CHOBA B CCCP foi o álbum que Paul McCartney gravou especialmente para o povo russo em 1987. Ele ficou sabendo que os fãs russos compravam cópias contrabandeadas dos discos dos Beatles na época da guerra fria e decidiu que iria gravar algo especial para seus fãs que viviam atrás da cortina de ferro. O regime comunista soviético proibiu a venda dos discos dos Beatles durante os anos 60, por entender que o material era propaganda decadente do capitalismo ocidental. Uma típica visão radical e idiota, própria dos comunistas em geral.
O LP foi gravado meados de 1987, com vários covers e novas versões de Paul para clássicos do rock, principalmente da primeira geração do rock ´n´ roll americano. É interessante notar que esse tipo de disco iria até se tornar bem comum depois dentro da discografia de Paul (basta lembrar de "Run Devil Run"), mas que naquele momento era algo inédito em sua carreira. O curioso é que Paul quis desde o começo que o disco fosse vendido apenas na Rússia (na época chamada de União Soviética). A Perestroika e a Glasnost já estavam na ordem do dia e com a abertura do regime linha dura comunista Paul conseguiu, pela primeira vez em sua vida, lançar um disco oficial em solo russo!
Como a EMI Odeon não tinha autorização de abrir filiais e vender seus produtos na URSS, Paul precisou vender os direitos autorais para uma gravadora russa pequena chamada Melodiya. No começo foram prensadas apenas 10 mil cópias que imediatamente começaram a chegar ao ocidente, através da Alemanha. Era uma grande ironia do destino. Na época dos Beatles os fãs russos compravam cópias no mercado negro para ouvir. Agora eram os russos que vendiam os discos de Paul para os ocidentais, atraídos principalmente pelo alto valor de cada cópia, uma vez que o disco não havia sido lançado na Europa ocidental. De qualquer forma "CHOBA B CCCP" acabou se tornando mais uma preciosidade na discografia de Paul McCartney, algo que iremos falar em detalhes nos próximos textos. Até lá!
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
The Beatles - Long Talll Sally
Sempre achei esse um dos mais curiosos lançamentos dos Beatles. Se trata de um EP (sigla em inglês que no Brasil significava o equivalente ao nosso compacto duplo, pequeno vinil com apenas quatro ou cinco faixas). É interessante porque os Beatles resolveram gravar três covers e uma faixa que embora composta por Lennon e McCartney havia sido dada para ser gravada pelo grupo Billy J. Kramer and The Dakotas.
Estamos falando de "I Call Your Name", uma canção que passa longe de ser uma das melhores do grupo, mas que mantém o interesse, principalmente por causa da boa performance. Anos depois algumas biografias afirmaram que os Beatles resolveram gravar a música após John Lennon se sentir "enciumado" com a boa gravação de Kramer. Ele achava que poderia fazer melhor e sugeriu ao conjunto que registrasse sua própria gravação nos estúdios da Abbey Road. O resultado pode ser ouvido aqui.
Já as três outras gravações covers são maravilhosas. "Long Tall Sally" é o grande sucesso da carreira de Little Richard (Richard Penniman). Essa vinha acompanhando os Beatles desde os tempos em que eles eram apenas um grupo de adolescentes sonhando em gravar um disquinho algum dia. Paul McCartney era um fã do estilo de Richard e conseguia, mesmo quando tinha apenas 15 anos, tirar ótimas versões da música. Um momento bem nostálgico para os Beatles, um rock dos velhos e bons tempos. Também é bom lembrar que esse rock também havia sido gravado por Elvis Presley, fazendo parte de seu segundo álbum pela RCA Victor, em 1956. Como os Beatles eram grandes fãs de Elvis, era algo natural eles também decidirem gravar sua versão.
"Slow Down" de Larry Williams era geralmente usada para finalizar os concertos ao vivo. Segundo as próprias palavras de Paul era um "rock numa nota alta" que os Beatles usavam para se despedir de seu público de maneira bem empolgante, para cima. Geralmente era usada quando os Beatles estavam meio fartos de tocar suas próprias composições. O EP se encerra com "Matchbox" de Carl Perkins. Como se sabe os garotos de Liverpool tiveram seu primeiro contato com o rock americano através de singles que vinham dos Estados Unidos através do porto da cidade. Singles da Sun Records eram especialmente apreciados e Carl Perkins sendo um artista do selo logo se tornou também ídolo dos Beatles. Assim o que temos aqui é uma pequena amostra de onde veio a musicalidade do Fab Four. Uma justa homenagem deles aos pioneiros do rock americano. Melhor do que isso impossível.
The Beatles - Long Tall Sally (1964)
1. Long Tall Sally (Johnson, Richard Penniman, Robert Blackwell)
2. I Call Your Name (Lennon - McCartney)
3. Slow Down (Larry Williams)
4. Matchbox (Carl Perkins)
Pablo Aluísio.
Estamos falando de "I Call Your Name", uma canção que passa longe de ser uma das melhores do grupo, mas que mantém o interesse, principalmente por causa da boa performance. Anos depois algumas biografias afirmaram que os Beatles resolveram gravar a música após John Lennon se sentir "enciumado" com a boa gravação de Kramer. Ele achava que poderia fazer melhor e sugeriu ao conjunto que registrasse sua própria gravação nos estúdios da Abbey Road. O resultado pode ser ouvido aqui.
Já as três outras gravações covers são maravilhosas. "Long Tall Sally" é o grande sucesso da carreira de Little Richard (Richard Penniman). Essa vinha acompanhando os Beatles desde os tempos em que eles eram apenas um grupo de adolescentes sonhando em gravar um disquinho algum dia. Paul McCartney era um fã do estilo de Richard e conseguia, mesmo quando tinha apenas 15 anos, tirar ótimas versões da música. Um momento bem nostálgico para os Beatles, um rock dos velhos e bons tempos. Também é bom lembrar que esse rock também havia sido gravado por Elvis Presley, fazendo parte de seu segundo álbum pela RCA Victor, em 1956. Como os Beatles eram grandes fãs de Elvis, era algo natural eles também decidirem gravar sua versão.
"Slow Down" de Larry Williams era geralmente usada para finalizar os concertos ao vivo. Segundo as próprias palavras de Paul era um "rock numa nota alta" que os Beatles usavam para se despedir de seu público de maneira bem empolgante, para cima. Geralmente era usada quando os Beatles estavam meio fartos de tocar suas próprias composições. O EP se encerra com "Matchbox" de Carl Perkins. Como se sabe os garotos de Liverpool tiveram seu primeiro contato com o rock americano através de singles que vinham dos Estados Unidos através do porto da cidade. Singles da Sun Records eram especialmente apreciados e Carl Perkins sendo um artista do selo logo se tornou também ídolo dos Beatles. Assim o que temos aqui é uma pequena amostra de onde veio a musicalidade do Fab Four. Uma justa homenagem deles aos pioneiros do rock americano. Melhor do que isso impossível.
The Beatles - Long Tall Sally (1964)
1. Long Tall Sally (Johnson, Richard Penniman, Robert Blackwell)
2. I Call Your Name (Lennon - McCartney)
3. Slow Down (Larry Williams)
4. Matchbox (Carl Perkins)
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Paul McCartney - Press To Play (1986)
Depois dos ótimos discos "Tug Of War" e "Pipes of Peace" Paul McCartney deu continuidade em sua carreira nos anos 80 lançando em 1986 o álbum "Press to Play". Eu me recordo que o disco foi esperado com grande expectativa pelos fãs do ex beatle. O fato é que nos anos 80 Paul conseguiu emplacar vários hits inesquecíveis e formou parcerias musicais extremamente produtivas ao lado de artistas como Stevie Wonder e Michael Jackson. Além do sucesso nas paradas musicais Paul também vinha apresentando uma ótima sequência de excelentes clips promocionais para suas canções. Dessa forma tudo soava a favor de seu novo lançamento, que chegaria ao mercado bem no auge de sua popularidade na carreira solo. O primeiro clip promocional do disco foi vinculado no programa Fantástico da Rede Globo (não existia ainda a MTV em nosso país) e mostrava um cantor bem à vontade pegando carona no Metrô de Nova Iorque. Era de certa forma um videoclip bem mais simples e modesto do que o material que vinha sendo apresentando antes, mas cumpria sua meta de promover o novo disco que estava para ser lançado. A canção era muito boa e tinha bom ritmo. Além disso trazia uma novidade para o nosso país: a participação talentosa do guitarrista brasileiro Carlos Alomar. Na mesma semana o disco finalmente foi lançado no Brasil.
Provavelmente eu fui uma das primeiras pessoas a comprar o disco no Brasil já que o adquiri quando ele literalmente chegou nas prateleiras. Naquele momento só conhecia mesmo "Press" que já vinha tocando regularmente nas rádios brasileiras com extrema habitualidade. Era um novo sucesso de Paul, não restava dúvidas. A direção de arte da capa de "Press To Play" era de extremo bom gosto, uma foto tirada com o mesmo equipamento usado na era de ouro de Hollywood na década de 30. Por isso a capa possui todo esse charme retrô e vintage que lhe caía muito bem. O álbum apesar de não ser duplo vinha com dupla capa, sendo que em seu interior Paul colocou dois desenhos com as respectivas fichas técnicas de forma esquematizada. Se a parte gráfica era excelente, a musical deixou a desejar. Confesso que a primeira audição do disco me causou certa decepção. De primeira mão só consegui encontrar 3 faixas fortes no disco: Stranglehood (muito bem arranjada com inspirada execução de cordas), "Only Love Remains" (uma das mais belas baladas românticas de Paul na era pós Beatles, com lindo arranjo de piano) e a própria "Press" (com uma sonorização diferente da versão que saiu nos EUA - muito superior na minha opinião). As demais músicas do disco não ficavam à altura das expectativas. Paul chegava inclusive a requentar velhos arranjos de seu passado como os que tinha utilizado em "London Town" (na parte falada do disco "spoken word"). Também não havia nenhuma parceria digna de maior nota no restante do álbum (seu trabalho ao lado de Eric Stewart não foi muito bom na minha opinião).
