sábado, 11 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 94

Lauderdale Courts
Em setembro de 1948, os Presleys juntaram suas coisas, colocaram tudo num velho Plymouth 37 todo estropiado e foram para Memphis, a capital do Tenneesse. Mais tarde, Elvis contaria que sua família estava completamente na miséria e que Vernon esperava conseguir emprego na grande cidade. Esta súbita mudança de Estado, entretanto, foi conseqüência de outra infelicidade ocorrida com os Presleys. A polícia de Tupelo declarou aos compiladores do livro "All About Elvis", que Vernon Presley fora apanhado vendendo uísque fabricado ilegalmente e havia sido expulso da cidade. Assim, numa manhã ensolarada Elvis, Gladys e Vernon rumaram em direção a Memphis, na esperança de uma vida melhor. Em Memphis, os Presleys foram morar em Lauderdale Courts, um conjunto de prédios do governo Roosevelt para famílias de baixa renda, onde alugaram o apartamento 328, no primeiro andar do grande prédio em forma de C. Foi a sorte grande da família. Eles mudaram em maio de 1949, depois de passarem o inverno numa casa velha infestada de baratas, onde habitavam um único quarto e cozinhavam num fogareio. Agora, em Courts, eles pagavam o mesmo aluguel (35 dólares mensais) por um apartamento de dois cômodos e muito confortável. 

O aluguel era pago de acordo com a seguinte fórmula: um mês de aluguel era igual a uma semana de salário, e quem ganhasse mais de 3 mil dólares anuais tinha que sair. Vernon Presley trabalhava como carregador e seu grande problema era ter uma mulher que raramente trabalhava, um filho muito jovem para trabalhar e uma mãe sem nenhuma intenção de arranjar seu primeiro emprego aos 54 anos de idade. Minnie Mae Presley havia ido morar com Vernon logo que esse conseguiu seu apartamento. Ela tinha se divorciado de Jessie Presley em 1947, depois de 34 anos de casada. Vernon sempre dizia que seu pai abandonou sua mãe, mas foi justamente o contrário. Quando se mudaram para seu novo lar Elvis estava quase completando o 9º grau na Humes HIgh School, um colégio vocacional na rua Manassas, a vinte minutos de caminhada de Lauderdale Courts. Gladys só deixou Elvis sair sozinho para brincar sozinho quando ele tinha 15 anos. Mas, mesmo assim, não podia ir muito longe. 

Foi quando Elvis começou a sair com uma garota magrinha chamada Betty McMann, sua vizinha do terceiro andar. O par namorou por quase um ano, saindo todo sábado à tarde para ir ao cinema. Betty preferia dançar no salão da igreja St. Mary, mas jamais conseguiu fazer com que seu namorado aprendesse o dois-pra-lá-dois-pra-cá. Elvis era uma dessas pessoas que só sabiam dançar sozinhas. De noite, quando o tempo estava quente, Elvis sentava-se nas escadas do prédio depois do jantar, e entretinha seus vizinhos cantando e tocando violão. Todos gostavam de ouvi-lo e davam a maior força, mas ele era muito tímido. Nas festas por exemplo, Elvis insistia em só cantar quando todas as luzes estivessem apagadas. Durante essas sessões ele descobriu Bette Wardlow, 13 anos, alta e bonita, que também morava no 3º andar. Mas Billie era muito diferente de Betty. Enquanto esta última preferia ir ao baile, mas se contentava com um cineminha, Billie só queria o melhor, e insistia em freqüentar o salão de festas da igreja e dançar com os pracinhas, já que Elvis não sabia. Essa atitude logo pós fim ao romance. Elvis não gostava nada de ver Billie nos braços de outro rapaz. Quando chegou a hora da despedida, ele tinha lágrimas nos olhos: "Billie" - disse Elvis - "eu ia pedir para você se casar comigo". Detalhe: Elvis só tinha 16 anos de idade!

Elvis estava agora com 16 anos. Nunca mais durante seu período escolar, ele se envolveria seriamente com outra garota. Pior ainda: ele começou a sofrer crises emocionais , manifestadas através de pesadelos e ataques de sonambulismo. Toda noite, enquanto dormia no sofá da sala, ele gritava, suava e saía andando, pelo prédio, acordando todo mundo. Qualquer família comum que visse o filho nesse estado, levaria-o ao médico imediatamente. Mas os Presleys não eram pessoas comuns - eram caipiras, uma gente acostumada com o estranho e o inexplicável. Assim, associaram o comportamento de Elvis com os pesadelos que seu pai também tinha, e concluíram que isso era hereditário e simplesmente inevitável. Elvis também começou a ter problemas na escola, por causa da primeira grande manifestação de seu gênio criador. Num dia de verão em 1951, ele decidiu finalmente mudar o penteado do cabelo, depois de muitas experiências anteriores. 

Billie Wardlow recorda-se de que, certa vez, ela foi à casa do namorado depois da escola e viu sua mãe lhe fazendo um permanente. Outra vez, Billie levou um susto quando Elvis apareceu com um penteado estilo moicano, uma faixa de cabelo correndo pelo meio da cabeça, igual à moda punk atual. Agora, todas essas experiências iriam conduzi-lo a criação de uma obra prima. Elvis foi até o salão de beleza e mandou o atônico cabeleireiro cortar seu cabelo no estilo "Tony Curtis", que tinha visto num filme. Também já tinha deixado suas costeletas crescerem. Como seu cabelo não parava no lugar, ele comprou uma lata de Royal Crown, uma brilhantina muito popular entre os negros. E, de tanto usá-la seu cabelo loiro começou a escurecer. Só faltavam as roupas: camisas em cores brilhantes e calças pretas com frizos verde-limão ou amarelos (sua fase rosa e preto só aconteceria aos 20 anos). Estava pronto o visual. Essa metamorfose marca o verdadeiro início de sua carreira como herói da cultura pop. 

