terça-feira, 1 de abril de 2008

Arquivos de Cinema - Edição 1

Arquivos de Cinema - Edição 1
Leonardo DiCaprio curte aniversário de namoro com atriz em Malibu - O ator Leonardo DiCaprio se encontrou com a cantora brasileira Anitta nos Estados Unidos. Anitta afirmou que ficou horas conversando com  Leonardo DiCaprio sobre as eleições brasileiras. O ator está mais do que interessado sobre o que ocorre politicamente no Brasil. Os dois se encontraram no tradicional baile beneficente do Metropolitan Museum of Art, em Nova York. Anitta explicou: "Ontem eu passei horas com o Leonardo DiCaprio falando sobre a importância dos jovens tirarem seu título de eleitor. Vocês sabiam que ele sabe mais sobre a importância da nossa floresta Amazônica do que o presidente do Brasil? Pois sabe"; E teve mais, conforme explicou Anitta ao escrever: "Aí papo vai papo vem... trocamos contato e ele se colocou a disposição pra eu pedir o que for necessário. (Não levem pro mau sentido pq não tinha ninguém flertando com ninguém). A primeira coisa que pedi foi permissão pra contar essa fofoquinha pra vocês".

De volta a Los Angeles o ator resolveu celebrar seu aniversário de cinco anos de namoro com a atriz e modelo Camila Morrone, de 24 anos, nas areias da praia de Malibu onde o ator tem uma de suas mansões. Esse já é um dos relacionamentos mais longos da vida de Leo, tanto que ele cogitou até mesmo em se casar com ela nos próximos anos, quem sabe. Leonardo DiCaprio é conhecido em Hollywood como um "Solteirão convicto"! Leonardo DiCaprio diz que não se intimida com Bolsonaristas e que o Brasil vai dar a volta por cima! - O ator Leonardo DiCaprio falou para uma amiga brasileira que não se intimida com Bolsonaristas nas redes sociais. Ele afirmou que ficou muito feliz e satisfeito pelo sucesso de sua campanha pelo voto jovem no Brasil e que esse voto vai ser muito importante para que o Brasil dê a volta por cima, levando Bolsonaro para a derrota nas próximas eleições. O ator também tem ficado satisfeito com declarações de membros do governo dos Estados Unidos afirmando que não aceitará qualquer atentado contra a democracia no Brasil. O presidente Bolsonaro tem afirmado que as urnas eletrônicas e a justiça eleitoral não garantiam eleições limpas no Brasil. O governo dos Estados Unidos pensa de forma diferente. Para os americanos as urnas são seguras e o país tem instituições democráticas fortalecidas e consolidadas para garantir a honestidade das eleições e que qualquer tentativa de golpe institucional seria punido com fortes sanções das democracias ocidentais. Um recado para os militares do Brasil que tentem qualquer tipo de golpe militar nas eleições que estão por vir.

Warner confirma nova versão de Ocean's Eleven "Onze Homens e um Segredo"
A Warber Bros confirmou a produção de mais um filme da franquia Ocean's Eleven (Onze Homens e um Segredo). Só que esqueça todos aqueles filmes com Brad Pitt e George Clooney. Agora haverá um recomeço na franquia. A história não vai ser uma continuação daquela linha de filmes. Nem se passará no momento presente como os filmes anteriores. Segundo o que foi divulgado esse novo Ocean's Eleven vai tentar seguir mais de perto o filme original, dos anos 60, que trazia no elenco Frank Sinatra e Dean Martin. Sim, a história do filme vai se passar na Las Vegas dos anos 60, com todos os carros, cenários e figurinos do passado, o que vai ser um desafio maior em termos de produção. O nome mais badalado do elenco já foi confirmado, será o da atriz Margot Robbie. Seu trabalho no novo filme não vai se resumir ao trabalho de atriz, ela também será produtora do filme. A direção também já foi confirmada e será do cineasta Jay Roach. O roteiro será escrito por Carrie Solomon que gostaria que a história do filme se passasse na Europa e não em Las Vegas. Essa entretanto é uma decisão que os executivos da Warner Bros ainda não tomaram.

