sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

John Lennon - Os primeiros discos dos Beatles

Esse primeiro álbum dos Beatles foi gravado em poucas horas. Na época a EMI deu uma chance ao grupo, mas esse teria que se virar rapidamente, em poucas horas de estúdio, para finalizar os trabalhos. Nesse aspecto os anos em que eles davam duro em Hamburgo, na Alemanha. Se apresentando todos os dias, em shows longos, eles criaram a prática necessária para tocar bem, em poucos takes.

O resultado ficou muito bom, diríamos até mesmo histórico. O próprio John Lennon, que sempre havia sido um crítico mordaz dos primeiros discos dos Beatles até mesmo fez um mea culpa nos anos 70, quando morava em Nova Iorque. Ele reconheceu que "Please, Please Me" era bom, embora poderia ser melhor em sua opinião, caso eles tivessem mais experiência.

Ouvindo o disco nos dias de hoje podemos perceber que a opinião de Lennon era até bem válida, por causa do avanço que os Beatles iriam desenvolver nos anos seguintes. Comparada com os discos da segunda fase do grupo, de fato "Please, Please Me" parecia bem simples, até primitivo. Afinal não se conseguiria gravar um álbum com mais consistência numa época em que eles eram apenas quatro jovens, ainda deslumbrados pela oportunidade que estavam tendo em gravar um disco de estúdio. Era algo que nem eles acreditavam que um dia iria acontecer.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

John Lennon - Imagine (1971)

John Lennon - Imagine
Algumas músicas definem toda a carreira de um artista. De certa forma é justamente isso que acontece com "Imagine", a música símbolo de John Lennon. De estrutura bem elaborada, a letra transmite com bastante êxito um resumo (diria até mesmo didático) do pensamento do ex beatle. Obviamente a mensagem do cantor e compositor pode soar simplista demais frente aos problemas da sociedade, porém temos que levar em conta que se trata da filosofia de um poeta, que não era (e para falar nem devia) tentar solucionar os conflitos da humanidade de forma analítica e pormenorizada. De forma sutil Lennon investe contra os Estados (e sua inerente necessidade de lutar pelas fronteiras nacionais), a religião (e seus eternos conflitos ideológicos e dogmáticos) e propõe uma espécie de sociedade livre de preconceitos e divisões. Escapismo poético vazio? Pode até ser, mas até que funciona bem, até mesmo nos dias atuais. Interessante notar que o arranjo funciona muito bem pois a canção foi gravada tal como composta (basicamente voz e piano - com o uso de bateria acrescida posteriormente, além de uma singela e discreta orquestração ao fundo que foi muito bem colocada não tirando a atenção do ouvinte da simplicidade da canção e arranjo). Sem dúvida um bom trabalho do produtor Phil Spector (curiosamente Yoko Ono também foi creditada como "produtora" do LP).

Embora "Imagine" tenha entrado para a cultura popular de forma definitiva o resto do disco não parece ter alcançado o mesmo alcance. "Imagine" é aquele tipo de álbum com uma faixa de trabalho extremamente superiora ao resto do conjunto. Um ícone pop seguido por coadjuvantes sem grande brilho próprio. Analisando friamente o resto do disco chegamos facilmente na conclusão que apenas "Jealous Guy" conseguiu se sobressair nas paradas e ser conhecida do grande público (embora hoje em bem menor escala). O resto das músicas não conseguiu abrir seu próprio espaço caindo em um (até injusto) esquecimento musical. O incrível é que o LP ficou muitos anos em catálogo (até mesmo no Brasil) mas isso definitivamente não ajudou na popularização das demais canções. Só a título de comparação podemos citar "Plastic Ono Band", um álbum bem menos popular, que conseguiu no mínimo destacar 3 faixas fortes (Mother, God e Working Class Hero) enquanto "Imagine", em seu conjunto, só conseguiu mesmo se sobressair em duas delas.

Dentre as faixas remanescentes podemos destacar algumas boas canções e outras nem tanto. Entre as ruins temos "I Don´t Wanna Be a Soldier" cuja letra tem sua importância mas que é infelizmente embalada por uma melodia enjoativa e derivativa que não leva à canção a lugar nenhum. Lennon aqui entra em um redemoinho melódico, se perdendo completamente dentro dele, não conseguindo sair mais. Por isso essa é certamente uma das músicas menos inspiradas do ex beatle em sua carreira solo. As baladas são bem melhores. "Oh My Love" é sinceramente bem conduzida e tem uma melodia linda, tudo resultando em um belo momento do disco. Um pouco menos relevante está "How?" que em certos momentos parece entrar numa encruzilhada melódica, embora felizmente tenha sido salva por causa de seu bom refrão. Yoko Ono também ganha sua música de homenagem, o countryzinho "Oh Yoko", simples mas agradável em sua pegada despretensiosa de contagiante felicidade. Nesse conjunto de coadjuvantes o grande erro de Lennon realmente é a faixa "How do You Sleep?", uma música feita exclusivamente para provocar e ofender seu ex colega de banda, Paul McCartney. Além de feia (e mal produzida) a música destoa completamente do tema proposto da faixa título, pois ao mesmo tempo em que prega a paz em "Imagine" Lennon solta farpas em relação ao ex parceiro nessa letra cheia de ressentimentos. Como conciliar tamanha contradição? Bom, entender isso é como tentar entender a personalidade de Lennon, algo nem sempre fácil de decifrar.

