quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Fuga Mortal

Título no Brasil: Fuga Mortal
Título Original: Joshua Tree
Ano de Lançamento: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: LIVE Entertainment
Direção: Vic Armstrong
Roteiro: Steven E. de Souza, Don Jakoby
Elenco: Dolph Lundgren, George Segal, Kristian Alfonso, Geoffrey Lewis, Ken Foree, Matt Battaglia

Sinopse:
Eddie Lomax, um ex-piloto de corrida e ladrão de carros, é condenado injustamente por um crime que não cometeu. Após escapar de uma prisão de segurança máxima, ele tenta provar sua inocência enquanto é perseguido implacavelmente pela polícia e por criminosos ligados a um poderoso esquema de corrupção. Durante a fuga, ele faz refém uma policial, Rita, que acaba descobrindo a verdade e se torna sua aliada. Juntos, enfrentam perseguições explosivas e confrontos mortais em meio ao deserto americano.

Comentários: 
Depois de Rocky IV, o brutamontes Dolph Lundgren emplacou uma série de filmes de ação, meras produções B, muitas delas lançadas diretamente no mercado de vídeo VHS. Essa é uma delas, lançada em 1993, com direção de Vic Armstrong. Nesse filme o musculoso loiro interpreta um fugitivo da prisão. Ele foi preso injustamente e agora quer vingança contra o homem que o colocou nessa armadilha penal e potencialmente mortal. E na fuga ele acaba fazendo de refém uma policial, o que não vai lhe ajudar em nada na sua busca por justiça e vingança. Filme originalmente intitulado de "Joshua Tree", essa é uma daquelas produções que acabavam se pagando em tempos das locadoras VHS. Mesmo que o filme não fizesse sucesso nenhum nos cinemas ele sempre encontrava seu público nesses lugares. Por isso se dizia nos anos 80 e 90 que nenhum filme, por mais B que fosse, jamais daria prejuízo. Bons tempos para quem vivia de filmes naquelas décadas. 

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

...E Frankenstein Criou a Mulher

Título no Brasil: ...E Frankenstein Criou a Mulher
Título Original: Frankenstein Created Woman
Ano de Lançamento: 1967
País: Reino Unido
Estúdio: Hammer Film Productions
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Anthony Hinds, Terence Fisher
Elenco: Peter Cushing, Susan Denberg, Thorley Walters, Robert Morris, Derek Fowlds, Barry Warren

Sinopse:
O Barão Frankenstein continua suas experiências desafiando as leis da natureza. Desta vez, ele tenta aprisionar a alma de um homem injustamente executado no corpo de sua bela amada, Christina, que havia cometido suicídio após sua morte. O resultado é uma criatura movida por vingança e confusão entre amor e identidade. Misturando horror, tragédia e elementos filosóficos, o filme propõe uma reflexão sobre a alma, a vida e o corpo humano.

Comentários: 
Mais um filme (de uma longa série) com o ator Peter Cushing interpretando o Barão Viktor Frankenstein. Só que se formos comparar com os demais que ele rodou nessa mesma produtora Hammer, encontraremos algumas diferenças marcantes. A maior delas é que a criatura nesse filme é uma mulher e não um homem criado a partir de restos humanos de pessoas falecidas! Ela não se torna um monstro, fisicamente falando. Muito pelo contrário, acaba virando uma bela mulher que seduz suas vítimas para a morte! Em sua vida normal tinha uma deficiência física que a estigmatizava e trazia tanta dor emocional como física. Quando o Barão a traz de volta à vida, está livre de qualquer tipo de doença degenerativa! Nessa nova condição de vida ela parte para uma vingança de puro ódio contra todos que a desprezaram no passado. Enfim, apreciei. É um filme da linha de montagem de filmes sobre Frankenstein da Hammer que chama a atenção por ser bastante diferenciado. Nem a Mary Shelley teria tanta criatividade para reverter sua própria criação como vemos nesse roteiro! Vale, por essa razão, a devida recomendação para os apreciadores de filmes clássicos de terror. Assista e tenha várias surpresas dentro desse enredo bem inovador e criativo. 

Pablo Aluísio. 