Embora ele estivesse há anos do rock'n'roll e da Sun Records, já estava muito próximo da clássica imagem de Elvis Presley. Quando voltou à escola no verão, todo mundo caiu matando em cima dele. Mas, apesar de toda a pressão, Elvis não mudou seu visual. Sua recusa em se conformar e voltar a ser o que era antes, tem sido glorificada há décadas como o primeiro grande ato de rebeldia do Rock'n'Roll, essa nova música que em breve iria tomar conta da América e do mundo.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 93

O casamento de Elvis e Priscilla
Data: 1º de maio de 1967 / Fonte: "Elvis e eu" / Texto: Priscilla Presley e Sandra Harmon / Photo: AP/WWP / Local: Aladdin Hotel, Las Vegas. 

O pedido: Uma noite, pouco antes do natal de 1966, Elvis bateu de leve na minha porta e disse: "Sattnin, preciso falar com você." Tínhamos uma senha. Provocante, eu lhe disse que teria de pronunciá-la antes que eu o deixasse entrar. Ele riu e disse: "Olhos de fogo" - o apelido que eu lhe dava quando estava furioso. Elvis estava com seu sorriso infantil e as mãos nas costas. "Sente-se e feche os olhos Sattnin" - disse. Obedeci. Quando abri os olhos, deparei com Elvis ajoelhado aos meus pés, na minha frente, estendendo uma caixinha de veludo preto. "Sattnin..." - murmurou ele. Abri a caixa para descobrir o mais lindo anel de diamantes que já vira. Era de três e meio quilates, cercado de diamantes menores, destacáveis. - eu poderia usá-los separadamente. "Vamos nos casar" - anunciou Elvis - "Você vai ser minha. Eu lhe disse que saberia quando o momento chegasse. Pois o momento chegou". Ele enfiou o anel em meu dedo. Eu estava emocionada demais para falar; foi o momento mais lindo e romântico da minha vida. Nosso amor não seria mais um segredo. Eu poderia viajar abertamente como a Sra. Elvis Presley, sem o receio de inspirar alguma manchete escandalosa. 

E o melhor de tudo, os anos de angústia e medos de perdê-lo para uma das muitas mulheres que disputavam o meu lugar estavam terminados. Elvis estava ansioso em mostrar o anel ao pai e vovó, informando-os que estávamos oficialmente noivos. Nem mesmo tive a chance de me vestir. Levando em consideração nosso estilo de vida irregular, ficar noiva no meu quarto de vestir e mostrar o lindo anel de diamantes num roupão não parecia absolutamente estranho. Eu queria compartilhar a notícia com meus pais, mas Elvis sugeriu que esperássemos até a nossa volta para Los Angeles, poucas semanas depois. Poderíamos então anunciar pessoalmente; eles mereciam nossa consideração. Naquela noite ligamos para meus pais e os convidamos para passar um fim de semana conosco em Bel Air. Elvis estava mais nervoso do que em qualquer outra ocasião anterior no dia em que eles deveriam chegar. Olhava a todo instante pela janela, à espera do carro. Estava ansioso em lhes mostrar o anel e quase o fez no instante mesmo em que passaram pela porta, mas eu consegui manter a mão nas costas até que todos sentamos. 

Estendi então a mão e disse: "Só queríamos mostrar isso a vocês". "E o que isso significa?" - perguntou papai, olhando para a minha mão. "É um anel de noivado, senhor" - informou Elvis. As lágrimas afloraram aos olhos de mamãe. "Oh Deus, é lindo!" - murmurou ela. Os dois estavam extasiados. Adoramos informá-los que finalmente ocorria o que esperavam há tanto tempo e pelo que muito haviam rezado. Ressaltamos a importância de manter o noivado em segredo, pedindo que mantivessem um sigilo absoluto, mesmo para a família, já que os garotos poderiam comentar na escola e a notícia se espalharia rapidamente. Queríamos um casamento íntimo, não um evento de celebridade. Meus pais concordaram com todos os planos. Não podiam estar mais felizes e durante todo o fim de semana se mostraram radiantes de prazer. Durante os cinco anos em que vivia com Elvis raramente lhes permitira discutir o casamento. 

A possibilidade da família ser magoada era a preocupação maior de meus pais. Agora não tinham mais que se preocupar se haviam tomada a decisão acertada ao deixarem a filha tão jovem saísse de casa. Sei que o coronel Parker pedira a Elvis que analisasse o nosso relacionamento e decidisse o que julgava melhor. A atitude de Elvis em relação ao casamento era de que se tratava de algo definitivo. Embora ele fosse monógamo por natureza, adorava as opções. Apesar disso não estava disposto a me largar. Curiosamente , depois da conversa com o coronel Parker, Elvis não levou muito tempo para chegar à conclusão de que era o momento certo. A decisão foi sua e somente sua. 

O vestido: Em meio ao maior excitamento, fizemos o resto dos planos para o casamento. A primeira sugestão foi de que eu providenciasse o vestido imediatamente; se a notícia vazasse, poderíamos casar de um momento para o outro. Mas minha busca por um vestido de noiva acabou se prolongando por meses. Disfarçada por óculos escuros e um chapéu, visitei todas as butiques exclusivas de Memphis a Los Angeles; apesar do disfarce, era paranóica o bastante para pensar que todos me reconheciam. Cheguei a conversar com diversas costureiras sobre modelos, mas não confiava o bastante para dizer que seria para um vestido de noiva. Finalmente alguém indicou uma loja pouco conhecida de Los Angeles. Charlie acompanhou-me, apresentando-se como meu noivo. Foi ali que encontrei meu vestido de noiva. Não era extravagante, nada tinha de excepcional - era simples e para mim maravilhoso. Sai da cabine para mostrá-la a Charlie. Ao me ver, Charlie ficou com os olhos cheios de lágrimas e murmurou: "Você está linda, Beau. Ele vai ficar muito orgulhoso".

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio)
pabloaluisio@yahoo.com - maio de 2004

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 92

O casamento de Elvis e Priscilla - parte II
Data: 1º de maio de 1967 / Fonte: "Elvis e eu" / Texto: Priscilla Presley e Sandra Harmon / Photo: API/WWP / Local: Aladdin Hotel, Las Vegas. 

