terça-feira, 1 de agosto de 2017
As Sufragistas
Título Original: Suffragette
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra
Estúdio: Ruby Films, Pathé Pictures
Direção: Sarah Gavron
Roteiro: Abi Morgan
Elenco: Carey Mulligan, Meryl Streep, Helena Bonham Carter, Anne-Marie Duff, Grace Stottor, Ben Whishaw
Sinopse:
Inglaterra. Começo do século XX. Maud Watts (Carey Mulligan) é uma jovem trabalhadora de uma lavanderia em Londres que resolve entrar no movimento das sufragistas, mulheres que lutavam por direitos iguais aos dos homens da época, entre eles o direito de votar e ser votada, algo que deu origem a muitos conflitos com o governo da época. Filme premiado pelo British Independent Film Awards.
Comentários:
Bom filme. A história é baseada em fatos reais, embora a protagonista interpretada pela atriz Carey Mulligan seja ficcional. Parece até mentira, mas até o século XX as mulheres não podiam votar e nem serem votadas, ou seja, não tinham direitos políticos. Esse quadro só mudou quando um grupo de inglesas resolveu formar um movimento em prol dessa causa. Inicialmente elas optaram por protestos pacíficos, porém com a forte repressão decidiram adotar um estilo mais radical de reivindicação , com direito a atos de desobediência civil e até violência pelas ruas londrinas. Carey Mulligan está bem sofrida no filme, sempre com rosto de exausta e cansada pela vida. Trabalhando em condições absurdamente duras ela tenta criar seu filho com muitas dificuldades. Quando ela entra no movimento começam os problemas legais, inclusive seu envio para a prisão, algo que acabou com seu casamento. O curioso é que a sua personagem era uma jovem bem convencional da época, indo parar no meio das sufragistas quase por acaso. Já Meryl Streep tem um pequeno papel, embora importante dentro da história. Ela interpreta uma líder sufragista conhecida como senhora Pankhurst. Ela tem apenas duas cenas no filme, o que certamente deixará um pouco decepcionados aqueles que assistiram ao filme por causa de sua presença. Por fim um aspecto curioso: a direção e o roteiro foram entregues para mulheres. Não poderia ser diferente por causa da mensagem principal do filme. Em suma, uma boa produção para se conhecer melhor essa história que mudou os rumos da Inglaterra e do mundo nas décadas seguintes.
Pablo Aluísio.
Z - A Cidade Perdida
Título Original: The Lost City of Z
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Amazon Studios
Direção: James Gray
Roteiro: James Gray, David Grann
Elenco: Charlie Hunnam, Robert Pattinson, Sienna Miller, Tom Holland, Angus Macfadyen, Edward Ashley
Sinopse:
O major Percy Fawcett (Charlie Hunnam) do exército inglês é enviado para uma missão na selva amazônica. Apesar dos inúmeros perigos envolvido nessa expedição ele acaba se encantando pela região. Mais do que isso, acaba encontrando cerâmica antiga, que supostamente teria pertencido a uma civilização antiga. Disposto a voltar ele acaba organizando uma nova expedição, dessa vez em busca da cidade perdida que ele passa a denominar de Z.
Comentários:
É um filme que se propõe a ser uma aventura ao velho estilo. A estória se passa nas primeiras décadas do século XX quando esse explorador chamado Percy Fawcett viajou pela primeira vez para a América do Sul. Sua expedição deveria delimitar com precisão a fronteira entre Brasil e Bolívia que havia se tornado uma questão internacional. O Reino Unido, agindo na posição de árbitro, deveria colocar um fim a essa crise diplomática. Uma vez na selva, Fawcett acabaria descobrindo resquícios e indícios da existência de uma civilização antiga. Ele dominou essa possibilidade de Z, a cidade perdida na floresta, e iria sair em sua busca até o fim de seus dias. Seria a tão falada cidade perdida que vinha sendo procurado desde a chegada dos primeiros colonizadores. Olhando-se sob um ponto de vista pragmático essa seria uma nova versão para a velha lenda de El Dorado, a cidade de ouro e prata, engolida pela selva. Claro que a possibilidade de se descobrir algo assim, a glória envolvida nisso, iria consumir Fawcett através dos anos, se tornando uma verdadeira obsessão pessoal. E como toda obsessão essa também iria terminar mal.