O Vampiro de Notre Dame

Título no Brasil: O Vampiro de Notre Dame
Título Original: I Vampiri
Ano de Lançamento: 1957
País: Itália
Estúdio: Titanus
Direção: Riccardo Freda, Mario Bava
Roteiro: Piero Regnoli, Riccardo Freda
Elenco: Gianna Maria Canale, Dario Michaelis, Carlo D’Angelo, Wandisa Guida, Paul Muller, Antoine Balpêtre

Sinopse:
Em meio a uma série de assassinatos em Paris, nos quais jovens mulheres são encontradas mortas e sem sangue, um jornalista decide investigar o mistério. As pistas o levam ao antigo castelo da enigmática condessa Gisèle Du Grand, uma mulher bela e misteriosa que esconde um terrível segredo: para manter a juventude e a beleza, ela depende de experimentos macabros realizados por um cientista que tenta extrair a essência vital das vítimas.

Comentários:
O cinema italiano tem muitos bons filmes, principalmente nos gêneros de faroeste e terror. O problema é que eles faziam filmes em ritmo de produção industrial e muita porcaria também era lançada. De qualquer forma vale a pena ir atrás dos bons filmes, em um trabalho de verdadeiro garimpo cinematográfico. Nessa atividade de ir em busca do santo graal do cinema italiano me deparei com esse elegante e distinto filme de horror. Tem uma classe inegável envolvida no roteiro e na produção dessa antiga película. Mario Bava era um mestre na construção de climas adequados para esse tipo de produção. E apesar de ter chegado já com o filme bem desenvolvido (Riccardo Freda havia sido demitido pelo estúdio) ele fez um excelente trabalho de conclusão da obra como um todo. O filme é, acima de tudo, mais uma versão da história real da condessa de sangue,  Elizabeth Báthory. Só que não se engane sobre isso, esse é sem dúvida um belo filme de terror europeu, para ser redescoberto pelos cinéfilos atuais. 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Um Certo Capitão Lockhart

Um Certo Capitão Lockhart
Esse filme é considerado um dos faroestes clássicos da carreira do ótimo ator James Stewart. Ele foi um ícone da história do cinema americano e transitou muito bem no mais americano de todos os gêneros cinematográficos, o western. No filme ele interpreta um personagem chamado  Will Lockhart. Esse cowboy chega a uma pequena cidade do Novo México para descarregar uma carga de mantimentos para o comércio local. Na volta resolve retirar de uma salina próxima um novo carregamento, mas é impedido de forma violenta por Dave Waggoman (Alex Nicol), filho de um rico fazendeiro da região. Isso cria uma rivalidade que vai levar os dois homens a um caminho sem volta. Essa foi, infelizmente, a última parceria entre James Stewart e o diretor Anthony Mann. Juntos eles fizeram alguns dos melhores filmes de western de sua época. Marcaram mesmo a história do gênero. E como não poderia deixar de ser esse "The Man From Laramie" também é um faroeste acima da média. O filme é uma adaptação do conto do escritor Thomas T. Flint, que publicou originalmente seu texto nas páginas do Saturday Evening Post. Nos anos 1950 era comum a publicação de textos com histórias do velho oeste nos grandes jornais americanos. O sucesso foi tão grande que eles depois começaram a publicar esses textos em forma de livros de bolso (até aqui no Brasil os livrinhos de faroeste de bolso foram extremamente populares). O roteiro também aproveita para se inspirar levemente na peça Rei Lear - o que fica evidente nas relações familiares em torno da família do rico fazendeiro Alec Waggoman (Donald Crisp). Idoso, extremamente rico e ficando cego, ele se preocupa sobre sua sucessão pois seu filho, Dave, que é um mimado irresponsável que não sabe lidar com o poder que tem.

James Stewart novamente nos brinda com uma excelente interpretação. Seus personagens em faroestes sempre foram cowboys menos viris do que os interpretados pelo Duke (John Wayne) mas não eram menos éticos e virtuosos. Aqui ele faz um ex-capitão do exército americano que acaba se envolvendo em um conflito contra Dave, o herdeiro do clã Waggoman. O curioso é que o roteiro, muito bem trabalhado, traz inúmeras reviravoltas e uma sub trama muito interessante envolvendo contrabando de rifles automáticos para a tribo Apache. O filme é bem cadenciado, com preocupação de se desenvolver todos os personagens e o resultado final é muito eficiente, o que surpreende pois a duração é curta, pouco mais de 90 minutos, o que demonstra que para se contar uma boa estória, não é necessário encher a paciência do espectador com filmes longos demais.