A cerimônia - A cerimônia de casamento foi a 1º de maio de 1967. O coronel Parker cuidou de tudo. Seu plano era de que Elvis e eu seguíssemos de carro de Los Angeles para nossa casa em Palm Springs no dia anterior ao casamento, a fim de que quaisquer repórteres inquisitivos que suspeitassem do evento pensassem que a cerimônia ocorreria lá. Na verdade, planejávamos levantar antes do amanhecer no dia do casamento e voar de Palm Springs para Las Vegas, onde passaríamos pelo cartório às sete horas da manhã, a fim de pegar a licença para o casamento. De lá seguiríamos imediatamente para o Aladdin Hotel. Ali trocaríamos de roupa, faríamos uma pequena cerimônia na suíte do proprietário do hotel e depois - era o que esperávamos - deixaríamos a cidade antes que a notícia se espalhasse. 

O tempo era essencial. Sabíamos que a notícia se espalharia pelo mundo assim que solicitássemos a licença para o casamento. Foi justamente o que aconteceu. Poucas horas depois de obtermos a licença, o escritório de Rona Barret começou a telefonar para indagar se os rumores sobre o casamento eram verdadeiros. Elvis e eu seguimos o plano do coronel, mas enquanto corríamos de um lado para o outro, durante o dia, não pudemos deixar de pensar que nos daríamos mais tempo se tivéssemos de fazer tudo de novo. Ficamos particularmente aborrecidos pela maneira como nossos amigos e parentes acabaram sendo afastados. O coronel até disse a alguns dos rapazes que a sala era muito pequena para caber a maioria e suas esposas e não havia tempo de mudar para uma sala maior. Infelizmente já era tarde demais para mudar qualquer coisa quando Elvis descobriu. Agora, recordo às vezes a confusão daquela semana e me pergunto como foi possível que as coisas escapassem inteiramente ao nosso controle. 

Eu gostaria de ter tido a força para declarar na ocasião: "Vamos com calma. Este é o nosso casamento, com ou sem fãs, com ou sem imprensa. Vamos convidar quem quisermos e realizá-lo onde quisermos!". A impressão foi de que a cerimônia acabou um instante depois de começar. Fizemos as promessas. Éramos agora marido e mulher. Lembro dos flashes espocando, os parabéns de papai, as lágrimas de felicidade de mamãe. Eu daria qualquer coisa por um momento a sós com meu marido. Mas fomos imediatamente levados para uma sessão fotográfica, depois a uma entrevista coletiva e finalmente a uma recepção, com mais fotógrafos. Sra. Elvis Presley. Era diferente, soava muito melhor do que os rótulos anteriores, como "companheira constante", "namorada adolescente", "Lolita de plantão", "amante". Pela primeira vez, eu era aceita por todos os nossos conhecidos e pela maioria do público. Havia exceções, é claro - as que acalentavam alguma esperança de que um dia poderiam conquistar Elvis. Eu não podia compreender isso na ocasião. Estava apaixonada e imaginava que todas seriam felizes por nós. Senti-me orgulhosa quando li nos jornais que eu fora o segredo mais bem guardado de Hollywood; era maravilhoso ser reconhecida. Estavam encerrados os anos de dúvida e insegurança, sem saber se eu pertencia e a que lugar. 

A noite de núpcias - Eu estava ao mesmo tempo exausta e aliviada quando finalmente voltamos a Palm Springs, no Learjet de Frank Sinatra, o Christina. Havia mais fotógrafos e repórteres à nossa espera quando desembarcamos e outros se postavam diante de nossa casa. Fiquei surpresa ao constatar que Elvis estava se comportando muito bem, levando em consideração o nervosismo que demonstrara por aquele compromisso supremo. Contudo, ele foi simpático com a imprensa e enfrentou tranqüilo os intermináveis pedidos de poses dos fotógrafos, algo que normalmente só podia suportar por curtos períodos. Além de todo o resto, não dormíamos há quase 48 horas. À sua maneira, Elvis estava determinado a fazer com que o dia do casamento fosse especial para nós. 

Ele gracejou com Joe Esposito, indagando: "É assim que se faz?". Ele carregou-me no colo pelo limiar da casa, cantando "Hawaiian Wedding Song". Parou e deu-me um beijo longo e apaixonado, depois subiu a escada e levou-me para o quarto, com toda a turma rindo e aplaudindo. Ainda era dia e o sol brilhava forte pelas janelas do quarto quando Elvis colocou-me no meio da cama enorme, com extremo cuidado. Tenho a impressão de que ele realmente não sabia realmente o que fazer comigo. Afinal, Elvis me protegera e salvara por muito tempo. Estava agora compreensivelmente hesitante em consumar todas as promessas sobre a excelência daquele momento. Recordando agora não posso deixar de rir ao pensar como nós dois estávamos nervosos. Poder-se-ia até imaginar que era a primeira vez que ficávamos juntos em circunstâncias tão íntimas. Gentilmente, os lábios de Elvis se encontraram com os meus. 

Depois, ele fitou-me fundo nos olhos e disse, a voz suave, enquanto me puxava contra o seu corpo: "Minha esposa...amo você, Cilla..." Ele cobriu meu corpo com o seu. A intensidade da emoção que eu experimentava era eletrizante. O desejo e a intensidade que haviam se acumulado em mim ao longo dos anos explodiram num frenesi de paixão. Ele teria imaginado como seria para mim? Planejara durante todo o tempo? Jamais saberei. Mas sei com certeza que, ao passar de moça para mulher, toda a longa, romântica e ao mesmo tempo frustrante aventura que Elvis e eu partilháramos parecia ter valido a pena. Tão antiquado quanto isso possa parecer, éramos agora um só. Era algo especial. Ele fez com que fosse especial, como acontecia com qualquer coisa de que se orgulhasse. Tudo foi muito especial naquela noite.

