segunda-feira, 1 de abril de 2024

Rota Suicida

Título no Brasil: Rota Suicida
Título Original: The Gauntlet
Ano de Produção: 1977
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Michael Butler, Dennis Shryack
Elenco: Clint Eastwood, Sondra Locke, Pat Hingle, William Prince, Bill McKinney, Michael Cavanaugh

Sinopse:
Ben Shockley (Clint Eastwood) é um policial designado pelo departamento de polícia para proteger uma testemunha importante em um caso envolvendo mafiosos violentos. Sua missão será das mais perigosas.

Comentários:
Eu sempre gosto de repetir que mais vale um filme mediano com Clint Eastwood do que inúmeras superproduções que são lançadas todos os anos por aí no circuito comercial. Clint sempre manteve uma regularidade impressionante em sua filmografia. Esse filme policial dos anos 70 bem poderia ser mais um com o famoso tira Dirty Harry, mas os produtores decidiram inovar um pouco. Aqui Clint trabalha ao lado de sua esposa na época, Sondra Locke. Ela fez vários filmes ao lado dele, alguns entre os melhores já estrelados por Clint. Falecida em 2018, teve uma filmografia enriquecida pelas boas escolhas do marido. Sua personagem é a de uma garota de programa que sabe muito e que por isso vira alvo de criminosos envolvidos com a máfia italiana nos Estados Unidos. Enfim, mais um bom filme com Clint e Locke, em uma época em que eles sempre acertavam em suas escolhas cinematográficas.

Pablo Aluísio.

Operação Yakuza

Título no Brasil: Operação Yakuza
Título Original: The Yakuza
Ano de Produção: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Sydney Pollack
Roteiro: Paul Schrader, Robert Towne
Elenco: Robert Mitchum, Ken Takakura, Brian Keith

Sinopse:
Harry Kilmer (Robert Mitchum) é um americano que decide retornar ao Japão para ajudar um velho amigo, cuja filha caiu nas mãos da temida máfia japonesa, a Yakuza. Após tomar conhecimento dos acontecimentos ele começa sua investigação que o levará ao lado mais sombrio do mundo do crime na terra do sol nascente.

Comentários:
Uma fita policial que chegou a ser bem popular no Brasil. Um trabalho curioso e diferente da safra do talentoso Sydney Pollack. Aqui ele preferiu trabalhar não apenas com um roteiro muito bem articulado, mas também com generosas cenas de ação e violência. O filme é protagonizado pelo veterano Robert Mitchum, considerado já naquela altura de sua carreira um dos maiores mitos da era de ouro de Hollywood. Embora já bastante envelhecido o bom e velho Mitchum demonstra em cena que ainda podia segurar um filme inteiro nas costas. Como não poderia deixar de ser o texto do roteiro procura se aproveitar ao máximo das diferenças culturais existentes entre duas culturas tão diversas, a americana e a japonesa. Também demonstra com muito talento que se existe algo perigoso no mundo do crime é justamente impor códigos de honra tradicionais em organizações criminosas como a máfia japonesa, conhecida pela alcunha de Yakuza. Some-se a tudo isso uma bela fotografia que faz o espectador passear pelos becos mais sujos das ruas nipônicas e você terá certamente um belo filme policial dos anos 1970. Cru, realista e muito eficiente em seus objetivos.

Pablo Aluísio.

domingo, 31 de março de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 3

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 3
E então o velho disco de vinil toca "Patch It Up". Essa faixa só se justificava mesmo no palco. Em termos gerais é uma canção bem fraca, principalmente se formos levar em conta que Elvis gravou alguns dos maiores rocks da história. Claro, não estou dizendo com isso que a canção seja um rock genuíno, nada disso. Na verdade era um pop pegajoso ao estilo Las Vegas que soava desconfortável na discografia de Elvis. Esses autores praticamente nunca tinham sido gravados por Elvis antes. A sugestão partiu de Felton Jarvis que convenceu Elvis que a música tinha potencial, principalmente durante os concertos ao vivo. Elvis não se mostrou em um primeiro momento muito convencido, mas depois resolveu gravar a canção - mais do que isso decidiu que iria interpretá-la para as câmeras da MGM que estavam prestes a filmar suas performances em Las Vegas para um filme documentário que seria lançado em breve nos cinemas. Para o fã da época deve ter sido chato perceber que a RCA Victor chegou a acreditar que a gravação seria mesmo um sucesso, a ponto inclusive de lançar duas versões diferentes da música (algo que raramente acontecia na discografia oficial), uma gravada ao vivo e outra em estúdio. 