Um Certo Capitão Lockhart (The Man From Laramie, Estados Unidos, 1955) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Philip Yordan, Frank Burt, Thomas T. Flynn / Elenco: James Stewart, Arthur Kennedy e Donald Crisp / Sinopse: Um cowboy, ex-capitão do exército americano, acaba entrando em conflito contra um rapaz, herdeiro de um poderoso fazendeiro da região. E isso nos tempos do velho oeste americano significava um duelo de vida ou morte.

Pablo Aluúsio.


Os Três Sargentos

Os Três Sargentos
O cantor Frank Sinatra reuniu sua turma de amigos, contratou o diretor John Sturges e rodou esse faroeste em 1962. O resultado não ficou tão bom. O roteiro apresentou problemas, não se posicionou entre ser uma comédia ou um filme sério de western. Na indecisão o espectador acabou perdendo parte de seu interesse. Outra coisa que faz falta é a ausência de uma trilha sonora. Afinal ter dois dos maiores cantores da história em um filme e não explorar esse talento soa absurdo. Frank Sinatra e Dean martin estão lá, mas não cantam. Apenas tentam fazer cenas divertidas. Não deu muito certo. O filme começa como comédia pastelão. Os três protagonistas estão em um bar. Após uma briga ao estilo dos antigos filmes do trio "Os Três Patetas", o espectador é levado a pensar que o roteiro vai seguir essa linha, mas não é bem isso que acontece depois. Inexplicavelmente o tom do filme muda e assume uma postura séria, baseada em longos tiroteios e batalhas com os índios das montanhas. Frank Sinatra não se esforça e nem parece muito interessado no filme. Na verdade ele apenas passeia entre as cenas. Aliás seu personagem nem sempre aparece nas cenas mais importantes. Melhores são as participações de Dean Martin e Sammy Davis Jr, que em dupla proporcionam bons momentos.

De resto pouca coisa convence. A cena final é praticamente toda passada dentro de uma caverna nitidamente recriada em estúdio. O filme como um todo não é mal feito, mas o cenário, nessa cena em particular, não parece nada realista. O diretor John Sturges foi contratado pessoalmente por Sinatra após o sucesso de "Sete Homens e Um Destino", mas o deixou em rédeas curtas. E isso atrapalhou o filme. Sinatra nem sempre tinha as melhores ideias, mas sem um diretor com autoridade, elas acabaram entrando no filme. Então é isso. Um faroeste que muito provavelmente não exisitiria sem Frank Sinatra, mas que acabou sendo prejudicado justamente por ele.

Os Três Sargentos (Sergeants 3, Estados Unidos, 1962) Direção: John Sturges / Rotero: W.R. Burnett / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford e Joey Bishop / Sinopse: Três sargentos de um forte do exército americano localizado no deserto, entram em conflito com uma tribo de índios com uma estranha religião que prega o fanatismo e a guerra total contra o homem branco.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Barba Azul

Título no Brasil: Barba Azul
Título Original: Bluebeard
Ano de Lançamento: 1972
País: Reino Unido
Estúdio: Hemdale Film Corporation
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: Norman Cohen, Edward Dmytryk
Elenco: Richard Burton, Raquel Welch, Joey Heatherton, Virna Lisi, Karin Schubert, Nathalie Delon

Sinopse:
Ambientado na Europa dos anos 1930, o filme acompanha o misterioso barão Kurt von Sepper, um homem rico, sedutor e aparentemente encantador, mas que esconde um passado sombrio. Após se casar com uma jovem americana, ela começa a descobrir os segredos de seu marido e o destino trágico de suas esposas anteriores. A história revisita o clássico conto de “Barba Azul” com uma mistura de suspense, erotismo e crítica à hipocrisia social da época.

