sábado, 14 de maio de 2005

Elvis Presley - Feitiço Havaiano

Título no Brasil: Feitiço Havaiano
Título Original: Blue Hawaii
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Allan Weiss, Hal Kanter
Elenco: Elvis Presley, Joan Blackman, Angela Lansbury, Nancy Walters, Roland Winters, John Archer

Sinopse:
Ao sair do exército o jovem Chad Gates (Elvis Presley) decide seguir seu próprio caminho. Filho de uma família rica, dona de vastas plantações de abacaxi no Havaí, ele resolve abrir sua própria agência de turismo, onde canta e encanta todos os turistas que visitam as belas ilhas havaianas da região.

Comentários:
O maior sucesso cinematográfico de Elvis Presley em 1961 foi sem dúvida "Feitiço Havaiano". Aliás o sucesso de bilheteria foi tão grande que esse musical romântico se tornaria a sua segunda maior bilheteria nos anos 60 (só perdendo para "Viva Las Vegas" de 1964). A trilha sonora também teve números expressivos, se tornando o disco de Elvis mais vendido da década. Com um sucesso comercial tão considerável o Coronel Parker expressou sua opinião, chamando "Blue Hawaii" de "O Produto Perfeito", aquilo que ele sempre havia procurado desde que começou a empresariar Elvis. Um filme visto por todos os públicos (jovens, velhos e crianças), com músicas leves, românticas, que não levantassem qualquer tipo de polêmica, com um filme bonito de se assistir, com as maravilhosas tomadas de cenas filmadas na exuberância da natureza das ilhas havaianas. Na visão do Coronel Parker não poderia haver nada melhor do que isso para Elvis. E por essa razão Elvis iria passar o resto da década de 60 fazendo filmes que de uma maneira ou outra seguiam essa fórmula comercialmente vitoriosa.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Coração Rebelde

Título no Brasil: Coração Rebelde
Título Original: Wild in the Country
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Fox
Direção: Philip Dunne
Roteiro: Clifford Odets
Elenco: Elvis Presley, Hope Lange, Tuesday Weld, Millie Perkins, Gary Lockwood, Christina Crawford

Sinopse:
O cantor Elvis Presley interpreta um jovem com problemas legais. Ele precisa fazer uma série de sessões com uma psicóloga após ter se envolvido com brigas e confusões. Ele arruma um emprego e incentivado pensa em retornar os estudos, para dar um rumo novo em sua vida, mas isso, como ele verá depois, não será muito fácil.

Comentários:
Com roteiro inspirado no romance "The Lost Country" de J.R. Salamanca, o filme "Coração Rebelde" era um drama, o que de certa maneira surpreendeu os fãs de Elvis na época de seu lançamento original. Todos esperavam por algo mais parecido com "Saudades de um Pracinha", seu maior sucesso nos cinemas depois que voltou da Alemanha, onde havia cumprido serviço militar. Porém ao contrário disso encontraram um filme mais pesado, mais dramático. Algumas concessões foram feitas, com Elvis cantando 3 músicas, mas todas elas mais intimistas, mais melancólicas. Por isso o filme foi taxado como triste e até mesmo tedioso. Realmente era um roteiro mais dramático, o que nem sempre agradava a quem queria ver Elvis apenas cantando e namorando as atrizes bonitas em seus filmes. Com isso o filme não fez sucesso de bilheteria. E o resultado comercial ruim foi usado pelo Coronel Parker como um argumento para que Elvis se concentrasse mesmo nas comédias musicais românticas pois esse era definitivamente o estilo de filme que suas fãs queriam assistir nos cinemas. Dramas ao estilo Marlon Brando não fazia o gosto delas, definitivamente.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de maio de 2005

Elvis Presley - Blue Hawaii e o Sonho Americano

Ahhh... o sonho americano... Como era belo o sonho americano nos anos 1960. Tudo era maravilhoso, o país estava em paz no começo da década, o presidente eleito era um jovem senador de nome John Kennedy, o país estava com a economia próspera e rica, a esperança encontrava morada em cada casa suburbana da América. O americano padrão tinha seu emprego, seu carro na garagem e uma bela casa onde morar. O céu era azul, o mar era lindo (e limpo) e as crianças cresciam felizes. Que mundo maravilhoso não? Nas férias o cidadão americano tinha um sonho de consumo: viajar ao Havaí, as ilhas do pacífico que tinham se transformado no 50º Estado (por favor esqueçamos por hora a péssima letra de Paradise Hawaiian Style ok?). Que beleza... E pensar que hoje o velho sonho americano se transformou numa barraca de camping no meio da rua, na falta de emprego e perspectivas, na quebradeira das empresas símbolos do velho capitalismo ianque (com a outrora rica e poderosa GM passando o pires para evitar sua própria derrocada), em filhos mal educados gritando palavrões que aprenderam ao ouvir Rap e outras bobagens... enfim. Vamos deixar o caos em que vivemos e vamos voltar no tempo, quando essa ilusão era bem mais realista e concreta.
 