O fato é que Paul formou uma banda nova para o disco, chamando músicos talentosos mas o resultado final ficou abaixo do que se esperava. O disco também não correspondeu muito bem nas paradas pois das demais músicas apenas "Only Love Remains" ganhou algum destaque, sendo promovida inclusive com um bonito videoclip (o segundo e último do disco). O LP também trazia uma sonoridade que tentava se comunicar melhor com os arranjos mais em moda dos anos 80 com farto uso de sintetizadores, o que causou o efeito oposto com o tempo o deixando bem datado hoje em dia. Atualmente o disco está meio esquecido. As músicas não estão entre as mais populares de Paul e ele ignorou completamente o disco em suas apresentações ao vivo. "Press to Play" no final das contas demonstra que até mesmo os grandes nomes da música possuem seus momentos "menores". O fato é que depois da pouca repercussão do disco Paul acabou deixando de lado discos mais produzidos como esse para alcançar novos limites e tentar novas ideias para sua carreira, lançando, por exemplo, um disco "pirata" na União Soviética e gravando um belo trabalho ao lado de Elvis Costello (Flowers In The Dirty) para fechar com chave de ouro a década de 1980. Mas essa é uma outra história...
1. Stranglehold (Paul McCartney / Eric Stewart) - Alguns arranjos sempre vão soar bons, não importa o tempo passado. Veja, por exemplo, o caso da música "Stranglehold". Esse tipo de sonoridade poderia estar em qualquer disco dos pioneiros do rock americano na década de 1950. Carl Perkins, Buddy Holly, qualquer um deles poderia assinar uma canção com essa levada. Aqui Paul valoriza os instrumentos básicos das primeiras bandas de rock, dando destaque para o bom e velho violão. Um sax maroto, que sempre me pareceu ter saído dos Comets, o grupo que acompanhava Bill Halley, completa o quadro musical. Paul usa em sua letra também um velho clichê dos primeiros compositores do rock, com várias perguntas que vão se repetindo ao longo da canção. Também gosto do estilo de composição "apoteótica", onde a harmonia vai sempre num crescente, um velho estilo que sempre apresentou ótimos resultados. Em suma, esse é uma das melhores músicas desse álbum de Paul McCartney. Deveria inclusive ter virado single, com maior divulgação.
2. Good Times Coming / Feel the Sun (Paul McCartney) - A música anterior mostrava que Paul sempre soava melhor quando ia nas raízes musicais, sem muita pretensão. Um pouco disso também se ouve em "Good Times Coming / Feel the Sun", na verdade uma dobradinha que Paul trouxe direto dos tempos dos Wings. Não precisa ir muito longe para perceber bem isso. Basta entrar aquele corinho com Linda e demais vocalistas de apoio para entender bem isso. Paul ainda inseriu uma bela melodia, tocada numa guitarra melosa ao estilo David Gilmour. Gosto da parte "Good Times Coming", mas não tanto de "Feel The Sun". Falta letra nessa segunda parte. Penso que esse foi um dos motivos de Paul ter unido as duas canções em uma pequeno medley. O refrão é bom, contagiante, simpático e agradável aos ouvidos, mas nada muito além disso. O solo de guitarra novamente salva tudo do lugar comum nos últimos acordes. Eric Stewart sempre um craque com seu instrumento.
3, Talk More Talk (Paul McCartney) - Que Paul McCartney é um dos grandes gênios da história da música, disso ninguém tem dúvidas. Agora, que até mesmo os gênios dão pequenos tropeços, poucos param para pensar um pouco sobre isso. O álbum "Press To Play" trazia excelentes canções em seu repertório, porém havia alguns deslizes também. Músicas sem muita inspiração que passavam a impressão de que Paul não tinha se esforçado muito ou então as incluiu no disco apenas para preencher espaço. "Talk More Talk" era bem isso. A introdução por si só já era horrível, mesmo contando com a participação muito especial da família de Paul, com destaque para o filho James. Aquele arranjo com violinos até poderia esconder as fragilidades da canção, mas é impossível negar que é uma faixa muito vazia, sem consistência harmônica. Paul usa e abusa de um refrão supostamente pegajoso para transformar a música em sucesso FM, mas é de se perguntar: a que preço? Essas partes faladas também não funcionavam. Paul já havia usado isso em "London Town" de 1978. Se naquele disco isso não funcionava porque ele voltou à repetir o mesmo erro? Estaria tentando provar algo aos críticos? Quem sabe o que se passava em sua cabeça... o fato era que essa faixa sim era bem fraca, sem muita qualidade.
4. Footprints (Paul McCartney / Eric Stewart) - "Footprints" tem uma simplicidade cativante. Aquele tipo de música que poderia ser tocada ao lado de uma fogueira na praia, durante um luau. Paul manteve a simplicidade da composição original na gravação de estúdio. Ele também canta a música de forma bem terna, sem qualquer afetação. Outra coisa que salvou a gravação é que Paul afastou qualquer resquício daquele tipo de som bem de acordo com os anos 80, com aqueles sintetizadores incômodos. O resultado ficou bonito. Existem alguns efeitos sonoros, mas bem pontuais e dentro da proposta da canção. Gosto bastante dessa faixa. É um dos bons momentos do álbum.
5. Only Love Remains (Paul McCartney) - Bom, se há uma música que justifica a existência desse álbum de Paul McCartney essa é "Only Love Remains". Com um arranjo belíssimo, ao piano, essa é sem favor algum uma das melhores melodias escritas por Paul nos anos 80. Em um disco com tantos altos e baixos, McCartney conseguiu criar uma verdadeira obra prima (mais um em sua longa lista de belas baladas românticas). "Only Love Remains" aliás prova algumas coisas, uma delas que muitas vezes o caminho é a simplicidade. Essa não é uma canção extremamente arranjada, com arroubos orquestrais. Pelo contrário, tudo está no lugar certo e nunca atropela a melodia, essa sua grande qualidade. E letra traz sua mensagem definitiva com a frase "E o amor é tudo o que fica, apenas o amor permanece", Perfeito, sem retoques.
6. Press (Paul McCartney) - Em 1986 Paul lançou mais um álbum, intitulado "Press To Play". As reações não foram tão boas como em outros discos de sua carreira solo. Isso era até previsível pois Paul vinha de uma sucessão de grandes discos nos anos 80. Basta lembrar de "Tug of War" (provavelmente seu melhor trabalho após os Beatles) e até mesmo "Pipes of Peace" (que trazia nada mais, nada menos, do que Michael Jackson como artista convidado). Assim as expectativas estavam altas demais para qualquer novo lançamento de músicas inéditas assinadas por Paul. A música de trabalho desse novo disco foi "Press". A canção ganhou um cilp (como era de praxe na época) e foi bastante divulgada nas rádios. Acabou virando um hit, porém curiosamente não ficou tão marcada na carreira de McCartney como tantos outros clássicos. Ele nunca a tocou ao vivo e nem a trouxe de volta aos seus shows. De certa maneira é aquele tipo de faixa que ficou parada mesmo lá nos anos 80. Isso porém não significa que seja uma música ruim ou fraca. Longe disso. "Press" tem um ótimo arranjo, com destaque para a participação do músico brasileiro Carlos Alomar, em um brilhante solo de guitarra. A gravação é de alto nível, beirando o perfeccionismo, como é comum nos trabalhos de Paul McCartney.
7. Pretty Little Head (Paul McCartney / Eric Stewart) - Uma das músicas mais trabalhadas por Paul nas rádios da Europa foi "Pretty Little Head" que inclusive chegou a ser lançada como single na Inglaterra. Essa música era nitidamente uma tentativa de Paul em soar moderninho, tentando capturar a sonoridade da música techno britânica dos anos 80. Nunca gostei da música em si. Paul McCartney foi um Beatle, fez parte de uma das bandas mais importantes da história do rock de todos os tempos. O que ele precisava ainda provar? Que era modernoso? Bobagem. McCartney simplesmente não precisava desse tipo de coisa. Simples assim. E no final das contas o que era moderno acabou ficando bem datado. Esses sintetizadores já aborreciam na época de lançamento do disco, imaginem hoje em dia! Esse tipo de gravação soa hoje em dia mais envelhecida do que qualquer outra coisa que Paul tenha feito na década anterior.
8. Move Over Busker (Paul McCartney / Eric Stewart) - Para dar certo bastava voltar para o bom e velho rock ´n´ roll, onde Paul finalmente se recuperou com "Move Over Busker". Para gravar essa simpática música ao estilo anos 50, Paul chamou duas feras no estúdio onde estava gravando o álbum, trazendo Pete Townshend para a guitarra e Phil Collins na bateria. Havia se tornado uma tradição desde os tempos de "Tug of War" esse tipo de participação especial de grandes músicos nos discos de Paul. Era uma parceria que havia rendido ótimos frutos, então nada mais natural do que repetir a dose. Pete Townshend, por exemplo, estava bastante inspirado nesse dia, tirando ótimos solos de seu instrumento. Paul o incentivou a improvisar, tocar numa boa, sem amarras. O resultado ficou simplesmente perfeito. Puro rock, sem bobagens, frescuras e modernices desnecessárias.