A primeira fez parte da trilha sonora, do álbum "That´s The Way It Is". É a versão que todos conhecemos muito bem. A outra chegou no mercado em compacto, como lado B da canção "You Don't Have To Say You Love Me". Nenhuma das versões se tornou sucesso. Também pudera, não tinha qualidade para tanto. A letra, que se repetia em demasia, rodando e rodando sem ir para lugar nenhum, se resumia a usar a expressão "Patch It Up" (algo como "vamos consertar" no caso o relacionamento amoroso) para grudar na mente do ouvinte e de lá não sair nunca mais. Não deu certo. O curioso é que pelo menos a faixa serviu para proporcionar uma boa cena coreografada para o filme. O próprio Elvis porém não levava muita fé, tanto que a descartou para nunca mais usar. Um fato curioso é que em países de língua alemã (Alemanha e Áustria) o single saiu com as versões trocadas, com "Patch It Up" no lado A. A capa também foi modificada - para melhor, com uma ótima foto de Elvis no palco. Esse mesmo compacto foi lançado na Holanda e Suécia dois meses depois e também conseguiu ótimas vendas. Pelo visto os germânicos estavam mais afinados com o marketing certo de vendas. Coisas de mercado.

A versão original de "Mary In The Morning" se tornou conhecida em 1967 na voz do cantor e ator ítalo-americano Al Martino. Para quem gosta de cinema é interessante lembrar que foi Martino quem interpretou uma paródia de Frank Sinatra no filme "O Poderoso Chefão". Ele interpretava um cantor em decadência que pedia ajuda ao chefão Corleone (Marlon Brando) para levantar sua carreira, chantageando e ameaçando o dono de um poderoso estúdio de cinema em Hollywood para lhe dar o papel em um importante filme que iria ser realizado. Dizem que foi assim que Sinatra ganhou o personagem do sargento americano no clássico "A Um Passo da Eternidade" que acabou lhe valendo o Oscar, dando um novo pulso para sua carreira, que naquele momento andava em baixa. Mario Puzo aproveitou esse fato e o usou em seu livro. Verdade ou mito? As conexões de Sinatra com a máfia sempre foram alvos de boatos. A verdade porém nunca saberemos... 

Deixando um pouco isso de lado o fato é que Elvis sempre parecia ter uma grande ligação com a música italiana. Basta lembrar de "It´s Now Or Never" e "Surrender". É interessante notar também que em seu lançamento original "Mary in The Morning" não foi um grande sucesso, um hit absoluto. Lançada discretamente por Martino em single pouco chamou atenção, mas Elvis a conhecia muito bem pois tinha comprado o compacto. Havia um lirismo em sua letra que lhe chamava a atenção. Esse tipo de romantismo sempre tocava o cantor. Pena que após ter gravado a canção em estúdio Elvis não a tenha trabalhado mais, inclusive no palco. No filme "That´s The Way It Is" o cantor surge em um ensaio tentando cantar a música, porém mais interessado nas brincadeiras com a Máfia de Memphis não chegava a se concentrar no que estava ensaiando. A cena diverte, mas também decepciona para quem gostaria de vê-lo cantando essa bela canção romântica. Na temporada em Las Vegas não chegou a usar a canção. Afinal havia tantas outras do álbum que acabou esquecendo de Mary, da manhã e do arco-íris... Coisas da vida!

Pablo Aluísio.

sábado, 30 de março de 2024

The Beatles - With The Beatles - Parte 3

The Beatles - With The Beatles - Parte 3
"Little Child" era uma composição de Paul McCartney, ou como gostava de dizer John Lennon era "Uma filha de Paul". O tema romântico, com temática adolescente, era bem a marca registrada do baixista dos Beatles por essa época. Inicialmente Paul pensou em dar a música para Ringo cantar, mas depois desistiu. A letra começa simples, com o autor em primeira pessoa pedindo para dançar com uma garota. Letra simples, bem derivativa dos temas da época. Poderia ter contado com alguma contribuição de John, mas para falar a verdade ele era cínico demais para temas tão pueris como esse.

