sábado, 26 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - A Little Less Conversation / Almost In Love

Como a RCA Victor já não tinha a menor disposição de lançar novas trilhas sonoras de filmes de Elvis em formato de álbuns depois do fracasso de vendas de "Speedway" suas novas músicas vindas de Hollywood começaram a ser lançadas em singles simples, sem muitos gastos ou divulgação. Um executivo da gravadora chegou ao ponto de chamar esse tipo de compacto de "kamikaze", ou seja, lançado de qualquer jeito, o que viesse era lucro. Assim a RCA colocou no mercado o single "A Little Less Conversation / Almost In Love". Foi um single que vendeu pouco, ganhou modestas críticas nas principais revistas de música nos Estados Unidos e de maneira em geral não chamou muito a atenção. Por essa época todos já estavam cansados dos filmes de Elvis e até mesmo seus fãs mais fiéis já tinham desistido de defender produtos como esse. Todos queriam que Elvis voltasse a ser um cantor e não um ator frustrado que colecionava filmes ruins, um atrás do outro. Além disso "Live a Little, Love a Little", seu novo filme, não era muito melhor do que os abacaxis anteriores que tinham sido lançados. Quando as filmagens terminaram o próprio Elvis criticou o filme afirmando que interpretava um papel idiota de um fotógrafo que tinha um enorme cachorro, enquanto namorava e andava de buggy na praia. Não era Shakespeare e nem tinha muito valor artístico. O cenário era realmente desanimador.

A história porém muitas vezes tem seus caprichos. O que foi ignorado no passado geralmente pode ter uma segunda chance no futuro. Foi o que aconteceu. A música passou em brancas nuvens na época de seu lançamento original, mas hoje em dia é uma das mais conhecidas do repertório de Elvis. Como isso foi possível? A metamorfose de um fracasso do passado em um sucesso do futuro se deu porque a canção foi relançada como remix de sucesso há alguns anos. O DJ Junkie XL pegou a gravação original de Elvis, a refez em estúdio usando a moderna tecnologia, acrescentou uma batida atual e a canção se tornou um sucesso mundial. Um single que havia vendido poucas cópias em 1968 acabou vendendo milhões de singles em 2002 (no total o single remix vendeu nove milhões de cópias!!!). E foi além.... a música ocupou o primeiro lugar em todas as importantes paradas de sucesso ao redor do mundo, de Londres a Nova Iorque. Um mega hit. Coisas assim nos fazem pensar sobre a real qualidade até mesmo do material que Elvis vinha gravando para todos aqueles filmes. Era ruins mesmo, de fato, ou simplesmente eram mal lançados e trabalhados por sua gravadora? Uma questão que ganha cada vez mais pertinência com o passar dos anos. O lado B do single, "Almost In Love", também merece alguns comentários, principalmente para os brasileiros. A música, uma simpática bossa nova, foi escrita por um brasileiro, Luís Bonfá, sendo a primeira e única canção composta por um brasileiro gravada por Elvis Presley. Quem poderia dizer que um single tão mal lançado, verdadeiro fracasso de vendas em seu lançamento original, poderia trazer tantas coisas interessantes?

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Suspicious Minds / You'll Think Of Me

Nenhum single lançado por Elvis na década de 1960 foi mais importante do que esse. "Suspicious Minds / You'll Think Of Me" chegou nas lojas americanas em agosto de 1969 e pela primeira vez em sete anos Elvis retornava ao primeiro lugar da parada de singles da Billboard. Já imaginou o tamanho da crise que Elvis vinha enfrentando em sua carreira? Ele não chegava no Top 1 desde "Good Luck Charm" em 1962! Era algo espantoso! O que levou um dos maiores vendedores de discos da história a passar por tantos anos de vacas magras? A resposta é que as trilhas sonoras de Hollywood gravadas por Elvis não tinham força suficiente para competir no mercado com grupos de extremo apelo popular como os Beatles ou os Rolling Stones. Em razão disso Elvis foi ficando para escanteio durante a maior parte dos anos 60, sendo superado sistematicamente por artistas mais jovens e mais antenados com a juventude Flower Power que existia naqueles tempos. Apenas quando Elvis finalmente resolveu deixar os filmes de lado e retomar sua carreira musical é que ele começou a ser notado novamente por toda uma nova geração de fãs. Além disso o single anterior, "In The Guetto", havia criado uma boa receptividade entre radialistas mais jovens que mal conheciam a música de Elvis. Aquela temática sobre problemas raciais trouxe de novo uma boa vontade por parte desses profissionais em relações ao cantor. Até então ele era visto apenas como um velho ídolo, que ficava cantando músicas ruins em filmes igualmente ruins de Hollywood.