Ahhh... o sonho americano... Blue Hawaii é isso aí, o sonho americano. Elvis em 1961 completava sua metamorfose como artista e deixava de uma vez por todas sua imagem roqueira e rebelde para se transformar no exemplar cidadão norte-americano. Ela já tinha virado a bandeira de Tio Sam em G.I. Blues e agora completava o processo, virando o melhor guia turístico que uma dona de casa do subúrbio poderia imaginar. O filme é justamente isso, um passeio açucarado nos maiores ideais gringos da primeira metade dos anos 1960. Muito longe ainda da contracultura que nasceria, dos hippies mal cheirosos e da música de protesto, Elvis e seu filme trazia o supra sumo do American Dream. Em troca a sociedade americana proporcionou o maior sucesso de toda a sua carreira. Blue Hawaii foi um fenômeno sem precedentes, quebrando todos os recordes de bilheteria e venda de discos. O Coronel Parker ficou extasiado com o êxito alcançado. Ele próprio havia elaborado o plano de transformar Elvis em um produto de consumo familiar. Apesar do risco ele vinha realmente alcançado um sucesso após o outro e com Blue Hawaii consolidaria sua intenção.
 
Com esse enorme sucesso comercial Elvis abandonou definitivamente o Rock e abraçou o pop romântico de Hollywood. Comercialmente pode ter sido uma boa idéia mas artisticamente esse passo foi completamente em falso. Ao ouvir a trilha sonora de Blue Hawaii podemos perceber como um produto pode ficar velho e caduco. Sem o embasamento ideológico que sustentou esse projeto nos anos 60 tudo cai por terra. Embora ainda haja espasmos de talento de Elvis o produto em si soa completamente antiquado e fora de propósito nos dias de hoje. Blue Hawaii envelheceu e envelheceu mal. A própria faixa título soa pomposa e kitsch. Nunca a vocalização de Elvis soou tão pretensiosa como aqui. Ele se esforça para seguir os passos de Bing Crosby, mas a pergunta que surge em nossa mente é justamente essa: Que jovem iria ligar para Bing Crosby nos anos 60?
 
A resposta é simples. Elvis deixou de cantar para a garotada para cantar para os pais deles. Totalmente engomadinho, com um arranjo havaiano soando completamente falso, Elvis expõe involuntariamente, apenas com essa música, as tripas do American Dream: cheio de pompa por fora, mas completamente vazio e oco de conteúdo por dentro. Ahhh... o sonho americano... Almost Always True, a música que vem logo a seguir, já foi chamada de "roquinho" mas isso é uma heresia com o verdadeiro Rock´n´Roll. Tudo não passa de popzinho meloso de fazer corar Brenda Lee. O desastre é completo logo a seguir com Aloha Oe, uma das coisas mais pavorosas que Elvis Presley já cantou na sua vida. Como toda trilha sonora de Presley esse é mais um caso de altos e baixos, No More, que vem logo a seguir, conseguiu sobreviver ao tempo e hoje soa bastante agradável, o que definitivamente não quer dizer grande coisa para quem era o maior ídolo da música mundial.
 
A única canção realmente imortal dessa sacarose toda é Can´t Help Falling In Love que virou a apoteose de todos os seus shows nos anos 70. O arranjo foi extremamante feliz e o resultado final, temos que admitir, é belíssimo. A versão de estúdio inclusive jamais foi superada em termos de beleza por qualquer outra gravada nos anos seguintes. Definitiva. Depois disso não há nada digno de nota ou de importância na trilha. As músicas, todas forçando uma barra daquelas para parecerem autênticas "havaianas", nos levam a pensar como os americanos no fundo são bobos e ingênuos. Afinal quem eles querem enganar, buana? Para esclarecer a situação pensem no seguinte exemplo: imaginem um bando de gringos americanos no Rio de Janeiro gravando um disco de sambas de raiz!!! Um troço desses pode dar certo um dia?! É justamente isso, o restante da trilha é uma tentativa pra lá de mal sucedida de um bando de sulistas da Gringolândia de convencer a todos que são verdadeiros nativos locais do Havaí!!! Pode uma coisa dessas?! Pessoas que nunca tinham pisado no Havaí ou vivenciado a rica cultura do Pacífico Sul tentando soar verdadeiros e genuínos.
 
Não dá... Simplesmente não dá. Seria melhor que eles gravassem um disco de Polca para soarem melhor. É uma questão de cultura, americanos cantando músicas de outros países jamais soarão verdadeiros, não tem como. É a mesma coisa que colocar havaianos verdadeiros cantando músicas do folclore alemão!!! Não tem como, eles nunca vivenciaram as experiências desse povo, sua bagagem cultural não bate, não há como transformar algo tão "fake" em algo digerível. Nunca um material desses irá soar verdadeiro. Afinal o que esses branquelos queriam ao tentar imitar a sonoridade dessas ilhas?! Na verdade devo confessar que quando ouço essas faixas meu estômago embrulha. É muito talento (no caso de Elvis) jogado fora.
 