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio)
pabloaluisio@yahoo.com - maio de 2004

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 91

O Romance de Elvis e Ann-Margret
Foi quando visitava a família na costa oeste no verão americano de 1963 que Priscilla pela primeira vez se tornou alvo da imprensa nacional, devido ao caso que Elvis estava tendo com Ann Margret. Tudo começou no final de julho, em Las Vegas, onde Elvis e Ann Margret filmaram "Viva Las Vegas". Quando o filme terminou, ambos estavam enamorados. Uma prova disso é que pela primeira vez em sua vida Elvis começou a sumir de casa por dois, três dias e até uma semana para passá-los na residência de Ann Margret, em Hollywood Hills. Essa violação da regra de que as mulheres tinham de vir até ele, era apenas um dos sinais que os caras da Máfia de Memphis interpretaram como verdadeira paixão. Enquanto o romance de Elvis e Ann pegava fogo, Priscilla ficava em Graceland, aguardando a volta de seu namorado, como ela mesmo recorda em seu livro "Elvis e Eu": 

"Eu estava transtornada desde que soubera que a estrela do novo filme de Elvis seria Ann Margret, a starlet em ascensão mais rápida em Hollywood. Ann Margret fizera apenas uns poucos filmes, inclusive bye bye birdie, mas já fora apelidada pela imprensa como "Elvis Presley de saias". Elvis estava curioso em relação a ela, tenho comentado que "a imitação é a forma mais sincera de lisonja". Compreendi que se lhe revelasse meus temores, ele podia não dizer nada para me tranqüilizar. Afinal porque eu tinha tanta certeza de que no instante em que Elvis estivesse longe de mim - e perto de Ann Margret - surgiria um romance entre os dois? Cada vez que eu me aprontava para ir ao encontro de Elvis em Los Angeles, ele apresentava uma alegação qualquer para adiar a visita: - "Este não é o momento mais conveniente, baby. Estamos com problemas nas filmagens" - "Que problema?" - eu questionava - Elvis cinicamente me respondia: - "O caos é total aqui. Tenho um diretor maluco que está perdidamente apaixonado por Ann. Pela maneira como ele está dirigindo, dá até para pensar que o filme é todo dela. Ele está favorecendo Ann em todos os closes" - Elvis fez uma pausa - "E não é só isso: querem também que ela cante algumas canções comigo. O coronel ficou furioso. Disse que eles terão de me pagar um extra para cantar com ela". 

Enquanto escutava a arenga de Elvis, tentei me compadecer com a situação. Mas, emocionalmente, estava mais preocupada com a estrela do filme do que com o diretor. - "Como está Ann Margret?" - Perguntei - "Acho que ela é uma boa garota" - respondeu Elvis. Então ele logo descartou o assunto com a expressão "uma típica starlet de Hollywood". Minha preocupação foi temporariamente atenuada. Eu sabia que ele sempre encarava as atrizes de maneira desfavorável, chegando mesmo a comentar: "Elas estão mais interessadas em suas carreiras e o homem fica em segundo plano. Não quero ser o segundo para qualquer coisa ou qualquer pessoa. É por isso que você não precisa se preocupar com a possibilidade de eu me apaixonar pelas atrizes que trabalham comigo" Eu queria acreditar, mas não podia ignorar as notícias na imprensa sobre o romance ardente que estava acontecendo nas filmagens de "Viva Las Vegas". Só que o romance no set de Las Vegas, segundo os boatos, não era entre Ann Margret e o diretor e sim entre Ann Margret e Elvis. 

Uma noite em que estávamos conversando pelo telefone perguntei abruptamente: "Tem algum fundo de verdade?" - "Claro que não" - respondeu Elvis, caindo na defensiva no mesmo instante - "Você sabe como são esses repórteres. Adoram ampliar qualquer coisa. Ela apenas aparece por aqui nos fins de semana, em sua motocicleta. Brinca um pouco com a turma e depois vai embora. Isso é tudo" - Mas isso não era o suficiente para mim. Ann Margret estava lá e eu não. Enfurecida, declarei: "Quero ir para aí agora!" - Elvis ficou visivelmente surpreso com a minha reação e se saiu com essa: - "Agora não é possível. Estamos terminando o filme e voltarei para casa dentro de uma ou duas semanas. Mantenha-se aí e trate de conservar acesso o fogo da paixão" - De forma melancólica eu lhe respondi: "A chama está ardendo muito baixa. É melhor alguém voltar logo para casa e atiçar o fogo". Quando estava preparada para entrar em uma verdadeira guerra com Ann por Elvis, aconteceu uma coisa que deixou todos surpresos: de repente Elvis e Ann Margret desmancharam o namoro. Alguns rapazes da Máfia de Memphis encontraram Ann nos estúdios dias depois e conversaram sobre o assunto: - "Pensamos que vocês estavam apaixonados" - disse um deles - "Eu também" - falou a atriz - "E daí, o que aconteceu?" - quis saber um dos caras. Ann respondeu: "Não sei. Perguntem ao seu chefe. Eu não tenho a mínima idéia". Quando Elvis voltou de Hollywood resolvi mexer nas suas coisas atrás de provas, foi então que achei um bilhete na sua carteira que dizia: "Não posso entender - Scoobie". Era de Ann Margret. 

Tive certeza. Scoobie era o apelido que ela dera a si mesmo, como Elvis me confessou depois. A frase era também o título do primeiro disco de sucesso que ela gravou no começo dos anos sessenta. Era evidente que Elvis se dissociara completamente de Ann Margret, cortando os vínculos entre os dois. Rasguei o telegrama em pedacinhos, joguei no vaso e puxei a descarga, com a maior satisfação. - "Não deixa passar muita coisa não é mesmo baby? Para uma garotinha você é uma mulher típica" - Ele estava rindo - "Acho que é melhor eu tomar cuidado". Retribui o sorriso, mas pensei: "Nada disso. Sou eu quem precisa tomar cuidado. A amizade mútua e o respeito profissional entre Ann Margret e Elvis persistiram até o dia de sua morte. Ao longo dos anos ele nunca esqueceu de enviar um buquê de flores em forma de guitarra, desejando sucesso para a atriz sueca, sempre que ela estreava em um novo show ou em um novo filme!"