Esse filme é bom, principalmente pelo resgate histórico dessa era em que os europeus se lançaram em regiões inóspitas e inabitadas em busca de reinos lendários e perdidos. Havia uma certa inocência romântica envolvida nisso. A história mostrada no filme é real, baseada na história verídica desse explorador britânico nas selvas da América do Sul. Tudo muito interessante. A questão é que o corte final deixou a produção com uma duração excessiva. São duas horas e vinte minutos de metragem, o que vai cansar certos espectadores. Além disso o filme explora não uma, mas três expedições diferentes, realizadas em momentos diferentes da vida de Fawcett. Esse aspecto do enredo certamente quebra o ritmo de aventura que se tenta trazer ao filme em certos momentos. Mesmo assim, com essas eventuais falhas o filme ainda se sustenta e pode ser considerado um bom momento na carreira do ator Charlie Hunnam no cinema. Logo ele que vem colecionando problemas nessa transição da carreira, saindo das séries de TV para os filmes de cinema. Não tem sido fácil, ainda mais depois do fracasso comercial de "Rei Arthur". A boa notícia é saber que pelo menos aqui temos um roteiro mais pé no chão, contando uma história real, nada fantasiosa, mas igualmente interessante. Spoiler com informações históricas: Em 1952 o sertanista brasileiro Orlando Villas Bôas localizou os supostos restos mortais de Percy Fawcett. Conforme havia se suspeitado por anos ele havia sido realmente morto por nativos da tribo Kalapalo. Essa descoberta viria para colocar um fim no mistério da morte do explorador, que já durava décadas.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 27 de julho de 2017
Victoria - Primeira temporada
Após a morte de seu tio ("O Rei está morto, viva o Rei!") a jovem Alexandrina assume a coroa. Ela assume o nome dinástico Victoria e começa seu reinado. No começa sua inexperiência e pouca idade começam a atrapalhar, como era previsível. Pequenas intrigas palacianas, principalmente uma fofoca envolvendo seu padrasto, acabam minando de certa maneira a sua popularidade entre os súditos. Os próprios nobres não estão muito convencidos que aquela jovenzinha pode um dia se tornar uma grande rainha. A monarquia entra assim em um momento delicado de sua história.
A rainha é interpretada pela atriz Jenna Coleman, nascida em Blackpool. No começo das filmagens os produtores até mesmo cogitaram escalar uma americana para o papel, mas seria demais para a cabeça dos ingleses ver uma ianque interpretando uma das mais queridas monarcas de sua história. Sabiamente voltaram atrás e escolheram uma atriz carismática, de nacionalidade certa, para dar vida à Victoria. Bonita, até parecida fisicamente com a rainha em seus anos de juventude, gostei muito de seu trabalho de atuação. Quem rouba as atenções porém no quesito atuação é o ator Rufus Sewell. Ele interpreta o primeiro ministro, Lord Melbourne, um político experiente, mais velho, que acaba se tornando o braço direito da jovem rainha (ela inclusive chega a nutrir uma paixão disfarçada por ele!). Enfim, desde o primeiro episódio já percebemos que essa série é realmente acima da média, para acompanhar com a devida atenção.
Victoria (Inglaterra, 2016) Direção: Oliver Blackburn, Sandra Goldbacher, Lisa James Larsson / Roteiro: Daisy Goodwin, A.N. Wilson, Guy Andrews / Elenco: Jenna Coleman, Rufus Sewell, Daniela Holtz, Adrian Schiller / Sinopse: O filme mostra os primeiros anos de reinado da Rainha Victoria (Coleman). Após a morte de seu tio, o Rei, ela se torna a nova Rainha da Inglaterra, com apenas 18 anos de idade. No começo nem seus próprios súditos, nobres em geral, conseguem confiar em seu sucesso como a nova monarca, mas aos poucos Victoria vai demonstrando seu valor no trono do império britânico.
Episódios Comentados:
Victoria 1.02 - Ladies in Waiting
Segundo episódio dessa ótima série que conta a história da Rainha Victoria da Inglaterra. Aqui temos uma aula de como funcionava o sistema de monarquia constitucional do Reino Unido. O primeiro ministro Lord Melbourne (Rufus Sewell) perde o apoio do parlamento. Com isso deve ser substituído por um novo gabinete, um novo governo. O problema é que a jovem rainha tem em Lord M um verdadeiro amigo. Ela ainda é muito inexperiente (com apenas 18 anos de idade) para compreender bem como o jogo político funciona. Isso acaba criando um impasse, onde a rainha não parece muito disposta a ceder às decisões do parlamento. Um fato curioso é que assim como acontece na série "Downton Abbey", os roteiros procuram explorar a vida dos personagens da alta nobreza e também dos empregados do palácio. Curiosamente descobrimos aqui que o Palácio real tinha um sério problema com ratos, o que colocava a própria monarca numa situação de perigo. Seus gritos quando vê um rato acaba sendo usado por conspiradores para tentar derrubá-la, uma vez que tentam ligar o comportamento exagerado de Victoria com seu avô, que morreu louco! Puro jogo sujo de bastidores. Enfim, mais um ótimo episódio. A série foi confirmada recentemente para uma segunda temporada na Inglaterra e esse é uma excelente notícia, uma vez que o programa é realmente dos melhores. Além disso o longo reinado dessa rainha renderia facilmente várias temporadas. / Victoria 1.02 - Ladies in Waiting (Inglaterra, 2016) Direção: Tom Vaughan / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Rufus Sewell, Peter Firth, Peter Bowles.
