quarta-feira, 5 de março de 2008

A Dinastia Ming

A Dinastia Ming - A China foi uma das primeiras civilizações da humanidade a possuir uma centralização política. A figura do Imperador que inclusive deu nome à nação, proporcionou um avanço e um desenvolvimento sem precedentes na história. Enquanto a Europa era dividida por centenas de reinos, feudos e pequenos principados, a China já ostentava seu poder imperial sobre as nações vizinhas. Era uma civilização rica, culta e forte militarmente. Os imperadores deram os sentidos de nacionalidade e patriotismo que fizeram esse povo alcançar avanços tecnológicos, científicos e culturais absolutamente fantásticos para sua época histórica. Mesmo largando na frente em tantos setores vitais, o autor Paul Kennedy em seu livro "Ascensão e Queda das Grandes Potências" conseguiu, com raro brilhantismo, demonstrar todas as razões pelas quais a China e o Oriente não se tornaram o centro do mundo nos séculos seguintes (posição que coube aos europeus ocidentais).

Embora a figura dos imperadores tenha sido extremamente importante para a China em seus primórdios, após alguns séculos esses começaram a se afastar das funções administrativas do império. Eles começaram a se considerar puramente divinos, alguns até mesmo imortais. Vivendo em um mundo luxuoso de palácios monumentais, as novas gerações de imperadores chineses se afastaram completamente do mundo real. Eles se tornaram alienados e isolados do resto da sociedade chinesa. Muitos deles inclusive jamais conheceriam seu próprio povo, ficando trancados em cidades proibidas aos meros mortais. Figuras praticamente decorativas sem nenhuma função clara. A administração de um império tão vasto coube então à burocracia confucionista, formada por membros de setores cultos da sociedade. Usando os ensinamentos do mestre Confúcio como base esses burocratas tomaram as rédeas do poder na China Imperial - e isso apesar de ser considerado algo bom acabou levando à própria China à ruína.

Os burocratas exerciam o poder, porém dois outros grupos da sociedade chinesa pareciam mais importantes para a economia do império. O primeiro era formado pelos comerciantes, pela burguesia. Essa fazia intensa comercialização de produtos chineses para o exterior e de lá trazia vários artigos importados. Isso criava riqueza e prosperidade. Os burgueses construíram enormes embarcações para navegarem pelos mares com o propósito de levar o comércio chinês aos quatro cantos do mundo. Visitaram o Oriente próximo, Índia, África e Europa. Criaram uma extensa rede de comércio ao redor do mundo. Os burocratas do Estado porém começaram a criar dificuldades para a classe que mais produzia riqueza na China. Confiscaram seus bens e os acusaram de usura e ostentação. Em pouco tempo o amplo comércio que a China desenvolveu foi reprimido e destruído. Os confucionistas acreditavam que o segredo da felicidade era o isolacionismo e resolveram virar as costas para o mundo, destruindo assim enorme potencial para a economia chinesa que deixou de ser poderosa, rica e próspera para se tornar agrária e de subsistência.

Outro erro dos burocratas seguidores de Confúcio (que viveu cinco séculos antes de Cristo) foi atacar as bases do exército chinês. Os principais militares foram perseguidos e despojados de seus poderes. Os membros da elite burocrata do Estado entendiam que a Guerra era danosa e indigna de homens cultos e sábios. Isso enfraqueceu a máquina de guerra do império ao ponto de deixá-los sem qualquer proteção. Quando os mongóis invadiram a China praticamente não encontraram resistência nas cidades, destruindo tudo por onde passavam. Isso aniquilou também os fundamentos da economia chinesa que deixou um passado glorioso para trás, sendo alvo de inúmeras invasões de povos fronteiriços, inclusive de piratas japoneses. A fome, a miséria e a devastação de cidades inteiras foi o legado de uma administração baseada nos ensinamentos de Confúcio. A lição da China Ming nos mostra que é necessário acima de tudo haver pragmatismo na condução dos negócios de Estado - caso contrário tudo pode ruir em nome de uma ideologia ou até mesmo de uma filosofia radical, por mais bem intencionada que ela possa ser.

Pablo Aluísio. 

Alexandre II da Rússia

Alexandre II era filho do Czar Nicolau I. Ele teve uma educação primorosa, muito influenciada pelas ideias liberais iluministas que se expandiam por toda a Europa. Isso era um fato interessante pois a Rússia vivia naquele momento um período de absolutismo monárquico ferrenho. Para Alexandre isso legava sua nação ao atraso. Quando subiu ao trono em Moscou o novo Czar resolveu colocar em prática seu modo de pensar. Ele acabou com o sistema da servidão rural, libertando milhões de russos de um sistema anacrônico e ultrapassado. Também promoveu reformas liberais em praticamente todos os meios sociais, o que lhe valeu a alcunha de ser Alexandre, o libertador.