Imagine (John Lennon) - Certa vez Paul McCartney disse que John Lennon era um gênio, mas não um santo. Ele tinha toda a razão do mundo. John Lennon sabia como poucos escrever e compor grandes músicas, realmente maravilhosas, mas passava longe de ser uma alma pura, santificada. Em muitos momentos ele poderia soar completamente hipócrita. Veja o caso de "Imagine" considerada por muitos como a sua grande música na carreira após o fim dos Beatles. Em frases muito bem escritas John propõe um mundo sem fronteiras, sem propriedades e até mesmo sem religiões. Em determinado trecho John canta a frase "Imagine não existir posses, sem necessidade de ganância, Imagine todas as pessoas compartilhando...". Ok, nada de errado, tudo muito bonito a não ser pelo fato de que Lennon era proprietário de fazendas enormes nos Estados Unidos com centenas de milhares de cabeças de gado, onde o acesso de pessoas estranhas era completamente proibido. E o que dizer de seus vários apartamentos de luxo na parte mais cara de Nova Iorque? Não há nenhum sinal de que ele um dia os tenha compartilhado com ninguém, a não ser Yoko Ono e seu filho. "Imagine não existir nenhuma religião", afirma a letra em outro trecho. Ora, John foi fiel seguidor do Hinduísmo, depois se aproximou bastante do Budismo a ponto de se auto declarar Zen Budista em uma de suas últimas entrevistas. Suas frases contra o cristianismo também lhe trouxe muitos problemas, demonstrando que o próprio John Lennon tinha alguns problemas com as religiões dos outros. Assim soa mais do que uma hipocrisia em falar algo nesse sentido e ao mesmo tempo usar do sentimento religioso das demais pessoas para atacá-las de alguma maneira. Além de contraditório é certamente uma grande hipocrisia. Mesmo assim a canção "Imagine" ainda é um belo momento de sua carreira. Embora em muitos aspectos ele fosse realmente um grande hipócrita o fato é que John continuava muito talentoso para compor letras e melodias maravilhosas. Como disse Paul ele poderia não ser um santo (e não era mesmo), mas pelo menos continuava a ser um gênio musical.

Crippled Inside (John Lennon) - "Crippled Inside" (literalmente "Aleijado por Dentro") cria uma imagem sobre a auto percepção de se estar emocionalmente abalado, doente da alma. Claro que nos dias atuais o uso da palavra "Crippled" (aleijado) iria despertar muitos protestos, por causa do mundo politicamente correto em que vivemos. Porém na época em que a música chegou no mercado isso não foi colocado em debate. Eu gosto bastante desses versos. São simples, diretos, possuem uma mensagem fácil de captar, até mesmo por quem não tem uma visão muito abstrata da vida sentimental. Basicamente Lennon afirma que não importa as diversas máscaras exteriores que você tente usar para esconder o que está sentindo por dentro, pois elas nunca vão funcionar. Não adiantaria assim colocar sua melhor roupa, usar seus melhores sapatos, arrumar seu cabelo, estampar o mais falso sorriso, nada disso iria importar no final das contas. Nada iria esconder o fato de que você estaria aleijado por dentro, em seu interior. John costumava dizer que não era um poeta com formação intelectual, pois não tinha estudado para isso. No fundo ele era apenas um artista popular que expressava da melhor forma possível aquilo que pensava e sentia. Essa canção, com sua mensagem sendo bem direta, é um exemplo perfeito do que ele quis dizer. John tinha realmente razão sobre isso.

