segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
Do Além
Título Original: Beyond
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Crystal Sky
Direção: Josef Rusnak
Roteiro: Gregory Gieras
Elenco: Jon Voight, Teri Polo, Julian Morris, Dermot Mulroney
Sinopse:
Jon Koski (Voight) é um detetive veterano que se especializa em encontrar crianças desaparecidas no distante e frio estado americano do Alaska. Quando a pequena Amy desaparece ele assume o caso, embora esteja a poucos dias de se aposentar. O que começa como um caso normal de desaparecimento logo se revela mais bizarro e surreal do que Koski esperaria. Ao que tudo indica há eventos inexplicáveis, sobrenaturais, rondando o sumiço da garotinha.
Comentários:
Produção B que tenta mesclar trama policial com toques de terror. Quase ninguém assistiu e a fita passou meio despercebida para muitos. Apesar de ser um filme apenas mediano ele foi salvo por causa do talento do ator Jon Voight. Gosto bastante de seu trabalho e o considero um dos inúmeros talentos que Hollywood desperdiçou ao longo dos anos. Geralmente envolvido em filmes menores (como esse aliás) ele nunca teve a oportunidade devida, do tamanho de sua capacidade de atuar bem. Embora em certos momentos "Beyond" se mostre sensacionalista e fantasioso além da conta, o cineasta Josef Rusnak conseguiu entregar uma obra sóbria, sem maiores problemas, apesar de que, devo confessar, não consegui gostar completamente de seu final. Da filmografia desse diretor ainda prefiro o bom e inteligente "13º Andar" que chamou bastante atenção da crítica em seu lançamento.
Pablo Aluísio.
Thor - O Mundo Sombrio
Título Original: Thor - The Dark World
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios, Walt Disney Studios
Direção: Alan Taylor
Roteiro: Christopher Yost, Christopher Markus
Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston
Sinopse:
Milhares de anos atrás, uma raça de seres poderosos tentou mergulhar o universo em profundas e eternas trevas, usando uma arma mortal. Os Deuses de Asgard conseguiram deter a ameaça. O líder Malekith porém conseguiu escapar para um dia retornar para sua vingança. Agora Thor (Chris Hemsworth) deverá enfrentar novamente essa terrível ameaça contra a humanidade. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas seguintes categorias: Melhor Filme adaptado de Quadrinhos, Melhor Ator Coadjuvante (Tom Hiddleston), Melhor Figurino, Melhores Efeitos Especiais e Maquiagem.
Comentários:
Ao custo de 170 milhões de dólares esse segundo filme com o personagem Thor acabou se saindo bem melhor do que o primeiro. Talvez a grande diferença venha do fato da Marvel ter trazido um roteirista de HQs, Christopher Yost, para escrever o texto final da produção. Decisão acertada pois assim o filme acabou agradando tanto ao público que não lê muito os quadrinhos como os fãs desse estilo de linguagem. O ator Chris Hemsworth também se mostra mais à vontade no papel de Thor, ao contrário do que deixou transparecer de certa forma no primeiro filme. A insegurança e o nervosismo que eram naturais na primeira aparição aqui deram lugar a mais confiança em sua atuação. O enredo também se mostra muito bom, bem bolado e fiel ao personagem Thor dos quadrinhos, um dos mais interessantes heróis da galeria Marvel. Com tantas peças encaixadas bem, não é de se admirar que o filme tenha conseguido bastante êxito tanto do ponto de vista comercial como pelas boas reações da crítica especializada. O único "porém" de tudo foi o pouco aproveitamento da atriz Natalie Portman em cena, pois esse é um típico caso de intérprete bem maior do que seu personagem. Premiada e aclamada por seu grande talento dramático, Portman não tem muito o que fazer a não ser correr pra lá e pra cá. Esse filme a desperdiça completamente. Talvez ela só esteja no elenco para colher os frutos do imenso sucesso comercial da fita, pois em termos de adição de algo a mais em seu currículo como atriz dramática, não há mesmo nada de muito relevante.
