domingo, 19 de maio de 2024

Imperador Romano Trajano

Imperador Romano Trajano
Trajano foi escolhido para ser o sucessor pelo próprio Imperador Nerva. Ele o adotou e determinou que assim que morresse, Trajano seria o novo imperador. Uma decisão que iria se revelar sábia com o passar dos anos pois certamente Trajano foi um dos imperadores romanos mais marcantes da história. Trajano foi desde o começo que subiu ao poder um imperador ponderado, racional, que não se arriscava em aventuras ou em maluquices como tinha acontecido com imperadores loucos como Nero ou Calígula. Ao contrário disso Trajano valorizava o Senado e as instituições romanos e por isso acabou se tornando muito bem sucedido. 

Trajano começou seu império tentando seguir os passos de seu antecessor Nerva. Ele investiu em melhorias na própria Roma, restaurando antigos edifícios públicos, revitalizando o fórum romano, considerado o verdadeiro coração político do império e também mandou reconstruir antigas pontes e estradas romanas que estavam em mal estado. Nesse aspecto acabou conquistando a aprovação do povo pois havia fatos concretos provando a competência do novo imperador. 

De formação militar Trajano também precisou enfrentar diversas rebeliões por todo o império. A mais complicada de resolver foi na província da Dácia, onde um líder rebelde se revoltou contra os romanos, chamando o império para uma guerra frontal. Foi uma rebelião complicada de sufocar, ceifando a vida de milhares de legionários. A Dácia se localizava na região onde hoje se encontra um país chamado Romênia. Foi tão grave a guerra travada ali que Trajano elaborou um plano de colonização com romanos após a vitória. Por essa razão a Dácia passou a se chamar România, algo como a pequena Roma. 

De rebelião sufocada em rebelião controlada as tropas de Trajano foram parar muito longe. Após conquistar o Oriente Médio, com a destruição dos exércitos árabes rebeldes, Trajano foi parar na fronteira com reinos indianos. Era o mesmo local onde um dia Alexandre, o Grande havia estado. Mostrando a grandiosidade do Império Romano, que naquele momento histórico se encontrava em sua expansão territorial máxima! 

Trajano até cogitou em tentar tomar a Índia, mas tal como Alexandre, ficou doente. Até hoje se especula o que teria acontecido com o Imperador. Uma das teses afirma que ele contraiu Malária, outra que foi envenenado após um banquete. Acamado, fervendo em febre, Trajano ordenou que seus legionários o levassem de volta para Roma, sua cidade querida, onde queria morrer. Não houve tempo, o grande imperador Trajano morreu no meio da viagem e nunca mais reviu com seus olhos a cidade eterna. 

Pablo Aluísio. 

Rainha Nefertiti

Rainha Nefertiti
Nerfetiti foi rainha do Egito Antigo há três milênios. Ela era a esposa do Faraó Amenofis IV que acabaria sendo mais conhecido na História pelo segundo nome que adotou, Akhenaton. O que fascina em relação a essa rainha é que um busto de sua época, em excelente estado de conservação, foi descoberto nas areias de um antigo templo e levado para um importante museu de Berlim. Até hoje a arte impressiona os visitantes. E impressiona ainda mais a beleza dessa Rainha do passado. 

O curioso é que os historiadores não sabem muito sobre essa Rainha. Nefertiti, cujo nome significa "A Bela Chegou" pode ter sido uma princesa estrangeira pelo qual o jovem Faraó do Egito se apaixonou. Com ela teve seis filhos. Dizia-se que era tão bela que muitos a consideravam a encarnação da Deusa da Beleza na mitologia do Egito. A mesma Deusa que promovia a cheia do Rio Nilo, 

Ainda hoje se debate se o rei Tutancâmon era o sétimo filho de Nerfertiti. Embora ela fosse a Rainha consorte do Faraó, esse como todo Rei da Antiguidade tinha muitas esposas secundárias. Assim O Rei Tut poderia ser muito bem filho de algumas dessas outras mulheres. Ou também é provável que ele fosse filho de Nefertiti. Como a Múmia e a Tumba dessa Rainha ainda não foi descoberta só um exame de DNA confirmaria ela como a mãe do chamado Faraó Menino. 

