domingo, 17 de abril de 2005

Elvis Presley - FTD Frankie and Johnny

Assim encerrando os comentários sobre o filme "Frankie and Johnny" vamos tecer breves comentários sobre o CD do selo FTD dessa trilha sonora. Originalmente foi lançado em 2004 (lá se vão dez anos, como o tempo passa rápido!!!) e talvez por essa razão não seja dos mais simples de encontrar hoje em dia (embora no mundo da internet tudo seja possível). Por essa época a FTD estava bem concentrada nas trilhas sonoras dos anos 60. Além de "Frankie and Johnny" o selo havia lançado "Fun In Acapulco", "Girl Happy", "Harum Scarum" e "Vivas Las Vegas". Todos com encartes de bom gosto, excelente direção de arte, livretos, fotos raras e revitalização sonora. Uma beleza. Outro ponto positivo é que o título vinha com muitas gravações inéditas. Credito isso ao fato de que após seu lançamento nos anos 60 ninguém mais se interessou muito por essa trilha que ficou meio de lado, esquecida. Como não havia nenhum grande sucesso e também como não tinha sido um sucesso de vendas em seu lançamento as canções foram aos poucos sendo esquecidas. Pois bem, o colecionador teve assim em mãos a trilha sonora original e mais 13 faixas completamente inéditas que pela primeira vez chegavam aos fãs. Só isso já valeria a adição do CD na coleção, mesmo que você não simpatizasse muito com a sonoridade de metais ao estilo New Orleans.

Embora recheada de coisas inéditas o CD também apresentava algumas reprises conhecidas. Os fãs já tinha tido acesso ao take 1 de "Frankie and Johnny" no CD FTD "Out In Hollywood" e ao take 10 de "Please Don't Stop Loving Me" no box "Today, Tomorrow And Forever". Para quem viveu a época houve ainda o resgate da versão do acetato de "Frankie And Johnny" que trazia a versão do filme, levemente diferente da do álbum. Fora isso tudo inédito. Pelo relativo sucesso que fez a canção "Please Don't Stop Loving Me" ganhou certo destaque com várias versões. Acho isso até justificável. Agora, complicado mesmo é entender porque deram tanta atenção para a péssima "Petunia, The Gardeners Daughter". Ouvir essa canção uma vez já é ruim, imagine várias vezes!!! Pena que não haja takes alternativos do medley "Down By The Riverside / When The Saints Go Marching In" e nem de "Beginner's Luck". Infelizmente são coisas do destino já que muito material gravado por Elvis em estúdio acabou sendo mesmo jogado fora, seja por engano, seja porque a RCA jogava mesmo na lata de lixo takes de sessões que não mais lhe interessavam comercialmente. Tudo bem, de uma forma ou outra o que sobrou já vale bastante a pena. Resgata uma trilha que o tempo esqueceu. Só isso já justifica completamente o lançamento desses registros fonográficos.

FTD Frankie and Johnny
1. Frankie And Johnny
2. Come Along
3. Petunia, The Gardeners Daughter
4. Chesay
5. What Every Woman Lives For
6. Look Out, Broadway
7. Beginner's Luck
8. Down By The Riverside / When The Saints Go Marching In
9. Shout It Out
10. Hard Luck
11. Please Don't Stop Loving Me
12. Everybody Come Aboard
13. Frankie And Johnny (take 1)
14. Please Don't Stop Loving Me (take 10)
15. Everybody Come Aboard (takes 1, 2)
16. Chesay (take 1)
17. Petunia, The Gardeners Daughter (take 2)
18. Look Out, Broadway (takes 3, 4, 5)
19. Please Don't Stop Loving Me (takes 1, 2, 3)
20. Shout It Out (takes 1, 2, 3)
21. Everybody Come Aboard (takes 9, 10)
22. Chesay (takes 3, 6)
23. Look Out, Broadway (takes 6, 7, 8)
24. Petunia, The Gardeners Daughter (take 5)
25. Please Don't Stop Loving Me (take 7)
26. Frankie And Johnny (takes 3, 4)
27. Frankie And Johnny (Versão do filme - acetato)