Comentários:
Depois de tantos casamentos e divórcios com Elizabeth Taylor, o ator Richard Burton estava simplesmente falido! O jeito foi aceitar o que estavam lhe oferecendo. Ele então aceitou atuar nessa adaptação para o cinema do conto “La Barbe Bleue” (Barba Azul), de Charles Perrault. Algumas mudanças foram feitas no roteiro. No texto original havia mais violência e sexo. Para se ter uma ideia o personagem principal matava várias mulheres e escondia seus corpos em sua grande casa. Aqui há menos foco na violência e mais interesse nas cenas de sexo e nudez. Aliás o elenco feminino do filme é um dos destaques, contando com mulheres belas, modelos e beldades em geral. Só que para Richard Burton isso teve pouco atrativo. Ele estava abusando tanto das bebidas alcóolicas que chegou a causar inclusive atrasos na produção. Brigou publicamente com o diretor e ficou um tanto queimado perante os estúdios quando o filme foi finalizado. É um filme interessante, eroticamente soft, mas que ganhou também uma grande dose de críticas negativas quando finalmente foi lançado. 

Pablo Aluísio. 

O Diabo Branco

Título no Brasil: O Diabo Branco
Título Original: Agi Murad il diavolo bianco
Ano de Lançamento: 1959 
País: Itália, Iugoslávia 
Wikipedia
Estúdio: Majestic Films 
Direção: Riccardo Freda 
Roteiro: Lev Tolstoy, Gino De Santis 
Elenco: Steve Reeves; Giorgia Moll; Scilla Gabel; Renato Baldini; Gérard Herter; Milivoje Živanović 

Sinopse:
Agi Murad, um chefe tchetcheno no século XIX, lidera seus guerreiros contra as forças do czar russo. Ele se destaca por sua coragem e habilidade de combate, sendo conhecido como “O Diabo Branco” pelos russos devido à sua ferocidade e valentia. Em meio a conflitos, intrigas palacianas e rivalidades, Agi Murad também vive tensões pessoais, principalmente pelo amor de mulher disputada entre diferentes facções. Enfrentando traição, brutalidade militar e dilemas morais, ele luta para proteger seu povo e manter sua honra. 

Comentários: 
O filme se baseia no romance Hadji Murat, do grande e consagrado escritor Lev Tolstoy. A história retrata o famoso líder caucasiano e sua resistência contra o expansionismo russo. Outro filme de Steve Reeves rodado na Itália! O roteiro conta a história de Hadji Murad, um chefe tribal do século XIX que liderou seus guerreiros em uma luta contra as forças invasoras do czar russo. Como se pode ver nessa rápida sinopse temos uma mudança no tema dos filmes do ator. Essa produção chamada originalmente de " Agi Murad il diavolo bianco" foi lançada nos Estados Unidos com o nome de White Warrior e dividiu opiniões, o que era esperado, pois se vivia a Guerra Fria em todo o seu apogeu. O filme foi todo rodado em regiões montanhosas da Itália e Iugoslávia, aproveitando locações externas para reforçar a ambientação histórica das montanhas do Cáucaso. O resultado ficou muito bom e trouxe uma bela fotografia para o filme como um todo. O filme acabou misturando diversos elementos populares da época, como aventura, romance, ação e rivalidade política. O público gostou bastante do que viu nos cinemas.

Pablo Aluísio. 

domingo, 16 de novembro de 2025

Filmografia Leonardo DiCaprio - Parte 4

Diamante de Sangue
“Diamante de Sangue” expõe uma das maiores contradições do continente africano. Ao mesmo tempo em que possui algumas das maiores riquezas naturais do mundo é também o lugar mais miserável do planeta. O filme se passa em Serra Leoa e mostra essa dura realidade. Leonard DiCaprio interpreta Danny Archer, um sul-africano que se tornou contrabandista de diamantes. Seu objetivo é colocar as mãos em um raríssimo exemplar cor-de-rosa. Para isso ele conta com a ajuda de um nativo, o negro Solomon Vandy (Djimon Hounsou). Enquanto o Archer quer o precioso diamante para vender no mercado negro e assim ganhar uma fortuna, Vandy só deseja mesmo ajudar sua numerosa família. Já a jornalista americana Maddy Bowen (Jennifer Connelly) cruza o caminho de ambos com a intenção de escrever sobre o que ocorre em Serra Leoa antes que essas preciosas pedras entrem no mercado europeu e americano, onde serão negociadas por verdadeiras fortunas, sendo expostas em luxuosas lojas de jóias raras e finas.