Nerfetiti foi tragada pelo caos que tomou o Egito Antigo após o seu marido, o Faraó Akhenaton ter abolido todos os antigos deuses do panteão da religião do Egito. Ele determinou que haveria apenas um Deus, o Deus Sol, Aton, que ele venerava. Isso enfureceu a classe de sacerdotes que após alguns anos finalmente conseguiu destruir o governo desse Faraó. A partir daí a Rainha também desapareceu dos registros antigos. Não se sabe qual foi seu final, mas uma coisa é certa, ela se tornou eterna por causa da beleza do busto que foi descoberto nas areias perdidas do Egito. 

Pablo Aluísio. 

sábado, 18 de maio de 2024

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 1

The Beatles - A Hard Day's Night - Parte 1
Esse álbum foi lançado bem no auge da Beatlemania. Para as fãs que gritavam pelo grupo nos shows foi um deleite ter à disposição 13 novas canções inéditas, todas elas escritas pela dupla Lennon e McCartney. De fato foi um dos álbuns mais vendidos dos Beatles, até porque as vendas foram impulsionadas pelo sucesso do filme. O público via os Beatles nas telas de cinema e depois comprava essa trilha sonora nas lojas de discos. Era a dobradinha comercial perfeita na visão do empresário Brian Epstein e da gravadora EMI.

E o disco vinha mesmo cheio de novidades interessantes, músicas que iam do mais puro rock, passando pelo pop, indo parar no lado mais romântico da banda. Na coleção de belas baladas nenhuma se comparava a "If I Fell", um dos grandes sucessos do álbum. Essa foi uma composição conjunta entre John e Paul. Essa balada ganhou bastante destaque no filme, em uma boa cena, bem elaborada pelo diretor Richard Lester. O cineasta quis trazer algo de casual, como se os Beatles ainda estivessem se preparando para a apresentação, numa espécie de ensaio, onde John ao violão dava os primeiros acordes enquanto Ringo ainda motava sua bateria. Funcionou, embora os Beatles não fossem atores profissionais conseguiram fazer a cena sem problemas, sem doses excessivas de canastrice.

Outra música escrita por Paul que fez muito sucesso foi "Can't Buy Me Love". Na edição original ela vinha como a última faixa do Lado A do disco, por isso não se esperava muito dela em termos de sucesso nas rádios. Só que nos Estados Unidos ela foi escolhida praticamente como o carro-chefe do disco, se tornando um dos grandes hits dos Beatles na terra do Tio Sam.  Os executivos da Capitol (a gravadora americana que lançava os discos dos Beatles na América) tinham uma visão mais apurada de seu mercado do que os ingleses. John Lennon chegou a colaborar em sua criação, porém em pequenas doses, conforme ele mesmo diria anos depois numa entrevista. Para Paul foi gratificante ver seu sucesso no outro lado do Atlântico. Era a prova de que ele sabia fazer, mesmo sem querer, grandes sucessos, aquelas músicas que não cansavam de tocar nas rádios. Um hit perfeito.

E mostrando que Paul realmente dominou em termos de composições para esse álbum, vale destacar outra bela canção romântica chamada "And I Love Her". Era uma criação de Paul McCartney, o eterno romântico dos Beatles. A bonita letra foi escrita para Jane Asher, a namorada de Paul, a garota ruiva que todos pensavam iria se tornar sua esposa em poucos anos. É incrível que seu relacionamento com Jane, que serviu de inspiração para tantas músicas românticas dos Beatles, não tenha se transformado em casamento. Em algum momento a coisa desandou entre o casal, para decepção de muita gente que vivia ao lado deles naquela época. O próprio John Lennon (que já era casado) tinha certeza que isso iria acontecer. Outra composição que Paul McCartney fez praticamente sozinho, levando ela praticamente pronta para os estúdios de Abbey Road em Londres. Essa rotina de Paul levar novas músicas de amor já compostas integralmente levou John Lennon anos depois a pensar sobre esse período, essa fase dos Beatles. Ele disse: "Parecia que Paul sempre surgia como o Beatle romântico, com alma de veludo e que eu só tinha rocks vibrantes para apresentar ao grupo. Era algo natural que acontecia. Eu tinha que fazer um contrabalanço a Paul. Já que ele compunha muitas canções românticas eu tinha que cuidar do lado mais roqueiro dos discos. Por isso fiquei com essa imagem nos primeiros LPs dos Beatles".

Pablo Aluísio.

Frank Sinatra - Songs for Swingin' Lovers!