Jealous Guy (John Lennon) - "Jealous Guy" chegou a ser lançada em single e de certo modo conseguiu uma boa resposta por parte de público e crítica. É interessante notar que Lennon, nessa fase solo de sua carreira, começou a escrever obsessivamente sobre si mesmo, seu mundo e seus relacionamentos. Obviamente ele estava perdidamente apaixonado pela artista plástica Yoko Ono e de certa forma ela acabou se tornando o tema principal de praticamente todas as suas composições. Musicalmente, em termos de arranjo, as músicas de Lennon em sua carreira solo eram econômicas. Nada dos arranjos bem elaborados da época dos Beatles. Afinal nem George Martin e nem Paul McCartney estavam ao seu lado para enriquecer melodicamente as gravações. Era um som mais cru. Assim o interessante é mesmo prestar atenção nas letras, todas, como disse, autorais. "Jealous Guy" é um grande pedido de desculpas para Yoko. Eles tiveram uma briga, John foi acusado de ser um cara ciumento e assim ele, reconhecendo seu erro, escreveu essa letra. A mensagem é bem direta, sem rodeios

It's So Hard (John Lennon) - Por fim a última canção do álbum composta por John foi a confessional "It's So Hard". Essa música trazia outra declaração bem pessoal do cantor, mostrando suas dificuldades de seguir em frente. Na época John tinha muitos problemas, o governo americano queria deportá-lo, a imprensa o ridicularizava, ele tinha conflitos com Yoko Ono e a Apple, a empresa dos Beatles, que deveria ser um sopro de vitalidade no mundo empresarial, tinha se tornado uma fonte de dores de cabeça, com muitos processos na justiça, desvios de dinheiro, histórias mal contadas e brigas pelo controle acionário. Tudo acabou sendo resumido na primeira estrofe da letra quando John escreveu: "Você tem que viver. Você tem que amar. Você tem que ser alguém. Você tem que se superar. Mas é tão difícil, é realmente difícil. Às vezes eu sinto vontade de desistir."

Don't Wanna Be A Soldier Mama I Don't Wanna Die (John Lennon) - Para não ficar tão feio para John, mais à frente no álbum ele encaixou a canção " I Don't Wanna Be A Soldier Mama, I Don't Wanna Die" cuja letra era clara e direta, como convinha a John na época. A música intitulada "Eu não quero ser um soldado, mãe, eu não quero morrer" era obviamente uma mensagem contra a Guerra do Vietnã que na época estava no auge, com milhares de militares americanos sendo enviados para as florestas asiáticas para morrerem em uma guerra que nem eles mesmos entendiam direito. O curioso é que inicialmente bem recebida pela crítica americana logo começaram as represálias contra John. O governo de Richard Nixon considerou a música uma clara ofensa aos valores patrióticos da nação. John, por ser inglês e não ter ainda o green card (que lhe daria a nacionalidade norte-americana) logo virou alvo de um processo de deportação. Era considerado uma persona non grata pelo governo Nixon. Parte da imprensa americana também se virou contra ele, chegando ao ponto de eleger Lennon "O Palhaço do Ano". Como tinha o espírito de brigar por aquilo que acreditava logo Lennon comprou a briga, dando origem a uma luta que durou anos para ter o direito de viver e morar nos Estados Unidos.

Give me Some Truth (John Lennon) - Já em "Give me Some Truth" John pedia um pouco de verdade. Não era novidade para ninguém que John estava farto das mentiras dos políticos, da imprensa, dos ricos e poderosos. Assim ele compôs essa canção pedindo, na verdade clamando, por um pouco de verdade no mundo. O estilo era novamente bem direto, sem meias palavras. Chamando os políticos de suínos, Lennon destroçava o poder de manipulação da verdade dentro da sociedade. Essa é uma das letras mais polêmicas de John em "Imagine", Nos versos finais ele não apenas pede pela verdade, mas também por dinheiro para comprar drogas e uma corda! (uma óbvia referência ao suicídio). Não é a toa que Kurt Cobain do Nirvana considerava essa letra uma das melhores de Lennon em sua discografia solo. Essa porém não foi a opinião da crítica inglesa da época de lançamento do disco. Para muitos Lennon havia ido longe demais... Mal sabiam eles o que estaria por vir nos anos seguintes...

Oh My Love (John Lennon) - Como era de praxe também não faltou outra exaltação a Yoko Ono em "Oh My Love". É curioso que havia uma dualidade bem escondida ao público em relação ao relacionamento entre John e Yoko. Para o público, em canções como essa, John passava a imagem de estar vivendo o maior amor romântico do século. Não era verdade. O caso amoroso entre ele e Yoko tinha muitos problemas. Tantos que poucos meses depois da gravação de canções como essa, Yoko simplesmente deixou John. Foi dar um tempo. Não aguentava mais o estilo de vida dele, sua personalidade irascível e seus comportamentos doentios (como o abuso de drogas como a famigerada heroína).

