quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Lore

Lore
Não conhecia essa série de terror, até que me foi recomendada por um amigo. Na opinião dele era uma das melhores coisas produzidas no gênero nos últimos anos. Depois de assistir ao primeiro episódio devo concordar. Realmente temos aqui um produto de excelente qualidade. A intenção é mesclar a linguagem dos documentários com a estética dos filmes de terror mais tradicionais. Assim vemos dramatizações, com atores, de histórias reais. Depois descobrimos a ligação dessas histórias com o surgimento dentro da cultura pop de personagens lendários, como Drácula, vampirismo, etc. A primeira temporada contou com apenas seis episódios. A razão? Eles são bem produzidos, usando inclusive de trechos com animação. Isso custa dinheiro e leva tempo para ficar pronto. O resultado não poderia ficar melhor. Aqui nessa postagem irei comentar todos os episódios da temporada, conforme for assistindo a eles. Segue abaixo reviews de cada um deles.

Lore 1.01 - They Made a Tonic
Esse primeiro episódio conta a história real da família Brown. Eles viveram no século XVIII, nos Estados Unidos. O pai era um homem bom, honesto e trabalhador. Só que nada disso fez diferença quando sua esposa morreu, vitimada pela tuberculose. Depois sua filha, também contaminada, faleceu do mesmo mal. Por fim o filho mais novo, que acabara de se casar e ter o primeiro filho também morreu da mesma doença. O patriarca assim viu todos os seus parentes morrerem em um curto espaço de tempo. Sem esperanças com a medicina tradicional ele acaba sendo convencido por um pastor de que sua família estaria amaldiçoada por um demônio e para dar fim a essa maldição satânica deveria exumar os corpos de todos os seus familiares para cravar uma estaca em seus corações. Caso contrário eles voltariam nas noites para sugar o sangue de pessoas indefesas. O coração também deveria ser arrancado e queimado. Das cinzas surgiria um chá que iria curar as pessoas doentes. Pensou na figura mitológica dos vampiros? É isso mesmo. O mais incrível é que toda a história narrada nesse primeiro episódio aconteceu mesmo, é história verídica. Uma tragédia causada pela ignorância. Esse mesmo caso acabaria inspirando o escritor Bram Stoker quando ele estava escrevendo seu livro "Drácula". Bom, não precisa dizer mais nada não é mesmo? Muito interessante e muito curioso tudo o que é contado aqui. Se você gosta de terror e quer conhecer de onde todas essas histórias e personagens surgiram, então não há recomendação mais certeira. Não deixe de conhecer essa série "Lore". / Lore 1.01 - They Made a Tonic (Estados Unidos, 2017) Direção: Darnell Martin / Roteiro: Jeff Eckerle, Marilyn Osborn / Elenco: Aaron Mahnke, Campbell Scott, Jason Davis.

Lore 1.02 - Echoes  
Esse episódio conta uma história real que no fundo é muito triste. Na década de 1940 um médico americano chamado Dr. Walter Freeman afirmou ter encontrado a cura para a loucura e diversos outros tipos de doenças mentais. Era um método cruel chamado Lobotomia. Um instrumento era enfiado entre os olhos para perfurar um osso craniano. Com algumas batidas e eletrochoques o paciente deixava de apresentar comportamentos depressivos ou violentos. No fundo isso não curava nada, apenas destruía a cognição dos que eram submetidos a esse tratamento violento. Uma das páginas mais lamentáveis da história da medicina moderna. Quando o episódio começou me lembrei imediatamente do caso envolvendo Rosemary Kennedy que passou por esse procedimento e teve sua vida destruída. E esse caso, um dos mais famosos envolvendo lobotomia, está no episódio. Enfim, é um daqueles momentos trágicos da medicina. A cena final, com o garotinho subindo na maca do Dr Freeman. é de cortar o coração do espectador. / Lore 1.02 - Echoes (Estados Unidos, 2017) Direção: Thomas J. Wright / Roteiro: Glen Morgan, Aaron Mahnke / Elenco: Aaron Mahnke, Colm Feore, Kristen Cloke.

Lore 1.03 - Black Stockings
O foco desse episódio é em cima de uma estranha superstição que era popular na Irlanda em seus velhos tempos. Acreditava-se que fadas e seres conhecidos como metamorfos tomavam conta dos corpos de certas pessoas, se fazendo passar por elas a partir dessa "possessão". Muito, muito estranho. E no roteiro vemos um caso absurdo que realmente aconteceu, envolvendo a morte de uma mulher que foi assassinada pelo próprio marido que acreditava que um metamorfo havia dominado o corpo dela. Absurdo, loucura, escolha a palavra que você quiser. No meu caso esse episódio demonstrou como uma crença pode se tornar perigosa... e fatal! / Lore 1.03 - Black Stockings (Estados Unidos, 2017) Direção: Thomas J. Wright / Roteiro: David Chiu, Patrick Wall / Elenco: Aaron Mahnke, Holland Roden, Cathal Pendred.

Lore 1.04 - Passing Notes
O tema desse episódio é o espiritismo. Na história um reverendo, homem respeitado, fica desesperado após a morte de sua esposa e decide tentar entrar em contato com ela através de sessões de espiritismo, onde evocaria a alma de sua esposa falecida. Como o próprio roteiro afirma, certas portas ficam trancadas por um motivo. E as coisas só pioram, a casa dele fica atormentada com batidas, estranhos acontecimentos. O pastor tenta entrar em contato com essa entidade espiritual, pensando ser uma bruxa enforcada no século 17, mas descobre que não se trata disso, mas sim de uma "alma condenada". Bom episódio que dá uma geral no contexto histórico do surgimento do espiritismo, com destaque para algumas pessoas que se envolveram nisso, como o criador do Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle e o mágico Houdini. / (Estados Unidos, 2017) Direção: Nick Copus / Roteiro: Glen Morgan, Aaron Mahnke / Elenco:  Aaron Mahnke, Robert Patrick, Bethany Anne Lind. 