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - abril de 2004

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 90

Graceland 24 anos depois
Em Memphis, Tennessee, 80 mil pessoas se reúnem em Graceland para relembrar Elvis Presley no 24º aniversário de sua morte Todos os anos, na terceira semana de agosto, uma obsessão nacional chega ao seu ápice. Seu epicentro é Memphis, no Tennessee. Esta quarta-feira marca o 24º aniversário da morte de Elvis Presley, a cidade está completamente envolvida nas homenagens.

Memphis está hospedando 50 mil pessoas que viajaram de locais distantes, como a Inglaterra, a Austrália e a China para participar da semana em que se celebra a vida e a obra do Rei. Os fãs se reúnem para assistir a maratonas de filmes, gravações de concertos em telas JumboTron e sessões de perguntas e respostas promovidas por George Kline, uma personalidade do rádio local que foi amigo pessoal de Elvis.

O evento culmina com a vigília à luz de velas na quarta-feira, que terá entrevistas transmitidas direto do local onde Elvis está sepultado pela Internet para que aqueles que não podem comparecer ao evento ainda assim possam participar. "Ano passado, um cara veio da China e, durante a transmissão, seus amigos o viram e enviaram um e-mail", disse Scott Williams, gerente de marketing da Elvis Presley Enterprises. "Fomos à procura dele, e avisamos que seus amigos o estavam vendo".

Depois de anos vendo imitações baratas de Elvis em programas da TV e no cinema, a idéia de 50 mil fanáticos desembarcando em Memphis pode parecer um pesadelo para os habitantes locais. Na verdade, é exatamente o contrário. A cidade depende da celebração -- e da contínua reverência a Elvis -- para atrair a atenção. A cada ano, mais de 700 mil pessoas fazem a viagem a Graceland, a lendária casa onde o cantor morou. "Isto tem um grande impacto na comunidade", conta Kevin Cane, presidente da Agência de Convenções e Visitas de Memphis. "A exposição mundial que conseguimos nos últimos 24 anos tem sido simplesmente fantástica. A desaceleração não existe para nós".

De fato, o evento -- que surgiu como uma manifestação espontânea de emoção de milhares de fãs em 1977 -- continua a ficar maior a cada ano. Muitos dos visitantes se mantêm em contato durante o resto do ano, com o auxílio de uma newsletter que 50 mil pessoas recebem da Elvis Presley Enterprises. E a cada ano, estas pessoas voltam a Memphis para honrar o homem que, segundo elas, foi o maior artista de todos os tempos. "Essas pessoas estão aqui para honrar o rei do rock and roll", diz Cane. "Tivemos 43 presidentes, mas só um rei". Ao longo dos anos, os casais fizeram a sua parte batizando os seus filhos com nomes que evocam a memória de Elvis. Os pais de Travis Aron Thornhill, por exemplo, deram a ele o mesmo nome do meio do cantor.

Vinte e quatro anos depois, Travis e sua esposa, Jessica Thornhill, de Hutchinson, Kansas, dão continuidade à tradição, de certa forma. Eles batizaram seu filho, nascido sábado passado, de Iuma -- não por causa de alguma associação com Elvis, mas sim pelo seu amor à música. A banda de Travis, Opus, tem um website hospedado no Internet Underground Music Archive -- o primeiro site que ofereceu downloads gratuitos de música digital. No ano passado a companhia IUMA ofereceu US$ 5 mil para qualquer um que pusesse o nome da empresa em seu filho ou filha. Travis agarrou a chance. "Quando estávamos para ter o bebê, minha mãe disse que ele nos traria sorte e prosperidade", conta Travis. "Ela sentiu que Iuma nos traria boa fortuna. Além disso, essa é uma idéia bem ao estilo 'papai tem uma banda'. Bem, eu não sou exatamente um Frank Zappa, mas acho que faz sentido".

Na verdade, fez tanto sentido que outros nove casais batizaram seus rebentos em homenagem à companhia de música digital. Talvez a mãe de Thornhill soubesse algo que o resto do mundo ignorava, porque a IUMA, que quase teve de encerrar atividades ano passado, foi salva pela Vitaminic, um website internacional que também oferece música para os consumidores. Hoje em dia, o site prospera apesar dos maus tempos na economia. Iuma, o bebê, personifica a obsessão cultural americana pela música. E não há dúvidas de que haverá um grande número de "Elvises" e "Arons" nas ruas de Memphis esta semana.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 89

No céu com Elvis!
Em Graceland, mansão onde Elvis morou em Memphis (no Tennessee, não no Egito), hoje transformada numa lucrativa mistura de tumba faraônica, shopping center religioso e meca do rock – a decoração natalina permanece por mais alguns dias para que dezenas de milhares de fãs comemorem seu nascimento em 8 de janeiro de 1935. A expectativa para este ano é de que a maluquice se repita em uma escala maior. Até porque o culto ao rei está tomando proporções inacreditáveis. Em seu nome estão sendo fundadas seitas e uma nova versão do testamento circula com Elvis tal qual Jesus. A peregrinação não é só mental. Imitadores têm se submetido a cirurgias plásticas para se transformar em cópias do ídolo. O rei do rock and roll morreu em 16 de agosto de 1977. Mas este não foi o final da história – a morte de Elvis Aaron Presley, na verdade, representou mais um grande passo na sua gloriosa carreira. Como acontecia com os fa-raós, Elvis deixou de ser rei para tornar-se uma divindade, um santo adorado pelos fãs de todo o planeta – e com isso conseguir vender mais discos e bugigangas do que quando estava vivo. Quando morreu, seu patrimônio foi avaliado em US$ 7 milhões. Hoje, os negócios que usam seu nome em vão geram US$ 300 milhões por ano.