How Do You Sleep? (John Lennon) - John Lennon era um sujeito bem contraditório. No mesmo álbum em que ele lançou o clássico da paz "Imagine" ele resolveu incluir uma canção que de pacífica não tinha nada. "How Do You Sleep?" havia sido composta para afrontar e agredir seu ex-companheiro dos Beatles, Paul McCartney. Ambos estavam se processando, o clima não era bom, John e Paul trocavam farpas pela imprensa e assim Lennon resolveu destroçar o antigo colega em uma canção que tinha apenas um objetivo: falar mal de Paul. "How Do You Sleep?" é apenas isso. Uma longa e agressiva indireta (ou melhor dizendo, direta mesmo) mensagem contra Paul McCartney. E o lado que John resolveu atacar foi o profissional. Entre outras coisas Lennon colocou em sua letra que a única coisa boa que Paul havia feito em sua carreira musical havia sido a canção "Yesterday". Obviamente um absurdo e uma mentira, mas John não quis saber, partiu para o ataque, deixando sua mensagem de "Imagine" no vácuo! Afinal como alguém poderia pregar tanto pacifismo em uma faixa para depois destruir seu próprio amigo e companheiro de banda? No mínimo uma contradição.

How? (John Lennon) - Finalizando a análise do álbum "Imagine" de John Lennon vamos tecer alguns comentários sobre as demais canções do disco. Como se sabe Lennon quis com esse lançamento voltar a ser um artista comercialmente bem sucedido. Seus primeiros LPs venderam mal e a crítica também não gostou muito. Assim John queria provar para a indústria fonográfica que ele ainda podia ser um artista de sucesso. Mesmo tentando voltar ao topo John também não abriu mão de continuar sendo bem autoral e sincero nas letras. Em "How?" ele aproveitou para desfilar uma série de questionamento existenciais que tinha em sua mente. A letra abre justamente com uma indagação sobre os próprios rumos de sua vida. De forma aberta John perguntava: "Como eu posso seguir em frente quando não sei que caminho escolher?"

Oh Yoko! (John Lennon) - O álbum "Imagine" segue em frente com a faixa "Oh Yoko!". Bom, desnecessário comentar muito. O título é auto explicativo. É mais uma música feita em homenagem à diva suprema de Lennon, Yoko Ono. Esse romance não foi dos mais tranquilos. A imprensa britânica não gostava de Yoko que para eles era apenas mais uma japonesa esquisita e bizarra. Lennon, que era bom de briga, também comprou um atrito com jornalistas ingleses, defendendo Yoko sempre que possível. E assim foi também em seus álbuns. Uma das críticas que jornais ingleses tinham feito em relação a John é que ele se mostrava muito submisso e dependente de Yoko após se apaixonar por ela. Assim John fez uma letra que era ao mesmo tempo uma afirmação sobre isso e uma auto paródia. Nela John surge sempre chamando Yoko, não importando o que estivesse fazendo: no banho, fazendo a barba, no meio de uma nuvem, ele sempre chamaria por Yoko! Pois é...

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

John Lennon e a Heroína

John Lennon e a Heroína - Um fato interessante revelado no livro "A Batalha pela Alma dos Beatles" do autor Peter Doggett, mostra ao leitor como John Lennon estava debilitado física e emocionalmente depois de anos de abuso da terrível droga chamada Heroína. Desde a fase final do grupo John já não conseguia mais compor ou cantar com a mesma qualidade, simplesmente porque passava por longos períodos de abuso de drogas.

É interessante que de todos os membros dos Beatles ele foi aquele que caiu mais fundo nas drogas. Seu estado era tão precário que em determinado momento sua esposa Yoko Ono resolveu fretar um avião para levá-lo até as ilhas Virgens onde John teria que passar por um tratamento de recuperação. O problema é que ele não queria largar as drogas e como todos sabemos uma rehab desse tipo só traz bons resultados quando se conta com a vontade de se libertar do próprio viciado.

John porém se sentia muito bem abusando de várias drogas ao mesmo tempo. Além da sempre presente heroína ele ainda usava maconha, cocaína e LSD em doses fartas. Era como se diz no meio um verdadeiro junkie! Sua dependência era tamanha que nem quando ia até a Apple - a empresa que controlava os negócios dos Beatles - ele conseguia ficar sem se drogar. Inevitavelmente John pedia por comprimidos contra dor de cabeça e laxantes, pois estava sempre passando mal, vomitando, por causa das drogas. Em certo momento durante uma reunião com homens de negócios ele declarou, sem vergonha alguma: "Esperem, preciso de cocaína para levar essa reunião em frente. Vou até o banheiro e já volto".

Essa pasmaceira artística se refletiu em sua carreira solo. Em termos absolutos, de vendas de discos, John foi o menos bem sucedido dos Beatles. Seus primeiros discos venderam mal, pois o público não aguentava muito a presença completamente opressora e invasiva de Yoko Ono nesses primeiros trabalhos. John em determinado momento decidiu que seria um artista de vanguarda, mas isso definitivamente não vendia bem. Quando George Harrison conseguiu transformar seu primeiro disco solo em um dos mais vendidos dos anos 70, John reagiu com fúria, dizendo que o ex-colega de banda não tinha nem dez por cento de seu talento. Pois é, além de abusar muito das drogas John não conseguia também controlar seu lado mais mesquinho.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Promised Land Outtakes

Elvis Presley - Promised Land Outtakes
O lançamento das sessões de gravação do álbum "Promised Land" trouxe curiosidades interessantes e divertidas para os fãs de Elvis. Algumas faixas como o ensaio de "Love Song Of The Year" mostram como Elvis estava se divertindo nos estúdios. Essa canção em particular tem uma das melodias mais melancólicas de toda a discografia do cantor, mas quem disse que ele em algum momento a leva à sério nesse registro? Elvis brinca o tempo todo, tirando onda com a letra, com seu grupo vocal de apoio, com a banda, com tudo. Esse foi um ensaio bem descompromissado, que Elvis aproveitou para brincar, rir e se divertir ao máximo.