Como disse certa vez um famoso economista: “Não existe almoço grátis no capitalismo”. De fato, mal sabem as mulheres o que se esconde por trás daquele anel de diamante dado por namorados ou maridos. O próprio nome “diamante de Sangue” é perfeito para definir os descaminhos que essas pedras cruzam desde o momento em que são descobertas em minas na África até o momento em que viram finos presentes de romances açucarados em países de primeiro mundo. Guerras, conflitos, exploração do trabalho humano, degradação, mortes... o filme tenta expor esse quadro, muitas vezes adotando um tom quase documental, outras vezes adotando as regras do entretenimento puramente Hollywoodiano. O resultado se mostra a meio caminho da plena conscientização das platéias e a mera diversão para as fãs de Leonardo DiCaprio, que de certa forma havia perdido um pouco o tom certo de sua carreira após o megasucesso de Titanic. Aqui felizmente ele volta a ser o que sempre foi em minha opinião, um ator talentoso e envolvido em projetos realmente relevantes.

Diamante de Sangue (Blood Diamond, Estados Unidos, 2006) Direção: Edward Zwick / Roteiro: Charles Leavitt / Elenco: Leonardo DiCaprio, Jennifer Connelly, Stephen Collins, Benu Mabhena, Ntare Mwine, Djimon Hounsou, David Harewood / Sinopse: Um contrabandista branco de diamantes e um nativo negro tentam colocar as mãos em um raro diamante cor-de-rosa em Serra Leoa durante a década de 90. Ao lado deles uma jornalista tenta documentar tudo para escrever sobre o caminho que essas pedras preciosas percorrem antes de chegar ao mercado dos países ricos. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator para Leonardo DiCaprio.

Rede de Mentiras
Um bom thriller de ação dirigido por um dos melhores diretores de Hollywood, o sempre ótimo Ridley Scott. Interessante é que esse roteiro desenvolve os dois lados da mesma moeda do universo dos serviços de espionagem e inteligência de grandes potências, como os Estados Unidos. De um lado os bastidores, onde tramas e operações são montadas e planejadas nos menores detalhes. Nesse campo se destaca o burocrata interpretado por Russeli Crowe. Do outro lado o serviço sujo de campo, onde os agentes precisam colocar a mão na massa. Aqui quem dá as cartas é o personagem de Leonardo DiCaprio. Nem sempre os dois lados se dão bem, muitas vezes há atritos entre eles e o roteiro procura desenvolver bem esse aspecto. 

Outro ponto que chama atenção nesse filme é que ele foi o segundo de pura ação estrelado por Leonardo DiCaprio. Ele parecia empenhado e muito interessado nesse tipo de filme, gênero que na verdade nunca havia encontrado muito espaço em sua carreira. Ele parecia tentar manter sua posição de astro de sucesso em Hollywood, nem que para isso tivesse que fazer certas concessões nos tipos de filmes em que iria aparecer. Ainda bem que logo voltaria para o seu habitual, afinal os admiradores de Leonardo não faziam parte do mesmo nicho que espectadores que curtiam filmes com muitas cenas de ação. Era outra história. Ele queriam ver o ator em outros gêneros cinematográficos, mas de acordo com seu próprio passado no cinema. E todos eles estavam mais do que certos nessa opinião. 

Rede de Mentiras (Body of Lies, Estados Unidos, 2008) Direção: Ridley Scott / Roteiro: 
William Monahan, David Ignatius / Elenco: Leonardo DiCaprio, Russell Crowe, Mark Strong / Sinopse: Agente da CIA é enviado para o Oriente Médio com a missão de prender um perigoso terrorista internacional. 

