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sábado, 4 de fevereiro de 2023

Elvis Presley - Elvis' Christmas Album - Parte 1

Elvis Presley - Elvis' Christmas Album - Parte 1
Imagine hoje em dia um empresário colocando o roqueiro mais popular do mundo para gravar um disco apenas com músicas natalinas! Soaria para muitas pessoas, como algo fora do normal, algo até mesmo esdrúxulo. Pois foi exatamente isso que o Coronel Parker fez com Elvis Presley em 1957. Temos que ter em mente que os tempos eram os outros. Os anos 50 traz outro contexto histórico. Então não soava tão estranho assim, até porque muitos cantores populares da época também gravavam discos de Natal. Parker não precisou de muito trabalho para convencer Elvis a gravar um disco apenas com músicas de conteúdo natalino. E lá foi o jovem cantor, o rockstar, gravar esse tipo de música.  

Comercialmente, era algo muito vantajoso, porque as vendas do fim de ano estavam logo ali e era o forte do comércio. Pensando bem, um disco natalino com o jovem Elvis Presley era realmente um produto comercial muito viável. E isso se provaria com os números. Esse acabou sendo um dos álbuns mais vendidos da vida de Elvis. Colecionou discos de Platina e continuou vendendo Natal após Natal durante muitos anos. Nesse aspecto, o Coronel Parker havia acertado em cheio, até porque foi muito lucrativo para ele e seu cliente, Elvis. A gravadora também agradeceu. As cópias do disco não paravam de ser vendidas nas lojas. Foi um sucesso realmente espetacular.

E se engana quem acha que é um disco ruim, muito pelo contrário. Eu vejo muita qualidade nessas gravações. Elvis conseguiu gravar blues, rock e outros estilos usando letras natalinas. É um feito e tanto. Até hoje, ao ouvir essas faixas, eu fico admirado com a versatilidade desse jovem cantor de rock. Era um artista acima da média. Realmente surpreende a qualidade de seu trabalho dentro dos estúdios. 

Elvis Presley não chegou a gravar músicas natalinas suficientes para completar um álbum, mas a RCA daria um jeito nisso. No lado B, colocaria músicas religiosas que ele havia gravado para o EP "Peace in the Valley". As músicas tinham semelhanças de temas, afinal o Natal não deixava de ser um feriado religioso. E assim foi elaborado esse disco que trouxe muito êxito comercial para Elvis e principalmente para o velho Coronel Parker, que não perdia mesmo uma chance de  ter bons lucros!

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Elvis Presley - O Prisioneiro do Rock

Elvis Presley - O Prisioneiro do Rock
Nesse filme, Elvis interpretava um jovem que cometia um crime e se dava mal. Era preso, julgado e condenado a ir para uma penitenciária. Acabaria cumprindo pena ao lado de um companheiro de cela que gostava muito de música e lhe ensinava a tocar violão. Um sujeito com veia artística que passava seu amor pela música para o personagem de Elvis chamado Vince Everett. Quando finalmente saiu da prisão, Vince procurou por algum meio de vida e acabou encontrando justamente na música um novo caminho em sua vida. Acabou assinando com uma empresária que lhe arranjou shows e concertos ao vivo, inclusive um programa feito para ser exibido na televisão. Era um grande passo para sua vida que finalmente estaria no rumo certo. Só que o passado voltaria para destruir o seu futuro. 

Quando o filme chegou nos cinemas, houve uma receptividade dividida em relação à crítica. Alguns críticos elogiaram a tentativa de revitalizar o estilo musical. Ainda mais se tratando da famosa Metro que fez alguns dos maiores musicais da história do cinema americano. Já outros críticos não gostaram muito do que viram. Afirmaram que Elvis era um ator muito amador e dócil, que não tinha intensidade dramática nenhuma para interpretar aquele tipo de personagem. Afinal, esse era um tipo marginal, caminhando entre a criminalidade e a carreira artística. Com o rosto de baby face não convencia no papel de um criminoso.

De qualquer forma a própria Metro resolveu amenizar o roteiro original. Afinal, seria um filme feito para as fãs jovens e adolescentes desse novo cantor que fazia sucesso nas rádios com seu novo tipo de música, o chamado Rock. Nem preciso dizer que o terceiro filme da carreira de Elvis foi sucesso de bilheteria. O ator gostou do que viu, mas depois evitaria assistir esse filme novamente em sua vida. 

A razão é que a atriz Judy Tyler morreu um em terrível acidente automobilístico no dia 3 de julho de 1957. Ela tinha apenas 24 anos de idade e tinha se tornado amiga de Elvis. Ele ficou arrasado com a notícia. Assim Elvis assistiu esse filme uma única vez, em 1957, quando ele foi lançado nos cinemas. Nem quando o filme foi exibido pela primeira vez na televisão Americana, Elvis topou revê-lo. Ele saiu de casa naquela noite, dizendo que se visse a atriz novamente ao seu lado no filme, iria ficar deprimido durante pelo menos uma semana. Ele então baniu o filme completamente de sua vida. Elvis desenvolvia esses traumas com muita facilidade.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Elvis Presley - Jailhouse Rock (EP)

Elvis Presley - Jailhouse Rock (EP)
Em outubro de 1957, a RCA Victor soltou no mercado o último lote de canções do filme "O Prisioneiro do Rock". Foi um lançamento no formato de EP. Esse formato de vinil era conhecido como Extended Play. Ou seja, um compacto duplo, com geralmente de 4 a 6 músicas. Foi a forma que a RCA encontrou de lançar o restante das canções do filme da MGM. Um fato curioso que sempre me chamou a atenção foi que os produtores decidiram deixar de fora a música "Treat me Nice". Justamente a segunda música mais conhecida da trilha sonora. Ela não se encontra entre as faixas, provavelmente para que o compacto duplo não fosse muito parecido com o síngle que havia feito tanto sucesso. Assim esse EP trazia no lado A as faixas "Jailhouse Rock" e "Young and Beautiful" e no lado B as canções "I Want to Be Free", "Don't Leave Me Now" e finalizando "(You're So Square) Baby I Don't Care".

Esse tipo de lançamento Extended Play ainda viria a ser usado pela RCA Victor até meados de 1966. Os filmes de Elvis que não eram tão populares tinham suas trilhas sonoras lançadas justamente neste formato de vinil. Provavelmente a RCA não colocava muita fé nessas canções. E por isso não produziu um álbum completo, o chamado LP. Sempre achei muito equivocada esse tipo de decisão, mas é algo característico do mercado de discos de vinil daqueles tempos. É complicado avaliar tudo o que aconteceu com a visão do mundo de hoje. De qualquer forma, foi um lançamento de sucesso, chegando ao primeiro lugar entre os mais vendidos.

E, como sempre acontecia em se tratando de Elvis, a RCA Victor sempre reaproveitaria alguma dessas faixas em outros discos. Nem preciso dizer que "Jailhouse Rock" foi relançada em centenas de títulos depois. Quando digo centenas, não é nenhum exagero. Outras faixas menos conhecidas ainda seriam reaproveitadas nos anos 50. Quando Elvis foi servir o exército americano na Alemanha, a RCA ficou sem material novo para compor novos álbuns. Então, algumas músicas foram pinceladas e lançadas em coletâneas, como foi o caso do conhecido"A Date with Elvis". 

É importante realçar também que Elvis nunca mais as utilizaria de maneira em geral. Uma honrosa exceção podemos encontrar na sessão de ensaios do filme "Elvis in Tour" em 1972. Nessa ocasião, durante uma sessão de preparos para a turnê, Elvis gravou uma belíssima versão de "Young and Beautiful". Ouvir essa música com acompanhamento da TCB Band é realmente uma coisa fenomenal. Que pena que Elvis nunca a utilizou no palco. Uma música bem bonita que foi deixada de lado diante de seu vasto repertório.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Parte 4

Raramente Elvis Presley gravava duas vezes uma mesma música em estúdio. Isso aconteceu poucas vezes em sua longa discografia. Posso me lembrar imediatamente de "Blue Suede Shoes", que foi gravada em 1956 para seu primeiro álbum na RCA Victor e em 1960 numa versão mais acústica para o filme "G.I.Blues". Outro caso que me vem na mente agora foi a da canção "Love Letters", gravada inicialmente na segunda metade da década de 1960 e depois regravada na década seguinte, dando origem inclusive ao título de um de seus álbuns oficiais. "You Don't Know Me" também ganhou duas versões de estúdio. Uma para o filme "Clambake" e outra para ser lançada em single. Nesse caso Elvis justificou dizendo que gostava bastante da música e que não havia ficado satisfeito com sua versão para o filme de Hollywood.