No plano externo houve também fatos importantes. Quando subiu ao trono russo o distante e frio Alasca pertencia à Rússia. Como sabia que era muito complicado manter aquela possessão na América do Norte resolveu negociá-la com os americanos. Após tratativas finalmente aceitou vender o Alasca para o governo dos Estados Unidos por sete milhões de dólares, uma quantia que hoje soa absurdamente ridícula, mas que na época serviria bem para conter os problemas de caixa do Império Russo. Também decidiu que havia chegado a hora de acabar com a Guerra da Criméia, algo que havia custado muito a Moscou em termos de gastos militares e vidas humanas. Em pouco tempo assinou um tratado de paz acabando com aquela carnificina inútil.

Promoveu reformas legislativas no comércio e na indústria. Alexandre queria modernizar a economia russa, mas como era previsível enfrentou forte oposição da elite burguesa de seu país. Promoveu reformas no poder judiciário, colocando em vigor novos códigos, entre eles o penal e o civil, elogiados na época por apresentarem doutrinas jurídicas modernas. Com a extinção do sistema de servidão também acabou comprando briga com os latifundiários russos que tinham ficado bem ricos com a exploração da mão de obra servil. Sem dúvida abriu-se assim um fosso enorme entre o governo e essa elite rural.

Sob o ponto de vista histórico Alexandre II foi um dos melhores líderes russos de todos os tempos. Foi um Czar moderno, inovador, tal como havia sido Pedro, O Grande. Por ser tão ávido por mudanças acabou criando muitos inimigos. Várias foram as tentativas de matá-lo. Havia grupos revolucionários radicais que queriam sua morte de todas as formas. Certa manhã ao se dirigir a uma guarda militar em São Petersburgo acabou sendo assassinato por dois revolucionários. O primeiro jogou uma bomba embaixo de sua carruagem. Apesar da explosão ele conseguiu sair ileso. Quando estava se recuperando do primeiro atentado surgiu outro, um jovem anarquista revolucionário jogou uma bomba em seus pés que explodiu com extrema violência. O Czar perdeu as pernas na explosão, seu estômago foi aberto, com as vísceras saindo pelo casaco e seu rosto foi destruído. O Czar não resistiu à violência e morreu ali mesmo, no meio da rua. Era o fim de seu reinado tão inovador para o povo russo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Adam Smith e o Pensamento Liberal

Adam Smith. Professor e economista nascido na Escócia em 1723, Smith é considerado um dos pais do liberalismo clássico. Pouco ou nada se fala sobre ele em nossas universidades, até porque seu pensamento vai contra o que prega a ideologia socialista. Nos países de primeiro mundo porém Smith e sua principal obra "A Riqueza das Nações" continuam a ser leituras obrigatórias entre os alunos, principalmente dos cursos de economia, filosofia e ciência política. Como são países plenamente desenvolvidos e ricos, com maravilhosos índices sociais e econômicos, chegamos facilmente na conclusão que estudar Adam Smith, ao invés de Karl Marx, é sem dúvida uma excelente ideia. Afinal não podemos sequer pensar em comparar uma Venezuela da vida com uma Inglaterra ou o Brasil com os Estados Unidos. Assim ou eles estão certos e nossas universidades necrosadas perderam o bonde da história ou nossos socialistas de botequim é que estão com a razão. Eu acredito plenamente na primeira opção.

Deixando de lado as múmias raivosas de esquerda vamos tecer algumas linhas sobre o pensamento de Adam Smith. Pensador iluminista, Smith tinha uma indagação de alta relevância para responder: de onde afinal viria a riqueza das nações? Antes dele escrever sua obra, dois grupos de pensadores tinham supostamente respondido à pergunta. Os Mercantilistas acreditavam que a riqueza das nações viria da quantidade de moedas e dinheiro que uma economia nacional pudesse angariar em seus cofres públicos. Mais metal, mais riqueza, por isso a expressão mercantilista foi usada para denominar essa escola econômica. Era uma visão simplista e até mesmo um pouco óbvia demais. Assim o segredo seria ter uma balança comercial favorável. O que significava isso? Significava que quanto mais exportasse e menos importasse mais rica seria a nação. Uma economia nacional forte significava uma economia exportadora, que conseguisse conquistar novos mercados internacionais, de preferência de produtos industrializados, deixando o setor de importação limitado a produtos primários, matérias primas necessárias para o setor industrial e nada mais.

