String" é uma música classicamente romântica, mas tem algo diferente nela. E o que, sempre me perguntei. Ao assistir ao filme entendi. Sem querer Elvis meio que incorporou o personagem Russel ao cantá-la. Explico-me. No filme, Russel é um bom vivant, mulherengo e um solteiro convicto, sempre atrás de um rabo de saia. Quando conhece a personagem de Shelley Fabares, uma menina boazinha, mas com um corpo e rosto deslumbrante, apesar de sua pouca idade, Russel fica enlouquecido e completamente apaixonado, exatamente por Valerie, personagem de Shelley, ser diferente de todas as mulheres com quem ele se relacionava, maduras, sexies e maliciosas. Quem é homem entende o nosso apego a essas menininhas inocentes e frágeis que aparecem em nossas vidas. Isso acontece com o personagem de Elvis (você nunca pensou que leria uma análise psicológica de um personagem de um filme de Elvis na década de 60, não é mesmo?). E o momento em que ele canta a música para Valerie, é exatamente quando ele está mais vulnerável e fragilizado. O que nos leva o assunto da música, que fala de um sujeito idêntico ao do personagem de Elvis no filme, surpreendentemente apaixonado por uma garota e totalmente entregue a ela, porém de uma forma até pueril. Dessa vez os escritores da Hill & Range, Sid Tepper e Roy C. Bennet, acertaram em cheio e produziram um número em total consonância com o filme, mas que não perde nada ao ser executada fora dele. O público da época a acolheu bem, quando lançada como single, alcançando o 14º lugar. Porém, ela foi logo depois esquecida por Elvis e pelo grande público. Uma pena. Nesse take, Elvis ainda está bem inseguro na canção, fugindo ligeiramente do tempo. Um típico alternate take.

20. HEY LITTLE GIRL (take 1 e 2) - Sempre gostei bastante das músicas de Joy Byers. Com uma leveza inocente e um ritmo, em sua maioria alucinante, suas músicas podiam ser animados rocks como a excelente "C'mon Everybody" ou "Hard Knocks", passando por tenras baladas como "Please Don't Stop Lovin' Me". Além disso, ele é responsável por uma das melhores e menos aproveitadas músicas da carreira de Elvis, a maliciosa "Let Yourself Go". Raríssimas músicas desse autor são verdadeiramente ruins. Nessa categoria, na verdade só me recordo do lixo tóxico, chamado "Hey Hey Hey". Joy deve ter tomado um ácido muito ruim ou coisa parecida para escrever tamanha porcaria. Mas a maior parte do seu trabalho é bom. Existem, contudo, duas músicas razoáveis, que não incomodam, mas também não fazem história: a insossa "She's a Machine" e esta de "Harum Scarum", "Hey Little Girl". Aliás, diga-se de passagem que a 'única música decente da trilha desse “filme” é de Joy, a evocativa "So Close Yet So Far", onde Elvis tem uma interpretação primorosa. O resto da trilha é horrível. "Hey Little Girl" possui ótimo ritmo, uma das características das músicas de Joy, porém tem uma letra fraquíssima, que se não incomoda, deixando a desejar. Possui rima artificial e um solo de guitarra que envergonharia até o guitarrista do Roberto Carlos. Porém, a introdução de piano tem uma pegada legal e o vocal de Elvis no master está bom. Esses dois takes são bem diferentes do original, devido a entonação de Elvis. Prefiro a usada no master mais forte e vigorosa, dando alguma vida a essa música um pouco apagada, mas que passa longe de ser das piores.

21. EDGE OF REALITY (take 6) - Apesar de ter começado de forma similar a outros anteriores, com Elvis enfrentando problemas em conseguir material de qualidade e encarando uma decaída nunca antes vista em sua carreira em termos de popularidade, 1968 teve um Q a mais. Começando pela vida pessoal de Elvis que foi fortemente alterada, de uma forma positiva, pelo nascimento de sua filha. Marido e agora pai, Elvis estava no auge de sua beleza e forma física aos 33 anos. As costeletas estavam de volta e a organização Elvis Presley finalmente começou a entender que os anos 60 haviam chegado ao fim e que era inevitável fugir deles. O reflexo disso se deu nos próprios filmes, que se não melhoraram a qualidade, pelo menos, passaram a sofrer influências psicodélicas da época. "Change of Habit" (Ele e as Três Noviças) é o maior exemplo. As últimas trilhas melhoraram o nível. E os próprios compositores que antes só escreviam bobagens começaram a se adaptar aos novos tempos. É o caso do trio Giant, Baum e Kaye que foram autores de algumas das piores músicas do século passado. Porém, no fim dos anos 60, a qualidade de seu trabalho foi lançada a níveis extraordinários, como mostra essa canção aqui apresentada do filme "Live a Little Love a Little". "Edge of Reality" é uma música complexa que fala da loucura de um amor arrebatador. Com uma letra não literal, um ritmo denso e inusitado, uma orquestra afinadíssima e Elvis no auge dos vocais, a música se destaca não só na filmografia de Elvis, como também na sua própria carreira, constituindo-se um excelente exemplo de evolução musical com toques nítidos do psicodelismo. Esse take aqui apresentado é quase a cópia do original, o que não diminui a ótima experiência de ouvi-la. Nota dez.

22. BABY I DON'T CARE (take 6) - Única música dos anos 50 presente no CD, "Baby I Don´t Care" é um clássico absoluto do rock dos anos 50, cortesia dos igualmente bons Leiber e Stoller. Gravada em 1957, quando Elvis estava botando fogo na hipócrita América, para o filme "Jailhouse Rock" (O Prisioneiro do Rock) outro clássico absoluto, essa canção foi ofuscada pelo sucesso de da música título. Criminosamente não foi lançada como single, talvez por falta de tempo e abundância de material de qualidade. Possui ótimo ritmo e uma letra bem alegre. O destaque vai para o baixo, tocado pelo próprio Elvis, pela única vez em sua carreira!!! O que ocorreu foi que na sessão de gravação, Bill Black, não acostumado com o baixo elétrico, não estava conseguindo fazer a introdução. Irritado Bill jogou o baixo no chão e se retirou. Elvis, surpreendentemente, em vez de se irritar, apanhou o baixo e o tocou durante a canção inteira. Portanto, o baixo que você escuta no original é de Elvis! Por causa disso, Elvis teve que colocar sua voz posteriormente, na gravação de estúdio. O take apresentado aqui é o do master, porém, só a voz de Elvis, sem o acompanhamento musical. Uma maneira curiosa de encerrar o CD, com uma grande canção.

Recomendo esse CD para todos os amantes de Elvis em Hollywood e para aqueles que querem conhecer algumas gemas ocasionais de sua discografia e algumas podreiras bem desnecessárias. Mas, Elvis em Hollywood é assim, uma montanha russa com curvas que lhe fazem ter vontade de vomitar e outras que lhe dão uma injeção de adrenalina.

Pablo Aluísio e Victor Alves.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Tickle Me (1965)

Junho de 1965, "Tickle Me" (O cavaleiro romântico) é lançado nos cinemas. Esse filme de Elvis foi produzido pela pequena produtora Allied Artists, que estava à beira da falência. O Coronel determinou que o filme teria uma produção modesta e por isso não poupou economias, chegando a utilizar o próprio ônibus de Elvis em algumas cenas e dispensando a gravação de uma trilha sonora própria. Todas as músicas foram pinçadas de outros discos de Elvis e que já havia sido lançadas antes: "(It's a) Long Lonely Highway", "It Feels So Right", "(Such An) Easy Question", "Dirty Dirty Feeling", "Put the Blame on Me", "I'm Yours", "Night Rider", "I Feel That I've Known You Forever" e "Slowly But Surely".

Além disso o filme foi rodado em uma semana, Elvis usou suas próprias roupas dispensando figurinos caros, os caras da máfia de Memphis fizeram a figuração e a equipe técnica se reduziu ao menor número possível de pessoas. Tudo para economizar no orçamento. Mesmo com a produção precária e a falta de recursos, Tickle Me conseguiu uma proeza inacreditável, se tornando o oitavo filme de maior bilheteria da carreira de Elvis! Ninguém entendeu nada. Como isso aconteceu? Como o mais B de todos os filmes de Elvis alcançou tamanha popularidade, deixando para trás até mesmo clássicos de Elvis como "King Creole"? Isso aconteceu principalmente pela estratégia de lançamento da Allied Artists e do Coronel Parker. Ao invés de lançar o filme no circuito comercial das grandes cidades, o Coronel resolveu apostar nas cidades do interior dos EUA e cinemas Drive In espalhados pelas pequenas cidadezinhas. Assim "Tickle-me" acabou ficando em cartaz durante muito tempo nesses locais, o que resultou numa ótima bilheteria final. Às vezes ele ficava mais de seis meses em cartaz nos cinemas de minúsculas cidades perdidas no meio do deserto, por exemplo. Ou Então era repassado inúmeras vezes em Drive Ins de beira de estrada. Nesse esquema o filme acabou ficando em cartaz durante mais de dois anos! E foi assim que a Allied escapou da falência, o Coronel recuperou seu dinheiro fácil, e Elvis ficou em exposição quase permanente em inúmeros cinemas poeira país afora. No final todos ficaram contentes e o Coronel demonstrou mais uma vez como ganhar muito dinheiro sem gastar um tostão furado!

I Feel That I've Know You Forever (Doc Pomus / Alan Jefreys ) - Canção do disco "Pot Luck With Elvis". Mais uma composição de Pomus, aqui sem a parceria de Schuman. É mais uma balada romântica que não decepciona, tendo um ótimo acompanhamento e desenvolvimento. Em 1965 ela foi relançada na trilha do filme "Tickle Me" (O Cavaleiro Romântico, 1965), o filme de Elvis que não contava com trilha própria, sendo a mesma uma coleção aleatória de canções de Elvis de períodos distintos de sua carreira.

Slowly But Surely (Weisman/Wayne) - Música que foi gravada em maio de 1963 em Nashville. Esta sessão de gravação foi reunida anos depois no CD "The Lost Album" que reuniu pela primeira vez estas canções que foram dispersadas ao longo da carreira de Elvis em vários discos e singles. Em 1963 esta música fez parte da trilha sonora do filme "Fun In Acapulco" (O seresteiro de Acapulco, no Brasil) como Bonus Song. Mas isso não impediu o coronel Parker de novamente utilizá-la na cara de pau em "Tickle Me". Tudo com o objetivo de economizar o máximo possível, coisas de Tom Parker...

Night Rider (Doc Pomus / Mort Schuman) - Outra que foi retirada do disco "Pot Luck With Elvis". É talvez o momento mais fraco do LP em questão, nada acrescenta na carreira de Elvis mas também não chega a aborrecer. No final das contas é apenas uma música mediana.

Put Blame On Me (Wise / Twoney / Blagman) - Canção retirada do disco "Something For Everybody" de 1961. A música é ótima, mas está fora de contexto. "Tickle Me", filme dirigido por Norman Taurog, sem sombra de dúvida é um dos piores filmes de Elvis nos anos sessenta, em que não se teve nem ao menos a preocupação de se gravar um trilha sonora. Lamentável. Todas as músicas de sua trilha já tinham sido lançadas antes. Houve sem dúvida má fé do Coronel que em sua filosofia de vender a mesma coisa duas vezes exagerou dessa vez. A canção, por sua vez, possui sem dúvida, enorme qualidade.