Então chegamos no estranho caso de "Don't Leave Me Now". Essa canção surgiu pela segunda vez na discografia de Elvis no EP que trazia as músicas do filme "Jailhouse Rock". Os fãs da época estranharam já que essa mesma balada também havia sido lançada no álbum "Loving You", nesse mesmo ano. O que aconteceu? Composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman, essa música ganhou duas versões de estúdio em um curto período de tempo. Falha da RCA Victor, esquecimento por parte de Elvis ou uma escolha do próprio cantor que preferiu melhorar a música? As cartas ficam na mesa, sem uma resposta definitiva.

Outra música composta pelos ótimos Jerry Leiber e Mike Stoller para esse filme da MGM foi a conhecida "(You're So Square) Baby I Don't Care". A versão final foi completada no dia 3 de maio de 1957. Durante as filmagens aconteceu um fato engraçado. O guitarrista Scotty Moore se esqueceu que o filme tinha que seguir uma continuidade. Assim ele tirou e colocou os óculos entre as tomadas de cena. Dois takes básicos de filmagens foram produzidos. Um mais de perto, mostrando Elvis e banda em primeiro plano. Outro mais distante, do outro lado da piscina. No primeiro Scotty surge sem óculos escuros. No segundo ele está com eles. Na montagem final as duas cenas foram editadas em conjunto, o que criou um estranho efeito em quem assistia ao filme. Era o guitarrista que fazia seus óculos desaparecerem em um estalar de dedos! No fundo um erro de continuidade mesmo.

No final de tudo a RCA Victor decidiu que "Jailhouse Rock" não ganharia um álbum completo em LP, como havia acontecido com "Loving You". Ao invés de gravar mais cinco faixas para o lado B, algo que nem iria dar muito trabalho para Elvis e banda, a gravadora decidiu que iria colocar no mercado um mero EP, mais conhecido no Brasil como compacto duplo. Assim havia feito com "Love Me Tender" e assim fariam com "Jailhouse Rock". Olhando para o passado esse foi outro erro crucial na discografia de Elvis. Trilhas sonoras tão importantes, com músicas tão marcantes, precisavam de álbuns completos, com toda a riqueza de detalhes. Lançar em um formato de vinil considerado menor, de segundo escalão, era uma decisão completamente equivocada.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Parte 3

Essa trilha sonora de Elvis contou com poucas canções. A RCA Victor optou pelo lançamento de um compacto duplo (EP) ao invés de um álbum completo (LP). É um desses erros que ficam para a história. Curiosamente, apesar de haver poucas faixas para gravar, Elvis levou três sessões de gravação para finalizar toda a trilha. Em termos de Elvis, que era conhecido por gravar um álbum inteiro em apenas uma ou duas sessões, foi realmente muito. A primeira sessão foi realizada no dia 30 de abril de 1957, em West Hollywood. O produtor dessa famosa sessão foi Jeffrey Alexander, acompanhado do engenheiro de som Thorne Nogar.

Nesse dia Elvis gravou diferentes versões de "Jailhouse Rock" para ser usada no filme e no vinil, no disco oficial. Nessa mesma ocasião ele ainda trabalhou nas primeiras versões de "Treat Me Nice". A intenção era gravar logo as duas músicas que iriam fazer parte do primeiro single do filme. Obviamente foi um dos discos mais vendidos de toda a carreira de Elvis. Um marco de sucesso na indústria fonográfica da época. Nunca se vira tantos pedidos antecipados de um artista na história. A RCA colocou suas fábricas empenhadas em produzir as cópias em ritmo acelerado. E quando chegou no mercado, em poucos dias, ultrapassou a marca de um milhão de cópias vendidas. Um sucesso absoluto.

Para finalizar esse dia Elvis se empenhou em terminar as diferentes versões de uma bela balada chamada "Young and Beautiful". É interessante salientar que esse tipo de coisa, de gravar versões diferentes para uma mesma música, sendo algumas usadas no filme e outras nos discos, iria ser abandonada por Elvis e banda. Dava muito trabaho. Era melhor gravar apenas uma versão definitiva e isso já estava de bom tamanho. Nas cenas dos filmes Elvis iria apenas fazer playback. De qualquer modo a versão oficial, a que foi lançada em vinil, era uma das mais bonitas músicas românticas dessa fase da carreira de Elvis.

E as diferentes versões também foram renomeadas pelo produtor da sessão. Por exemplo,  "Young and Beautiful" foi chamada de "versão oficial", "solo version" e "Florita Club version". O mesmo aconteceu com as demais. O produtor Jeffrey Alexander era considerado um sujeito bem obcecado por organização. Por fim uma dúvida interessante: quem tocou guitarra em "Young and Beautiful"? O próprio Scotty Moore anos depois iria dizer que não havia sido ele, que ele não tinha tocado nessa faixa. Seria a única que ele não tocaria nessa trilha sonora. O único outro músico creditado nas sessões tocando guitarra e violão nessa sessão de gravação foi Elvis. Teria sido ele o guitarrista dessa gravação? Em minha opinião, sim. Tanto que anos depois Elvis voltaria a tocar guitarra numa versão improvisada (e bonita) dessa mesma música nas sessões de ensaio de 1972 para o filme "Elvis On Tour".

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Parte 2

"Treat Me Nice" pode ser considerada a melhor canção dessa trilha sonora, claro logo após "Jailhouse Rock". O tema foi composto pela dupla Leiber e Stoller, grandes nomes do surgimento do rock. Curiosamente uma série de versões foram gravadas. Uma mais aprimorada foi gravada em estúdio para ser lançado no compacto duplo que traria as músicas do filme. Essa mesma versão também foi aproveitada no single. Já outra, bem mais simples, foi gravada para ser usada na cena do filme, quando Elvis a interpreta.

Particularmente prefiro a versão do filme. Aliás ela só estaria à disposição dos fãs em disco muitos anos depois, em vinil, No meu caso tive acesso através do LP "The Great Performances". Infelizmente, como bem se sabe, Jerry Leiber e Mike Stoller seriam afastados da carreira de Elvis pelo Coronel Tom Parker. Eles escreveram inúmeros sucessos comerciais para o cantor, mas nem isso convenceu Tom Parker. Ele achava que a dupla cobrava alto demais pelas músicas. Veja que visão medíocre do empresário. É óbvio que cobravam acima da média, já que eram ótimos compositores. O velho Coronel Parker porém pensava como puro comércio, sem se importar com o aspecto artístico da situação. Lamentável.

E como grande parte da trilha sonora de "Jailhouse Rock" foi mesmo composta por Leiber e Stoller, outra faixa gravada feita por eles foi "I Want To Be Free". Essa nunca chegou a fazer sucesso. Como o próprio Leiber explicaria anos depois essa música era "um tema de prisão", ou seja, imaginemos o sujeito ali preso vendo a janela onde avista um pássaro, com toda a sua liberdade para voar para onde quiser. É o próprio conceito de ser livre. Para alguém que estava preso não poderia haver alegoria melhor.

