quinta-feira, 26 de maio de 2016

Um Sonho, Dois Amores

Título no Brasil: Um Sonho, Dois Amores
Título Original: The Thing Called Love
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Peter Bogdanovich
Roteiro: Carol Heikkinen
Elenco: River Phoenix, Samantha Mathis, Dermot Mulroney

Sinopse:
Miranda Presley (Samantha Mathis) resolve se mudar de Nova Iorque para Nashville em busca de uma carreira musical. Como cantora não encontra nenhuma chance, nenhuma porta aberta. Então resolve tentar como compositora mas nada parece dar muito certo. Sem saída acaba se casando com um admirador, uma união que se revelará muito problemática e desgastante.

Comentários:
Esse foi um dos últimos filmes da carreira de River Phoenix. A produção anda tão esquecida quanto o próprio ator uma vez que vinte anos após sua morte pouca gente ainda se recorda dele. Eu penso que a morte inglória de Phoenix, de overdose, numa calçada suja de Los Angeles, acabou com sua imagem. Na época ele cultivava um jeito de jovem politicamente correto, amante das artes e da ecologia. Em toda entrevista lá estava o River Phoenix falando da importância de levar uma vida saudável, consumindo apenas produtos ecologicamente corretos e blá, blá, blá. Aí de repente o sujeito morre de uma mistura de cocaína com heroína após uma balada de arromba no clube de Johnny Depp. As pessoas, suas fãs inclusive, descobriram que o Phoenix falava e pregava uma coisa publicamente e na sua vida privada fazia algo completamente diferente. Assim ficou aquela impressão de que era um hipócrita e tudo mais. De qualquer maneira chamo a atenção para o talento do rapaz. Tudo bem, Phoenix poderia ser um mentiroso mas como ator, olhando puramente por esse lado, ele realmente tinha talento dramático. Uma prova está aqui, uma produção simples, singela, de orçamento modesto mas bem cativante. A imagem de ídolo pode ter caído durante todos esses anos mas o filme e a atuação de Phoenix ainda valem a pena. Assista.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Minhas Mães e Meu Pai

Título no Brasil: Minhas Mães e Meu Pai
Título Original: The Kids Are All Right
Ano de Produção: 2010
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Lisa Cholodenko
Roteiro: Lisa Cholodenko, Stuart Blumberg
Elenco: Annette Bening, Julianne Moore, Mark Ruffalo, Mia Wasikowska, Josh Hutcherson
 
Sinopse:
Jules (Julianne Moore) e Nic (Annette Bening) formam um casal de lésbicas que precisa lidar com uma nova e inesperada situação quando seus filhos decidem descobrir a identidade de seu pai biológico. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Annette Bening), Melhor Ator (Mark Ruffalo) e Melhor Roteiro Original. Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Atriz (Annette Bening).

Comentários:
A família tradicional (pai, mãe e filhos) já não é mais a mesma de antes pois agora temos variações decorrentes do reconhecimento de união civil de pessoas do mesmo sexo. É justamente esse o tema central do filme "The Kids Are All Right". Aqui no caso temos dois jovens que foram criados por um casal de lésbicas que em determinado momento de suas vidas decidem conhecer seu pai biológico, um sujeito que apenas vendeu seu sêmen para uma clínica de fertilização. Intencionalmente o roteiro não procura explorar o preconceito que vive o casal de mulheres diante da sociedade em geral, procurando ao invés disso focar apenas nos conflitos que nascem quando um terceiro elemento (o pai biológico) entra no relacionamento daquela família diferenciada (e não isenta de problemas, como toda e qualquer família normal). Como é um drama de relações humanas o grande destaque vai para o trabalho do elenco, em especial Julianne Moore e Annette Bening que forma o casal lésbico. Bening é a cabeça da família, forte e decidida, uma médica bem sucedida na carreira, enquanto Moore apresenta uma personalidade mais passiva, submissa e até mesmo insegura, tentando iniciar algum negócio profissional que dê certo em sua vida repleta de tentativas mal sucedidas. Mark Ruffalo é o pai desconhecido, um sujeito comum que é surpreendido pela chegada inesperada de seus filhos que ele sequer sabia que existiam. Em suma, uma produção indicada especialmente para o público GLS que mais cedo ou mais tarde poderá enfrentar situações semelhantes a essa diante dessa nova realidade social.

