segunda-feira, 25 de abril de 2016

No Coração do Mar

Título no Brasil: No Coração do Mar
Título Original: In the Heart of the Sea
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Austrália, Espanha
Estúdio: Village Roadshow Pictures, Warner Bros
Direção: Ron Howard
Roteiro: Charles Leavitt
Elenco: Chris Hemsworth, Cillian Murphy, Brendan Gleeson, Benjamin Walker, Ben Whishaw

Sinopse:
A premissa é das mais interessantes. No século XIX um escritor em busca de material para o seu novo livro começa a ouvir as recordações de um velho marinheiro. Esse lhe conta o que aconteceu com o navio Essex. Na versão oficial ele teria ficado encalhado durante uma longa viagem pelos mares do sul. A verdade porém escondia algo maior. Em busca do óleo de baleia (muito usado na época pela indústria) a embarcação e toda a sua tripulação teria sido na realidade atacada por uma enorme baleia cachalote branca. Um verdadeiro monstro marinho. E foi justamente baseando-se nessa história real que o escritor Herman Melville (Ben Whishaw) finalmente escreveria a obra prima de sua vida, o clássico "Moby Dick" publicado em 1851. Filme indicado ao Visual Effects Society Awards.

Comentários:
O texto a seguir contém spoiler. Assim se ainda não assistiu ao filme recomendo que não siga adiante. Então se chegou até aqui vamos em frente. Esse é um filme atual com o charme da velha escola de Hollywood. Assim eu poderia inicialmente definir essa produção. Como todos sabemos o romance "Moby Dick" é um dos grandes clássicos da literatura mundial. A saga de um velho capitão em busca de uma baleia assassina pelos sete mares, alimentado por uma alucinada obsessão pessoal, é um marco da cultura mundial. Um romance imortal. Até aí tudo bem. A questão que o roteiro desse filme tenta responder a questão sobre a origem do livro, de onde teria surgido aquela estória inesquecível. Assim somos transportados para o século XIX quando o baleeiro Essex parte da costa oeste dos Estados Unidos rumo ao mar. O objetivo seria capturar baleias para extrair o seu precioso óleo (usado, entre outras coisas, na iluminação noturna das grandes cidades). No comando da grande nau surge o capitão George Pollard (Benjamin Walker), um sujeito ainda sem experiência que só ganhou o posto por causa de sua linhagem familiar pois faz parte de uma tradicional família de marinheiros notórios. Como seu primeiro imediato segue Owen Chase (Chris Hemsworth) que, bem ao contrário de seu capitão, tinha experiência de sobra em grandes viagens pelos oceanos. A diferença de visão entre eles será uma das principais forças dramáticas desse roteiro. Pois bem, o filme é extremamente bem feito, com excelentes efeitos especiais. A imensa baleia cachalote é toda produzida virtualmente, mas isso em momento algum atrapalha tendo em vista a qualidade técnica superior. 

O roteiro é claramente dividido em dois atos. O primeiro é realmente muito bom. Temos o começo da viagem, os primeiros problemas decorrentes da falta de experiência do capitão e o enfrentamento com a terrível criatura marítima. Tudo o que se poderia esperar de um filme como esse. Aventura e emoção nas doses exatas. O problema é que bem na metade da duração do filme começa o segundo e último ato, justamente quando os tripulantes do Essex já não podem mais contar com seu navio que naufragou. Eles assim ficam à deriva por semanas, tentando sobreviver a qualquer custo, em pequenos barcos - apelando inclusive para o canibalismo. Essa segunda parte do filme decai muito por ser arrastada e por não contar mais com cenas grandiosas como no começo da estória. Assim como os personagens vão se arrastando para saírem vivos daquela situação o próprio filme fica igualmente arrastado. Pitadas de tédio e monotonia vão surgindo nas cenas repetitivas, o que para um filme como esse é quase fatal. O diretor Ron Howard assim não soube dividir direito seu enredo, tropeçando em inúmeros problemas de ritmo em seu desfecho. Mesmo com esse pequeno deslize eu ainda recomendo o filme pelo que ele tem de melhor: o velho charme nostálgico das antigas produções da Hollywood clássica. Sob esse ponto de vista as eventuais falhas acabam ficando em segundo plano.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de abril de 2016