Esse tema inclusive me lembra um filme clássico chamado "O Homem de Alcatraz". Nesse excelente filme um prisioneiro de Alcatraz ajudava um passarinho ferido que havia caído na janela de sua cela. Isso acabaria despertando nele o desejo de aprender a ciência que estudava esses animais. Depois de longos anos lendo e estudando em sua prisão ele acabaria se tornando um dos maiores especialistas do tema nos Estados Unidos. História real, que realmente aconteceu. O nome dele era Robert Franklin Stroud e foi interpretado no cinema pelo grande Burt Lancaster. Claro que "O Prisioneiro do Rock" não tinha toda essa densidade dramática, mas de qualquer forma vale a analogia cinematográfica. Afinal ambos os filmes, cada um ao seu modo, tinha como protagonista um prisioneiro.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Parte 1

A imagem de um jovem Elvis Presley vestido com roupa de prisioneiro, dançando e cantando dentro de uma cadeia, foi considerada pelos conservadores americanos, na década de 1950, como uma das coisas mais ultrajantes que a cultura pop poderia produzir. Pastores evangélicos disseram em cultos que Elvis iria levar toda a juventude para a perdição eterna. Alguns foram ainda mais longe, afirmando que Elvis era um enviado de Satã para corroer os valores mais tradicionais da sociedade. Foi mesmo algo chocante para os padrões da época. Afinal, o que ele queria passar com aquilo tudo? Que se tornar um marginal, um preso, era algo positivo para as jovens que o seguiam?

Tudo bobagem. "Jailhouse Rock", que no Brasil recebeu o título de "O Prisioneiro do Rock", nada mais era do que mais um musical da Metro, o estúdio de Hollywood que mais produziu filmes musicais clássicos na história do cinema americano. Com tanto Know-how de seus técnicos e membros na equipe de filmagem não é de se admirar que esse tenha sido mesmo um dos melhores filmes da carreira de Elvis Presley. Uma simbiose perfeita entre a velha Hollywood, dos tempos de Fred Astaire, com essa nova geração de jovens roqueiros que surgia. Se o Rock era a nova moda entre a juventude, então a Metro iria se adaptar para essa nova realidade.

Para Elvis o filme surgia como uma chance dele realizar seu grande sonho, que era se tornar um ator ao estilo de James Dean e Marlon Brando, seus grandes ídolos no cinema. Só que Elvis era ainda muito jovem e inexperiente para atuar nesse sentido. A Metro também não queria produzir um drama, mas sim um musical mesmo, com boas cenas de coreografia, com muita dança, ritmo e música. Embora o filme anterior de Elvis, "Loving You", tivesse sido filmado em cores, a Metro decidiu que esse novo musical seria todo realizado em fotografia preto e branco. E para realçar ainda mais isso mandou que Elvis pintasse seu cabelo na cor mais escura que pudesse encontrar. O preto forte iria agradar tanto Elvis a partir daí que ele decidiu adotar essa cor do cabelo para sempre.

Um dos pontos altos do filme surgiu exatamente na cena em que ele dançava com os demais prisioneiros. Para muitos essa sequencia acabou se tornando o primeiro clip da história da música, uma vez que a cena funcionava perfeitamente bem fora do contexto do filme. Claro, na época, a cena se tornou antológica, caindo no gosto dos jovens de uma maneira que ninguém poderia esperar. Fruto de muito empenho, ensaio e trabalho da equipe de coreografia do estúdio. Não é de se admirar que esse momento acabou se tornando um dos mais lembrados da carreira de Elvis no cinema, a tal ponto que entrou para sempre na história da cultura pop.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Elvis Presley - A Mulher Que Eu Amo

Deke Rivers (Elvis Presley) é um jovem trabalhador comum que ganha uma grande chance em sua vida quando uma experiente empresária do circuito country, Glenda Markle (Lizabeth Scott), começa a acreditar e investir em seu talento musical. Após ser despedido de seu emprego, Rivers acaba aceitando a oferta para trabalhar na companhia musical de Glenda. Ela então o escala nos shows que promove em pequenas cidades pelo Sul. Entre um concerto e outro Deke começa a chamar a atenção por suas performances. Ele é um ótimo cantor que acaba enlouquecendo o público feminino por onde passa. Não tarda a se tornar a principal estrela do show, causando ciúmes em Walter 'Tex' Warner (Wendell Corey), um veterano cantor com muitos anos de estrada, que até aquele momento era o principal nome da companhia. No meio de seu sucesso crescente Deke começa a se apaixonar pela doce e jovem cantora Susan (Dolores Hart), uma garota do interior que também almeja fazer sucesso em sua iniciante carreira. Ambos assim tentam encontrar seus próprios caminhos no concorrido circuito musical country.

"Loving You" foi o primeiro filme estrelado por Elvis Presley. Hal Wallis, o produtor, acreditou no jovem cantor que naquela época estava no auge de seu sucesso. Não é de se admirar que tenha logo contratado o rockstar Elvis, afinal ele era jovem, bonito, talentoso, famoso e tal como seu personagem no filme enlouquecia as garotas. Só lhe faltava mesmo virar estrela de cinema, algo que sempre sonhara. Wallis então lhe deu sua grande chance e Elvis não decepcionou. Ele não era ator, mas conseguia ter uma boa presença de cena.  O filme foi obviamente um tremendo sucesso de bilheteria. Presley era o maior ídolo jovem em 1957 e todo esse sucesso se refletiu no êxito do filme. Toda adolescente da América queria ver Elvis no cinema. O sucesso era realmente garantido.

Algumas coisas porém devem ser levadas em conta em relação a esse filme. Durante muitos anos se disse que era uma adaptação da própria vida de Elvis para o cinema. Não é inteiramente verdade. O roteiro já existia há anos. Muito provavelmente foi escrito usando Hank Williams como modelo. O enredo se passa todo no circuito country das pequenas cidadezinhas pelo sul dos EUA. Assim o roteirista Herbert Baker apenas pincelou alguns aspectos da carreira de Elvis em seu texto. A polêmica envolvendo o Rock ´n´ Roll, por exemplo. Do argumento original sobrou a parte mais dramática da estória de Deke Rivers, como o fato dele ter se tornado órfão após a morte de seus pais em um incêndio e a revelação de sua verdadeira identidade em um cemitério abandonado.

Em termos de atuação quem predomina mesmo é Lizabeth Scott, atriz veterana e protegida do produtor Wallis. Elvis ainda era muito jovem e inexperiente, mas dentro de suas possibilidades não sai se mal. Mesmo nos momentos mais cruciais, como a já citada cena do cemitério, Elvis não derrapa e nem faz feio. Claro que sua atuação não pode ser comparada ao dos grandes atores da época. Elvis era na verdade um amador que conseguia a proeza de convencer mesmo nas cenas mais complicadas. Menos afortunada se sai Dolores Hart já que seu papel é bem secundário. De fato ela tem apenas uma boa cena ao lado de Elvis, aquela que se passa na fazenda. Fora isso ela fica mesmo em segundo plano. Mesmo assim é bom deixar registrado que ela impressiona por sua beleza, que lembrava muito Grace Kelly, e por uma dicção perfeita nos diálogos, de se admirar mesmo. No mais o diretor Hal Kanter, em sua única parceria ao lado de Elvis, não quis inventar muito. Entregou um excelente meio de promoção para Elvis, tudo de acordo com as especificações da Paramount. Em suma, Loving You tem um pouquinho de tudo, romance, drama e o mais importante de tudo, sua música, essa realmente imortal. É seguramente um dos filmes mais agradáveis de toda a filmografia de Elvis Presley.

A Mulher Que Eu Amo (Loving You, Estados Unidos, 1957) Direção: Hal Kanter / Roteiro: Herbert Baker, Hal Kanter baseados na obra original de Mary Agnes Thompson / Elenco: Elvis Presley, Lizabeth Scott, Wendell Corey, Dolores Hart, James Gleason / Sinopse: Após ver o jovem Deke Rivers (Elvis Presley) cantando em uma apresentação, a empresária Glenda (Lizabeth Scott) resolve investir no talento do rapaz. Inicialmente o escala como ponte entre as principais estrelas de sua pequena companhia musical, mas depois que ele começa a fazer cada vez mais sucesso decide tomar a importante decisão de o levar para se apresentar na TV no Texas. O problema é que Deke tem um passado traumático que o faz esconder muitos segredos pessoais, inclusive sobre sua verdadeira identidade. Estaria ele realmente preparado para a fama e o sucesso?

