quarta-feira, 11 de julho de 2018

Escobar - A Traição

Não estava esperando por muita coisa, mas acabei sendo surpreendido. Apesar do tema envolvendo o traficante Pablo Escobar já estar bem saturado ainda conseguiram fazer um filme interessante. O roteiro foi escrito a partir do livro escrito pela amante de Escobar, a jornalista Virginia Vallejo. Ela é interpretada pela atriz Penélope Cruz. Através de sua própria narrativa voltamos ao passado para mostrar seu relacionamento conturbado com Escobar. Inicialmente ela é atraída por esse homem vindo de baixo, das classes mais pobres, que acabou se tornando um dos homens mais ricos da Colômbia. Ela tenta passar para o espectador que não sabia quem ele era e de onde vinha sua fortuna, mas sinceramente falando não consegue convencer ninguém. Era óbvio que ela sabia que Pablo era um traficante e que seu dinheiro era proveniente da exportação de cocaína para os Estados Unidos. Todo o resto é apenas uma tentativa de suavizar sua culpa pelo que aconteceu.

Um dos grandes pontos positivos dessa produção é a caracterização do próprio Pablo Escobar. Javier Bardem nem precisou de muita maquiagem, perucas e figurinos para ficar parecidíssimo com Escobar. Gordo, nada glamoroso (como alguns filmes tentam fazer parecer), o bandido é retratado como ele era na vida real. Também não poupa em mostrar os inúmeros crimes e assassinatos mandados por ele ao seu grupo, o famigerado Cartel de Medellín. Como o filme é muito centrado em sua vida pessoal e de crimes, pouco espaço sobra para os policiais, os agentes que se esforçaram tanto para sua prisão e punição. Todos esses agentes assim são unificados no agente americano Shepard (Peter Sarsgaard). No final temos aqui um filme bem realista, honesto, mostrando os fatos como aconteceram. Sem essa coisa toda de romancear a vida de pessoas que no fundo eram apenas criminosos perigosos. 

Escobar - A Traição (Loving Pablo, Espanha, Bulgária, 2017) Direção: Fernando León de Aranoa / Roteiro: Fernando León de Aranoa, baseado no livro autobiográfico da jornalista Virginia Vallejo / Elenco: Javier Bardem, Penélope Cruz, Peter Sarsgaard / Sinopse: O filme mostra o romance entre o traficante internacional Pablo Escobar e sua amante, a jornalista Virginia Vallejo. Ela fica atraída por sua riqueza e poder, sem saber (segundo ela) que ele era um dos maiores traficantes do mundo. Depois que o cerco se fecha, com a perseguição das autoridades, sua vida se transforma em um verdadeiro inferno.
 

Pablo Aluísio.

Agnes de Deus

Título no Brasil: Agnes de Deus
Título Original: Agnes of God
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Norman Jewison
Roteiro: John Pielmeier
Elenco: Jane Fonda, Anne Bancroft, Meg Tilly, Anne Pitoniak, Winston Rekert, Guy Hoffmann

Sinopse:
Quando um recém-nascido é encontrado morto, envolto em lençóis ensangüentados, no quarto de uma jovem noviça, a psiquiatra Martha Livingston (Jane Fonda) é chamada para determinar o que teria acontecido dentro do convento. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Anne Bancroft), Atriz Coadjuvante (Meg Tilly) e Melhor Música incidental (Georges Delerue).

Comentários:
Um excelente filme que apesar de ter sido indicado ao Oscar e ter colecionado indicações em outros prêmios importantes na época, pouco chamou atenção do público em geral. Realmente a produção foi considerada um dos fracassos comerciais de 1985. Não importa. O que é relevante chamar a atenção é que o diretor Norman Jewison conseguiu realizar um filme muito bom, com ótimo desenvolvimento do enredo, tudo embalado em um clima de suspense que chega a causar mal estar no espectador. O roteiro também discute, mesmo que de forma sutil, sobre certos dogmas que imperam entre o clero católico e a forma que isso influencia na mente das pessoas envolvidas. Jane Fonda, como sempre, se destaca. Ela sempre teve um ativismo político bem forte em sua vida pessoal e quando isso possível também levava temas interessantes para serem discutidos nos filmes em que atuou. Esse "Agnes de Deus" é bem representativo nesse aspecto. Um filme que discute temas importantes, mesmo que de forma apenas subliminar.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 10 de julho de 2018