Victoria 1.03 - Brocket Hall
Domingo é um bom momento para colocar as séries em dia (ou pelo menos tentar isso!). Assisti ao terceiro episódio da primeira temporada de Victoria chamado "Brocket Hall". A jovem rainha (que subiu ao trono com apenas 18 anos de idade) segue sendo apaixonada por seu primeiro ministro, um homem bem mais velho e divorciado. Um escândalo na corte. O coração porém tem suas próprias razões e ela se declara ao Lord M, só para ser elegantemente rejeitada! Poucas vezes vi um "fora" tão elegante como aquele, com muita sutileza e metáforas ao mundo natural. Ter classe é para poucos mesmo! Outro bom momento desse episódio ocorre quando a Rainha Victoria precisa enfrentar sua primeira rebelião. Um grupo autodenominado cartista exige direitos, inclusive o direito ao voto. Nos tempos de Elizabeth I todos seriam presos, decapitados e esquartejados, mas a nova monarca acredita que isso é brutal demais e nada civilizado. Assim os deportam para a distante Austrália onde possam cumprir suas penas. Essa série segue sendo uma das melhores coisas da TV britânica, Impossível não se encantar também com o carisma da atriz Jenna Coleman. / Victoria 1.03 - Brocket Hall (Inglaterra, 2016) Direção: Tom Vaughan / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Rufus Sewell, Peter Firth, Peter Bowles.
Victoria 1.04 - The Clockwork Prince
Nesse fim de semana assisti a mais dois episódios da série "Victoria" do canal ITV. Os dois episódios mostram a aproximação da Rainha com seu primo, o Príncipe Albert, e a consumação desse relacionamento. Em "The Clockwork Prince" Victoria ainda está muito fixada na ideia de ter um caso com seu primeiro ministro, que ela ama em segredo. Ele porém era bem mais velho do que ela, divorciado, quarentão. Um consorte nada apropriado. Assim, como era de praxe, ela acabou sendo levada a um casamento de conveniência, mais de acordo com as regras da nobreza. No começo ela não gosta muito de Albert. Ele é um pouco rude, meio afetado, nada simpático. Victoria chega mesmo a dizer que eles jamais dariam certo. Incompatíveis... O mais estranho é que aos pouquinhos ela vai se chegando, criando uma certa simpatia por ele. Além disso o seu amado Lord M a rejeita, por várias razões. Então só sobra mesmo partir para outra. Já que Albert estava por perto não seria má ideia tentar algo. Quem sabe daria certo... / Victoria 1.04 - The Clockwork Prince (Inglaterra, 2017) Direção: Sandra Goldbacher / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, David Oakes / Estúdio: Mammoth Screen, Independent Television (ITV)
Victoria 1.05 - An Ordinary Woman
O quinto episódio chamado "An Ordinary Woman" já mostra o casamento real. Os preparativos, a recepção, a cerimônia... É interessante que ficamos sabendo que o príncipe Albert acabou criando caso, já que ele queria que ficasse acertado sobre uma "mesada" que receberia da coroa. Além disso exigia um título de nobreza adequado para ele. Só que surgem outros problemas também no parlamento. Alguns membros desse poder passam a questionar a nacionalidade alemã do príncipe! Afinal a rainha da Inglaterra ter um marido alemão poderia trazer problemas futuros, inclusive diplomáticos. Pior é que não se sabe se Albert seria anglicano, como exigia a lei. Alguns parlamentares chegam inclusive a considerar a hipótese dele ser um católico! Pois é, um casamento real naqueles tempos não era apenas uma questão de amor e paixão. Havia muita política, religião e tradição envolvidos. É de se admirar que no meio de tanta coisa ainda houvesse espaço para a paixão, pura e simples. / Victoria 1.05 - An Ordinary Woman (Inglaterra, 2017) Direção: Sandra Goldbacher / Roteiro: Daisy Goodwin / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, David Oakes / Estúdio: Mammoth Screen, Independent Television (ITV).