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de abril de 2005

Elvis Presley - Frankie and Johnny / Please Don't Stop Loving Me

Nos bastidores da RCA Victor houve uma certa polêmica se haveria o lançamento de algum single extraído da trilha sonora do filme "Frankie and Johnny". Na verdade se temia por um prejuízo financeiro. Afinal os últimos filmes de Elvis não tiveram singles lançados e os que chegaram no mercado ficaram pegando poeira nas prateleiras. Os péssimos números de vendas desanimavam os executivos da RCA. Era mesmo pouco provável que alguém se aventurasse a colocar no mercado algum single com o cantor. Por outro lado a RCA não tinha certeza se o resto do material iria fazer sucesso pois os arranjos de época certamente não tinham força para competir com os grupos de rock da moda. Era algo meio ao estilo Dixieland, jazz e outras sonoridades que dificilmente iriam fazer bonito nas paradas de sucesso. Os hippies não iriam se ligar naquela caretice de cornetas antigas! Talvez no sul, lá pelas bandas de New Orleans, o público se animasse a adquirir o álbum, mas em regiões mais desenvolvidas como Nova Iorque e Los Angeles isso provavelmente não iria se tornar um sucesso de vendas. Era algo até previsível. Assim na via das dúvidas, procurando faturar um pouquinho mais com essas gravações, a RCA lançou, sem divulgação nenhuma, diga-se de passagem, o single com "Frankie and Johnny / Please Don't Stop Loving Me".

As primeiras resenhas dos críticos não foram lá muito animadoras mas pelo menos não debocharam da qualidade do disco. Havia ali um produto que era nitidamente bem trabalhado, com arranjos de metais em uma clara tentativa de melhor a qualidade das gravações de Elvis que chegavam ao mercado. É claro que não iriam disputar cabeça a cabeça as primeiras posições com os grupos psicodélicos que começavam a surgir vindos da ensolarada Califórnia, mas pelo menos tinham um certo pedigree. Passava longe de ser um material de dar vergonha. Curiosamente um articulista de Londres chegou a dizer que as músicas não era puro sangue, de raça, mas pelo menos não eram pangarés como os que Elvis estava acostumado a colocar no mercado nos últimos anos. O álbum com a trilha sonora de "Frankie and Johnny" de fato vendeu bem pouco, mas esse single conseguiu chegar num bom número de cópias vendidas, chegando ao ponto de ganhar um disco de ouro, algo que vinha rareando cada vez mais na carreira de Elvis Presley. Agora o terrível mesmo é saber que Elvis só voltaria a ser premiado com um disco de ouro novamente por um single com "If I Can dream / Edge of Reality" no final de 1968, ou seja, ele ficaria amargando por longo tempo um jejum de boas vendas, colecionando vendas medíocres nos meses que viriam. A má qualidade do material gravado para as trilhas de filmes de Hollywood iria cobrar um preço bem caro - a do fracasso comercial em série de seus discos.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - FTD Tickle Me

Eu sinceramente cheguei a pensar que "Tickle Me" jamais seria explorado pelo selo FTD. Afinal de contas é uma trilha falsa, feita de remendos, uma colcha de retalhos sonora. Acrescente-se a isso o fato de que muitas das músicas já tinham sido utilizadas em outros títulos da própria coleção Follow That Dream. Diante disso para que lançar algo a mais sobre esse filme? Bom, isso era o que a maioria dos fãs pensavam mas eis que de repente Ernst Jorgensen vem a anuncia esse lançamento. O curioso é que não contente vai mais além e joga na seleção musical do CD um monte de músicas que não tinham nada a ver com o filme. Salada geral! Assim do ponto de vista puramente técnico esse é de fato um dos mais fracos já lançados do selo. Até a direção de arte e o encarte interno achei desprovidos de maior interesse. Em uma coleção onde tudo parece ser de tão bom gosto esse título certamente fica abaixo da média nos principais quesitos de avaliação. É aquele tipo de CD que você só vai querer comprar se for muito preciosista, aquele tipo de colecionador que não admite nenhum buraco na coleção. Fora isso - me referindo agora às pessoas "normais" (sic) - não adianta mesmo adquirir.