Vangelis, famoso compositor de trilhas sonoras para o cinema, morre aos 79 anos
Morreu um dos mais talentosos compositores do cinema. O compositor Vangelis (1943 - 2022) foi um mestre na criação de temas inesquecíveis da sétima arte. Nascido na Grécia, ele foi aos Estados Unidos onde se imortalizou com trilhas sonoras que até hoje são facilmente reconhecidas, como a trilha que compôs para o clássico "Carruagens de Fogo". Por esse trabalho ele foi premiado com o Oscar em 1982. Além dessa clássica trilha sonora, inúmeras foram suas criações para o cinema que marcaram época, com destaque para a trilha sonora futurista de "Blade Runner - O Caçador de Andróides" que lhe valeu várias indicações a premiações importantes do cinema, entre elas o prestigiado BAFTA Awards, onde também foi indicado pela trilha sonora de "Missing" (no Brasil o filme recebeu o título de "Desaparecido: Um Grande Mistério"). Outras trilhas sonoras também podem ser citadas. Vangelis assinou as trilhas de "Alexandre, O Grande", "Francesco" (sobre a história de São Francisco de Assis), "Rebelião em Alto Mar", "Lua de Fel" do diretor Polanski e aquela que foi considerada sua última grande obra-prima, a trilha sonora do filme "1492: A Conquista do Paraíso". No final da vida declarou: "Eu amo música e cinema. Não poderia ter sido mais feliz com o trabalho que fiz em minha vida". (19.05.2022)

Netflix estuda e planeja lançar seus próprios filmes no cinema! 
A Netflix, famosa produtora de filmes para sua plataforma de streaming está estudando e planejando lançar seus principais filmes nas salas de cinema. Segundo alguns executivos da companhia, grande parte de seu acervo teria bastante apelo junto ao público que frequenta cinema e com a amenização da pandemia o cinema voltaria a ser um grande negócio. Segundo sites de negócios dos Estados Unidos a Netflix teria o plano de lançar suas principais obras inicialmente no cinema e só após 45 dias da estreia colocar à disposição de seus assinantes no streaming. Mas será que os assinantes da Netflix iriam se incomodar com essa decisão? Essa seria a pergunta de um milhão de dólares para os executivos. O cinema certamente traz muito marketing e publicidade para os filmes. Um campeão de bilheteria nos cinemas iria atrair ainda mais a atenção para os títulos produzidos pela companhia. E o lucro de um filme bem sucedido também é um fator que conta a favor desse tipo de decisão. Filmes da Marvel conseguem romper a marca de 1 bilhão de dólares nas salas de cinema, um número mais do que atrativo para a Netflix. Seria a saída ideal para a plataforma que recentemente enfrentou uma crise financeira.

Pablo Aluísio.

domingo, 30 de março de 2008

A Bíblia é uma Mitologia? Paulo era Homossexual?

A Bíblia é uma Mitologia? Paulo era Homossexual?
Essa é uma pergunta que intriga os historiadores. Aliás até mesmo a existência de Paulo é motivo de controvérsias. São Paulo existiu ou não? Não há provas concretas de sua existência histórica. Apenas temos cartas que são supostamente de sua autoria. Nem todas as cartas que são atribuídas a ele são ditas como verídicas. Para historiadores muitas das cartas que ele supostamente escreveu não foram escritas pelo mesmo autor das outras cartas. Há diferenças significativas de estilo entre elas. Os peritos dizem que foram escritas por autores diferentes. 

Mas supondo que Paulo existiu, ele era homossexual? Bom, a tradição diz que ele nunca se casou. Até aí tudo bem, não haveria maiores problemas. O problema é que os escritos de Paulo (ou seja lá quem foi o verdadeiro autor dessas cartas atribuídas a ele) revelam mesmo um lado homofóbico inegável. Quem escreveu essas cartas tinha um ódio indisfarçável para com os homossexuais? E bem sabemos que muitos homossexuais dentro do armário acabam desenvolvendo um sentimento de homofobia contra os demais gays. Seria esse o caso de Paulo?

A questão é que o texto é muito virulento, chegando mesmo a ser ofensivo. Partindo do pressuposto de que Jesus (se ele realmente existiu) nada proclamou sobre a homossexualidade, essa visão distorcida de Paulo era algo próprio dele, de sua personalidade (se esse Paulo realmente existiu, é claro!). 

Então a origem de todo esse pensamento religioso cristão contra a homossexualidade nasce com esse escritor (ou escritores) que a tradição afirma ter sido um homem judeu, mas cidadão romano, chamado Paulo de Tarso, que não chegou a conhecer Jesus, mas que conheceu Pedro e outros dos 12 apóstolos originais. Ele foi sem dúvida um dos grandes responsáveis pela proliferação cristão na Europa de seu tempo, dali se espalhando para todo o mundo ocidental. E também pode ser apontado como o grande responsável pela homofobia dentro do pensamento cristão. 

Pablo Aluísio. 