O mesmo acontece com a faixa seguinte "Thinking About You" onde Elvis começa os vocais imitando a voz do coelho Pernalonga. Não demora muito e tudo desbanca para a pura zoeira, principalmente quando Elvis muda o estilo da música, virando um blues bem sem noção! Na verdade Elvis apenas passa a letra, e o grau de insanidade vai às alturas quando ele começa a cantar do nada um refrão de uma canção de natal! Estranho, mas divertido, no final das contas. Depois todos tentam entrar no espírito certo da música, tentando levar à sério dessa vez. Começa assim o take 3, praticamente perfeito. Essa versão inclusive tem uma suavidade e uma levada muito boa, poderia até vir a se tornar a versão oficial se Elvis não cometesse pequenos deslizes pelo meio do caminho.

Eu sempre gostei muito do country old school "Your Love's Been A Long Time Coming". Nesse CD temos a oportunidade de ouvir várias versões. Algumas começam muito bem, mas acabam dando errado por coisas que acontecem no estúdio. O take 2 começa de forma perfeita, mas alguém deixa cair algo bem no meio da gravação, fazendo com que Elvis interrompa sua interpretação! O take 3 é bem melhor. Nesse podemos ouvir como mais nitidez a segunda voz de apoio do vocalista de Elvis, algo que não acontece com a versão oficial do álbum original. Elvis estava pesadão na época, mas isso em nada atrapalhava sua performance que considero acima da média. Esse take só se estraga no finalzinho quando Elvis resolve brincar novamente, colocando tudo a perder!

O take 2 de "Promised Land" presente nesse CD é excelente, inclusive com uma ótima introdução de bateria que ficou fora da versão oficial. O pique é um pouco menos intenso em relação à master, Elvis parece ainda estar se familiarizando com a letra de Chuck Berry, algo normal de acontecer. Ele inclusive chega a se perder um pouco pelo meio do caminho, mas nada muito fora do normal. James Burton, como sempre arrasa nesse registro. Excelente guitarrista. "Mr Songman" é de uma beleza incrível. Alguém toca órgão no começo da gravação - Elvis fica em silêncio, só ouvindo. Depois pergunta de forma divertida "Ei cara, onde você está indo?". Depois troca algumas piadas com as vocalistas. Esse registro é ótimo porque mostra parte dos bastidores das sessões, com Elvis sempre muito bem humorado. A vocalização surge praticamente perfeita. Essa canção tem uma melodia maravilhosa. Pura beleza em forma de notas musicais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Estranho Casamento de John e Yoko

Recentemente tive acessos a alguns livros biográficos que revelam os detalhes do estranho casamento entre John e Yoko. Existia um casamento de fachada, para ser exibido ao público e outro bem estranho, privado, segundo esses autores. Tomando como depoimento os relatos de pessoas próximas ao casal como empregados, amigos e até mesmo a astróloga e numeróloga preferida de Yoko podemos tecer um retrato desse casamento fora do comum.

Havia um problema com drogas por parte de John Lennon. Ele havia se viciado em heroína, uma droga realmente devastadora. Seu abuso levou Lennon a um estado lastimável, onde ele não conseguia mais produzir, nem compor nada. A relação entre o casal era tensa dentro de sua esfera privada. Segundo Peter Doggett, autor do livro "A Batalha pela Alma dos Beatles", Yoko Ono não gostava de sexo, pois em sua visão feminista achava que essa era uma invasão ao seu corpo, uma atitude praticamente desrespeitosa. Isso levava John à loucura, procurando por prostitutas de luxo ou então tentando seduzir outras mulheres na presença de Yoko, para provocar ciúmes nela, para quem sabe assim conseguir levá-la para a cama. Quase nunca dava certo!

Outro fato perturbador é que Lennon tinha uma dependência absurda de Yoko. Dependência em nível psicológico até. Quando sua esposa assumia todo o controle o ex-Beatle ficava completamente isolado, sem ver ninguém de fora. Para Doggett isso era reflexo do fato de que Lennon sempre vivera com mulheres de personalidades fortes, como sua tia Mimi, assim ele se sentia melhor com uma mulher que o dominasse em todos os aspectos de sua vida. Era algo muito próximo a uma submissão total. Por essa razão também John passou anos sem ver seu filho Julian. Só o fez quando Yoko deu a devida autorização.