A qualidade do single também ajudou muito. Em determinado momento a RCA Victor passou a entender que lançar singles com músicas de filmes não estava mais dando certo. Os singles geralmente fracassavam. Com a gravação de farto material no American Studios de Memphis a gravadora finalmente começou a contar novamente com material relevante, com qualidade suficiente para disputar a primeira posição nas paradas. "Suspicious Minds" assim veio para finalmente consolidar esses novos rumos que Elvis começava a trilhar em sua carreira. O compacto vendeu milhões de cópias e se tornou um sucesso internacional, alcançando maravilhosas vendagens na Europa inclusive. Pela primeira vez em anos o ouvinte podia ligar o rádio e ouvir uma canção de Elvis Presley fazendo sucesso novamente. A música também serviu para apresentar uma nova geração de compositores dentro da carreira do cantor, como Mark James. Ele inclusive seria responsável por outros momentos marcantes na vida de Elvis nos anos seguintes como "Always On My Mind" "Raised On Rock" e "Moody Blue". Novas sonoridades, novas letras, enfim, renovação musical - era tudo o que andava faltando para Presley em suas estagnadas trilhas de Hollywood. James explicaria anos depois que havia criado "Suspicious Minds" inspirado em uma namorada californiana com quem tinha se relacionado meses antes. Embora ela posasse de garota moderna, meio hippie, adepta do amor livre, tinha um ciúme doentio do namorado. Um ciúme que ela definitivamente não conseguia controlar. Nada mais adequado para Elvis finalmente levantar sua cambaleante discografia novamente, a tornando comercialmente bem sucedida, algo que ele andava precisando muito naquele final de década.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Follow That Dream

Começa a maratona de filmes na carreira de Elvis. Em pouco tempo ele estaria deixando de lado completamente a gravação de discos convencionais de estúdio, independentes de Hollywood, para se concentrar única e exclusivamente em trilhas sonoras de suas produções para o cinema. Assim em julho de 1961 Elvis entrava no RCA Studio B em Nashville, Tennessee, para a gravação de mais músicas para seu filme que seria rodado na Flórida com o título de "Follow That Dream" (Em Cada Sonho um Amor, no Brasil). A produção musical seria de Hans Salter, uma vez que Elvis estaria trabalhando para um novo estúdio, a United Artists.

O interessante é que Elvis conseguiu terminar a gravação das músicas de maneira muito rápida, mostrando mais uma vez como era eficiente em suas sessões de gravação. O sistema continuava o mesmo. Elvis ouvia a música algumas vezes em uma versão pré-gravada em fitas de demonstração (fitas demo). Após memorizar a faixa os equipamentos eram ligados e Elvis corria atrás do take master. Ele não tinha mudado em nada seu método de trabalho mesmo após todos aqueles anos.

A RCA Victor aproveitou apenas parte das músicas gravadas. A gravadora decidiu que não iria lançar um álbum completo, um LP, como havia acontecido com trilhas anteriores como "GI Blues" (Saudade de um Pracinha) ou "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano). Ao contrário disso os executivos da gravadora de Nova Iorque decidiram que o lançamento de um EP (compacto duplo) já estava de bom tamanho. O preço de um EP geralmente era o dobro de um Single (compacto simples, com apenas 2 canções). Então o formato ideal escolhido foi justamente esse.