A Bíblia é uma Mitologia? O Pensamento Mágico e a Religião

A Bíblia é uma Mitologia? O Pensamento Mágico e a Religião - Procurar por eventos históricos reais nas histórias narradas na Bíblia é um erro. A Bíblia é um conjunto de livros e como tal tem diversos gêneros de literatura em suas páginas. E dentre todos os estilos o mais comum de encontrar é justamente a mitologia. Seres com super poderes, seres alados, anjos, demônios, divindades de todos os tipos, eventos naturais explicados sob a ótica dessa mesma carga mitológica, tudo isso é característico da mitologia e tudo isso pode ser encontrado nas páginas da Bíblia. 

Assim nunca existiu cobra falante, profeta conversando com mula, Moisés abrindo o Mar Vermelho e gente vivendo na barriga de uma baleia. Nem tampouco uma arca com todos os animais da Terra dentro dela. Além disso não teve ressurreição de Jesus porque nenhum ser humano que morre ressuscita. Essa é uma construção da mitologia e da teologia. Acreditar nesse tipo de coisa é acreditar em fábulas mitológicas. 

O pensamento mágico que faz com que um ser humano racional venha a acreditar nessas coisas existe desde os primeiros tempos. As gravuras nas cavernas onde viveu os primeiros homens a andar na face da Terra bem provam isso. Entretanto uma coisa é a história fantástica, cheia de mitos e deuses. Outra coisa é o mundo real, desvendado pela ciência. 

As religiões, todas elas, são fundadas no pensamento mágico do ser humano. O Pensamento mágico é legal, divertido, alivia a agonia do ser. Ajuda a passar pelas adversidades. Afinal acreditar em um deus todo-poderoso que vai lhe ajudar nos piores momentos é algo muito acolhedor e reconfortante. Já o pensamento científico é chato, exige conhecimento e estudo, persistência, ceticismo com as coisas. Obviamente que o ser humano médio iria abraçar o pensamento mágico, a mitologia e a religião. Pena que nada disso no fundo é verdade. É apenas invenção da própria mente humana. 

Pablo Aluísio. 

A Bíblia é uma Mitologia? O Panteão dos Deuses de Israel

Nas mitologias antigas sempre existiram muitos heróis, mitos e deuses. Na cultura das antigas Judá e Israel era a mesma coisa. A religião dos hebreus foi criada com muitos deuses. E quem pensa que o principal deus dos antigos judeus era o Yaweh (o deus Jeová da Bíblia) está muito enganado. O maior dos deuses do panteão cananeu era o deus El. Inclusive o nome Israel provém desse antigo deus pois Israel significava algo como "lutando ao lado de El". 

El era representado por uma imagem que o retratava como um homem muito esbelto, com uma arma nas mãos. Na maioria das vezes ele era mostrado atirando uma flecha contra seus inimigos. Muitas dessas representações, imagens, sobreviveram ao tempo e foram encontradas em sítios de arqueologia por toda a Israel moderna. E El também é citado nas páginas do velho testamento. Ele e os demais deuses de Israel. Basta ir atrás de traduções honestas da Bíblia. 

Ninguém era maior que El para os antigos hebreus. E ele tinha uma esposa chamada Asherah que era muito popular entre o povo da época. Era considerada a Rainha do Céu, a esposa querida de El. E esse casal divino tinha filhos, que também eram deuses, sendo os mais conhecidos Baal e Pah. 

Yaweh era um deus estrangeiro quando começou a ser cultuado pelos antigos hebreus. A ciência da arqueologia o situa como surgido em terras que hoje pertencem aos povos árabes. Pois é, por uma grande ironia da história o deus que iria dominar e passar a ser cultuado de forma exclusiva pelos judeus - e depois pelos cristãos - foi fruto da criação da cultura árabe! Durma com um barulho desses!

Pablo Aluísio. 

sábado, 29 de março de 2008

O Soldado Romano

O Soldado Romano
Roma dominou o mundo antigo. Não havia nenhum outro povo ou civilização que se igualasse aos romanos. Esse segredo de conquistas também vinha do Soldado Romano. Além de ser um guerreiro profissional, o que nem sempre acontecia em outras civilizações da antiguidade, o Soldado Romano ainda era bem equipado, passando por um treinamento puxado, que criava mesmo grandes guerreiros. E não podemos nos esquecer também que os romanos levavam a guerra muito à sério, estudando as táticas dos inimigos, incorporando ao seu próprio exército o que aprenderam no campo de batalha contra outros povos. Assim Roma, a Cidade Eterna, como eles mesmo a chamavam, conquistou grande parte do mundo Ocidental de sua época de glórias. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 28 de março de 2008

De Onde Surgiu a Alma e o Espírito?