Guerra nas Estrelas

Título no Brasil: Guerra nas Estrelas
Título Original: Star Wars
Ano de Produção: 1977
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: George Lucas
Roteiro: George Lucas
Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Alec Guinness, Peter Cushing

Sinopse:
Luke Skywalker (Mark Hamill) é um jovem que mora em um pequeno e desértico planeta do universo. Sua vida é banal e sem grandes emoções até que tudo muda ao se envolver na guerra que está sendo travada entre forças rebeldes e o poderoso império  intergalático que deseja dominar todo o universo. Ao lado do aventureiro e mercenário Han Solo (Harrison Ford) ele parte para libertar a Princesa Leia Organa (Carrie Fisher) das mãos do terrível e cruel Darth Vader (David Prowse) na estrela da morte.

Comentários:
É seguramente um dos filmes mais influentes da história do cinema em todos os tempos. Muitos não param para pensar sobre isso, mas tudo o que você assiste hoje em dia em termos de blockbusters e filmes de fantasia e pura diversão, tem ligação direta com "Star Wars". Lançado no distante verão de 1977, o filme causou tanto impacto na cultura pop que mudou até mesmo a face do cinema americano após seu lançamento. Esse tipo de produção havia sido deixada de lado desde os anos 1950, pois Hollywood após essa década resolveu investir mesmo em dramas socialmente mais conscientes. "Star Wars" trouxe assim de volta o gosto pelo cinema como pura diversão, aventura e universos fantásticos. George Lucas soube com raro brilhantismo reunir tudo o que tinha visto em sua infância e adolescência para criar um mundo completamente novo, uma realidade que deixou o mundo surpreendido na época por causa da criatividade, da originalidade e dos maravilhosos efeitos especiais, além da própria trama, que se revelava como uma saga muito bem orquestrada que sintetizava diversas mitologias da cultura universal. Um espetáculo realmente. 

Como se sabe o universo de "Star Wars" segue em frente. Adquirido pela Disney a saga está sendo renovada numa nova sequência de filmes, sem a presença de Lucas que sabiamente resolveu se aposentar. O primeiro a chegar foi "Star Wars - O Despertar da Força" que resgatou vários personagens desse primeiro filme como Luke, Leia e Han Solo. Sucesso absoluto, com mais de um bilhão de dólares em bilheteria, a produção provou a força desses personagens, mesmo após tantos anos passados. Agora surge uma ótima oportunidade parar rever a excelente trilogia original que começou tudo. Prefira as versões originais, sem as novas intervenções de Lucas em que ele procurou modernizar os efeitos visuais da época do lançamento original. Enfim, "Star Wars" de 1977 é seguramente um dos cinco filmes mais importantes da história da ficção do cinema americano. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Som, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora Original, Melhores Efeitos Especiais e Melhores Efeitos Sonoros. Indicado ao Oscar ainda nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Alec Guinness), Melhor Direção (George Lucas) e Melhor Roteiro Original. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora Original (John Williams).

Pablo Aluísio.

Krampus - O Terror do Natal

Título no Brasil: Krampus - O Terror do Natal
Título Original: Krampus
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Nova Zelândia
Estúdio: Legendary Pictures, Universal Pictures
Direção: Michael Dougherty
Roteiro: Todd Casey, Michael Dougherty
Elenco: Adam Scott, Toni Collette, Emjay Anthony, David Koechner
  
Sinopse:
Max (Emjay Anthony) é um garoto que ainda acredita no espírito de natal. Quando vários familiares chegam em sua casa para a noite de natal ele começa a ser zoado pelos primos por justamente ainda acreditar em Papai Noel, renas e todo o universo mágico natalino. Frustrado por ser o alvo de brincadeiras ele resolve rasgar uma carta que havia escrito para o Santa Claus. Ao jogá-la pela janela algo inesperado acontece. Uma grande nevasca se abate sobre sua cidade, antevendo a chegada do assustador Krampus! Ele vem para punir todos aqueles que esqueceram o verdadeiro espírito de natal. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Filme de Terror.