Pablo Aluísio.
domingo, 4 de janeiro de 2015
Queime Depois de Ler
Título Original: Burn After Reading
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus Features, StudioCanal, Relativity Media
Direção: Ethan Coen, Joel Coen
Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen
Elenco: Brad Pitt, Frances McDormand, George Clooney, John Malkovich
Sinopse:
Osbourne Cox (John Malkovich) é um ex-agente da CIA que resolve escrever suas memórias como retaliação de sua injusta demissão, porém parte de seus maiores segredos vão parar nas mãos de uma dupla de idiotas que pretendem ganhar dinheiro com o material. Para piorar sua esposa também está pensando em pedir o divórcio, transformando a vida de Cox em um verdadeiro caos pessoal e profissional. Filme indicado a duas categorias no Globo de Ouro.
Comentários:
Filme que foi bem elogiado pela crítica americana, mas que sinceramente não me agradou muito. Na verdade não é aquele tipo de filme que chega ao ponto de lhe aborrecer, porém a sensação de decepção fica bem clara no final da exibição. De repente você olha para o lado e pergunta a si mesmo: "Era isso!? Só isso!?". A questão que ninguém fala é que de tempos em tempos a crítica americana elege seus "queridinhos" e então todo e qualquer filme lançado por esse seleto grupo de diretores cai nas graças deles e em consequência pelo resto do mundo - até porque o que é elogiado dentro dos Estados Unidos tem a tendência de ser elogiado também no mercado internacional, a reboque. Ethan Coen e Joel Coen são a bola da vez. Não nego o talento dos irmãos siameses, longe disso, mas o fato é que esse é o pior filme da dupla, beirando as raias da imbecilidade completa. Curioso notar também o elenco de primeiro escalão que eles conseguiram reunir. É como eu disse, quando um cineasta cai nas graças dos críticos americanos quaisquer projetos dirigidos por eles logo viram verdadeiros chamarizes de estrelas, muitas delas em busca de resenhas positivas a qualquer custo. No geral "Burn After Reading" é uma tremenda bobagem, com cenas engraçadinhas que não vão para lugar nenhum. A única coisa que realmente vai levá-lo até o fim é o elenco estelar. Muitos deles pagando mico mesmo. George Clooney hoje em dia é uma celebridade, mais do que um ator, então não importa muito. O que me surpreende mesmo é ver gente do quilate de John Malkovich embarcando nessa barca furada. Se não conhece deixe para lá, e se já viu esqueça, é o melhor a fazer.
Pablo Aluísio.
Encontro às Escuras
Título Original: Blind Date
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Blake Edwards
Roteiro: Dale Launer
Elenco: Kim Basinger, Bruce Willis, John Larroquette
Sinopse:
Como todo workaholic (viciado em trabalho), Walter Davis (Willis) não consegue encontrar mais tempo livre para sua vida pessoal. O problema é que haverá em breve um importante jantar de negócios de sua empresa com um cliente japonês e ele não tem nenhuma namorada para levar. Na correria seu irmão então lhe arranja Nadia (Basinger) para lhe acompanhar no evento. Mal sabe o pobre Davis na confusão em que está se metendo!
Comentários:
Bruce Willis em seu primeiro filme no cinema. Bem, tecnicamente falando não foi o primeiro já que ele tinha participado de algumas outras produções, como coadjuvante (coloca coadjuvante nisso). Na verdade foi o primeiro em que ele estrelou, produzido por um estúdio que resolveu apostar em seu nome após seu sucesso na série de TV "A Gata e o Rato". Por essa época Willis não era encarado como um brucutu de filmes de ação, mas sim como um comediante com sorriso cínico e tiradas irônicas. Por isso nada de tiros e bombas nessa comédia romântica. Ao seu lado temos outro ícone dos anos 80, a atriz Kim Basinger, que sinceramente falando nunca achei muito bonita, embora sempre percebi que ela era uma daquelas mulheres que sabiam muito bem jogar com sedução e charme - embora não seja excepcionalmente bela em termos puramente estéticos. O roteiro é leve, com toques que nos lembram das antigas comédias de costumes que eram tão populares nos anos 60. No clima de romance misturado com pitadas de humor mais sofisticado, sobram alguns poucos momentos realmente memoráveis. De qualquer forma não faz mal e nem engorda. Enfim, diversão (quase) inocente, com pegada desprentensiosa e inofensiva sob a batuta do veterano diretor Blake Edwards.