Pablo Aluísio.

Hellraiser II - Renascido das Trevas

Título no Brasil: Hellraiser II - Renascido das Trevas
Título Original: Hellbound: Hellraiser II
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: New World Pictures
Direção: Tony Randel, Clive Barker 
Roteiro: Peter Atkins
Elenco: Doug Bradley, Ashley Laurence, Clare Higgins

Sinopse:
Duas jovens garotas resolvem usar o cubo para irem até o inferno em busca do pai de uma delas. Uma vez nas trevas precisam enfrentar os sádicos e torturadores cenobitas, um médico psicopata e uma mulher enlouquecida pelas chamas eternas da noite eterna, comandadas pelo grande leviatã.

Comentários:
Sequência do cult Hellraiser! O criador de todo o conceito da saga, Clive Barker, acabou brigando com os produtores do estúdio durante os preparativos da continuação e por isso foi afastado, o que não impediu de ter sido creditado como roteirista, pois afinal de contas ele teria escrito todo o enredo dessa segunda parte. O filme foi bem recebido pela crítica em geral, mas os fãs dos cenobitas reclamaram pois o roteiro fazia inúmeras concessões no objetivo de tornar a fita mais comercial e aceita dentro do circuito mainstream. A principal crítica era referente à dupla de garotas que conseguia enfrentar os maiores demônios da escuridão e se sair bem, vivas! Um absurdo completo. O primeiro Hellraiser ficou conhecido por fugir desse tipo de clichê barato, com final feliz. Os adoradores do filme original queriam algo mais incisivo, forte mesmo, com tintas exageradas. De qualquer maneira, apesar do roteiro ser de certa forma medroso em ir até as últimas consequências, o filme ainda se mantém como um bom terror dos anos 80. Não chega a ser uma obra cult como o primeiro mas mantém o interesse, apesar de suas falhas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de maio de 2016

George Lucas

Em 1999 o diretor e roteirista George Lucas deu uma rara entrevista a uma revista americana onde falou com extrema sinceridade sobre sua vida e obra. Lucas sempre foi considerado um cineasta que não dava entrevistas à imprensa e só havia aberto espaço naquele ano por causa do lançamento de "Star Wars - Episódio I - A Ameaça Fantasma", um filme muito aguardado, mas que de certa maneira frustrou as expectativas dos fãs da saga.

Perguntado porque havia se passado tanto tempo entre "O Retorno de Jedi" (lançado em 1983) e esse novo filme Lucas explicou que ainda não existia tecnologia necessária para colocar suas ideias na tela. Ele queria filmar o começo de toda a estória, o primeiro episódio, que havia escrito ainda nos anos 70. Como se sabe o primeiro filme "Guerra nas Estrelas" era na verdade o quarto episódio de uma saga escrita por Lucas ainda na universidade. Alguns personagens foram suprimidos e outros criados pois para Lucas aquele enredo era o mais acessível para o público na época. O filme se tornou uma das grandes bilheterias da história do cinema, rompeu marcos históricos de vendas de ingressos e virou um fenômeno, gerando muito dinheiro em licenciamento de brinquedos, bonecos, produtos, etc. Isso era algo inédito até então. Depois vieram mais dois blockbusters, "O Império Contra-Ataca" e "O Retorno de Jedi" e então Lucas parou tudo.