Dirty, Dirty Feeling (J.Leiber / M.Stoller) - Sempre que se cita Leiber e Stoller deve-se deixar claro que eles foram os mais importantes compositores da carreira de Elvis Presley. Aqui eles comparecem na trilha sonora com uma canção menor, que na realidade foi lançada inicialmente no ótimo disco "Elvis Is Back!" em 1960. Tem bom ritmo e desenvolvimento, mas não é uma das melhores de sua carreira. Fica na média.

It Feels So Right (Fred Wise / Ben Weisman) - Boa canção que acompanha o alto nível artístico do disco "Elvis Is Back!", onde foi originalmente lançada. Esta também foi ainda aproveitada e lançada depois num single em 1965 como Lado B do single "Easy Question", esta do estiloso disco "Pot Luck". A discografia de Elvis nos anos sessenta apresenta estas "curiosidades históricas" que ninguém sabe ao certo como explicar! O single foi na realidade lançado para promover o filme fake "Tickle-Me".

Easy Question (Otis Blackwell / Winfield Scott) - Composição de Otis Blackwell, autor de "Don't be Cruel" e "All Shook Up". Ela foi gravada no dia 18 de março de 1962 em Nashville. Em Junho de 1965 "Easy Question" foi relançada como single junto com "It Feels so Right" no Lado B. Outra que foi reutilizada em "Tickle Me".

I'm Yours (Don Robetson / Hal Blair) - Don Robertson foi o melhor compositor romântico da carreira de Elvis nos anos 60. Aqui fica registrada uma vocalização bem ao gosto do cantor, sendo o estilo bem próximo do Gospel. Esta canção foi também relançada como single em 1965 junto com "(It's A) Long, Lonely Highway", esta última gravada em Nashville em 1963 e que chegou a ser lançada também como bonus song na trilha sonora do filme "Kissin Cousins" (com caipira não se brinca, 1964).

(It's A) Long, Lonely Highway (Pomus / Schuman) - Como já escrito antes, essa música já havia sido utilizada (ou seria desperdiçada?) como bonus song na trilha sonora do filme "Com caipira não se brinca" (Kissin Cousins, 1964). Uma bela faixa, sem dúvida, que não poderia ter sido jogada de um lado para o outro dentro da discografia de Elvis, deveria isso sim ter sido parte do disco originalmente planejado em 1963 pela RCA e que foi arquivado (o hoje famoso "The Lost Album"). Ao invés disso essas ótimas canções foram totalmente jogadas fora, inclusive em relação a esse filme. Assistir a Tickle me nos leva ao seguinte questionamento: Por que Elvis Presley, um dos grandes talentos musicais da história, passou pelo vexame de atuar em filmes tão ruins como esse? Essa sem dúvida é uma pergunta que não quer calar...

Elvis Presley - Tickle Me (1965): Músicas do disco Elvis Is Back!: Elvis Presley (voz, violão e guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Hank Garland (baixo elétrico) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / Charlie Hodge (vocais) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Elvis Presley, Steve Sholes e Chet Atkins / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 20 e 21 de março e 3 e 4 de abril de 1960. Músicas do disco Pot Luck!: Elvis Presley (voz e violão) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Scotty Moore (guitarra) / Harold Bladley (guitarra) / Grady Martin (guitarra) / Hank Garland (guitarra) / Neal Matthews (guitarra) / Jerry Kennedy (guitarra) / Bob Moore (baixo) / D.J Fontana (bateria) / Buddy Harmon (bateria) / Floyd Cramer (piano e orgão) / Boots Randolph (sax) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Steve Sholes e Elvis Presley / Gravado no RCA's Studios B / Data de Gravação: 25 e 26 de junho de 1961 e 18 e 19 de março de 1962 Slowly But Surely e It's Long Lonely Highway: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Harold Bradley (guitarra) / Grady Martin (guitarra) / Jerry Kennedy (guitarra) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Produzido por Steve Sholes e Chet Atkins / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 26 a 28 de maio de 1963 e 12 de janeiro de 1964. EP Tickle Me: Data de lançamento: junho de 1965 / Melhor posição nas charts: #70 (USA) e # - (UK).

Pablo Aluísio - Julho de 2005.

Elvis, Tickle Me e o Monstro do Pântano!

O Coronel Parker nunca perdeu dinheiro na sua vida. O velho farejava dinheiro a distância. Então quando os donos da quase falida Allied Artists o procuraram em 1965 para Elvis fazer um filme na produtora o Coronel enxergou verdinhas no horizonte. Como a Allied estava vulnerável o Coronel viu que podia avançar na jugular dela e aceitou a oferta, tomando o controle total da produção desse filme. O Coronel já tinha se tocado que se Elvis gravava um disco em dois dias podia muito bem fazer um filme em uma semana. Então ele ficou com a responsabilidade de produzir o filme, investiu dinheiro do próprio bolso mas também negociou um contrato atípico que traria muito dinheiro para ele e Elvis.

O Coronel e Elvis abririam mão do cachê e ficariam com 70 % do total das bilheterias. Como a Allied não tinha condições financeiras mesmo de contratar Elvis, aceitaram o acordo. No fundo mal compreenderam eles no que estavam se metendo, pois não sabiam, mas tinham acabado de vender a alma ao diabo, ou melhor, ao Coronel Parker. Fazer o filme era fácil, nem precisava gravar uma trilha, essa era uma bronca safada para o Coronel. Ele tiraria de letra.

O filme desde o começo foi feito visando atender a demanda de um tipo especifico de público. O público dos cafundós do Judas, do fim do mundo, das mais esquecidas cidades do interior do Estados Unidos. Lá mesmo onde o vento faz a curva e onde o Judas perdeu as botas. O Coronel era um homem rodado, ele sabia que os Red Necks tinham dinheiro para gastar, mas não tinham acesso a muitos tipos de diversão. Era esse público endinheirado, mas matuto, que o Coronel queria pegar. Ele conhecia bem esse tipo de gente, desde os tempos do circo quando ele percorreu a maioria dessas cidades fantasmas esquecidas por Deus.

Parker não dava ponto sem nó e foi assim que Tickle Me foi feito. Outro público que o Coronel queria atingir era os frequentadores de Drive Ins. Os jovens de hoje não sabem direito o que eram esses cinemas para carros. Nos anos 50 e 60 eles eram os verdadeiros motéis da moçada. Era o lugar para levar a namorada e dar uns amassos nela, assistindo às obras primas trash do período. Os filmes que passavam nesses locais eram fitinhas de terror baratas e bastardas, feitas no tapa tentando levantar uma graninha extra. Eram filmes com monstros, tipo aquele do pântano, mas tinham também os atômicos, os vampiros banguelas, as múmias com sérias restrições orçamentárias e claro, o mitológico monster trash nipônico Godzilla, enfim o diabo de ruindade, classe Z mesmo.

Como sou fã de trash lamento não ter vivido nesse tempo. Certamente teria me divertido muito e de quebra teria tirado umas casquinhas com as minas de meias soquete. Tenho que admitir que sou meio mau caráter mesmo, fazer o quê? Tenho que aceitar minha natureza cafajeste, mas enfim, voltemos ao pântano. Ninguém ia a um Drive In para assistir um filme, o negócio era dar uns pegas nas minas menos bidus. (essa gíria da época é hilária) Então o Coronel viu que o filme tinha que Ter um caubói (para os caipirões se identificarem) e umas cenas fuleiras de terror (pois era nesses momentos que as meninas se assustavam e os caras aproveitavam para consolá-las, sacou?). Então em Tickle Me não poderia faltar esses tipos de coisas. O Coronel Barriga estava mais do que certo.

Parker economizou em tudo e gastou meros 45 mil dólares para fazer o filme. Esse dinheiro hoje não dá nem para pagar um técnico de terceira para um filme de segunda. Mas Parker não queria nem saber, ele queria era ganhar dinheiro. E então Tickle Me começou sua carreira, lá mesmo, nos cafundós do Judas. O filme foi um sucesso da caipirolândia. E os Drive Ins agradeceram, até mesmo porque era mais fácil para um cara da época convencer a namorada para ir em um desses bueiros quando passava um filme de Elvis do que quando passava "Os surfistas nazistas", "O Monstro do foguete atômico" ou "Godzilla arrasa Tóquio".

Sacou a lógica de Parker? Em pouco tempo o filme já tinha feito mais de 3.3 milhões de dólares nas bilheterias e grande parte desse dinheiro foi direto para o bolso de Elvis e do Coronel. Foi um dos filmes de maior sucesso de Elvis e o Coronel encheu a pança de dólares. Esse Coronel era pior do que o Monstro do Pântano mesmo!!! Ahh, antes que me esqueça, a Allied sobreviveu à falência, mas nunca mais quis conversa com Tom Parker, hehehehe!

Pablo Aluísio e Erick Steve - Julho de 2005.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Elvis For Everyone (1965)

Nos anos 60 Elvis Presley tentou conciliar uma carreira de ator no cinema com seu lado musical. Nesta fase muitas foram as trilhas sonoras de seus filmes. Mas foi justamente neste período que foi lançado um dos mais curiosos discos de sua carreira, uma colcha de retalhos sonora inventada pelos produtores e executivos da RCA Victor. O LP foi chamado de "Elvis for Everyone". Para compor o disco a RCA Victor vasculhou seus arquivos atrás de gravações perdidas de Elvis. E sem dúvida acharam muita coisa relevante e importante, inclusive duas canções de Elvis da época da Sun Records. Pode-se inclusive afirmar que este disco foi uma salvação para muitas músicas de Elvis que poderiam muito bem se perder nos porões empoeirados de sua gravadora, mas que felizmente foram resgatadas do esquecimento bem a tempo.

Parte das músicas foram retiradas das sessões que foram realizadas para a composição de um disco de Elvis que jamais foi lançado. Ao longo dos anos esse disco acabou sendo batizado de "The Lost Album", o disco perdido de Elvis. Curioso mesmo é acompanhar como todas essas faixas foram sendo espalhadas em diversos discos diferentes da carreira de Elvis em épocas diversas e sem nenhum critério de classificação. Além das faixas da Sun e do The Lost Album, "Elvis for Everyone" trazia ainda algumas músicas de filmes de Elvis que não havia sido lançadas antes, canções de filmes como "Follow That Dream", "Flaming Star" e "Wild in The Country". Por fim o disco ainda contou com a coordenação do produtor Chet Atkins que tentou de alguma forma colocar a bagunça em ordem. O disco "Elvis For Everyone" foi lançado em agosto de 1965 e chegou ao top 10 da parada americana e ao oitavo lugar entre os mais vendidos na Inglaterra. Apesar de seu bom êxito nas paradas internacionais os fãs brasileiros ficaram a ver navios na época pois o disco não foi lançado no Brasil, só chegando nas lojas em 1982 como parte do pacote "Pure Gold" da RCA, que relançou vários discos da carreira de Elvis Presley. Antes tarde do que nunca

Your Cheatin Heart (Hank Williams) - Clássico da música country gravada por Elvis pouco antes de ir servir o exército americano na Alemanha. Curiosa homenagem de Elvis a Hank Williams, considerado um dos pais do country and western daquele país. Elvis inclusive deixou um pouco seu aspecto criativo de lado e resolveu seguir um arranjo mais conservador. Nunca havia sido lançada antes na carreira do Rei do Rock.

