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terça-feira, 22 de outubro de 2024

O Vale Sombrio

Título no Brasil: O Vale Sombrio
Título Original: Das finstere Tal
Ano de Lançamento: 2014
País: Alemanha, Áustria
Estúdio: Allegro Film
Direção: Andreas Prochaska
Roteiro: Martin Ambrosch, Andreas Prochaska
Elenco: Sam Riley, Tobias Moretti, Paula Beer

Sinopse:
Um forasteiro desconhecido chega numa comunidade isolada no alto da montanha nevada. Ele se diz fotógrafo e começa a ganha alguns trocados fotografando pessoas que moram ali. Só que na verdade esse é apenas um disfarce. Ele está de volta ao mesmo lugar onde seus pais foram assassinados quando ele era apenas uma criança. E sua sede de vingança precisa ser saciada. 

Comentários:
Não é todo dia que você vai assistir a um filme de western falado em alemão e produzido na gelada Áustria. Pois é exatamente isso que encontramos aqui. O cinema europeu atual não tem vergonha em beber nos diversos gêneros cinematográficos tipicamente norte-americanos. E não é nada na base do antigo western spaghetti italiano onde os filmes eram rodados em série, muitas vezes com produções fracas e mal feitas. Agora tudo é caprichado, com boa produção e bem elaborada direção de fotografia. E por falar nesse aspecto técnico o filme se revela com muita beleza natural pois as montanhas geladas daquelas regiões da Europa são bem bonitas. O filme segue um estilo mais cru e até mesmo sombrio, o que deixa o título nacional bem adequado. Os personagens são seres rudes que vivem no alto das montanhas, nada simpáticos com forasteiros. E não poderia dar em outra, a não ser numa explosão de violência no melhor estilo Bang-Bang. Então deixo a dica. Um bom western rodado muito longe das pradarias dos Estados Unidos. 

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de abril de 2021

Radioactive

O filme conta a história de um casal de cientistas no começo do século XX que começou a realizar uma série de pesquisas em metais raros de se encontrar na natureza. Eles descobriram que havia elementos instáveis em sua composição. Na verdade descobriram dois elementos desconhecidos pela ciência até então, o Rádio e o Polônio. Esses dois elementos irradiavam radiação, algo ainda novo para os cientistas. Eram radioativos, causavam grandes problemas de saúde em quem os manipulasse sem proteção.

Isso porém só seria descoberto algum tempo depois. Marie Curie (Rosamund Pike), por exemplo, pegava pedaços de Rádio com as mãos nuas. Seu marido Pierre Curie (Sam Riley) não demorou muito a ficar doente. Antes de morrer ele venceu o prêmio Nobel, embora os créditos das descobertas também eram em grande parte de sua esposa. As pesquisas seguiram em frente. As descobertas do casal deram origem ao surgimento da tecnologia nuclear. Foi uma revolução científica. Elementos nucleares poderiam ser usados tanto para o bem (como no tratamento de câncer) como para o mal (com a invenção da bomba atômica).

O filme é muito bem produzido e roteirizado, mostrando os principais momentos da vida dos cientistas. Também resgata a importância de Marie Curie que no fundo era a verdadeira mente pensante do casal. Outro aspecto muito positivo do roteiro é que ele não apenas mostra as primeiras pesquisas como também onde tudo aquilo iria parar. Assim o espectador também é levado no tempo, mostrando entre outros momentos o ataque nuclear americano sobre duas cidades japonesas durante a II Guerra Mundial, o uso da radioatividade em tratamentos médicos e também o desastre na usina nuclear de Chernobyl, considerado o pior da história. Excelente filme enfim, vale todas as recomendações, em especial para quem se interessa pela história da ciência.

Radioactive (Estados Unidos, França, Inglaterra, 2019) Direção: Marjane Satrapi / Roteiro:Jack Thorne, Lauren Redniss / Elenco: Rosamund Pike, Sam Riley, Yvette Feuer, Katherine Parkinson, Harriet Turnbull, Mirjam Novak / Sinopse: O filme conta a história do casal de cientistas Currie que no começo do século XX desenvolveram uma série de pesquisas com elementos instáveis, dando origem à tecnologia nuclear tal como conhecemos nos dias atuais. Filme premiado pela Women Film Critics Circle Awards.

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de novembro de 2017

Orgulho e Preconceito e Zumbis

Imagine ter um bom orçamento, recursos, figurinos, tudo do bom e do melhor dentro da indústria cinematográfica e investir tudo isso em um filme sobre um dos livros clássicos mais queridos da literatura inglesa misturado com... zumbis! Pois é justamente o que temos aqui! Com uma produção como essa em mãos seria bem melhor fazer uma nova versão para o romance imortal de Jane Austen ou então uma série para a TV. É claro que faria sucesso entre os admiradores da escritora. Mas não, resolveram jogar as boas ideias fora e ao invés disso abraçaram o desespero de tentar chamar a atenção do público jovem que para os produtores de cinema deve ser bem imbecil. Se a busca pelo sucesso fácil foi o principal motivo da existência desse filme bizarro se deram mal, pois o filme foi um fracasso comercial.