Nessa mesma entrevista, em um momento de sinceridade, Lucas ainda admitiu que a falta de tecnologia em efeitos especiais não foi o único motivo de ter se afastado de "Star Wars" e sua saga. Havia um elemento em sua vida pessoal também. Sua primeira esposa o abandonou por um homem dez anos mais jovem, o que Lucas disse ser "uma história clássica de traição" e isso o devastou por anos e anos. Veio em seguida uma depressão profunda que o paralisou como artista e cineasta. Depois disso Lucas colocou todo o material de "Star Wars" de lado para tentar organizar novamente sua vida pessoal.

O fato é que "Star Wars" poderia ter se encerrado definitivamente na trilogia original. Lucas já não tinha mais interesse até que a Fox resolveu lhe fazer uma proposta absurda em termos de dinheiro para que ele retomasse uma nova trilogia. Essa segunda trilogia não seria tão bem sucedida em termos de crítica como a primeira. Os filmes tinham roteiros ruins e pasmem, nem os efeitos especiais ficaram tão bons como era esperado. Some-se a isso a avalanche de críticas que Lucas teve que aguentar dos próprios fãs da saga e você entenderá porque há alguns anos ele resolveu finalmente se livrar de tudo, vendendo todos os direitos para a Disney. Milionário e renascido com uma nova paixão (uma jornalista negra), Lucas não parece disposto a se envolver novamente com o universo que criou. Esse tempo acabou em sua vida, segundo sua própria opinião.

Pablo Aluísio.

A Lista de Schindler

Quando "Schindler's List" chegou aos cinemas em 1993 a crítica de todo o mundo disse que Steven Spielberg tinha finalmente crescido e virado um adulto. Era uma metáfora pelo fato de que o diretor que havia se consagrado na carreira com filmes com muita fantasia e imaginação finalmente encarava um drama histórico com tema extremamente pesado. "Schindler's List" deixava o mundo de Peter Pan de lado, pois era real, dolorosamente real. O roteiro era inspirado na história real do industrial alemão Oskar Schindler. No começo da Segunda Guerra Mundial ele havia usado de toda a sua influência no Partido Nazista para que fosse enviado o máximo de judeus em ritmo de trabalho escravo para trabalharem como mão de obra em sua fábrica. Com o tempo porém algo aconteceu e Schindler começou a pedir mais e mais mão de obra com a clara intenção de salvar todos aqueles judeus dos campos de concentração da Alemanha Nazista. E assim, fazendo listas e mais listas com o nome desses judeus ele salvou gerações de serem mortas pela política de extermínio final do III Reich. Durante anos a figura desse industrial foi controversa, havendo apoiadores e detratores. Spielberg optou por celebrar seus atos. O filme é dessa maneira uma celebração de sua memória. O que Spielberg louva e homenageia é e atitude do industrial em salvar as vidas humanas do povo judeu perseguido.

O diretor resolveu filmar em preto e branco como uma espécie de referência à época em que se passa a história. Apenas trouxe cores para um pequeno momento do filme envolvendo uma garotinha prestes a encarar o horror do holocausto. Nesse ponto acertou, assim como acertou no maravilhoso elenco. Liam Neeson interpreta o industrial, Ben Kingsley o seu assistente judeu que o ajuda na elaboração da lista e finalmente Ralph Fiennes arrasa como o oficial alemão já enlouquecido pela loucura e insanidade da guerra e da morte de tantas pessoas, todas em ritmo industrial, sem humanidade, sem alma e sem perdão. "A Lista de Schindler" é certamente o mais relevante filme da carreira de Steven Spielberg. Um filme deveras humano de um momento em que faltou justamente humanidade para aquele regime completamente brutal. A mensagem que fica é perene e imortal: holocausto nunca mais!