Truque de Mestre: O 2º Ato

Esse é o segundo filme dessa franquia. O primeiro deu muito certo nas bilheterias, então o estúdio resolveu repetir a dose. Pena que também repetiu todos os problemas do filme original. É a tal coisa, esse tipo de filme é bem o exemplo daquele caso de produção que poderia ser muito boa, mas que acaba abrindo concessões demais ao lado mais comercial, criando assim um produto muito juvenil, complicado de se levar à sério. Tecnicamente tudo é bem produzido, afinal o estúdio investiu bastante dinheiro, porém o roteiro derrapa várias vezes. Em termos de enredo tudo segue as pontas soltas deixadas no primeiro filme. Os tais cavaleiros se reúnem novamente e todos agora correm atrás de um chip que supostamente teria a capacidade de entrar em qualquer sistema de computação do mundo. Um poder cobiçado por todos.

A novidade vem no vilão, com a entrada em cena do eterno Harry Potter, o ator Daniel Radcliffe. Chamado de "nanico" durante uma das cenas, realmente não consegue desempenhar muito bem seu papel. É um tipo muito associado a personagens heroicos como o próprio Harry Potter. Tentar apertar um botão para virar um vilão malvado simplesmente não funciona muito. Nem o fato de usar uma barbicha o torna mais ameaçador. Está marcado mesmo por Potter e vai ser complicado superar isso. Do resto do elenco não se vê muitas novidades. Como quase sempre acontece com grandes astros, aqui os roteiristas decidiram também dar um jeito de amenizar o personagem de Morgan Freeman. Agora ele está ao lado dos mocinhos. Meio chato isso. No final das contas a sensação que tive ao terminar de assistir foi a mesma do filme de 2013. Poderia ser muito bom, mas não foi. O tema envolvendo mágicos sempre é legal, cativante, porém não numa pegada tão bobinha como a que vemos aqui.

Truque de Mestre: O 2º Ato (Now You See Me 2, Estados Unidos, França, 2016) Direção: Jon M. Chu / Roteiro: Ed Solomon / Elenco: Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Daniel Radcliffe, Morgan Freeman, Michael Caine, Dave Franco, Lizzy Caplan / Sinopse: Os cavaleiros mágicos se reúnem mais uma vez, agora para desmascarar um magnata do mundo da informática. Também precisam lidar com um novo vilão que surge para destrui-los de uma vez por todas. No centro da disputa um chip que dará acesso a todos os computadores ao redor do mundo. 

Pablo Aluísio.

Próxima Parada Apocalipse

Mais uma produção Netflix. Mais um filme que deixa a desejar. No enredo encontramos dois homens - pai e genro - atravessando uma região inóspita para tentar salvar a filha que ficou numa cidade atingida por uma grande catástrofe. Que catástrofe foi essa? Natural? Uma explosão atômica? Não espere respostas a essa pergunta. O roteiro simplesmente não explica, o que é bem frustrante, principalmente no final que fica em aberto, sem concluir o que estava contando. Assim o filme se sustenta mesmo no clima de suspense que tenta criar. No começo temos uma história banal, quase um enredo de drama romântico. Um jovem advogado está para se casar com sua namorada. Mais do que isso. Ela está grávida. O problema é o pai dela, um militar aposentado, aqui na interpretação do ator Forest Whitaker.