9. Angry (Paul McCartney / Eric Stewart) - Outra canção que merece destaque é "Angry". Ao contrário de "Press" ela não foi trabalhada por Paul para ser tocada nas rádios e nem virou sucesso na época. Acabou circulando apenas entre os fãs dos Beatles e de Paul que compraram o LP. De certa maneira ela tem uma sonoridade que lembra o punk inglês dos anos 70, mas com uma pitada dos velhos sucessos do rock´n´n roll em seus primórdios, lá nos anos 50, quando os primeiros singles desse novo gênero musical chegavam nas lojas. Em um disco com pouco mais de dez faixas afirmo que há pelo menos quatro grandes momentos (o que convenhamos não deixa de ser uma boa média). Uma das faixas que foram injustamente subestimadas e caíram no esquecimento foi justamente esse rock com espírito anos 50 chamado "Angry". A gravação inclusive me lembra uma jam session por parte de Paul e seu grupo de apoio (contando, olhem só, com Pete Townshend na guitarra e Phil Collins na bateria!). É bom salientar que isso não é um defeito, mas um mérito, simplesmente porque nem sempre uma grande produção garante uma grande música. Muitas vezes a simplicidade é tudo em uma faixa como essa! Tirando os vocais típicos do Wings (que nos remete aos anos 70) tudo o mais me faz lembrar das velhas gravações dos tempos da Sun Records ou até mesmo antes disso! O ritmo é bem envolvente e a letra, sucintamente simplória, completa ainda mais o quadro nostálgico. Só resta saber como um quarentão como Paul na época ainda encontrou toda essa energia adolescente revoltosa e rebelde em plenos anos 80! Ponto para o bom e velho Sir Macca e sua eterna juventude roqueira. É assim que se faz meu caro...
10. However Absurd (Paul McCartney / Eric Stewart) - O mesmo infelizmente não pode ser dito da teatral "However Absurd". Aqui há excessos que não caem bem. Paul erra até mesmo no estilo vocal que adota. Não digo que a melodia seja ruim, suas linhas musicais repetitivas possuem seu charme, mas Paul deveria ter escolhido a simplicidade em seus arranjos, algo como voz e violão. Outra coisa que vai incomodar alguns é a escassez de maiores notas musicais, o que traz uma sensação de repetição que vai cansando o ouvinte pela repetição. Também não gosto da letra. Versos como os que reproduzo a seguir não me dizem nada: "Orelhas contorcidas, como um cachorro / Quebrando ovos em um prato / Não me zombe quando eu digo / Que isso não é uma mentira". Vamos convir, não ficou bom.
11. Write Away (Paul McCartney / Eric Stewart) - Esse projeto "Press to Play" não foi composto apenas pelas músicas que saíram no disco original, no vinil de 1986. Paul gravou outras faixas que ele arquivou e que só foram conhecidas pelos fãs anos depois na edição especial do álbum lançado em meados de 1993. Nenhuma dessas gravações é excepcionalmente boa, mas funcionam como curiosidade. "Write Away", por exemplo, não encontrou espaço nas faixas do disco. Assim Paul resolveu lançá-la discretamente como Lado B do single com "Pretty Little Head". Passou longe de ser um sucesso, nem os próprios fãs mais aguerridos de Paul se lembram dela, para falar a verdade.
12. It's Not True (Paul McCartney) - Outras duas faixas foram arquivadas. "It's Not True" tem até um belo acompanhamento vocal, mas seu arranjo ficou pesado demais, lembrando em certo sentido algumas músicas do Pink Floyd na fase David Gilmour. Depois aos poucos ela vai abraçando um jeito mais Wings de ser. Não considero grande coisa, mas Paul a cantando baixinho tem seus atrativos. Provavelmente Paul não a considerou uma grande composição por isso a colocou na gaveta. "Tough On A Tightrope" parece uma baladinha, uma música de ciranda, para falar a verdade. Paul poderia até mesmo tê-la aproveitada em algum álbum conceitual, quem sabe. É simples e em certos aspectos até mesmo meio bobinha. Não admira que Paul a tenha deixado de lado.
Paul McCartney - Press To Play (1986) - Paul McCartney (baixo, violão, guitarra, vocais) / Eric Stewart (violão, guitarra) / Phil Collins (bateria, percussão) / Pete Townshend (guitarra) / Carlos Alomar (violão, guitarra) / Linda McCartney (teclados, vocais) / Lenny Pickett (saxofone tenor) / Gavin Wright (violino) / Produzido e arranjado por Paul McCartney, Padgham Hugh e Phil Ramone / Selo: Parlophone / EMI / Data de gravação: Março a Dezembro de 1985 / Data de Lançamento: 22 de agosto de 1986 / Melhor posição alcançada na parada Billboard 200: #30.
Pablo Aluísio.
Provavelmente eu fui uma das primeiras pessoas a comprar o disco no Brasil já que o adquiri quando ele literalmente chegou nas prateleiras. Naquele momento só conhecia mesmo "Press" que já vinha tocando regularmente nas rádios brasileiras com extrema habitualidade. Era um novo sucesso de Paul, não restava dúvidas. A direção de arte da capa de "Press To Play" era de extremo bom gosto, uma foto tirada com o mesmo equipamento usado na era de ouro de Hollywood na década de 30. Por isso a capa possui todo esse charme retrô e vintage que lhe caía muito bem. O álbum apesar de não ser duplo vinha com dupla capa, sendo que em seu interior Paul colocou dois desenhos com as respectivas fichas técnicas de forma esquematizada. Se a parte gráfica era excelente, a musical deixou a desejar. Confesso que a primeira audição do disco me causou certa decepção. De primeira mão só consegui encontrar 3 faixas fortes no disco: Stranglehood (muito bem arranjada com inspirada execução de cordas), "Only Love Remains" (uma das mais belas baladas românticas de Paul na era pós Beatles, com lindo arranjo de piano) e a própria "Press" (com uma sonorização diferente da versão que saiu nos EUA - muito superior na minha opinião). As demais músicas do disco não ficavam à altura das expectativas. Paul chegava inclusive a requentar velhos arranjos de seu passado como os que tinha utilizado em "London Town" (na parte falada do disco "spoken word"). Também não havia nenhuma parceria digna de maior nota no restante do álbum (seu trabalho ao lado de Eric Stewart não foi muito bom na minha opinião).
O fato é que Paul formou uma banda nova para o disco, chamando músicos talentosos mas o resultado final ficou abaixo do que se esperava. O disco também não correspondeu muito bem nas paradas pois das demais músicas apenas "Only Love Remains" ganhou algum destaque, sendo promovida inclusive com um bonito videoclip (o segundo e último do disco). O LP também trazia uma sonoridade que tentava se comunicar melhor com os arranjos mais em moda dos anos 80 com farto uso de sintetizadores, o que causou o efeito oposto com o tempo o deixando bem datado hoje em dia. Atualmente o disco está meio esquecido. As músicas não estão entre as mais populares de Paul e ele ignorou completamente o disco em suas apresentações ao vivo. "Press to Play" no final das contas demonstra que até mesmo os grandes nomes da música possuem seus momentos "menores". O fato é que depois da pouca repercussão do disco Paul acabou deixando de lado discos mais produzidos como esse para alcançar novos limites e tentar novas ideias para sua carreira, lançando, por exemplo, um disco "pirata" na União Soviética e gravando um belo trabalho ao lado de Elvis Costello (Flowers In The Dirty) para fechar com chave de ouro a década de 1980. Mas essa é uma outra história...
1. Stranglehold (Paul McCartney / Eric Stewart) - Alguns arranjos sempre vão soar bons, não importa o tempo passado. Veja, por exemplo, o caso da música "Stranglehold". Esse tipo de sonoridade poderia estar em qualquer disco dos pioneiros do rock americano na década de 1950. Carl Perkins, Buddy Holly, qualquer um deles poderia assinar uma canção com essa levada. Aqui Paul valoriza os instrumentos básicos das primeiras bandas de rock, dando destaque para o bom e velho violão. Um sax maroto, que sempre me pareceu ter saído dos Comets, o grupo que acompanhava Bill Halley, completa o quadro musical. Paul usa em sua letra também um velho clichê dos primeiros compositores do rock, com várias perguntas que vão se repetindo ao longo da canção. Também gosto do estilo de composição "apoteótica", onde a harmonia vai sempre num crescente, um velho estilo que sempre apresentou ótimos resultados. Em suma, esse é uma das melhores músicas desse álbum de Paul McCartney. Deveria inclusive ter virado single, com maior divulgação.
2. Good Times Coming / Feel the Sun (Paul McCartney) - A música anterior mostrava que Paul sempre soava melhor quando ia nas raízes musicais, sem muita pretensão. Um pouco disso também se ouve em "Good Times Coming / Feel the Sun", na verdade uma dobradinha que Paul trouxe direto dos tempos dos Wings. Não precisa ir muito longe para perceber bem isso. Basta entrar aquele corinho com Linda e demais vocalistas de apoio para entender bem isso. Paul ainda inseriu uma bela melodia, tocada numa guitarra melosa ao estilo David Gilmour. Gosto da parte "Good Times Coming", mas não tanto de "Feel The Sun". Falta letra nessa segunda parte. Penso que esse foi um dos motivos de Paul ter unido as duas canções em uma pequeno medley. O refrão é bom, contagiante, simpático e agradável aos ouvidos, mas nada muito além disso. O solo de guitarra novamente salva tudo do lugar comum nos últimos acordes. Eric Stewart sempre um craque com seu instrumento.
3, Talk More Talk (Paul McCartney) - Que Paul McCartney é um dos grandes gênios da história da música, disso ninguém tem dúvidas. Agora, que até mesmo os gênios dão pequenos tropeços, poucos param para pensar um pouco sobre isso. O álbum "Press To Play" trazia excelentes canções em seu repertório, porém havia alguns deslizes também. Músicas sem muita inspiração que passavam a impressão de que Paul não tinha se esforçado muito ou então as incluiu no disco apenas para preencher espaço. "Talk More Talk" era bem isso. A introdução por si só já era horrível, mesmo contando com a participação muito especial da família de Paul, com destaque para o filho James. Aquele arranjo com violinos até poderia esconder as fragilidades da canção, mas é impossível negar que é uma faixa muito vazia, sem consistência harmônica. Paul usa e abusa de um refrão supostamente pegajoso para transformar a música em sucesso FM, mas é de se perguntar: a que preço? Essas partes faladas também não funcionavam. Paul já havia usado isso em "London Town" de 1978. Se naquele disco isso não funcionava porque ele voltou à repetir o mesmo erro? Estaria tentando provar algo aos críticos? Quem sabe o que se passava em sua cabeça... o fato era que essa faixa sim era bem fraca, sem muita qualidade.