Lore 1.05 - The Beast Within 
Lobisomem existe? Esse episódio vai fundo nas origens dessa lenda do terror. O roteiro mostra que uma das histórias mais antigas sobre um homem que virava lobo tem mais de 2000 anos! E o mais incrível é que ela se parece demais com o conto infantil da Chapeuzinho Vermelho. Depois o episódio usa como linha narrativa principal um caso histórico real, envolvendo a aparição de um suposto lobisomem numa cidadezinha na Alemanha. Na verdade era um serial killer. E os psicopatas acabam sendo ligados diretamente a esse mito. Afinal mortes animalescas em série realmente fizeram parte da história de assassino em série ao longo da história. Muito bom esse episódio, com direito a contar uma lenda envolvendo São Patrício e uma aldeia de lobisomens. Arrepiante! / Lore 1.05 - The Beast Within (Estados Unidos, 2017) Direção: Darnell Martin / Roteiro: David Coggeshall, Aaron Mahnke / Elenco: Aaron Mahnke, Adam Goldberg, Clark Moore. 

Lore 1.06 - Unboxed
Fora da caixa! Esse último episódio da primeira temporada trata dos bonecos. Isso mesmo, usando como base a história de Robert, the doll, um boneco amaldiçoado, esse episódio vai mostrando algumas histórias assustadoras envolvendo esses brinquedos. Há a história do mexicano que vivia sozinho em uma ilha. Um dia ele achou o corpo de uma menina. Depois disso ele se convenceu que estava sendo assombrado pela alma da criança. Por isso encheu sua ilha de bonecas penduradas nas árvores. O local hoje é conhecido como "a ilha das bonecas". Outra história assombrosa envolveu um russo que levava corpos de crianças mortas para casa e as vestia com roupas de bonecas. Enfim, bom episódio para fechar a primeira temporada dessa excelente série de terror e suspense. / Lore 1.06 - Unboxed (Estados Unidos, 2017) Direção: Michael E. Satrazemis / Roteiro: Tyler Hisel, Aaron Mahnke / Elenco: Aaron Mahnke, Kristin Bauer van Straten, Joe Knezevich.

Pablo Aluísio.

Lovecraft Country

Essa nova série da Warner Bros em parceria com o canal HBO é baseada no livro escrito por Matt Ruff. Esse autor, por sua vez, escreveu sua obra procurando resgatar o universo criado por H. P. Lovecraft lá na primeira metade do século XX. Como se sabe Lovecraft é ainda hoje uma referência em termos de ficção, sendo considerado um dos escritores mais influentes da história nesse gênero. Falecido em 1937, ele viveu a era de ouro da literatura pulp. De certa forma nunca foi reconhecido em vida, porém sua obra foi ganhando cada vez mais importância ao longo das décadas.

Hoje em dia, Lovecraft tem sido contestado não por seus escritos, por sua obra na literatura, mas por suas opiniões pessoais racistas que inclusive chegou a divulgar em vida. Um lado lamentável de sua personalidade. Essa mancha em sua biografia não foi deixada de lado por Matt Ruff, que decidiu colocar protagonistas negros em suas histórias. Assim ele aproveitou o que havia de melhor no universo de Lovecraft, ao mesmo tempo em que modernizou e retirou dos textos originais essa grave falha de caráter do criador original. Essa primeira temporada conta com 10 episódios. Segue abaixo comentários sobre cada um dos episódios, que irei colocando periodicamente, conforme for assistindo.

Lovecraft Country 1.01 - Sundown
Esse primeiro episódio se passa na década de 1950. Um grupo de pessoas negras segue viagem de carro pelo interior do sul dos Estados Unidos. Terra de gente muito racista e violenta. Eles temem por sua segurança e até mesmo por suas vidas, pois por onde passam sofrem hostilizações dos brancos locais, um bando de caipirões mal encarados e armados. E a coisa só piora quando são parados por policiais, também extremamente racistas. Mesmo que não estejam cometendo crime algum, eles passam a ser perseguidos pelos tiras. E quando entram numa estrada que atravessa uma floresta no meio da noite são cercados pelos policiais que claramente estão ali para linchá-los. Só que algo muito obscuro se esconde entre as árvores da floresta, no melhor estilo lovecraftiano. Bom episódio que já deixa claro os elementos principais dessa nova série. Pelo que assisti a série toda promete muito. Vou acompanhar. / Lovecraft Country 1.01 - Sundown (Estados Unidos, 2020) Direção: Yann Demange / Roteiro: Misha Green / Elenco: Jurnee Smollett, Jonathan Majors, Aunjanue Ellis.