Elvis Presley nasceu numa família pobre na cidadezinha de Tupelo, Mississippi, o gêmeo sobrevivente de um parto difícil. A vida do filho único e precioso de Vernon e Gladys Presley foi o sonho americano. De um berço humilde ele se ergueu para se tornar o maior astro mundial da música pop. E agora ele está sendo transformado em um messias, sua vida sendo comparada à de Jesus Cristo. Elvis veio ao mundo numa gelada noite de inverno, em um barraco de madeira pouco maior do que um estábulo. Seu pai, que era meio mio-lo mole, contou que no instante do seu nascimento “uma forte luz azul brilhou sobre a casa”. E um livro intitulado The new, improved testament, que faz uma releitura do Novo Testamento, afirma que três bluesmen apareceram guiados por essa luz levando oferendas ao recém-nascido: guitarra, pasta de amendoim e anfetaminas. O próprio Elvis acreditava que seu súbito e avassalador sucesso só podia mesmo ser obra divina e, talvez pelo efeito das drogas que consumia, estava convencido de que era mesmo um messias, um daqueles seres privilegiados que surgem uma vez a cada milênio para iluminar uma civilização. Hoje seus devotos se autodenominam “presleyterianos” e estão abrindo igrejas em lugares “sagrados”, como Memphis e Las Vegas, e na Internet.

Não se pode saber entre os presleyterianos quem está enganando quem. A Primeira Igreja de Jesus Cristo Elvis foi fundada pelo artista Chris Ryell, que criou imagens de Presley no estilo católico clássico, sobrepondo o rosto do cantor ao de Jesus. A Primeira Igreja Presleyteriana de Elvis o Divino, em Denver (Colorado), proclama representar “a única religião que será importante no próximo milênio”. O negócio não surgiu como uma igreja de verdade, mas acabou ganhando vida própria e está sendo levada cada vez mais a sério – tanto que está reivindicando junto ao Congresso americano um feriado nacional em homenagem ao rei do rock. O dia do seu aniversário é a data proposta. “A falta de um feriado para Elvis é uma desgraça nacional”, lamenta o dr. Karl Edwards, co-fundador da igreja. “Um selo de correio não basta; os Estados Unidos devem reconhecer a poderosa obra de Elvis com um feriado oficial. Precisamos trazer o país de volta ao sagrado Espírito do Rock.” Aproveitando o embalo, o dr. Edwards ainda questiona o valor de outros feriados do calendário americano que homenageiam uma variedade de figuras históricas. “Quantos discos de ouro teve Geor-ge Washington?”, provoca. Ele ainda espera contar com o apoio presidencial e argumenta: “Bill Clinton até se parece com o Elvis gordo dos últimos anos e tenho certeza de que ele é um presleyteriano devotado.”

Sacerdócio – Mas a divindade do rei está mais bem traduzida por um simbolismo que ultrapassa a noção de ícone da Idade Média, quando em vez de estátuas numa igreja temos como emblema da sua santidade uma legião de efí-gies vivas em seus imitadores. Essas esquisitas figuras nascidas do culto a Elvis, que só encontram paralelo nos emuladores de Charles Cha-plin, não são simples imitadores, mas replicantes que rezam segundo o evangelho de São Xerox. Algumas dessas efígies humanas são tão dedicadas à identidade do ídolo que, como os transexuais, submeteram seus corpos à cirurgia plástica para realçar ainda mais a semelhança com Elvis. Para muitos fãs, esses imitadores de Elvis tornaram-se uma espécie de sumo sacerdotes da nova religião. David Moore, por exemplo. Ele imita Elvis em sua fase crepuscular e diz que faz isso por vocação: “Desde quando tinha cinco anos, sinto uma forte ligação com Elvis e quero que as pessoas saibam como aquele homem era bondoso.” Como outros fãs, Moore dedica-se a trabalhos de caridade em memória de Elvis, mas seu sacerdócio não chega a ser como o de alguns imitadores de Memphis e Las Vegas, que realizam casamentos em nome de Elvis.

O reverendo Tommy Foster é o responsável pela Primeira Igreja dos Imitadores de Elvis, em Memphis, com altares e santuários dedicados ao cantor. “No dia dos namorados casamos até 30 casais”, orgulha-se ele. Em Vegas, casamentos são celebrados por um Elvis balofo cantando Viva Las Vegas e com os casais trocando votos recitando as letras de suas canções românticas. Imagens, peregrinações e locais sagrados são comuns a quase todas as tradições religiosas. Mas as comparações não param por aí. O fã Robert Campbell nos fala das revelações de Elvis e suas visões apocalípticas. Ele garante que Elvis é Emanuel, “o único filho gerado que Deus prometeu nos enviar”, e acredita piamente que ele irá voltar para o juízo final, o que deve acontecer dentro de uns dez anos. Camp-bell compara as escrituras sagradas com a vida de Elvis. “Na Bíblia está escrito que quando Cristo foi posto em seu túmulo, foi envolto em uma mortalha. Elvis foi enterrado em uma mortalha de cobre. Cristo foi enterrado por seu amigo José e quem cuidou do funeral de Elvis foi seu amigo Joseph B. Samuel. Cristo ressuscitou três dias depois e o corpo de Elvis foi ‘sequestrado’ três dias depois de enterrado e desde então tem sido visto por muitas pessoas.”

Os fãs estão mitificando Elvis e tentando expressar em linguagem religiosa o que ele significava para suas vidas, exatamente como foi feito com Jesus Cristo e Maomé. Apesar de parecer muito estranho, essas pessoas estão convictas de haver encontrado o sagrado em Elvis Presley. E, por Elvis ser um ícone do século XX, ele continua vivo em seus filmes e em sua música, podendo ser ressuscitado por qualquer um apenas com o toque de um botão.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 88

Elvis: Na mira dos críticos
Os críticos nunca estiveram ao lado de Elvis Presley. Essa afirmação jogada assim ao vácuo das indagações pode parecer sem propósito. Será? 

Talvez o grande problema Elvis x críticos seja simplesmente o fato de que ele nunca se prendeu a um estilo: gravava os blues, da sua maneira sui generis,  que ele tanto amava, os countries que o remetiam ao universo fosforescente dos festivais itinerantes de música do Tennessee e as baladonas pop de qualquer época que ouvia quando era criança. Tudo isso mostra que o afamado Rei do Rock era antes de tudo Rei do Pop. Sim, Rei do Pop porque sempre houve lugar na sua personalidade de grande intérprete e produtor (Sim! ele produzia seus discos) para todos os estilos de música, do gospel ao blues, do country a baladas de qualquer lugar do mundo.