4. Footprints (Paul McCartney / Eric Stewart) - "Footprints" tem uma simplicidade cativante. Aquele tipo de música que poderia ser tocada ao lado de uma fogueira na praia, durante um luau. Paul manteve a simplicidade da composição original na gravação de estúdio. Ele também canta a música de forma bem terna, sem qualquer afetação. Outra coisa que salvou a gravação é que Paul afastou qualquer resquício daquele tipo de som bem de acordo com os anos 80, com aqueles sintetizadores incômodos. O resultado ficou bonito. Existem alguns efeitos sonoros, mas bem pontuais e dentro da proposta da canção. Gosto bastante dessa faixa. É um dos bons momentos do álbum.
5. Only Love Remains (Paul McCartney) - Bom, se há uma música que justifica a existência desse álbum de Paul McCartney essa é "Only Love Remains". Com um arranjo belíssimo, ao piano, essa é sem favor algum uma das melhores melodias escritas por Paul nos anos 80. Em um disco com tantos altos e baixos, McCartney conseguiu criar uma verdadeira obra prima (mais um em sua longa lista de belas baladas românticas). "Only Love Remains" aliás prova algumas coisas, uma delas que muitas vezes o caminho é a simplicidade. Essa não é uma canção extremamente arranjada, com arroubos orquestrais. Pelo contrário, tudo está no lugar certo e nunca atropela a melodia, essa sua grande qualidade. E letra traz sua mensagem definitiva com a frase "E o amor é tudo o que fica, apenas o amor permanece", Perfeito, sem retoques.
6. Press (Paul McCartney) - Em 1986 Paul lançou mais um álbum, intitulado "Press To Play". As reações não foram tão boas como em outros discos de sua carreira solo. Isso era até previsível pois Paul vinha de uma sucessão de grandes discos nos anos 80. Basta lembrar de "Tug of War" (provavelmente seu melhor trabalho após os Beatles) e até mesmo "Pipes of Peace" (que trazia nada mais, nada menos, do que Michael Jackson como artista convidado). Assim as expectativas estavam altas demais para qualquer novo lançamento de músicas inéditas assinadas por Paul. A música de trabalho desse novo disco foi "Press". A canção ganhou um cilp (como era de praxe na época) e foi bastante divulgada nas rádios. Acabou virando um hit, porém curiosamente não ficou tão marcada na carreira de McCartney como tantos outros clássicos. Ele nunca a tocou ao vivo e nem a trouxe de volta aos seus shows. De certa maneira é aquele tipo de faixa que ficou parada mesmo lá nos anos 80. Isso porém não significa que seja uma música ruim ou fraca. Longe disso. "Press" tem um ótimo arranjo, com destaque para a participação do músico brasileiro Carlos Alomar, em um brilhante solo de guitarra. A gravação é de alto nível, beirando o perfeccionismo, como é comum nos trabalhos de Paul McCartney.
7. Pretty Little Head (Paul McCartney / Eric Stewart) - Uma das músicas mais trabalhadas por Paul nas rádios da Europa foi "Pretty Little Head" que inclusive chegou a ser lançada como single na Inglaterra. Essa música era nitidamente uma tentativa de Paul em soar moderninho, tentando capturar a sonoridade da música techno britânica dos anos 80. Nunca gostei da música em si. Paul McCartney foi um Beatle, fez parte de uma das bandas mais importantes da história do rock de todos os tempos. O que ele precisava ainda provar? Que era modernoso? Bobagem. McCartney simplesmente não precisava desse tipo de coisa. Simples assim. E no final das contas o que era moderno acabou ficando bem datado. Esses sintetizadores já aborreciam na época de lançamento do disco, imaginem hoje em dia! Esse tipo de gravação soa hoje em dia mais envelhecida do que qualquer outra coisa que Paul tenha feito na década anterior.
8. Move Over Busker (Paul McCartney / Eric Stewart) - Para dar certo bastava voltar para o bom e velho rock ´n´ roll, onde Paul finalmente se recuperou com "Move Over Busker". Para gravar essa simpática música ao estilo anos 50, Paul chamou duas feras no estúdio onde estava gravando o álbum, trazendo Pete Townshend para a guitarra e Phil Collins na bateria. Havia se tornado uma tradição desde os tempos de "Tug of War" esse tipo de participação especial de grandes músicos nos discos de Paul. Era uma parceria que havia rendido ótimos frutos, então nada mais natural do que repetir a dose. Pete Townshend, por exemplo, estava bastante inspirado nesse dia, tirando ótimos solos de seu instrumento. Paul o incentivou a improvisar, tocar numa boa, sem amarras. O resultado ficou simplesmente perfeito. Puro rock, sem bobagens, frescuras e modernices desnecessárias.
9. Angry (Paul McCartney / Eric Stewart) - Outra canção que merece destaque é "Angry". Ao contrário de "Press" ela não foi trabalhada por Paul para ser tocada nas rádios e nem virou sucesso na época. Acabou circulando apenas entre os fãs dos Beatles e de Paul que compraram o LP. De certa maneira ela tem uma sonoridade que lembra o punk inglês dos anos 70, mas com uma pitada dos velhos sucessos do rock´n´n roll em seus primórdios, lá nos anos 50, quando os primeiros singles desse novo gênero musical chegavam nas lojas. Em um disco com pouco mais de dez faixas afirmo que há pelo menos quatro grandes momentos (o que convenhamos não deixa de ser uma boa média). Uma das faixas que foram injustamente subestimadas e caíram no esquecimento foi justamente esse rock com espírito anos 50 chamado "Angry". A gravação inclusive me lembra uma jam session por parte de Paul e seu grupo de apoio (contando, olhem só, com Pete Townshend na guitarra e Phil Collins na bateria!). É bom salientar que isso não é um defeito, mas um mérito, simplesmente porque nem sempre uma grande produção garante uma grande música. Muitas vezes a simplicidade é tudo em uma faixa como essa! Tirando os vocais típicos do Wings (que nos remete aos anos 70) tudo o mais me faz lembrar das velhas gravações dos tempos da Sun Records ou até mesmo antes disso! O ritmo é bem envolvente e a letra, sucintamente simplória, completa ainda mais o quadro nostálgico. Só resta saber como um quarentão como Paul na época ainda encontrou toda essa energia adolescente revoltosa e rebelde em plenos anos 80! Ponto para o bom e velho Sir Macca e sua eterna juventude roqueira. É assim que se faz meu caro...
10. However Absurd (Paul McCartney / Eric Stewart) - O mesmo infelizmente não pode ser dito da teatral "However Absurd". Aqui há excessos que não caem bem. Paul erra até mesmo no estilo vocal que adota. Não digo que a melodia seja ruim, suas linhas musicais repetitivas possuem seu charme, mas Paul deveria ter escolhido a simplicidade em seus arranjos, algo como voz e violão. Outra coisa que vai incomodar alguns é a escassez de maiores notas musicais, o que traz uma sensação de repetição que vai cansando o ouvinte pela repetição. Também não gosto da letra. Versos como os que reproduzo a seguir não me dizem nada: "Orelhas contorcidas, como um cachorro / Quebrando ovos em um prato / Não me zombe quando eu digo / Que isso não é uma mentira". Vamos convir, não ficou bom.
11. Write Away (Paul McCartney / Eric Stewart) - Esse projeto "Press to Play" não foi composto apenas pelas músicas que saíram no disco original, no vinil de 1986. Paul gravou outras faixas que ele arquivou e que só foram conhecidas pelos fãs anos depois na edição especial do álbum lançado em meados de 1993. Nenhuma dessas gravações é excepcionalmente boa, mas funcionam como curiosidade. "Write Away", por exemplo, não encontrou espaço nas faixas do disco. Assim Paul resolveu lançá-la discretamente como Lado B do single com "Pretty Little Head". Passou longe de ser um sucesso, nem os próprios fãs mais aguerridos de Paul se lembram dela, para falar a verdade.
12. It's Not True (Paul McCartney) - Outras duas faixas foram arquivadas. "It's Not True" tem até um belo acompanhamento vocal, mas seu arranjo ficou pesado demais, lembrando em certo sentido algumas músicas do Pink Floyd na fase David Gilmour. Depois aos poucos ela vai abraçando um jeito mais Wings de ser. Não considero grande coisa, mas Paul a cantando baixinho tem seus atrativos. Provavelmente Paul não a considerou uma grande composição por isso a colocou na gaveta. "Tough On A Tightrope" parece uma baladinha, uma música de ciranda, para falar a verdade. Paul poderia até mesmo tê-la aproveitada em algum álbum conceitual, quem sabe. É simples e em certos aspectos até mesmo meio bobinha. Não admira que Paul a tenha deixado de lado.
Paul McCartney - Press To Play (1986) - Paul McCartney (baixo, violão, guitarra, vocais) / Eric Stewart (violão, guitarra) / Phil Collins (bateria, percussão) / Pete Townshend (guitarra) / Carlos Alomar (violão, guitarra) / Linda McCartney (teclados, vocais) / Lenny Pickett (saxofone tenor) / Gavin Wright (violino) / Produzido e arranjado por Paul McCartney, Padgham Hugh e Phil Ramone / Selo: Parlophone / EMI / Data de gravação: Março a Dezembro de 1985 / Data de Lançamento: 22 de agosto de 1986 / Melhor posição alcançada na parada Billboard 200: #30.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Paul McCartney - Press to Play
Bom, se há uma música que justifica a existência desse álbum de Paul McCartney essa é "Only Love Remains". Com um arranjo belíssimo, ao piano, essa é sem favor algum uma das melhores melodias escritas por Paul nos anos 80. Em um disco com tantos altos e baixos, McCartney conseguiu criar uma verdadeira obra prima (mais um em sua longa lista de belas baladas românticas). "Only Love Remains" aliás prova algumas coisas, uma delas que muitas vezes o caminho é a simplicidade. Essa não é uma canção extremamente arranjada, com arroubos orquestrais. Pelo contrário, tudo está no lugar certo e nunca atropela a melodia, essa sua grande qualidade. E letra traz sua mensagem definitiva com a frase "E o amor é tudo o que fica, apenas o amor permanece", Perfeito, sem retoques.