"Hold Me Tight" tinha uma pegada bem mais forte. Outra faixa que muitos autores atribuem ao próprio Paul McCartney, muito embora aqui John Lennon também tenha contribuído mais intensamente. Nessa época os Beatles estavam preocupados mesmo em escrever sucessos de rádio, por isso as músicas seguiam uma certa fórmula. Nessa faixa em particular eles repetiram o uso de palmas pontuando o ritmo da canção. O vocal de Paul intercala com John, dividindo o mesmo microfone. Uma música que sempre me agradou, tendo inclusive feito parte também do raro disco "Beatles Again".

"You Really Got a Hold on Me" era um cover. Nesses primeiros álbuns do grupo havia mesmo a necessidade de cantar canções de outros artistas já que os Beatles não tinham tantas músicas prontas para fazer parte do repertório. Paul e John eram até muito produtivos, o que significava que compunham muitas músicas juntos, mas também tinham um senso crítico muito forte o que deixavam muitas delas fora dos discos. Só entrava o que eles consideravam ter qualidade. 

A faixa começa com George solando sua guitarra. O ritmo é cadenciado, com toques mais românticos. Algo até esperado já que a música original dos Miracles vinha da safra de artistas negros da Motown, um verdadeiro celeiro de talentos de Detroit, uma gravadora que os Beatles particularmente gostavam muito. A letra é praticamente uma carta de amor de alguém apaixonado por uma garota que não corresponde a esse sentimento (bem adolescente). "Você realmente me pegou" é uma frase que resume. "Eu não deveria amar você por tudo o que aconteceu, mas quem controla as próprias emoções?" Pois é... complicada a situação.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 29 de março de 2024

Grease: Rise of the Pink Ladies

Título no Brasil: Grease: Rise of the Pink Ladies
Título Original: Grease: Rise of the Pink Ladies
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Plus
Direção: Alethea Jones, Benny Boom
Roteiro: Warren Casey, Samantha Cordero
Elenco: Marisa Davila, Cheyenne Isabel Wells, Ari Notartomaso, Tricia Fukuhara, Jason Schmidt, Madison Thompson

Sinopse:
Nos anos 1950, em uma escola secundária dos Estados Unidos, um grupo de amigas vive as incertezas da idade adolescente, com os amores, a tentativa de ser popular e também as lutas tão típicas da vida escolar. Série musical baseada no sucesso de bilheteria do cinema nos anos 1970, o musical "Grease - nos Tempos da Brilhantina".

Comentários:
Durante muitos anos houve esse projeto de se produzir um remake do sucesso "Grease - Nos Tempos da Brilhantina" no cinema. A ideia não foi em frente, mas no mundo das séries de televisão, ela virou uma realidade. O streaming exige uma produção absurda de conteúdo para as plataformas, então finalmente se produziu essa série, justamente para preencher essa demanda das produtoras e distribuidoras. Antes de qualquer coisa é bom saber que essa série tem mais a ver com "Glee" do que com "Grease". O formato tenta mesmo imitar aquela popular série musical de alguns anos atrás. De Grease mesmo só sobrou a ambientação dos anos 50. O resultado me soou interessante, mas nada excepcional. Tem muita música (com apenas duas aproveitadas da trilha sonora original do filme de 1978), mas confesso que em termos de qualidade as canções passam longe de ser memoráveis. O saldo final é muito colorido, com muito chiclete, coca-cola e carrões dos anos dourados. Fora isso não achei nada espetacular, para ser bem sincero. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de março de 2024

Segunda Guerra em Cores

Título no Brasil: Segunda Guerra em Cores
Título Original:  WWII in Color: Road to Victory
Ano de Lançamento: 2021
País: Reino Unido
Estúdio: Netflix
Direção: Lou Westlake, Kim Lask
Roteiro: Lou Westlake, Kim Lask
Elenco: Trish Bertram, James Holland, Craig L. Symonds

Sinopse:
A minissérie documental "Segunda Guerra em Cores: Caminho para a Vitória" resgata imagens raras filmadas durante o maior conflito armado da história. Muitas dessas filmagens foram realizadas na época com o inovador sistema colorido, uma novidade absoluta naqueles tempos onde imperavam as câmeras preto e branco. 