Victoria 2.02 - The Green-Eyed Monster
Mais um excelente episódio da série inglesa "Victoria" que conta a história da rainha que marcou toda uma era dentro do império britânico. Aqui encontramos a monarca com problemas bem comuns a qualquer casamento, mesmo entre os plebeus do reino. Procurando por um lugar na corte, o príncipe consorte Albert (Tom Hughes) acaba se envolvendo ainda mais com determinadas organizações reais, entre elas o instituto de estatística de Londres que acaba desenvolvendo uma espécie de máquina de fazer cálculos complexos (um antepassado do moderno computador que conhecemos hoje em dia). Sentindo-se deixada de lado a rainha começa a ter ciúmes disso (o tal monstro de olhos verdes que dá nome ao episódio). Numa cena muito curiosa a rainha Victoria (Jenna Coleman) acaba confundindo o número pi com a palavra pie (torta, em inglês). A cena ficou muito divertida, porém obviamente será apreciada mais por quem domina os nuances da língua inglesa. Outro fato marcante desse episódio é a volta do Lord Melbourne à corte. A série desde o começo investiu nesse amor platônica da monarca em relação ao seu primeiro ministro, mas esse é um fato histórico em aberto. Ainda não há como comprovar que ela realmente o tenha amado. A filha de Victoria editou seus diários após seu falecimento, fazendo com que seus sentimentos escritos fossem apagados da história. Uma enorme pena, sem dúvida! / Victoria 2.02 - The Green-Eyed Monster (Inglaterra, 2017) Direção: Lisa James Larsson / Roteiro: Daisy Goodwin, A.N. Wilson / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, Andrew Bicknell.
Victoria 2.09 - Comfort and Joy
Esse é o último episódio da segunda temporada. É um especial de natal com uma hora e meia de duração. Obviamente para aproveitar os festejos natalinos o enredo mostra o primeiro natal de Victoria e Albert em que o princípe alemão resolveu trazer o estilo tradicional da festa de sua terra natal para a Inglaterra. Esse é um detalhe histórico real e importante. De fato foi mesmo o casal real que tornou popular o natal tal como conhecemos hoje, com árvores de natal, presentes, etc. Essa forma de celebrar o Natal era completamente desconhecida pelos ingleses, embora já fosse tradicional nos ducados germânicos. Antes de Victoria e Albert o Natal era uma festa tradicionalmente religiosa, celebrada nas igrejas. Essa cultura natalina hoje tão disseminada deve-se mesmo a esse casal imperial, inclusive no episódio vemos a consternação dos empregados e demais membros da família real com os "devaneios" de Albert - imagine colocar uma árvore dentro de casa! Jenna Coleman continua uma gracinha e um dos principais motivos para acompanhar a série. Carismática e boa atriz ela realiza, com sucesso, essa repaginação de uma das monarcas mais marcantes da história britânica. / Victoria 2.09 - Comfort and Joy (EUA, 2017) Estúdio: Mammoth Screen / Direção: Jim Loach / Roteiro: Daisy Goodwin, A.N. Wilson / Elenco: Jenna Coleman, Tom Hughes, Zaris-Angel Hator, Derek Ezenagu, Leon Stewart, Catherine Steadman.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 26 de julho de 2017
Taboo
Taboo 1.01 - Episode #1.1 Nova série, uma parceria entre o canal inglês BBC e a Scott Free Productions, a produtora do diretor Ridley Scott. A estória se passa nos tempos da guerra de independência dos Estados Unidos. Depois de ser dado como morto durante uma expedição na África, o explorador e aventureiro James Keziah Delaney (Tom Hardy) ressurge em Londres para o funeral de seu pai. O velho trabalhou por anos para a Companhia das Índias orientais e numa dessas viagens ele acabou comprando um vasto território nas colônias americanas, um pedaço de terra que agora ganha especial importância por causa da guerra entre os revolucionários do novo mundo e o império britânico.
Acontece que com a morte de seu pai, James Delaney acaba herdando tudo. Isso o coloca na mira da companhia que precisa ter em mãos o controle sobre aquela propriedade de qualquer jeito. Essa nova série "Taboo" já me causou boa impressão desde esse primeiro episódio. A reconstituição de época é muito boa e o clima é de puro realismo. O personagem de Tom Hardy é um sujeito que carrega um certo mistério sobre si mesmo. Ninguém sabe ao certo como ele sobreviveu ao naufrágio de seu barco anos atrás, uma tragédia que custou a vida de todos os marinheiros. O que se sabe porém com certeza é que ele é um sujeito durão, casca grossa, que não está nada disposto a abrir mão de sua herança em prol da companhia pelo qual seu pai trabalhou. A Londres que surge nesse episódio também foi muito bem recriada, escura, suja, lotada da pior escória da sociedade. Apenas sujeitos como Delaney conseguiriam sobreviver em tamanha podridão. É sórdido, é cruel, é Taboo, uma nova série para acompanhar com olhos de lince./ Taboo 1.01 - Episode #1.1 (Estados Unidos, Inglaterra, 2017) Estúdio: British Broadcasting Corporation (BBC) / Direção: Kristoffer Nyholm / Roteiro: Steven Knight, Tom Hardy / Elenco: Tom Hardy, Leo Bill, Oona Chaplin, Richard Dixon, Edward Fox, Jonathan Pryce, Nicholas Woodeson.