O mesmo infelizmente não pode ser dito da teatral "However Absurd". Aqui há excessos que não caem bem. Paul erra até mesmo no estilo vocal que adota. Não digo que a melodia seja ruim, suas linhas musicais repetitivas possuem seu charme, mas Paul deveria ter escolhido a simplicidade em seus arranjos, algo como voz e violão. Outra coisa que vai incomodar alguns é a escassez de maiores notas musicais, o que traz uma sensação de repetição que vai cansando o ouvinte pela repetição. Também não gosto da letra. Versos como os que reproduzo a seguir não me dizem nada: "Orelhas contorcidas, como um cachorro / Quebrando ovos em um prato / Não me zombe quando eu digo / Que isso não é uma mentira". Vamos convir, não ficou bom.
Esse projeto "Press to Play" não foi composto apenas pelas músicas que saíram no disco original, no vinil de 1986. Paul gravou outras faixas que ele arquivou e que só foram conhecidas pelos fãs anos depois na edição especial do álbum lançado em meados de 1993. Nenhuma dessas gravações é excepcionalmente boa, mas funcionam como curiosidade. "Write Away", por exemplo, não encontrou espaço nas faixas do disco. Assim Paul resolveu lançá-la discretamente como Lado B do single com "Pretty Little Head". Passou longe de ser um sucesso, nem os próprios fãs mais aguerridos de Paul se lembram dela, para falar a verdade.
Outras duas faixas foram arquivadas. "It's Not True" tem até um belo acompanhamento vocal, mas seu arranjo ficou pesado demais, lembrando em certo sentido algumas músicas do Pink Floyd na fase David Gilmour. Depois aos poucos ela vai abraçando um jeito mais Wings de ser. Não considero grande coisa, mas Paul a cantando baixinho tem seus atrativos. Provavelmente Paul não a considerou uma grande composição por isso a colocou na gaveta. "Tough On A Tightrope" parece uma baladinha, uma música de ciranda, para falar a verdade. Paul poderia até mesmo tê-la aproveitada em algum álbum conceitual, quem sabe. É simples e em certos aspectos até mesmo meio bobinha. Não admira que Paul a tenha deixado de lado.
Pablo Aluísio.
O mesmo infelizmente não pode ser dito da teatral "However Absurd". Aqui há excessos que não caem bem. Paul erra até mesmo no estilo vocal que adota. Não digo que a melodia seja ruim, suas linhas musicais repetitivas possuem seu charme, mas Paul deveria ter escolhido a simplicidade em seus arranjos, algo como voz e violão. Outra coisa que vai incomodar alguns é a escassez de maiores notas musicais, o que traz uma sensação de repetição que vai cansando o ouvinte pela repetição. Também não gosto da letra. Versos como os que reproduzo a seguir não me dizem nada: "Orelhas contorcidas, como um cachorro / Quebrando ovos em um prato / Não me zombe quando eu digo / Que isso não é uma mentira". Vamos convir, não ficou bom.
Esse projeto "Press to Play" não foi composto apenas pelas músicas que saíram no disco original, no vinil de 1986. Paul gravou outras faixas que ele arquivou e que só foram conhecidas pelos fãs anos depois na edição especial do álbum lançado em meados de 1993. Nenhuma dessas gravações é excepcionalmente boa, mas funcionam como curiosidade. "Write Away", por exemplo, não encontrou espaço nas faixas do disco. Assim Paul resolveu lançá-la discretamente como Lado B do single com "Pretty Little Head". Passou longe de ser um sucesso, nem os próprios fãs mais aguerridos de Paul se lembram dela, para falar a verdade.
Outras duas faixas foram arquivadas. "It's Not True" tem até um belo acompanhamento vocal, mas seu arranjo ficou pesado demais, lembrando em certo sentido algumas músicas do Pink Floyd na fase David Gilmour. Depois aos poucos ela vai abraçando um jeito mais Wings de ser. Não considero grande coisa, mas Paul a cantando baixinho tem seus atrativos. Provavelmente Paul não a considerou uma grande composição por isso a colocou na gaveta. "Tough On A Tightrope" parece uma baladinha, uma música de ciranda, para falar a verdade. Paul poderia até mesmo tê-la aproveitada em algum álbum conceitual, quem sabe. É simples e em certos aspectos até mesmo meio bobinha. Não admira que Paul a tenha deixado de lado.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Paul McCartney - Press to Play
Alguns arranjos sempre vão soar bons, não importa o tempo passado. Veja, por exemplo, o caso da música "Stranglehold". Esse tipo de sonoridade poderia estar em qualquer disco dos pioneiros do rock americano na década de 1950. Carl Perkins, Buddy Holly, qualquer um deles poderia assinar uma canção com essa levada. Aqui Paul valoriza os instrumentos básicos das primeiras bandas de rock, dando destaque para o bom e velho violão. Um sax maroto, que sempre me pareceu ter saído dos Comets, o grupo que acompanhava Bill Halley, completa o quadro musical.
Paul usa em sua letra também um velho clichê dos primeiros compositores do rock, com várias perguntas que vão se repetindo ao longo da canção. Também gosto do estilo de composição "apoteótica", onde a harmonia vai sempre num crescente, um velho estilo que sempre apresentou ótimos resultados. Em suma, esse é uma das melhores músicas desse álbum de Paul McCartney. Deveria inclusive ter virado single, com maior divulgação.
A música anterior mostrava que Paul sempre soava melhor quando ia nas raízes musicais, sem muita pretensão. Um pouco disso também se ouve em "Good Times Coming / Feel the Sun", na verdade uma dobradinha que Paul trouxe direto dos tempos dos Wings. Não precisa ir muito longe para perceber bem isso. Basta entrar aquele corinho com Linda e demais vocalistas de apoio para entender bem isso. Paul ainda inseriu uma bela melodia, tocada numa guitarra melosa ao estilo David Gilmour. Gosto da parte "Good Times Coming", mas não tanto de "Feel The Sun". Falta letra nessa segunda parte. Penso que esse foi um dos motivos de Paul ter unido as duas canções em uma pequeno medley. O refrão é bom, contagiante, simpático e agradável aos ouvidos, mas nada muito além disso. O solo de guitarra novamente salva tudo do lugar comum nos últimos acordes. Eric Stewart sempre um craque com seu instrumento.
"Footprints" tem uma simplicidade cativante. Aquele tipo de música que poderia ser tocada ao lado de uma fogueira na praia, durante um luau. Paul manteve a simplicidade da composição original na gravação de estúdio. Ele também canta a música de forma bem terna, sem qualquer afetação. Outra coisa que salvou a gravação é que Paul afastou qualquer resquício daquele tipo de som bem de acordo com os anos 80, com aqueles sintetizadores incômodos. O resultado ficou bonito. Existem alguns efeitos sonoros, mas bem pontuais e dentro da proposta da canção. Gosto bastante dessa faixa. É um dos bons momentos do álbum.
Pablo Aluísio.
Paul usa em sua letra também um velho clichê dos primeiros compositores do rock, com várias perguntas que vão se repetindo ao longo da canção. Também gosto do estilo de composição "apoteótica", onde a harmonia vai sempre num crescente, um velho estilo que sempre apresentou ótimos resultados. Em suma, esse é uma das melhores músicas desse álbum de Paul McCartney. Deveria inclusive ter virado single, com maior divulgação.
A música anterior mostrava que Paul sempre soava melhor quando ia nas raízes musicais, sem muita pretensão. Um pouco disso também se ouve em "Good Times Coming / Feel the Sun", na verdade uma dobradinha que Paul trouxe direto dos tempos dos Wings. Não precisa ir muito longe para perceber bem isso. Basta entrar aquele corinho com Linda e demais vocalistas de apoio para entender bem isso. Paul ainda inseriu uma bela melodia, tocada numa guitarra melosa ao estilo David Gilmour. Gosto da parte "Good Times Coming", mas não tanto de "Feel The Sun". Falta letra nessa segunda parte. Penso que esse foi um dos motivos de Paul ter unido as duas canções em uma pequeno medley. O refrão é bom, contagiante, simpático e agradável aos ouvidos, mas nada muito além disso. O solo de guitarra novamente salva tudo do lugar comum nos últimos acordes. Eric Stewart sempre um craque com seu instrumento.
"Footprints" tem uma simplicidade cativante. Aquele tipo de música que poderia ser tocada ao lado de uma fogueira na praia, durante um luau. Paul manteve a simplicidade da composição original na gravação de estúdio. Ele também canta a música de forma bem terna, sem qualquer afetação. Outra coisa que salvou a gravação é que Paul afastou qualquer resquício daquele tipo de som bem de acordo com os anos 80, com aqueles sintetizadores incômodos. O resultado ficou bonito. Existem alguns efeitos sonoros, mas bem pontuais e dentro da proposta da canção. Gosto bastante dessa faixa. É um dos bons momentos do álbum.
Pablo Aluísio.
Paul McCartney - Press To Play
Que Paul McCartney é um dos grandes gênios da história da música, disso ninguém tem dúvidas. Agora, que até mesmo os gênios dão pequenos tropeços, poucos param para pensar um pouco sobre isso. O álbum "Press To Play" trazia excelentes canções em seu repertório, porém havia alguns deslizes também. Músicas sem muita inspiração que passavam a impressão de que Paul não tinha se esforçado muito ou então as incluiu no disco apenas para preencher espaço. "Talk More Talk" era bem isso. A introdução por si só já era horrível, mesmo contando com a participação muito especial da família de Paul, com destaque para o filho James.
Aquele arranjo com violinos até poderia esconder as fragilidades da canção, mas é impossível negar que é uma faixa muito vazia, sem consistência harmônica. Paul usa e abusa de um refrão supostamente pegajoso para transformar a música em sucesso FM, mas é de se perguntar: a que preço? Essas partes faladas também não funcionavam. Paul já havia usado isso em "London Town" de 1978. Se naquele disco isso não funcionava porque ele voltou à repetir o mesmo erro? Estaria tentando provar algo aos críticos? Quem sabe o que se passava em sua cabeça... o fato era que essa faixa sim era bem fraca, sem muita qualidade.