Porém, embora equivocadamente idealizado, o material "Havaí pra gringo ver" fez sucesso e ganha agora sua edição pelo selo FTD. São dois CDs, com a trilha sonora original e muitos takes e tentativas de estúdio. Agora imaginem esse que vos escreve (que definitivamente acha todo o material fraco e falso) sendo obrigado a ouvir tudo de novo, ainda mais em um álbum duplo desses?! Pois eu ouvi. Minha opinião não mudou nem um centímetro. A trilha continua soando insossa e fraca, com poucos momentos dignos de nota. Pensando bem... algo assim só funcionaria mesmo se eu vivesse nos Estados Unidos em 1961, se tivesse minha casa no subúrbio, minha esposa loira (e burra), meu cachorrinho Rex e duas criancinhas WASP... Fora isso não tem condição de apreciar algo assim.
 
Ahhh... o sonho americano...
 
Erick Steve

quinta-feira, 12 de maio de 2005

Elvis Presley - Pearl Harbor, 1961

Well...Well...Well...

Quando recebi o convite para escrever uma coluna sobre Bootlegs no site do Pablo Aluísio eu morri de rir! Não ri do convite em si, mas sim do enorme desafio que iria significar aceitar esse tipo de coisa! A primeira coisa que disse ao Pablo foi "Tá louco amigo?! Se eu entrar numa encruzilhada dessas nunca mais saio com vida!" Eu já estou há tanto tempo envolvido nesse negócio de Bootlegs que a primeira coisa que pensei foi: Por onde começar uma caminhada dessas?! Onde eu iria me meter?! Esse universo é tão vasto e bagunçado que nem sequer saberia como dar início a uma jornada insana dessas! Isso me levou a lembrar de algumas coisas da minha vida que acho bem interessante trazer à tona porque tem tudo a ver com o que vou escrever!

O mundo dos Bootlegs é o mundo da vira latice Elvistica! Esqueçam organização, classe, qualidade de som, legalidade, esqueçam! Eu sei do que estou falando... vai por mim! Eu sempre fui um vira lata de raça (fala sério, vocês já leram definição mais maluca que essa?! Eu morro de rir com meus devaneios!). Eu sempre fui um vira lata dos Bootlegs porque quem coleciona esse tipo de coisa é isso mesmo: sabe aquele cara que topa ouvir qualquer coisa? Qualquer lixo sonoro? Que vai atrás e corre para revirar as latas de lixo da história? Pois é... entenderam a idéia por trás da definição?! Welcome to my World!

Eu coleciono esse tipo de material desde 1978! Já perdi a conta de quantos títulos tenho, aliás eu nem sei por onde anda muitos deles. Muitos ficaram na casa de meus pais na Inglaterra! Não havia como levar uma mala cheia de discos para a Universidade, ainda mais quando ela ficava em outro país, em outro continente! Como sei que minha mãe sempre foi uma pessoa muito organizada tenho certeza que eles estão muito bem guardados lá no meu velho quarto, de meus tempos de solteiro, em Londres! Pelo menos assim espero! Aliás vou até mesmo depois ligar para saber deles! Se esse artigo for um fracasso total pelo menos me serviu como lembrete para resgatar meus velhos piratas britânicos! Eu preciso catalogar minha coleção, isso sim! Alguns desses Bootlegs são raridades absolutas que espero reencontrar quando voltar à casa ainda nesse ano! Mas peraí... eu tenho que escrever sobre bootlegs, voltemos, voltemos...

Nos bons e velhos tempos, quando eu morava na Inglaterra, eu ganhei um apelido entre meus amigos ingleses por causa dessa minha verdadeira mania de colecionar esse tipo de material: Erick, o Viking! Isso porque eu sempre estava navegando pelos lugares mais obscuros de Londres e cidades inglesas próximas atrás de materiais absurdos envolvendo Elvis! Isso foi muito antes da Internet e até mesmo da popularização do CD! Eu estou me referindo a uma época muito legal mesmo para ser um Bootlequeiro (crianças, essa palavra não existe viu? Foi criada agora pelo insano titio Erick!) Naquela época pioneira tinha de tudo: reunião de fãs para audição de material raro, leilão de discos impossíveis, quebra pau e muita briga para ver quem levava aquele disco pirata de outro planeta! Ah... tempos heróicos! Hoje isso não existe mais, basta baixar pela internet!

Isso é que me faz rir de verdade! Vocês já pararam para analisar o absurdo da situação? Um Bootleg (gíria que nasceu na Inglaterra) é por definição um disco pirata, ilegal, bucaneiro, ou seja, que não paga nenhum tipo de direitos autorais para os verdadeiros donos da marca oficial "Elvis Presley". Por anos e anos eles contrabandearam material raro de Elvis mas hoje eles estão fritos! Quando um jovem baixa um Bootleg no conforto de sua casa, ele está na verdade pirateando o pirata! Já imaginaram uma coisa dessas? Sublime ironia do destino!