Quatro músicas foram escolhidas para fazer parte do EP. Elas foram selecionadas e colocadas na seguinte ordem: no lado A a RCA colocou as faixas "Follow That Dream" (Fred Wise / Ben Weisman) e "Angel" (Roy C. Bennett / Sid Tepper). No lado B o EP apresentava as canções "What a Wonderful Life" (Sid Wayne / Jerry Livingston) e "I'm Not the Marrying Kind" (Sherman Edwards / Mack David). A música "A Whistling Tune" ficou de fora, sendo arquivada. A boa "Sound Advice" também teve o mesmo destino e só seria lançada anos depois no álbum "Elvis For Everyone".

"Follow That Dream" foi a música tema do filme. Uma canção de certa forma até agradável de se ouvir em sua divertida melodia, mas pouco relevante se formos comparar com temas de filmes de Elvis do passado. Nem vou aqui colocar músicas como "Jailhouse Rock", "King Creole" ou "Love Me Tender" porque seria covardia. Mesmo em comparação com "GI Blues" ou "Blue Hawaii", dois temas dos anos 60, ela se mostrava bem fraquinha. Na verdade mostrava bem que as trilhas sonoras de Elvis iriam por um lado bem mais inofensivo, seguindo uma linha pop romântica sem maiores pretensões. No geral ainda vale pela boa performance do grupo The Jordanaires, aqui mostrando sua importância dentro da musicalidade de Elvis nessa fase.

A boa notícia para Elvis e banda na gravação dessa canção foi que sua finalização foi relativamente simples e sem problemas. Após apenas seis takes eles chegaram na versão definitiva, no take ideal. De maneira em geral essa faixa tema seria uma prévia do que seria o conjunto de músicas desse filme. Nada muito marcante, nada muito relevante. Apenas boas músicas inseridas ali dentro de um pop romântico jovem. Desde o começo dos anos 60 esse tipo de som dominava as paradas musicais da época. Elvis apenas foi na onda.

"Angel" segue nesse mesmo caminho. De certa forma essa música era uma faixa igualmente muito pueril e açucarada além do ponto, até mesmo para os padrões da primeira metade dos anos 60, recriando de forma bastante clara os arranjos de discos de cantores adolescentes ao estilo Frankie Avalon ou até mesmo Sandra Dee. E pensar que em seu livro Priscilla havia sugerido a Elvis usar o corte de cabelo de Ricky Nelson, outro ídolo teen dessa safra. A coisa pegou mal e Elvis viu a sugestão quase como uma ofensa, já que ele considerava todos esses artistas como meros imitadores de seu próprio estilo pessoal.

De uma maneira ou outra até que "Angel" apresentava uma vocalização bonita, fruto de sua melodia romântica juvenil. Entretanto devo dizer também que sempre tive a impressão de que algo deu errado dentro do estúdio, no momento de registrar a música em tape. O fato é que esse possível erro acabou deixando a master com um som abafado demais. Certa vez li uma observação que achei coerente. Dizia que parecia que Elvis estava cantando dentro de um poço muito fundo! Mesmo assim a RCA resolveu aproveitar e ela entrou no EP (compacto duplo) com o resto da trilha sonora do filme.  

"What a Wonderful Life" e "I'm Not the Marrying Kind" seguiam o mesmo padrão das demais canções da trilha, ou seja, um pop alegre, com arranjos bem executados e letras inofensivas. "I'm Not the Marrying Kind" foi escrita porque fazia poucos meses que Elvis havia sido eleito o "Solteiro mais cobiçado da América" pela revista People. Jovem, rico e bem sucedido ele realmente passava a imagem de um sujeito que queria distância de casamentos. Eu acho a música até interessante, mas a letra a força a ir por um caminho na melodia que em algumas partes soa até esquisito. O excesso da palavra "What" na letra também nunca me pareceu uma boa opção. De qualquer forma o recado foi dado, ele não era o tipo de cara para se casar.

Elvis Presley tinha uma intuição musical maravilhosa e sabia bem o que tinha ou não qualidade, o que poderia virar um sucesso ou não. Infelizmente no que diz respeito às suas trilhas sonoras o pacote vinha realmente fechado, sem possibilidade de Elvis escolher as canções que gravaria. Assim estava determinado em seu contrato e assim ele tinha que dar o melhor de si, mesmo quando as canções eram tolinhas e as letras beirando a infantilidade.