Uma das músicas mais trabalhadas por Paul nas rádios da Europa foi "Pretty Little Head" que inclusive chegou a ser lançada como single na Inglaterra. Essa música era nitidamente uma tentativa de Paul em soar moderninho, tentando capturar a sonoridade da música techno britânica dos anos 80. Nunca gostei da música em si. Paul McCartney foi um Beatle, fez parte de uma das bandas mais importantes da história do rock de todos os tempos. O que ele precisava ainda provar? Que era modernoso? Bobagem. McCartney simplesmente não precisava desse tipo de coisa. Simples assim. E no final das contas o que era moderno acabou ficando bem datado. Esses sintetizadores já aborreciam na época de lançamento do disco, imaginem hoje em dia! Esse tipo de gravação soa hoje em dia mais envelhecida do que qualquer outra coisa que Paul tenha feito na década anterior.
Para dar certo bastava voltar para o bom e velho rock ´n´ roll, onde Paul finalmente se recuperou com "Move Over Busker". Para gravar essa simpática música ao estilo anos 50, Paul chamou duas feras no estúdio onde estava gravando o álbum, trazendo Pete Townshend para a guitarra e Phil Collins na bateria. Havia se tornado uma tradição desde os tempos de "Tug of War" esse tipo de participação especial de grandes músicos nos discos de Paul. Era uma parceria que havia rendido ótimos frutos, então nada mais natural do que repetir a dose. Pete Townshend, por exemplo, estava bastante inspirado nesse dia, tirando ótimos solos de seu instrumento. Paul o incentivou a improvisar, tocar numa boa, sem amarras. O resultado ficou simplesmente perfeito. Puro rock, sem bobagens, frescuras e modernices desnecessárias.
Pablo Aluísio.
Aquele arranjo com violinos até poderia esconder as fragilidades da canção, mas é impossível negar que é uma faixa muito vazia, sem consistência harmônica. Paul usa e abusa de um refrão supostamente pegajoso para transformar a música em sucesso FM, mas é de se perguntar: a que preço? Essas partes faladas também não funcionavam. Paul já havia usado isso em "London Town" de 1978. Se naquele disco isso não funcionava porque ele voltou à repetir o mesmo erro? Estaria tentando provar algo aos críticos? Quem sabe o que se passava em sua cabeça... o fato era que essa faixa sim era bem fraca, sem muita qualidade.
Uma das músicas mais trabalhadas por Paul nas rádios da Europa foi "Pretty Little Head" que inclusive chegou a ser lançada como single na Inglaterra. Essa música era nitidamente uma tentativa de Paul em soar moderninho, tentando capturar a sonoridade da música techno britânica dos anos 80. Nunca gostei da música em si. Paul McCartney foi um Beatle, fez parte de uma das bandas mais importantes da história do rock de todos os tempos. O que ele precisava ainda provar? Que era modernoso? Bobagem. McCartney simplesmente não precisava desse tipo de coisa. Simples assim. E no final das contas o que era moderno acabou ficando bem datado. Esses sintetizadores já aborreciam na época de lançamento do disco, imaginem hoje em dia! Esse tipo de gravação soa hoje em dia mais envelhecida do que qualquer outra coisa que Paul tenha feito na década anterior.
Para dar certo bastava voltar para o bom e velho rock ´n´ roll, onde Paul finalmente se recuperou com "Move Over Busker". Para gravar essa simpática música ao estilo anos 50, Paul chamou duas feras no estúdio onde estava gravando o álbum, trazendo Pete Townshend para a guitarra e Phil Collins na bateria. Havia se tornado uma tradição desde os tempos de "Tug of War" esse tipo de participação especial de grandes músicos nos discos de Paul. Era uma parceria que havia rendido ótimos frutos, então nada mais natural do que repetir a dose. Pete Townshend, por exemplo, estava bastante inspirado nesse dia, tirando ótimos solos de seu instrumento. Paul o incentivou a improvisar, tocar numa boa, sem amarras. O resultado ficou simplesmente perfeito. Puro rock, sem bobagens, frescuras e modernices desnecessárias.
Pablo Aluísio.
domingo, 25 de dezembro de 2011
Pat Boone
Pat Boone foi um cantor muito popular nos anos 1950. Ele fazia uma linha bem mais comportada do que um Elvis Presley, por exemplo. Ao invés do roqueiro selvagem com cabelo cheio de brilhantina, Boone encarnava o bom moço, o genro que toda mãe gostaria de ter. Para entender bem esse aspecto basta ver a capa desse disco. Boone está em um ambiente universitário, estudando, sorridente, enquanto espera a chamada para entrar em sala de aula. Mais inofensivo do que isso impossível.
Nesse disco aqui, lançado no auge de sua popularidade, Boone desfila seu repertório. O curioso é que há grandes clássicos do rock como por exemplo Tutti Frutti (também gravada por Elvis em composição original de Little Richard) e Ain't That A Shame (trazendo o melhor do rock blues da Louisiana). Como era de se esperar o bom e velho Pat ameniza o aspecto mais, diríamos, rebelde e selvagem dessas canções. Tudo é bem mais suavizado. De qualquer maneira ainda gosto bastante dessas faixas. Acho inclusive que exageram quando tentam desqualificar a discografia de Pat Boone o chamando de "Mauricinho" ou coisas do tipo. Ele tinha talento, boa voz e seus discos eram bem produzidos. Resumir tudo apenas em puro preconceito é algo bem rasteiro.
Pat Boone - Pat Boone (1956)
Ain't That A Shame
Rich In Love
Two Hearts
No Other Arms
Now I Know
Gee Whittakers
At My Front Door
Take The Time
Tutti Frutti
Tra-La-La
Tennessee Saturday Night
I'll Be Home
Pablo Aluísio.
Nesse disco aqui, lançado no auge de sua popularidade, Boone desfila seu repertório. O curioso é que há grandes clássicos do rock como por exemplo Tutti Frutti (também gravada por Elvis em composição original de Little Richard) e Ain't That A Shame (trazendo o melhor do rock blues da Louisiana). Como era de se esperar o bom e velho Pat ameniza o aspecto mais, diríamos, rebelde e selvagem dessas canções. Tudo é bem mais suavizado. De qualquer maneira ainda gosto bastante dessas faixas. Acho inclusive que exageram quando tentam desqualificar a discografia de Pat Boone o chamando de "Mauricinho" ou coisas do tipo. Ele tinha talento, boa voz e seus discos eram bem produzidos. Resumir tudo apenas em puro preconceito é algo bem rasteiro.
Pat Boone - Pat Boone (1956)
Ain't That A Shame
Rich In Love
Two Hearts
No Other Arms
Now I Know
Gee Whittakers
At My Front Door
Take The Time
Tutti Frutti
Tra-La-La
Tennessee Saturday Night
I'll Be Home
Pablo Aluísio.
sábado, 24 de dezembro de 2011
Queen
Queen e Fritz Lang
No último dia 24 de novembro o mundo lembrou novamente da morte do cantor Freddie Mercury, morto em novembro de 1991. Em termos de Queen um dos meus discos preferidos segue sendo "The Works" de 1984. Esse álbum continua sendo um dos mais populares, mas curiosamente a crítica não o considera muito. Fica longe das listas de "obras primas" da banda. Uma injustiça certamente.
Vou a partir de hoje tecer alguns comentários sobre as canções desse disco. Uma das minhas preferidas sempre foi "Man On The Prowl" e é fácil entender a razão. A melodia dessa faixa parece que foi tirada dos anos 50. Fica claro que o Queen quis fazer um revival 50´s com ela. Até os vocais de apoio vão por esse lado.
A letra imediatamente nos leva a pensar em um Teddy Boy, típico dos anos 50, com seu cabelo cheio de brilhantina dizendo para sua ex-namorada ter cuidado pois ele está pronto a agitar as coisas novamente. É um "homem à espreita", esperando por novas oportunidades. Muito boa a gravação com solos de piano que ficariam muito à vontade em um disco de Fats Domino, por exemplo. Bem evocativa sobre aquela época.
"Radio Ga Ga" que abre o disco também é nostálgica, porém voltar mais atrás no tempo, mais precisamente na época do clássico do cinema "Metrópolis" de Fritz Lang. Só os cinéfilos mais antenados (e cultos) vão pegar todas as referências em termos de letra e melodia. Simplificando muito a canção tenta capturar o futuro, visto sob o ângulo e ponto de vista de alguém do passado, mais especificamente da década de 1920, quando o filme foi lançado. Eu considero essa canção um magnífico trabalho de criação. Mostra como os membros do Queen eram acima de tudo músicos com bastante bagagem cultural. Definitivamente não havia espaço para tolices nos discos dessa mitológica banda de rock que marcou a história da música.
Queen - Live Aid
Quando o Queen aceitou o convite para tocar no Live Aid todos ficaram surpresos. O grupo não lançava um disco há muito tempo e os boatos que circulavam eram de que a banda iria se separar em breve. O próprio Freddie Mercury não vinha bem de saúde, com a voz prejudicada por algumas infecções que tinha sofrido nos últimos meses.Mesmo com tantas coisas contra a apresentação, a banda aceitou o convite e a razão foi explicada depois pelo cantor Freddie Mercury. Durante uma entrevista para um jornalista americano ele disse: "Eu fui criado e educado em uma colégio inglês na Índia. Havia dois mundos bem diferentes. A dos ricos, onde tudo havia em excesso e a dos pobres, onde faltava tudo. Isso me criou uma consciência social que nunca me deixou!"
Amigos próximos depois diriam que Mercury sentia-se muito culpado por causa de sua riqueza em um mundo onde muitos não tinham nem o que comer. Tão ressentido ficava com a situação de pobreza extrema em certos lugares que Freddie Mercury não conseguia sequer assistir a um documentário sobre pessoas famintas e crianças morrendo de fome na África. Ele não suportava aquilo, simplesmente se levantava e desligava a TV. Era demais para sua sensibilidade suportar.