Frank Sinatra - Songs for Swingin' Lovers!
Em 1956 o Rock explodiu nas paradas de sucesso de todo o mundo. Artistas como Elvis Presley, Bill Haley e Chuck Berry dominavam a programação dos rádios. Os jovens também compravam os discos desses cantores, colocando seus álbuns entre os mais vendidos. Frank Sinatra sentiu a mudança e não gostou! Era um novo ritmo musical que ele nem entendia direito. Sinatra ficou rabugento, dando declarações ofensivas ao rock. Chegou a afirmar que o Rock nada mais era do que o hino de todos os delinquentes do planeta. No fundo o cantor, que havia reinado sozinho nas paradas de sucesso até então, estava enciumado. Ele não gostava de rock, achava uma barulheira infernal e não estava disposto a ser polido, falando para quem quisesse ouvir que ele odiava esse novo estilo musical. 

E foi no meio desse turbilhão de acontecimentos que a Capitol produziu esse álbum. Os executivos da gravadora da Califórnia estavam preocupados, pois Sinatra corria o risco de virar rapidamente um artista ultrapassado, coisa de gente velha. E de certa maneira essa era uma mudança inevitável mesmo. Então a Capitol optou por um repertório alegre, dançante, com o melhor do swing e do jazz. O disco não caiu nas graças do público em geral. Em parte por causa do jeito nada educado de Sinatra, de suas declarações mal humoradas e em parte porque o próprio estilo musical do disco trazia uma sonoridade que já não agradava aos jovens dos anos 50. O principal sucesso do disco, "You Make Me Feel So Young", por exemplo, era uma música cuja letra refletia o pensamento de um coroa que se apaixonava por uma mulher mais jovem! Sinatra tinha mesmo virado coisa de velho! De qualquer forma uma coisa é certa, esse é um excelente ábum e fez jus ao grande talento do cantor. Item de colecionador, sem dúvida. 

Frank Sinatra - Songs for Swingin' Lovers! (1956)
You Make Me Feel So Young
It Happened in Monterey
You're Getting to Be a Habit with Me
You Brought a New Kind of Love to Me
Too Marvelous for Words
Old Devil Moon
Pennies from Heaven
Love Is Here to Stay
I've Got You Under My Skin
I Thought About You
We'll Be Together Again
Makin' Whoopee
Swingin' Down the Lane
Anything Goes
How About You?

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Uma Vida - A História de Nicholas Winton

Título no Brasil: Uma Vida - A História de Nicholas Winton
Título Original: One Life
Ano de Lançamento: 2023
País: Reino Unido
Estúdio: BBC Films
Direção: James Hawes
Roteiro: Lucinda Coxon, Nick Drake
Elenco: Anthony Hopkins, Helena Bonham Carter, Lena Olin, Johnny Flynn

Sinopse:
Em 1939, um jovem burocrata britânico de escalão inferior do governo inglês chamado Nicholas Winton, decide salvar a vida de crianças na Checoslováquia que naquele momento histórico estava sendo invadida por tropas do Regime Nazista de Hitler. Muitos anos depois dessa sua iniciativa humanitária, ele decide publicar seus registros e acaba tendo uma grande e grata surpresa! 

Comentários:
Mais um bom filme, com história edificante, valorizada mais uma vez pela primorosa atuação do grande Anthony Hopkins. Confesso que fiquei um pouco surpreso com a idade avançada do ator. Ele está mesmo bem velhinho, mas atuando com toda a dignidade. O filme tem duas linhas narrativas, uma no passado e outra na velhice do protagonista, naquele momento vivendo como idoso em seus últimos anos de vida (essa parte do filme se passa nos anos 80). Ele foi um homem acima de tudo muito bem intencionado que lutou para salvar a vida de crianças na Checoslováquia ocupada pelos nazistas. Ele lutou muito para arranjar passaportes ingleses para essas crianças indefesas, pois os nazistas queriam enviar todas elas para os seus campos de extermínio. Apesar de todas as dificuldades, ele conseguiu salvar mais de 600 crianças o que certamente o transformou em um dos muitos heróis anônimos no salvamento dessas crianças indefesas e inocentes na Segunda Guerra Mundial. Salvou a vida delas da barbárie nazista. Um homem que salva uma vida, salva o mundo inteiro, como diz o famoso ditado de direitos humanos e como é bem demonstrada nessa bela história de humanismo. Em tempos de ressurgimento da mentalidade fascista o filme se torna mais do que recomendado. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Brad Pitt e as Lendas da Paixão

Revi "Lendas da Paixão". Quando o filme foi lançado originalmente em 1994 tive a oportunidade de assistir nos cinemas. Digo que não fiquei particularmente impressionado. Ficou aquela sensação de se tratar de um "novelão" americano, com muito sentimentalismo fora do tom. Hoje em dia me soou bem melhor. Talvez o cinema atual esteja tão sem inspiração que até um filme dos anos 90 que não me impressionou muito no passado, agora se torne bem melhor.