De Onde Surgiu a Alma e o Espírito?
Hoje em dia todos sabem o que é uma alma ou um espírito. Só que esses conceitos não surgiram do nada, pelo contrário, são encontradas suas origens no pensamento humano. É uma criação cultural do homem. E ao contrário do que muitos pensam essa ideia de alma ou espírito não veio da religião judaica. Nos primórdios o povo judeu não sabia o que era isso. Eles não acreditavam em nada parecido com essa ideia. Era algo que não fazia parte de sua cultura religiosa. O sopro do deus Javé apenas era devolvido ao seu criador após o último suspiro daquele que morria. A morte era o fim de tudo. Aquela pessoa que havia morrido deixava de existir. 

Aliás o mundo dos deuses era bem concreto para os antigos judeus. O deus Javé (ou Jeová) tinha existência concreta. Homens escolhidas poderiam ver sua face e até mesmo tocá-la como fica bem claro na própria Bíblia. O lugar onde vivia tinha existência concreta. Os homens tentaram chegar lá com a Torre de Babel, mas se deram mal pois isso não era permitido. Claro, tudo dentro da visão da pura mitologia. E não podemos nos esquecer que a mais antiga representação de Javé (ou Jeová) foi achada pela arqueologia. Era um deus representado com corpo de homem e cabeça de touro, com um grande pênis que arava a terra, trazendo alimentos e vida.

Então se o judaísmo não criou os conceitos de alma e espírito, de onde eles surgiram? Se você pensou em filosofia e Grécia, acertou. Foram os filósofos gregos que criaram a ideia de que a essência do ser humano era separada do corpo físico. Para a ciência isso não é correto. O que somos, o que pensamos, nada mais é do que uma grande rede de neurônios em nosso cérebro. Nada mais. Quando se morre, nada sobrevive. 

Mas os gregos não pensavam assim. Havia a separação entre mente e corpo, pensamento e mundo físico. Disso vem a ideia de alma e de espírito. É o que sobrevive à morte física. De certo modo é uma forma de pensar que traz conforto para os familiares dos entes falecidos. Conforta pensar que aquela pessoa simplesmente não deixou de existir com sua morte, que ela vive, de alguma forma e em algum lugar. Um pensamento abstrato que apenas a filosofia da Grécia antiga teria capacidade de elaborar e criar. 

Pablo Aluísio. 

Religião é mitologia?

Religião é mitologia?
Religião é a mitologia que os incultos pensam ser a verdade dos fatos históricos. Infelizmente é isso mesmo. O sujeito vai na Igreja e pensa que um homem chamado Móises abriu o Mar Vermelho e que isso aconteceu mesmo na história. Desconhece que essa mitologia de Móises foi usada em inúmeras outras culturas da antiguidade. E se eram mitologias em outros povos, por que não seria mitologia em relação aos textos que hoje chamam Bíblia?

Incluive nunca se foi provada pela arqueologia ou história a existência de um Móises, nem tampouco que houve um exôdo em massa pelas areias do deserto contando com milhares e milhares de judeus que fugiam do Egito. Nada disso jamais foi comprovada pela ciência até os dias de hoje. 

Possa ser que alguns dos nomes citados no velho testamento sejam inspirados em pessoas reais que viveram há milhares de anos, entretanto as histórias contadas são pura mitologia mesmo. Não houve a abertura do mar vermelho, nunca existiram Adão e Eva, nem muito menos uma cobra falante, nem uma mula falante. Todos são personagens de contos antigos, pura mitologia, nada mais do que isso. 

O próprio deus Jeová é pura mitologia. Ele não difere em nada de tantas centenas de deus do mesmo período histórico, seja do povo judeu, seja de outros povos da antiguidade. Ele aliás nem era o mais importante deus do panteão dos judeus. Esse posto cabia ao deus El que inclusive deu origem ao nome de Israel, ou seja, o povo que adora El. Então vamos parar de infatilidades, por favor. Religião é mitologia, nada muito além disso. 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 27 de março de 2008

Desvendando Jack, o Estripador - Russell Edwards

Recentemente terminei de ler esse livro intitulado originalmente de "Naming Jack the Ripper" que no Brasil recebeu o título de "Desvendando Jack, o Estripador". O autor inglês Russell Edwards comprou há alguns anos um xale que pertenceu a uma das vítimas do famoso serial killer. Era uma peça muito antiga, já com sinais de desgaste, mas que ainda despertava a atenção dos aficcionados nessa história. Acredite, tanto na Inglaterra, como nos Estados Unidos, há milhares de pessoas cujo hobby consiste exatamente em histórias de psicopatas famosos e infames. Até fóruns na internet se proliferam nesse nicho. Esse xale havia sido tirado de um dos corpos na cena do crime. Um souvenir que o policial resolveu levar para casa e dar de presente para sua esposa! Sim, é algo bizarro se formos pensar com a mentalidade moderna, de que se deve acima de tudo preservar a cena de crime, de que tudo ali deve ficar intocado até a chegada de peritos. Nos tempos de Jack porém isso simplesmente não existia. 