Pablo Aluísio.
sábado, 3 de janeiro de 2015
Malévola
Título Original: Maleficent
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: Robert Stromberg
Roteiro: Linda Woolverton, Charles Perrault
Elenco: Angelina Jolie, Elle Fanning, Sharlto Copley
Sinopse:
Filme baseado na obra "La Belle au bois dormant" que conta as origens de Maleficent ou Malévola, uma criatura poderosa da floresta que após ser traída e humilhada resolve se tornar má, se vingando de todos os que lhe prejudicaram. Filme indicado Golden Trailer Awards.
Comentários:
Não achei excepcional por causa da própria ideia por trás da realização do filme. Eu já estou um pouco farto dessas adaptações de contos infantis porque no fundo tudo soa muito parecido. Transformam bonitas estorinhas para crianças em algo adulto, exageradamente complexo do ponto de vista psicológico. A meninada precisa desses contos, assim como eu precisei quando era criança. As estorinhas devem continuar a ser simples, de fácil entendimento, onde bruxas são bruxas, fadas são fadas e princesas são princesas. Como sempre acontece, nesse Malévola pegaram a bruxa de "A Bela Adormecida" e criaram todo um enredo em torno dela, mostrando as razões dela ter ficado tão má. Justifica? Claro que não! A pobre princesa adormecida virou coadjuvante de sua própria vilã! Isso talvez sirva para provar que atualmente os malvados são mais admirados, numa estranha inversão de valores morais. Em relação ao filme em si, é bem realizado, não poderia ser diferente, mas a maquiagem da atriz Angelina Jolie é bem estranha, a deixando com o rosto quadrado, que somado ao botox que Angelina usa, cria uma sensação bizarra em quem vê. No final, apesar de terem tentado, ela continuou sendo uma bruxa!
Pablo Aluísio.
Corações de Ferro
Título no Brasil: Corações de Ferro
Título Original: Fury
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: David Ayer
Roteiro: David Ayer
Elenco: Brad Pitt, Shia LaBeouf, Logan Lerman, Michael Peña, Jim Parrack, Scott Eastwood
Sinopse:
Em abril de 1945 as forças aliadas começam a grande invasão da Alemanha, já nos últimos meses da II Guerra Mundial. Ao entrarem dentro do país inimigo os soldados americanos liderados pelo sargento Don 'Wardaddy' Collier (Brad Pitt) descobrem que estão prestes a enfrentar o maior desafio de suas vidas naquela guerra que parece não ter fim. Filme indicado aos prêmios da Screen Actors Guild Awards e Broadcast Film Critics Association Awards.
Comentários:
Um filmaço! Simples assim... Fazia bastante tempo que Hollywood não explorava tão bem a Segunda Guerra Mundial. O gênero dos filmes de guerra foi muito popular no passado, mas ultimamente estava em segundo plano. Para falar a verdade poucos e pontuais filmes foram realizados nos últimos tempos. Pois bem, aqui está uma produção classe A, com roteiro excelente e personagens marcantes. O roteiro foca bastante na conturbada relação entre o comandante durão interpretado por Pitt, um sujeito que precisa ser forte o suficiente para comandar seus homens e um novato, o jovem soldado Norman Ellison (Logan Lerman), que por ser jovem demais não tem o preparo psicológico e físico para enfrentar tamanho desafio. O clima em geral é de desolação, destruição completa. Os prédios estão em chamas e a população civil vaga em busca de alimentos. Os traidores estão penduradas em postes, com placas no pescoço relatando seus crimes contra o Estado nazista. Brad Pitt lidera esse pequeno grupo de homens que luta dentro de um tanque americano "carinhosamente" chamado de "Fury". E é justamente usando de muita fúria e bravura que eles tentarão sobreviver a um dos conflitos mais brutais e sangrentos da história.