Finders Keepers, Losers Weepers - (Dory Jone / Ollie Jones) - Música que foi gravada nas sessões do The Lost Album. Este disco deveria ter sido lançado, pois as músicas gravadas estão entre as melhores de Elvis nos anos 60. Entre as gravações do The Lost Album estão: "Devil in Disguise", "Please Don't Drag That String Around", "Long Lonely Highway" e a própria "Memphis, Tennessee". Isso sem dúvida demonstra como foram produtivas essas sessões.

In My Way - (F. Wise / B. Weisman) - Essa canção é do filme "Wild In The Country" (coração rebelde, no Brasil). O filme foi uma tentativa de Elvis em melhorar seus papéis no cinema. Como o roteiro do filme foi por demais intimista, as músicas acabaram indo pelo mesmo caminho. Aqui Elvis duela solitariamente com um violão, sem acompanhamento nenhum. A voz de Elvis está especialmente bela nessa canção, que é muito curta, com pouco mais de 1 minuto e 20 segundos. A canção é triste e serena. Ponto positivo para a voz de Elvis, que aqui se destaca.

Tomorrow Night (S. Coslow / W. Gross) - A história dessa canção é bem interessante. Elvis a gravou na Sun Records e foi arquivada. Quase dez anos depois Chet Atkins resolveu fazer um arranjo totalmente novo sobre o antigo acompanhamento dos Blue Moon Boys. As participações de Scotty Moore e Bill Black foram colocadas em segundo plano, só preservando mesmo o vocal original de Elvis. Depois Atkins resolveu chamar um grupo de músicos e praticamente regravou um novo arranjo. Sem dúvida o resultado ficou muito bom mas não agradou muito aos fãs mais puristas que sempre preferiram a versão original, que foi lançada finalmente em CD na coleção "The King of Rock'n'Roll". Vale pela curiosidade de conhecer uma versão alternativa que só foi lançada nesse disco.

Memphis, Tennessee (Chuck Berry) - Faixa retirada das sessões do "The Lost Album". Muito bem arranjada e executada por Elvis e banda. Sem dúvida essa canção não poderia passar em branco na sua carreira, não só por sua importância na história do Rock como também pelo fato de ter o nome de sua querida cidade. Elvis e Chet Atkins deram um tratamento de luxo e à altura desse clássico moderno de Chuck Berry. Aliás Elvis sempre se deu muito bem com músicas compostas por Chuck Berry. Essa não foge à regra, sendo um grande momento da carreira de Elvis e que deve ser conhecido por todos.

For The Milionth and The Last Time (R. Bennett / S. Tepper) - Um dos momentos mais agradáveis do disco que, apesar do arranjo tradicional e sem novidades, prende a atenção do ouvinte e o envolve no belo balanço. Curiosamente essa canção quase foi completamente esquecida pelos produtores de Elvis, apesar de sua indiscutível qualidade. Felizmente o LP "Elvis for Everyone" a salvou do esquecimento e a colocou abrindo o antigo lado B do disco em vinil. Boa performance de Elvis em momento quase perdido.

Summer Kisses, Winters Tears (Wise / Weisman / Loyd) - Música do filme "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960)". Essa trilha contava ainda com as seguintes canções: "Flaming Star", "Britches" e "A Cane and A Starched Collar", esta última aliás, a única cantada por Elvis no filme. Apesar das 4 músicas, a RCA preferiu não lançar um compacto duplo com as mesmas, e ao invés disso, lançou outro EP em fevereiro de 1961 chamado "Elvis by Request - Flaming Star". Apesar do nome só trazia duas canções de estrela de fogo: "Flaming Star" e "Summer Kisses, Winter Tears", sendo o lado B ocupado por dois medalhões da carreira de Elvis: "It's Now or Never" e "Are You Lonesome Tonight?". Por que a RCA não lançou a trilha completa nesse compacto? Provavelmente os executivos da gravadora não colocavam muita fé nessas canções e temiam uma má posição nas charts. Se essa foi a intenção o tiro saiu pela culatra, pois o EP não atingiu o Top 10, ficando apenas na 14ª posição. Teria sido melhor mesmo lançar a trilha sonora completa do filme, o que traria mais organização dentro da bagunçada discografia de Elvis por essa época.

Forget Me Never (F. Wise / B. Weisman) - Outra música do filme "Wild In The Country" que conta apenas com Elvis e violão. Essas músicas desse filme pouco acrescentam à carreira de Elvis. Apesar de extremamente profissional Elvis não queria que esse filme tivesse canções, pois sua intenção era apenas desenvolver seu lado de ator dramático. Quando soube que teria que gravar uma trilha para o filme Elvis ficou visivelmente desapontado. Por isso houve uma certa má vontade de sua parte, mas nada que chegue a prejudicar a música em si. Como afirmei antes, o lado profissional de Elvis nessas ocasiões falava mais alto. Mesmo contrariado ele tentaria dar o melhor de si. O que não ajudou mesmo foi o próprio material à sua disposição, que era apenas razoável. No final é apenas um momento mediano e esquecível do disco.

Sound Advice (Giant / Baum / Kaye) - Elvis e violão. Essa é uma canção que fez parte da trilha sonora de "Follow That Dream" (Em cada sonho um amor, no Brasil). Curiosamente ela jamais havia sido lançada antes, nem mesmo no EP da trilha do filme. Essa é apenas outra faixa de filmes de Elvis que fizeram parte desse disco, como por exemplo: "Santa Lucia" (de Viva Las Vegas), "In My Way" e "Forget Me Never" (de Wild In The Country) e "Summer Kisses, Winter Tears" (de Flaming Star).

Santa Lucia (arranjado por Elvis Presley) - Música italiana arranjada por Elvis para o filme "Viva Las Vegas", que curiosamente foi lançado na Inglaterra com o título de "Love in Las Vegas". O compacto duplo com quatro canções deste filme foi lançado em maio de 1964 e contava com as seguintes músicas: "If You Think I Don't Need You", "I Need Somebody To Lean On", "C'Mon Everybody" e "Today, Tomorrow and Forever". Mais uma fusão entre Elvis Presley e música da antiga bota, que mostra mais uma vez a admiração do cantor pelos trovadores da velha guarda, como seu ídolo de infância Mario Lanza.

I Meet Her Today (Don Robertson / H. Blair) - Linda música. Bem gravada, com ótimo vocal de apoio e melodia extremamente bem escrita. Don Robertson acerta em cheio nesse momento ímpar de Elvis. Se tivesse sido lançada nos anos 50 teria se tornado um dos maiores clássicos do repertório do Rei. Porém, infelizmente, foi outra canção de Elvis que não foi bem aproveitada por seus agentes. Daria um excelente single na época, mas foi totalmente colocada de lado, de forma extremamente injusta aliás. Deve ser conhecida e redescoberta pela nova geração de fãs, pois é um dos momentos mais belos do lado romântico de Elvis Presley. Nota Dez com louvores! Excelente momento em todos os aspectos. Vale o disco inteiro, sem dúvida.

When It Rains, It Really Pours (W.R. Emerson) - Para lançar o material desse LP, o produtor Chet Atkins revirou os arquivos empoeirados da gravadora RCA Victor em busca de material inédito de Elvis. Uma das maiores preciosidades encontradas por ele foi essa canção gravada ainda na época da Sun Records. Registrada em uma sessão obscura em agosto ou outubro de 1955, contando apenas com os Blue Moon Boys (Elvis, Scotty e Bill) e o baterista Johnny Bernero, a canção foi completamente esquecida por quase dez anos, ficando arquivada nos porões da gravadora RCA em Nova Iorque! É um Blues visceral, que mostra o total entrosamento de Elvis e banda. Aqui Elvis dá uma canja como pianista e mostra como sua voz era poderosa e adaptável a qualquer estilo musical. Sem dúvida é um precioso registro de Elvis aos 20 anos. Apesar da pouca idade o Rei do Rock já mostrava toda a potencialidade de seu poderio vocal. Essa primeira versão da Sun Records não foi considerada apta para o mercado pelos produtores da RCA. A master original havia se perdido e tudo o que sobrava era apenas um take, o de número 3. Essa primeira versão só seria lançada no mercado em 1983 no disco "Elvis, a Legendary Performer vol.04". Mas Chet Atkins não ficaria de mãos vazias, pois ele lançaria nesse disco a outra versão mais recente, gravada em fevereiro de 1957. Apesar de ter sido gravada na RCA Victor, também estava esquecida e abandonada. Outra música imperdível e essencial que fecha o disco com chave de ouro.

Elvis Presley - Elvis For Everyone (1965): Sun Records: Elvis Presley (voz, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Jimmie Lott (bateria) / Johnny Bernero (bateria) / Produção: Sam Phillips / Arranjado por Sam Philips, Scotty Moore e Elvis Presley / Gravado no estúdio Sun Records, Avenida Union, 706, Memphis, Tennessee / Data de Gravação: agosto ou outubro de 1955. When It Rains, It Really Pours, versão de 1957: Elvis Presley (voz e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Dudley Brooks (piano) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Steve Sholes e Elvis Presley / Gravado no Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 23 e 24 de fevereiro de 1957. The Lost Album: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Harold Bradley (guitarra) / Grady Martin (guitarra) / Jerry Kennedy (guitarra) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Produzido por Steve Sholes e Chet Atkins / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 26 a 28 de maio de 1963 e 12 de janeiro de 1964. For The Milionth and The Last Time - I Meet Her Today : Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Jerry Kennedy (guitarra) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Produzido por Chet Atkins e Elvis Presley / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 15 e 16 de outubro de 1961. Santa Lucia: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Billy Strange (guitarra) / D.J Fontana (bateria) / Artie Cane (piano) / Calvin Jackson (piano) / Ray Siegel (baixo) / The Jordanaires (vocais) / Carole Lombard Quartet (vocais) / Produzido por Chet Atkins e George Stoll / Arranjado por Chet Atkins, Elvis Presley e George Stoll / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 07 e 09 de julho de 1963 Forget Me Never - In My Way: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (violão) / Hilmer J. "Tiny" Timbrell (guitarra) / Michael "Meyer" Rubin (baixo) / D.J Fontana (bateria) / Dudley Brooks (piano / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Urban Thielmann / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de gravação: 7 e 8 de novembro de 1960 Sound Advice: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (violão) / Bob Moore (baixo) / Neal Matthews (guitarra) / Hank Garland (guitarra) / Murrey "Buddy" Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Produzido por Hans Salter / Gravado no RCA Studio B, Nashville, Tennessee / Data da gravação: 2 de julho de 1962 Summer Kisses, Winter Tears: Elvis Presley (vocal) / Howard Roberts (guitarra) / Hilmer J. "Tiny" Timbrell (guitarra) / Michael "Meyer" Rubin (baixo) / Bernie Mattinson (bateria) / James Haskell (acordeon) / Dudley Brooks (piano) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Urban Thielmann / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de gravação: 8 de agosto de 1960. / Lançado em agosto de 1965 / Melhor posição nas charts: #10 (EUA) e #8 (UK)

Pablo Aluísio - Dezembro de 2004 / Abril de 2005.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Girl Happy (1965)

1964. Em fevereiro deste ano os Beatles aportavam nos USA, mudando para sempre a música e instaurando a maior revolução musical desde 1956, revolução esta que daria origem, junto com uma série de outros fatores, à psicodelia e à revolução sexual e social que os USA iriam vivenciar anos mais tarde: a famosa era de aquário. 64 também foi o ano em que o número de soldados americanos no Vietnã aumentou consideravelmente. Protestos e lutas raciais encabeçadas por Martin Luther King começavam a levar a nação a verdadeiros espasmos sociais. A década de 60 efetivamente chegava para fazer barulho e sacudir o American Way of Life. E Elvis? Bom, 64 para Elvis foi, de um modo geral, só mais um ano de trabalho. E um não muito bom. 
Ele continuou fazendo três filmes por ano de qualidade duvidosa e a lançar trilhas, em sua maioria medíocres. Se bem que discos como Rostabout, se comparados com trilhas de 65 e 66 são verdadeiros clássicos. Ou seja, a coisa iria piorar. E muito. Também foi o ano em que Elvis entrou em um longo cochilo musical, do qual daria sinais de querer acordar em 66 e 67, mas que só viria a efetivamente fazê-lo nos estúdios da NBC em junho de 68. Foi o 1º ano em que ele não emplacou nenhum top 10. Foi o ano em que ele conseguiu seu último disco em 1º lugar na década. Foi o ano em que o maior número de singles foi lançado, nenhum com grande repercussão.. Foi o ano do início de suas buscas espirituais, que o fizeram se afastar de sua música e de suas origens. Mas também foi o ano de um dos mais divertidos filmes de Elvis: Girl Happy.