Russell Edwards basicamente dividiu seu livro em três partes. Na primeira ele aproveita para contar sua própria história pessoal. Ele viveu por muitos anos em Whitechapel, na mesma região onde Jack cometeu seus crimes, séculos atrás. Ele conta que ficou admirado mesmo ao saber que aquelas mesmas ruas onde caminhava todos os dias eram as mesmas em que Jack estripou as pobres prostitutas com uma selvageria que chocou o mundo naquela época. E como acontece em muitos lugares de Londres, aquelas ruas estão bem preservadas historicamente, algumas inclusive contando com os mesmos pequenos prédios e cortiços onde Jack atuou. Essa primeira parte do livro, devo dizer, é apenas mais ou menos. Na minha opinião o autor perde muito tempo falando de si mesmo. Quem comprou o livro está certamente focado em Jack e não em Russell.

A segunda parte do livro foi a mais interessante. Aqui toda a história de Jack e seus crimes é contada com riqueza de detalhes. Inicialmente mostrando tudo o que aconteceu nos crimes em si, depois listando uma série de suspeitos. A pergunta sobre quem teria sido Jack, o Estripador, ainda hoje desperta curiosidade. Ele coloca breves históricos sobre cada um dos suspeitos, depois os colocando em dúvida, mostrando evidências da época que os inocentaram. Até um neto da rainha Vitória foi suspeito. E havia advogados, médicos, etc. Qualquer um que apresentasse algum tipo de comportamento estranho, passava a ser suspeito. A polícia da Londres na época recebeu uma enxurrada de denúncias da população. Muita gente foi indicada como o criminoso. No final essa multidão de suspeitos só ajudou a atrapalhar ainda mais a solução do caso. Um fato que eu particularmente desconhecia é de que hoje em dia a Scotland Yard afirma oficialmente que Jack, o Estripador se chamava Aaron Kosminski, um imigrante polonês com problemas mentais que morava em Whitechapel na mesma época em que os crimes aconteceram. Ele chegou a ser detido pelos policiais, porém por falta de provas foi liberado.

Russell Edwards então passa a dissecar tudo o que se descobriu sobre essa estranha figura. Kosminski imigrou para a Inglaterra após a morte do pai. De origem muito pobre, acabou indo para Londres depois que seu irmão se mudou para trabalhar em pequenas fábricas de roupas. Ele teve uma infância muito dura, com muita carência alimentar e falta de apoio familiar. Quando chegou a Londres, ainda bem jovem, muito provavelmente se tornou uma vítima do trabalho infantil que ainda era comum. E sua situação só iria piorar. Aaron Kosminski tinha problemas mentais que se tornariam ainda mais graves com os anos. Quando os crimes de Jack explodiram em Londres, ela já estava ficando completamente insano. Diz o autor desse livro que a comunidade judaica de Londres descobriu que ele era Jack, mas abafou tudo, com medo de uma explosão de violência e preconceito contra imigrantes judeus. Eles providenciaram para que Kosminski fosse internado em um hospício, de onde nunca mais sairia. Morreu ali, vagando entre outros loucos internados como ele. Curiosamente após sua internação, os crimes de Jack cessaram completamente.

Na época os meios forenses de investigação eram bem primitivos. Não havia a ciência que hoje conhecemos para desvendar crimes. Porém o xale, a peça chave de uma das vítimas ainda existia. O autor Russell Edwards decidiu então submeter essa peça de roupa a um criterioso exame de DNA. E eles encontraram mesmo DNA de um homem. Ele então foi atrás de membros atuais da família do suspeito. E após vários exames os cientistas conseguiram descobrir que se tratava mesmo do DNA de Aaron Kosminski. Essa fase de exames de DNA ocupa praticamente toda a terceira e última parte do livro. Claro, é algo importante, a própria razão de existência do livro, porém não posso deixar de comentar que também é um pouco cansativo, por causa do excesso de tecnicismo envolvido. E quem disse que mesmo após todo o esforço do autor desse livro o mistério da verdadeira identidade de Jack chegou ao fim? Parece que um dos charmes dessa história é o fato de que nunca se chegou a uma verdade incontestável. Pelo visto Jack será sempre uma pergunta no ar, mesmo com todas as provas apontando o contrário.

Pablo Aluísio.