"What a Wonderful Life" poderia também soar como algo meio estranho. Afinal o personagem de Elvis era membro de uma família caipira errante, que adotando um estilo de vida nômade procurava um lugar para viver. Eram pobres, frutos da grande depressão, viajando em um velho calhambeque caindo aos pedaços. Seria essa a tal vida maravilhosa citada na letra? Calma, que nem tudo na vida é dinheiro. A mensagem era que mesmo as pessoas mais pobres poderiam ser também as mais felizes. Afinal o espírito humano é bem mais complexo do que meras notas de papel representando valores.

Para finalizar Elvis gravou a simpática, mas igualmente simplória "Sound Advice". Seira uma música em forma de conselho ou um conselho em forma de música? Pois é, nada poderia ser mais fora do ritmo do que uma baladinha basicamente tocada ao violão que tentava passar um conselho ao ouvinte. A RCA não pareceu também gostar da canção e a cortou do EP, do compacto duplo original com a trilha sonora do filme. Assim ela seria arquivada pela gravadora por alguns anos, só chegando ao mercado no álbum "colcha de retalhos" intitulado "Elvis For Everyone". Mesmo nesse álbum, que celebrava a parceria entre Elvis e a RCA Victor, ela ainda passaria praticamente despercebida do grande público.

Para finalizar essa análise das músicas que fizeram parte da trilha sonora do filme "Em Cada Sonho um Amor" vou tecer alguns breves comentários sobre o que ficou de fora. Hoje em dia existem colecionadores que querem tudo o que Elvis gravou. E quando escrevo a palavra "tudo" não é em vão. É tudo mesmo. Até mesmo as músicas rejeitadas, tanto pela gravadora como pelo próprio Elvis, como qualquer outra curiosidade que faça parte de sua longa e variada discografia. Afinal o que não faltam são takes, faixas arquivadas, demos e tudo o mais. O colecionador mais empenhado faz a festa com esse tipo de coisa.

A música "A Whistling Tune" ficou arquivada por décadas! Após ser gravada o produtor da RCA  Victor a deixou de fora dos discos de Elvis. Qual foi a razão? Eu sinceramente não vejo nada de errada nessa faixa. Penso até que poderia ter entrado no EP (compacto duplo) numa boa, sem problemas, mas ela foi considerada tão inexpressiva pela gravadora que o engenheiro de som Bill Porter nem se deu ao trabalho de escrever seu nome no relatório de gravação da sessão. Ficaria perdida, pegando poeira por anos.

Obviamente a sessão foi realizada para a gravação de canções que seriam cantadas por Elvis no filme e a RCA mesmo emprestando seus estúdios tinha pouco (ou quase nenhum) controle sobre a qualidade do material. Afinal a United Artists é que comandou e determinou a seleção das músicas. Assim a gravadora ficou em um impasse pois achou todo o material muito fraco e sem potencial de brigar pelos primeiros lugares da parada Billboard.

A RCA resolveu então incluir as músicas no lançamento de um EP exclusivo do filme. As vendas foram desanimadoras e alguns críticos apontaram como culpa a própria RCA Victor que não se empenhou em nada para divulgar o lançamento. Será que a culpa foi mesmo da gravadora ou do material que não tinha muita relevância? Lançado em abril de 1962 a trilha de "Follow That Dream" só conseguiu mesmo chegar no máximo na décima quinta posição entre os mais vendidos e mesmo assim por apenas uma semana. Um material de canções inéditas de Elvis Presley não chegando nem ao Top 10 era de fato algo a se chamar a atenção. As coisas infelizmente só iriam piorar dali em diante.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - Good Luck Charm

A RCA Victor começou o ano de 1962 lançando no mercado americano esse novo single de Elvis Presley com as canções "Good Luck Charm" no lado A e "Anything That's Part of You" no lado B. Eram gravações realmente muito boas, com a voz de Elvis em grande momento. Seu sucesso de vendas foi imediato chegando logo ao topo da principal parada de sucessos dos Estados Unidos, a Billboard Hot 100. Historicamente porém esse single teria grande simbolismo dentro da carreira de Elvis Presley. Sob o ponto de vista comercial seria o último compacto simples até 1969 a chegar ao número 1 das paradas!