Assim quando surgiu a ideia do Live Aid, Freddie Mercury decidiu que o Queen iria participar apesar de todos os problemas. Não importava que Brian May e Roger Taylor quase não se falavam mais, não importava as brigas internas, nada importava. O Queen era seu grupo musical e Mercury fazia questão que ele se apresentasse. Durante o dia em que o grupo iria subir ao palco Freddie deixou todos surpresos por andar no meio do público, interagindo com as pessoas e os fãs. Enquanto os demais membros do Queen ficavam trancados em suas suítes no hotel, Mercury resolveu interagir com as pessoas que estavam no festival. Ele tomou lanches nas barraquinhas, conversou com jornalistas, foi uma pessoa completamente humilde e acessível. Nada parecido com a fama de diva que alguns diziam ter. O resultado de tanto boa vontade se materializou no palco pois até hoje os críticos concordam que o concerto do Queen foi o melhor de todo o festival.
Pablo Aluísio.
No último dia 24 de novembro o mundo lembrou novamente da morte do cantor Freddie Mercury, morto em novembro de 1991. Em termos de Queen um dos meus discos preferidos segue sendo "The Works" de 1984. Esse álbum continua sendo um dos mais populares, mas curiosamente a crítica não o considera muito. Fica longe das listas de "obras primas" da banda. Uma injustiça certamente.
Vou a partir de hoje tecer alguns comentários sobre as canções desse disco. Uma das minhas preferidas sempre foi "Man On The Prowl" e é fácil entender a razão. A melodia dessa faixa parece que foi tirada dos anos 50. Fica claro que o Queen quis fazer um revival 50´s com ela. Até os vocais de apoio vão por esse lado.
A letra imediatamente nos leva a pensar em um Teddy Boy, típico dos anos 50, com seu cabelo cheio de brilhantina dizendo para sua ex-namorada ter cuidado pois ele está pronto a agitar as coisas novamente. É um "homem à espreita", esperando por novas oportunidades. Muito boa a gravação com solos de piano que ficariam muito à vontade em um disco de Fats Domino, por exemplo. Bem evocativa sobre aquela época.
"Radio Ga Ga" que abre o disco também é nostálgica, porém voltar mais atrás no tempo, mais precisamente na época do clássico do cinema "Metrópolis" de Fritz Lang. Só os cinéfilos mais antenados (e cultos) vão pegar todas as referências em termos de letra e melodia. Simplificando muito a canção tenta capturar o futuro, visto sob o ângulo e ponto de vista de alguém do passado, mais especificamente da década de 1920, quando o filme foi lançado. Eu considero essa canção um magnífico trabalho de criação. Mostra como os membros do Queen eram acima de tudo músicos com bastante bagagem cultural. Definitivamente não havia espaço para tolices nos discos dessa mitológica banda de rock que marcou a história da música.
Queen - Live Aid
Quando o Queen aceitou o convite para tocar no Live Aid todos ficaram surpresos. O grupo não lançava um disco há muito tempo e os boatos que circulavam eram de que a banda iria se separar em breve. O próprio Freddie Mercury não vinha bem de saúde, com a voz prejudicada por algumas infecções que tinha sofrido nos últimos meses.Mesmo com tantas coisas contra a apresentação, a banda aceitou o convite e a razão foi explicada depois pelo cantor Freddie Mercury. Durante uma entrevista para um jornalista americano ele disse: "Eu fui criado e educado em uma colégio inglês na Índia. Havia dois mundos bem diferentes. A dos ricos, onde tudo havia em excesso e a dos pobres, onde faltava tudo. Isso me criou uma consciência social que nunca me deixou!"
Amigos próximos depois diriam que Mercury sentia-se muito culpado por causa de sua riqueza em um mundo onde muitos não tinham nem o que comer. Tão ressentido ficava com a situação de pobreza extrema em certos lugares que Freddie Mercury não conseguia sequer assistir a um documentário sobre pessoas famintas e crianças morrendo de fome na África. Ele não suportava aquilo, simplesmente se levantava e desligava a TV. Era demais para sua sensibilidade suportar.
Assim quando surgiu a ideia do Live Aid, Freddie Mercury decidiu que o Queen iria participar apesar de todos os problemas. Não importava que Brian May e Roger Taylor quase não se falavam mais, não importava as brigas internas, nada importava. O Queen era seu grupo musical e Mercury fazia questão que ele se apresentasse. Durante o dia em que o grupo iria subir ao palco Freddie deixou todos surpresos por andar no meio do público, interagindo com as pessoas e os fãs. Enquanto os demais membros do Queen ficavam trancados em suas suítes no hotel, Mercury resolveu interagir com as pessoas que estavam no festival. Ele tomou lanches nas barraquinhas, conversou com jornalistas, foi uma pessoa completamente humilde e acessível. Nada parecido com a fama de diva que alguns diziam ter. O resultado de tanto boa vontade se materializou no palco pois até hoje os críticos concordam que o concerto do Queen foi o melhor de todo o festival.
Pablo Aluísio.
Queen - The Works
Queen - The Works
O primeiro LP do Queen que comprei, ainda na década de 1980, foi justamente esse "The Works". Corria o ano de 1983 e o clip de "Radio Ga Ga" não parava de passar na TV. Até hoje considero um dos videoclips mais geniais da história do rock, não pelo resultado em si, mas sim da ideia de se homenagear o clássico Metrópolis de Fritz Lang. Para um jovem que adorava cinema clássico não poderia haver nada melhor pois em um só pacote se misturava com grande bom gosto o universo do rock e dos velhos clássicos da sétima arte. A mistura se revelou irresistível, pelo menos no meu caso particular. Era exatamente essa canção que abria o álbum. Um belo cartão de apresentação.
Confesso que nunca fui fã de carteirinha da banda Queen. Claro que hoje em dia, nessa decadência musical em que vivemos, uma banda dessas faz uma enorme falta no cenário artístico, nas rádios, mas na década de 80 havia tanta coisa boa rolando ao mesmo tempo que o Queen poderia ser visto apenas como mais um grupo talentoso de rock. Talentoso, mas não imprescindível, De qualquer maneira esse tipo de constatação só vem mesmo para demonstrar o tamanho do vazio que vivemos atualmente em termos de música mundial.
Pois bem, a segunda canção do disco é "Tear It Up" do guitarrista Brian May. Esse é aquele tipo de som que você sabe que é do Queen, seja em que lugar você venha a ouvir a música pela primeira vez. Acredito que poucas melodias sejam tão representativas do som do grupo como ela. Essa batida aliás é encontrada em vários hits do Queen. Soa quase como uma marca registrada - o que talvez seja de fato. Muito usada por torcidas de futebol pelo mundo afora, mas em especial dentro do campeonato inglês de futebol. Coisas que apenas os hooligans entenderiam completamente. Como May a compôs a canção fecha com um maravilhoso solo de guitarra. A música que vem a seguir, "It's a Hard Life", foi escrita por Freddie Mercury e não é apenas um dos maiores sucessos do conjunto em sua carreira - é um verdadeiro hino do universo de baladas do rock inglês. De arrepiar realmente. Grande letra, grande melodia e uma excelente interpretação de Mercury (vamos falar a verdade: ele foi sim um dos maiores vocalistas da história do rock, sem favor algum!).
"Man On The Prowl" que vem logo a seguir também foi escrita por Mercury. Dessa já gosto muito. Ela fez um sucesso razoável nas rádios em seu lançamento, mas sempre a considerei muito infestada por clichês por todos os lados. Mesmo assim não deixo de curtir. Aprecio bastante seu acompanhamento vocal que lembra as velhas canções do estilo rockabilly dos anos 1950. Aliás o feeling da música vai exatamente por esse lado. Mais uma vez Brian May arrasa em um solo de guitarra onde ele usou uma velha Gibson dos 50´s. A tônica é realmente de nostalgia simpática. Um momento simpático do disco. O curioso é que "Machines (or 'Back to Humans')" é o extremo oposto desse sentimento. Aqui o Queen tenta soar futurista, em um clima meio pós apocalipse. Combina muito bem com a proposta de "Radio Ga Ga"e Metropólis. Musicalmente porém a considero fraca, com arranjos que hoje em dia soam totalmente datados. A melodia também não me atrai. Anda, anda e não chega em lugar nenhum.
E então chegamos em "I Want To Break Free". Foi o maior sucesso do álbum e vendeu milhões de cópias de seu single. O clip era verdadeiramente divertido com todo o grupo vestido de donas de casa entediadas. Ver Mercury com seu bigodão em roupas femininas e seios falsos, pilotando um aspirador de pó foi realmente muito engraçado. Tudo a ver com a proposta da letra, afinal pense, o que poderia ser mais contrário ao significado da palavra liberdade do que uma mulher casada, cheia de filhos, levando uma vida chata e suburbana? Todos merecem ser livres! Um sucesso imortal dos anos 80. Ótima canção.
Depois desse hit o disco fecha com três canções que não chegaram nem perto do sucesso de "I Want To Break Free", mas que são boas músicas no final das contas. "Keep Passing The Open Windows" de Mercury é a melhor delas. Lembra de certo modo "It's a Hard Life", porém é mais animadinha, pra cima! Gosto muito do refrão dessa linha melódica. Realmente ótima para levantar o astral. Depois dela Brian May retorna com seus solos furiosos de guitarra em ""Hammer To Fall". Outra que pode ser entoada tranquilamente em um estádio de futebol - embora a letra já não seja tão adequada. O disco enfim termina com "Is This The World We Created?", baladona escrita pela dupla Mercury / May. Bonito arranjo de piano e violão. Sempre considerei o Mercury um tanto subestimado. A verdade era que ele era um cantor com muitos recursos vocais. Pena um talento desses ter partido tão cedo.
Pablo Aluísio.