Do outro lado havia o pensamento fisiocrata. Para os fisiocratas a verdadeira riqueza de uma nação viria da terra, do setor agrário de um país. Para essa linha de pensamento apenas a terra e as propriedades rurais criavam riqueza verdadeira, trazendo valor e desenvolvimento para a economia nacional. Adam Smith estudou profundamente essas duas linhas de pensamento e chegou na conclusão que ambas estavam simplificando em demasia uma questão complexa, imersa em infinitas variáveis.

Para Adam Smith o papel do Estado numa economia sadia e desenvolvida deveria ser mínimo. A livre concorrência e a mão invisível do mercado iriam ser as responsáveis pelos ajustes e regulações dentro de um sistema produtivo sólido. Essa primeira premissa do pensamento de Smith vinha bem de encontro ao que desejava a nascente e rica burguesia, livre das amarras de um Estado dominado por uma nobreza parasita. Ao Estado nacional caberia apenas manter a ordem e a segurança, ideais e necessários para o desenvolvimento dos fatores de produção privados, dominados pelas leis do mercado. Uma economia liberal, onde não haveria ingerência e nem intervenções descabidas por parte do Estado e do poder. A mão de obra seria regulada pela oferta e procura, assim como os preços dos produtos levados ao mercado consumidor. A expressão francesa "Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui-même" (em português: "deixem fazer, deixem passar, o mundo vai por si mesmo") acabou sendo o lema do pensamento liberal na economia. Para Adam Smith essa era a ordem natural das coisas: as mais eficientes e produtivas empresas sobreviveriam no mercado, as ineficientes sucumbiriam. O Estado não deveria intervir no setor produtivo pois não tinha vocação para o mundo empresarial. Os mais aptos iriam se tornar mais bem sucedidos, numa verdadeira meritocracia. E fechando sua linha de pensamento com chave de ouro Adam Smith respondeu de forma simples e completamente eficiente sobre a questão de onde viria a riqueza das nações: viria do trabalho e de uma indústria forte e livre de amarras estatais, algo que o capitalismo dos séculos seguintes iria confirmar plenamente.

Pablo Aluísio.

O Outro Lado de Gandhi

O Outro Lado de Gandhi
Ele é celebrado pela história como um grande homem que conseguiu libertar seu país, a Índia, do colonialismo britânico e tudo isso sem o uso de guerras ou conflitos. Gandhi pregou a filosofia da não violência para que o mundo ocidental reconhecesse que os indianos tinham direito a uma nação independente, livre das amarras de estrangeiros que determinavam o rumo que sua terra deveria tomar. Pois bem, certamente nada irá nublar essa sua atitude corajosa e muito valorosa na luta pela independência da Índia. Nesse ponto ele foi realmente grandioso.

Gandhi porém era um ser humano e também tinha defeitos. Como foi uma figura histórica que chamou muito a atenção de biógrafos e autores ocidentais. Interessados em sua história eles foram a fundo em pesquisas sobre a vida do líder indiano. E lá, no fundo do baú de arquivos, cartas e textos escritos pelo próprio Gandhi se descobriu um lado pouco nobre de sua personalidade. Não há dúvidas sobre isso, o celebrado homem da paz e da diplomacia era racista! Sua ira foi dirigida contra negros, mais especificamente contra os negros da África do Sul. Gandhi viveu naquele país durante uma parte de sua vida e lá escreveu diversos artigos, cartas e matérias.

Numa delas Gandhi afirma que negros eram encrenqueiros, imundos e viviam praticamente como animais. Em outro momento afiou sua escrita para desacreditar qualquer tipo de liderança política partindo de grupos formados por membros da comunidade negra. Sua aversão a eles continuou depois. Foi completamente contra qualquer política de cotas raciais nas universidades (um sistema parecido com o que é utilizado hoje em nosso país). Chegou inclusive ao ponto de fazer greve de fome contra o projeto de lei que criaria as tais cotas para negros. No final venceu a luta e o parlamento deixou as cotas de lado. Assim fica claro que Gandhi não era perfeito e nem divino, mas apenas um ser humano como qualquer outro - inclusive com opiniões equivocadas e politicamente incorretas sob o ponto de vista do mundo atual.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de março de 2008

Os Diários de Himmler

Ele foi um dos mais nefastos nazistas da história. Considerado o braço direito de Hitler acabou criando as tropas SS, que ficaram conhecidas pela brutalidade com que tratava os judeus nos campos de concentração. Durante muito tempo surgiram historiadores "revisionistas" que procuraram amenizar a culpa de líderes nazistas como Himmler no Holocausto. Pois bem uma série de textos escritos pelo próprio em seu diário foram divulgados recentemente pelo arquivo militar russo.