Foi um fracasso merecido. Esse tipo de coisa só se sustenta no submundo dos filmes de terror trash. Para produções classe A como essa, fica tudo fora de seu habitat natural. O roteiro é uma mistura indigesta da trama criada por Jane Austen com uma Inglaterra dominada pelo apocalipse Zumbi. A cada dia mais e mais pessoas estão infectadas. As jovens personagens querem arranjar um marido no meio desse caos, mas enquanto isso não acontece, elas se especializam em artes marciais japonesas e chinesas (que bobagem!!!). O último bastião de resistência da humanidade é Londres, que virou uma fortaleza contra as hordas zumbis, mas até a magnífica cidade está em perigo, prestes a cair. Enfim, não adianta levar adiante ainda mais essa sinopse bizarra. Não gostei do resultado, achei tudo muito forçado e sem razão de ser. O filme no final das contas é um grande desperdício de tempo, dinheiro e recursos em troca de absolutamente nada. 

Orgulho e Preconceito e Zumbis (Pride and Prejudice and Zombies, Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: Burr Steers / Roteiro: Burr Steers, baseado na obra original escrita por Jane Austen / Elenco: Lily James, Sam Riley, Jack Huston, Charles Dance / Sinopse: Após uma infestação de um estranho vírus, que transforma as pessoas em zumbis, uma jovem garota chamada Elizabeth Bennet (Lily James) e suas irmãs tentam arranjar maridos na sociedade vitoriana do século XIX. Elizabeth acaba sentindo-se atraída por Mr. Darcy (Sam Riley), um incansável exterminador de zumbis, mas essa não será uma paixão comum e simples de se resolver. 

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Control

Título no Brasil: Control
Título Original: Control
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Weinstein Company
Direção: Anton Corbijn
Roteiro: Matt Greenhalgh
Elenco: Sam Riley, Samantha Morton, Craig Parkinson, Joe Anderson

Sinopse: 
Cinebiografia do conturbado músico e compositor Ian Curtis, líder da banda Joy Division. Jovem sem grandes perspectivas na vida ele resolve levar em frente um velho sonho de montar um grupo de rock diferente, que apostasse em suas próprias letras, bem soturnas e fora do comum. Dentro do emergente cenário punk de uma Londres obscura ele acaba se tornando uma figura de proa de um movimento musical que se alastraria pelos quatro cantos do mundo.

Comentários:
Muitas pessoas no Brasil adoram o Legião Urbana e seu idioma musical único e ignoram completamente de onde veio aquele estilo. Ora, basta uma rápida lida em qualquer biografia do cantor e compositor Renato Russo para entender que uma de suas maiores influências veio do grupo de punk rock Joy Division e seu cantor sui generis Ian Curtis. Sua vida porém era mais problemática e complicada do que suas próprias letras. Ian cultivava um pessimismo latente e tinha uma visão sombria e sem esperanças do mundo ao seu redor, proveniente de algum problema mental que ele possuía e que nunca foi diagnosticado corretamente a tempo. Constantemente anestesiado e deprimido para o mundo, Ian só conseguia sentir algum tipo de satisfação pessoal com sua barulhenta e furiosa música. O roteiro desse excelente filme biográfico foi escrito baseado nas memórias da esposa de Curtis, Deborah Curtis, que resolveu expor aspectos pessoais do marido e seus constantes problemas de relacionamento e sociabilidade. Colocando em termos simples podemos dizer que o Ian Curtis era um sujeito bem esquisito, mais ainda do que sua música. O filme também é bem depressivo, frio e muitas vezes distante, tal como se fosse um documentário. Esse tipo de linguagem porém se adequou muito bem ao próprio Ian Curtis e sua personalidade. Se o homem era torturado o músico certamente marcou época principalmente para quem era jovem naqueles anos pioneiros. Seu estilo influenciou muita gente e hoje é reconhecido pelos principais especialistas como um marco no surgimento do Punk. O final é barra pesada e certamente deixará muitas perguntas no ar, o que é mais um ponto positivo para a produção em si. Não deixe de assistir, seja você fã ou não do Joy Division. Roteiro baseado no livro de Deborah Curtis.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Na Estrada