Lovecraft Country 1.02 - Whitey's on the Moon
Depois da correria do primeiro episódio temos uma pequena calmaria, mas só na primeira parte dessa história. Todos estão em uma estranha mansão, onde funciona a sede de uma seita bizarra, onde os membros dizem que são descendentes de Adão, o primeiro homem. Em sua doutrina eles almejam voltar ao jardim do Éden, onde todos são imortais. É a tal coisa. Todas as ideias que vemos nessa série nasceram, de uma maneira ou outra, na mente de HP Lovecraft. E, na minha opinião, nem todos os pontos eram impecáveis ou perfeitos. Havia sim sua dose de bobagens. Assisti ao episódio, mas confesso que não achei tão bom. Pode ser que não vá em frente por achar a série um pouco fantasiosa demais e até mesmo um tanto cansativa (e sonolenta). / Lovecraft Country 1.02 - Whitey's on the Moon (Estados Unidos, 2020) Direção: Daniel Sackheim / Roteiro: Misha Green / Elenco: Jurnee Smollett, Jonathan Majors, Aunjanue Ellis. 

Lovecraft Country 1.03 - Holy Ghost  
'Leti' Lewis resolve comprar uma velha casa vitoriana há muito abandonada. Ele fica extremamente feliz com a compra e chama sua irmã e outros amigos negros a morarem ao seu lado na grande casa. Só que há vários problemas. A vizinhança é toda formada por brancos racistas que não querem a presença deles ali. E como se isso não fosse ruim o bastante, a casa começa a ficar estranha, com o surgimento de várias manifestações paranormais por todos os seus quartos e principalmente no porão, onde no passado oito pessoas foram encontradas mortas. Bom episódio, que me animou a continuar assistindo a série. / Lovecraft Country 1.03 - Holy Ghost (Estados Unidos, 2020) Direção: Daniel Sackheim / Roteiro: Misha Green / Elenco: Jurnee Smollett, Jonathan Majors, Aunjanue Ellis. 

Lovecraft Country 1.04 - A History of Violence
Estou parando de assistir por aqui. Nesse quarto episódio já entendi que não é minha praia. A série pode ter várias referências à obra de Lovecraft, pode ter sido bastante elogiada pela crítica, mas não me pegou. Não gostei. Com quatro episódios assistidos já deu para entender isso. Nesse aqui há um clima que me lembrou dos velhos filmes de Indiana Jones, mas sem o mesmo charme. Há um texto, que está escondido numa velha câmara fechada há séculos, com uma sereia dentro... enfim, fantasia demais para o meu gosto. E para onde tudo isso vai parar? Penso que em lugar nenhum. Enfim, boa sorte para quem curtiu. Eu pessoalmente prefiro outros estilos de séries, mais dramáticas e menos fantasiosas. É isso. / Lovecraft Country 1.04 - A History of Violence (Estados Unidos, 2020) Direção: Victoria Mahoney / Roteiro: Misha Green, Wes Taylor / Elenco: Jurnee Smollett, Jonathan Majors, Aunjanue Ellis.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

O Massacre da Serra Elétrica

Temos aqui mais um filme da franquia de terror "Texas Chainsaw Massacre". É de se impressionar como uma linha de filmes que surgiu no distante ano de 1974 ainda desperte interesse dos mais jovens. Agora a produção é assinada pela Netflix. O interessante é que esse filme não é o único mais recente. Eu me recordo de pelo menos outros dois filmes da mesma marca que foram lançados há pouco tempo. E o mais estranho de tudo é que no geral não são filmes ruins, pelo contrário, conseguem manter um certo padrão de qualidade. Esse não foge à regra. Apesar do roteiro simples me senti perfeitamente satisfeito quando o filme chegou ao fim. Ele tem um clima retrô que me lembrou filmes de terror dos anos 80. O Leatherface assusta porque é completamente demente. Inspirado em um serial killer americano chamado Ed Gein, ele usa o rosto das vítimas em sua face! Isso, por si só, já é algo que impressiona ainda hoje o público em geral!

E, para surpresa geral, também tem boas sequências. Aqui eu destaco a cena do massacre no meio da plantação de roseiras amarelas. Para quem não sabe o símbolo do Texas é a rosa amarela. Violento ao extremo, a cena também lida muito bem com o suspense. E aquela "obra de arte" que o Leatherface faz com uma de suas vítimas é simplesmente assustadora! Outra cena que gostei foi a da carnificina no ônibus. Essa tem um diálogo para cair na gargalhada. Quando Leatherface entra no veículo um sujeito, tipicamente um desses riquinhos progressistas, diz a ele: "Veja lá o que você vai fazer hein! Qualquer coisa nos vamos te cancelar na net!". Não deu para segurar a risada depois dessa! Enfim, curti mesmo essa volta do Leatherface, um dos mais doentes psicopatas que já surgiram no cinema. Prepare-se para o banho de sangue e... divirta-se!

O Massacre da Serra Elétrica - O Retorno de Leatherface (Texas Chainsaw Massacre, Estados Unidos,2022) Direção: David Blue Garcia / Roteiro: Chris Thomas Devlin, Fede Alvarez / Elenco: Sarah Yarkin, Elsie Fisher, Mark Burnham / Sinopse: Após a morte de sua cuidadora, uma mulher que o criou desde os tempos de orfanato, Leatherface parte para a vingança sangrenta. O alvo dessa vez é um bando de pessoas da cidade grande, que vieram comprar tudo numa velha cidade abandonada do Texas, a mesma onde o psicopata agora vive, escondido de todos. A matança vai começar!

Pablo Aluísio.