O roteiro é decente, a trilha razoável. Elvis conta com uma de suas melhores e favoritas Lead Ladies: Shelley Fabares (que viria a atuar com ele em mais dois filmes). Possui diálogos e situações engraçadas e é um retrato da América do início da década de 60, ainda inocente. Além disso, Elvis está bonitão e com um figurino impecável. Possui algumas falhas tipo Elvis tocando violão em Do The Clam e dele saindo um som de guitarra elétrica ou o fato de Elvis tentar, em uma cena, pegar bronze de camisa de manga longa e sapato e calça social! Mas a gente perdoa. O roteiro é simples. Elvis é Rusty Wells, líder de uma banda que se apresenta em um hotel chique que pertence a um poderoso mafioso e vê suas férias em Fort Lauderdale frustadas quando este lhe pede para ficar mais algumas semanas. Para resolver o problema Elvis junta o útil ao agradável e descobre que o mafioso está preocupado com sua filha Val, interpretada por Shelley Fabares, que vai ficar em um hotel com suas amigas em..... Fort Lauderdale. Então Rusty se oferece para tomar conta de sua filha, sem Val saber. É claro que tomar conta de um avião como Fabares vai dar mais trabalho do que se imaginava. Biquínis, mulheres bonitas, uma trilha dançante, um trio de apoio engraçadíssimo e paisagens belíssimas fazem de Girl Happy um prazer sem culpas. Tudo o que você tem que fazer é desligar o cérebro e sentir a " Spring Fever". A trilha de Girl Happy é razoável, não possuindo nenhuma porcaria como Barefoot Ballad, mas também nenhum clássico como Return to Sender. Tem a vantagem de conter pouquíssimas baladas e ser bem para cima. Apesar disso, Elvis soa como se estivesse entediado e as sessões de gravação, feitas em junho de 64, foram no mínimo frustrantes. Ele só voltaria a gravar alguma coisa em fevereiro de 65. Eis as músicas:

Girl Happy (Pomus / Meade) - O filme abre com essa música que passa longe de ser classificada entre as melhores de Elvis, mas que possui um excelente ritmo. E por falar em ritmo, o curioso é que, não estranhe se a voz de Elvis parecer muito aguda, pois a velocidade da música foi aumentada para 8% mais rápida de seu original, fato único em sua carreira. A letra é bem interessante, podendo ser comparada com "Eu gosto é de mulher" do nosso Ultraje a Rigor. Uma das poucas músicas de Doc Pomus que Elvis gravou sem a parceria de Mort Shuman. É inevitável se deixar contagiar por sua intensa alegria.

Spring Fever (Giant / Baum / Kaye) - Outro caso em que ritmo dá de dez na letra. Elvis a canta em uma cena dentro de um carro, quando está indo em direção a Fort Lauderdale. A canção é executada em dueto com seus membros de banda no filme. Animadinha, mas com uma letra boba.

Fort Lauderdale Chamber of Commerce (Tepper / Bennett)- Definitivamente a pior música do filme, com um ritmo que enche o saco e uma letra no mínimo estúpida e sem sentido, essa música entra fácil para a lista das piores de Elvis. No filme Elvis a canta para convencer Val a ir ver o show de sua banda. Com uma música dessa, entendemos por que ela recusou.

Startin' Tonight * (Rosenblat / Milrose) - Outra música leve e divertida da trilha. Este filme de Elvis seguiu uma linha que tinha como maior ícone na época o dublê de ator Frankie Avalon e sua famosa turma da praia. Colocar Elvis para imitar Frankie Avalon realmente é um absurdo sem tamanho. Isso demonstra como os produtores de Hollywood estavam equivocados em relação a Elvis, que não era Frankie, que sempre foi considerado um cantor sem consistência ou profundidade musical, além de ator vazio dos esquecíveis filmes de verão dos anos 60. Elvis era muito mais do que isso e talvez por essa razão sua carreira não tenha dado bons frutos em Hollywood, pois sem dúvida sempre foi subestimado, participando de projetos aquém de seu verdadeiro potencial. Em resumo: desperdício de talento mesmo!

Wolf Call (Giant / Baum / Kaye) - Novamente bom ritmo só que aqui com PÉSSIMA letra, aliada a um vocal horrível de um dos membros dos Jordanaires. No filme misture tudo isso a um membro da platéia imitando um lobo e você terá um show de mau gosto. Só se salva mesmo a presença no palco da belíssima Mary Ann Mobley, que também "atuou" com Elvis em Harum Scarum.

Cross My Heart And Hope Die (Wayne / Weisman) - Elvis canta essa música para uma garota.... em uma floresta! A música em si não é das piores e o ritmo conta com um ótimo baixo, cortesia de Bob Moore, que dá um tom meio jazz à música. A letra é toda Elvis se desculpando, de uma forma bem legal, temos que dizer, por ter pisado na bola com uma garota. Interessante é o verso que diz: " Eu não tenho que prestar muita atenção para perceber o que eu tenho no meu próprio quintal." Bem sugestivo, mas também criativo, uma ótima metáfora. Essa é uma daquelas músicas que você deve escutar para relaxar.

The Meanest Girl In Town (J. Byers) - Uma das melhores da trilha, essa música não foi feita originalmente para o filme e é de autoria do produtor da Columbia Records, Bob Johnston, que escreveu ótimos rocks para as trilhas de Elvis como C´mon Everybody, Hard Knocks, Let Yourself Go, entre outras, sob o nome de sua esposa Joy Byers. Esse rock agitado conta com um excelente solo de sax de Boots Randolph e um bom trabalho de guitarra. Adoro essa música por seu ritmo acelerado. Elvis cantando essa música em 68 com aquele vozeirão rouco iria ficar perfeito. A letra fala daquele tipo de garota que é a dor de cabeça de todo homem: bonita, esperta, que sabe jogar, mas que no fim só quer te usar. Quem não teve uma dessa? Pena que em seus shows na década seguinte Elvis não desse chance a verdadeiras pérolas como essa em seu repertório de shows.

Do Not Disturb (Giant / Baum / Kaye) - É impressionante como Elvis levou 36 takes para gravar essa música... e não conseguiu um master adequado, abandonando frustrado a sessão de gravação. Aqui nota-se que mesmo recebendo material de qualidade inferior Elvis continuava levando seu trabalho a sério. Na sessão tem uma hora que o engenheiro de som diz "OK", como se o resultado fosse satisfatório e Elvis diz: "Eu não gosto de OK". Antes ele tomasse as rédeas assim na escolha do material.

Puppet On A String (Tepper / Bennet) - Uma das músicas lançadas em single, essa belíssima e tenra balada ocupou o 14º lugar na Billboard em 1965, fazendo sucesso na época, mas logo caindo no esquecimento. Uma pena, pois é uma das melhores músicas de Elvis no período e a cena em que Elvis a canta para Val no filme é sutil, mas sincera. Com uma melodia bonita e uma letra simples, "Puppet on a String" tem versos como: "Tudo que você tem que fazer é tocar minha mão e o seu desejo é uma ordem. Aí eu me torno uma marionete de cordas e você pode fazer o quiser comigo. Se você realmente me ama, querida seja boa comigo. Eu te ofereço o amor mais verdadeiro que você encontrará." Muito linda.

Do The Clam (Wayne / Weisman / Fuller) - Lançada como single, alcançou 21º lugar nos USA e 19º lugar na Inglaterra. Para acompanhar essa música o coreógrafo David Winter, que já havia trabalhado em "Viva Las Vegas", criou uma dança chamada "The Clam". Isso se deve ao fato de na época danças como "The Twist", "The Bird", "The Mashed Potato", serem criadas a rodo e fazerem muito sucesso. A dança nunca pegou. A letra dessa música às vezes é taxada como péssima, o que não é verdade quando se percebe que o Clam (marisco) a que ela se refere é a dança e não mariscos propriamente dito. Bem animadinha e com um solo de sax bem legal, por incrível que pareça é um dos pontos altos da trilha.

I've Got To Find My Baby (J. Byers) - Essa música foi brutalmente editada, por motivos incertos, o que a fez ter a duração de pouco mais de 1 minuto e meio. O master completo não foi encontrado e por incompetência do pessoal da RCA é possível que nunca escutemos a versão completa dessa música, também escrita por "Joy Byers", sendo um excelente momento da trilha. Esse rock, ao estilo de The Meanest Girl in Town, conta também com um solo de Boots Randolph, que aliás é o músico destaque nessa trilha.. Lançado em Abril de 1965 o filme "Girl Happy" (Louco por Garotas, no Brasil) ficou em 25º lugar entre os mais assistidos do ano e a trilha foi mais um Top Ten para Elvis alcançando 8º lugar tanto nos USA quanto na Inglaterra, além de ter tido a curiosidade de ser o único filme de Elvis a ter duas músicas lançadas em dois singles diferentes e ser livre de músicas ruins (com exceção de "Fort Lauderdale Chamber of Commerce"). Em suma: Por essa época os filmes e trilhas, apesar de em termos de qualidade estarem em ritmo decrescente, ainda faziam sucesso, mas sinais de desgaste já começavam de leve a aparecer na carreira de Elvis Presley.

Ficha Técnica: Vocais: Elvis Presley / Guitarra: Scotty Moore / Guitarra: Hilmer J. "Tiny" Timbrell / Guitarra: Tommy Tedesco / Baixo: Bob Moore / Bateria: Murrey "Buddy" Harman / Bateria:D.J. Fontana / Bateria: Frank Carlson / Piano: Floyd Cramer / Saxophone: Homer "Boots" Randolph / Backup Vocals: The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / Backup Vocals: The Jubilee Four (Bill Johnson, George McFadden, Jimmy Adams e Ted Brooks) em Do the Clam e Wolf Call / Backup Vocals: The Carol Lombard Trio (Carol Lombard, Gwen Johnson, Jackie Ward e B.J. Baker) em Do the Clam / Produzido por George Stoll / Gravado no Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 10 a 12 e 15 de junho de 1964 / Data de Lançamento: Março de 1965 / Melhor posição nas charts: # 8 (EUA) e # 8 (UK)

Texto Escrito por Victor Alves, exceto * de autoria de Pablo Aluísio. Abril de 2005.