Foi Apenas um Sonho
April (Kate Winslet) e Frank Wheeler (Leonardo DiCaprio) formam um casal em crise. Eles vivem em um subúrbio de Connecticut com seus dois filhos. O que parece ser o quadro ideal para uma vida feliz esconde um poço de frustrações pessoais de cada um deles. De certa forma o relacionamento foi se desgastando ao longo dos anos, chegando ao ponto de entrar numa encruzilhada. Na tentativa de salvar o casamento se inicia uma série de brigas sobre se devem ou não ir a Paris, numa desesperada tentativa de salvar o relacionamento. A tensão e a angústia resultantes disso trarão sérias consequências para todos.

Quando esse filme foi lançado houve uma certa comparação com Mad Men (uma série de que gosto bastante). O tema é realmente parecido, a época, os conflitos, a rotina destruindo um casal etc. Apesar disso acho que na comparação Mad Men ainda é bem melhor. Não sei se é o fato de nos familiarizarmos melhor com personagens que vemos toda semana, mas o que me passou esse filme foi uma frieza muito grande, tanto do enredo como dos próprios personagens. Não consegui torcer por eles ou criar um vínculo. É um filme que não cria laços emocionais com o público. Pelo menos comigo não funcionou. Eu confesso que fui perdendo gradativamente o interesse no filme durante a projeção. Mesmo assim com esse tratamento frio e distante para com esse enredo, que na minha opinião deveria ser levado em clima caliente, o filme consegue se sobressair por causa da talentosa atuação do casal central de atores. 

Certamente o simples nome de Leonardo DiCaprio e Kate Winslet no elenco de um mesmo filme vai lembrar na mente de muitos o sucesso "Titanic" mas esqueça qualquer tipo de comparação válida. Ao contrário do filme de James Cameron, que era pop puro, o que vamos encontrar aqui é um roteiro feito de pequenos momentos, o que para alguns vai soar como algo chato e entediante. "Revolutionary Road" definitivamente não foi feito para as massas e seu êxito vai depender muito da forma como o espectador vai encarar todo o desenrolar de sua estória. Comigo não funcionou muito mas quem sabe com outros a coisa seja diferente. Na dúvida arrisque uma conferida. 

Foi Apenas um Sonho (Revolutionary Road, Estados Unidos, 2008) Estúdio: DreamWorks SKG, BBC Films / Direção: Sam Mendes / Roteiro: Justin Haythe, Richard Yates / Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Christopher Fitzgerald, Michael Shannon / Sinopse: Um casal em grave crise no casamento tenta uma maneira de salvar o relacionamento. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino e Melhor Ator Coadjuvante (Michael Shannon).

Ilha do Medo
Esse é um dos mais recentes filmes de Martin Scorsese. Ilha do Medo é o típico filme que engana. Você vai ao cinema pensando que vai assistir um tipo de gênero e acaba encontrando outro completamente diferente. Eu, por exemplo, fui assistir convencido que iria me deparar com um bom filme de suspense policial, com muito clima noir. Pensei que iria assistir algo no estilo de Chinatown, mas acabei vendo um curioso derivado de Um Estranho no Ninho. Dito isso quero deixar claro que o filme não é ruim, em hipótese alguma. Ele passeia muito bem pelos estilos com desenvoltura e prende a atenção do espectador. Não é para menos já que Scorsese é um dos diretores mais brilhantes da história do cinema. Então se você vai ao cinema assistir A Ilha do Medo pensando tratar-se de um filme de terror, suspense policial ou trama de espionagem, esqueça. O roteiro usa desses gêneros apenas para contar uma outra estória, bem mais pesada e trágica do que o típico filme de detetives. Não vou aqui estragar a surpresa de ninguém, por isso quanto menos contar melhor. O que posso adiantar é que Di Caprio está muito bem no papel (não chega a ser excepcional mas apresenta uma boa atuação). Ben Kingsley também mantém o alto nível do elenco mas é Max Von Sydow que se sobressai, apesar de suas cenas serem pequenas e esporádicas.