Anjos da Noite 4

Essa franquia "Anjos da Noite" não se endireita mesmo. Quando pensamos que vai melhor a coisa desanda e cai na vala do lugar comum. Os últimos filmes até que conseguiam manter o mínimo interesse na luta entre lobisomens e vampiros mas esse "Anjos da Noite 4" coloca tudo a perder. O roteiro é muito vazio, derivativo e nulo para ser levado a sério. Ao que tudo indica houve problemas de negociação com o ator Scott Spedman (que faz um dos principais personagens da franquia, o híbrido Michael). Sem ele os roteiristas tiveram que rebolar para eliminar sua presença em cena (seu personagem aparece apenas congelado no filme). Segundo algumas fontes Spedman teria pedido um cachê maior e também maior destaque ao seu personagem nesse quarto filme e como não conseguiu chegar a um acordo foi eliminado da estória. Isso criou um buraco tão grande em "Anjos da Noite 4" que o filme ficou totalmente à deriva - fora o quase plágio com outra franquia, Aliens, pois aqui resolveram colocar também uma garotinha (interpretada pela inexpressiva atriz mirim India Eisley) para acompanhar a protagonista Selene (Kate Beckinsale)

Assim, com tantos problemas de roteiro, não me admirei em nada ao assistir ao filme. Eu já não esperava grande coisa, isso é certo, mas ficou pior do que pensei. Na falta de uma estrutura de roteiro melhor os diretores Måns Mårlind e Björn Stein (ambos de Identidade Paranormal) partiram para o uso e abuso de efeitos especiais em cada tomada. É verdade que alguns monstros são bem realizados, incluindo um mega lycan de 3 metros de altura, mas sem desenvolvimento maior tudo fica com cara de vídeo game mesmo. Nem sequer a mitologia que acompanha a franquia aqui foi minimamente desenvolvida, resultado numa obra oca em demasia. Para piorar o que já era bem ruim "Anjos da Noite 4" tem outro problema: é inconclusivo, deixando todos os desfechos para uma próxima continuação! Obviamente os produtores querem faturar mais uma grana numa possível quinta continuação! Haja paciência para agüentar tanto oportunismo.

Anjos da Noite 4 (Underworld: Awakening, Estados Unidos, 2012) Direção: Måns Mårlind, Björn Stein / Roteiro: :Len Wiseman, John Hlavin / Elenco: Kate Beckinsale, Michael Ealy, India Eisley / Sinopse: Forças humanas descobrem a existência dos clãs de vampiros e Lycons (lobisomens). Emcurralados os vampiros começam os planos de contra ataque contra sua existência.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Lucy in the Sky

Filme baseado em uma história real. Quando começa, logo na primeira cena, encontramos a astronauta Lucy Cola (Natalie Portman) no espaço olhando para nosso planeta. Ela participa de uma missão da NASA como tripulante de um ônibus espacial. Fica completamente extasiada ao ver a imensidão do universo e a beleza da Terra vista do espaço! Um momento de pura contemplação interior! É o auge de sua vida! De volta ao lar, em Houston, Texas, ela precisa voltar para a vida normal. Ela tem um casamento que já caiu no tédio. Sua sobrinha vem morar ao lado dela pois o pai sumiu! Sempre foi um irresponsável! Durante os treinamentos para uma nova viagem espacial na NASA ela acaba se apaixonando por um astronauta mais velho e veterano, Mark Goodwin (Jon Hamm), um sujeito bonitão que está se divorciando da esposa. Lucy sempre foi muito focada na vida profissional e pessoal, deixando tudo muito bem equilibrado e organizado em sua vida, mas começa a se apaixonar de forma desesperada por Mark. A NASA sempre determinou vários protocolos de comportamento que impediam relacionamentos amorosos entre astronautas. Mesmo assim ela continua a se encontrar, às escondidas, com sua nova paixão, ainda que sendo uma mulher casada.

Não demora muito e Lucy fica completamente obcecada pelo novo amante, que tem fama de mulherengo. E enquanto tenta ser escalada para a próxima viagem espacial, ela descobre que ele tem outra amante. É o gatilho para ela começar a perder completamente sua razão! Muito bom filme. Gostei de praticamente tudo. Elenco afinado, direção segura e um roteiro preciso. Como o título original do filme faz uma referência óbvia a uma das mais conhecidas músicas dos Beatles, Lucy in the sky with diamonds, ela também está presente na trilha sonora. Enfim, temos aqui uma história que parece de pura ficção, mas que foi verdade, o que não deixa de ser surpreendente.

Lucy in the Sky (Estados Unidos, 2019) Direção: Noah Hawley / Roteiro: Brian C. Brown, Elliott DiGuiseppi / Elenco: Natalie Portman, Jon Hamm, Zazie Beetz, Dan Stevens, Pearl Amanda Dickson, Ellen Burstyn / Sinopse: A história da paixão avassaladora de uma astronauta por um colega durante os preparativos de uma nova viagem espacial da NASA.

Pablo Aluísio.

Misteriosa Paixão

A atriz Ellen DeGeneres ficou muito famosa e popular com um programa de TV nos Estados Unidos. Porém nunca conseguiu se firmar no cinema americano, mesmos sendo muito talentosa, principalmente no humor. Esse filme que aqui tratamos foi uma das tentativas dela em emplacar uma carreira na indústria cinematográfica. Conta a história de uma mulher que se apaixona... pela mulher do próprio irmão. Pois é, uma história protagonizada por uma lésbica, tal como a própria Ellen DeGeneres em sua vida pessoal. Como o tema LGBT ainda era uma novidade e tanto no cinema dos anos 90 o filme acabou não fazendo sucesso. Preconceito do público? Certamente pode ter sido uma das razões.