Taboo 1.02 - Episode #1.2
Por fim assisti também a mais um episódio de "Taboo". Essa série se passa na época da guerra de independência dos Estados Unidos. Ingleses e colonos brigam pelas terras da América. James Keziah Delaney (Tom Hardy) herda terras importantes de seu pai. Uma propriedade na fronteira que a Companhia das Índias Ocidentais cobiça. Já que ele não quer vender aquele lugar a solução encontrada é a velha execução na calada da noite. Na última cena Delaney é atacado por um desconhecido e leva uma facada, mas antes consegue também cortar a garganta de seu opositor. O sangue acaba jorrando. Eram tempos bem brutais... / Taboo 1.02 - Episode #1.2 (Estados Unidos, 2017) Direção: Kristoffer Nyholm / Roteiro: Steven Knight, Tom Hardy / Elenco: Tom Hardy, Leo Bill, Jessie Buckley.
Taboo 1.06 - Episode #1.6
A série "Taboo" vai ficando cada vez mais violenta a cada novo episódio. Como se viu nos episódios anteriores o quase insano James Keziah Delaney (Tom Hardy) resolveu fabricar pólvora numa velha propriedade nos arredores de Londres. Isso era algo proibido pela coroa na época. Delaney porém não quer saber disso. Ele quer levantar dinheiro, vendendo a pólvora para os republicanos, ao mesmo tempo em que lucra para investir na sua nova expedição com seu barco recentemente comprado em um leilão. A Londres vitoriana que surge em "Taboo" passa longe dos cartões postais. Tudo é muito sórdido, sujo, escuro pela poluição das primeiras fábricas ao redor da cidade. Além disso há muita violência e morte pelos becos e ruelas miseráveis da cidade grande. Tom Hardy, que produz e atua na série parece adorar seu personagem, principalmente pelo seu lado místico e sombrio. Nesse episódio inclusive há uma curiosa cena quando ele tem visões de sua própria mãe morta - uma espécie de alma enviada do inferno que tenta afogá-lo nas águas sujas do pântano. Não é definitivamente algo para os mais fracos! / Taboo 1.06 - Episode #1.6 (Inglaterra, 2016) Direção: Anders Engström / Roteiro: Steven Knight, Tom Hardy / Elenco: Tom Hardy, Leo Bill, Jessie Buckley.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 25 de julho de 2017
Rainha Christina
Título Original: Queen Christina
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Rouben Mamoulian
Roteiro: H.M. Harwood, Salka Viertel
Elenco: Greta Garbo, John Gilbert, Ian Keith, Lewis Stone, Elizabeth Young, C. Aubrey Smith
Sinopse:
Após a morte de seu pai em um campo de batalha, a jovem Rainha Christina (Greta Garbo) sobe ao trono. Amante da literatura, da cultura e das ciências, ela deseja mudar radicalmente a Suécia, trazendo um programa de educação em massa para seu povo, algo inédito na época. Ela também tenta negociar uma paz entre católicos e protestantes na Europa. Enquanto tenta colocar seus projetos em prática acaba se apaixonando por um nobre espanhol. Filme indicado ao Venice Film Festival na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
Comentários:
A Rainha Kristina da Suécia (1626 - 1689) ficou notabilizada nos livros de história por duas coisas básicas. A primeira foi que ela implantou um dos primeiros sistemas educacionais mantidos pelo Estado, o que trouxe uma mudança radical em seu país. A Suécia que era uma nação de iletrados e camponeses, se tornou uma potência cultural e educacional após seu reinado. O outro fato marcante que iria caracterizar o reinado dessa monarca foi sua conversão ao catolicismo, isso em uma época em que a Suécia era uma das principais potências militares protestantes lutando na guerra dos trinta anos, um conflito de natureza política e religiosa. O roteiro desse filme porém está mais preocupado com o lado romântico da monarca, explorando a paixão que a rainha teria tido por um nobre espanhol. O curioso é que historicamente a Rainha Kristina nunca quis se casar, provavelmente por ser lésbica. Isso iria cair muito bem em relação a Greta Garbo, que também era avessa a ter relacionamentos com homens. Reclusa no final da vida, muitos biógrafos da vida da atriz defenderam a tese de que ela era lésbica também, tal como Cristina. Trazer uma personagem com outra orientação sexual porém era um pouco demais na Hollywood dos anos 1930, então o que temos na tela é uma visão bem romanceada da vida da Rainha sueca. Nada muito polêmico e também nada muito fiel aos fatos históricos. De qualquer maneira, esse filme que foi um dos maiores sucessos da carreira de Greta Garbo, é seguramente também um dos seus melhores momentos no cinema. Com ótima produção, figurinos de luxo e cenários bem elaborados, o filme custou mais de um milhão de dólares, o que na época era um orçamento fabuloso! Todo o requinte passa para a tela, se materializando assim mais um momento memorável do mito Greta Garbo.