Além da falta de critério o CD também não traz maiores novidades em relação aos takes alternativos. Basta pesquisar um pouquinho para ver que grande parte do material já tinha sido lançada antes em CDs como "Long Lonely Highway", "Such A Night, Essential Elvis Vol. 6" e "Fame And Fortune". De inédito mesmo não há praticamente nada, a não ser que você ache que ouvir gravações masters dos LPs de vinil seja uma grande novidade! Para não dizer que não há nenhum material inédito entre as faixas gostaria de dizer que nunca tinha ouvido "Allied Artists' Radio Trailer", um material promocional usado nas rádios americanas para promover o filme nas cidades onde ele estava em cartaz. O Ernst encontrou esse raro material por acaso e resolveu incluir no CD. Tudo bem, é curioso e tudo mais, porém não compensa a compra de tudo apenas para ouvir esses poucos minutos de um material até interessante, mas nada indispensável. No fritar dos ovos "FTD Tickle Me" é tão desnecessário quanto o próprio filme e a fake trilha sonora lançada na época. Pode dispensar sem maiores problemas. 

Elvis Presley - FTD Tickle Me
1. I Feel That I've Known You Forever
2. Slowly But Surely
3. Night Rider
4. Put The Blame On Me
5. Dirty, Dirty Feeling
6. It Feels So Right
7. (Such An) Easy Question
8. Long Lonely Highway
9. I'm Yours
10. Something Blue
11. Make Me Know It
12. Just For Old Time Sake
13. Gonna Get Back Home Somehow
14. There's Always Me
15. Allied Artists' Radio Trailer (versão 1)
16. Slowly But Surely (take 1)
17. It Feels So Right (take 2)
18. I'm Yours (LP master)
19. Long Lonely Highway (LP master)
20. I Feel That I've Known You Forever (take 3)
21. Night Rider (take 5)
22. Dirty, Dirty Feeling (take 1)
23. Put The Blame On Me (takes 1, 2)
24. (Such An) Easy Question (takes 1, 2)
25. Allied Artists' Radio Trailer (versão 2)

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de abril de 2005

Elvis Presley - Tickle Me

Do ponto de vista do produto é algo bem medíocre transformar uma coletânea de músicas aleatórias em uma trilha sonora, ainda mais em se tratando de Elvis Presley nos anos 1960 quando a única coisa relevante em sua carreira parecia se resumir nas canções inéditas de seus filmes, por piores que fossem. A pilantragem que parecia comandar as carreira do astro por essa época porém parecia não ter limites. Assim ao invés de gastar na gravação de uma nova trilha para o filme B (ou seria Z?) "Tickle Me" resolveu-se simplesmente aproveitar velhas gravações que já tinham sido lançadas muitos anos antes. Para Parker isso era uma maravilha pois nenhum tostão seria gasto e sua filosofia de "vender duas vezes a mesma coisa" voltava com tudo na carreira do cambaleado Elvis Presley.

Foram atitudes como essa que foram minando Elvis ao longo dos anos 60. Ele deixou de ser um artista relevante, um cantor respeitado, um produtor de sucessos, para virar um boneco na mão de pessoas que queriam lucrar muito com sua fama. O fãs? Um mero detalhe para gente como Tom Parker. O Coronel costumava dizer que "qualquer coisa que tenha o nome Elvis vende", ou seja, indiretamente chamou todos os fãs do cantor de bobocas pois afinal de contas eles comprariam qualquer coisa, mesmo que fossem figurinhas repetidas. Para Parker o fã de Elvis era um presente, uma pessoa que se poderia tapear por anos a fio.

Assim chegou ao mercado esse EP. Supostamente trazia a "nova" trilha sonora do novo filme de Elvis Presley. A trilha porém de nova não tinha nada, era uma colcha de retalhos barata e o filme... bom, todo já sabe, "Tickle Me" era aquele tipo de produção que não iria trazer nada para a carreira dele, nem do ponto de vista da indústria fonográfica e nem muito menos em relação ao cinema em si. Por falar em Hollywood o pior para Elvis aconteceu justamente por esses tempos. Os produtores dos estúdios entenderam que o nicho "filmes trash" era uma boa opção para comercializar os filmes do cantor. Afinal de contas se até o empresário dele dizia que qualquer coisa com Elvis vendia, para que iriam se esforçar em produzir algo bom? A ideia era colocar Presley para cantar uma meia dúzia de canções, em roteiros bobocas, atrizes de segunda categoria e orçamentos mínimos. Coisas como figurinos, cenários, etc, poderiam ser aproveitados de outros filmes. Quem iria ligar?