Não seria por outra explicação que quando se separou de Yoko Ono na primeira metade dos anos 70 (período que John se referia como "O fim de semana perdido") ele voltou a se relacionar novamente com os velhos amigos, se tornou sociável, chegou inclusive a cogitar seriamente uma volta com os demais parceiros, ressuscitando os Beatles. Porém quando Yoko o chamou de volta ele voltou a se desligar de tudo - não quis mais saber de discos, shows ou aproximações com seus ex companheiros de banda. A vida voltava para o isolamento completo, para a reclusão total, sob ordens estritas de Yoko Ono.

Pablo Aluísio.

Roxette e os anos 80

Recentemente tivemos a notícia da morte da cantora sueca Marie Fredriksson. Ela era um dos pilares do grupo pop Roxette. É curioso que o Roxette, que era sueco, tenha sido um dos grupos mais populares dos anos 80. Na década anterior outro grupo pop da mesma Suécia tinha se tornado extremamente popular no mundo todo, o Abba. Assim o Roxette de certa forma era o herdeiro legítimo desse posto dentro do cenário musical internacional.

E apesar de tudo, das críticas e dos jornalistas especializados em música que sempre torceram o nariz para esse tipo de som, o fato é que hoje em dia esse tipo de banda faz uma falta e tanto nas rádios e no cenário musical do mundo.

Isso porque o lixo que se lança hoje em dia fica muito abaixo da qualidade das canções desse tipo de grupo. No meio de vários álbuns lançados pelo Roxette você consegue pinçar verdadeiras jóias musicais. Eles eram muito bons nos temas mais românticos. E os arranjos também surpreendiam, sejamos sinceros. Após tantos anos a sonoridade ficou meio datada? Ficou, claro, mas ainda agrada bastante. Inegável isso.

Então você achava o Roxette ruim e o Abba pior ainda? Já parou para ouvir o que se toca nas rádios atualmente? É tudo muito ruim, mas ruim mesmo! A maioria das músicas nem mereciam esse título. Não há harmonia, não há melodia, letras então, nem se fala. Por isso fica a saudade do pop meloso e pegajoso do Roxette. As músicas eram cheias de clichê sim, porém em sua simplicidade conseguiram trazer uma trilha sonora para uma época que hoje em dia soa bem nostálgica. Por isso não subestime bandas como essa, que aliás passou muito longe do rótulo de "grupo de um sucesso só" que era muito utilizado em artistas dos anos 80. Isso porque o Roxette de fato colecionou inúmeros sucessos. E provavelmente você nem saiba que conhece tantas canções desses suecos que marcaram época no pop internacional.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

George Harrison: A Vida Depois dos Beatles

Após o fim dos Beatles o guitarrista George Harrison desenvolveu uma clara aversão ao tema relacionado ao seu antigo conjunto. Ele procurava evitar falar dos Beatles em entrevistas e pouco teve contato com os ex-companheiros de grupo. Assim que os Beatles se dissolveram Harrison gozou de uma excelente fase comercial em sua carreira solo. De fato nos primeiros anos da década de 1970 ele conseguiu, para surpresa de muitos, superar seus ex-parceiros John e Paul no quesito número de cópias vendidas no mercado.

Porém contrariando todas as expectativas sua carreira solo também teve pouco fôlego. Talvez por estar envolvido demais com os problemas legais da Apple ou por causa da linha religiosa hindu que havia decidido seguir, o fato é que os discos solos de George começaram a rarear no mercado, ele pouco compôs em relação aos outros ex-Beatles e não parecia mais ter tanto interesse no trabalho de fazer novos discos todos os anos.

Na verdade George aos poucos foi se tornando um recluso. Ele parou de fazer concertos ao vivo e de aparecer em público. Para muitos George foi ficando paranoico com sua segurança. A morte de John Lennon, covardemente assassinado na frente de seu prédio em Nova Iorque, piorou ainda mais a situação. George passou a ter pavor de encontrar fãs dos Beatles ao acaso, afinal poderia ser mais um lunático como aquele que assassinou Lennon. Tragicamente para ele isso não o deixou a salvo. Muitos anos depois um maluco conseguiu invadir sua mansão. George se viu face a face com um psicótico armado com uma faca. Segundo os laudos George levou várias facadas e sobreviveu milagrosamente. Sua esposa Olivia o salvou, jogando um abajur pesado na cabeça do agressor.