Tirando um pouco esse aspecto de lado temos que admitir que o filme realmente não ficou muito bom. Há sempre uma tentativa de se fazer humor, mas ao mesmo tempo o filme quer ser levado mais à sério. Complicado. A Ellen DeGeneres interpreta uma policial que precisa desvendar um caso envolvendo o aparecimento de dois corpos na floresta e Patricia Arquette é a loira fatal que vem embolar o meio de campo. Ela usa uma peruca loira channel durante todo o filme. Não ficou bonita, apenas esquisita. Então é isso, mais uma produção que veio demonstrar que fazer sucesso no cinema é bem mais complicado do que se pensa.

Misteriosa Paixão (Goodbye Lover, Estados Unidos, 1998) Direção: Roland Joffé / Roteiro: Ron Peer, Alec Sokolow / Elenco: Patricia Arquette, Ellen DeGeneres, Dermot Mulroney, Mary-Louise Parker, Ray McKinnon, Alex Rocco / Sinopse: Rita Pompano (Ellen DeGeneres) é uma policial que precisa solucionar um caso de duplo assassinato enquanto tenta resolver sua caótica vida pessoal.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

Falcão e o Soldado Invernal

Mais uma série nova da Marvel. Já perdeu a conta? Eu também... São tantas séries e filmes com o selo Marvel que está ficando quase impossível acompanhar tudo! Nem a rival DC Comics consegue chegar perto. Pois bem, aqui mais dois personagens secundários ganham suas próprias séries. O Falcão é um herói bem coadjuvante dos Vingadores. O Soldado Invernal é um vilão dos quadrinhos do Capitão América. Ele é tão forte como o seu inimigo, igualmente velho, mas basicamente um vilão. Um sujeito que faz trabalhos para a Hydra. Curiosamente aqui tentaram desenvolver melhor sua personalidade, trazendo mais conteúdo. Ele não tem amigos, exceto um senhor idoso oriental que lhe aconselha arranjar uma namorada. Algo para sair da solidão. Coisa um pouco complicada de se fazer quando se tem mais de 100 anos de idade!

Em relação ao Falcão também somos apresentados à sua família, uma irmã em dificuldades financeiras e tudo mais. O Falcão inclusive protagoniza a melhor cena da série, um resgate em pleno ar, tentando tirar de dentro de um avião cargueiro um sujeito que é importante para o governo dos Estados Unidos. A cena é excepcionalmente bem produzida. Cheia de efeitos visuais de primeira linha poderia estar em qualquer filme da Marvel para o cinema sem problemas. Investiram alto, investiram pesado nessa série, uma das grandes apostas da Marvel nesse setor. Só nos resta aguardar para ver se vai dar certo.

Falcão e o Soldado Invernal (The Falcon and the Winter Soldier, Estados Unidos, 2021) Direção: Kari Skogland / Roteiro: Malcolm Spellman, Ed Brubaker / Elenco: Anthony Mackie, Sebastian Stan, Wyatt Russell, Erin Kellyman / Sinopse: O herói voador Falcão está sempre pronto para ajudar a combater o mal, ainda mais depois do desaparecimento do Capitão América. Enquanto isso o Soldado Invernal, um antigo vilão, tenta reconstruir sua vida pessoal de alguma forma.  

Pablo Aluísio. 

Guia de Episódios - Falcão e o Soldado Invernal:

Falcão e o Soldado Invernal 1.02 - The Star-Spangled Man
O novo Capitão América parece ser um cara legal. Ele não tem a força descomunal do herói original, nem é um super soldado, mas condecorado no passado é considerado o homem ideal para herdar o escudo e o título de Steve Rogers. E isso não quer dizer que seja do agrado de Buck, o Soldado Invernal. Para quem não sabe ele foi o fiel escudeiro do Capitão em um passado distante e fica muito contrariado quando descobre que o escudo será usado pelo novo Capitão América. Pior quando o Falcão, Buck, o Capitão América e outros aliados decidem enfrentar um grupo de super soldados da Hydra. Eles levam uma tremenda surra! Quem poderia imaginar algo assim? / Falcão e o Soldado Invernal 1.02 - The Star-Spangled Man (Estados Unidos, 2021) Direção: Kari Skogland / Roteiro: Michael Kastelein / Elenco: Anthony Mackie, Sebastian Stan, Wyatt Russell. 

Falcão e o Soldado Invernal 1.03 - Power Broker
Vejo sinais de desgaste nesse episódio? Sim, vejo. E é muito cedo para isso acontecer, vamos convir. O roteiro agora parece se resumir a colocar os heróis em busca dos soros que transformou seres humanos normais em super soldados e o pior de tudo é que eles parecem estar a serviço da Hydra! Então nesse episódio o Falcão e o Soldado Invernal vão até um laboratório escondido que supostamente teria produzido 20 fracos do soro! Claro que os inimigos também chegam por lá e tudo vai para os ares - explosões por todos os lados! A novidade nesse episódio é a participação da atriz Emily VanCamp no papel de Sharon Carter. Sua personagem pode tanto estar do lado do bem, como do mal. É o que veremos nos proximos episódios. / Falcão e o Soldado Invernal 1.03 - Power Broker (Estados Unidos, 2021) Direção: Kari Skogland / Roteiro: Derek Kolstad / Elenco: Anthony Mackie, Emily VanCamp, Sebastian Stan, Daniel Brühl. 