Em seus últimos dias a Alemanha de Hitler definhava e agonizava. Sem homens para lutar o führer, completamente desesperado, começou a alistar crianças e jovens sem qualquer experiência de combate. Quando os aliados adentraram as fronteiras alemãs eles acabaram encontrando não apenas cidades destruídas, mas também o coração de um povo em chamas. Há várias sequências fantásticas porém destaco duas em especial. Na primeira o pequeno grupo de tanques sob comando de Brad Pitt enfrenta um poderoso tanque alemão Tiger, um verdadeiro monstro da guerra! A verdade é que os armamentos alemães eram de certa forma bem mais resistentes e poderosos do que os americanos. O que fez a Alemanha perder a guerra foi em última análise a falta de poderio industrial para repor as perdas do campo de combate. Esse confronto mostrado no filme entre as forças de infantaria é desde já uma das melhores do cinema. Em outro momento marcante o tanque Fury fica avariado numa encruzilhada enquanto um pelotão inteiro de fanáticos soldados SS se aproxima! Ótima sequência que vem para fechar em grande estilo esse ótimo war movie. Assim não resta mais o que dizer. "Fury" é de fato um dos melhores filmes do ano, sem favor algum.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
Menina Má.Com
Título Original: Hard Candy
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Lions Gate Films
Direção: David Slade
Roteiro: Brian Nelson
Elenco: Patrick Wilson, Ellen Page, Sandra Oh
Sinopse:
Jeff (Patrick Wilson) é um fotógrafo de mais de 30 anos que tem uma queda por adolescentes bonitas. Hayley (Ellen Page) é uma garota de apenas 14 anos que o conhece em uma lanchonete. Após um breve bate papo Jeff a convida para conhecer seu apartamento. O encontro logo tomará rumos completamente inesperados.
Comentários:
Filme ícone da carreira da atriz Ellen Page. Aqui ela interpreta uma adolescente supostamente indefesa contra um sujeito bem mais velho do que ela - eu escrevi "supostamente", pois a verdade é que o roteiro de forma muito inteligente subverte as regras do jogo, transformando o predador em presa e a vítima em algoz. É um exemplo de roteiro simples, baseado basicamente em apenas uma situação, que funciona maravilhosamente bem. Isso porém só seria possível com a presença de uma dupla de atores afiados em cena. Page, que recentemente assumiu sua homossexualidade (algo de que já desconfiava) dá show em sua interpretação. De mocinha delicada e ingênua para um verdadeiro surto psicopata. Wilson surpreende, dando o devido pânico para seu personagem encurralado. Uma produção de suspense ao velho estilo que lida de forma diferente com o terrível tema da pedofilia, tão presente em nossa sociedade nos dias atuais.
Pablo Aluísio.
Águia de Aço
Título Original: Iron Eagle
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Sidney J. Furie
Roteiro: Kevin Elders, Sidney J. Furie
Elenco: Louis Gossett Jr, Jason Gedrick, David Suchet
Sinopse:
Quando o caça do pai do jovem piloto Doug Masters (Jason Gedrick) é abatido por dois MIGs inimigos, ele vai até o Coronel Charles 'Chappy' Sinclair (Louis Gossett Jr.) com uma proposta ousada e incomum: como o governo americano não quer um problema diplomático com nações do bloco socialista, eles dois iriam até o território inimigo em uma missão não oficial para resgatar o pai de Doug que se encontra prisioneiro. Para isso dar certo porém ele terá que pilotar seu caça de última geração da Califórnia até o Mediterrâneo sem ser detectado por radares americanos e inimigos.