O filme inclusive foi programado para fazer sessão dupla com outros filmes trashs da época, produções obtusas com monstros de borracha e cidades de papelão sendo destruídas. Que pena, imaginar que Elvis havia sido comparado nos anos 50 com James Dean e agora amargar um destino desses...

Não adianta muito comentar sobre cada canção em si pois eram pratos requentados. Algumas são excelentes músicas, pinceladas de álbuns clássicos como "Something For Everybody" e "Elvis is Back!" e até bonus songs de outras trilhas sonoras cujos direitos autorais eram baratinhos e que Parker resolveu enfiar aqui. Um descalabro com os admiradores de Presley. As cenas em que Elvis as apresentou no filme também passavam longe de serem relevantes. Novamente o astro aparecia com cara de entediado, sem muita empolgação, de vez em quando dando seu sorrisinho torto para disfarçar o clima de constrangimento geral. Ele nem mais se importava em fingir melhor que estava tocando seu violão e quando o fazia a coisa era desastrosa - muitas vezes o violão surgia em cena com som de guitarra elétrica!!! E lá ia o ex- Rei do Rock fugindo de sujeitos mal encarados usando máscaras de lobisomens, dessas que você encontra em qualquer parque de diversões por alguns trocados.

Agora interessante chamar a atenção para o fato de que esse compacto duplo foi um tremendo fracasso de vendas. Não vendeu nada. Na Inglaterra nem chegou a ser classificado, tamanho o fracasso comercial. Nos Estados Unidos só conseguiu chegar no máximo ao lugar de número 70 na classificação geral dos mais vendidos. Até discos com piadas sujas vendiam mais do que isso. Bandas de garagem com canções escrachadas conseguiam vender mais do que Elvis por essa época, provando que Parker estava bem equivocado ao dizer que os fãs de Elvis eram idiotas e compravam qualquer coisa - não compravam, isso é o que esses números provam! Ser fã de Elvis por essa época deve ter sido horrível... ter que engolir tanta mediocridade em nome de uma paixão, não é coisa para os fracos, definitivamente.

Tickle Me (1965)
I Feel That I've Know You Forever
Slowly But Surely
Night Rider
Put Blame On Me
Dirty, Dirty Feeling
 
Elvis Presley - Tickle Me (1965) - Elvis Presley (vocais) / The Jordanaires, Millie Kirkham (backing vocals) / Boots Randolph (sax) / Scotty Moore, Hank Garland, Harold Bradley, Grady Martin, Jerry Kennedy (guitarras) / Floyd Cramer (piano) / Bob Moore (baixo) / D. J. Fontana, Buddy Harman (bateria) / Data de Lançamento: junho de 1965.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - FTD Harum Scarum

Então chegamos em mais um título desse selo FTD (Follow That Dream). Como já disse várias vezes a trilha sonora dessa projeto é imensamente superior às qualidades cinematográficas do filme, que verdadeiramente é um horror (no sentido ruim da palavra mesmo). Pois bem, levando em frente o objetivo de trazer um FTD para cada álbum lançado por Elvis em sua carreira, os produtores resgataram um grande número de gravações que permaneciam inéditas nos arquivos da RCA. No total são doze registros que chegaram pela primeira vez ao mercado - um bom número se comparado com outros CDs dessa série. Como acontece com todos os FTDs de álbuns clássicos podemos separar as canções em dois lotes principais. No primeiro temos as faixas oficiais que fizeram parte do álbum original lançado na época. Em relação a essas gravações repito: não ficaram muito bem tratadas. Se o fã quiser ter acesso ao melhor tratamento sonoro desse tipo de trilha deve procurar por outra série da RCA lançada nos anos 90 chamada "Double Features". Em termos de CD não há nada melhor do que aquela sonoridade que é um primor. Não sei a razão mas as faixas das trilhas dos anos 60 que foram lançadas pelo selo FTD de uma maneira em geral (existem exceções obviamente) soam metalizadas e sem vida. Isso não acontece na linha "Double Features" onde as músicas tem mais profundidade e melhor balanceamento.