Louco Por Garotas

Mais um musical típico de Elvis Presley nos anos 60. Aqui ele banca a "vela" de uma garota filha de um chefão de Chicago (interpretada pela bela e simpática Shelley Fabares, que inclusiva faria outros filmes ao lado do cantor). O roteiro tem cenas engraçadas mas no geral "Louco Por Garotas" é tipicamente um "filme de verão", ou seja, muita praia, muito biquíni e todo mundo em férias em algum local turístico (curiosamente não escolheram o Havaí e nem Acapulco aqui mas sim Fort Lauderdale, um point de verão para universitários americanos em férias). Elvis canta as canções da trilha sonora sem muito esforço, dá uns amassos em alguns brotos e se envolve em confusões com o chefão da máfia de Chicago, mas claro tudo muito suave e sem stress, como convinha aos seus filmes dessa época. A verdade é que depois do sucesso de fitas como "Feitiço Havaiano" e "O Seresteiro de Acapulco", Elvis Presley se viu preso a esse tipo de produção.

Os filmes davam ótima bilheteria, tinham produção barata e as trilhas sonoras vendiam horrores. Dentro dessa fórmula imposta por Hollywood Elvis Presley foi ficando cada vez mais rico, com cachês milionários mas pessoalmente se sentia frustrado por ter que fazer praticamente o mesmo filme ano após ano. De qualquer forma "Girl Happy" tem seus atrativos. As músicas que Elvis canta no filme são divertidas, agradáveis e animadas (deram uma folga nas baladas românticas aqui). O humor também é bem bolado, com diversas situações que envolvem o personagem de Elvis (numa delas o Rei do Rock acaba se travestindo de mulher, fato único na sua carreira no cinema!). Shelley Fabares, a estrelinha ao lado de Elvis, era uma moça simpática, bonita e elegante que ajudava muito no resultado final do filme. Para o público masculino o filme também traz farto material de garotas em todas as cenas e de todos os tipos. Enfim, "Louco Por Garotas" vale a sessão. Não é dos melhores momentos de Elvis no cinema mas diverte de forma descompromissada.

Louco Por Garotas (Girl Happy, EUA,1965) Direção: Boris Sagal / Roteiro: Harvey Bullock, R.S. Allen / Elenco: Elvis Presley, Shelley Fabares, Harold J. Stone / Sinopse: Cantor garotão é enviado a uma estação de verão para tomar conta da filha de um chefão da máfia de Chicago. Musical de verão estrelado pelo cantor Elvis Presley.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Viva Las Vegas (1964)

 "Viva Las Vegas" é o filme de Elvis em que tudo deu certo, desde a trilha sonora que é maravilhosa, da escolha de elenco que contou com a ótima Ann Margret, ao diretor George Sidney que deu um show de direção. Além disso foi um prato cheio para os jornais da época por tudo que rolou durante as filmagens, com o namoro de Elvis e Margret, indo muito além das telas de cinema. O rei do rock ficou perdidamente apaixonado pela atriz, bem debaixo do nariz de Priscilla. O clima de paixão passou para o filme, tudo é feito, encenado e coreografado com o maior bom gosto. Elvis estava em seus melhores dias. A atriz sueca Ann-Margret era chamada pela imprensa americana como "Elvis de saias". Realmente foi a melhor parceira de Elvis em toda a sua carreira cinematográfica. O clima entre os dois esquentou ao ponto de Margret falar em um jornal de Los Angeles que sua cama cor de rosa foi um presente de Elvis. Os membros da máfia de Memphis também afirmam que, pela primeira vez em sua vida, o rei do rock confessou a eles estar realmente apaixonado por um mulher. Além disso Elvis passava longas temporadas com ela em sua casa em Beverly Hills. Isto sim foi uma paixão avassaladora. O filme foi filmado, claro, em Las Vegas, tendo como pano de fundo a corrida anual de Nevada. Claro que Elvis faria o papel de um piloto tentando a sorte na capital do jogo e do pecado. Para muitos esse é disparado o melhor trabalho de Elvis no cinema nos anos 60. Até os mais ferozes críticos se renderam ao seu charme. Estas são as canções do filme "Amor a toda velocidade":

VIVA LAS VEGAS (Pomus / Schuman) - Uma das últimas composições da dupla Pomus / Schuman, pois em pouco tempo eles iriam se separar definitivamente. Um tema muito bom, que tenta capturar o clima da cidade, com seus cassinos, hotéis e casas de show luxuosos. Bem executada com ótimo arranjo. O filme teve vários títulos provisórios, que iam mudando conforme as filmagens avançavam, eis alguns: "The Only Game in Town", "The Lady Loves me", "The Magic Touch" e finalmente "Mr, will you Marry Me?". Então, após ouvir toda a trilha sonora, o diretor George Sidney resolveu mudar de forma definitiva o nome do filme para "Viva Las Vegas" por causa da canção.

IF YOU THINK I DON'T NEED YOU (West / Cooper) - Composição do amigo de Elvis, Red West. Aparece numa cena divertida em que Elvis tenta atrapalhar os avanços do conde italiano Elmo Marcini, interpretado pelo bom ator Cesare Danova, sobre a personagem de Ann-Margret A música é usada para quebrar o clima romântico entre ambos. Em pouco tempo de filmagem estourou nos jornais a notícia que Elvis e Margret estavam tendo um caso amoroso. Priscila Presley então resolveu enfrentar a situação e confrontou o cantor, que saiu com esta resposta: "Não tenho nada com Ann-Margret, ela é um típica starlet de hollywood, só preocupada com sua carreira". Sonso o rapaz.

I NEED SOMEBODY TO LEAN ON (Pomus / Schuman) - Outra romântica do filme. O diretor George Sidney já havia trabalhado antes com Ann-Margret em "Bye, Bye, Birdie". Este filme é uma sátira ao próprio Elvis, pois retrata os sonhos de uma adolescente fã de um ídolo da música. Além deste, George Sidney dirigiu grandes filmes como "O barco das ilusões", "Pepe" e "melodia imortal". Sobre George Sidney, Elvis afirmaria anos depois: "Ele estava perdidamente apaixonado por Ann-Margret, o que o levou a direcionar o filme para ela, a privilegiando em todas as tomadas".

YOU'RE THE BOSS (Leiber / Stoller) - Elvis reencontra Leiber e Stoller. Aqui temos um dueto entre Elvis e Ann-Margret. A música infelizmente foi arquivada, ficando anos fora de catálogo, sendo disputado e caçada pelos colecionadores. O fato desta trilha sonora nunca ter sido junta em um LP acabou deixando muitas destas canções perdidas no limbo musical. Um fato interessante sobre as gravações deste disco: Elvis, pela primeira vez em sua carreira gravou as canções sobre um playback anteriormente gravado por sua banda. Esse sistema de gravação foi utilizado justamente nos duetos entre Elvis e Ann-Margret. O fato de ficar sozinho em estúdio, sem a presença de seus músicos, desagradou profundamente o cantor, que reprovou esta forma de gravação.

WHAT'D I SAY (Ray Charles) - Clássico de Ray Charles, gravada por um grande número de artistas ao longo da história. Aqui Elvis contou não somente com sua banda, mas também por um grupo de apoio da MGM, contando inclusive com uma segunda turma de vocalização, os grupos The Jubilee Four e Carole Lombard Quartet. Este primeiro inclusive teve direito a apresentar uma canção solo no filme, chamada "The Climb". Ann-Margret também apresentou duas canções solos: "Appreciation" e "The Rival".

DO THE VEGA (Giant / Baum / Kaye) - Canção que foi arquivada na época de sua gravação. Só foi lançada em CD através da série "Double Features". Um aspecto curioso sobre "Viva Las Vegas": James Burton sustenta até os dias de hoje que participou destas sessões, mas o guitarrista Scotty Moore contesta e afirma que ele nunca participou das gravações desta trilha sonora. Ficou aí a dúvida, sendo colocados em dois lados opostos as palavras dos dois guitarristas oficiais da carreira de Elvis.

C'MON EVERYBODY (J. Byers) - Sem sombra de dúvida uma das melhores canções da carreira de Elvis. A cena em que ele dança com Ann-Margret no ginásio da universidade de Nevada é insuperável. A banda de Elvis está super afinada, tudo resultando em um ótimo momento artístico. Elvis era um grande dançarino que precisava de uma partner à altura, sendo que ele a encontra aqui. A coreografia apresentada é bem diferente da que ele usava nos anos 50, o que demonstra sua versatilidade.

THE LADY LOVES ME (Tepper / Bennett) - Deliciosa parceria entre Elvis e Ann-Margret, que cantava otimamente bem. Como sempre a cena do filme é deliciosa. Seria o tema principal do filme, mas acontece que não houve um acordo satisfatório com os empresários de Ann-Margret para o lançamento desta canção em disco. Assim surgiu um problema incrível, pois a RCA não pôde lançar a trilha sonora em um LP, pois não haveria canções suficientes depois de retirar aquelas em que a atriz sueca fazia dueto com Elvis. E assim acabou acontecendo, o projeto do LP foi arquivado definitivamente. Desta forma as músicas acabaram sendo lançadas em um EP (compacto duplo) chamado "Viva Las Vegas" com 4 canções, e em um single com "What'd I Say / Viva Las Vegas" que chegou às lojas em abril de 1964 nos Estados Unidos. Isto causou uma grande insatisfação entre os fãs de Elvis, pois todos esperavam o lançamento de um LP, com todas as canções juntas, o que efetivamente não ocorreu.

NIGHT LIFE (Giant / Baum / Kaye) - Este trio de compositores era contratado pela Metro para escrever canções para seus filmes. Às vezes eles acertavam, mas em outras ocasiões eles erravam a mão feio, como na trilha sonora de "Kissin Cousins" (com caipira não se brinca, 1964). Esta trilha é considerada uma das piores de Elvis e curiosamente é intercalada por dois bons momentos do cantor, que são "Roustabout" e "Viva Las Vegas".

TODAY, TOMORROW AND FOREVER (Giant / Baum / Kaye) - Adaptação do clássico "sonho de amor" de Liszt. Foram gravadas duas versões, uma solo e uma em dueto com Ann-Margret. Em uma palavra: linda. O arranjo piano, violão, coro e orquestra é fabuloso. Um dos melhores momentos de Elvis na música romântica. Em 2002 se comemorou os 25 anos da morte de Elvis, a RCA - BMG para celebrar e lembrar a data lançou uma coleção com mais de cem versões inéditas com o nome de "Today, tomorrow and Forever". O carro chefe foi justamente a versão nunca lançada em que Elvis dividiu o microfone com Margret. Momento raro.