Comentários:
Essa criatura, o Krampus, é bem popular no folclore da Alemanha e demais países vizinhos. Ela seria uma espécie de antítese do Santa Claus (o Papai Noel). Enquanto o bom velhinho surge no natal para dar presentes às crianças que se comportaram bem no ano, o Krampus viria para punir as que criaram problemas. Em estados brasileiros, principalmente de forte influência da imigração alemã, ele ainda é bem conhecido das crianças. Para o resto dos brasileiros é um ilustre desconhecido. Idem para os americanos. Mesmo assim os produtores acharam uma boa ideia realizar um filme de terror tendo como principal personagem o tal Krampus. Para isso criaram um monstro que se parece com um tipo de demônio, vindo diretamente das trevas. Chifres e patas de carneiro, vários símbolos de natal pendurados por todo o corpo e uma aparência bem assustadora. O filme nesse aspecto é bem realizado. Temos aqui uma excelente produção, tanto em termos de efeitos digitais como maquiagem, figurino, etc. Como fez uma boa carreira nos cinemas da Europa é bem provável que venha a se tornar uma nova franquia da Universal. O curioso é que o elenco é liderado por um garotinho, o Emjay Anthony. Do resto do elenco apenas a Toni Collette é mais conhecida do público em geral, principalmente por causa da série "United States of Tara". O jovem diretor Michael Dougherty já havia lidado com um tema levemente semelhante em "Contos do Dia das Bruxas", porém aqui realizou um filme bem melhor. Não chega a ser um grande filme em nenhum aspecto, porém como diversão está valendo. Aliás a escolha por realizar algo mais assustador o fez ganhar muitos pontos em seu favor. O humor, quando surge, é bem minimizado. Por essa razão não vá passar o filme para seus filhos pequenos pois corrre-se o risco de deixá-los traumatizados com o que verão. Praticamente nenhum símbolo do natal passa incólume, nem inocentes cookies da vovó. Enfim, esse é aquele tipo de produção que gosto de chamar de "bom filme ruim". Se faz a sua cabeça, aproveite também.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Mogambo

Aproveitei a noite de ontem para conferir mais um clássico. O filme em questão foi Mogambo, produção de 1953 dirigida pelo mestre John Ford. Conhecido e consagrado pelos filmes de western que realizou ao lado de John Wayne, Ford aqui mudou de ares, trocando o deserto do velho oeste pelas planícies sem fim da África selvagem. O grande atrativo para o cinéfilo nem vem tanto dessa diversidade, mas sim do maravilhoso elenco que Ford conseguiu reunir. Ele teve sob sua direção três grandes estrelas de Hollywood: Clark Gable, Grace Kelly e Ava Gardner! Poucos filmes da época conseguiram reunir uma constelação como essa.

O galã Gable interpreta um grande caçador branco chamado Victor Marswell; Ele tem um posto avançado no continente africano. Ao lado de sua equipe ele caça animais raros (como uma pantera negra) para vender para circos e zoológicos ao redor do mundo. O negócio prosperou tanto que Vic resolve em determinado momento também alugar sua experiência para safáris pela selva adentro. O pesquisador de grandes primatas Donald Nordley (Donald Sinden) resolve então contratar seus serviços. Donald quer que Victor comande uma expedição rumo às montanhas dos gorilas onde pretende recolher dados sobre o habitat onde vivem esses animais. O problema é que Donald também está acompanhado de sua bela esposa, a educada e delicada Linda (Grace Kelly). Talvez por estar com o casamento em crise ou por pura atração o fato é que Linda acaba se apaixonando por Victor, bem no meio do safári e bem debaixo do nariz do próprio marido!