Falcão e o Soldado Invernal 1.04 - The Whole World Is Watching
O soro dos super soldados foi tomado por um grupo de jovens que se dizem revolucionários, que dizem lutar contra o sistema! O Falcão abre uma linha de conversação com a líder deles que se autodenominam "Os Apátridas", só que o novo Capitão América não pensa dessa forma, acha que são meros terroristas e precisam ser detidos de qualquer forma. E durante uma luta, por um lance de sorte, ele acaba pegando um dos frascos com o soro, algo que se tomado o transformará em um super soldado, tal como o Capitão América original. Só que sua sorte está selada quando é filmado por pessoas numa praça, usando o famoso escudo para matar um inimigo. Ele é filmado com o escudo manchado de sangue de sua brutalidade. No mínimo sua imagem pública está destroçada para sempre! / Falcão e o Soldado Invernal 1.04 - The Whole World Is Watching (Estados Unidos, 2021) Direção: Kari Skogland / Roteiro: Derek Kolstad / Elenco: Anthony Mackie, Sebastian Stan, Daniel Brühl. 

Falcão e o Soldado Invernal 1.05 - Truth
O novo Capitão América cai em desgraça. Ele perde o escudo e o direito de usar a roupa do Capitão. Também se dá mal em seu julgamento militar, perdendo todos os benefícios a que teria direito. O Falcão também perde, só que suas asas, perdidas numa briga ferrenha. E o Soldado Invernal, ou melhor dizendo, o Buck. Aparece bem boa praça aqui, ajudando na reforma do barco da família do Falcão. O escudo vai parar nas mãos justamente do Falcão e ele começa a treinar com simbólico escudo que um dia pertenceu ao Capitão. Seria o nascimento de um Capirão América negro? Complicado, um veterano super soldado lhe diz que isso seria impossível, por causa do preconceito. Teria ele razão? / Falcão e o Soldado Invernal 1.05 - Truth (Estados Unidos, 2021) Direção: Kari Skogland / Roteiro: Dalan Musson / Elenco: Anthony Mackie, Sebastian Stan, Daniel Brühl.

Falcão e o Soldado Invernal 1.06 - Episódio final sem grandes surpresas de uma série que tem roteiros meramente regulares que são realizados com boa produção. Nesse final o Falcão Negro agora vestido de uma versão negra do Capitão América, enfrenta os super soldados. Tem muita pancadaria e efeitos especiais de primeira, mas é como eu disse, a série não chega a empolgar em momento algum. Eu não me arrependi de assistir, mas dessas séries Marvel que venho acompanhando até agora, essa certamente tem se revelada uma das séries mais fracas. Valeu, mas não recomendo muito. / Falcão e o Soldado Invernal 1.06 (Estados Unidos, 2021) Direção: Kari Skogland / Roteiro: Malcolm Spellman / Elenco: Anthony Mackie, Sebastian Stan, Emily VanCamp.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Loki

A Marvel virou mesmo uma mina de ouro com seus velhos personagens de quadrinhos. Até mesmo os secundários agora já ganham série própria. Dessa vez foi o Loki, o irmão vilão do Thor. Quando o primeiro episódio começou eu devo dizer que fiquei completamente surpreso. A série é mais louca (e ousada) do que eu poderia imaginar. Há uma atmosfera retrô, como se eu estivesse assistindo a uma obscura produção Sci-fi dos anos 50! O roteiro também foge completamente do convencional, jogando com a ideia de multi universos de uma maneira nova. Aliás é bom salientar que essa coisa de histórias em universos paralelos é algo antigo dentro da Marvel. Costumava começar bem e virar o caos depois de um certo tempo. Nos quadrinhos eles se enrolaram tanto dentro desse conceito que precisaram dar um reboot alguns anos atrás. Ficou complexo, confuso e impossível de seguir o fio da meada. Mas continuemos...

O Loki dá um jeito de sair das mãos dos Vingadores, mas nesse processo acaba indo parar em outro universo e por romper uma suposta linha temporal sagrada ele acaba sendo preso por estranhas pessoas, que mais parecem burocratas entediados de alguma autarquia, alguma entidade pública mofada. E precisa agora lidar com funcionários públicos tediosos. E o poderoso deus de repente se vê sem seus poderes, sem ter capacidade de fugir daquela insanidade. É realmente de enervar qualquer um. Enfim, esse primeiro episódio é muito sui generis, demonstrando que apesar da saturação a Marvel não teve medo de ir além do esperado. O resto da série vai se sair bem? Só assistindo mesmo os demais episódios para chegar em uma conclusão. Vamos aguardar.

Loki (Estados Unidos, 2021) Direção: Kate Herron / Roteiro: Michael Waldron / Elenco: Tom Hiddleston, Owen Wilson, Gugu Mbatha-Raw, Sophia Di Martino / Sinopse: Nessa nova série, uma produção em parceria da Disney com a Marvel, o irmão malvado do Thor, Loki, o deus das trapaças e das ilusões, vai parar em um estranho universo, onde burocratas controlam a linha temporal que eles consideram sagrada!

Pablo Aluísio. 

Guia de Episódios - Loki:

Loki 1.02 - The Variant
Qual seria a melhor maneira de capturar e neutralizar uma variante do Loki na linha temporal? Ora, usando o próprio Loki. E eles viajam a alguns lugares no tempo justamente com essa missão. Vão ao planeta Terra no ano de 1985. Nada acontece. Vão até Pompeia no mesmo dia em que o vulcão Vesúvio entrou em erupção, matando todas as pessoas da cidade. Na verdade só encontram a variante do Loki no Alabama no ano de 2050, bem no dia que um furacão devastou a região. E para decepção dos homens da AVT, Loki se alia com sua variante e viajam novamente no tempo. Lugar e tempo desconhecidos. / Loki 1.02 - The Variant (Estados Unidos, 2021) Direção: Kate Herron / Roteiro: Elissa Karasik / Elenco: Tom Hiddleston, Sophia Di Martino, Owen Wilson.