Pablo Aluísio. 

sábado, 26 de novembro de 2022

Elvis Presley - Loving You (1957)

Esse foi o segundo filme de Elvis Presley e o primeiro a ganhar um disco no formato LP ou álbum. "Love Me Tender", o filme anterior, teve sua trilha sonora vendida em compacto. Aliás é bom salientar que Elvis foi um dos primeiros artistas jovens a ganhar essa honraria de ter suas músicas lançadas em álbum. Naquela época as gravadoras usavam esse formato mais para o lançamento de música clássica ou óperas. Não era comum um artista pop como Elvis ter discos de longa duração como esse. Geralmente esse tipo de artista tinha seu trabalho lançado apenas em singles, conhecidos no Brasil como compactos.

Não havia músicas suficientes para encher todo um álbum. Então a RCA Victor colocou no lado B do disco várias canções do "Just For You". Para os fãs o lado A era a grande novidade. Só músicas inéditas, todas gravadas para o filme "A Mulher Que Eu Amo" (Loving You, em seu título original em inglês). A boa notícia é que eram boas músicas, excelentes gravações por parte do cantor. A maioria delas foi gravada em Hollywood em janeiro de 1957. Para essas sessões Elvis trouxe sua banda habitual. Nada de músicos contratados pelos estúdios de cinema como havia acontecido em "Love Me Tender". Aqui Elvis fez questão de trabalhar com seus próprios músicos.

"Mean Woman Blues" foi escolhida para abrir o disco. Grande momento tanto do álbum, como do filme, quando Elvis a canta em uma de suas melhores cenas no cinema durante os anos 50. Essa era uma composição de Claude Demetrius, aqui aparecendo pela primeira vez em um disco de Elvis - e ele não se tornaria um compositor habital na discografia de Elvis, apesar de seu grande talento. O ritmo era até um pouco fora dos padrões, unindo a escala musical típica de um blues com a agitação do nascente rock ´n´roll. A mistura, apesar de ser original e muito bem composta, não chegou a agradar todo mundo. Alguns mais tradicionais criticaram, ignorando o fato de que o blues foi um dos gêneros musicais que deram origem ao rock. Enfim, erraram no ponto de vista.

"Blueberry Hill" abriu o lado B do álbum. Essa não fazia parte da trilha sonora de "Loving You" e foi colocada no disco para completar espaço. Isso de um ponto de vista puramente comercial, porque do ponto de vista artístico essa era uma grande canção. Foi composta por um trio (Vincent Rose, Al Lewis e Larry Stock) e virou sucesso na interpretação do ótimo Fats Domino. Seu toque de piano inicial era sua maior característica. Algo inclusive que levou Elvis a tentar tocá-la ao vivo algumas vezes durante os anos 50. Ficou muito bom, na maioria das vezes. Como a música já havia esgotado seu potencial de sucesso com Fats, ela nunca chegou a se tornar um hit na voz de Elvis, mas isso em nada tira seus méritos. É um dos melhores momentos de todo o disco.

Não é surpresa para ninguém que o grande hit desse álbum foi mesmo "(Let Me Be Your) Teddy Bear". A música foi escrita pela dupla Kal Mann e Bernie Lowe. O interessante é que apesar de todo o sucesso alcançado por essa canção, Elvis nunca mais iria gravar nada desses compositores. Ao contrário do que aconteceu com Ben Weisman, por exemplo, eles simplesmente sumiram da discografia de Elvis. O que terá acontecido? De qualquer maneira a música do ursinho Teddy foi mesmo um grande sucesso. Foi lançada em single e atingiu rapidamente a marca das cinco milhões de cópias vendidas.

As fãs da época adoravam a música e entenderam (de forma errada) que Elvis colecionava ursinhos de pelúcia. Na verdade ele jamais havia pensado em algo parecido. As únicas coisas que Elvis colecionava naqueles tempos eram discos e carros. Ele não tinha interesse em brinquedos felpudos para crianças, afinal já era um homem adulto. Apesar disso e de repente Elvis se viu em um mar de bichinhos enviados por correspondência para Graceland. Sem saber direito o que fazer com tantos ursinhos, que encheram um quarto inteiro na sua mansão, o cantor teve a boa ideia de doar todos eles para instituições de caridades que cuidavam de crianças carentes e órfãs. Foi um gesto bonito, mostrando mais uma vez o lado generoso da personalidade de Elvis.

A música título do filme foi a bela balada "Loving You". Escrita pela excelente dupla de compositores formada por Jerry Leiber e Mike Stoller, a faixa era nitidamente uma tentativa de repetir o sucesso de "Love Me Tender" (a música tema do filme anterior). Nunca chegou ao mesmo patamar de popularidade,, mas também não fez feio nas paradas. Muitas versões foram gravadas ao longo de todos esses anos, inclusive pelo cantor brasileiro Roberto Carlos. O curioso é que Elvis precisou de um tempo para se acostumar com sua melodia. Ela tinha um lado melancólico, quase parando, que destoava um pouco do que Elvis estava produzindo naquele ano. Afinal aquele era o Elvis rocker, o Elvis roqueiro, e Loving You, baladona romântica por excelência, exigia uma certa postura que aquele jovem de 22 anos ainda não tinha.

Os compositores Sid Tepper e Roy C. Bennett escreveram a música mais hollywoodiana desse álbum. Estou falando de  "Lonesome Cowboy". Parecia até mesmo uma música bem antiga, dos clássicos faroestes dos anos 1940. Essa dupla iria cair nas graças do Coronel Parker e na década seguinte eles iriam escrever a maioria dos temas musicais de filmes de sucesso de Elvis como "Feitiço Havaiano" (Blue Hawaii) e "Saudades de um Pracinha" (G.I.Blues). Ao lado de Ben Weisman foram os mais assíduos compositores de músicas para filmes de Elvis na década de 1960. De uma forma ou outra o tema, que não chegou a fazer sucesso nas paradas, serviu perfeitamente para o contexto do filme, que mostrava um jovem cantor tentando vencer na carreira, bem no circuito country and western.

"Hot Dog" foi escrita por Jerry Leiber e Mike Stoller. E isso leva muita gente boa a confundir com o clássico "Hound Dog". Músicas com nomes parecidos, de mesmos autores. A confusão seria bem esperada. Só que "Hot Dog" é um rock rápido, escrito especialmente para o filme e que nunca teve maior destaque dentro da carreira de Elvis. "Hound Dog", por outro lado, é um clássico absoluto na voz de Elvis Presley, ainda hoje lembrada e presente em qualquer coletânea do cantor que se preze.

Outro rock rápido, de cura duração, usado para fechar o lado A do vinil original é "Party". No disco de 1957 ela vinha logo após "Hot Dog" dando até mesmo uma impressão no ouvinte de que se tratava de um medley de rocks ligeiros por parte de Elvis. Como ele vivia sua fase mais roqueira, nada mais conveniente do que encher a trilha sonora de músicas desse estilo musical. Essa canção foi escrita por Jessie Mae Robinson. Apesar de ter um forte apelo de palco, ela nunca foi usada por Elvis em seus concertos.

"Got a Lot o' Livin' to Do"foi composta às pressas pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman para ser gravada por Elvis em janeiro de 1957, Os produtores do filme em Los Angeles ligaram para a dupla, que morava em Nova Iorque, para que eles criassem uma música para uma determinada cena, que iria trazer um dos principais momentos do filme. E assim a canção foi criada. Ficou muito boa, pode até mesmo ser considerado o melhor rock do disco. Também merecem aplausos a própria cena do filme, que ficou muito bem coreografada e fotografada. As fãs de Elvis na época, nem é preciso dizer, adoraram tudo.