Para completar o triângulo amoroso improvável ainda há a presença de Eloise Y. Kelly (Ava Gardner). Ela é uma dançarina americana de night clubs em Nova Iorque que foi até a África encontrar um sultão rico. O problema é que o tal milionário foi embora antes da hora e Kelly ficou a ver navios. Sem ter para onde ir ela acaba indo parar na propriedade de Victor que resolve lhe acolher enquanto o próximo barco em direção à civilização não chega. Pronto, fica assim armado todo o drama romântico do filme. Kelly ama Victor que por sua vez se sente atraído por Linda, mesmo sendo ela casada. John Ford teve habilidade suficiente para desenvolver todos esses romances ao mesmo tempo em que desenvolve uma boa aventura. Há muitas cenas reais das paisagens e animais africanos, mas a grande maioria delas foram realizadas por uma segunda unidade, sem a presença do elenco. Os atores geralmente surgem em estúdio, como se estivessem na África. Ford, sempre perfeccionista, coordenou todas as filmagens no Congo, na Tanzânia e no Quênia. Isso trouxe um visual extremamente rico para o filme.

Com tantas qualidades quem acaba roubando o filme em meu ponto de vista é a atriz Grande Kelly. Há um contraponto entre sua elegância, finesse e educação com os modos mais rudes da personagem de Ava Gardner (que de cabelos curtos também está muito sensual). Grace está maravilhosa em seu papel, que combinava perfeitamente com sua imagem pública. O curioso é que nos bastidores ela acabou tendo um caso passageiro com Gable, provando que por baixo de toda aquela imagem de mulher fria e nobre havia um vulcão adormecido. Enquanto Ava, que tinha uma postura mais sensual em cena, se comportava adequadamente no set de filmagem, sua parceira levava o astro principal do filme para debaixo de seus lençóis. O extremo oposto das personagens que interpretavam no filme. De uma forma ou outra tanto Grace como Ava foram agraciadas com indicações ao Oscar, muito embora elas não tenham levado o grande prêmio da sétima arte para casa.

Mogambo (Mogambo, EUA, 1953) Direção: John Ford / Roteiro: John Lee Mahin, Wilson Collison / Elenco: Clark Gable, Grace Kelly, Ava Gardner / Sinopse: Victor Marswell (Clark Gable) é um caçador americano na África que precisa decidir entre o amor de duas belas mulheres, a dançariana Eloise Y. Kelly (Ava Gardner) e a doce e tímida Linda Nordley (Grace Kelly), cujo o marido o contratou para levá-lo até as montanhas dos gorilas selvagens.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Hush - A Morte Ouve

Título no Brasil: Hush - A Morte Ouve
Título Original: Hush
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Blumhouse Productions
Direção: Mike Flanagan
Roteiro: Mike Flanagan, Kate Siegel
Elenco: John Gallagher Jr., Kate Siegel, Michael Trucco
  
Sinopse:
Maddie (Kate Siegel) é uma jovem escritora que mora sozinha em uma bela casa no campo. Ela está tentando escrever as últimas linhas de seu novo romance, mas faltam ideias. Para não ficar tão solitária ela recebe eventualmente a companhia de sua vizinha, Sarah (Samantha Sloyan). Após mais uma de suas visitas Maddie descobre que não está mais desacompanhada. Um homem ronda sua casa. Armado com uma besta (uma arma medieval usada para lançar flechas) ele começa a promover um terror psicológico com Maddie. Lá fora ele tenta torturá-la psicologicamente, enquanto a escritora faz de tudo para que o psicopata não consiga entrar em sua casa.

Comentários:
Filme de terror e suspense lançado pelo Netflix. O roteiro desenvolve apenas uma situação básica: um psicopata que tenta entrar numa casa, onde vive uma jovem, completamente sozinha. Ela tem deficiência, pois é surda e muda. Por isso inicialmente ela nem percebe que há um assassino do lado de fora de sua residência. Aos poucos porém o clima de horror se instala. O psicopata esfaqueia a amiga dela, Sarah (Sloyan) e depois começa um jogo de gato e rato. O criminoso parece ter um prazer sádico em amedronta-la aos poucos, sem nunca ir direto ao ponto (a casa da vítima tem portas de vidro, que poderiam ser facilmente quebradas). Com pouco mais de 80 minutos esse filme não traz surpresas, o que também não significa que seja ruim. O sangue jorra em várias cenas, porém o estilo não chega a ser uma espécie de slasher movie. Talvez esse seja seu grande problema. Os fãs de filmes de terror desse estilo ficarão claramente decepcionados, enquanto os que curtem algo mais intelectual, do tipo suspense sugestivo, também não gostarão. É um filme passável, que ficou de certa maneira pelo meio do caminho. De bom apenas o uso de um tipo diferente de arma, uma besta da idade média, que lança flechas, algo que não é muito comum em filmes como esse. No mais é tudo bem mediano apenas.