Nos anos 50, Elvis não podia ter o apoio da crítica musical porque quem escrevia sobre música, na época, eram pessoas que tinham como referências musicais Nat “King” Cole, Sinatra e Bing Crosby; ou seja, pessoas que não podiam entender o porquê de um garoto branco de 19 anos, ainda por cima sulista, cantar blues. Sendo assim, os críticos não poderiam avaliar o trabalho de Presley como grande estilizador do blues urbano e do country, ou seja, o criador do que se convencionou chamar de rockabilly: ouça That’s All Right de 1954.

Nos anos 60 Elvis inicia bem a década com um de seus LP's mais consistentes, Elvis is Back e um LP só de gospel, His Hand In Mine, ambos de 1960. Mas essa década também traz o estigma da linha de produção filme/long play e aí temos o primeiro grande erro de sua carreira, pois por volta de 1964 ele já não consegue emplacar músicas direto no top 10 da Billboard e nem no equivalente britânico. Motivos: falta de tempo para se apresentar ao vivo (últimos dois shows em 1961 ), e principalmente esgotamento psicológico e artístico ao se ver preso a um contrato de quase 10 anos que lhe obrigava a estrelar uma média de 3 filmes por ano seguidos de trilhas sonoras medíocres. Elvis sempre gravou o que queria, só que na década de 60, sugado ao máximo para fazer os filmecos de Hollywood (com raras exceções) e uma trilha por filme  de mais ou menos dez músicas compostas e produzidas por produtores musicais de Hollywood, mesmo para ele seria difícil transformar uma música medíocre em um grande sucesso baseado apenas na sua enorme popularidade.

Os críticos que cresceram ao som do rock dos anos 50, que faziam a cabeça com Beatles, Stones e Dylan, no meio dos anos 60, esperavam que ele sempre fizesse algo como Blue Suede Shoes e Elvis, não podendo desenvolver de forma total seu amadurecimento artístico, conforme razões já mencionadas, estava de novo na mira dos críticos.

Em 1966 ele entra no estúdio para gravar algo que realmente queria fazer, um novo álbum gospel, How Great Thou Art (ganhador de um Grammy em 1967), e também aproveita para gravar algumas músicas que não fossem trilhas, mas que irremediavelmente entrariam em algum disco de filme para completar o que foi convencionado pela gravadora como tamanho padrão. Estas músicas foram: Down in The Alley (blues), Love Letters (clássico de Victor Young) e Tomorrow is a Long Time (de Bob Dylan). Em 1967, Presley iria continuar sua reaproximação com suas raízes através de blues singles como Guitar Man, U.S. Male, Hi Heel Sneakers. Estes singles foram ignorados pelo grande público simplesmente porque a RCA (gravadora de Elvis) achava mais rentável investir nas trilhas que bem ou mal eram o grande veículo para o seu trabalho. Mas como “água mole em pedra dura ...” Elvis conseguiu sua salvação em 1968 com um especial para a televisão que além de mostrar todo seu vigor como intérprete através de canções novas como If I Can Dream o colocava novamente como uns do maiores performers de palco dos EUA.

Em 1969, finalmente termina o suplício/contrato com Hollywood. Elvis inicia uma sessão de gravação em janeiro que se estende até fevereiro (no American Sound Studios of  Memphis). Nesta sessão ele grava mais de 30 músicas, constando entre estas alguns dos maiores sucessos de sua carreira como Suspicious Minds e o grande LP From Elvis in Memphis. Elvis praticamente estabelece nesta sessão um novo conceito musical tão versátil quanto seu próprio estilo de cantar, algo que pode ser definido como Som Total; o melhor de tudo é que agora o seu contato com o público iria ser ao vivo; de 1969 a 1977 ele iria cruzar os EUA em tours de costa a costa. Será que agora os críticos teriam razão para malhar Elvis ?

No início, de 69 à 73, sua relação com os críticos foi amistosa, algumas vezes elogiosa ao ponto de parecer tietagem. Mas como tudo que é bom dura pouco... Aconteceu que dois probleminhas passaram a interferir na sua vida profissional: seu divórcio e, principalmente, o abuso de drogas.

Na década de 70, Presley estava trabalhando no palco e no estúdio todas as suas personas enquanto intérprete. Talvez a sessão de gravação que melhor represente seu trabalho na década de 70 seja a de junho de 1970, em Nashville. Para se ter uma idéia, nesta sessão ele repetiu a qualidade que marcou seus trabalhos nos anos 50, nas sessões de Elvis is Back e as de From Elvis in Memphis. Mais uma vez ele gravou cerca de 30 canções que iam do blues de Got my Mojo Working, clássico gravado por Muddy Watters, countries vigorosos como I Really Don’t Want to Know, o gospel Where Did They Go, Lord? e o pop Bridge Over Troubled Water.

Elvis entra de novo na mira dos críticos a partir de 74 por estar muito mais interessado em gravar baladas que melhor exteriorizavam seus conflitos pessoais; por isso mesmo os críticos o detonam: afinal ele não era o grande Rei do Rock? Onde está o rock na suas apresentações e gravações deste período? Outro ataque sempre colocado pelos críticos era sua aparência física que não lembrava mais o símbolo sexual que ele fora.

Elvis não deixou de fazer rocks, só que este tipo de música nunca foi o ponto focal da sua vida, apesar da imprensa sempre esperar que ele fizesse rock. Ele tinha amadurecido e sua música também, e quanto à questão da aparência, é tão irrelevante que dá vontade de rir. Se ele estava inchado por causa do abuso de drogas, o problema era só dele; e vale lembrar que se os críticos estavam interessados na sua aparência, os fãs e qualquer amante do bom pop/rock estavam interessados na sua música. Vinte anos depois de sua morte ele ainda é lembrado por ela.