Pablo Aluísio.
O Vale dos Reis
Esse é um bom filme de aventuras ao velho estilo. Pode ser considerado até mesmo um antepassado remoto dos filmes de Indiana Jones. Certamente Steven Spielberg e George Lucas tiraram elementos desse "O Vale dos Reis" para criar seu famoso personagem. O interessante é que esse tema era até bem explorado por seriados de aventuras da época, mas não com a pretensa seriedade dessa produção. Tudo é levado muito à sério, embora o roteiro tenha sim alguns deslizes históricos em nome da diversão. No elenco temos o galã Robert Taylor. Ele não era um grande ator, mas até que saiu muito bem aqui. A mocinha interpretada por Eleanor Parker dá mais elementos para dramaticidade, já que seu próprio marido é o vilão da história, um contrabandista de artefatos históricos. Por fim o grande destaque de "O Vale dos Reis" é a sua bonita fotografia (assinada por Robert Surtees), com tomadas filmadas no próprio Egito, no Cairo e nos templos de Luxor. Visualmente o filme é muito bonito, com excelentes sequências, inclusive uma de luta no topo das estátuas de Ramsés II que são de tirar o fôlego, mesmo para os padrões atuais.
O Vale dos Reis (Valley of the Kings, Estados Unidos, 1954) Direção: Robert Pirosh / Roteiro: Robert Pirosh, com informações históricas retiradas do livro "Gods, Graves and Scholars" de C.W. Ceram / Elenco: Robert Taylor, Eleanor Parker, Carlos Thompson / Sinopse: Ann Barclay Mercedes (Eleanor Parker) é a filha de um renomado pesquisador do antigo Egito, já falecido, que contrata os serviços do escavador de tumbas Mark Brandon (Robert Taylor). Ela quer encontrar a tumba do faraó que reinou durante a vida de José, um judeu citado nas escrituras, no velho testamento. Para alcançar seus objetivos porém ela terá que enfrentar criminosos, contrabandistas e ladrões de tumbas, incluindo seu próprio marido, Philip Mercedes (Carlos Thompson), que só pensa em ganhar dinheiro com os tesouros que vierem a ser descobertos.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 24 de julho de 2017
Acorrentados
Assim o diretor Stanley Kramer aproveita a situação para também explorar o tema dos direitos civis em seu filme. No fundo a situação de um branco acorrentado a um negro representava a própria América naquele período histórico. Apesar do racismo, ambos deveriam trabalhar juntos em prol do desenvolvimento daquela nação tão dividida. Com isso o que temos aqui é na realidade uma metáfora, um espelho da própria sociedade americana. Dividida entre brancos e negros, mas ao mesmo tempo acorrentados uns aos outros, tendo que viver juntos. A própria maneira como ambos os prisioneiros são encarados pelas pessoas que encontram em sua fuga demonstra bem isso. Tony Curtis, o branco com pinta de galã, sempre tem o benefício da dúvida em seu favor. O encontro com o garotinho no meio da estrada e depois quando ele conhece a mãe dele, demonstram bem isso. Já o negro de Poitier sempre é encarado como o marginal sem salvação, o que deve ser temido, mesmo que no fundo ele tenha uma personalidade mais branda do que o branco aprisionado a ele em correntes. Em suma, "Acorrentados" é um filme que permite várias leituras e interpretações. Assista e tire suas próprias conclusões.