Loki 1.03 - Lamentis
Loki e sua variante seguem fugindo. Agora estão em uma Lua que está sendo engolida por um planeta em roda de colisão. Algo normal, já que a variante sempre surge em momentos de apocalipse pelo universo. Enquanto correm grandes meteoros caem do céu. E eles discutem muito entre si, ainda mais agora que a variante do Loki decidiu assumir as formas de uma mulher guerreira. No fundo os dois querem chegar até os guardiões do tempo. O cheiro de vingança chega em suas narinas a todo momento. Querem acabar com essas estranhas e misteriosas figuras. Só que antes disso precisam saber onde eles estão! Como posso resumir esse episódio? Bem movimentado! / Loki 1.03 - Lamentis (Estados Unidos, 2021) Direção:     Kate Herron / Roteiro: Bisha K. Ali/ Elenco: Tom Hiddleston, Sophia Di Martino, Gugu Mbatha-Raw.

Loki 1.04 - The Nexus Event
Loki e sua variante são localizados e presos. Complicado, mas eles possuem uma carta explosiva na manga. E eles soltam a informação: Todos os que trabalham para os guardiões do tempo são na verdade variantes que foram reaproveitados por esses estranhos seres. E tem mais: suas memórias pessoais foram apagados, seu passado, sua história, sua personalidade, tudo foi deletado. E agora? Alguns ficam chocados com a informação. E os guardiões do tempo? Existem mesmo? Ou são apenas andróides? Algumas pistas e respostas você encontrará justamente nesse episódio da série. / Loki 1.04 - The Nexus Event (Estados Unidos, 2021) Direção: Kate Herron / Roteiro: Eric Martin / Elenco: Tom Hiddleston, Sophia Di Martino, Owen Wilson.

Loki 1.05 - Journey Into Mystery
Em minha opinião essa série Loki perdeu a mão. Essa coisa de multiversos pode facilmente se transformar em uma grande chatice quando os roteiristas exageram na dose. Exatamente o que vejo acontecer aqui. Nesse episódio Loki vai parar nos confins do universo onde encontra diversas variantes bizarras de si mesmo, como um Loki mais velho, um Loki garoto e até um Loki animal, um crocodilo... vejam que coisa mais nonsense. E todos eles juntos precisam vencer um monstro em forma de tempestade. Deu para sentir o nível do absurdo? Durma-se com um barulho desses! / Loki 1.05 - Journey Into Mystery(Estados Unidos, 2021) Direção: Kate Herron / Elenco: Tom Hiddleston, Sophia Di Martino.

Loki 1.06 - For All Time. Always.
A série chega ao final nesse episódio. Não fique muito ansioso. Tudo termina mal em meu ponto de vista. Na realidade, a história não vai a lugar nenhum. Isso parece se confirmar também nesse episódio final da primeira temporada. E o que acontece no final de contas? Loki e sua amiga vão parar em um lugar muito longe dos universos paralelos. E lá encontra o ser que parece dominar tudo. É um cara normal, sentado em uma cadeira, com papo furado, papo de malandro. E eles ficam assim diante dele, meio abismados, tentando matá-lo. Afere. Não há um final definitivo na realidade. Existe uma brecha para uma segunda temporada que eu definitivamente não vou perder tempo para assistir. / Loki 1.06 - For All Time. Always.(Estados Unidos, 2021) Direção: Kate Herron / Elenco: Tom Hiddleston, Sophia Di Martino, Owen Wilson.

Pablo Aluísio.

Walker

Achei fraco, pelo menos o primeiro episódio dessa nova série. Eu tenho lembranças antigas do Texas Ranger Walker. Para quem é mais velho vai ser fácil se lembrar da série original que passava no SBT e era estrelada por Chuck Norris, o baixinho mais enfezado dos filmes de ação dos anos 80. Na realidade tirando a presença do Norris não havia nada de muito especial naquele antigo programa de TV. Só que agora os produtores resolveram trazer o mesmo projeto de volta, mas claro, com mudanças significativas. A primeira delas é que eles estão tentando fazer uma nova série que não seja só pancadaria, chutes e pontapés. Eles querem mais conteúdo, um trabalho a mais para os roteiristas.

Assim o novo Texas Ranger Walker tem vários problemas emocionais. Após a morte da esposa, um caso aberto que ele não conseguiu resolver, o policial partiu para um retiro que durou longos onze meses. Deixou para trás os dois filhos adolescentes e foi afogar sua depressão em bebida, muita bebida. Quando retorna tem um monte de problemas familiares a resolver. Os filhos ficaram traumatizados, estão depressivos e a filha acaba se envolvendo até mesmo com problemas com a lei. Para um Texas Ranger nada poderia ser pior que isso. Enfim, ao contrário do Walker de Chuck Norris que resolvia tudo na porrada, esse aqui tem crises existenciais. Derrama até lágrimas dos olhos. Homem sensível. Já imaginaram o Norris chorando em algum momento? Eu não! É o sinal dos novos tempos!