Em um dos trechos Heinrich Himmler escreveu: "O povo judeu está sendo exterminado. Para os membros do partido isso deve ser considerado como algo claro, pois sempre esteve em nossos planos. De fato estamos exterminando o povo judeu, resolvendo um pequeno assunto em nossa pauta". Depois elogiando o trabalho daqueles que atuavam diretamente no holocausto Himmler ponderou: "Estamos realizando essa difícil tarefa em amor ao nosso povo. E não temos qualquer problema com isso, pois nossa alma e nosso caráter estão intactos".

Essas eram notas escritas por Himmler para serem usadas em seu discurso aos membros da SS situados na Polônia, onde havia os maiores campos de concentração do regime nazista. A forma como Himmler expõe o tema deixa transparecer que era algo que todos sabiam. Ele não demonstra em seus escritos nenhum sentimento de remorso ou tristeza pelo que estava acontecendo, longe disso, para Himmler a destruição de todos os povos não arianos era apenas uma questão objetiva, que deveria ser colocada em prática.

Esses diários referentes aos anos de 1938, 1943 e 1944 foram capturados por forças do exército russo no final da guerra. Muitos trechos descrevem a presença do líder nazista em almoços comemorativos realizados dentro dos próprios campos de concentração de Dachau, Buchenwald e Sachsenhausen. Enquanto milhões de seres humanos eram mortos nas câmaras de gás e depois queimados em fornos industriais, Himmler desfrutava de elegantes banquetes ao lado de outros membros do partido nazista como Joseph Goebbels. Esse infame nazista foi capturado pelos ingleses no dia 21 de maio de 1945 quando o III Reich já estava em ruínas. Antes de ser julgado e condenado à morte em Nuremberg ele se matou com uma cápsula de cianureto em sua cela na prisão.

Pablo Aluísio.

II Guerra Mundial: Armstrong Whitworth Whitley

Um avião histórico para a RAF (Royal Air Force) da Inglaterra. Foi o primeiro bombardeiro construído para ter longa autonomia de ação, logo no começo da Segunda Guerra Mundial. Alvo de ataques nazistas os ingleses sentiram a necessidade de construir um avião que também tivesse a capacidade de cruzar os céus europeus para jogar bombas nas cidades da Alemanha nazista. De fato a aeronave teve a "honra" de ter sido a primeira a jogar bombas em Berlim, a cidade onde Hitler havia dito que nenhum bombardeio iria cair sobre os cidadãos da sua estimada Alemanha. Além dessa importante missão estratégica o Armstrong Whitworth Whitley também foi peça vital na guerra anti-submarina, quando foi usado para lançar cargas de profundidade contra alvos inimigos.

No total o avião realizou mais de mil missões pelos céus ingleses, isso em um dos momentos mais delicados da história do império britânico. Estima-se que mais de 250 aviadores perderam suas vidas em confrontos com caças alemães durante essas missões. Em contrapartida mais de 2000 tripulantes voaram no bombardeiro e sobreviveram para contar sua história. Seu design em formato de charuto era muito eficiente para suportar as duras condições de vôo. No geral foi de fato uma das aeronaves mais marcantes da Segunda Guerra Mundial.


A tripulação era composta de cinco homens. O avião tinha 25 metros de largura por 4 de altura. Possuía dois motores Rolls Royce de grande potência e conseguia atingir uma velocidade de cruzeiro de 370 km/h. Seu raio de ação era de até 2.500 km, o que possibilitava ir até a Alemanha, soltar suas bombas e retornar com segurança à Inglaterra. Em termos de armamento o Armstrong Whitworth Whitley era equipado com três metralhadoras Browning 7.7 mm localizadas em pontos estratégicos do bombardeiro. Tinha capacidade de carregar até 3 toneladas de bombas de alta potência. Em 1942, bem no meio do caos da guerra, foi sendo aos poucos substituído por bombardeiros mais pesados e com mais raio de ação. Isso porém em nada tira sua importância em um dos momentos mais cruciais da guerra.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de março de 2008

II Guerra Mundial - 70 anos!