Da mesma dupla de compositores, Aaron Schroeder e Ben Weisman, veio outra canção que foi aproveitada no Lado B do antigo vinil. Se trata da boa "Don't Leave Me Now". Essa canção tem uma boa pegada melódica, que inclusive me lembra de blues mais tradicionais. Gravada em fevereiro de 1957 ela nunca teve maior destaque dentro da discografia de Elvis, o que sempre achei uma pena. É uma canção subestimada, com ótimo acompanhamento de piano. A letra é bonitinha, tem um senso romântico bem típico dos adolescentes e poderia ter sido escrito por um colegial apaixonado em seu caderno escolar. Leia os versos: "Não me deixe agora / Agora que eu preciso de você / Quão triste e solitário eu ficaria / Se você disesse que terminamos / Não despedace meu coração / Este coração que te ama / Elas serão nada para mim / Se você me deixasse agora".

Um dos aspectos que a discografia de Elvis Presley de uma maneira em geral deixou a desejar foi a ausência de músicas compostas pelos maiores compositores da história da música dos Estados Unidos. Elvis, como grande astro, poderia ter gravado discos e discos apenas com a fina flor da canção americana. Apenas com os mais consagrados autores de todos os tempos. Porém, infelizmente, só esporadicamente esse encontro entre o talentoso cantor e esses gênios da criação musical aconteceu.

Um desses raros encontros podemos encontrar aqui no álbum "Loving You". Se trata de "True Love", composta pelo grande Cole Porter, considerado por muitos historiadores de arte como um dos maiores gênios da música mundial. Porter foi aclamado desde cedo em sua carreira. Ao longo de sua vida compôs verdadeiras preciosidades em forma de notas musicais. Elvis poderia ter gravado muitas canções de Cole Porter ao longo da vida, mas isso infelizmente não aconteceu. Seus direitos autorais eram considerados caros demais pelo Coronel Parker. Além disso havia essa mentalidade de que Porter estava fora do espectro do que se esperava encontrar em um disco de Elvis Presley. Era algo mais alinhado com os álbuns de Frank Sinatra, para alguns. Um erro de percepção em minha opinião.

Outra boa aquisição ao álbum em termos de qualidade musical foi essa criação de Ivory Joe Hunter chamada "I Need You So". Aqui havia um toque de gosto pessoal do próprio Elvis. Quem conhece o material gravado de forma amadora na Alemanha, quando Elvis estava por lá servindo o exército, sabe bem que as músicas de Ivory Joe Hunter estavam sempre sendo tocadas por Elvis ao piano em sua casa. Ele gostava muito desse compositor, isso na sua esfera pessoal mesmo, de seu próprio gosto musical. Curiosamente, por anos e anos, Elvis não voltaria a gravar nada dele, só voltando a trazer para seus discos canções de Hunter já nos anos 70, quando já havia se transformado em um artista completamente diferente do começo de sua carreira.

Da dupla de compositores Johnny Russell e Scott Wiseman, o disco traz a boa "Have I Told You Lately That I Love You?". É uma boa canção country and western. Por essa época Elvis ainda surgia com esse tipo de música em seus discos. Depois de um tempo ele iria direcionar seu repertório para um material mais pop, principalmente na era dos filmes em Hollywood. De vez em quando algo country seria gravado, mas em menor escala. As trilhas sonoras exigiam um outro tipo de seleção musical. Em relação ao country Elvis só voltaria a gravar muito material dessa linha nos anos 70, quando aí sim virou um artista tipicamente saído da geração de artistas de Nashville.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Elvis Presley - Jailhouse Rock / Treat Me Nice

Seguramente esse single foi um dos maiores sucessos de vendas da carreira de Elvis Presley. Embora haja uma certa incerteza no número exato de cópias vendidas, estima-se que "Jailhouse Rock / Treat Me Nice" tenha vendido mais de 10 milhões de exemplares pouco depois após sua chegada nas lojas, o que foi um excelente número para a RCA Victor. Não tão expressivo como os 22 milhões de singles vendidos de "It´s Now Or Never", mas mesmo assim uma cifra robusta sob qualquer ângulo que se analise. Assim que chegou nas lojas o single vendeu absurdamente. Em poucos dias já estava na primeira posição da Billboard onde ficou por várias semanas reinando absoluto.

O nome Elvis Presley significava vendas certas, um nome de ouro para indústria fonográfica dos anos 1950. De fato, por essa época de sua carreira Elvis estava literalmente no topo do mundo. Seus discos vendiam como nunca, seus shows tinham lotação esgotada semanas antes da apresentação e ele emplacava uma carreira no cinema. Com tanto dinheiro entrando, Elvis resolveu sair de sua casa nos subúrbios de Memphis para comprar uma luxuosa mansão no mais puro estilo sulista de Graceland. Viver em sua residência anterior havia se tornado impossível pois não havia segurança nem para ele e nem para sua família. As fãs mais exaltadas estavam sempre pulando as cercanias da casa e procurando por privacidade Elvis resolveu então comprar a mansão Graceland por pouco mais de 100 mil dólares. Era uma forma de ter novamente privacidade.

Se Elvis estava ficando cada vez mais rico e famoso, o mesmo não se podia dizer de seu grupo musical. Scotty Moore e Bill Black estavam muito insatisfeitos com o que estava acontecendo. Embora estivessem no grupo musical mais famoso do mundo, o fato é que isso não significou uma melhora em seus padrões de vida. Eles ganhavam pouco e o Coronel Parker não parecia disposto a lhes dar um aumento de salário. Não havia retorno financeiro para eles e nem reconhecimento pelo trabalho que faziam. Bill Black, por exemplo, continuava a morar numa modesta casa de subúrbio em Memphis. Seu carro era de segunda mão e com família numerosa as contas não paravam de crescer.

Elvis havia sido leal com eles, mesmo com a pressão de Tom Parker para contratar outros músicos, mas a grana nunca chegava para os seus músicos. Elvis resolveu seguir com seu trio da época da Sun Records mas isso não significou uma melhoria de vida para todos eles. Para piorar os nomes deles sumiram dos discos. Na época da Sun os nomes de Scotty e Bill sempre eram creditados nos compactos, mas não na RCA. Apenas o grupo vocal de apoio The Jordanaires era creditado nas contracapas dos álbuns de Elvis. O resto era simplesmente ignorado. Em vista disso o ressentimento foi crescendo dentro do conjunto. O problema é que todas essas questões acabaram criando uma certa tensão entre todos eles. Os músicos liam no jornal que Elvis estava vendendo 10 milhões de cópias de um compacto como esse, mas suas vidas continuavam na mesma dureza de antes.

Elvis ficava cada vez mais milionário enquanto seus antigos colegas de banda continuavam com o mesmo salário dos tempos da Sun Records. Scotty Moore resumiu bem a situação: "Os vendedores de pipocas nos shows de Elvis ganhavam mais do que a gente. Era ridículo o nosso pagamento!". No fim das sessões de "Jailhouse Rock" Bill Black puxou Elvis de lado para expor os problemas. Elvis se mostrou surpreso com a situação e disse que falaria com o Coronel Parker sobre o que estava acontecendo com eles. O empresário tentou ainda escapar de um encontro direto com os rapazes o que adiou um pouco a saída deles, mas os Blue Moon Boys estavam mesmo com os dias contados. Bill Black participaria de apenas mais algumas sessões antes de abandonar definitivamente Elvis. Scotty Moore também estava prestes a desistir. Para piorar o serviço militar continuava no pé de Elvis e ele provavelmente não escaparia de servir o exército americano. Apesar de todo o sucesso e glória havia de fato muitas sombras no ar naquele momento. Porém o exército era uma realidade muito distante para Elvis e por isso ele seguia fazendo sucesso com seus discos e com seu novo filme a chegar nas telas, "Jailhouse Rock", que no Brasil recebeu o sugestivo título de "O Prisioneiro do Rock".