Pablo Aluísio.

007 - O Amanhã Nunca Morre

Título no Brasil: 007 - O Amanhã Nunca Morre
Título Original: Tomorrow Never Dies
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Eon Productions, Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Roger Spottiswoode
Roteiro: Bruce Feirstein
Elenco: Pierce Brosnan, Jonathan Pryce, Teri Hatcher, Judi Dench, Michelle Yeoh, Samantha Bond
  
Sinopse:
Elliot Carver (Jonathan Pryce) é um mago das empresas de telecomunicações, dono de um milionário complexo de mídia, que deseja induzir China e Inglaterra rumo a um conflito nuclear, enquanto domina os direitos de exclusividade de exibição do conflito internacional. Para deter seus planos destrutivos, o serviço secreto de sua majestade envia o agente James Bond (Pierce Brosnan), codinome 007, para investigar e parar os planos megalomaníacos do empresário alucinado. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor canção original ("Tomorrow Never Dies" de Sheryl Crow e Mitchell Froom).

Comentários:
Esse foi o segundo filme do ator Pierce Brosnan interpretando o agente secreto James Bond. O primeiro filme foi muito bem, tanto em termos de crítica como de público. Assim a sequência novamente estrelada por Brosnan era algo natural de acontecer. Nesse segundo filme os produtores contrataram Anthony Hopkins para interpretar o vilão do filme, porém com três dias de filmagens o ator abandonou o projeto. Ele alegou que o roteiro ainda não estava pronto e que em seu contrato havia uma cláusula que exigia que tudo estivesse pronto assim que ele começasse a trabalhar. A MGM não quis brigar com Hopkins na justiça e promoveu uma quebra contratual amigável. Com sua substituição as filmagens seguiram em frente. A produção não economizou nos gastos e uma BMW novinha foi destruída para dar credibilidade a uma das principais cenas de ação do filme. Outro fato digno de nota foi a contratação do diretor canadense Roger Spottiswoode. Especialista em filmes de ação (ele havia dirigido antes boas fitas do gênero como "Sob Fogo Cerrado", "Atirando Para Matar" e "Air America - Loucos Pelo Perigo" com Mel Gibson) ele realmente rodou um filme muito eficiente em termos de cenas de ação e violência. No geral é mais um bom filme da série, resgatando inclusive certos elementos dos primeiros filmes de Bond, ainda na época em que as produções eram estreladas por Sean Connery. O enredo original porém não foi escrito pelo autor Ian Fleming, mas sim pelo escritor Raymond Benson em 1997, no mesmo ano em que esse filme foi lançado.

Pablo Aluísio.

Em Segredo

Título no Brasil: Em Segredo
Título Original: In Secret
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Charlie Stratton
Roteiro: Neal Bell, Charlie Stratton
Elenco: Elizabeth Olsen, Tom Felton, Jessica Lange, Oscar Isaac

Sinopse:
Com a morte de sua mãe, a pequena Thérèse Raquin (Elizabeth Olsen) é levada para morar com sua tia e seu primo, o frágil e doente Camille (Tom Felton). Os anos passam e Madame Raquin (Jessica Lange) decide que ela deve se casar com seu filho, algo que a desagrada pois não o ama. Mesmo assim o casamento é realizado. O problema é que o coração de Thérèse bate mesmo pelo jovem artista e aspirante a pintor Laurent (Oscar Isaac), um relacionamento que trará muitos problemas para todos.