Incrível, mas é isso mesmo que você leu. Elvis Presley, o aclamado Rei do Rock, um dos maiores vendedores de discos da história ficaria por longos sete anos fora do primeiro lugar entre os mais vendidos da América na parada de compactos. Logo ele que estava acostumado a ter singles consecutivos nessa posição, sempre reafirmando seu posto de Rei da música. Olhando para trás realmente foi um desastre comercial. As razões são relativamente simples de explicar. Elvis literalmente jogou sua carreira musical para segundo plano. Claro que ele continuaria a cantar em seus filmes, mas isso não era mais o principal objetivo para Elvis naquela época. Ele queria mesmo era ser ator de cinema, apenas isso. Presley acreditava que a carreira musical era muito passageira e que ele, assim como quase todos os outros, logo seria colocado de lado também.

Elvis encontrou a solução para seus anseios no cinema. Em certo momento ele explicou, afirmando: "cantores surgem e desaparecem todos os anos, mas se você for um bom ator pode ficar por aí por muito tempo!". Assim saiu de cena o Elvis músico, cantor e entrou em cena o Elvis Made in Hollywood.  Seus singles e álbuns futuros iriam cair cada vez mais nas paradas pelo simples fato de serem trilhas sonoras, não exatamente gravadas para virar hits!

As trilhas eram longas e muitas vezes temáticas. Assim ficava muito complicado para ele brigar pelos primeiros lugares da Billboard com grupos como Beatles, Beach Boys e Rolling Stones, que estavam surgindo no horizonte. Some-se a isso o fato de Elvis ter parado de realizar concertos e você entenderá porque ele foi tão mal em vendas durante a década de 1960. Uma grande pena, certamente. Basta ouvir as belas faixas desse single para entender bem isso. "Good Luck Charm" tinha ótimo arranjo, vocais inspirados e muito carisma. É uma música gostosa de ouvir, acima de tudo. E o que dizer de "Anything That's Part of You" de Don Robertson? Maravilhoso momento romântico, com a voz de Elvis muito suave e terna, realmente fantástica. É de se lamentar que Elvis tenha deixado tudo isso de lado a troco de praticamente nada. A música perdeu o seu Rei e o cinema não ganhou nada em troca. Simplesmente lamentável.  

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - 1962 - Discografia e Filmografia

Elvis Presley 1962 - Discografia e Filmografia
Esse foi um bom ano para a carreira de Elvis, embora ele já estivesse completamente absorvido por sua carreira no cinema, por Hollywood. Houve o lançamento de apenas um álbum convencional, "Pot Luck", o único trabalho dele apenas como cantor. Em comparação houve o lançamento de três trilhas sonoras, sendo que duas delas foram lançadas apenas em EP (compacto duplo). A RCA Victor não tinha material para um LP, um álbum completo. Além disso os executivos da gravadora tinham receios de não haver mercado para tantas trilhas sonoras de filmes, que sempre ocuparam um lugar à parte no meio fonográfico. No mercado de singles foram lançados apenas três compactos, bem pouco se comparado com os anos anteriores, onde Elvis chegava a lançar 5, 6 singles com músicas inéditas. E no cinema os fãs tiveram oportunidade de conferir três novos filmes de Elvis a chegar nas telas. Todos os lançamentos de Elvis nesse ano obtiveram bons resultados comerciais.  Segue abaixo tudo o que foi lançado de Elvis no mercado dos Estados Unidos em 1962.

Álbuns (LPs):

Pot Luck

KISS ME QUICK / JUST FOR OLD TIMES SAKE / GONNA GET BACK HOME SOMEHOW / (SUCH AN) EASY QUESTION / STEPPIN' OUT OF LINE / I'M YOURS / SOMETHING BLUE / SUSPICION / I FEEL THAT I'VE KNOWN YOU FOREVER / NIGHT RIDER / FOUNTAIN OF LOVE / THAT'S SOMEONE YOU NEVER FORGET

Singles extraídos deste disco:
Kiss Me Quick / Suspicion (1964)
Easy Question / It Feels So Right (1965)
I'm Yours / Long Lonely Highway (1965)
Long Legged Girl / That's Someone You Never Forget (1967)