A palavra "saga" pode inclusive ser bem usada aqui. A história é justamente a saga de uma família de três irmãos. O pai (interpretado por Anthony Hopkins) foi um coronel do exército americano durante as chamadas guerras indígenas. Ele ficou tão perplexo com a forma que o governo tratou os nativos que pediu baixa e foi viver numa fazenda no sopé da montanha com seus filhos pequenos. A esposa não aguentou a austeridade daquela vida e foi embora. Assim os meninos foram criados soltos, no meio daquela natureza exuberante.

O protagonista real do filme é justamente um dos filhos, o mais selvagem e indomável deles, chamado Tristan (em boa atuação de Brad Pitt). Ele conhece a futura esposa de seu irmão mais novo e até fica interessada por ela, mas se contém. Tudo muda quando os irmãos vão para a Europa, lutar na I Guerra Mundial. O caçula morre metralhado em um arame farpado e mesmo Tristan tendo feito tudo para protegê-lo não consegue salvar sua vida. De volta aos Estados Unidos ele finalmente se casa com aquela que iria se casar com seu irmão. Porém é um daqueles personagens trágicos, que não consegue lidar nem consigo mesmo. Por isso após alguns meses ganha o mundo, indo trabalhar em veleiros que viajam pelos mais distantes oceanos.

Assim Brad Pitt teve a oportunidade de interpretar um personagem com várias facetas em sua personalidade ao mesmo tempo... herói trágico, homem indomável, amante perfeito, cheio de sentimentos e angústias pessoais que não conseguia mais lidar. Claro que o papel caía como uma luva para ele. Com longos cabelos loiros ele fotografou muito bem nas tomadas, o que fez aumentar e muito seu fã clube feminino na época. Ele era considerado um dos grandes galãs do cinema, rivalizando com Tom Cruise. O interessante é que Pitt sobreviveu bem ao tempo, teve uma carreira produtiva, com muitos bons filmes e não caiu na armadilha de ser apenas um rostinho bonito no cinema com prazo de validade. Hoje ele está com 55 anos de idade, bem longe do jovem que vemos nesse filme. Porém o tempo lhe fez bem, pois ele sem dúvida amadureceu bastante como ator. Esse "Lendas da Paixão" é um bom exemplo do tempo em que ele efetivamente se tornou um grande astro em Hollywood.

Pablo Aluísio.

Johnny Depp - Do Inferno

Decidi rever esse filme por causa do tema. Como se sabe esse "Do Inferno" é uma adaptação cinematográfica da Graphic Novel de Alan Moore. Tudo o que se vê de inovador no roteiro se deve ao seu criador, então palmas para ele. O fato é que até hoje não se sabe com absoluta certeza sobre a real identidade de Jack, o Estripador, o mais famoso serial killer da história. E no meio dessas nuvens surgiram inúmeras teorias. Alan Moore obviamente escolheu uma delas e embora seu texto seja ficção acima de tudo, ficou muito bem orquestrado.

No filme Depp interpreta um inspetor da polícia de Londres. Ele não é um policial típico desse tipo de filme. Ao contrário de ser heroico, tem muitos problemas pessoais. É viciado em ópio e mistura absinto com laudáno, um tipo de veneno. Algo muito barra pesada, que coloca em risco a vida de quem ousasse tomar tal mistura.  Só sai de seu estado de torpor quando um crime é cometido e ele é chamado para investigar. No caso os crimes de Jack, o Estripador.

E assim Alan Moore tece a teia de sua trama. Ele adotou uma teoria amplamente difundida na cultura de livros, ensaios, etc, que ligavam as mortes de Jack com a família real britânica, nos tempos da Rainha Vitória. Um príncipe teria se apaixonado por uma prostituta de Whitechapel. Pior do que isso, teria se casado e tido um filho com ela. Um escândalo desses seria devastador naquela época. Para encobrir tudo começou um verdadeiro banho de sangue promovido justamente por um médico da corte, um sujeito com ligações com a maçonaria. As cinco prostitutas mortas teriam ligação com o caso do jovem nobre. Tudo política, no final das contas.