Pablo Aluísio. 

sábado, 19 de novembro de 2022

Elvis Presley - Loving You - Parte 5

Lançado em 1957, a trilha sonora do filme Loving You foi um grande sucesso de vendas. A RCA Victor fez uma aposta com o lançamento desse disco. Quis testar o mercado para saber se álbuns de filmes com Elvis Presley seriam viáveis comercialmente. Acabou dando muito certo. Curiosamente, a gravadora sempre ficaria um passo atrás em relação a isso. A próxima trilha sonora de Elvis seria lançada no sistema EP, de compacto duplo. Foi uma visão muito conservadora. Se Loving You tinha sido tão bem-sucedida, por que não seguir no mesmo caminho? De qualquer forma, a RCA continuaria lucrando com esse material. Dividiu posteriormente o álbum em dois compactos duplos, que também foram grandes sucessos de vendas. Cada um desses compactos duplos trazia 4 músicas do disco. Todo mundo ficou satisfeito em relação às vendas. 

O filme também foi bem-sucedido nas bilheterias. Por essa época, vários estúdios de Hollywood estavam produzindo filmes sobre o tema rock and roll. Esses filmes traziam um festival de cantores da época, como Little Richard, Chuck Berry, Jerry Lee Lewis, etc. Elvis foi convidado para participar de alguns desses filmes, mas o Coronel Parker disse não. Para Parker, Elvis só poderia aparecer em seus próprios filmes, nada de ser coadjuvante em filmes com outros artistas. Isso dava uma noção bem clara do que o empresário de Elvis Presley queria para ele na carreira no cinema. 

O diretor de Loving You afirmaria anos depois que Elvis tinha pretensões de ser um novo James Dean em Hollywood. Tanto isso é verdade que ele pediu ao diretor que não colocasse muitas cenas em que seu personagem estaria sorrindo. O diretor ficou surpreso com a sugestão de Elvis e perguntou qual seria a razão disso. Elvis disse a ele que havia assistido vários filmes com Marlon Brando e James Dean. E que nesses filmes os atores não sorriam muito, estavam sempre de cara séria, de cara amarrada. O diretor, então, entendeu qual era a intenção de Elvis. 

A crítica de cinema viu o filme apenas como meio promocional para Elvis. Era uma produção da Paramount, então havia de tudo do bom e do melhor que o estúdio poderia oferecer. Porém, o roteiro foi criticado. O filme era apenas uma mera desculpa para Elvis cantar em cena. Esse tipo de crítica iria se repetir em todos os demais filmes que ele iria fazer em Hollywood. Havia sim um fundo de verdade sobre isso. Entretanto, os estúdios de cinema não queriam mais um ator dramático. Os produtores queriam faturar em cima da fama de Elvis e ele era o cantor mais popular do mundo. Nada mais natural do que colocar o astro da música para cantar nos filmes.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Elvis Presley - Loving You - Parte 4

Um dos aspectos que a discografia de Elvis Presley de uma maneira em geral deixou a desejar foi a ausência de músicas compostas pelos maiores compositores da história da música dos Estados Unidos. Elvis, como grande astro, poderia ter gravado discos e discos apenas com a fina flor da canção americana. Apenas com os mais consagrados autores de todos os tempos. Porém, infelizmente, só esporadicamente esse encontro entre o talentoso cantor e esses gênios da criação musical aconteceu.

Um desses raros encontros podemos encontrar aqui no álbum "Loving You". Se trata de "True Love", composta pelo grande Cole Porter, considerado por muitos historiadores de arte como um dos maiores gênios da música mundial. Porter foi aclamado desde cedo em sua carreira. Ao longo de sua vida compôs verdadeiras preciosidades em forma de notas musicais. Elvis poderia ter gravado muitas canções de Cole Porter ao longo da vida, mas isso infelizmente não aconteceu. Seus direitos autorais eram considerados caros demais pelo Coronel Parker. Além disso havia essa mentalidade de que Porter estava fora do espectro do que se esperava encontrar em um disco de Elvis Presley. Era algo mais alinhado com os álbuns de Frank Sinatra, para alguns. Um erro de percepção em minha opinião.

Outra boa aquisição ao álbum em termos de qualidade musical foi essa criação de Ivory Joe Hunter chamada "I Need You So". Aqui havia um toque de gosto pessoal do próprio Elvis. Quem conhece o material gravado de forma amadora na Alemanha, quando Elvis estava por lá servindo o exército, sabe bem que as músicas de Ivory Joe Hunter estavam sempre sendo tocadas por Elvis ao piano em sua casa. Ele gostava muito desse compositor, isso na sua esfera pessoal mesmo, de seu próprio gosto musical. Curiosamente, por anos e anos, Elvis não voltaria a gravar nada dele, só voltando a trazer para seus discos canções de Hunter já nos anos 70, quando já havia se transformado em um artista completamente diferente do começo de sua carreira.

Da dupla de compositores Johnny Russell e Scott Wiseman, o disco traz a boa "Have I Told You Lately That I Love You?". É uma boa canção country and western. Por essa época Elvis ainda surgia com esse tipo de música em seus discos. Depois de um tempo ele iria direcionar seu repertório para um material mais pop, principalmente na era dos filmes em Hollywood. De vez em quando algo country seria gravado, mas em menor escala. As trilhas sonoras exigiam um outro tipo de seleção musical. Em relação ao country Elvis só voltaria a gravar muito material dessa linha nos anos 70, quando aí sim virou um artista tipicamente saído da geração de artistas de Nashville.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Elvis Presley - Loving You - Parte 3

"Hot Dog" foi escrita por Jerry Leiber e Mike Stoller. E isso leva muita gente boa a confundir com o clássico "Hound Dog". Músicas com nomes parecidos, de mesmos autores. A confusão seria bem esperada. Só que "Hot Dog" é um rock rápido, escrito especialmente para o filme e que nunca teve maior destaque dentro da carreira de Elvis. "Hound Dog", por outro lado, é um clássico absoluto na voz de Elvis Presley, ainda hoje lembrada e presente em qualquer coletânea do cantor que se preze.

Outro rock rápido, de cura duração, usado para fechar o lado A do vinil original é "Party". No disco de 1957 ela vinha logo após "Hot Dog" dando até mesmo uma impressão no ouvinte de que se tratava de um medley de rocks ligeiros por parte de Elvis. Como ele vivia sua fase mais roqueira, nada mais conveniente do que encher a trilha sonora de músicas desse estilo musical. Essa canção foi escrita por Jessie Mae Robinson. Apesar de ter um forte apelo de palco, ela nunca foi usada por Elvis em seus concertos.

"Got a Lot o' Livin' to Do"foi composta às pressas pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman para ser gravada por Elvis em janeiro de 1957, Os produtores do filme em Los Angeles ligaram para a dupla, que morava em Nova Iorque, para que eles criassem uma música para uma determinada cena, que iria trazer um dos principais momentos do filme. E assim a canção foi criada. Ficou muito boa, pode até mesmo ser considerado o melhor rock do disco. Também merecem aplausos a própria cena do filme, que ficou muito bem coreografada e fotografada. As fãs de Elvis na época, nem é preciso dizer, adoraram tudo.

Da mesma dupla de compositores, Aaron Schroeder e Ben Weisman, veio outra canção que foi aproveitada no Lado B do antigo vinil. Se trata da boa "Don't Leave Me Now". Essa canção tem uma boa pegada melódica, que inclusive me lembra de blues mais tradicionais. Gravada em fevereiro de 1957 ela nunca teve maior destaque dentro da discografia de Elvis, o que sempre achei uma pena. É uma canção subestimada, com ótimo acompanhamento de piano. A letra é bonitinha, tem um senso romântico bem típico dos adolescentes e poderia ter sido escrito por um colegial apaixonado em seu caderno escolar. Leia os versos: "Não me deixe agora / Agora que eu preciso de você / Quão triste e solitário eu ficaria / Se você disesse que terminamos / Não despedace meu coração / Este coração que te ama / Elas serão nada para mim / Se você me deixasse agora".

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Elvis Presley - Teddy Bear / Loving You

Depois de vários meses sem um single nas lojas a RCA Victor finalmente lançou no mercado americano o novo compacto de Elvis Presley. O lado A surgia com uma música com nome no mínimo esquisito, "Teddy Bear". Na letra Elvis cantava: "Deixe-me ser seu ursinho de pelúcia" (o tal ursinho Teddy). Nem precisa esclarecer que algo assim tão carinhoso com as fãs fez com que o compacto disparasse em vendas. No Lado B o compacto trazia justamente a música que seria título de seu novo filme na Paramount Pictures. Era a balada "Loving You" que tentava repetir o mesmo sucesso de "Love Me Tender".