Girls, Girls, Girls
GIRLS! GIRLS! GIRLS! / I DON'T WANNA BE TIED / WHERE DO YOU COME FROM / I DON'T WANT TO / WE'LL BE TOGETHER / A BOY LIKE ME, A GIRL LIKE YOU / EARTH BOY / RETURN TO SENDER / BECAUSE OF LOVE / THANKS TO THE ROLLING SEA / SONG OF THE SHRIMP / THE WALLS HAVE EARS / WE'RE COMING IN LOADED

Single extraído deste disco:
Return to Sender / Where do You Come From (1962)

Compacto Simples (Singles):

Good Luck Charm / Anithyng that's part of You
She's Not You / Just Tell Her Jim Said Hello
Return to Sender / Where do You Come From

Compacto Duplo (EP):
Follow That Dream
Kid Galahad

Filmografia:
Em Cada Sonho um Amor (Follow That Dream)
Talhado Para Campeão (Kid Galahad)
Garotas e Mais Garotas (Girls, Girls, Girls)

Pablo Aluísio.

Elvis Presley – Elvis By Request

O Coronel Parker costumava dizer que uma gravação de Elvis tinha que ser vendida pelo menos duas vezes. Hoje em dia, depois de tantas décadas, quantas vezes as gravações de Elvis foram vendidas? Mil vezes? Um milhão de vezes? Provavelmente muito mais. Elvis está sempre no mercado, com algum CD ou edição nova com suas antigas gravações. É um jogo de marketing que resistiu a tudo, até mesmo à morte do próprio Elvis, como era de se esperar. E isso já acontecia enquanto Elvis estava vivo, em plena atividade na carreira. Esse EP é bem simbólico disso. Embora celebrasse o filme "Flaming Star" na capa e com duas faixas, era na realidade um mix, trazendo também músicas já lançadas anteriormente. Aquela coisa de faturar duas vezes, vender duas vezes o mesmo produto.

Esse EP (compacto duplo) foi lançado em 1961. Trazia duas faixas inéditas da trilha sonora do filme "Estrela de Fogo" no Lado A e duas reprises do ano anterior (1960) no Lado B. Não eram duas reprises comuns, eram músicas que tinham vendido milhões de cópias de seus singles originais. Tanto "It's Now Or Never" como "Are You Lonesome To Night" tinham sido premiadas com discos de ouro e platina. Foram colocadas aqui de forma até desnecessária. Elas já tinham vendido tudo o que podiam. Olhando para trás teria sido melhor a RCA Victor ter completado o restante do EP com as demais músicas da trilha (havia material para isso), mas acabaram cedendo ao modo de pensar do velho Parker. Era a mentalidade da época.

Elvis Presley – Elvis By Request
Flaming Star
Summer Kisses, Winter Tears    
Are You Lonesome To Night
It's Now Or Never

Pablo Aluísio

domingo, 20 de fevereiro de 2005

Elvis Presley - His Latest Flame / Little Sister

Enquanto Elvis estava na Flórida filmando seu novo filme, "Follow That Dream" (Em Cada Sonho Um Amor, no Brasil), a RCA Victor colocou na praça seu novo single com duas canções compostas pela mesma dupla, Pomus e Shuman. No lado A do single, "(Marie's The Name) His Latest Flame" e no lado B, a simpática "Little Sister". Priscilla Presley relatou em seu livro "Elvis & Eu" (Elvis and Me, Ed. Rocco, 1985) que pensou seriamente que Elvis estava envolvido com uma garota chamada "Marie" quando esta canção foi lançada. Isto reflete bem o pensamento juvenil da garota adolescente que se apaixonou por Presley em 1958 e que iria se casar com ele em 1967. Quando esse single chegou nas lojas ela ainda estava morando na Alemanha com seus pais. Elvis estava rompendo seu namoro definitivamente com Anita Wood e pensava em um jeito de trazer Priscilla para morar com ele em Memphis. O problema é que ela ainda era menor de idade e Elvis tinha pavor de se envolver em um escândalo como o que havia destruído a carreira de Jerry Lee Lewis. A ironia é que enquanto Lewis afundava, Elvis fazia o mesmo que ele, mas sem chamar qualquer alarde para si e seu romance juvenil.