O disco que vou tratar agora traz um show em Pearl Harbor realizado por Elvis Presley em 1961. A razão que me fez escolher esse título é simples: ele foge do convencional. Existem milhares de Bootlegs dos anos 70 mas o campo que envolve os primeiros shows de Elvis nos anos 50 é mais restrito e esse concerto no começo dos anos 60 é mais restrito ainda. Conheço três Bootlegs que trazem essa apresentação. Tenho os três, embora vou usar como referência nesse artigo o Elvis Live Pearl Harbor que tem uma qualidade sonora muito melhor do que a dos outros dois! Nesse mundinho ninguém pode afirmar que existem apenas estes três títulos, podem existir muitos outros, estou me baseando apenas no material de meu acervo pessoal, ok?

O responsável pelo títulos de Elvis pelo selo FTD tem dito em entrevistas que vai lançar esse show como se fosse grande coisa! Pode até ser para os marinheiros de primeira viagem, mas para esse velho corsário que já navegou tantos mares isso não é nada demais. Sem novidades no Front! O primeiro pirata que adquiri trazendo esse show se chamava The Pacific War Memorial Comission Presents In Person Elvis and His Show, Pearl Harbor March 25th, Ufa! Isso é lá nome que se dê para um disco?! Coisas de Bootlegs da velha guarda. O selo, se é que isso importa, era da Bloch Records! Cara, isso não existe! Esse nome de fantasia foi tirado do local onde Elvis se apresentou, a arena onde o show foi feito! Esses piratas não tomam jeito mesmo...

Eu o comprei em 1989 em Londres, numa loja especializada. Ele é um vinil duplo com muitas fotos bonitas em seu encarte interno. É uma edição de luxo para colecionadores. Tem até um texto escrito por um tal de John Duguit, que apesar do nome de cientista político, também não deve existir. Muito provavelmente deva ser o cara que comprou as gravações e para dar um ar de respeitabilidade ao disco inventou esse nome! Não disse que esse é o mundo da vira latice Elvis?!

Mas deixando isso de lado devo confessar que na primeira vez que eu o ouvi fiquei realmente impressionado! Uma coisa é você ler sobre uma apresentação e eu já tinha lido tanto sobre esse show que já estava enjoado. Mas quando coloquei a velha agulha (lembram dela?) para rodar foi mágico! Lá estava eu ouvindo Elvis em uma de suas únicas apresentações ao vivo na primeira metade dos anos 60! Fantástico. Legal mesmo foi que essa sensação de descoberta estava misturada com a sensação de conquista porque eu o tinha arrematado num leilão da loja de discos! Imagine a luta e a tensão? Isso era o que fazia a diferença, era como ter um tesouro perdido só pra você! Genial... Mas esse ainda não seria o título que mais iria me satisfazer em termos de qualidade sonora. Foi apenas a apresentação, a primeira audição. Em 1990 saiu, agora já em CD, um segundo título com esse show. Essa edição é meio banal entre os colecionadores ingleses porque muita gente comprou! A melhor viria um ano depois no CD Elvis Live Pearl Harbor.

No mundo dos Bootlegs o que vale é a raridade. Se você tem algo que todos possuem, então você não está com nada! Esse selo que lançou o Elvis Live Pearl Harbor é irlandês! Ireland Records deve ser outro nome de fantasia que não significa nada! Vocês acham que alguém no começo dos anos 90 iria colocar o endereço da gravadora pirata no rótulo? Ainda mais sendo irlandeses! Sem chance! Só se eles tivessem a vontade masoquista de irem em cana! Fala sério! Acredito que Ernst Jorgensen muito provavelmente irá utilizar esse material como base do lançamento do selo FTD, isso claro se ele for esperto o bastante!

A capa desse disco não é tão bonita como a do primeiro que comprei, cheio de fotos e toda produzida, nada disso! A capa era a reprodução do cartaz original do show feito no Hawaii com duas listas azuis marinho ao lado! A foto de Elvis desse cartaz foi tirada da capa do disco Elvis Gold Records vol.2. Os "produtores" pelo menos tiveram a dignidade de serem fiéis ao acontecimento, ao show. Ainda bem que eles não tascaram uma capa qualquer de Elvis nos anos 70 em cima do disco, pois assim teriam estragado tudo! Do jeito que ficou tá bom, é nostálgico e afinal das contas esse é o material de divulgação da época! É tosco?! Claro, naquela época um cartaz de show de Elvis era mais do que simples, era econômico! Alguém aí lembrou do nome de Tom Parker?...

Se você pensa que a foto aí do lado foi tirada durante os anos 50 está muito enganado. A foto foi registrada na apresentação de Elvis para o Memorial do USS Arizona, navio da armada americana que foi a pique no bombardeio dos japoneses sobre a base naval de Pearl Harbor, fato que levou os Estados Unidos a entrarem na II Guerra Mundial. Esse show foi beneficente, mas a despeito de toda a boa vontade temos que levar em conta que ele na verdade acabou virando uma tremenda publicidade para Elvis e o Coronel. Veja, Elvis estava em alta, tinha servido o exército, deixado de lado um pouco esse negócio de Rock'n'Roll que já estava fedendo com os escândalos envolvendo músicos e empresários e agora estava curtindo uma nova fase, a do patriota Elvis, do exemplar rapaz americano que serviu à nação quando foi chamado! Meio sacal esse papo não?...