Na capa Elvis surgia com uma roupa estilizada de cantor country and western. A estranha estampa fazia parte do figurino de seu novo filme que em breve chegaria nos cinemas, "Loving You". E era justamente a canção título do filme que estava no Lado B do disquinho. Se Teddy Bear era puro pop inocente, "Loving You" era uma baladona que carregava nas tintas. Para dar mais consistência Elvis ainda adotou muito do estilo dos grandes cantores do passado, em especial Bing Crosby, de que era admirador. Esse single seria o primeiro do projeto Loving You a chegar aos fãs. Essa estratégia seria exaustivamente repetida pela gravadora de Elvis nos anos que viriam. Primeiro o lançamento de um single com as duas canções da trilha sonora com mais potencial de chegar nas primeiras posições da parada. Depois o lançamento do álbum com toda a trilha sonora e finalmente após algumas semanas a chegada do filme nas telas de cinema por todo o país. Durante anos esse esquema deu muito certo e trouxe muitos lucros tanto para a gravadora de Elvis quanto para os estúdios de Hollywood.

E por falar em estúdio de cinema, "Loving You" foi o primeiro a ser lançado pela Paramount Pictures, com produção do conhecido Hal Wallis. O interessante sobre a Paramount é que sua direção mantinha um padrão de qualidade que não poderia ser rompido. Assim os filmes de Elvis nesse estúdio geralmente eram bem melhores produzidos. Além disso por uma política interna da empresa as trilhas sonoras teriam que ser lançadas como álbuns completos de 10 a 12 canções. Elvis que havia lançado a trilha sonora de seu filme anterior pela Fox em compacto duplo acabou vendo então a Paramount exigir junto à RCA o material suficiente para lançar o álbum da trilha o mais breve possível. Para os executivos da Paramount a coisa era simples: O disco promovia o filme e vice-versa e ambos tinham que ter qualidade de acordo com as diretrizes do estúdio. Com apenas sete canções gravadas diretamente para o filme a RCA resolveu reaproveitar o recém compacto duplo "Just For You", colocando praticamente todas as suas canções no lado B do LP.

No tocante ao resultado comercial o single "Teddy Bear / Loving You" logo se tornou um grande sucesso de vendas. "Teddy Bear" tinha um alvo certo: as fãs adolescentes do cantor. Durante sua vida Elvis recebeu milhares de ursinhos de pelúcia. Uma revista americana divulgou sem base nenhuma que Elvis colecionava esse tipo de brinquedo. Não era verdade, mas as fãs acreditaram e enviaram ursinhos para a casa de Presley aos milhares. Para não parecer mal-educado Elvis recebeu os felpudos, mas jamais cogitou algum dia colecionar esse tipo de coisa. Para capitalizar em cima dessa história a música foi composta especialmente para ele. O curioso é que pessoalmente Elvis não estava certo sobre a canção. A letra era bobinha e iria fomentar ainda mais o boato dos ursinhos. Como era muito profissional acabou gravando a canção. O single logo chegou ao topo da Billboard se tornando assim mais um primeiro lugar consecutivo de sua carreira. Por essa época Elvis desfrutava de uma supremacia rara dentro da música americana. Qualquer coisa que lançasse era sucesso imediato e os compactos vendiam milhões de cópias antes mesmo de virarem sucessos nas rádios.

Só que havia uma novidade. Elvis mostrou com Teddy Bear que conseguia vender não apenas discos, mas produtos também. Milhões de ursinhos foram vendidos e esse acontecimento despertou a curiosidade de Tom Parker que entendeu que Elvis poderia virar uma marca de sucesso em qualquer segmento comercial. A partir daí contactou empresas e colocou o nome do cantor para licenciamentos de produtos em série. Em razão disso Elvis apareceu nas mais curiosas mercadorias, chicletes, jogos de tabuleiro, brinquedos, radiolas, etc. Era mais uma boa fonte de renda para Elvis e o Coronel e esse não se fez de rogado, explorando até a exaustão o nome de Elvis Presley.

E os ursinhos? Bom, depois de "Teddy Bear" eles continuaram a chegar em maior número pelos correios a tal ponto que Elvis já não sabia o que fazer com tantos ursinhos espalhados pela casa. Até o banheiro ficou lotado desses bichinhos. Elvis não queria jogar eles fora pois respeitava muito a boa vontade de seus fãs que o presenteava. Jogar no lixo seria um desrespeito para com suas jovens fãs. Foi então que após pensar um pouco ele chegou numa solução do problema. Elvis decidiu doar as centenas de ursinhos para instituições de caridade que atendia crianças pobres ou doentes. Assim ele resolveria o seu problema de espaço, não desrespeitaria seus fãs e ainda faria a alegria de muitas crianças carentes de Memphis. Um bom desfecho que deixou todos felizes, Elvis, as fãs e claro... o próprio Teddy Bear!

Curiosidade histórica: Você sabe por que o ursinho de pelúcia americano é conhecido pelo nome carinhoso de Teddy Bear? Esse nome vem do fato do presidente americano Theodore Roosevelt ter sido um dos criadores do brinquedo. Aventureiro, metido a ir em viagens exóticas (até na Amazônia esteve) o presidente Roosevelt procurou por anos por um brinquedo que despertasse nas crianças o sentimento de amor à natureza. Esse brinquedo acabou sendo o ursinho de pelúcia que era fofinho e muito ecologicamente correto pois despertava o amor dos pequeninos pelos animais. A imprensa americana então em um misto de ironia e sátira acabou se referindo ao ursinho como Teddy Bear - o Urso Teddy - em referência ao presidente Teddy Roosevelt. O curioso é que Roosevelt também era um caçador inveterado, o que não caía muito bem com sua postura de paixão pelo Reino Animal. Mas enfim, o fato é que o apelido pegou e até hoje o brinquedo que conhecemos como ursinho de pelúcia aqui no Brasil é conhecido lá nos Estados Unidos como Teddy Bear, o ursinho do presidente Teddy Roosevelt.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Elvis Presley - Loving You - Parte 2

Não é surpresa para ninguém que o grande hit desse álbum foi mesmo "(Let Me Be Your) Teddy Bear". A música foi escrita pela dupla Kal Mann e Bernie Lowe. O interessante é que apesar de todo o sucesso alcançado por essa canção, Elvis nunca mais iria gravar nada desses compositores. Ao contrário do que aconteceu com Ben Weisman, por exemplo, eles simplesmente sumiram da discografia de Elvis. O que terá acontecido? De qualquer maneira a música do ursinho Teddy foi mesmo um grande sucesso. Foi lançada em single e atingiu rapidamente a marca das cinco milhões de cópias vendidas.

As fãs da época adoravam a música e entenderam (de forma errada) que Elvis colecionava ursinhos de pelúcia. Na verdade ele jamais havia pensado em algo parecido. As únicas coisas que Elvis colecionava naqueles tempos eram discos e carros. Ele não tinha interesse em brinquedos felpudos para crianças, afinal já era um homem adulto. Apesar disso e de repente Elvis se viu em um mar de bichinhos enviados por correspondência para Graceland. Sem saber direito o que fazer com tantos ursinhos, que encheram um quarto inteiro na sua mansão, o cantor teve a boa ideia de doar todos eles para instituições de caridades que cuidavam de crianças carentes e órfãs. Foi um gesto bonito, mostrando mais uma vez o lado generoso da personalidade de Elvis.