Ele não gosta do futuro genro. Ele também não quer que ele se case com sua filha. Há um clima de tensão entre eles. Um jantar é marcado para acertar as diferenças, mas no meio disso aconteceu algo inexplicável. O norte dos Estados Unidos é atingido por um grande cataclisma. A filha está lá, em Seattle, cidade que foi atingida em cheio. Sem pensar muito nas opções pai e genro entram em um carro e pegam estrada rumo ao desconhecido. O filme é isso, um road movie passado em um mundo em caos. É como se estivéssemos em um cenário de "Mad Max", porém com toques mais realistas. Sim, há a luta pelo combustível, a brutalidade e a violência, coisas típicas de um filme pós-apocalipse, mas tudo em doses homeopáticas, sem tirar o pé do chão da realidade. O problema maior é, como já escrevi, a falta de explicações. O roteiro não explica o que está acontecendo e o pior de tudo, deixa um final insatisfatório, naquela situação em que o filme acaba de repente, causando uma certa perplexidade em quem acompanhou aquela história por tanto tempo (o filme tem uma duração considerável para esse tipo de produção). Assim temos aqui outra produção Netflix que ficou pelo meio do caminho, literalmente.

Próxima Parada Apocalipse (How It Ends, Estados Unidos, 2018) Direção: David M. Rosenthal / Roteiro: Brooks McLaren / Elenco: Theo James, Forest Whitaker, Grace Dove, Kat Graham / Sinopse:  Um pai desesperado e o namorado de sua filha partem rumo norte em direção a Seattle, onde a filha está. A cidade e toda aquela região foi atingida por um cataclisma inexplicável, onde não existe mais lei, ordem e nem civilização.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Onde Está Kyra?

Esse é um filme sobre a velhice e as dificuldades que a pessoa enfrenta quando vai avançando na idade. Michelle Pfeiffer interpreta Kyra, a filha única de uma senhora idosa. Elas moram juntas em um pequeno apartamento e vivem da aposentadoria dela. Kyra até luta para arranjar um emprego, mas o mercado de trabalho fecha as portas para uma pessoa como ela, uma mulher que já passou dos 50 anos. Desempregada, ela tenta levar em frente a vida, mas tudo desaba quando sua mãe falece. Sem emprego e sem o dinheiro da aposentadoria ela fica sem ter meios como viver. Até que no desespero resolve cometer uma fraude, se vestindo como sua mãe, tudo para continuar recebendo os cheques da previdência social.

Ela também se envolve com um motorista de passageiros, um homem igualmente com muitos problemas financeiros, pois não consegue se firmar na vida. Esse papel é interpretado por Kiefer Sutherland, em boa atuação. É interessante ver esses dois famosos dos anos 80 interpretando pessoas mais velhas, com complicações na vida. No passado eles eram astros glamorosos de Hollywood, mas nesse filme se despem dessa imagem, interpretando pessoas comuns, com problemas bem ordinários.

Pode-se dizer que o diretor Andrew Dosunmu imprimiu uma forte carga dramática em seu filme. Toda a fotografia é bem opaca, escura, dando ao filme um clima bem soturno e pessimista. Não há espaço para o humor, que poderia até surgir nas cenas em que Kyra se faz passar por sua velha mãe. As tintas imprimidas nesse filme porém são puramente dramáticas, sem espaço para alívios cômicos. Apesar disso gostei da proposta do roteiro. Ele mostra que mesmo nas economias mais desenvolvidas do mundo ainda há muitas pessoas pobres, desempregadas, passando por várias necessidades. Um bom exemplo para quem pensa que o primeiro mundo é isento desse tipo de drama social.

Onde Está Kyra? (Where Is Kyra?, Estados Unidos, 2017) Direção: Andrew Dosunmu / Roteiro: Andrew Dosunmu, Darci Picoult / Elenco: Michelle Pfeiffer, Kiefer Sutherland, Suzanne Shepherd, Sam Robards / Sinopse: Pobre e desempregada, Kyra (Pfeiffer) decide fazer uma fraude para continuar a receber a aposentadoria da mãe, recentemente falecida. Para isso se veste como ela, tentando enganar os funcionários da previdência social. Ao mesmo tempo conhece um homem em situação parecida, em papel interpretado por Kiefer Sutherland.