Dito isso vamos agora para a segunda parte do CD (e a mais importante). Aqui se encontram os takes alternativos, os takes da sessão que foram descartadas por um motivo ou outro, mas que felizmente sobreviveram. Duas faixas já tinham sido lançadas antes no mercado. A faixa 12, o take 7 da canção "My Desert Serenade", já fora lançada anteriormente no box "Today, Tomorrow And Forever". Essa caixa é simplesmente genial e muito diversificada, se ainda não conhece corra para adquirir. Já os dois takes (de números 1 e 2) de "Hey Little Girl" também já tinham feito parte da seleção de outro FTD, denominado "Out In Hollywood". Esse é um FTD mais genérico, com faixas de vários filmes, que merece uma audição por sua bela qualidade sonora - além de uma bonita capa, fruto de caprichada direção de arte. Pronto, a partir daí o ouvinte é presenteado aqui no FTD "Harum Scarum" apenas com gravações inéditas, algumas em excelente estado do ponto de vista sonoro e outras mais ou menos. No geral muitos desses takes foram descartados por falhas mínimas de Elvis (uma nota fora do tom aqui, outro verso cantado no momento errado acolá, etc). Elvis até se mostra mais sóbrio do que em outras gravações de trilhas sonoras o que confirma o fato dele ter levado bem à sério esse projeto (antes de cair na real durante as filmagens onde finalmente descobriu o abacaxi que o filme iria virar). A qualidade dessa segunda parte do CD é muito boa e para completar a coleção o CD se torna item essencial. Aproveite!

FTD Harum Scarum
1. Harem Holiday
2. My Desert Serenade
3. Go East Young Man
4. Mirage
5. Kismet
6. Shake That Tambourine
7. Hey Little Girl
8. Golden Coins
9. So Close, Yet So Far (From Paradise)
10. Animal Instinct
11. Wisdom Of The Ages
12. My Desert Serenade (Take 7)
13. Hey Little Girl (Takes 1, 2)
14. Shake That Tambourine (Takes 7, 8)
15. Golden Coins (Takes 3, 4)
16. Kismet (Takes 1, 2)
17. Animal Instinct (Takes 1, 3, 4)
18. So Close, Yet So Far (From Paradise) (Take 1)
19. Shake That Tambourine (Takes 10, 16)
20. Hey Little Girl (Take 3)
21. My Desert Serenade (Takes 2, 3)
22. Golden Coins (Takes 7, 8)
23. Harem Holiday (Takes 1, 2)
24. Wisdom Of The Ages (Take 3)
25. Shake That Tambourine (Takes 18, 19, 20, 21)

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de abril de 2005

Elvis Presley - FTD Girl Happy

Durante muitos anos pensou-se equivocadamente que a linha instrumental dessa trilha sonora havia sido gravada previamente, com apenas Elvis no estúdio, ouvindo tudo pelos fones e apenas colocando sua voz posteriormente. Pois bem, todos estavam errados. Como se pode perceber aqui Elvis a gravou no velho estilo, ao lado da banda em estúdio. Não que isso fosse favorecer alguma coisa na qualidade do material mas pelo menos trazia algum calor humano e artístico a um produto acético por definição. No geral as sessões sobreviveram parcialmente (não sei como) e foram lançadas aqui nesse título do selo FTD. Já conhecemos as versões oficiais então vamos partir logo para os takes alternativos. Curiosamente alguns takes que foram rejeitados por algumas pequenas falhas são melhores do que as versões originais. Um exemplo é o take 9 de "The Meanest Girl In Town", sim, cheio de falhas, mas com Elvis mais vigoroso em sua perfomance. O take 4 de "Spring Fever" também surpreende. Banda afinada em ótimo entrosamento com Elvis. Um take quase perfeito, mas que foi jogado no lixo porque Elvis passou batido na última linha, que pena! Já "Do Not Disturb" tinha uma letra tão imbecil que Elvis perdeu a paciência dentro do estúdio - ele tenta em vários takes e nada dá certo. Entre risadas de escárnio, falhas e piadinhas, a banda e Elvis tenta acertar mas a coisa simplesmente não vai em frente.