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de maio de 2016

Os Homens que Pisaram na Cauda do Tigre

Título no Brasil: Os Homens que Pisaram na Cauda do Tigre
Título Original: Tora no o wo fumu otokotachi
Ano de Produção: 1945
País: Japão
Estúdio: Toho Company
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Akira Kurosawa
Elenco: Denjirô Ôkôchi, Susumu Fujita, Ken'ichi Enomoto

Sinopse:
No Japão feudal do século XII, dois clãs familiares lutam entre si. O clã samurai Heike luta para dominar as vastas terras dos guerreiros Minamotos. Após uma sangrenta batalha o general Yoshitsune Yoritomo volta para seu lar em Kyoto mas descobre que seu irmão, o Shogun Yoritomo, está traindo seu próprio clã. Após escapar de uma emboscada ele consegue fugir com seis de seus mais leais samurais ao se disfarçarem de monges. Agora terão que lutar por suas próprias vidas ao mesmo tempo em que tramam a queda do traidor de sua própria casa. 

Comentários:
"Os Homens que Pisaram na Cauda do Tigre" foi realizado em um dos períodos históricos mais terríveis da história do Japão. Nesse mesmo ano de 1945 duas cidades japonesas, Hiroshima e Nagasaki, foram varridas do mapa por duas bombas nucleares jogadas por aviões americanos, selando dessa forma o fim da Segunda Guerra Mundial. A sociedade japonesa assim passaria por transformações que a moldariam para o que se tornou  hoje em dia. Velhas tradições seriam substituídas pela tecnologia e pela cultura americana. O inimigo e sua invasão cultural mudariam os gostos e padrões dos japoneses para sempre. Akira Kurosawa porém procurava resgatar parte dessa tradição cultural. O filme é uma adaptação de uma peça teatral milenar, que sempre fez parte do folclore do Japão. Seu trabalho é realmente fantástico, mesmo sob o olhar atual. Kurosawa explora as tradições e valores ancestrais mas de uma forma atrativa, sem se tornar chato ou pretensioso. Embora tenha sido apenas seu quarto filme - e o primeiro a chegar ao Brasil - ele já dava muitos sinais de seu grande talento como cineasta e humanista. Uma obra que já antecede o gênio que iria se revelar nos anos seguintes.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

The Offering

Título Original: The Offering
Título no Brasil: Ainda Não Definido
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Singapura
Estúdio: Highland Film Group
Direção: Kelvin Tong
Roteiro: Kelvin Tong
Elenco: Elizabeth Rice, Pamelyn Chee, Matthew Settle
  
Sinopse:
Após a morte de sua irmã em Singapura, a jovem americana Jamie Waters (Elizabeth Rice) resolve viajar até aquele distante país asiático para trazer sua sobrinha de volta aos Estados Unidos. Uma vez lá começa a desconfiar das causas da morte de sua irmã, uma vez que o laudo oficial determinava como causa mortis o suicídio. Pesquisando ela descobre que a velha casa onde ela morava teria um passado negro, onde vários membros de uma mesma família teriam sido mortos por um pai enlouquecido, que praticava magia negra. Agora ela precisa salvar a sobrinha das garras do mal absoluto.

Comentários:
Alguns roteiros de filmes de terror possuem muito potencial. Infelizmente nem sempre grandes ideias dão muito certo nas telas. É o que vejo no caso dessa produção. Há várias boas ideias dentro da trama, mas nenhuma delas é bem trabalhada ou desenvolvida. O simbolismo que vai surgindo é um dos pontos mais interessantes que fica pelo meio do caminho. Várias pessoas, de diferentes camadas sociais, cometem suicídio. No lugar onde as mortes ocorrem surge um velho símbolo demoníaco referente a Leviatã, uma velha criatura citada no velho testamento. Isso por si só já daria margem a uma boa estória de terror, mas nada é muito bem realizado nesse aspecto. A atriz Elizabeth Rice é bonita e diria até talentosa, mas não tem muito o que fazer com o material do roteiro. Em termos de efeitos especiais eles são até discretos. Na cena final acontece um grande exorcismo envolvendo um padre traumatizado com rituais desse tipo, pois no passado uma pessoa exorcizada por ele teria morrido em suas mãos. A culpa então se torna esmagadora. Por essa razão sua fé estaria abalada, chegando ao ponto dele duvidar até mesmo da existência de Deus. Agora, frente a frente com o Leviatã, ele precisa voltar a erguer uma muralha de espiritualidade em torno de si mesmo. Outro fato que acabei percebendo foi que as situações criadas pela trama acabam tendo soluções rápidas demais. Fora isso o suspense não é bem desenvolvido. Em suma, tudo pode ser resumido mesmo na seguinte frase: várias boas ideias que não foram bem aproveitadas. Fica para a próxima então.