O primeiro LP do Queen que comprei, ainda na década de 1980, foi justamente esse "The Works". Corria o ano de 1983 e o clip de "Radio Ga Ga" não parava de passar na TV. Até hoje considero um dos videoclips mais geniais da história do rock, não pelo resultado em si, mas sim da ideia de se homenagear o clássico Metrópolis de Fritz Lang. Para um jovem que adorava cinema clássico não poderia haver nada melhor pois em um só pacote se misturava com grande bom gosto o universo do rock e dos velhos clássicos da sétima arte. A mistura se revelou irresistível, pelo menos no meu caso particular. Era exatamente essa canção que abria o álbum. Um belo cartão de apresentação.
Confesso que nunca fui fã de carteirinha da banda Queen. Claro que hoje em dia, nessa decadência musical em que vivemos, uma banda dessas faz uma enorme falta no cenário artístico, nas rádios, mas na década de 80 havia tanta coisa boa rolando ao mesmo tempo que o Queen poderia ser visto apenas como mais um grupo talentoso de rock. Talentoso, mas não imprescindível, De qualquer maneira esse tipo de constatação só vem mesmo para demonstrar o tamanho do vazio que vivemos atualmente em termos de música mundial.
Pois bem, a segunda canção do disco é "Tear It Up" do guitarrista Brian May. Esse é aquele tipo de som que você sabe que é do Queen, seja em que lugar você venha a ouvir a música pela primeira vez. Acredito que poucas melodias sejam tão representativas do som do grupo como ela. Essa batida aliás é encontrada em vários hits do Queen. Soa quase como uma marca registrada - o que talvez seja de fato. Muito usada por torcidas de futebol pelo mundo afora, mas em especial dentro do campeonato inglês de futebol. Coisas que apenas os hooligans entenderiam completamente. Como May a compôs a canção fecha com um maravilhoso solo de guitarra. A música que vem a seguir, "It's a Hard Life", foi escrita por Freddie Mercury e não é apenas um dos maiores sucessos do conjunto em sua carreira - é um verdadeiro hino do universo de baladas do rock inglês. De arrepiar realmente. Grande letra, grande melodia e uma excelente interpretação de Mercury (vamos falar a verdade: ele foi sim um dos maiores vocalistas da história do rock, sem favor algum!).
"Man On The Prowl" que vem logo a seguir também foi escrita por Mercury. Dessa já gosto muito. Ela fez um sucesso razoável nas rádios em seu lançamento, mas sempre a considerei muito infestada por clichês por todos os lados. Mesmo assim não deixo de curtir. Aprecio bastante seu acompanhamento vocal que lembra as velhas canções do estilo rockabilly dos anos 1950. Aliás o feeling da música vai exatamente por esse lado. Mais uma vez Brian May arrasa em um solo de guitarra onde ele usou uma velha Gibson dos 50´s. A tônica é realmente de nostalgia simpática. Um momento simpático do disco. O curioso é que "Machines (or 'Back to Humans')" é o extremo oposto desse sentimento. Aqui o Queen tenta soar futurista, em um clima meio pós apocalipse. Combina muito bem com a proposta de "Radio Ga Ga"e Metropólis. Musicalmente porém a considero fraca, com arranjos que hoje em dia soam totalmente datados. A melodia também não me atrai. Anda, anda e não chega em lugar nenhum.
E então chegamos em "I Want To Break Free". Foi o maior sucesso do álbum e vendeu milhões de cópias de seu single. O clip era verdadeiramente divertido com todo o grupo vestido de donas de casa entediadas. Ver Mercury com seu bigodão em roupas femininas e seios falsos, pilotando um aspirador de pó foi realmente muito engraçado. Tudo a ver com a proposta da letra, afinal pense, o que poderia ser mais contrário ao significado da palavra liberdade do que uma mulher casada, cheia de filhos, levando uma vida chata e suburbana? Todos merecem ser livres! Um sucesso imortal dos anos 80. Ótima canção.
Depois desse hit o disco fecha com três canções que não chegaram nem perto do sucesso de "I Want To Break Free", mas que são boas músicas no final das contas. "Keep Passing The Open Windows" de Mercury é a melhor delas. Lembra de certo modo "It's a Hard Life", porém é mais animadinha, pra cima! Gosto muito do refrão dessa linha melódica. Realmente ótima para levantar o astral. Depois dela Brian May retorna com seus solos furiosos de guitarra em ""Hammer To Fall". Outra que pode ser entoada tranquilamente em um estádio de futebol - embora a letra já não seja tão adequada. O disco enfim termina com "Is This The World We Created?", baladona escrita pela dupla Mercury / May. Bonito arranjo de piano e violão. Sempre considerei o Mercury um tanto subestimado. A verdade era que ele era um cantor com muitos recursos vocais. Pena um talento desses ter partido tão cedo.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Paul McCartney - Press to Play
Em 1986 Paul lançou mais um álbum, intitulado "Press To Play". As reações não foram tão boas como em outros discos de sua carreira solo. Isso era até previsível pois Paul vinha de uma sucessão de grandes discos nos anos 80. Basta lembrar de "Tug of War" (provavelmente seu melhor trabalho após os Beatles) e até mesmo "Pipes of Peace" (que trazia nada mais, nada menos, do que Michael Jackson como artista convidado). Assim as expectativas estavam altas demais para qualquer novo lançamento de músicas inéditas assinadas por Paul.
A música de trabalho desse novo disco foi "Press". A canção ganhou um cilp (como era de praxe na época) e foi bastante divulgada nas rádios. Acabou virando um hit, porém curiosamente não ficou tão marcada na carreira de McCartney como tantos outros clássicos. Ele nunca a tocou ao vivo e nem a trouxe de volta aos seus shows. De certa maneira é aquele tipo de faixa que ficou parada mesmo lá nos anos 80. Isso porém não significa que seja uma música ruim ou fraca. Longe disso. "Press" tem um ótimo arranjo, com destaque para a participação do músico brasileiro Carlos Alomar, em um brilhante solo de guitarra. A gravação é de alto nível, beirando o perfeccionismo, como é comum nos trabalhos de Paul McCartney.
Outra canção que merece destaque é "Angry". Ao contrário de "Press" ela não foi trabalhada por Paul para ser tocada nas rádios e nem virou sucesso na época. Acabou circulando apenas entre os fãs dos Beatles e de Paul que compraram o LP. De certa maneira ela tem uma sonoridade que lembra o punk inglês dos anos 70, mas com uma pitada dos velhos sucessos do rock´n´n roll em seus primórdios, lá nos anos 50, quando os primeiros singles desse novo gênero musical chegavam nas lojas. Em um disco com pouco mais de dez faixas afirmo que há pelo menos quatro grandes momentos (o que convenhamos não deixa de ser uma boa média). Uma das faixas que foram injustamente subestimadas e caíram no esquecimento foi justamente esse rock com espírito anos 50 chamado "Angry".
A gravação inclusive me lembra uma jam session por parte de Paul e seu grupo de apoio (contando, olhem só, com Pete Townshend na guitarra e Phil Collins na bateria!). É bom salientar que isso não é um defeito, mas um mérito, simplesmente porque nem sempre uma grande produção garante uma grande música. Muitas vezes a simplicidade é tudo em uma faixa como essa! Tirando os vocais típicos do Wings (que nos remete aos anos 70) tudo o mais me faz lembrar das velhas gravações dos tempos da Sun Records ou até mesmo antes disso! O ritmo é bem envolvente e a letra, sucintamente simplória, completa ainda mais o quadro nostálgico. Só resta saber como um quarentão como Paul na época ainda encontrou toda essa energia adolescente revoltosa e rebelde em plenos anos 80! Ponto para o bom e velho Sir Macca e sua eterna juventude roqueira. É assim que se faz meu caro...
Pablo Aluísio.
A música de trabalho desse novo disco foi "Press". A canção ganhou um cilp (como era de praxe na época) e foi bastante divulgada nas rádios. Acabou virando um hit, porém curiosamente não ficou tão marcada na carreira de McCartney como tantos outros clássicos. Ele nunca a tocou ao vivo e nem a trouxe de volta aos seus shows. De certa maneira é aquele tipo de faixa que ficou parada mesmo lá nos anos 80. Isso porém não significa que seja uma música ruim ou fraca. Longe disso. "Press" tem um ótimo arranjo, com destaque para a participação do músico brasileiro Carlos Alomar, em um brilhante solo de guitarra. A gravação é de alto nível, beirando o perfeccionismo, como é comum nos trabalhos de Paul McCartney.
Outra canção que merece destaque é "Angry". Ao contrário de "Press" ela não foi trabalhada por Paul para ser tocada nas rádios e nem virou sucesso na época. Acabou circulando apenas entre os fãs dos Beatles e de Paul que compraram o LP. De certa maneira ela tem uma sonoridade que lembra o punk inglês dos anos 70, mas com uma pitada dos velhos sucessos do rock´n´n roll em seus primórdios, lá nos anos 50, quando os primeiros singles desse novo gênero musical chegavam nas lojas. Em um disco com pouco mais de dez faixas afirmo que há pelo menos quatro grandes momentos (o que convenhamos não deixa de ser uma boa média). Uma das faixas que foram injustamente subestimadas e caíram no esquecimento foi justamente esse rock com espírito anos 50 chamado "Angry".
A gravação inclusive me lembra uma jam session por parte de Paul e seu grupo de apoio (contando, olhem só, com Pete Townshend na guitarra e Phil Collins na bateria!). É bom salientar que isso não é um defeito, mas um mérito, simplesmente porque nem sempre uma grande produção garante uma grande música. Muitas vezes a simplicidade é tudo em uma faixa como essa! Tirando os vocais típicos do Wings (que nos remete aos anos 70) tudo o mais me faz lembrar das velhas gravações dos tempos da Sun Records ou até mesmo antes disso! O ritmo é bem envolvente e a letra, sucintamente simplória, completa ainda mais o quadro nostálgico. Só resta saber como um quarentão como Paul na época ainda encontrou toda essa energia adolescente revoltosa e rebelde em plenos anos 80! Ponto para o bom e velho Sir Macca e sua eterna juventude roqueira. É assim que se faz meu caro...
Pablo Aluísio.
Assinar:
Postagens (Atom)