Comentários:
Eu me recordo bem que na época o filme "Iron Eagle" foi recebido com bastante reserva por parte da crítica em seu lançamento. Muitos acharam que o filme era apenas uma espécie de genérico de "Top Gun", o grande sucesso com Tom Cruise no ano anterior. Em minha forma de entender há certamente semelhanças de roteiro (afinal temos aqui um personagem que segue bem de perto os passos do piloto interpretado por Cruise em seu blockbuster), porém a verdade é que o público alvo de "Águia de Aço" era ligeiramente diferente do que curtiu o outro filme que lhe serviu de modelo. Ali havia doses de romance, drama e como pano de fundo os modernos aviões da Marinha Americana. Aqui o ponto focal do roteiro é a pura diversão, acima de tudo. Assim ao invés de se perder muito tempo construindo psicologicamente cada personagem do script, parte-se logo para a ação com muita adrenalina e cenas de combate pelos ares. Isso de certa forma garantiu o sucesso da produção no mercado de vídeo VHS. É importante lembrar que embora "Águia de Aço" tenha sido lançado nos cinemas - inclusive aqui no Brasil - sua bilheteria ficou muito longe e distante do estrondoso sucesso estrelado por Cruise. Porém nas locadoras o filme fez bonito, conseguindo inclusive ficar várias semanas no Top 10 dos mais locados. Enfim, se você estiver em busca de um action movie da década de 1980 com aviões se enfrentando pelos céus do mundo, "Iron Eagle" certamente é uma boa pedida.
Pablo Aluísio
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
O Juiz
Título no Brasil: O Juiz
Título Original: The Judge
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: David Dobkin
Roteiro: Nick Schenk, Bill Dubuque
Elenco: Robert Downey Jr., Robert Duvall, Vera Farmiga, Billy Bob Thornton, Vincent D'Onofrio, Leighton Meester, Dax Shepard
Sinopse:
Hank Palmer (Robert Downey Jr) é um advogado rico e bem sucedido de Nova Iorque. Defendendo todos os tipos de criminosos poderosos, como fraudadores de seguros e executivos do colarinho branco, ele acaba conseguindo formar uma pequena fortuna. Quando sua mãe falece no interior de Indiana ele precisa retornar para sua cidadezinha natal para prestar suas últimas homenagens. A volta porém logo se mostrará bem complicada pois além de rever antigos amigos e amores do passado, Hank precisará também lidar com seu pai, o juiz Joseph Palmer (Robert Duvall), um homem duro e austero, da velha escola, que tem problemas de relacionamento com ele. Quando Joseph é acusado de atropelar uma pessoa, Hank se oferece para lhe defender no tribunal, o que se provará ser a grande chance para que finalmente ambos se reconciliem definitivamente. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Robert Duvall).
Comentários:
Em um primeiro momento você vai pensar que irá assistir a um filme de tribunal, bem de acordo com aqueles antigos clássicos americanos que todos os cinéfilos já conhecem tão bem. Essa porém é uma visão um pouco equivocada. Explico. Apesar da trama girar superficialmente sobre o caso de um juiz acusado de matar um homem deliberadamente, o que temos aqui não é um filme estritamente de tribunal, mas sim um autêntico e muito bem escrito drama familiar. Olhando-se atentamente logo perceberemos que o importante não é o julgamento em si, e nem o escândalo de acompanhar um veterano juiz (interpretado maravilhosamente bem por Robert Duvall) no banco dos réus, mas sim seu conturbado relacionamento com o próprio filho que não vê há anos. Por ter causado um acidente de carro no passado e por ter sido o mais rebelde de seus três filhos, criou-se um abismo entre eles, onde ambos não conseguem mais expressar sinceramente seus sentimentos um para o outro. A morte da mãe poderia ser um momento de redenção, mas para o velho durão há pouco espaço para diálogo e perdão. Esse roteiro é brilhante porque o velho juiz, que se considerava acima do bem e do mal, começa a entender toda a sua fragilidade como um ser humano comum. Ele está seriamente doente, embora tente esconder isso.