70 Anos do Fim da II Guerra Mundial - Há pouco tempo o mundo celebrou o fim do maior conflito armado da história - a II Grande Guerra Mundial. Não houve, em nenhum período histórico, tantas mortes e tantas atrocidades como nessa guerra. Cada país obviamente está lembrando seus mortos, mas em termos numéricos quem pagou mais caro pelo conflito foram os russos. Na época existia um conglomerado de países satélites à Rússia, todos unidos sob uma forte dominação de Moscou. Essa federação de países era chamada de União Soviética.

No poder desse vasto império comunista estava o líder supremo Stálin, um psicopata sem escrúpulos que matou milhões de pessoas dentro e fora de seu país. Um genocida à altura de Hitler. Antes da guerra Stálin firmou um acordo de não agressão com Hitler, mas obviamente fazer pactos com o diabo nunca dá muito certo. Após triunfar no front ocidental, onde invadiu e tomou em tempo recorde a França, Hitler colocou os seus olhos insanos sobre o vasto império soviético. A invasão, a maior da história, logo se revelou um desastre completo. Milhões de pessoas perderam suas vidas, mas o povo russo lutou bravamente, muitas vezes comendo ratos e praticando canibalismo para sobreviver a grande fome que se alastrou pelo território soviético.

A batalha foi casa a casa, portão a portão. Cada russo foi armado para defender seu terreno. A rendição não era uma opção. Os soldados alemães, por sua vez, foram devidamente trucidados pela população e pelo exército vermelho, além de congelarem no frio implacável do inverno russo. Curiosamente o que deveria ser uma vitória heróica acabou também despertando situações constrangedoras na Europa no dia de hoje, principalmente pelo fato da BBC inglesa ter lembrado dos estupros coletivos promovidos pelo exército soviético quando entrou em território alemão.

Claro que nada justificaria tais crimes, porém o ímpeto feroz de vingança dos soviéticos talvez explique em parte mais essa tragédia humana que a guerra legou. Já dentro das fronteiras russas impera uma lei que pune severamente quem destrate a memória do soldado soviético na II Guerra, o que talvez explique até hoje porque o fato é praticamente desconhecido do próprio povo russo. É proibido ensinar isso em aulas de história, por exemplo. Apagar parte da história com leis draconianas não me parece ser o caminho certo. Um dia a verdade sempre se revela.

Pablo Aluísio.

O General Patton

II Guerra Mundial - O General Patton
O General George S. Patton foi um dos comandantes mais famosos da II Guerra Mundial. Dono de um estilo único ele conseguia inspirar seus homens para as mais complicadas e brutais campanhas militares. Patton poderia ser tudo, menos um oficial comum. Ele gostava de história militar e não raro se via como um novo Júlio César ou Napoleão.

Vencer uma batalha assim não significava apenas destruir o inimigo, mas também alcançar a glória eterna na história das guerras. Sua personalidade era única e ele tanto poderia tratar seus homens com extrema bondade e companheirismo como também com dura disciplina. Patton gostava de usar um chicote, como na foto, e não raro ameaçava bater em algum insubordinado com ele, tal como se estivesse na Roma Antiga disciplinando seus comandados.

Patton teve uma longa e bem sucedida carreira militar, porém seu auge aconteceu justamente na batalha das Ardenas, quando enfrentou de forma decisiva algumas das melhores tropas de Hitler. De fato aquele parecia ser o último bastião de resistência das forças armadas nazistas e Patton se esmerou para dar o melhor de si durante essa campanha. A ele foi designado o comando de três forças poderosas do exército americano e ele se saiu extremamente bem em sua missão.

Curiosamente Patton que tantas batalhas lutou morreu de forma até banal. Após o fim da guerra ele foi designado para ser o governador interino da Bavária, na Alemanha. Quando se dirigia ao seu posto de comando em um velho jipe do exército, seu automóvel bater com violência em um caminhão de tropas que vinha em direção contrária. O choque acabou atingindo Patton com violência na cabeça pois ele estava sem cinto de segurança - algo comum na década de 1940. Com o rosto cheio de sangue ele foi levado até um hospital. No caminho falou ao tenente que estava ao seu lado: "Acho que estou paralisado!". Depois de algumas semanas internado o velho general morreu por causa das sequelas do acidente. Um guerreiro que não morreu no campo de batalha, mas que conseguiu entrar para a história com sua inigualável carreira em uma das guerras mais brutais da humanidade.

Pablo Aluísio.