Embora o que se veja na tela seja mesmo puramente ficcional, Alan Moore sabe como mexer os personagens de seu tabuleiro de xadrez. Tudo é muito bem orquestrado. O Jack do filme é um refinado médico maçônico, com ares de grandeza. Sim, ele faz o serviço sujo para a realeza, mas procura também satisfazer seus instintos mais sádicos e violentos. Usando roupas finas, métodos educados, acaba seduzindo as pobres moças com uma taça de vinho e um punhado de uvas. A miséria em que elas viviam era tão grande que elas associavam esse tipo de coisa com o luxo das elites mais abastadas!

Curiosamente, há pouco tempo, foi lançado um livro em que se propôs finalmente a revelar de uma vez por todas quem de fato seria Jack. A ciência indicou o imigrante polonês Adam Kosminski como o assassino em série. Seu DNA teria sido encontrado numa das peças de roupas de uma das vítimas de Jack. Supostamente ele estava enlouquecido pela sífilis, doença que tinha contraído justamente com as prostitutas de Whitechapel. Por isso sua sede de vingança brutalizada se concretizou de forma tão violenta contra elas! Assim Jack não era um médico da corte da Rainha Vitória, mas sim um vagabundo de rua.  Mesmo assim, não abraçando a verdade histórica, "Do Inferno" funciona muito bem como cinema até hoje. O clima soturno, escuro e decadente, combina muito bem com a história de morte insana envolvendo Jack. E Depp está inesperadamente contido e sério, melhorando ainda mais um roteiro que por si só já era excelente.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

A Saga Highlander

Highlander tinha tudo para ser uma das grandes sagas da história do cinema. Porém tudo acabou muito cedo. Já no segundo filme já tínhamos uma ideia da lambança que os produtores e roteiristas iriam fazer. Como se sabe os filmes contam a história do Highlander Connor MacLeod interpretado nos quatro filmes por Christopher Lambert. Ele seria apenas um guerreiro do século XVI se não fosse por um detalhe: MacLeod era um ser imortal, que passaria a eternidade lutando contra outros imortais, até que sobrasse apenas um. Era o destino de todos os que não poderiam morrer pelos meios tradicionais. Muitos duelos e lutas pelos séculos, atravessando a história da humanidade.

Só que não souberam aproveitar o personagem ao longo dos filmes. Com um personagem que poderia viver em qualquer época os roteiristas jogaram ele no filme "Highlander 2 - A Ressurreição" em um mundo distópico, meio Blade Runner, meio Mad Max. Não ficou bom em nenhum aspecto. Uma péssima ideia. A ideia de copiar outros filmes ao invés de desenvolver sua própria mitologia estragou a franquia muito rapidamente. A culpa aqui pode ser creditada facilmente aos roteiristas que não capricharam, não procuraram pela originalidade. E isso foi destruindo o personagem ao longo dos filmes.

Em "Highlander 3: O Feiticeiro" o protagonista até enfrentou um bom vilão, interpretado pelo ator  Mario Van Peebles, porém o estrago estava feito. O diretor Andrew Morahan só conseguiu mesmo dirigir um filme genérico de ação. E a direção de arte, além dos efeitos especiais, deixaram muito a desejar. O quarto filme chamado "Highlander 4: A Batalha Final" já mostrava que a saga havia caído na vala comum dos filmes de pequeno orçamento.  Um diretor desconhecido chamado Douglas Aarniokoski foi contratado. A Dimension Films comprou os direitos dos personagens, mas não fez nada muito interessante com eles. Nesse quarto filme o único mérito foi fechar mesmo, de forma praticamente definitiva, a história de Connor MacLeod no cinema. Não foi em nenhuma hipótese uma grande cena, mas pelo menos o personagem encerrou sua participação na franquia original. Ele finalmente morre durante o filme. Pois é, imortais podem morrer, mas apenas se forem decapitados com uma espada por outros imortais. Regras que foram impostas no primeiro filme e seguidas desde então.