Em termos de produção, atuação e direção não há o que reclamar, Scorsese é praticamente um gênio e nesses aspectos técnicos só se poderia esperar o melhor mesmo. O grande ponto negativo do filme realmente é seu roteiro. Não que seja ruim, longe disso, mas é previsível. Quem tiver o mínimo de atenção logo irá matar o "segredo" do filme. Várias dicas são deixadas ao longo da projeção - algumas inclusive bem óbvias. Em certo sentido me lembrei de um dos meus filmes preferidos, Coração Satãnico, onde também havia um pretexto inicial do roteiro que desbancava para uma grande reviravolta nos momentos finais. Mas o que era sobrenatural em Angel Heart aqui se torna introspectivo, pesado e principalmente psicológico. Por isso digo que quem mais irá apreciar o filme no final serão os estudantes e estudiosos de psiquiatria e psicologia. Esses realmente terão um prato cheio para debater depois da exibição.

Ilha do Medo (Shutter Island, Estados Unidos, 2009) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Laeta Kalogridis / Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Emily Mortimer, Michelle Williams, Max von Sydow, Jackie Earle Haley, Dennis Lynch./ Sinopse: Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) é um detetive contratado para descobrir o paradeiro de uma mulher acusada de assassinato. Sua última localização foi em um hospital psiquiátrico instalado na isolada Ilha Shutter Lá começa a juntar as peças de um grande quebra cabeças envolvendo a todos, inclusive ele próprio.

A Origem
"A Origem" é uma excelente ideia que ficou no meio do caminho. Seu roteiro chama a atenção pela extrema imaginação e originalidade, seu argumento é ótimo com uma ideia central muito rica em possibilidades, com tudo bem costurado, coerente e fechadinho mas que se perde em uma narrativa sofrível que prejudica muito o filme no saldo final. Em poucas palavras: Um roteiro extremamente criativo que afunda numa edição ruim e numa linha narrativa pior ainda. Também falta coragem em se assumir como uma ficção totalmente inteligente e conceitual. No desespero de agradar aos mais jovens que frequentam cinema hoje em dia o diretor Christopher Nolan se acovardou e encheu a produção de correrias, tiroteios ultra exagerados (e bregas) tornando tudo banal, mais do mesmo. 

Não ousou ir até o fim, até as últimas consequências (como Kubrick fazia em seus filmes). Poucas vezes vi um ponto de partida tão promissor se perder em um emaranhado tão vasto de bobagens de estilo e cenas de ação gratuitas. A ideia central do filme não é complicada de se seguir (embora tenha deixado alguns espectadores sem entender muito bem o que acontece). Basicamente é uma alegoria do inconsciente que aqui deixa de ser meramente individual para se tornar coletivo, em um plano compartilhado por várias pessoas ao mesmo tempo. Falando assim até parece sem sentido, mas não é. Quem assistiu sabe disso. O problema é que o diretor Nolan faz um rocambole dos diabos com isso.

O calcanhar de Aquiles de "A Origem" é essa: as coisas acontecem em um ritmo tão acelerado e desorganizado que deixa o espectador médio aturdido. Faltou ao diretor organizar melhor as ideias e as distribuir na sequência de cenas de uma forma menos caótica. A terça parte final do filme é um verdadeiro abismo em termos de edição. Temos três níveis de sonhos, mais delírios de subconsciente e lembranças tudo misturado em uma quase inexistente linha de narração. A impressão nítida que tive foi que Nolan se perdeu totalmente nessa parte do filme. As coisas são literalmente vomitadas em cima do espectador que fica sem saber direito o que está afinal acontecendo. Alguns se esforçam para seguir o fio da meada mas pelo pude constatar na sala que assisti a maioria simplesmente desistiu de tentar acompanhar. 

Para esses Nolan distribuiu fartas cenas de ação vazias que permeiam toda a narrativa. Estaria tentando acordar os mais sonolentos? Foi o que me pareceu. Assim em determinado momento a produção se torna muito chata, afundada numa sucessão de sonhos dentro de sonhos que por sua vez estão dentro de outros sonhos. O filme também é muito pretensioso mas não cumpre o que prometia. Em poucas palavras: se torna um filme intragável para grande parte do público. Realmente faltaram foco, organização, ousadia e sensibilidade no resultado final. Espero sinceramente que Nolan não leve todos esses defeitos para o próximo Batman. Pretensão demais pode levar qualquer filme à sua própria ruína.