O take cru de número 6 de "Cross My Heart And Hope To Die" já era bem conhecido dos fãs pois havia sido lançado antes no FTD Out In Hollywood. Praticamente perfeito com uma maior presença dos Jordanaires no vocal de apoio. No finalzinho o grupo perde a linha e Elvis descarta a versão. Os primeiros takes de "Girl Happy" são surpreendemente diferentes da versão oficial que conhecemos. Ritmo mais lento e Elvis tentando se encontrar. No take 1 ele se perde totalmente na sincronia - chega a ser divertido. Esses takes são interessantes certamente mas não possuem pique suficiente - o que não falta na versão que foi para o disco original. Talvez por isso Elvis tenha desistido dela antes do final. O take 10 de "Puppet On A String" é ótimo. Já tinha sido lançado antes no ótimo box "Today, Tomorrow And Forever". Para quem gosta da canção é um prato cheio. "Cross My Heart And Hope To Die" ainda surge com mais três takes, sem maiores novidades. Finalmente o CD vai se encerrando com o Take 13 de "Girl Happy" que foi aproveitada em partes na master. Infelizmente nem todas as músicas da trilha tiveram takes alternativos arquivados. Algumas fitas foram simplesmente jogadas fora ou por erro ou por algum tipo de limpeza estúpida feita nos estúdios da RCA. Sinceramente, depois de ouvir tudo fiquei com pena de não haver versões alternativas de "Startin' Tonight", "Wolf Call" (queria ver a reação de Elvis ao ter que acertar essa pérola trash no estúdio!) e "Do The Clam" (outro que deve ter sido muito complicado para Presley acertar, por causa de sua falta de qualidade musical e letra estúpida). Afinal acertar a música do molusco não deve ter sido nada fácil (vamos rir para não chorar!).

FTD Girl Happy
1. Girl Happy
2. Spring Fever
3. Fort Lauderdale Chamber Of Commerce
4. Startin' Tonight
5. Wolf Call
6. Do Not Disturb
7. Cross My Heart And Hope To Die
8. The Meanest Girl In Town
9. Do The Clam
10. Puppet On A String
11. I've Got To Find My Baby
12. You'll Be Gone
13. Puppet On A String (Takes 5, 6, 7)
14. The Meanest Girl In Town (Takes 7, 8, 9)
15. Spring Fever (Take 4)
16. Do Not Disturb (Takes 24, 25, 26, 27)
17. Cross My Heart And Hope To Die (Take 6)
18. Girl Happy (Takes 1, 2, 3, 4)
19. Puppet On A String (Take 10)
20. Spring Fever (Takes 18, 19, 21)
21. The Meanest Girl In Town (Take 11)
22. Do Not Disturb (Take 35)
23. Cross My Heart And Hope To Die (Takes 9, 10, 11)
24. Girl Happy (Take 13)

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Crying In The Chapel / I Believe in The Man In the Sky

No meio de tantas abobrinhas que eram lançadas dentro da discografia de Elvis por essa época surgiu um single redentor (literalmente falando). Em abril de 1965 pintou nas lojas o single "Crying In The Chapel / I Believe in The Man In the Sky". No começo ninguém deu muita bola até um jornalista do New York Times escrever sobre o single em sua coluna dominical. Ele chamava a atenção para a excelente versão de Elvis para o hino gospel  "Crying In The Chapel". Os elogios eram mais do que merecidos. Com vocalização sóbria mas transportante de emoção, sentimento e fé, Elvis vinha mais uma vez provar que não importava o lixo que lhe era imposto por estúdios de cinema e gravadoras, o talento único dele ainda estava lá, vivo! Após a crítica descobrir a sua intensa qualidade musical os fãs começaram a prestigiar e assim Elvis conseguia seu primeiro sucesso nas paradas no ano.