Comentários:
Eu sempre gostei muito de história em geral. E para quem aprecia esse tipo de material, a Segunda Grande Guerra Mundial tem um espaço sempre reservado em especial. Esse documentário em episódios, que pode ser assistido na Netflix, se destaca pelas ótimas imagens raras que especialistas e historiadores resgataram de arquivos oficiais dos governos dos Estados Unidos, Inglaterra e França. Material que estava arquivado em bibliotecas públicas e acervos particulares e que agora chega ao grande público. Então é sem dúvida um documentário precioso do ponto de vista histórico. Em termos de narração e a forma como os eventos são mostrados, não há maiores novidades ou revelações históricas. Tudo segue uma determinada cartilha oficial que já bem conhecemos. E isso não é um defeito, é igualmente uma qualidade. Assim esse documentário servirá não apenas aos que apreciam história, mas também aos estudantes. Afinal o tom didático é bem presente em todos os episódios. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de março de 2024

A Queda da Casa de Usher

Título no Brasil: A Queda da Casa de Usher
Título Original: The Fall of the House of Usher
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Michael Fimognari, Mike Flanagan
Roteiro: Mike Flanagan, Justina Ireland
Elenco: Bruce Greenwood, Mary McDonnell, Henry Thomas, Samantha Sloyan, Willa Fitzgerald, Zach Gilford

Sinopse:
Um a um, os jovens herdeiros do rico e poderoso clã Usher, encontram a morte, das maneiras mais inusitadas. A família parece estar definitivamente amaldiçoada, mas qual seria a origem dessa maldição fatal? Apenas um retorno ao passado do patriarca da família poderia explicar todos os trágicos acontecimentos. A Queda da Casa de Usher é uma série baseada na obra do escritor Edgar Allan Poe. 

Comentários:
Essa série foi muito criticada. Em meu ponto de vista foram críticas injustas. Pessoalmente gostei bastante. Tudo bem que os episódios seguem uma linha narrativa básica, com a morte dos membros do clã Usher. Entretanto ninguém pode negar a extrema qualidade do episódio final. Achei esse episódio um verdadeiro primor. Explica tudo o que se viu nos episódios anteriores, valorizando inclusive o texto original do mestre Edgar Allan Poe. Muitas das críticas inclusive diziam que o texto original não era adaptável para as telas. Bobagem. A essência está na série. Pode sim ter problemas de ritmo, com alguns episódios funcionando melhor do que outros, mas nada disso tira a qualidade desse material. Só é exigido, e isso devo reconhecer, uma certa paciência do espectador. Os episódios são longos, acima da média do que se vê por aí. O episódio final, por exemplo, tem duração de um longa-metragem para o cinema. De qualquer forma não desanime, persista na série. Vai valer muito a pena. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de março de 2024

Caminho Fatal

Título no Brasil: Caminho Fatal
Título Original: In Old California
Ano de Lançamento: 1942
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: William C. McGann
Roteiro: Gertrude Purcell, Frances Hyland
Elenco: John Wayne, Binnie Barnes, Albert Dekker, Helen Parrish, Patsy Kelly, Edgar Kennedy

Sinopse:
Durante a corrida do ouro na Califórnia, no século XIX, um farmacêutico de Boston chamado Tom Craig (Wayne), chega a Sacramento para começar uma nova vida, mas logo enfrenta problemas. Ele entra em conflito com o chefe político local Britt Dawson, que exige pagamento de proteção dos cidadãos. No fundo essa seria uma extorsão em cima de comerciantes locais. 

Comentários:
Antes de qualquer coisa eu não gosto desse título nacional. Muito ruim e genérico. O título original do filme é mais adequado ao que se vê na tela pois esse filme se propõe a contar um pouco sobre a vida dos primeiros  pioneiros a chegarem na Califórnia, na velha Califórnia, durante a corrida do ouro nas montanhas daquele estado norte-americano. Um bom drama faroeste da Republic que inclusive chegou a arrancar elogios dos críticos mais ácidos da época. Um deles chegou a ironizar em seu texto dizendo que sim, John Wayne podia atuar! Dizem que o velho Duke levou aquela crítica como um insulto pessoal! Não tiro suas razões. Mas enfim, eis aqui um western até diferente na filmografia de John Wayne a começar pelo roteiro, que foi escrito por duas mulheres! O mais machista de todos os gêneros cinematográficos finalmente se rendia ao talento dessas damas escritoras. Nada mal. 