THE YELLOW ROSE OF TEXAS / THE EYES OF TEXAS (Wise / Starr / Lance Sinclair) - Medley que reúne duas canções populares do Estado americano do Texas. E o que isto tem a ver com "Viva Las Vegas", já que Vegas fica em Nevada? Acontece o seguinte: logo após Elvis conhecer a personagem de Ann Margret em uma oficina mecânica ele passa a procurá-la em cassinos e shows de Las Vegas, pensando seriamente que ela é uma dançarina. Bem, em um destes lugares Elvis se depara com um bando de texanos bêbados. A única forma de controlar a turma é cantando um canção do Estado da rose amarela. Assim Elvis coloca os rapazes para fora do estabelecimento chamando todos a acompanhá-lo neste hino alternativo do Texas. Mas não encontra Ann-Margret, pois ela na verdade não é dançarina e sim professora de natação para crianças, para surpresa de todos.

SANTA LUCIA (arranjado por Elvis Presley) - Música italiana arranjada por Elvis. "Viva Las Vegas" foi lançado na Inglaterra com o título de "Love in Las Vegas". O compacto duplo com quatro canções deste filme foi lançado em maio de 1964 e contava com as seguintes músicas: IF YOU THINK I DON'T NEED YOU / I NEED SOMEBODY TO LEAN ON / C'MON EVERYBODY / TODAY, TOMORROW AND FOREVER.

Ficha Técnica: Elvis Presley (vocal) / Ann-Margret (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Billy Strange (guitarra) / Alton Hendrickson (guitarra) / James Burton (guitarra) / D.J Fontana (bateria) / Buddy Harmon (bateria) / Frank Carlson (bateria / Roy Hart (percussão) / Floyd Cramer (piano) / Artie Cane (piano) / Calvin Jackson (piano) / Oliver Mitchel (trumpete) / James Zito (trumpete) / Randall Miller (trombone) / Herb Taylor (trombone) / Ray Siegel (baixo) / Bob Moore (baixo) / Boots Randolph (Sax) / William Green (Sax) / Steve Douglas (Sax) / The Jordanaires (vocais) / The Jubilee Four (vocais) / Carole Lombard Quartet (vocais) / Direção musical de George Stoll / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 09 a 12 de julho de 1963 e 30 de agosto de 1963 / Data de lançamento: abril de 1964 / Melhor posição nas charts: #3 (EUA) e #2 (UK).

Texto escrito por PABLO ALUÍSIO - abril e maio de 2002 / revisado e atualizado em novembro de 2002.

Elvis Presley - Roustabout (1964)

Empolgado por Viva Las Vegas o público correu às lojas para comprar a nova trilha sonora de Elvis, Roustabout. Em pouco tempo o disco conseguiu chegar ao primeiro lugar nas paradas, um feito e tanto, que só se repetiria quase dez anos depois com Aloha From Hawaii. Esse dado aliás deixam perplexos muitos que estudam a biografia de Elvis Presley. Como um dos cantores mais populares do mundo conseguiu ficar praticamente uma década sem conseguir chegar ao primeiro lugar na parada de álbuns dos Estados Unidos? Não existe apenas uma resposta a essa pergunta mas muitas. O fato de Elvis só gravar trilhas sonoras nos anos 60 abalou sua credibilidade como artista. Claro que muitos desses discos conseguiram obter êxito comercial, porém ao mesmo tempo em que vendiam bem iam minando o legado musical de Elvis. 
 
Quando voltou do exército no começo dos anos 60 Elvis estava no auge da popularidade e tinha literalmente muito filme para queimar, como se dizia na gíria da época, pois qualquer coisa que lançasse seria sucesso com certeza. Porém a má qualidade do material apresentado foi gradativamente queimando seu filme, cansando o público e seus fãs e a queda das vendas foi um passo natural. Outro problema foi a concorrência feroz que Elvis enfrentaria a partir desse ano. Os Beatles chegariam triunfantes aos Estados Unidos, causando uma verdadeira revolução musical sem precedentes. Além deles Elvis teria cada vez mais de dividir a atenção do público com outros grupos e cantores em um dos períodos mais ricos da música de todos os tempos.

Roustabout passa longe da ruindade de Kissin Cousins, lançado nesse mesmo ano, mas também não consegue chegar ao nível de qualidade de Viva Las Vegas. Fica no meio termo. Sendo bem otimista podemos até mesmo considerar essa uma de suas melhores trilhas sonoras no período. Claro que ela não foge à regra das demais trilhas de Elvis nos anos 60, claro que há músicas bobinhas e tal, mas neste caso elas estão em menor número, felizmente. Todas as dez músicas do filme podem ser consideradas boas, algumas até mesmo são de excelente qualidade. O filme em si também é bem interessante para os fãs do cantor pois ver Elvis em um casaco de couro negro, andando por aí de moto e interpretando um "Easy Rider" é sempre um prazer sem culpas. O próprio Elvis aliás deve ter gostado muito de fazer esse papel de "Brando Soft". Obviamente se você tem mais de trinta anos certamente o assistiu alguma vez na TV, principalmente porque ele se tornou um dos maiores clássicos "Sessão da Tarde" da carreira de Elvis ao lado de "Feitiço Havaiano" (esse campeão absoluto na categoria). Algumas canções dessa trilha merecem destaque:

Roustabout (Giant / Baum / Kaye) - Canção título do filme. Essa é na realidade a versão "B", pois a primeira versão tema foi rejeitada por Hal Wallis que considerou sua letra ofensiva. Essa versão "A" chamada de "I'm Roustabout" só foi lançada em 2003 no disco "Elvis 2nd to none". Ela foi redescoberta por acaso por seu autor pegando poeira em seus arquivos. Então ele entrou em contato com Ernst Jorgensen e perguntou se ele estaria interessado em lançar uma gravação inédita de Elvis no mercado (Isso é lá pergunta que se faça?!). O produtor atual dos discos de Elvis ficou encantando com a versão descoberta e tratou logo de a colocar no CD. O resultado todos conhecem: primeiro lugar nos EUA e Inglaterra e milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. Pois é, mais vale um Elvis empoeirado do que milhares de artistas atuais tinindo de novo.

Little Egypt (Leiber / Stoller) - Esta canção acabou se tornando uma dor de cabeça para os produtores do filme. Tudo porque uma bailarina chamada "Little Egypt" resolveu processar todo mundo, afirmando que seu nome havia sido utilizado sem permissão no filme. E para completar ela pedia 3 milhões de dólares de indenização. Os advogados da Paramount conseguiram provar no tribunal que o filme se baseava em uma outra bailarina que usava o mesmo nome artístico, chamada Catherine Devine, que fez carreira em 1893 nos EUA. No fundo quem estava imitando e usando o nome de forma inadequada era a dançarina que processou o estúdio.

Big Love Big Heartache (Fuller / Morris / Hendrix) - Uma das melhores músicas do disco, com ótima vocalização de Elvis, além de um arranjo primoroso. Ela seria lançada em single para tentar repetir o sucesso estrondoso de "Can't Help Falling in Love", mas como o LP vendeu muito bem e alcançou rapidamente o topo nos EUA (em pleno auge da Beatlemania) os produtores se contentaram com as vendas e cancelaram o lançamento do single. Momento de alto nível da trilha e do filme, pois a cena em que Elvis a canta foi muito bem fotografada.

There's a Brand New Day on the Horizon (J. Byers) - Eu particularmente gosto muito dessa música porque ela é antes de tudo uma canção alto astral que traz uma mensagem positiva (afinal de contas todos nós precisamos de um pouco disso, principalmente nos dias atuais). Ela fecha a seqüência final do filme. Um dado curioso: Além de "I'm Roustabout", duas outras gravações dessas sessões estão desaparecidas há anos: "I Never Had It So Good" e uma outra versão de "Poison Ivy League" com letra mudada. Em recente entrevista Ernst Jorgensen afirmou que não perdeu as esperanças de achá-las, vamos torcer para que algum dia ele consiga atingir esse objetivo. Milhões de fãs de Elvis ao redor do mundo torcem por ele.

Roustabout (1964)
01. Roustabout
02. Little Egypt
03. Poison Ivy League
04. Hard Knocks
05. It´s a Wonderfull World
06. Big Love, Big Heartache
07. One Track Heart
08. It´s Carnival Time
09. Carny Town
10. There´s a Brand New Day On The Horizon
11. Wheels On My Heels

Elvis Presley - Roustabout (1964): Elvis Presley (vocais) / Scotty Moore (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Billy Strange (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Buddy Harmon (bateria) / DJ Fontana (bateria) / Hal Blaine (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (Sax) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Joseph Lilley / Engenheiro de som: Dave Weichman / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data da gravação: 02 e 03 de março de 1964 / Data de lançamento: outubro de 1964 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #12 (UK).

Pablo Aluísio - março de 2004 / agosto de 2009.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Kissin Cousins (1964)

Kissin Cousins sempre foi considerado um dos piores filmes estrelados por Elvis e representou como poucos tudo o que estava errado com a carreira do cantor no cinema. Produção fraca, direção inexistente e roteiro absurdo, Kissin Cousins, só serviu para demonstrar que os filmes de Elvis estavam indo por um caminho totalmente equivocado. O Filme foi produzido por Sam Katzman conhecido em Hollywood como o "Rei dos Rápidos", por causa de suas fitas filmadas rapidamente e lançadas às pressas, visando única e exclusivamente ganhar alguns trocados nas bilheterias. O Coronel havia entrado em contato com esse produtor ao saber que ele fazia filmes com orçamentos mínimos e sem grandes custos. 
Com isso a possibilidade de aumentar os lucros era bem mais promissor, ou seja, tudo o que o Tom Parker sempre quis almejar na carreira de seu artista: ganhar muito gastando pouco, ou quase nada. Claro que o resultado dessa equação só poderia resultar em desastre completo. Para piorar a situação Elvis fez dois papéis, usando uma peruca loira em um dos personagens, situação completamente humilhante para quem desejava um dia ser levado à sério como ator em Hollywood. Como se não bastasse o Coronel começou ainda a fazer exigências absurdas, como por exemplo o pagamento do cachê de Elvis em dobro, já que ele se alternava em dois personagens, pretensão que foi qualificada como ridícula pela MGM. A produção, que já havia nascida equivocada e obtusa via a cada dia piorar ainda mais a situação.

A negligência e precariedade imperaram em Kissin Cousins. Numa das cenas de dança um casal caiu por cima do outro, mas o diretor não cortou a cena e a incluiu no filme para evitar os gastos com a regravação desse número. Até nos piores filmes o erro teria sido corrigido. Quando chegou aos cinemas a crítica americana não deixou por menos e malhou impiedosamente Elvis, os produtores e todos os envolvidos, de forma merecida aliás. Nem a presença de Gene Nelson na equipe, que sempre teve grande prestigio em Hollywood ajudou a melhorar a situação precária do filme. A trilha sonora foi gravada em duas ocasiões diferentes, a primeira em setembro de 1963 em Nashville nos estúdios da RCA sob o comando do produtor Fred Karger e a segunda em Hollywood um mês depois sob a direção musical do próprio Gene Nelson. Apesar do uso de dois produtores pouca coisa se salvou em termos de qualidade. O repertório era muito fraco, Hollywoodiano em demasia (Leia-se plastificado e falso) e nem mesmo nas canções country (como Barefoot Ballad) a boa música se fez presente. Mesmo com todos os problemas a RCA apostou no novo disco e o lançou sem muito alarde no mesmo mês em que o filme chegou nas salas de cinema. Para surpresa de muitos a trilha sonora de Kissin Cousins conseguiu a proeza de atingir o sexto lugar entre os mais vendidos da revista Billboard, algo absolutamente inesperado diante da mediocridade do material como um todo. Apesar de seu relativo sucesso temos que admitir nos dias de hoje que Kissin Cousins é um projeto completamente ridículo e constrangedor. Considerado por muitos o pior trabalho da carreira do ator e cantor. É um momento de Elvis que deve ser esquecido por todos.