Pablo Aluísio.

The Catcher Was a Spy

É um drama de espionagem e suspense ambientado na II Guerra Mundial. Algo que não esperaria ser estrelado por um ator como Paul Rudd. Logo ele, o Homem-Formiga, sempre com uma piadinha na ponta de língua. Pois é, aqui não existe espaço para o humor. No filme, que é baseado numa história real, somos apresentados ao jogador de beisebol Moe Berg. Já veterano, quase aposentado do esporte, ele começa a procurar por outros caminhos na vida. Acaba sendo recrutado pela OSS, a agência de espionagem dos Estados Unidos antes da criação da CIA. Embora fosse conhecido mais como desportista, Berg também era um intelectual, com várias formações acadêmicas. Também falava vários idiomas, ou seja, era o tipo ideal para se tornar um agente de espionagem do governo americano.

Sua primeira missão acaba sendo uma das mais complicadas. Ele é enviado para a Suíça. Seu objetivo é encontrar e matar um importante cientista alemão que estaria comandando a criação da tão temida bomba atômica nazista. Não espere por nada parecido como James Bond, com muitas cenas de ação e aventura. Como tudo é baseado em fatos reais, a história se desenvolve de forma mais calma e verossímil. Outro aspecto melhor trabalhado pelo roteiro é a própria personalidade do protagonista. Solteirão e culto, havia uma suspeita que ele também fosse gay, algo sutilmente sugerido pelo roteiro quando ele viaja até o Japão e lá encontra um homem em um bar. Como resultado de tudo considerei o filme bom, bem produzido e com boas atuações. Nunca havia visto Paul Rudd em um filme sério, com ares mais dramáticos como esse. Não deixou de ser uma grande surpresa.

The Catcher Was a Spy (Estados Unidos, 2018) Direção: Ben Lewin / Roteiro: Robert Rodat, Nicholas Dawidoff / Elenco: Paul Rudd, Paul Giamatti, Jeff Daniels, Connie Nielsen, Guy Pearce, Tom Wilkinson / Sinopse: O filme conta a história real de um jogador de beixebol e acadêmico que durante os anos 1940 se tornou agente de espionagem do governo americano, tendo como missão executar um importante cientista alemão envolvido no desenvolvimento da primeira bomba atômica do III Reich.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de julho de 2018

A Maldição da Freira

O cinema inglês tem muita tradição em filmes de terror. Isso vem desde os tempos dos estúdios Hammer. Pelo visto a tradição de bons filmes segue em frente. Aqui temos mais um exemplo. Tudo começa quando dois padres chegam em um convento para investigar a existência de um suposto milagre. Estátuas de Nossa Senhora estariam chorando lágrimas de sangue. Um dos padres, o mais velho e experiente, não acredita em nada disso. No passado ele desvendou inúmeras fraudes e por isso criou uma postura de realmente nunca acreditar nesse tipo de coisa, só que dessa vez acontecimentos inexplicáveis começam a ocorrer e ele começa a realmente ficar em dúvida sobre o que realmente estaria acontecendo naquele lugar.

O estilo do filme imita uma gravação ao estilo footage, como se estivéssemos vendo o resultado das filmagens feitas por um dos padres em sua antiga câmera super 8. Isso porque a história do filme se passa toda nos anos 60. O resultado ficou bem interessante em termos narrativos. Não espere encontrar um terror ao estilo slasher ou algo parecido. Muitas vezes o suspense é construído todo em um nível mais intelectual, o que no meu caso soou como algo muito positivo. Claro, há uma certa dose de sustos feitos para fazer o espectador pular da cadeira, mas esses momentos são mais pontuais. O surgimento de crianças (as almas daqueles que sofreram um grande mal no passado) completam o quadro de suspense. Com uma curta duração o filme no final se mostra muito eficiente. Há um subtexto explorando algumas situações nunca explicadas pela Igreja na Irlanda que vai enriquecer ainda mais o roteiro. Assim se você estiver em busca de um terror mais visceral e cerebral indico esse ainda pouco conhecido "The Devil's Doorway".