Acorrentados (The Defiant Ones, Estados Unidos, 1958) Direção: Stanley Kramer / Roteiro: Nedrick Young, Harold Jacob Smith / Elenco: Tony Curtis, Sidney Poitier, Theodore Bikel, Cara Williams / Sinopse: Dois prisioneiros acorrentados conseguem fugir durante um acidente e precisam sobreviver enquanto os policiais literalmente o caçam pelos bosques e pântanos da região. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Original (Nedrick Young e Harold Jacob Smith) e Melhor Fotografia (Sam Leavitt). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Tony Curtis e Sidney Poitier), Melhor Ator Coadjuvante (Theodore Bikel), Melhor Atriz Coadjuvante (Cara Williams), Melhor Direção (Stanley Kramer), Melhor Edição (Frederic Knudtson) e Melhor Filme. Vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Filme - Drama. Também vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Sidney Poitier).
Pablo Aluísio.
Que Papai não Saiba
Título Original: Vivacious Lady
Ano de Produção: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: George Stevens
Roteiro: P.J. Wolfson, Ernest Pagano
Elenco: Ginger Rogers, James Stewart, James Ellison, Beulah Bondi, Charles Coburn, Frances Mercer
Sinopse:
Peter Morgan, Jr (James Stewart) é um sujeito todo certinho, professor universitário, que se prepara para seguir os passos de seu avô e seu pai, para um dia se tornar reitor da universidade. Durante uma visita a Nova Iorque ele conhece, se apaixona e se casa com Francey Morgan (Ginger Rogers), uma cantora de night clubs. De volta ao lar ele agora terá que encontrar um jeito de contar isso ao seu pai, um sujeito conservador, linha dura e de mente atrasada, que provavelmente terá um choque e uma explosão de raiva quando souber das novidades.
Comentários:
Esse filme foi lançado um ano antes do começo da II Guerra Mundial. Isso significa que a inocência desse tipo de enredo em breve iria desaparecer diante das atrocidades dos campos de batalha (o próprio James Stewart iria para a guerra). É um roteiro romântico, diria até bem bobinho. Toda a estória gira em torno do medo de um jovem nerd em contar para seu pai (um sujeito dominador e prepotente) que havia se casado com uma dançarina de boates! Tudo o que o velho mais abominaria. Diante do pavor da situação ele retorna para sua velha cidade com sua esposa, mas esconde dos pais que ela é casada com ele. Ao invés disso fica o tempo todo mantendo uma mentira, a de que a garota seria na verdade a namorada de seu primo! Como se pode perceber é uma comédia de costumes ao velho estilo. Tudo baseado numa peça teatral. James Stewart era muito jovem quando atuou nessa produção. Ele ainda estava um pouco distante dos clássicos do cinema que iria estrelar. Imaturo, até com um pouco de falta de jeito, seu estilo mais matuto acabou combinando muito bem com seu personagem. Já Ginger Rogers, que se tornaria imortal na história de Hollywood por causa de seus musicais inesquecíveis ao lado de Fred Astaire, estava mais bonita do que nunca! Ela tinha um excelente timing para a comédia e aqui demonstra bem isso. O filme chegou a ser indicado a dois prêmios técnicos no Oscar, o de Melhor Fotografia (Robert De Grasse) e o de Melhor Som (James Wilkinson). O diretor George Stevens, um dos grandes cineastas de Hollywood durante a fase de ouro do cinema clássico americano, aqui dirigiu um de seus trabalhos mais leves e descompromissados, e mesmo assim acabou sendo premiado no Venice Film Festival como melhor diretor estrangeiro. Não tem jeito, mesmo com produções românticas, leves e ingênuas, esses gênios da sétima arte conseguiam realmente se sobressair.
Pablo Aluísio.
domingo, 23 de julho de 2017
Drácula - O Perfil do Diabo
Título no Brasil: Drácula - O Perfil do Diabo
Título Original: Dracula Has Risen from the Grave
Ano de Produção: 1968
País: Inglaterra
Estúdio: Hammer Films
Direção: Freddie Francis
Roteiro: Anthony Hinds
Elenco: Christopher Lee, Rupert Davies, Veronica Carlson, Barbara Ewing, Ewan Hooper, Barry Andrews
Sinopse:
Durante uma visita à Transilvânia um Monsenhor católico (Rupert Davies) descobre que o povo daquela região ainda vive apavorado, mesmo após a morte de Drácula (Lee). Ele então decide subir as montanhas, onde está o castelo do conde vampiro, para realizar um rito de exorcismo e purificação no lugar. Após suas orações e rituais finca uma grande cruz nos portões do castelo amaldiçoado. De volta à existência, Drácula fica furioso com isso e decide seguir o sacerdote até sua terra natal, na Alemanha, para acertar contas com ele. Durante a viagem transforma um padre em seu escravo pessoal e começa a procurar obsessivamente por Maria (Carlson), a sobrinha do Monsenhor, para seduzi-la. O confronto assim se torna inevitável entre o bem e o mal.