Kissin Cousins (1964)
01. "Kissin' Cousins (Nº 2)" (Bernie Baum, Bill Giant, Florence Kaye)
02. "Smokey Mountain Boy" (L. Rosenblatt, Victor Millrose)
03. "There's Gold in the Mountains" (Bernie Baum, Bill Giant, Florence Kaye)
04. "One Boy Two Little Girls" (Bernie Baum, Bill Giant, Florence Kaye)
05. "Catchin' on Fast" (Bernie Baum, Bill Giant, Florence Kaye)
06. "Tender Feeling" (Bernie Baum, Bill Giant, Florence Kaye)
07. "Anyone (Could Fall in Love with You)" (Bennie Benjamin, Luchi de Jesus, Sol Marcus)
08. "Barefoot Ballad" (Dolores Fuller, Larry Morris)
09. "Once Is Enough" (Roy C. Bennett, Sid Tepper)
10. "Kissin' Cousins (Nº 1)" (Fred Wise, Randy Starr)
11. "Echoes of Love" (Bob Roberts, Ruth Bachelor)
12. "Long Lonely Highway" (Doc Pomus, Mort Shuman)

Ficha Técnica: Vocais: Elvis Presley / Guitarra: Scotty Moore / Guitarra: Grady Martin / Guitarra: Jerry Kennedy / Guitarra: Harold Bradley / Baixo: Bob Moore / Bateria: Murrey "Buddy" Harman / Bateria: D.J. Fontana / Piano: Floyd Cramer / Saxophone: Homer "Boots" Randolph / Saxophone: Bill Justis / Banjo: Jerry Kennedy (em Smokey Mountain Boy) / Banjo: Harold Bradley (em Barefoot Ballad) / Backup Vocals: The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / Backup Vocals: Winnifred Brest, Millie Kirkham e Dolores Edgin / Produzido por Gene Nelson e Fred Karger / Gravado no RCA Studio B, Nashville (29 e 30 de setembro de 1963) e Estúdios da MGM em Hollywood (10 de outubro de 1963) / Data de lançamento: Março de 1964 / Melhor posição nas charts: # 3 (Billboard) e #5 (UK).

Escrito por Pablo Aluísio - maio de 2004 e agosto de 2009.

Elvis Presley - Elvis Golden Records Vol. 03 (1963)

Este disco reúne os principais sucessos de Elvis Presley lançados em singles na primeira metade dos anos 60. Aqui são reunidas as principais músicas de Presley no período logo após sua saída do exército norte americano. O que se nota é uma mudança no estilo musical de Presley que substituiu o Rock'n'Roll puro dos anos 50 por um som mais Pop com arranjos glamorizados e de influências europeias, vide as italianas "It's Now or Never" e "Surrender". Apesar desta mudança de rumo o que se pode notar é que Elvis continuava a ditar e comandar os arranjos de suas músicas. Presley foi criticado por esta mudança, porém seus singles se tornaram novamente os líderes do "Hit Parade" Mundial o que de certa forma avalizou este novo rumo artístico. Este novo caminho seguido por Elvis foi consolidado com o crescente número de filmes estrelados por ele nos anos 60. De qualquer forma este LP traçou o estilo adotado por Presley durante os anos seguintes. Estas são as canções do LP "Elvis Golden Records vol.3" (LSP 2765) :

IT'S NOW OR NEVER (Schroder / Gold) - Versão em língua inglesa para a conhecida canção italiana "O Sole Mio" (que fez parte da trilha da novela "Terra Nostra"). "O Sole Mio" foi gravada por inúmeros artistas ao longo da história, sendo que em 1899 ela ganhou o festival Napolitano Piedigrota, considerado um dos mais importantes da Europa. A Primeira versão em língua inglesa foi gravada por Tony Martin em 1949 com o título de "There's no Tomorrow". Em 1960 Elvis Presley gravou sua versão que se tornou um de seus maiores sucessos alcançando o primeiro lugar em Agosto de 1960.

STUCK ON YOU (Schroder / McFarland) - Canção título do primeiro single lançado por Elvis após seu retorno aos Estados Unidos em 1960. Elvis a apresentou no especial de TV "welcome Home Elvis" apresentado por Frank Sinatra, mais conhecido como "the voice". Na ocasião Presley fez um dueto com Mr.Sinatra no medley "Witchcraft / Love Me Tender". Interessante salientar que nos anos 50 Sinatra afirmara "O Rock'n'Roll é um ritmo cantado e escutado por cretinos". Bem, Sinatra nunca foi conhecido por sua eloqüência mesmo, mas pelo talento dele a gente perdoa

FAME AND FORTUNE (Wise / Weisman) - Música que foi apresentado na TV norte americana no especial apresentado por Frank Sinatra chamado "Welcome Home Elvis" em homenagem ao retorno de Presley aos Estados Unidos depois dele servir o exército na Alemanha Ocidental. Nesta ocasião Elvis exibiu seu famoso Topete de 15 centímetros com muita brilhantina numa imagem que ficou consagrada como símbolo dos anos 50 e 60. "Fame and Fortune" foi lançada como lado B do single "Stuck on You" em 1960.

I GOTTA KNOW (Evans / Williams) - Canção que fez parte do lado B do single "Are you Lonesome Tonight?". É o que se pode chamar de "pop de Elvis dos anos 60". Foi feita uma versão por Roberto Carlos nos tempos da Jovem guarda quando a carreira do Rei da música Brasileira era voltada mais para o público jovem. Elvis Presley gravou "I Gotta Know" no dia 4 de Abril de 1960 nos estúdios B da RCA em Nashville.

SURRENDER (Pomus / Schuman) - Outra versão de uma canção italiana vencedora do Festival Napolitano de Piedigrotta no ano de 1909. "Torna a Sorriento", seu título original, foi gravada pelo cantor Mario Lanza em 1951 pela RCA. Presley era grande Fã de Lanza o que justifica a gravação desta música. Assim como aconteceu com "It's Now or Never" esta canção se tornou líder das paradas quando foi lançada em Fevereiro de 1962. Elvis aqui esbanja seu poderio vocal numa interpretação que deixaria o velho Lanza orgulhoso.

I FEEL SO BAD (Chuck Willis) - Elvis Presley em ritmo Blues. Aqui ele conta com a importante contribuição de seu saxofonista titular Boots Randolph. "Blues" é um ritmo inventado pelos escravos negros americanos nas grandes plantações de algodão do sul dos EEUU. Elvis era um garoto do Mississippi o que explica sua intimidade com este ritmo que ele ouvia no rádio desde criança.

ARE YOU LONESOME TONIGHT ? (Turk / Handman) - Outra versão de Presley para uma música do início do século XX. "Are you Lonesome Tonight ?" foi grande sucesso na era do cinema mudo com o cantor Al Jolson (Que iria estrelar o primeiro filme falado da história "O Cantor de Jazz") em 1926. Em 1959 surgiria outra versão com Jaye P. Morgan pela própria RCA. Finalmente a versão de Presley foi gravada no dia 4 de Abril de 1960 e lançada em Novembro do mesmo ano se tornando mais uma música de "the pelvis" a atingir o Primeiro lugar entre os mais vendidos.

(MARIE'S THE NAME) HIS LATEST FLAME (Pomus / Schuman) - Priscilla Presley relata em seu livro "Elvis & Eu" (Elvis and Me, Ed. Rocco, 1985) que pensou seriamente que Elvis estava envolvido com uma garota chamada "Marie" quando esta canção foi lançada. Isto reflete bem o pensamento juvenil da garota de 14 anos que se apaixonou por Presley em 1958 e que iria se casar com ele em 1967. Priscilla, que era filha de um oficial da Força Aérea, conheceu Elvis quando ele servia o exército Americano na Alemanha. Foi uma paixão avassaladora entre ambos, tanto que Elvis nunca iria se recuperar de seu divórcio em 1973 quando Priscilla o abandonou.

LITTLE SISTER (Pomus / Schuman) - Música lançada como lado B do single "His Latest Flame" em agosto de 1961. A letra é bem fraquinha, porém o ritmo é ótimo principalmente pela aula de guitarra de Scotty Moore. Elvis no filme de 1970 "That's The Way It Is" (Elvis é assim, 1970) apresenta esta música em um ensaio com sua banda, nada levado à sério mas que serve para animar o ambiente durante as gravações.

GOOD LUCK CHARM (Schroder / Gold) - Esta canção foi a última de Elvis até "Suspicious Minds" a alcançar o primeiro lugar entre os singles mais vendidos da parada americana. Isto reflete de certa forma a dificuldade no qual Elvis iria passar até 1969 quando ele voltaria de novo ao topo. Entre as causas desta "maré baixa" enfrentada por Elvis estavam a má qualidade de suas trilhas de filmes aliados à crescente concorrência da invasão britânica (Beatles e Rolling Stones).

ANYTHING THAT'S PART OF YOU (Robertson) - Uma das mais belas músicas de Don Robertson interpretadas por Presley nos anos 60. Robertson era mesmo um craque em músicas românticas, pena que esta foi de certa forma desperdiçada como Lado B do single "Good Luck Charm" em fevereiro de 1962. De certa forma este LP a coloca no lugar que merece, ou seja, entre as "gravações douradas de Elvis".

SHE'S NOT YOU (Pomus / Stoller / Leiber) - Uma rara parceria entre Leiber & Stoller e o compositor Pomus. O Resultado infelizmente não fez jus ao talento das partes envolvidas. Esta é uma canção de Presley que envelheceu o que de certa forma não aconteceu com a maioria das canções de Elvis. Ela foi lançada em Agosto de 1962 com "Just tell Her Jim Said Hello" no lado B.

Ficha Técnica: Elvis Presley (voz, violão e guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Hank Garland (baixo elétrico) / D.J.Fontana (bateria) / Buddy Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Boots Randolph (sax) / Charlie Hodge (vocais) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Steve Sholes e Chet Atkins / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Gravado no RCA's Studio B, Nashville / Data de Gravação: 20 e 21 de março e 3 e 4 de abril de 1960, 25 e 26 de junho de 1961, 15 e 16 de outubro de 1961, 18 e 19 de março de 1962 e 26 e 28 de maio de 1963 / Data de Lançamento: agosto de 1963 / Melhor posição nas charts: #3 (EUA) e #6 (UK).

Pablo Aluísio - Maio de 2000 / revisado e atualizado em novembro de 2001.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Elvis Presley - Fun In Acapulco (1963)

Trilha Sonora do filme "O Seresteiro de Acapulco" dirigido por Richard Thorpe, diretor de "Jailhouse Rock" (o prisioneiro do rock, 1957) e produzido por Hall Wallis pela Paramount Pictures. É um dos filmes mais conhecidos de Presley e um de seus grandes sucessos. Aqui Elvis interpreta um ex-trapezista, que após um acidente, vai trabalhar num Hotel na cidade mexicana de Acapulco. Elvis ainda contracena com Ursulla Andress, que estava no auge do estrelado, após o sucesso do primeiro filme de James Bond, "Dr No" (007 contra o satânico Dr.No, 1962). É mais uma comédia romântica de Elvis, no mesmo estilo de outros filmes do cantor nos anos 60. Assim Elvis é colocado em um cenário maravilhoso, com lindas garotas ao redor, tudo embalado com algumas canções escritas sob medida para o filme. 
 