Pablo Aluísio.

Revólver

Título no Brasil: Revólver
Título Original: Revolver
Ano de Produção: 2005
País: França, Inglaterra
Estúdio: EuropaCorp Films
Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Luc Besson, Guy Ritchie
Elenco: Jason Statham, Ray Liotta, Vincent Pastore, Mark Strong
  
Sinopse:
Jake Green (Jason Statham) passa longos anos preso. Ele acabou caindo numa cilada armada por outro criminoso chamado Dorothy Macha (Ray Liotta). Pior do que isso, acaba sendo também diagnosticado com uma rara doença que lhe dá pouco tempo de vida. Assim Jake não tem como esperar para promover sua vingança pessoal contra Macha e é justamente isso o que ele pretende fazer com suas poucas semanas de vida. Filme premiado pelo Golden Trailer Awards na categoria de Melhor Trailer - Filme de ação estrangeiro.

Comentários:
As qualificações desse filme de ação são as melhores possíveis. Primeiro é um filme inglês com Jason Statham. Eu já escrevi várias vezes de que qualquer produção britânica com Jason vale muito a pena. Certo, nos Estados Unidos ele realmente estrelou algumas bobagens, mas dentro da indústria inglesa de cinema ele só acertou. Não sei quais as razões disso acontecer, mas é uma verdade absoluta na filmografia de Statham. O segundo aspecto positivo é que o filme foi dirigido por Guy Ritchie. Esse é um cineasta que sempre procura fugir do lugar comum. Duvida? Basta olhar para a linguagem de Revolver para entender bem isso. Guy não parte de uma narrativa convencional, mas foge disso para não parecer óbvio demais. Assim tudo ganha um clima meio surreal, quase louco. Além disso o roteiro foi escrito a quatro mãos em parceria com Luc Besson. Hoje em dia Besson já não está mais em seus dias mais talentosos, mas pelo menos mantém uma certa postura artística de também fugir do lugar comum. Some-se a isso a pitada final da presença de Ray Liotta (ele sempre está ótimo em filmes de gangsters) e você terá uma fita de ação acima da média, valorizada pela narrativa fora do normal e por uma quantidade de cenas de ação bem realizadas para ninguém colocar defeito. Assim se você estiver a procura de uma boa fita com muita ação e originalidade deixo a dica de "Revolver". Certamente você não se arrependerá da escolha. É um filme pauleira com muito estilo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de maio de 2016

A Incrível História de Adaline

Achei muito simpático e diria até mesmo docemente romântico esse filme sobre uma mulher que nunca envelhece. Após um acidente em seu carro ela se torne imune ao envelhecimento. Os anos passam, os amigos e amores se vão, mas ela fica, eternamente jovem e bonita. É uma fábula sobre o passar dos anos, o envelhecimento e a busca pela eterna juventude (embora a personagem principal nunca tenha procurado por isso, sendo apenas vítima de uma série de circunstância que fogem ao seu controle). A direção de arte do filme é bela, valorizada pelo fato de que o roteiro se passa em várias épocas históricas, desde a década de 1930 até os nossos dias. Tudo muito elegante, fino e sofisticado. O próprio figurino de Adeline se torna um atrativo e merecia, em minha opinião, ser indicado ao Oscar.