E aí? O Roqueiro Elvis The Pelvis estava morto e enterrado? Ainda não, na verdade ele deu os últimos suspiros exatamente aqui nesse show! Essa apresentação serve para nos dar uma visão do que seria Elvis ao vivo durante os anos 60 se o Coronel não tivesse tido a péssima idéia de tirá-lo dos palcos e afundar um dos maiores mestres na arte de cantar ao vivo em um monte de filmes patetas... Valha-me Deus!

Em poucas palavras: Elvis ainda era o Rei do Rock quando subiu no palco da Bloch Arena em 1961! O show é maravilhoso da primeira a última faixa! Você pensa realmente que o Elvis dos anos 70 foi o melhor em cima de um palco? Você está precisando ouvir essas faixas meu amiguinho Bootlequeiro! Sex appeal? As garotas não param de gritar nunca! É demais, de arrepiar mesmo o show! Que Elvis dos anos 70 que nada!

Poxa! Nos anos 70 Elvis assassinou muitos de seus clássicos mas ouvir uma versão de A Fool Such As I ou All Shook Up como as que são executadas aqui não tem preço! O Arranjo de All Shook Up é igual, idêntico ao que você ouve na versão original dos anos 50! A galera bate palmas para acompanhar o ritmo, gritinhos abafando e muita alegria e descontração! Quem deseja mais do que isso?! Depois de conversar um pouquinho o Rei (Aqui "Rei do Rock" mesmo, de verdade!) dá a deixa para a introdução inigualável de A Fool Such as I, o que nos deixa sem fôlego! Elvis brinca, se diverte muito... e os Jordanaires? Estão impecáveis! Se você já está cansado de ouvir aquela velha versão dos anos 70 de I Got a Woman prepare-se! Essa fantástica faixa traz Elvis com uma energia e um alto astral fora do comum. O que mais me agrada é que essa versão é totalmente fiel à do disco Elvis Presley de 1956! Ninguém precisa de orquestra para esse tipo de música, isso meu amigo se chama Rock'n'Roll e não precisa de corneta nenhuma! Ao ouvir I Got A Woman com Elvis nesse show você vai entender o que escrevi!

Such A Night é outra que não deixa pedra sobre pedra! A melhor versão de uma música de Elvis Presley ao vivo que já ouvi! Já pensou na responsabilidade dessa afirmação? Por quê Elvis não a aproveitou em 1969 quando voltou aos palcos já que ela trazia tanta reação positiva do público? Não consigo entender isso! Os últimos momentos da faixa são mitológicos, a guitarra, a galera gritando enlouquecidamente e pra terminar de coroar o disco Elvis emplaca uma versão mais do que envenenada de Reconsider Baby, complicado é ouvir com tanta gritaria! Fantástica! Volto a afirmar: as versões de Reconsider Baby dos anos 70 são fichinha perto dessa aqui! O Solo de Boots Randolph coloca toda aquela orquestração ao estilo de Las Vegas dos anos 70 no bolso! Meu Deus, Meu Deus, por que ao invés de ir para Hollywood filmar todos aqueles abacaxis Elvis não fez uma turnê mundial nos anos 60 cantando como aqui? Meu Deus...Me dais paciência...

Algumas versões de I Need Your Love Tonight desse show que ouvimos em alguns CDs estão bem estragadas, chegando a sumir o som lá pelo meio da apresentação, mas aqui não, podemos ouvir tudo tranqüilamente. Essa versão é muito mais rápida do que aquela que você está acostumado! Ela está ritmada com um motor V8 se é que vocês me entendem! Que grupo é esse? Os caras estão de arrasar de tão bons... A primeira vez que a ouvi eu perguntei a mim mesmo: Pô! Que música é essa?! Claro que bastou alguns segundos para eu a reconhecê-la! Nota 10 é pouco! That's All Right é apresentada tal como ouvimos no compacto da Sun! Tá bom para você? Elvis se enrola, muda a ordem dos versos, mas quer saber, ninguém liga, todo mundo está gritando mesmo!

Elvis apresenta Don't Be Cruel como sua "grande gravação"! Na hora em que ele canta "Uhhhhh..." a casa vem abaixo! Me lembrei imediatamente de todas as versões inesquecíveis dele, dessa mesma canção, nos maravilhosos anos 50! Dessa fase mitológica eu não poderia deixar de citar a versão mais rocker que já ouvi de Hound Dog! Tá pensando naquelas versões ridículas dos anos 70 que duravam míseros segundos! Meu chapa você não ouviu nada! São mais de três minutos do mais puro Rock'n'Roll! A platéia enlouquece literalmente, em vários momentos nem conseguimos ouvir Elvis direito! Não é porque a qualidade de som seja tão ruim assim, mas sim porque o pessoal ia a loucura mesmo, sem essa de papo furado ao estilo Las Vegas! A empolgação aqui é jovial, de jovens, não de casais mergulhados na cafonice e laquê da cidade do pecado! Uma platéia jovem faz toda a diferença do mundo! Eu fico pasmo quando alguém me aparece pela frente e afirma que não gosta muito do estilo de Elvis nos anos 50! Tá louco rapaz?! Sai de perto de mim que de Elvis Presley você não sabe nada! Sai de perto! Lava!