O outro filme de Elvis lançado em 1963 foi "It Happened at the World's Fair" (loiras, ruivas e morenas, 1963), filme dirigido por Norman Taurog, filmado na feira mundial em Seattle. Todas as duas produções foram comédias românticas musicais de relativo sucesso de público, mas não de crítica. Todos foram impiedosamente malhados pelos jornais americanos. Realmente Elvis precisava mudar, estes filmes estavam de certa forma arruinando a carreira musical do cantor. A crítica especializada afirmava que Elvis estava se acomodando, com os milhares de dólares vindo de Hollywood, ou seja, estava deixando sua carreira musical de lado, para se dedicar inutilmente ao cinema. Estas são as canções do filme "Fun in Acapulco" (o seresteiro de Acapulco, 1963)

FUN IN ACAPULCO (Ben Weisman / Sid Wayne) - Canção título do filme. Sem nenhum exagero esta é uma das melodias mais bonitas interpretadas por Elvis. A Música não é apresentada por Presley durante o filme, só sendo apresentada nos letreiros iniciais com o cenário exuberante das praias e paisagens mexicanas ao fundo. Esta linda canção foi gravada nos estúdios Radio Recorders em Hollywood no dia 23 de janeiro de 1963.

VIÑO, DIÑERO Y AMOR (Tepper / Bennett) - Mike Windgreen (O Personagem de Elvis no filme) está trabalhando em um barco no começo do filme quando seus amigos, um bando de mexicanos com seus sombreros, chegam cantando esta música. Elvis a canta num esfumaçado bar logo após. Aqui começa a história de "O Seresteiro de Acapulco" que foi um dos filmes mais vistos do ano de 1963 nos Estados Unidos e na Europa

MEXICO (Tepper / Bennett) - Esta sempre é uma das mais lembradas do filme. Elvis ou melhor "Mike" faz um dueto com o garoto Larry Domasin no filme, porém no disco a versão só conta com Presley. Aqui Elvis a interpreta em cima de uma bicicleta com o garoto no banco. Vida difícil esta de super astro mundial que tem de cantar mais de uma dezena de canções em um filme de uma hora e meia.

EL TORO (Giant / Baum / Kaye) - Elvis canta esta música vestido com uma roupa do folclore mexicano. A letra, como não poderia deixar de ser, fala sobre as touradas e seus matadores. Aqui entra todos os instrumentos nativos do México, com o arranjo seguindo todos os clichês que os americanos imaginam dos latinos e hispânicos. Ela foi gravada no dia 22 de janeiro em Hollywood.

MARGUERITA (Don Robertson) - "Marguerita" é o nome de uma conhecida bebida mexicana e também o nome da personagem de Ursula Andress no filme, mais exatamente Margarida. Fácil chegar a conclusão que uma canção com este nome era indispensável para a trilha sonora. Ursula Andress (Margarida) era a filha do cozinheiro do Hotel e tinha que disputar o amor de "Mike" com uma mulher mais velha (Dolores Gomez) interpretada por Elsa Gardenas. Quer saber quem conquista o coração do Rei? assista ao filme...

THE BULLFIGHTER WAS A LADY (Tepper / Bennett) - Outra que trata em sua letra do mítico esporte mexicano e espanhol das Touradas. Elvis Teve algumas dificuldades na gravação desta música, pois a produção a achou insatisfatória. Então Presley e seus músicos tiveram que retornar aos estúdios para tentar fazer uma gravação melhor. A Nova versão ficou pior e a produção resolveu lançar a primeira versão mesmo.

(THERE'S) NO ROOM FOR A RHUMBA IN A SPORTS CAR (Wise / Manning) - Puxa, esta é péssima. Ela faz parte da vexatória lista "As piores músicas cantadas por Elvis Presley". A Letra é uma piada e é engraçado perceber que nem Elvis a levou à sério pois a gravação apresenta diversos erros. Sem Dúvida é muito difícil manter a qualidade de tantas canções em um filme novo lançado a cada quatro meses. A conseqüência disto tudo foi que Elvis seria uma das primeiras vítimas da "super exposição" que acaba cansando o público e esgotando o artista.

I THINK I'M GONNA LIKE IT HERE (Don Robertson / Hal Blair) - Don Robertson era um dos melhores compositores românticos de Presley. Aqui ele fez uma canção gostosa de ouvir com um ritmo bem relaxante. Elvis não deixa por menos e apresenta uma ótima interpretação. Fica claro que quando Presley contava com um bom material ele demonstrava toda a extensão de seu talento.

BOSSA NOVA BABY (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Não pense que é uma música do ritmo que imortalizou Tom Jobim, João Gilberto e Vinícius de Moraes. É uma canção pop escrita por Leiber e Stoller que já havia sido lançada em 1962 pelo grupo Tippie & The Glovers. Foi lançada em um single em outubro de 1963 com "Witchcraft" no lado B. O single foi lançado antes da trilha e chegou ao oitavo lugar nas paradas do Tio Sam. A única canção realmente "Bossa Nova" interpretada por Presley foi "Almost in Love" do compositor brasileiro Luís Bonfá, que aliás foi lançada junto com o sucesso "A Little Less Conversation" em um single no final dos anos 60.

YOU CAN'T SAY NO IN ACAPULCO (Feller / Fuller / Morris) - Elvis canta esta canção à beira da piscina no Hotel do filme onde "Mike" trabalhava. Um fato digno de nota foi a polêmica causada por um boato que envolveu o cantor durante as filmagens. Elvis nunca foi ao México sendo as suas cenas gravadas em estúdio em Hollywood. A Imprensa marrom então acusou Elvis de ser "Racista" com os mexicanos. Presley não foi ao México porque era mais barato para o estúdio usar o método de "Back Projection" em que as paisagens do México eram projetadas em uma tela atrás do astro. Sem dúvida isto acabou sendo muito desagradável para Elvis e os membros da equipe de filmagem. Porém com o tempo isto tudo foi superado.

GUADALAJARA (Guizar) - A Última canção do filme "O Seresteiro de Acapulco". As sessões de gravação da trilha ocorreram nos dias 22 e 23 de janeiro de 1963 nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. A Trilha sonora "Fun in Acapulco" chegou ao terceiro lugar entre os LPs mais vendidos de 1963, sem dúvida um ótimo resultado comercial. A crítica especializada, por outro lado assim definiu o filme: "Outra comédia musical de rotina de Presley, só que agora para mudar um pouco rodada no México..."

LOVE ME TONIGHT (Don Robertson) - "Bonus Song" ou "canção brinde" que não fazia parte da trilha do filme mas era incluído no LP para completar cronologicamente o disco. Esta sem dúvida é uma das mais belas músicas feitas por Don Robertson. Ela foi gravada no dia 27 de maio de 1963 em Nashville.

SLOWLY BUT SURELY (Weisman / Wayne) - Outra "Bonus Song" que foi gravada em maio de 1963 em Nashville. Esta sessão de gravação foi reunida anos depois no CD "The Lost Album" que reuniu pela primeira vez estas canções que foram dispersadas ao longo da carreira de Elvis em vários discos e singles. Em 1965 esta música fez parte da trilha do filme "Tickle Me" (o cavaleiro romântico, 1965). 

Elvis Presley Fun In Acapulco (1963): Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / D.J Fontana (bateria) / Berney Kessel (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Hal Blaine (bateria) / Emil Radochia (bateria) / Antony Terran (trompete) / Rudolph Loera (trompete) / Dudley Brooks (piano) / Ray Siegel (contrabaixo) / The Jordanaires (vocais) / The Amigos (vocais) / Joey Lilley e sua Orquestra / Produzido por Joseph Lilley / Arranjado por Joseph Lilley / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 22 e 23 de janeiro de 1963 / Data de lançamento: novembro de 1963 / Melhor posição nas charts: #3 (EUA) e #9 (UK).

PABLO ALUÍSIO - Janeiro de 2000 / revisado e atualizado em novembro de 2001

O Seresteiro de Acapulco

Depois que Elvis Presley retornou do serviço militar e "Feitiço Havaiano" se tornou sua maior bilheteria nos cinemas até então, sua carreira cinematográfica ficou presa a um determinado estilo de filme. A fórmula parecia certeira, colocar Elvis para cantar músicas românticas em lugares paradisíacos ao lado de lindas garotas. "O Seresteiro de Acapulco" (do original "Diversão em Acapulco") é uma dessas produções de Elvis que seguiam à risca essa fórmula de vender o cantor nas telas. Funcionava? Certamente e para certos públicos funcionava ainda melhor, tanto que "Fun in Acapulco" logo se tornou um dos mais populares filmes de Elvis Presley para o público latino, fenômeno que se repetiu aqui no Brasil também. 

A trilha sonora, o figurino, as belas locações, tudo contribuiu para que "Fun in Acapulco" caísse no gosto do público brasileiro. De tanto passar na "Sessão da Tarde" da Globo a gravadora do cantor no Brasil resolveu relançar no mercado sua trilha sonora em plenos anos 70 (com direito a novo relançamento na década de 80, fato único na discografia nacional de Presley). Não havia dúvidas que as reprises televisivas tinham se tornado um excelente meio de promoção da obra do artista em nosso país. O público que comprou o disco acabou levando um bom produto para casa pois a trilha sonora era realmente boa, com várias músicas de melodias belíssimas e agradáveis como a canção título, "You Can Say No In Acapulco", " I Think I'm Gonna Like It Here" e "Love Me Tonight" além de hits como a conhecida "Bossa Nova Baby".

No filme Elvis contracenou com uma de suas parceiras mais famosas, a bonita e classuda Ursula Andress. Ela havia acabado de sair do sucesso "O Satânico Dr No" (o primeiro filme de James Bond nas telas) e havia se tornado na mais nova aposta de Hollywood com seu visual exótico e glamouroso. Ela tinha tido um caso amoroso com o falecido James Dean e viu em Elvis um tipo parecido. O problema é que Presley já havia encontrado sua cara metade, a sua futura esposa Priscilla que tinha acabado de se mudar para sua mansão Graceland em Memphis e por isso não resolveu colocar a loira em sua lista de conquistas. Eu particularmente acho "O Seresteiro de Acapulco" um dos filmes mais simpáticos do cantor. A paisagem do balneário mexicano é linda o que deixa tudo muito agradável aos olhos. Enfim, "O Seresteiro de Acapulco" é um filme leve, divertido e indicado para quem quer conhecer como eram os chamados "filmes de verão" nos anos 60. Além de tudo isso ainda tem Elvis Presley cantando várias canções com saboroso sabor latino o que convenhamos já vale a fita inteira.

O Seresteiro de Acapulco (Fun in Acapulco, EUA, 1963) Direção de Richard Thorpe / Com Elvis Presley, Ursula Andress e Elsa Cárdenas./ Sinopse: Mike Windgren (Elvis Presley) um cantor americano em Acapulco procura ganhar alguns trocados cantando e dançando em bares e boates locais até que conhece uma linda garota, filha do chef de cozinha do hotel local.

Pablo Aluísio.