Ele se tornou o single de Elvis de maior sucesso em 1965. Isso demonstrava a grave crise artística a que Elvis Presley passava. Foi preciso ressuscitar uma velha canção gospel gravada no começo da década para que um single dele chegasse novamente a atingir o Top 5 nos EUA e o primeiro lugar na Inglaterra. Enquanto esse single fazia sucesso, suas trilhas sonoras começavam a passar dificuldades para conseguir classificação no Top 10 da Billboard. Crying in The Chapel foi escrita por Artie Glenn em 1953 com apenas 16 anos de idade. Chegou ao primeiro lugar nas paradas R&B com o obscuro grupo Sonny Till and the Orioles. Em 1953 esta música explodiu nas paradas nas vozes de Rex Allen e June Valli. A versão de Elvis foi gravada em 1960. Não se sabe bem a razão mas a RCA Victor resolveu arquivar essa preciosidade por longos cinco anos! Vai entender a cabeça desses executivos. No lado B o single apresentava a reprise "I believe in the man in the Sky" (canção do disco "His Hand In Mine"). O resultado? Disco de ouro tanto nos EUA quanto na Inglaterra. Para quem vinha colecionado problemas em sua carreira era certamente uma excelente notícia.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de abril de 2005

Elvis Presley - Do The Clam / You ll Be Gone

Em fevereiro de 1965 chegou nas lojas o novo single de Elvis Presley, "Do The Clam / You ll Be Gone". O lado A tentava promover inutilmente uma nova dança, "The Clam" ("O Molusco"), uma ideia sem noção de alguém na RCA que não tinha mais o que fazer. Perceba que até mesmo essa coisa de danças de modinha já estavam por fora em 1965. O Twist, a primeira de todas elas, tinha sido lançada muitos anos antes e ninguém mais estava interessado nesse tipo de bobagem. Então qual era o objetivo de colocar Elvis promovendo uma coisa boboca como essa? A gravadora investiu bastante em marketing e promoção mas foi em vão. O single vendeu poucas cópias e ficou pegando poeira nas lojas de discos, chegando no máximo a um desolador 21º lugar na parada de singles. Elvis que já não vinha conseguindo chegar no Top 10 agora tinha que lidar com mais esse vexame, ficando fora do Top 20, coisa que muitos artistas novatos conseguiam com seus primeiros singles. E ele, que havia sido o cantor número 1 dos Estados Unidos, ficava amargando posições desanimadoras nas listas dos mais vendidos. Também pudera, tentar vender uma canção convidando os ouvintes e dançarem "o Molusco" era um pouco demais não é mesmo?

Se o lado A do single era uma bobagem sem tamanho, com letra estúpida e gravação ruim, o lado B já trazia algo mais animador. "You'll Be Gone". Essa faixa não fazia parte das sessões de gravação da trilha sonora de "Girl Happy", pois tinha sido gravada em março de 1962 nas mesmas sessões que deram origem ao disco "Por Luck". Na ocasião os executivos da RCA entenderam que o álbum já tinha músicas demais então resolveram arquivar a canção para algum lançamento futuro. Três anos depois apareceu a ocasião perfeita (pelo menos na cabeça deles). A trilha de "Girl Happy" necessitava de alguma bonus song, então resolveram finalmente lançar a música, infelizmente como uma autêntica "tapa buraco" na discografia de Elvis. É uma boa canção, escrita por Elvis, Charlie Hodge e Red West, o que causa uma certa surpresa, pois o ritmo é bem ao estilo latino, com Elvis empostando a voz em grande interpretação. Apesar de sua inegável qualidade sonora foi, como todos já sabemos, desperdiçada como uma musiquinha qualquer na trilha sonora de "Girl Happy" e por isso totalmente subestimada, aliás como muitas outras músicas de Elvis que foram simplesmente jogadas em certas trilhas sem nenhum critério, ficando em pouco tempo esquecidas e perdidas dentro da bagunçada discografia do cantor nos anos 60. Uma pena.

Pablo Aluísio.