A Maldição da Freira (The Devil's Doorway, Inglaterra, 2018) Direção: Aislinn Clarke / Roteiro: Martin Brennan, Aislinn Clarke / Elenco: Lalor Roddy, Ciaran Flynn, Helena Bereen / Sinopse: Dois padres são enviados para investigar estranhos acontecimentos em um antigo convento que agora funciona como lar para órfãos, mães solteiras e pessoas abandonadas por suas famílias. O lugar apresenta estranhos fenômenos como estátuas sangrando pelos olhos e aparições de crianças pelos corredores escuros durante as madrugadas. Haveria algo de verdadeiro nesses acontecimentos ou tudo seria fruto de uma fraude inventada por alguém?

Pablo Aluísio.

Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes

Bom, se você gosta dos filmes estrelados por Jason Statham então não pode deixar de assistir a essa fita de ação. Não, o Jason ainda não era o principal nome do elenco, mas já tinha destaque entre os colegas de profissão. Antes desse filme o Jason só havia atuado em dois outros filmes, nenhum deles chegou a ter algum destaque no Brasil. "The Shamen: Comin' On" e "Erasure: Run to the Sun" só foram lançados no mercado inglês e eram curtas, por isso podemos dizer que "Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes" é de fato o primeiro filme da carreira de Jason Statham. E foi um ótimo começo, uma vez que a fita foi dirigida por ninguém menos do que Guy Ritchie, cineasta sempre queridinho da crítica. Ao longo dos anos seus exageros foram estragando algumas produções, principalmente aquelas que contavam com orçamentos milionários. Isso porém não acontece aqui pois o filme tem a medida certa de ação e esquisitice.

A história se passa numa Londres feia e cinzenta. Tudo se desenvolve no submundo do crime londrino, onde um sujeito decide dar um golpe em uma chefe de quadrilha da região onde mora. O palco seria um jogo de pôquer, mas como sempre acontece nesse tipo de situação as coisas não dão muito certo e ele fica com uma dívida de 500 mil libras! Dever para um criminoso acostumado a quebrar as pernas de quem não gosta não parece ser uma boa ideia. Assim o grupo decide que é hora de levantar dinheiro o mais rapidamente possível. Como? Ora fazendo assaltos e crimes por toda a cidade. O filme tem uma estrutura narrativa insana, como é bem característico do cinema de Guy Ritchie e talvez por isso tenha sido indicado ao BAFTA Awards, premiação bem prestigiada que não costuma indicar filmes de ação.

Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Lock, Stock and Two Smoking Barrels, Inglaterra, 1998) Direção: Guy Ritchie / Roteiro: Guy Ritchie / Elenco: Jason Flemyng, Dexter Fletcher, Nick Moran, Jason Statham / Sinopse: Ao dever para um chefão da máfia local, um grupo de criminosos pé de chinelo não vê outra alternativa do que promover uma série de crimes para levantar o dinheiro o mais rapidamente possível. Uma péssima ideia...

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de julho de 2018

Madame

Esse é um filme francês que a despeito de trazer um enredo simples, procura mostrar todo o preconceito social que existe dentro da sociedade francesa. O casal de protagonista é formado por ricaços americanos que vivem em Paris. A madame Anne Fredericks (Toni Collette) decide dar um belo jantar em seu apartamento. Entre os convidados estão figurões da política inglesa e membros da classe alta parisiense. Seu marido Bob (Harvey Keitel) procura esconder que sua empresa financeira de Nova Iorque está indo a falência, tudo para manter a pose. Falsidade completa. Pois bem, durante os preparativos do jantar, Madame descobre que a mesa foi montada para 13 pessoas, só que apenas 12 convidados estarão presentes. Para compensar ela resolve dar um de seus melhores vestidos para a empregada doméstica Maria (Rossy de Palma) fingir que é uma das convidadas ao elegante jantar.