Comentários:
Drama de época que me surpreendeu pelo bonita direção de arte, ótima reconstituição histórica e boas atuações de todos do elenco. Em termos gerais esse filme me lembrou muito do clássico "Jane Eyre", pois a personagem principal traz muito do romance de Charlotte Brontë (1816 - 1855). Esse aspecto de semelhança porém se torna logo um engano. Isso foi ficando claro no decorrer do enredo pois a estória dá uma guinada sombria. O que começa como um romance entre uma jovem casada e infeliz com sua vida e um artista aspirante, logo se transforma em uma trágica conspiração envolvendo assassinatos, traições e ganância. O roteiro aliás é um prato cheio para quem gosta de enredos sórdidos pois os personagens são capazes de atos terríveis, em especial o sinistro Laurent. A atriz que interpreta Thérèse Raquin, Elizabeth Olsen, até dá conta do recado, mas quem brilha mais uma vez é a veterana Jessica Lange, dando vida a uma personagem que começa como uma vilã, mas que acaba como uma vítima indefesa, paralisada por um terrível derrame. Assim se você gosta de dramas de época, com pitadas de crimes e traições, esse "In Secret" certamente será uma boa pedida. Filme indicado ao World Soundtrack Awards na categoria de Melhor Compositor do Ano (Gabriel Yared, pelas canções "Ningen no yakusoku", "The Prophet" e "Tom à la ferme").

Pablo Aluísio.

Ela

Título no Brasil: Ela
Título Original: Her
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Spike Jonze
Roteiro: Spike Jonze
Elenco: Joaquin Phoenix, Amy Adams, Scarlett Johansson

Sinopse:
Theodore (Joaquin Phoenix) tem um emprego chato, uma vida amorosa praticamente inexistente e um cotidiano muito enfadonho. Sua existência aborrecida acaba ganhando um novo colorido quando ele adquire um programa de computador com inteligência artificial que se relaciona com ele, dividindo as experiências de vida e lhe dando conselhos pessoais. Não demora muito e Theo acaba se apaixonando por seu próprio sistema operacional! Filme vencedor do Oscar na categoria Melhor Roteiro Original (Spike Jonze).

Comentários:
Spike Jonze não é um cineasta comum. Ele nunca procura o convencional ou o lugar comum, pelo contrário, para Jonze o que importa mesmo é o estranho, o incomum e até mesmo o bizarro. Foi assim na maioria de suas obras como por exemplo "Quero Ser John Malkovich" (1999) ou o mais que estranho "Adaptação" (2002). Assim não é nenhuma novidade que Spike Jonze tenha escolhido como tema para esse seu novo filme um absurdo relacionamento amoroso envolvendo um homem solitário e seu... sistema operacional. Ok, em tempos onde a tecnologia invade todos os aspectos da vida pessoal de cada usuário era de se supor que algo assim seria explorado mais cedo ou mais tarde pelo cinema. O curioso é que Jonze consegue não apenas contar sua estória de forma muito inteligente, como também cria uma insuspeita identidade com o espectador, que de repente se vê bem próximo das situações mostradas na tela, para seu próprio espanto. Obviamente que para contar um enredo desses seria necessário ter um grande ator em cena, até porque ele praticamente contracenaria sozinho durante a maioria das cenas. Joaquin Phoenix se mostra em todos os momentos ser a escolha ideal. Ele, que já é conhecido por ser um cara bem estranho em sua vida pessoal, se entregou completamente ao personagem, trazendo uma carga de veracidade ímpar para o filme. Em tempos de tanta tecnologia ao nosso redor, o romance mostrado aqui nem aparenta ser tão surreal, para surpresa geral de quem o assistir.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Uma Babá Quase Perfeita

Título no Brasil: Uma Babá Quase Perfeita
Título Original: Mrs. Doubtfire
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Chris Columbus
Roteiro: Anne Fine, Randi Mayem Singer
Elenco: Robin Williams, Sally Field, Pierce Brosnan