Esse é o Elvis Presley que eu adoro! Esse é o Elvis Presley que eu sou fã! Nada de melancolia ou fossa eterna! A essência de Elvis Presley é essa aqui: alegria, alto astral, jovialidade, rebeldia... Elvis entrou para a história não como o cara triste que cantava músicas para "suicidas em potencial". Não, nada disso. Elvis entrou para a história como o "Rei do Rock"! O resto é papo furado de quem gosta de novela mexicana...

Infelizmente esse é o último show de Elvis até 1969! Alguém poderia me explicar como pôde acontecer um troço desses? Elvis deixou de brilhar nos palcos para estrelar coisas bizonhas e bizarras como "Harum Scarum" e "Paradise, Hawaiian Style"?! Como se conformar com algo desse tipo? Como?! Depois que Elvis se despediu dos shows ao vivo muitos disseram que ele perdeu para sempre a coroa de Rei do Rock. Uns carinhas cabeludos vindos da Inglaterra iriam desembarcar nos EUA nos anos seguintes e usurpariam o título que um dia foi dele! Só podemos lamentar mesmo ao constatar que realmente o Elvis Rocker morreu aqui nessa mesma noite em Pearl Harbor, muito provavelmente afundando para sempre ao lado do USS Arizona... Descanse em paz Elvis!

Erick Steve

Elvis Presley - Coração Rebelde

Glenn Tyler (Elvis Presley) é um jovem problemático. De temperamento explosivo ele sempre está se metendo em alguma confusão. Bom de briga, beberrão e violento, é o tipo de sujeito que não pensa duas vezes antes de se envolver em novos problemas. Após agredir violentamente um homem em um rancho ele finalmente vai parar no tribunal acusado de agressão. Para não ir para a cadeia o juiz determina que ele fique sob custódia de seu tio Rolfe (William Mims), já que seus pais estão mortos. A nova vida não parece muito promissora. Seu tio o coloca para trabalhar em sua pequena farmácia de elixir, com um salário irrisório. 

Além disso logo se cria uma tensão sexual entre Glenn e sua prima, Noreen Braxton (Tuesday Weld), uma garota desajustada, mãe adolescente que foi abandonada pelo marido com um pequeno bebê para criar. A única boa notícia em sua vida é o namoro que Glenn mantém com a doce Betty Lee Parsons (Millie Perkins). O problema é que os pais dela o odeiam por causa de seu passado tumultuado e cheio de conflitos com a lei. Para não ser preso Glenn ainda tem que passar por várias sessões de terapia com a Dra. Irene Sperry (Hope Lange) que o encoraja a voltar aos estudos o mais rapidamente possível uma vez que ele demonstra ter grande aptidão para escrever. Glenn porém se sente muito confuso em relação a Irene e logo se descobre perdidamente apaixonado por ela, apesar da diferença de idade entre eles. O improvável relacionamento acabará trazendo graves consequências para todos os envolvidos.

Como se pode perceber "Coração Rebelde" é um dramalhão. De certa forma foi o mais próximo que Elvis conseguiu chegar de seu grande ídolo do cinema, o rebelde James Dean. Seu personagem é um sujeito amargurado, hostil, com muita raiva reprimida que ele direciona de forma violenta a qualquer um que lhe cruze o caminho.  Glenn Tyler foi certamente o papel mais complexo que Elvis interpretou em sua carreira. Há longos diálogos, até alguns monólogos, onde Presley tenta transmitir alguma profundidade em seu trabalho como ator. A verdade porém é que Elvis não tinha a experiência e o preparo adequados para interpretar um personagem como esse. Ele não se sai completamente mal em cena mas de fato deixa a desejar em certas passagens, principalmente nas mais dramáticas (e como se trata de um drama são muitas as cenas nesse estilo). Curiosamente quem se sai bem melhor é a jovem atriz Tuesday Weld que interpreta sua prima no filme. Já Hope Lange apresenta um trabalho muito pesado, pouco sutil. 

Agora de bom mesmo "Coração Rebelde" apresenta uma bela produção, muito sofisticada e bem feita, com ótimos cenários, além de um roteiro realmente bem escrito, embora prejudicado em certos momentos, justamente naqueles em que Elvis surge em cena cantando (algo que soa completamente fora da característica do restante do roteiro). Por falar em músicas o cantor apresenta apenas três faixas (além da canção título que abre e fecha o filme). Nada marcante, nem muito inspirador. O filme ganharia muito sem as canções que soam bastante gratuitas e forçadas. No final das contas "Coração Rebelde" se destaca mesmo por sua carga de dramaticidade e pelo esforço de Elvis em ser levado à sério como ator. O Coronel Parker iludiu o cantor dizendo que ele venceria o Oscar por esse trabalho o que convenhamos era um absurdo completo. Obviamente a interpretação de Elvis não foi excepcional a esse ponto mas também temos que reconhecer que ficou longe, bem longe, de ser um desastre. Ao terminar de assistir ficamos com a dúvida: até onde Elvis iria se tivesse realmente tido uma chance de se desenvolver como ator dramático? Bom, essa resposta jamais saberemos.