Como já foi dito o lado B do single vinha com a boa "Little Sister". Esse tipo de canção era até bem comum na época. Por trás de uma letra aparentemente bobinha havia toda uma carga de ironia e malícia com o sexo oposto. O que salvou realmente a música da banalidade foi seu ótimo arranjo e execução. Elvis parecia ter bastante simpatia pela canção, a ponto de a levar para os shows ao vivo que aconteceriam muitos anos depois em Las Vegas. O curioso é que geralmente ele a apresentava em um medley com "Get Back" dos Beatles. Até hoje não se sabe ao certo quem teve a ideia de unir as duas músicas no palco. Elvis gostava da música dos Beatles - chegou a declarar isso publicamente - mas ao mesmo tempo tinha um sentimento de amor e ódio com os ingleses. Basta apenas lembrar o que ele disse sobre o quarteto para o presidente Nixon na Casa Branca. De uma forma ou outra ele parece ter esquecido isso e levou várias canções do grupo para os palcos como por exemplo a imortal "Yesterday" e "Something" (já "Hey Jude" Elvis gravou em estúdio).  Em relação a "Little Sister" Elvis deu uma canja da canção nos ensaios do filme de 1970 "That's The Way It Is". É uma versão relaxada, para descontrair o clima o que rendeu cenas bem divertidas para a película. Nada levado à sério mas que serviu para animar o ambiente durante as gravações. "His Latest Flame / Little Sister" foi lançado em agosto de 1961, fez sucesso, tocou nas rádios mas não conseguiu chegar no topo da Billboard. Seu quarto lugar entre os mais vendidos foi considerado insuficiente pela RCA Victor que sempre apostava todas as fichas comerciais em Elvis. Era de certa forma um sinal do que estava por vir nos anos que viriam.

Pablo Aluísio.  

Elvis Presley - Can´t Help Falling in Love / Rock a Hula Baby

Single lançado pela RCA em novembro de 1961. Esse lançamento rompeu com uma certa independência que os singles de Elvis vinham mantendo em relação aos álbuns, pois foi meramente extraído da trilha sonora de "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano, no Brasil). Já que o disco havia vendido milhões de cópias muitos executivos da RCA achavam desnecessário o lançamento desse single pois não havia novidades, apenas reprises do que já havia sido lançado na trilha. Venceu porém o argumento daqueles que queriam pegar carona no grande sucesso comercial de "Blue Hawaii". Até porque "Can't Help Falling in Love" estava muito badalada, tocando bastante nas rádios. Não poderia se ignorar aquele público consumidor que só queria adquirir a música, sem necessidade de comprar toda a trilha com aquele monte de canções havaianas. Afinal de contas ela era de fato a principal canção do filme. Bem executada, com bela melodia e letra interessante, foi um dos grandes hits da carreira de Elvis. Conseguiu até chegar ao topo da Billboard na categoria Easy Listening, recebendo disco de platina por ter vendido mais de um milhão de cópias.

Por essa época a grande novidade musical do momento era o Twist. Uma dança que se tornou muito popular nos Estados Unidos invadindo as paradas com o sucesso comercial da canção de Chubby Checker. Até o presidente JFK se dizia fã da nova moda! Nos salões de dança, nos bailes, todo mundo estava dançando o tal Twist. Como Elvis era o principal produto comercial da RCA a empresa logo providenciou um twist para Elvis também e ele foi justamente o lado B desse single, "Rock A Hula Baby". Agora imaginem a loucura de se misturar música havaiana com twist! Assim o trio de compositores Wise, Weisman e Fuller teve que se virar para criar algo tão fora do comum como isso. O resultado se mostra abaixo do esperado. Na verdade a canção que se propunha a ser havaiana e twist ao mesmo tempo conseguiu não ser nem uma coisa, nem outra. Desde a primeira vez que a ouvi achei seu ritmo bem estranho e fora de sincronia, algo que se confirma cada vez que a escuto. De qualquer forma o single foi salvo do esquecimento e da irrelevância justamente por causa da maravilhosa "Can't Help Falling in Love", essa sim uma canção inesquecível.

Pablo Aluísio.