Texto publicado no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 87

 Será que Elvis está vivo?
A maioria das pessoas acredita que Elvis Presley morreu no dia 16 de agosto de 1977, na mansão de Graceland, em Memphis, no Tennessee. Mas a tese do "Elvis não morreu" tem defensores fanáticos, ajudados por uma porção de circunstâncias estranhas ou, pelo menos, controvertidas que cercam a morte e os últimos dias do cantor. Vários sites da Internet reuniram as "provas" ou, digamos, as "alegações". As teorias demonstram várias "falhas" na suposta morte de Elvis, veja os principais argumentos que sustentam a tese da "Teoria da conspiração sobre a morte de Elvis":

O túmulo: nele, está escrito errado o nome do meio de Elvis, Aron, e não Aaron como aparece na lápide. Seu pai não deixaria cometerem esse erro. Além disso, o corpo de Elvis jaz entre os de seu pai e de sua avó. Uma coisa inimaginável tê-lo deixado longe da sua querida mamãe. Era sua vontade clara ser enterrado perto de Gladys.

A certidão de óbito: muito vaidoso, Elvis tinha vergonha de ter engordado muito. Pesava mais de 100 quilos ao "morrer". Mas a certidão de óbito registra pouco mais de 70. A certidão original sumiu e a existente foi expedida dois meses depois.

O cadáver de cera: o caixão de Elvis exigiu vários carregadores, pois pesava mais de 300 quilos. Testemunhas do funeral afirmaram que o ar perto do caixão estava muito frio. Suspeitou-se que o caixão tivesse um aparelho de ar condicionado para conservar um cadáver de cera, réplica do Rei, destinado a enganar os presentes. E como a família Presley conseguiu um elaborado caixão feito sob medida, de mais de 300 quilos, para um enterro no dia seguinte ao da morte?

O enterro: por que o enterro foi tão rápido? dizem que a razão foi evitar que os maiores fãs de Elvis chegassem a tempo e reconhecessem defeitos no cadáver de cera. Elvis era um faixa preta de oitavo grau, cujas mãos eram cheias de calos, enquanto o corpo do caixão tinha mãos lisas e gorduchas. O nariz e as sobrancelhas arqueadas também causaram estranheza. Foi comentado na época que uma costeleta do "cadáver" estava solta e um cabeleireiro teve de grudá-la.

Comportamento estranho: duas horas depois da morte de Elvis ser anunciada publicamente, um homem muitíssimo parecido com ele comprou uma passagem para Buenos Aires, pagou em dinheiro e usou o nome John Burrows, o mesmo que Elvis empregara várias vezes como disfarce. Elvis tinha alguns livros que considerava seus tesouros. Tinha uma Bíblia, vários livros de farmácia, sobre a morte e, sobretudo, o Livro dos Números de Chiro e a Autobiografia do Iogue, que desapareceram para sempre depois da morte de Elvis. Nas semanas antes de sua morte, as ações de Elvis não foram as de um homem que tinha de cumprir uma enorme turnê pelos EUA; encomendou novas roupas e despediu-se do público com um "adiós", no seu último show em Indianapolis ao contrário do habitual "Espero vocês no meu próximo show". A RCA mostrou um certeiro (e incrível) faro ao produzir milhões dos discos atuais e anteriores do cantor. Era uma prática comum antes de uma turnê, mas os números dessa vez foram muito maiores.

Outras coisas estranhas: o Rei despediu vários empregados em quem confiava há muito tempo. Dois dias antes da "morte", Elvis ligou para uma amiga chamada miss Foster. Disse-lhe que estava pensando em não realizar a turnê prevista. Ela lhe perguntou se havia cancelado e ele respondeu que não.

Quando ela perguntou se estava doente, Elvis disse que estava bem e que ela não deveria mais perguntar nada, que não deveria acreditar em nada do que lesse. Num livro chamado Elvis Where Are You? é citado o caso e que miss Foster teria confirmado tudo, num teste de detetor de mentiras. Ainda, no dia seguinte ao da morte, uma ex-amante de Elvis, Lucy De Barbon, recebeu uma rosa pelo correio. O cartão dizia que era de "El Lancelot", o apelido que ela usava para Elvis, que ninguém mais sabia.

Numerologia e banheiro: Elvis era fascinado pelo assunto desde que leu o Livro de Números de Chiro. Se ele forjou sua morte, deve ter pensado que 16 do mês 8 de 1977 completava uma soma de 2001. Era o título do filme favorito do Rei, em que o herói planeja sua imortalidade no banheiro. Elvis passava muito tempo fazendo o mesmo. Tinha até uma espécie de poltrona reclinável na privada. E foi no banheiro que dizem ter achado o corpo de Elvis.

Motivo: ele tinha razões para forjar a morte. Estava com a vida em perigo. Perdera US$ 10 milhões numa transação com uma organização californiana chamada "Fraternidade", que tinha ligações com a Máfia. Há quem especule que ele teria revelado a ação do crime organizado, em troca de proteção, talvez na forma de uma nova vida e uma nova identidade. Aos 42 anos, sua carreira ameaça declinar. O cabelo estava embranquecendo, estava muito acima do peso e a voz enfraquecia. O que oferecia condições para um final abrupto.

Meios: Elvis tinha os meios para fingir a própria morte. Acusaram-no de se destruir com remédios, mas ele entendia muito do assunto. Tomava muitos remédios, mas sabia o que estava fazendo. Sabia tomar remédios para criar um estado de morte aparente. Além disso, como perito em artes marciais, sabia reduzir sua pulsação cardíaca e sua respiração para fingir que estava morto.

O coronel Tom Parker, o admininistrador dos negócios de Elvis, criou uma nova identidade para si, quando chegou aos Estados Unidos como um imigrante ilegal da Holanda. Virou outra pessoa, com passaporte, certidão de nascimento, carteira de motorista e de previdência social. Ele poderia fazer o mesmo com Elvis. Além disso, Elvis tnha ligações oficiais e usava documentos reais com o nome de John Burrows.

Ficam aí as "Evidências", sem dúvida elas irão servir de prato cheio para os fãs do seriado "arquivo X", onde são mostrados os mais diversos meios conspiratórios do governo americano. Será que Elvis está por aí, rindo de tudo isso e se divertindo com toda esta história!? A verdade está lá fora...

Texto publicado no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.