 
Coração Rebelde (Wild in the Country, Estados Unidos, 1961) Direção: Philip Dunne / Roteiro: Clifford Odets, baseado na obra de J.R. Salamanca / Elenco: Elvis Presley, Hope Lange, Tuesday Weld,  Millie Perkins, John Ireland, Gary Lockwood, William Mims / Sinopse: Jovem rebelde (Presley) acaba escapando da prisão sob condicional. Ele terá que passar por sessões de terapia com uma psicóloga (Lange). Ao mesmo tempo precisa se decidir entre ficar com sua prima desajustada (Weld) ou sua namoradinha dos velhos tempos (Perkins).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de maio de 2005

Elvis Presley - Biografia, 1961 - Parte 4

Outubro de 1961 - Elvis começa novo filme em locação nas montanhas Idyllwild, perto de Los Angeles. O filme se chama Kid Galahad (Talhado para Campeão). Elvis resolve comprar uma residência em Los Angeles pois está cansado de ficar hospedado em hotéis. No final acaba comprando duas mansões, uma em Bel Air e outra em Belagio Road. Ele pretende se dedicar de corpo e alma a uma carreira no cinema, fazendo em média 3 filmes por ano. Ele também compra um grande ônibus. Ele pretende usar esse veículo nas próximas viagens entre Los Angeles e Memphis. Elvis tinha medo de viajar de avião nessa época de sua vida.

Outubro de 1961 - Chega aos cinemas dos Estados Unidos e Europa o filme "Feitiço Havaiano". Em pouco tempo o filme se revela um grande sucesso de bilheteria, se firmando como o maior sucesso da carreira de Elvis no cinema até então. O LP com a trilha completa atingiu rapidamente o primeiro lugar na Billboard, sendo classificado ente os mais vendidos por longos cinco meses - um recorde absoluto! Tanto a RCA Victor, gravadora de Elvis, como a Paramount Pictures, o estúdio que produziu o filme, alcançam lucros milionários com o sucesso comercial. Elvis é apontado pela revista especializada Variety como um dos dez atores mais populares em Hollywood. O filme só chegaria aos cinemas brasileiros em junho de 1962.

Novembro de 1961 - Aproveitando o sucesso de "Blue Hawaii" a RCA Victor coloca no mercado mais um single de Elvis, com as músicas "Can't Help Falling in Love" no lado A e "Rock a Hula Baby" no lado B. É o último lançamento em disco de Elvis no ano de 1961. Mesmo trazendo músicas do álbum com a trilha sonora, o compacto se torna um grande sucesso de vendas, trazendo para Elvis mais um disco de ouro pelo sucesso comercial.

Dezembro de 1961 - Depois de 4 anos e meio de relacionamento firme, Elvis acaba seu namoro com Anita Wood. Priscilla Ann Beaulieu se torna a nova namorada oficial de Elvis, apesar da distância, pois ela ainda mora com os pais na Alemanha Ocidental. Os dois ficam horas ao telefone e Elvis deseja que ela venha passar as festas de fim de ano ao seu lado em Graceland. Infelizmente as coisas não dão certo e Priscilla passa o natal na Europa. Só que Elvis não desiste e começa os planos para que ela venha para os Estados Unidos no próximo ano, em 1962.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Biografia, 1961 - Parte 3

Junho de 1961 - Chega aos cinemas o filme "Coração Rebelde" (Wild In The Country). Um ano após deixar o exército Elvis Presley deu seguimento ao seu plano de se tornar um ator respeitado em Hollywood. Depois de fazer concessões aos estúdios com "Saudades de um Pracinha (GI Blues, 1960), Elvis se sentia forte o suficiente para exigir certo controle artístico sobre sua carreira no cinema. O chefão da Fox, Darryl F. Zanuck, já havia dado carta branca a Elvis para ele escolher o roteiro que quisesse para seu próximo filme no estúdio. Então Elvis foi à caça de uma boa estória para ser filmada. Assim ele escolheu "Wild in The Country", uma adaptação de uma peça teatral que havia sido escrita para ser estrelada pelo ator Montgomery Clift. Infelizmente antes das filmagens programadas Clift sofreu um sério acidente de carro ao sair da casa de Elizabeth Taylor e teve o rosto completamente desfigurado pelo painel de seu carro. Com isso o projeto do filme foi arquivado. Ao cair nas mãos de Elvis no verão de 1960 o cantor se entusiasmou pelo roteiro e pela chance de finalmente fazer um filme com conteúdo mais dramático. Para Elvis esse filme deveria ser filmado de forma fiel à adaptação da peça teatral. O filme, apesar das músicas, é um drama e não fez muito sucesso. O público parecia preferir ver filmes de Elvis ao estilo musical.