Aliás por falar no primeiro filme... esse foi mesmo o único grande filme dessa saga. Lançado em 1986, "Highlander - O Guerreiro Imortal" segue sendo um clássico dos anos 80. Além do ótimo elenco, que tinha a honra de trazer Sean Connery como coadjuvante nessa mitologia que nasceu nas terras altas da Escócia (logo ele que sempre teve grande orgulho de ser escocês), o filme ainda presenteava o público com uma trilha sonora em parte assinada pelo Queen. Além disso todos os méritos também vão para o diretor australiano Russell Mulcahy. Ele era jovem e cheio de ideias excelentes para o filme como um todo. Esse primeiro filme é daqueles em que todos os elementos parecem estar bem colocados.  Pena que com o passar dos anos nada tenha sido feito de bom dessa mitologia dos imortais. Recentemente um remake foi anunciado, mas será que podemos esperar por alguma coisa boa? É complicado acreditar que sim.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de maio de 2024

Django, o Bastardo

Título no Brasil: Django, o Bastardo
Título Original: Django il bastardo
Ano de Produção: 1969
País: Itália
Estúdio: Società Europea Produzioni
Direção: Sergio Garrone
Roteiro: Sergio Garrone, Anthony Steffen
Elenco: Anthony Steffen, Paolo Gozlino, Luciano Rossi

Sinopse:
Django (Anthony Steffen) é um pistoleiro errante que chega na distante cidade de Desert City. Seu objetivo é procurar por algumas pessoas que o encurralaram anos antes em uma emboscada traiçoeira, escapando da morte por pouco. Desert City está dominado por dois irmãos, ricos e poderosos, que não admitem oposição. Um deles, Rod Murdok (Paolo Gozlino) tem velhas contas a acertar com Django.

Comentários:
Mais um western spaguetti genérico com o personagem Django. O roteiro é banal - a velha história da vingança de um pistoleiro contra seus algozes do passado - e a produção bem capenga. O ator que interpreta Django Anthony Steffen praticamente entra mudo e sai calado. O interessante é que logo o filme se torna um dos mais sangrentos com Django. Em menos de 40 minutos de filme o às do gatilho já se antecipa e mata logo pelo menos uns 30 adversários para deixar claro suas intenções. Também parece ter vindo diretamente do inferno, se tornando um ser meio sobrenatural. Como convém a todo Spaguetti esse aqui também tem lances curiosos (e involuntariamente engraçados). Antes de matar suas vítimas Django aparece com uma cruz com o nome do infeliz, com a data de sua morte e tudo mais. Gentilezas da profissão por certo! Também traz diálogos divertidos. Em determinado momento um cowboy pergunta a Django de onde ele veio. A resposta? "Eu vim do inferno, para onde pretendo levar você!". Ora, alguém duvida que os fãs de faroeste italiano não vão adorar tudo isso?

Pablo Aluísio.

A Heroína do Texas

Título no Brasil: A Heroína do Texas
Título Original: The Texans
Ano de Lançamento: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: James P. Hogan
Roteiro: Bertram Millhauser, Paul Sloane
Elenco: Randolph Scott, Joan Bennett, May Robson

Sinopse:
Após a Guerra Civil, um ex-soldado confederado enfrenta novas batalhas, incluindo os membros de uma quadrilha de bandidos que tentam roubar uma jovem indefesa. E ele terá que ser um às do gatilho para vencer todos aqueles bandidos. 

Comentários:
Depois do sucesso comercial de "O Último dos Moicanos" o ator Randolph Scott deu um tempo nas fitas de faroeste. E isso surpreendeu muita gente já que todos esperavam que ele iria cair com tudo no gênero para aproveitar o sucesso. Apenas algum tempo depois é que ele voltaria a usar chapéu de cowboy, botas e esporas para montar seu belo cavalo branco. Isso voltaria a acontecer em "A Heroína do Texas" (The Texans), boa produção dirigida pelo cineasta James P. Hogan. O que chamava bastante a atenção aqui é que todas as atenções do roteiro iam para a mocinha do filme e não para o herói. Algo raro em um estilo cinematográfico tão voltado para o público masculino. Era algo novo e inovador, algo que poucos tinham feito em Hollywood naquele período histórico do cinema americano. A estrelinha do filme, a atriz Joan Bennett, foi até mesmo creditada na frente do astro Randolph Scott. isso mostrava também como ele poderia ser generoso com as colegas de profisssão. Ele vinha de um sucesso de bilheteria e poderia muito bem calçar seu ego de astro de western em Hollywood e exigir seu nome em primeiro lugar nos créditos do filme. Porém não fez isso. Foi bem humilde e companheiro, sendo usado até mesmo como escada da jovem atriz. 

Pablo Aluísio.