Em relação aos demais Beatles George praticamente não os viu mais. Ele passou a ter uma crescente ojeriza em relação a Paul e ficava incomodado até mesmo de estar na mesma sala do que ele. Para George seria um alívio nunca mais trabalhar ao lado de Paul, mas acabou tendo que engolir seu ponto de vista ao trabalhar ao lado dele no projeto Anthology. Foi um reencontro tenso, marcado por diferenças que jamais seriam superadas. George só voltou porque estava falido. Seu empresário anterior havia se apropriado de parte de sua fortuna e sua companhia cinematográfica estava destruída financeiramente após o lançamento de vários filmes que se tornaram fracassos de bilheteria. Precisando de dinheiro ele participou do Anthology, se comprometendo a participar de três novas faixas com os demais Beatles. Acabou só fazendo duas, por não aguentar mais ter que tocar ao lado de Paul em estúdio. Foi o último suspiro dos Beatles.

Pablo Aluísio.

Rolling Stones - Aftermath

Considerado o primeiro álbum dos Stones a realmente romper com a musicalidade dos primeiros discos do grupo, considerados ainda muito influenciados pelo estilo "Yeah, Yeah, Yeah" dos Beatles. Depois de tantas comparações como essa os Stones perderam a paciência e resolveram provar que não era apenas um conjunto genérico do quarteto de Liverpool. Assim Brian Jones resolveu enriquecer cada faixa do disco, acrescentando inúmeros instrumentos que não faziam parte do cotidiano de uma banda de rock da época. O grupo também decidiu dar um tempo nos covers do rock blues americano, optando por gravar um material 100% próprio com apenas canções compostas pela dupla Jagger / Richards. Nesse ponto queriam provar que poderiam ser tão criativos como a dupla Lennon e McCartney. Como se pode perceber os Beatles, por sua fama e sucesso, tinham se tornando uma sombra sempre presente. O grupo também passava por problemas internos. Brian Jones ainda se considerava o líder da banda, mas a cada dia ia ficando mais ofuscado pela parceria entre o vocalista Mick Jagger e o guitarrista Keith Richards. Foram eles inclusive que resolveram escalar o produtor Andrew Loog Oldham para trabalhar no álbum. Embora ainda fosse uma das mentes pensantes da banda, a verdade pura e simples era que Jones se afundava cada vez mais no abuso de drogas, algo que o levaria a uma morte precoce na piscina de sua casa alguns meses mais tarde.

"Aftermath" nasceu inicialmente como projeto para o cinema pois os Stones estavam interessados em compor trilhas sonoras para Hollywood mas conforme as semanas foram passando Mick Jagger mudou radicalmente de opinião e resolveu levar todo o grupo para os Estados Unidos com a intenção de gravar um álbum convencional. Os estúdios escolhidos pelos Stones foram os da RCA na costa oeste, onde havia a tecnologia necessária para dar a qualidade que eles desejavam para as canções - novamente absorvendo críticas de que seus três primeiros discos não tinham sido muito bem gravados. Além do núcleo central composto por Jagger, Richards e Jones, ainda tocaram com muito empenho no disco os músicos Charlie Watts e Bill Wyman (também eles próprios membros efetivos dos Stones), além dos convidados Jack Nitzsche e Ian Stewart (praticamente um gênio subestimado). O resultado desse esforço coletivo é muito bom pois "Aftermath" deixa bem claro a intenção dos Stones em melhorar seu som em todos os níveis, tanto do ponto de vista técnico como de poesia. Curiosamente a sonoridade providenciada por Brian Jones, que tanto elogios ganhou em seu lançamento, talvez seja o principal responsável pelo álbum ser considerado um pouco datado nos dias de hoje. Para muitos os experimentos de Jones deixaram o LP com baixo teor roqueiro, sendo por essa razão "Aftermath" uma mera relíquia curiosa dos anos 60 hoje em dia. Cabe a cada um tocar o disco para tirar suas próprias conclusões.

Rolling Stones - Aftermath (1966)
Mother's Little Helper
Stupid Girl
Lady Jane
Under My Thumb
Doncha Bother Me
Goin' Home
Flight 505
High and Dry
Out of Time
It's Not Easy
I Am Waiting
Take It or Leave It
Think / What to Do.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Melissa Etheridge - This Is M.E.

De tempos em tempos é bom mudar um pouquinho, caso contrário o artista fica saturado e parado no mesmo lugar, ano após ano. Visando sair dessa armadilha (que já pegou muita gente boa no passado) a cantora Melissa Etheridge resolveu testar seus limites. Ela, é claro, pode arriscar sempre que desejar, uma vez que já tem uma base de fãs tão leais quanto fiéis. O interessante é que ao mesmo tempo em que busca coisas novas, Melissa consegue manter sua sonoridade mais tradicional, deixando os mais conservadores e quadrados mais calmos.Take it easy! Afinal de contas mudar é uma coisa, enfiar o pé na jaca é outra completamente diferente. Ela passou longe de errar em suas novas escolhas.