Pablo Aluísio.

Domador de Motins

Título no Brasil: Domador de Motins
Título Original: Fort Worth
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Edwin L. Marin
Roteiro: John Twist
Elenco: Randolph Scott, David Brian, Phyllis Thaxter

Sinopse:
Após o fim da guerra civil americana o veterano confederado Ned Britt (Randolph Scott) volta para sua terra natal com a convicção de retomar os rumos de sua vida. Pretende participar da reconstrução de sua cidade para quem sabe tornar o lugar uma metrópole próspera e moderna. Seus planos porém esbarram na mentalidade atrasada de certas pessoas da região. Além disso tem que enfrentar um bando criminoso liderado pelo pistoleiro Gabe Clevenger (Ray Teal). Ele domina a região e não está disposto a abrir mão disso em prol de um maior desenvolvimento para aquele lugar. Afinal quem vencerá esse duelo mortal?

Comentários:
Ah, como eram bons os filmes de faroeste estrelados pelo mito Randolph Scott! Não havia tempo a perder com abobrinhas e os roteiros, extremamente eficientes, traziam por pouco mais de uma hora e meia de duração, todos os mais caros valores do velho oeste americano. Honra, bravura e honestidade eram particularmente valorizados e respeitados nessas estórias. O personagem de Scott aqui é um sujeito extremamente bem intencionado que quer sobretudo o desenvolvimento de sua cidade natal. O problema é que nem sempre isso é almejado por todos, principalmente por aqueles que prosperam e vivem da miséria alheia (nós, brasileiros, entendemos muito bem essa situação). O que se sobressai nesse ótimo faroeste é o tour de fource entre a velha maneira de entender os problemas de uma cidade e a nova mentalidade de avançar em frente, rumo à modernidade. Acho esse roteiro (de autoria de John Twist) muito bem escrito pois consegue passar através de um enredo relativamente simples uma mensagem muito edificadora. Um western socialmente consciente que nos ajuda a abrir os olhos sobre os males que nos atingem como sociedade e como nação.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de março de 2024

Anjo do Mal

Título no Brasil: Anjo do Mal
Título Original: Pickup on South Street
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Samuel Fuller
Roteiro: Samuel Fuller, Dwight Taylor
Elenco: Richard Widmark, Jean Peters, Thelma Ritter

Sinopse:
Skip McCoy (Richard Widmark) é um larápio profissional que ganha a vida batendo carteiras e roubando bolsas de damas no metrô de Nova Iorque. É um criminoso pé de chinelo que vê sua vida ser mudada radicalmente quando rouba a bolsa da jovem Candy (Jean Peters). Do fruto desse furto ele acaba levando para casa sem saber um microfilme muito importante que ia ser passado para espiões russos. Agora todos querem colocar as mãos em Skip, inclusive a inteligência americana. Em jogo está uma fórmula extremamente importante para a construção de armas nucleares que está no filme roubado.

Comentários:
Pequeno clássico do cinema noir que conta com uma trama muito bem escrita e um elenco acima da média. Richard Widmark interpreta um ladrão de pequeno porte que acaba se envolvendo sem querer numa rede de espionagem internacional. Seu estilo canalha é um dos grandes achados do filme. Outra estrela que brilha no elenco é a atriz Jean Peters, provavelmente uma das mulheres mais bonitas da época de ouro do cinema americano. Sua personagem é visceral, muito passional, e que no final leva a pior pois acaba apanhando de praticamente todos no enredo (e isso, acredite, não é uma brincadeira!). Curiosamente no meio de um elenco tão afinado quem acabou levando a melhor foi a velhinha Thelma Ritter. Ela interpreta Moe Williams, uma senhora que vende gravatas para sobreviver e de vez em quando passa informações valiosas para a polícia como informante. Sua última cena é tão comovente que ela acabou arrancando uma surpreendente indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Certamente merecida. A direção do genial cineasta Samuel Fuller também é muito marcante e digna de nota. Ele tem uma estória policial para contar e o faz de forma brilhante, sem excessos, na medida certa. Em conclusão, "Pickup on South Street" é sem dúvida uma pequena obra de arte do noir, realmente imperdível.

Pablo Aluísio.