Agosto de 1961 - A RCA Victor lança um novo single de Elvis Presley com as músicas "His Latest Flame (Marie's The Name)" e "Little Sister". Priscilla Presley contou em seu livro "Elvis & Eu" (Elvis and Me, Ed. Rocco, 1985) que pensou seriamente que Elvis estava envolvido com uma garota chamada "Marie" quando esta canção foi lançada. Isto refletia bem o pensamento juvenil da garota de 14 anos que se apaixonou por Presley em 1958 e que iria se casar com ele em 1967. Uma das boas músicas desse compacto era "Little Sister", uma composição da dupla Pomus e Schuman. A letra era, inegavelmente, bem fraquinha, porém o ritmo era ótimo, principalmente pelo arranjo de guitarra. Elvis no filme de 1970 "That's The Way It Is" (Elvis é assim, 1970) recuperou esta música em um ensaio com sua banda, nada levado à sério mas que serviu para animar o ambiente durante as gravações.

15 e 16 de outubro de 1961 - Elvis retorna para o estúdio. Viaja até Nashville, Tennessee para gravar novas músicas. A sessão é produzida por Steve Sholes e realizada no Estúdio B da RCA. A intenção é gravar material para um novo álbum e futuros singles. Elvis assim grava as seguintes faixas: For the Millionth and the Last Time, Good Luck Charm, Anything That's Part of You, I Met Her Today e Night Rider. Depois de terminada a sessão a RCA decide segurar o lançamento das músicas para o próximo ano. A sessão assim é arquivada.  

26 a 27 de outubro de 1961 - Elvis viaja para Hollywood para atuar em um novo filme. Antes disso ele precisa gravar a trilha sonora. Elvis grava nessa ocasião músicas para "Kid Galahad" (Talhado para Campeão, no Brasil), um remake de um antigo filme estrelado por Humphrey Bogart. Elvis grava nessa sessão as seguintes canções: King of the Whole Wide World, A Whistling Tune, Home Is Where the Heart Is, Riding the Rainbow, I Got Lucky, This Is Living e King of the Whole Wide World. A sessão é produzida por Jeffrey Alexander para a United Artists.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de maio de 2005

Elvis Presley - Biografia, 1961 - Parte 2

Março de 1961 - A RCA Victor lança novo single para promover o filme "Wild In The Country" (no Brasil o filme se chamou "Coração Rebelde"). O compacto simples contava com as canções "I Feel So Bad" e "Wild In The Country". "I Feel So Bad" do autor Chuck Willis trazia Elvis Presley em ritmo de Blues. Aqui ele conta com a importante contribuição de seu saxofonista titular Boots Randolph. O estilo musical conhecido como "Blues" segundo historiadores surgiu pelo talento dos escravos negros americanos nas grandes plantações de algodão do sul dos EEUU. Elvis era um garoto do Mississippi o que explica sua intimidade com este ritmo que ele ouvia no rádio desde criança. Esse single trouxe mais um disco de ouro para o Rei do Rock, se tornando Top 5 na Billboard e segundo lugar na Inglaterra nas listas dos singles mais vendidos. Porém o single britânico apresentava uma curiosidade: a ordem das músicas foi invertida.

25 e 26 de março de 1961 - Elvis viaja até Nashville, no Tennessee, para gravar novas músicas no estúdio B da RCA. Nessa ocasião ele grava as seguintes canções: Kiss Me Quick, That's Someone You Never Forget, I'm Yours, His Latest Flame e Little Sister. Steve Sholes é o produtor dessa sessão de gravação. Ele é acompanhado pelo engenheiro de som Bill Porter. Entre os músicos presentes se destacam Sotty Moore, Hank Garland (ambos na guitarra), Bob Moore (no baixo), Buddy Harman e DJ Fontana (na bateria), Floyd Cramer (no piano) e nos vocais de apoio a talentosa Millie Kirkham e os Jordanaires.

Junho de 1961 - A RCA Victor lança um novo disco de Elvis intitulado "Something For Everybody". É um álbum de músicas inéditas com mais de uma dezena de faixas. O disco se sai muito bem nas paradas de sucesso, chegando a vender milhares de cópias logo nos primeiros dias. A sonoridade surge mais voltada para a pop music, com um lado do vinil composto apenas de músicas românticas e outro de faixas mais agitadas. Nenhum single é extraído do disco na ocasião, demonstrando que a gravadora havia ficado plenamente satisfeita com o resultado comercial do disco. Curiosamente nenhuma faixa se destaca nas rádios, não havendo nenhum grande hit entre o repertório. A crítica elogia o trabalho, colocando em destaque a agradável sonoridade do álbum.

2 de julho de 1961 - Elvis marca viagem para a Flórida para as filmagens de mais uma nova produção, dessa vez pela United Artists. Antes de ir para Hollywood porém ele vai mais uma vez para Nashville para gravar a trilha sonora do novo filme que irá se chamar "Follow That Dream" (no Brasil o filme receberia o título de "Em Cada Sonho um Amor"). A produção da trilha ficou a cargo de Hans Salter. As músicas gravadas foram as seguintes: Angel, Follow That Dream, What a Wonderful Life, I'm Not the Marrying Kind, A Whistling Tune e Sound Advice. Como eram poucas músicas Elvis consegue gravar tudo em apenas uma noite. Depois dessa sessão Elvis só voltaria ao estúdio novamente em outubro daquele ano.

Pablo Aluísio.