Ela não deve interagir com ninguém, nem falar com os demais convidados. Deve apenas ser uma figurante, como um abajur da sala, nada mais. Só que Maria após alguns drinks começa a falar e conversar com os demais convidados, encantando particularmente David Morgan (Michael Smiley) que fica pensando que ela é uma milionária, prima do Rei da Espanha. Apaixonados, criam um problema e tanto para madame, que precisa acabar com esse romance, para contar toda a verdade. O roteiro, tipicamente uma comédia de costumes, procura mostrar que nem as maiores paixões resiste quando há um abismo social, sendo Maria uma empregada doméstica e seu namorado, David Morgan, um milionário. O filme apesar disso se desenvolve de forma leve, com duração adequada aos seus propósitos. Gostei do resultado. Livre daquelas amarras dramáticas que muitas vezes estragam os filmes franceses, esse aqui tem uma leveza muito bem-vinda.  Mostra um lado condenável da sociedade francesa, mas com um sorriso no rosto. Um ponto inegavelmente positivo para esse "Madame".

Madame (França, 2017) Direção: Amanda Sthers / Roteiro: Amanda Sthers / Elenco: Toni Collette, Harvey Keitel, Rossy de Palma, Michael Smiley, Tom Hughes / Sinopse: Durante um jantar a empregada doméstica de madame acaba encantando um rico político inglês. Eles começam a namorar, mas ele pensa que ela na verdade é uma nobre da casa real da Espanha. Apenas madame poderá desfazer todos esses enganos, contando toda a verdade sem magoar ninguém.

Pablo Aluísio.

Beirute

Quando o filme começa encontramos o agente diplomático Mason Skiles (Jon Hamm) dando uma animada recepção em sua casa em Beirute. O clima é muito animado. Era o ano de 1972 e a cidade do Oriente Médio era considerada um jardim de tranquilidade naquela região do mundo. Cristãos e muçulmanos viviam bem juntos, havia turismo e muitos hotéis de luxo. Economicamente era uma cidade próspera e bem organizada, mas eis que o fundamentalismo islâmico começou a se espalhar causando terror e mortes por todos os lugares. O próprio Mason acaba vendo a esposa morrer nessa guerra insana. Ele então retorna aos Estados Unidos. Desiludido, com problemas de alcoolismo, ele tenta encontrar um novo sentido na vida.

Até que um dia recebe um estranho convite para dar uma palestra em Beirute. Ele não vai lá desde a morte da esposa, há dez anos. Mesmo assim, por causa da bela oferta em dinheiro, resolve retornar. A velha Beirute que ele conheceu já não existe mais. Tudo o que sobrou foram escombros e destruição. Pior do que isso. Ele descobre que o tal convite da universidade foi apenas uma fachada criada pela CIA que queria seu retorno para participar das negociações de resgate de um agente da embaixada americana que foi sequestrado por terroristas. E assim segue o enredo. No geral gostei dessa nova produção do Netflix. O roteiro poderia ter entrado mais fundo na questão libanesa, mas do jeito que está, valorizando mais as negociações do sequestro, até que prende a atenção. O ator Jon Hamm de "Mad Men" encara um de seus primeiros filmes como protagonista e não se sai mal. Ele tem o jeito certo para esse tipo de produção. Só falta encontrar o roteiro certo para virar, quem sabe, um novo astro de cinema.

Beirute (Beirut, Estados Unidos, 2018) Direção: Brad Anderson / Roteiro: Tony Gilroy / Elenco: Jon Hamm, Jay Potter, Khalid Benchagra / Sinopse: Mason Skiles (Jon Hamm) é um ex-agente diplomático americano que acaba caindo numa armadilha criada pela CIA. Ele retorna para Beirute, onde trabalhou dez anos antes, para se envolver nas negociações de sequestro de um membro da embaixada dos Estados Unidos. O líder dos terroristas é um velho conhecido seu, tendo trabalhado ao seu lado quando era apenas um jovem rapaz.

Pablo Aluísio.