Título Original: In the Heart of the Sea
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Austrália, Espanha
Estúdio: Village Roadshow Pictures, Warner Bros
Direção: Ron Howard
Roteiro: Charles Leavitt
Elenco: Chris Hemsworth, Cillian Murphy, Brendan Gleeson, Benjamin Walker, Ben Whishaw
Sinopse:
A premissa é das mais interessantes. No século XIX um escritor em busca de material para o seu novo livro começa a ouvir as recordações de um velho marinheiro. Esse lhe conta o que aconteceu com o navio Essex. Na versão oficial ele teria ficado encalhado durante uma longa viagem pelos mares do sul. A verdade porém escondia algo maior. Em busca do óleo de baleia (muito usado na época pela indústria) a embarcação e toda a sua tripulação teria sido na realidade atacada por uma enorme baleia cachalote branca. Um verdadeiro monstro marinho. E foi justamente baseando-se nessa história real que o escritor Herman Melville (Ben Whishaw) finalmente escreveria a obra prima de sua vida, o clássico "Moby Dick" publicado em 1851. Filme indicado ao Visual Effects Society Awards.
Comentários:
O texto a seguir contém spoiler. Assim se ainda não assistiu ao filme recomendo que não siga adiante. Então se chegou até aqui vamos em frente. Esse é um filme atual com o charme da velha escola de Hollywood. Assim eu poderia inicialmente definir essa produção. Como todos sabemos o romance "Moby Dick" é um dos grandes clássicos da literatura mundial. A saga de um velho capitão em busca de uma baleia assassina pelos sete mares, alimentado por uma alucinada obsessão pessoal, é um marco da cultura mundial. Um romance imortal. Até aí tudo bem. A questão que o roteiro desse filme tenta responder a questão sobre a origem do livro, de onde teria surgido aquela estória inesquecível. Assim somos transportados para o século XIX quando o baleeiro Essex parte da costa oeste dos Estados Unidos rumo ao mar. O objetivo seria capturar baleias para extrair o seu precioso óleo (usado, entre outras coisas, na iluminação noturna das grandes cidades). No comando da grande nau surge o capitão George Pollard (Benjamin Walker), um sujeito ainda sem experiência que só ganhou o posto por causa de sua linhagem familiar pois faz parte de uma tradicional família de marinheiros notórios. Como seu primeiro imediato segue Owen Chase (Chris Hemsworth) que, bem ao contrário de seu capitão, tinha experiência de sobra em grandes viagens pelos oceanos. A diferença de visão entre eles será uma das principais forças dramáticas desse roteiro. Pois bem, o filme é extremamente bem feito, com excelentes efeitos especiais. A imensa baleia cachalote é toda produzida virtualmente, mas isso em momento algum atrapalha tendo em vista a qualidade técnica superior.
O roteiro é claramente dividido em dois atos. O primeiro é realmente muito bom. Temos o começo da viagem, os primeiros problemas decorrentes da falta de experiência do capitão e o enfrentamento com a terrível criatura marítima. Tudo o que se poderia esperar de um filme como esse. Aventura e emoção nas doses exatas. O problema é que bem na metade da duração do filme começa o segundo e último ato, justamente quando os tripulantes do Essex já não podem mais contar com seu navio que naufragou. Eles assim ficam à deriva por semanas, tentando sobreviver a qualquer custo, em pequenos barcos - apelando inclusive para o canibalismo. Essa segunda parte do filme decai muito por ser arrastada e por não contar mais com cenas grandiosas como no começo da estória. Assim como os personagens vão se arrastando para saírem vivos daquela situação o próprio filme fica igualmente arrastado. Pitadas de tédio e monotonia vão surgindo nas cenas repetitivas, o que para um filme como esse é quase fatal. O diretor Ron Howard assim não soube dividir direito seu enredo, tropeçando em inúmeros problemas de ritmo em seu desfecho. Mesmo com esse pequeno deslize eu ainda recomendo o filme pelo que ele tem de melhor: o velho charme nostálgico das antigas produções da Hollywood clássica. Sob esse ponto de vista as eventuais falhas acabam ficando em segundo plano.
Pablo Aluísio.
Pablo Aluísio.