Algumas cenas que exploram isso são muito tocantes, em especial àquelas em que ele finalmente se revela vulnerável na presença de seu próprio filho. Esse por sua vez passou a vida inteira tentando provar algo ao pai, lutando para deixar seu velho orgulhoso, embora nunca tenha recebido nenhum elogio em troca, sendo sempre ignorado. São duas pessoas que se amam no fundo, mas que por um motivo ou outro resistem a dar o braço a torcer. São muito orgulhosos para isso. A vida, como sempre, lhes ensinará uma importante lição. O elenco é magistral e conta com um grupo de atores coadjuvantes de muitas séries americanas atuais (quem gosta de seriados terá uma surpresa em praticamente cada nova cena). Assim recomendo o filme sem receios. Adorei praticamente tudo e digo isso não apenas por ser do meio jurídico, do direito que também amo, mas por trazer um retrato sincero do relacionamento (quase) sempre problemático que pode surgir entre pai e filho. Um grande filme que merece ser assistido com atenção. Certamente vai deixar muitos filhos (e pais) reflexivos sobre seu próprio modo de agir e se relacionar.
Pablo Aluísio.
O Homem Urso
Título no Brasil: O Homem Urso
Título Original: Grizzly Man
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Lions Gate Films, Discovery Docs
Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Elenco: Timothy Treadwell, Amie Huguenard, Werner Herzog
Sinopse:
Documentário que procura seguir os passos do ambientalista Timothy Treadwell, que ficou conhecido por causa de suas imagens capturadas em uma reserva natural do Alasca, onde filmou ursos selvagens em seu próprio habitat. Interagindo perigosamente com os animais ele resolve realizar aquela que seria sua última expedição ao lado da namorada Amie Huguenard. O destino porém reservava um trágico final para ambos. Filme vencedor do Sundance Film Festival na categoria de Melhor Direção. Também vencedor do prêmio National Society of Film Critics Awards na categoria de Melhor Documentário.
Comentários:
Há bastante tempo estava para assistir esse documentário dirigido pelo cineasta Werner Herzog. Obviamente já o conhecia bastante de nome, até porque o filme foi muito comentado em seu lançamento, ganhando vários prêmios importantes pelos festivais mundo afora. A história é bem triste e ao mesmo tempo esclarecedora. Herzog se utilizou das imagens feitas pelo próprio Timothy Treadwell, um sujeito cheio de boas intenções que se equivocou bastante ao atravessar uma linha que separa o nosso mundo dos ursos pardos do Alasca. Lamento pelo seu trágico fim, mas a realidade do mundo é que devemos respeitar a natureza. Com um olhar inocente e fora da realidade, ele rompeu todos os limites que deveria ter respeitado. O próprio Herzog deixa isso claro mais de uma vez em sua narração em off (excelente por sinal). Não basta ter uma visão romântica e ecologicamente pueril do reino animal, deve-se entender que o mundo natural é regido por leis que independem da vontade humana.
Quando Timothy Treadwell, cheio de si mesmo, se auto proclamou defensor único da natureza, das raposas e dos ursos, indo contra as leis de proteção ambiental (dentre elas uma que determinava ser proibido chegar a menos de 100 metros dos ursos selvagens) ele se colocou imediatamente em risco e por tabela também os próprios animais que dizia defender. O desfecho é horripilante, mas Herzog resolveu deixar de fora do documentário o áudio real do ataque que colocou fim na trajetória de Timothy Treadwell. Ao invés de colocar o som no filme ele decidiu tomar o depoimento do médico legista. Depois, quando finalmente teve acesso ao áudio pela primeira vez, se limitou a dizer o que ouviu, se negando a utilizar o material em seu filme. Fez bem. Para os curiosos é bom ressaltar que Youtube existe um trecho supostamente verdadeiro, com pouco mais de um minuto que realmente impressiona pela ferocidade do que ouvimos. No mais, tirando a tragédia de lado, o que temos também são belas imagens dessas feras, predadores perfeitos de uma natureza que não clama por defensores, mas sim por respeito e limites bem definidos.
Pablo Aluísio.