A Origem (Inception, Estados Unidos, 2011) Direção de Christopher Nolan / Roteiro: Christopher Nolan / Elenco: Leonardo DiCaprio, Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page / Sinopse: Don Cobb (Leonardo Di Caprio) é um especialista em adentrar sonhos e mentes alheias com objetivos ilegais e ilícitos. Em uma dessas invasões acaba se envolvendo em uma rede de interesses industriais e comerciais do qual não consegue mais ter controle.

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de novembro de 2025

Meu Nome é Gal

Título no Brasil: Meu Nome é Gal
Título Original: Meu Nome É Gal 
Ano de Produção: 2023
País: Brasil
Estúdio: Globo Filmes
Direção: Dandara Ferreira, Lô Politi
Roteiro: Lô Politi, Maíra Bühler
Elenco: Sophie Charlotte, Rodrigo Lélis, Dan Ferreira, Camila Márdila, Dandara Ferreira, Luis Lobianco 

Sinopse:
O filme acompanha a jovem Maria da Graça Costa Penna Burgos (chamada “Gracinha”), que sai da Bahia aos 20 anos para buscar uma carreira de cantora no Rio de Janeiro. Lá, ela reencontra amigos da Bahia como Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil, que a ajudam a se tornar Gal Costa, uma das mais populares e respeitadas cantoras da música popular brasileira. 

Comentários: 
Achei fraquinho! Veja, ninguém vai diminuir o fato de que a Gal Costa foi uma das grandes cantoras da história da MPB, mas a despeito disso fizeram um filme bem fraco. Aqui o problema é mais amplo do que se pode pensar. Escolheram como história o começo da carreira dela. Até aí tudo bem, mas acredito que nada é muito bem desenvolvido e nem muito menos interessante. Não existe uma grande cena, um momento de clímax no filme, tudo parece meio banal, cotidiano... chato! A atriz Sophie Charlotte que interpreta a Gal Costa é muito boa, uma jovem que diria ser até mesmo muito carismática. Só que uma andorinha só, não faz verão, então diante de um roteiro preguiçoso diria que essa moça até que fez muito. Tirou leite de pedra mesmo! Quando o filme terminou fiquei com aquela sensação de que faltou muita coisa. Não tem nada muito marcante em suas cenas. Tanto que em pouco tempo depois de assistir já tinha esquecido de praticamente tudo. Definitivamente esse não é um filme memorável. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Todo Tempo Que Temos

Título no Brasil: Todo Tempo Que Temos
Título Original: We Live in Time 
Ano de Lançamento: 2024 
País: Reino Unido / França 
Estúdio: SunnyMarch / StudioCanal 
Direção: John Crowley 
Roteiro: Nick Payne 
Elenco: Florence Pugh, Andrew Garfield, Adam James, Aoife Hinds, Marama Corlett, Grace Molony 

Sinopse:
Almut (Florence Pugh) e Tobias (Andrew Garfield) se conhecem de forma incomum, acabam se sentindo atraídos e começam um relacionamento que termina em casamento. Ela é chefe de cozinha e tem grandes planos para vencer uma importante competição culinária no Reino Unido. Só que seus planos são interrompidos de forma trágica quando ela descobre que tem uma doença grave e terminal e que por essa razão lhe resta pouco tempo de vida. 

Comentários:
A vida é muito frágil. De repente, qualquer pessoa, pode ser surpreendida com um diagnóstico terrível, que coloque fim a todos os seus planos de futuro. É o que acontece com a protagonista desse filme. Ela é chefe de cozinha, tem um relacionamento excelente e pensa em grandes coisas para fazer. É uma pessoa feliz. Só que de repente descobre que tem um câncer terminal! E agora, o que fazer? Passar o tempo que lhe resta de vida em tratamentos penosos e sofridos ou, ao invés disso, não fazer tratamento nenhum, aproveitando seus últimos dias com qualidade de vida, ao lado de seu marido, de sua família? É uma situação muito mais comum do que muita gente pensa. E para muitos a opção foi mesmo viver o resto de sua existência com qualidade, alegria, tentando ter uma vida normal, mesmo com o agravamento da doença que, de uma forma ou outra, é uma situação médica incurável! Um filme que levanta questões éticas importantes, além de tratar de um tema que deve ser debatido com toda a seriedade dentro da sociedade. 

Pablo Aluísio.