Jack Kerouac (1922 -1969) não era um escritor comum. Após fracassar com seu primeiro livro, “The Town and The City”, dito por alguns como convencional demais, até conservador, ele resolveu chutar o balde e partiu para o extremo oposto disso. O que era “certinho” e “quadrado” virou puro caos nas linhas de sua nova obra, “On The Road”. Numa linguagem alucinada o livro se destacava por fugir das amarras da literatura da época. O texto simplesmente fluía sem muita ordem ou sentido. Tudo era literalmente jogado pelo autor em suas páginas e o leitor é que deveria colocar uma certa ordem naquela narrativa um tanto desconexa, baseada muito mais em sensações do que em organização e sentido. O livro marcou época dentro da literatura americana justamente por se livrar das amarras que impediam a plenitude criativa dos autores. O enredo, se é que se podia definir assim, mostrava flashes de um grupo de amigos que simplesmente cruzavam o interior dos Estados Unidos em busca de aventuras e autoconhecimento. Desde o início o cinema quis adaptar para as telas esse texto de Kerouac mas sua narrativa dispersa e sem foco tornava tudo muito complicado. Até mesmo o mito Marlon Brando quis interpretar a estória em um filme mas seus planos foram por água abaixo após um dos mais famosos roteiristas da época lhe explicar que o livro era simplesmente “inadaptável”.

Assim chegamos nessa produção dirigida pelo cineasta brasileiro Walter Salles. Como quase sempre acontece quando um livro famoso vira filme houve muitas reações acaloradas sobre o resultado final da obra cinematográfica. Aqui a crítica (principalmente a brasileira) resolveu expor os problemas do filme de forma muito exagerada. Reclamaram de praticamente tudo, do elenco, da edição, do roteiro (simplista para alguns), da direção e da falta de uma melhor abordagem em torno do tema. Superficial para alguns, maçante para outros, sobraram reações negativas a esse “Na Estrada”. Bobagem. Jamais alguém vai conseguir transpor um texto como esse com extrema fidelidade. A linguagem literária é bem diferente da linguagem cinematográfica. Um evento banal pode ser descrito de forma maravilhosa em um texto, com palavras que tocam profundamente o leitor. No cinema essa mesma passagem pode soar completamente sem importância dentro do que se mostra na tela. São linguagens totalmente diferentes. A primeira funda suas raízes no sensorial e a segunda no visual. Por essa razão não vejo qualquer motivo justificado para falarem tão mal do filme. Eu particularmente gostei do resultado. Obviamente não é perfeito mas é bem realizado. Certamente vai despertar a curiosidade dos mais jovens sobre a obra do autor Jack Kerouac – e isso já justifica a existência da produção. Claro que o filme tem eventuais problemas, mas dentro dos limites que uma adaptação como uma obra dessas impõe o resultado se mostra bem satisfatório e competente. Por isso pegue a estrada com Kerouac e se divirta – nas telas e no livro.

Na Estrada (On The Road, Estados Unidos, 2011) Direção: Walter Salles / Roteiro: Jose Rivera, baseado na obra de Jack Kerouac / Elenco: Kristen Stewart, Amy Adams, Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Garrett Hedlund, Alice Braga, Sam Riley, Elisabeth Moss, Steve Buscemi, Terrence Howard, Tom Sturridge, / Sinopse: Dois amigos de Nova Iorque e a namorada de um deles resolvem cruzar os Estados Unidos praticamente de costa a costa. No caminho conhecem os mais diversos tipos de pessoas e lugares numa aventura on the road em busca de autoconhecimento e diversão escapista.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

13 - O Jogador

Vamos aos fatos: quando esse filme foi anunciado eu pensei sinceramente que fosse uma tremenda porcaria. Bom, as aparências enganam. Como fui com expectativas baixas acabei me surpreendendo de forma positiva. Eu pensei de forma equivocada que a simples presença de Jason Statham no elenco já qualificaria o filme como mais uma de suas fitas de pura ação sem cérebro. Estava errado. O filme é um thriller rápido mas envolvente que mostra um tenebroso torneio de roleta russa no submundo de Chicago. Grande parte do filme realmente gira em torno da tal "competição" e por isso muitos bons atores que estão no filme realmente não tem grande coisa a fazer em cena. Mickey Rourke, por exemplo, pouco acrescenta, não passando de um coadjuvante de luxo. Mais deformado do que o habitual o ator novamente desfila sua coleção de roupas e acessórios bizarros e apesar de seu personagem prometer muitos nas cenas iniciais não se desenvolve, desaparecendo sem alarde no terceiro ato do filme, o que não deixa de ser algo decepcionante do roteiro. 

Para quem gosta de seriados, duas surpresas: as presenças de David Zayas (de Dexter) e Alexander Skarsgård (o vampiro de True Blood). Ben Gazarra, muito envelhecido, também dá o ar da graça assim como o rapper 50 Cent (que é péssimo ator). Enfim, o filme é bom apesar disso e tem um final realista e cruel que acrescenta muitos pontos em seu saldo final. Vale a pena conferir.  

13 - O Jogador (13, Estados Unidos, 2010) Direção: Géla Babluani / Roteiro: Géla Babluani, Greg Pruss / Elenco: Jason Statham, Mickey Rourke, Sam Riley, Alice Barrett, Gaby Hoffmann / Sinopse: No submundo de Chicago um grupo de pessoas disputam um torneio de roleta russa ilegal. O vencedor será o sobrevivente, o último a ficar de pé, vivo.  

Pablo Aluísio.