Sinopse:
Baseado na novela escrita por Anne Fine, "Mrs. Doubtfire" conta a estória de Daniel Hillard (Robin Williams), um ator desempregado que após uma briga com a sua mulher por causa de uma festa de crianças em sua casa, precisa encarar o divórcio e a separação de seus filhos. Sem emprego e lugar onde morar, acaba perdendo a custódia deles na justiça, se contentando em vê-los apenas aos sábados. Procurando por uma solução resolve se candidatar ao cargo de governanta de sua própria casa, pois usando uma maquiagem pesada ele acaba se transformando em uma outra pessoa, a Sra. Doubtfire! Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Maquiagem. Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator - Comédia ou Musical (Robin Williams) e Melhor Filme - Comédia ou Musical.

Comentários:
Havia um projeto da Fox em realizar uma sequência desse grande sucesso com Robin Williams, que voltaria ao mesmo papel da governanta inglesa Mrs. Doubtfire em 2015. Com a morte trágica do ator tudo foi definitivamente engavetado. Não é para menos, apenas Williams poderia novamente interpretar essa personagem, ainda hoje considerada uma das mais queridas por seus fãs. Como era de praxe na carreira de Robin esse roteiro também procura mesclar comédia com drama, pois no fundo é uma estória envolvendo um pai desesperado em não perder a companhia de seus próprios filhos. Outra boa escolha da produção foi escalar a atriz Sally Field como a esposa de Williams. Talentosa, ela consegue interpretar muito bem seu papel, a de uma mulher bem sucedida na carreira que perde a paciência com as infatilidades de seu marido, um homem adulto que muitas vezes parece não querer crescer nunca! Para piorar tudo no trabalho ela acaba se interessante por um executivo bonitão (interpretado pelo futuro James Bond, Pierce Brosnan). Com a vida em frangalhos só resta a Daniel procurar por uma solução radical e... muito divertida. O filme foi dirigido por Chris Columbus, um cineasta especializado em filmes leves, feitos para toda a família. Ele acabou se dando muito bem com Robin Williams, que aqui mais uma vez teve a chance de desfilar seu repertório de vozes e imitações (principalmente no momento em que realiza uma entrevista de emprego com uma senhora muito sisuda e mal humorada). Assim fica a dica para quem ainda não viu. Já para os saudosistas da carreira do falecido comediante tudo se transformará numa bela sessão nostalgia dos anos 90.

Pablo Aluísio.

Vozes do Além

Título no Brasil: Vozes do Além
Título Original: White Noise
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Geoffrey Sax
Roteiro: Niall Johnson
Elenco: Michael Keaton, Deborah Kara Unger, Ian McNeice

Sinopse:
John Rivers (Michael Keaton) é um sujeito que acredita estar entrando em contato com uma mulher morta através de um canal sem sintonia da TV. Conhecido como FVE (Fenômeno de Voz Eletrônica) a suposta técnica permitiria uma ponte de comunicação entre mortos e vivos. Quando Rivers decide usar esse sistema para tentar entrar em contato com sua mulher falecida as coisas rapidamente fogem do controle.

Comentários:
A ideia até que era boa. Essa questão de tentar unir sobrenatural com ciência não é de hoje, mas o filme tenta desvendar essa, digamos, "técnica" de se tentar entrar em contato com o outro lado, o além, usando rádios e TVs. O resultado logo se percebe é bem morno, talvez por causa da pequena densidade dramática do enredo. De repente o espectador se cansa de tanto papo furado e deixa de se importar com o destino do personagem de Michael Keaton, naquela altura do campeonato bem inexpressivo, se limitando a fazer caretas de assombrado. Essa produção de fato não recomendo e olha que tive a oportunidade de assistir no cinema com tudo o que um cinéfilo tem direito - som, imagem e efeitos especiais em alta definição - mas mesmo assim não funcionou. Agora imagine na telinha de casa, provavelmente o efeito será bem mais pífio do que se esperava. Por fim não vá confundir com o filme "From Beyond the Grave" de 1974 que no Brasil também se chamou "Vozes do Além", pois são duas produções com enredos, estórias e propostas bem diferentes.

Pablo Aluísio.