Walker (Estados Unidos, 2021) Direção: Steve Robin / Roteiro: Christopher Canaan / Elenco: Jared Padalecki, Molly Hagan, Keegan Allen, Violet Brinson / Sinopse: A vida dura de um Texas Ranger que precisa resolver casos policiais perigosos ao mesmo tempo em que tenta superar problemas familiares envolvendo a morte de sua esposa.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Os Imperdoáveis

Título no Brasil: Os Imperdoáveis
Título Original: Unforgiven
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: David Webb Peoples
Elenco: Clint Eastwood, Gene Hackman, Morgan Freeman, Richard Harris, Jaimz Woolvett, Saul Rubinek

Sinopse:
Velho pistoleiro aposentado é contratado para um último e decisivo serviço. Vencedor dos Oscars de Melhor Filme, Edição, Direção, Ator Coadjuvante (Gene Hackman), com indicações aos Oscars de Melhor Ator (Clint Eastwood), Direção de Arte, Fotografia, Som e Roteiro Original. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção e Melhor Ator Coadjuvante (Gene Hackman).

Comentários:
A história de "Os Imperdoáveis" (The Unforgiven -1992) é ambientada em 1880 na belíssima região do Wyoming e discorre sobre a vida de William Munny (Clint Eastwood) um ex-pistoleiro que carrega em seu macabro currículo, assassinatos de mulheres e crianças. Depois de casar-se com o seu grande amor, Claudia, Munny resolve regenerar-se: abandona a vida pistoleiro, a bebida e decide levar uma vida correta cuidando de esposa e filhos. No entanto sua esposa depois de contrair uma grave doença, não resiste e morre. Sozinho, um misantropo Munny segue sua vida de amargura, cuidando de suas terras, de seus porcos e de seus dois filhos. Tempos depois, Munny é surpreendido em sua própria fazenda pela visita de um jovem e inexperiente pistoleiro, Schofield Kid (Jaimz Woolvett). Kid, conhecendo a fama e o passado de Munny, tenta convencê-lo a partir junto com ele atrás de uma recompensa de mil dólares em troca da eliminação de dois vaqueiros que retalharam, de forma covarde, o rosto da prostituta Delilah Fitzgerald (Anna Levine) na pequena cidade de Big Whiskey. No início Munny resiste à proposta, mas seus graves problemas financeiros fazem com que o velho e amargurado pistoleiro mude de idéia. Mais velho e destreinado, Munny, depois de um pequeno treino de tiro ao alvo, descobre que não é mais aquele pistoleiro de outrora.

Com uma trêmula e péssima pontaria além de uma enorme dificuldade para subir em seu próprio cavalo, o pistoleiro, inseguro, resolve dividir a recompensa por três e convoca seu velho companheiro para ajudá-lo nessa caçada humana: Ned Logan (Morgan Freeman). No princípio, Logan, enfrentando a reprovação de sua mulher, também pensa em rejeitar a proposta, mas, precisando do dinheiro alia-se à Munny e Kid e juntos partem para a pequena Big Whiskey em busca da tão sonhada recompensa que será paga pelas próprias prostitutas. Porém, a vida da dupla não será nada fácil, pois além de lutarem contra as suas próprias dificuldades, decorrente da idade e de uma vida de aposentados, os dois terão que aturar o jovem Schofield Kid, um guri falastrão e sem experiência alguma como pistoleiro. Além disso, a polpuda recompensa atrai outros candidatos a vingadores da prostituta como o janota e posudo Bob -"o inglês"- (Richard Harris). A partir daí a pequena Big Whiskey não será mais a mesma pois os candidatos à recompensa terão que enfrentar antes a ira do xerife Little Bill Daggett (Gene Hackman) um sujeito violento, covarde e impiedoso e que não admite ninguém armado em sua pequena cidade.

O longa - eleito como um dos cem maiores filmes de todos os tempos - não tem heróis ou bandidos e nem mesmo a bela mocinha a ser beijada e conquistada. Todos são um pouco de cada coisa e parecem viver no mesmo limbo, entre a desgraça e o mínimo de decência. A ambientação lúgubre e o colorido pálido das tomadas em planos mais fechados soma-se a uma atmosfera triste e desvanecida, aumentando assim a aura de melancolia e desesperança. O viés antipoético e antifilosófico do roteiro funciona para aumentar ainda mais a tensão avassaladora da vingança funesta e inevitável. Clint Eastwood é um gênio corrosivo e implacável; e foi justamente essa verve idiossincrática do diretor que construiu William Munny: um homem de alma ácida que vive os dias soterrado pelo seu próprio passado. Uma mortalha recortada e descarnada pelas dores da lembrança de dias gloriosos como pistoleiro que ficaram para trás e também pela perda trágica do amor de sua vida. O velho pistoleiro depois de alguns goles virará um monstro travestido de drama, dores, mistério e vingança e que inexoravelmente ficará frente a frente com o xerife Litlle Bill em um dos finais mais assombrosos e espetaculares da história dos filmes de faroeste. Depois de ser recusado por vários produtores durante vinte anos, o roteiro de "Os Imperdoáveis" (Unforgiven -1992), escrito magistralmente por David Webb Peoples, acabou caindo nas mãos do alquimista Clint Eastwood que resolveu bancar o filme, escolher o elenco e de quebra assinar a direção. Trata-se de um monumento à sétima arte. Vencedor de 4 Oscars (filme, diretor, edição e ator coadjuvante para Gene Hackman) o longa é uma obra-prima do cinema e um show de interpretações magistrais - não só de Eastwood, mas também dos excepcionais Gene Hackman, Morgan Freeman e do grande e saudoso irlandês, Richard Harris.

Telmo Vilela Jr.