E o que afinal há de novo nesse CD? Etheridge está visivelmente interessada em buscar fundo nas suas raízes R&B. Para isso ela não se intimidou e convidou alguns medalhões para dar dicas e somar com seu talento no resultado final. O que temos depois disso é um som forte, robusto e muito mais rico em termos de arranjos do que em seus últimos trabalhos. Algumas das canções são apenas medianas como, por exemplo, "Stranger Road" ou até mesmo "A Little Bit Of Me" (a mais criticada em resenhas internacionais), mas tudo é compensado em momentos maravilhosos como "A Little Hard Hearted" ou "All The Way Home", saudosista e nostálgica nas dosagens certas. Melissa Etheridge mostra assim que mudar é bom, saudável, mas desde que seja em direção ao caminho certo. Apostar em um som mais rico, pautado em grandes standards do passado, logo se revela uma escolha feliz. Afinal de contas quem fica parado é poste, minha querida!

Melissa Etheridge - This Is M.E. (2015)
1. I Won't Be Alone Tonight
2. Take My Number
3. A Little Hard Hearted    
4. Do It Again
5. Monster
6. Ain't That Bad
7. All The Way Home
8. Like A Preacher
9. Stranger Road
10. A Little Bit Of Me
11. Who Are You Waiting For

Pablo Aluísio.

Adele - 25

Bom, não é novidade para ninguém que Adele dominou o cenário musical nesse fim de ano. Esse seu novo álbum "25" conseguiu vender apenas em sua primeira semana mais de 3 milhões e 300 mil cópias apenas dentro no mercado americano! Números dessa magnitude em um tempo em que a indústria fonográfica está praticamente falida são realmente de se surpreender. E a cantora anunciou na semana passada que vai começar uma grande turnê mundial, ou seja, muito provavelmente esse CD consiga atingir a marca dos dez milhões de cópias vendidas em pouco tempo, sem esquecer que o álbum já é o mais vendido do ano. São números impressionantes e o melhor de tudo é que eles refletem um bom trabalho, digno de todo esse êxito comercial. Vejo em Adele várias coisas positivas.

O mundo da música de uma maneira em geral vem sofrendo muito nos últimos anos com fórmulas que se repetem e se desgastam muito rapidamente. Depois que o Rock entrou em decadência - de maneira até justa, devemos confessar - a indústria correu atrás de outros gêneros musicais para sobreviver. Tivemos o advento do rap e do hip hop (com resultados sofríveis) e depois a massificação de artistas da linha pop adolescente, algo que se você tiver mais de 16 anos dificilmente irá se interessar. De uma hora para outra as pessoas com um gosto musical mais refinado ficaram praticamente sem ter o que ouvir. Apenas cantoras geniais como Norah Jones, com seu jazz sofisticado e rico, conseguiram romper essa barreira que havia se criado.

Adele também se encontra nesse pequeno grupo de artistas talentosos que conseguem fazer sucesso. A receita dela, como todos sabem, é investir de forma bem sincera em um romantismo latente, que procura criar um vínculo diretamente com o coração de seu público. Aliás credito o sucesso de Adele a essa necessidade das pessoas em terem algum artista que represente esse lado mais sentimental da vida de cada um de nós. Em um mundo onde o cinismo e o desamor parecem imperar de forma absoluta, a cantora Adele consegue com coragem romper esse escudo de insensibilidade que se criou no meio social. Ela canta sobre amor e sentimento e não parece ter a menor vergonha disso, o que acaba deixando até mesmo embaraçados os cínicos de plantão. Até porque esses que transformaram o amor em piada e escárnio já morreram internamente.

Adele supera todos eles com apenas algumas notas musicais. É uma ótima intérprete e compositora, sempre muito sincera em expressar aquilo que sente. Também indiretamente traz uma bela mensagem subliminar para suas admiradoras, mostrando que uma mulher pode ser bonita e desejada sendo apenas uma pessoa comum. Ela certamente não se enquadra dentro dos padrões rígidos que são impostos pelo mundo da moda e da beleza, do marketing agressivo. Ao invés disso tem uma imagem de uma mulher normal, sem loucuras de tentar ser o que não é. Sua imagem me passa uma sinceridade tocante. Afinal apenas pessoas vazias e destituídas de profundidade julgam alguém apenas pela aparência. Uma cantora cheia de atitude e sentimentos sinceros. Algo que faltava muito no combalido mundo musical dos dias atuais. Assim não deixe de ouvir "25". Vai ser uma ótima audição.

Adele - 25
1. Hello
2. Send My Love (To Your New Lover)
3. I Miss You
4. When We Were Young
5. Remedy
6. Water Under the Bridge
7. River Lea
8. Love in the Dark
9. Million Years Ago
10. All I Ask
11. Sweetest Devotion

Pablo Aluísio.