A produção é estrelado pela atriz Blake Lively, muito conhecida pelos fãs de séries. Ela se tornou famosa ao estrelar a série adolescente de grande sucesso "Gossip Girl" onde fazia uma jovem da elite de Nova Iorque que tinha que lidar com um blog de fofocas na net que seguia seus passos e o de suas amigas. Deixando isso um pouco de lado o grande mérito de "A Incrível História de Adaline" vem da união que nasce envolvendo juventude e sabedoria. A protagonista ganha experiência de vida ao longo dos anos vividos, ao mesmo tempo em que mantém sua beleza jovial. Seria o sonho de muita gente, porém de modo indireto e de forma bem inteligente é justamente isso que seu argumento critica. De forma sutil o roteiro traz ainda uma reflexão sobre o fato inexorável da finitude da existência humana: a perda daqueles que amamos e de tudo aquilo que faz parte de nosso universo. Tudo isso um dia chegará ao fim, pois nada é eterno. Esse aliás é o grande drama na vida de Adaline, onde todos estão fadados a passarem pela vida, menos ela. Nesse aspecto sua vida logo se torna uma grande tragédia e um fardo existencial.

A Incrível História de Adaline (The Age of Adaline, Estados Unidos, 2015) Estúdio: Lakeshore Entertainment / Direção: Lee Toland Krieger / Roteiro: J. Mills Goodloe, Salvador Paskowitz  / Elenco: Blake Lively, Michiel Huisman, Harrison Ford / Sinopse: Após um acidente de carro na década de 1930 a jovem Adaline ganha a capacidade inexplicável de ser imune ao passar dos anos, nunca envelhecendo, ficando eternamente jovem e bonita.

Pablo Aluísio.

A Ascensão dos Krays

Filme inglês que conta a história de dois irmãos que se tornam gangsters em Londres durante os anos 1950. Inicialmente eles sobem na hierarquia do submundo do crime extorquindo comerciantes do leste da cidade. Em troca de proteção (deles mesmos, é bom frisar) cobram dinheiro desses pequenos estabelecimentos. Aos poucos vão subindo usando de chantagem, suborno, violência e extorsão. Tudo começa a correr bem para os Krays até que um dos irmãos, Ronnie (Simon Cotton), começa a apresentar problemas mentais. Diagnosticado como esquizofrênico ele se torna uma bomba relógio, cometendo atos de extrema violência gratuita, o que começa a colocar em risco a própria sobrevivência de sua quadrilha. A partir daí rompe-se o suposto equilíbrio entre os próprios irmãos, desencadeando uma verdadeira guerra nas ruas.

Essa produção britânica, até bem realizada, com bom roteiro e boa reconstituição de época poderá agradar aos que gostam de filmes de gangsters. Um dos aspectos que mais me chamou atenção foi a forma como essas gangues inglesas escolhiam para resolver suas diferenças. Enquanto as quadrilhas americanas partiam logo para o uso de metralhadoras e armas de grosso calibre, havia ainda um tabu no uso de armas entre os criminosos ingleses. Tudo era resolvido no punho, em brigas de socos das mais violentas. Essa regra não escrita entre criminosos de Londres só seria quebrada justamente por um dos irmãos Kray, o insano Ronnie, que passou a andar armado, promovendo inclusive torturas em membros de bandos rivais. Nesse aspecto o filme recria o dia em que esse bandido colocou as mãos em um irmão de um de seus inimigos. Não foi certamente algo bonito de se ver. Enfim, bom filme policial, com uma trilha sonora recheada de clássicos do rock inglês em seus primórdios, que no geral cumpre bem seus propósitos.

A Ascensão dos Krays (The Rise of the Krays, Inglaterra, 2015) Direção: Zackary Adler / Roteiro: Ken Brown, Sebastian Brown / Elenco: Matt Vael, Simon Cotton, Kevin Leslie / Sinopse: Dois irmãos se tornam líderes de uma gangue que passa a dominar Londres durante os anos 1950. Para subir no mundo do crime não seguem limites, usando de violência e tortura para subjugar todos aqueles que cruzam seu caminho. Filme vencedor do Marbella Film Festival na categoria de Melhor Ator (Kevin Leslie).

Pablo Aluísio.