Comentários:
Dez anos depois de interpretar Drácula pela primeira vez em "O Vampiro da Noite" o ator Christopher Lee voltou para a Hammer para rodar mais esse novo filme de terror com o personagem. Um aspecto que chama a atenção é que de uma maneira em geral o roteiro do primeiro filme acabou servindo de base para essa nova produção. Claro que há diferenças substanciais, mas de um modo em geral ambos os filmes são bem semelhantes. O grande rival que agora enfrenta o mitológico vampiro não é mais Van Helsing, como era de se esperar, mas sim um Monsenhor que vê sua própria sobrinha cair nas garras do conde sanguinário. Por falar nessa personagem, a da indefesa jovem Maria, temos que chamar a atenção para o fato dela ter sido interpretada pela atriz inglesa Veronica Carlson, uma beldade que acabou se tornado musa dos filmes da Hammer. Modelo na juventude, ela era certamente uma boa razão para se conferir filmes como esse, até mesmo por causa das ousadas cenas de quase nudez em que aparecia. Seu namorado no filme é um rapaz que não acredita em Deus e que precisará, mesmo sem fé nenhuma, enfrentar o vampiro. Tempos difíceis.
Por fim e não menos importante, temos que sempre valorizar a presença do veterano Christopher Lee em cena. Seu Drácula aqui surge um pouco mais sedutor, com mais diálogos do que nos filmes anteriores. Nota-se, mesmo de forma bem tímida, uma pequena mudança no personagem. Ao invés de ser apenas um monstro feroz como era retratado nos primeiros filmes, aqui já há uma certa sedução no ar, principalmente nas cenas em que ele encontra a jovem Maria em seu quarto. Esse tipo de característica pessoal de Drácula só iria aumentar nos anos que viriam a ponto do conde ter se transformado quase em um personagem puramente romântico, sempre atrás do grande amor de sua vida, como no filme de 1979 onde seria interpretado por Frank Langella, em uma das melhores adaptações já feitos do imortal vampiro criado por Bram Stoker para as telas. Então é basicamente isso. Um boa produção, valorizada ainda mais pela atuação de Christopher Lee, um ator cuja a simples presença sempre valia a sessão de cinema. Em suma, uma pequena obra, um pouco esquecida, do cinema de horror inglês. Vale conferir.
Pablo Aluísio.
A Maldição de Frankenstein
Título Original: The Curse of Frankenstein
Ano de Produção: 1957
País: Inglaterra
Estúdio: Hammer Films
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster
Elenco: Peter Cushing, Christopher Lee, Hazel Court, Robert Urquhart, Melvyn Hayes, Paul Hardtmuth
Sinopse:
Considerado por muitos como um louco, o Dr. Victor Frankenstein (Peter Cushing) decide realizar a maior de suas experiências. Usando de energia elétrica colhida por raios, ele acredita que dará vida a uma criatura composta de vários pedaços de corpos humanos roubados de cemitérios e necrotérios de Londres. Sua ambição é demonstrar que há possibilidade científica de gerar vida em cadáveres!
Comentários:
Mais um filme baseado na obra imortal de Mary Shelley. Essa versão da Hammer Films, produzida no auge criativo do estúdio britânico, segue bem fiel ao texto original de Shelley. Seu enredo é bem de acordo com o livro clássico. Um dos aspectos mais curiosos dessa produção é a atuação do ator Christopher Lee como a criatura criada em laboratório pelo lunático cientista Victor Frankenstein. A maquiagem que Lee usou foge dos padrões clássicos dos filmes da Universal nos Estados Unidos. Ao invés de ter parafusos e um topo quadrado em sua cabeça, como no visual antigo, aqui os diretores da Hammer preferiram algo menos cartunesco, com Lee usando algo mais discreto, mais humano, vamos colocar assim. Ele tem um rosto deformado, porém mais de acordo com o visual de um corpo humano após sua morte. Ficou muito bom para dizer a verdade. Já Cushing surpreende ao não tentar fazer o estereótipo do cientista maluco e cruel. Ele procurou ser menos exagerado, procurando até mesmo por uma interpretação mais cuidadosa do que seria um pesquisador e cientista da era vitoriana. Então é basicamente isso. Mais um belo trabalho de direção e atuação da Hammer, um estúdio que realmente marcou história no universo da cultura pop cinematográfica mundial. Esse é aquele tipo de filme que já nasce clássico, desde seu lançamento original. Imperdível.
Pablo Aluísio.