A música título do filme foi a bela balada "Loving You". Escrita pela excelente dupla de compositores formada por Jerry Leiber e Mike Stoller, a faixa era nitidamente uma tentativa de repetir o sucesso de "Love Me Tender" (a música tema do filme anterior). Nunca chegou ao mesmo patamar de popularidade,, mas também não fez feio nas paradas. Muitas versões foram gravadas ao longo de todos esses anos, inclusive pelo cantor brasileiro Roberto Carlos. O curioso é que Elvis precisou de um tempo para se acostumar com sua melodia. Ela tinha um lado melancólico, quase parando, que destoava um pouco do que Elvis estava produzindo naquele ano. Afinal aquele era o Elvis rocker, o Elvis roqueiro, e Loving You, baladona romântica por excelência, exigia uma certa postura que aquele jovem de 22 anos ainda não tinha.

Os compositores Sid Tepper e Roy C. Bennett escreveram a música mais hollywoodiana desse álbum. Estou falando de  "Lonesome Cowboy". Parecia até mesmo uma música bem antiga, dos clássicos faroestes dos anos 1940. Essa dupla iria cair nas graças do Coronel Parker e na década seguinte eles iriam escrever a maioria dos temas musicais de filmes de sucesso de Elvis como "Feitiço Havaiano" (Blue Hawaii) e "Saudades de um Pracinha" (G.I.Blues). Ao lado de Ben Weisman foram os mais assíduos compositores de músicas para filmes de Elvis na década de 1960. De uma forma ou outra o tema, que não chegou a fazer sucesso nas paradas, serviu perfeitamente para o contexto do filme, que mostrava um jovem cantor tentando vencer na carreira, bem no circuito country and western.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Elvis Presley - All Shook Up / That's When Your Heartaches Begin

Como a RCA Victor estava sem material para lançamentos, Elvis entrou em estúdio logo em janeiro de 1957 para novas sessões. As gravações aconteceram no Radio Recorders, o preferido de Elvis na costa oeste. Desde quando começou a trabalhar na RCA, Elvis sempre escolhia o local por ter bom equipamento de gravação e acomodações acolhedoras. Dessa vez o principal objetivo era gravar novas músicas para um single a ser lançado o mais rapidamente possível. Elvis chegou com sua turma e começou a ouvir as sugestões do produtor. As músicas de demonstração eram passadas para ele escolher as que mais lhe agradava. 

Essa acabaria sendo a sua forma de trabalhar até o fim de sua carreira. As músicas eram reproduzidas para sua audição, caso Elvis gostasse de alguma, mandava separar e ao final com seis ou oito canções escolhidas ele se dirigia ao microfone e dava seu sinal de OK. Os microfones eram ligados e as sessões começavam de fato. Geralmente Elvis ouvia as demos sentado em uma confortável cadeira no centro do estúdio com um refrigerante em mãos, geralmente uma Pepsi, sua marca preferida. Nesse dia em particular Elvis resolveu tentar algo diferente. Iniciou com a canção gospel “I Believe”. Depois tentou a balada "Tell Me Why". Só no final da sessão é que se mostrou disposto a gravar a canção "All Shook Up". Era o que os produtores da RCA queriam.

A música escrita por Otis Blackwell caía como uma luva para o gosto dos jovens da época. Tinha um excelente ritmo, com muito swing, e uma letra que certamente criaria uma identificação imediata com a juventude. Era praticamente uma gíria que logo cairia na boca dos fãs de Elvis. Embora o cantor fosse creditado depois como um dos autores da música, a verdade é que novamente pouco participou da criação da canção. Apenas deu uma ideia para o que seria um bom refrão, daqueles bem pegajosos, que grudam na cabeça do ouvinte. Sugeriu a expressão “All Shook Up” se referindo obviamente a um estado de excitação, movimento, inquietação. O próprio cantor inclusive explicou depois em uma entrevista que só havia dado ideia para uma única música em toda sua vida e era justamente essa, “All Shook Up”. Ele havia tido um sonho estranho, onde não parava quieto e quando acordou imaginou que poderia sair uma música dali. Alguns historiadores porém acham que embora não estivesse mentindo a música já existia desde 1956 e tinha apenas sido retocada por Blackwell para que Elvis a gravasse depois.

Um fato curioso é que "All Shook Up" iria mudar com os anos. A versão original do compacto tem uma melodia com levada de jazz e swing, mas quando Elvis a levou para os palcos a partir de 1969 ela ganharia muito mais velocidade, se transformando em um rock vibrante, com pouca identidade com a gravação original. O lado B do single veio com a baladona “That's When Your Heartaches Begin”. A canção foi incluída praticamente como “tapa buraco” pois a RCA não tinha a menor intenção de trabalhar em cima dela. Era uma velha balada romântica, sem muito potencial comercial, que só foi gravada por Elvis porque ele a tentava gravar adequadamente desde os tempos da Sun. Como lado B de All Shook Up já estava bem posicionada. All Shook Up virou um tremendo sucesso em seu lançamento e seria o primeiro de quatro singles campeões nas paradas que Elvis iria emplacar de forma consecutiva. De fato esse foi um de seus períodos mais bem sucedidos em termos comerciais. Seus singles eram dados como certos no topo das paradas e tinham pré vendas de mais de um milhão de exemplares. Algo inédito para a RCA. All Shook Up chegou ao primeiro lugar na Billboard Top 100 em abril de 1957 tirando a canção “Round and Round” de Perry Como da primeira posição. No saldo final deu a Elvis Presley mais dois discos de platina. Um êxito comercial absoluto. Nada mal para o que era apenas um sonho agitado de fim de noite.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Elvis Presley - Just For You (1957)

Poucos dias depois que o compacto duplo "Peace In The Valley" chegou nas lojas americanas a RCA Victor lançou no mercado outro compacto, igualmente duplo, apenas com músicas inéditas gravadas por Elvis Presley. O mercado de fato esperava por um novo single depois do grande sucesso de "All Shook Up", mas isso definitivamente não aconteceu. A razão é que os executivos da gravadora após ouvirem as novas faixas que Elvis havia gravado no Radio Recorders chegaram na conclusão que nenhuma delas tinha força suficiente para estourar nas paradas. Eram boas canções sim, bem gravadas e tudo o mais, porém não tinham vocação para virarem hits na Billboard. Excesso de zelo? Falta de confiança no novo material? Em parte sim. Realmente os engravatados da Victor não estavam errados. Elvis vinha de "All Shook Up", um tremendo sucesso e não seria interessante ver seu novo single ficar para trás nas principais paradas. A decisão então foi reunir quatro das novas músicas para lançamento no mercado em forma de Extended Play (o nome americano para o nosso compacto duplo).

A direção de arte da capa reciclou uma foto que havia sido tirada para fazer parte da capa do segundo álbum do cantor no ano anterior. Elvis inclusive está com a mesma camisa, o mesmo violão e no fundo o mesmo cenário. A única diferença é que ele está usando um casaco vermelho bem chamativo. A contracapa repetia o que era praxe na época: uma mera lista promocional de outros compactos duplos da RCA Victor nas lojas. Estão lá os nomes dos novos disquinhos de Perry Como, Harry Belafonte, Chet Atkins, Eddie Fisher, Glenn Miller, Eddy Arnold, entre outros. Na época isso era considerada mera propaganda, mas hoje em dia esse tipo de informação não deixa de ter um charme extra pois ficamos sabendo quais artistas estavam no mercado fazendo concorrência a Elvis. E foi justamente essa disputa feroz no mercado que fez com que a RCA lançasse esse "Just For You". A trilha sonora de "Loving You" só chegaria aos fãs no meio do ano e para evitar que Elvis ficasse vários meses sem nada de inédito nas lojas a gravadora se apressou em colocar no mercado o disco.

O curioso em "Just For You" é que ele logo se tornaria obsoleto para os colecionadores. Como vinha um novo filme de Elvis por aí nos cinemas, a RCA decidiu reaproveitar todas essas faixas para colocá-las no Lado B do álbum da nova trilha sonora. Os fãs que compraram o compacto logo tiveram que gastar dinheiro novamente com as mesmas músicas que voltavam no LP "Loving You". Era a velha estratégia do Coronel Parker de vender a mesma coisa duas vezes, algo que ele aprendeu muito bem em seus dias de circo. Assim todas as faixas de Just For You acabaram se tornando as primeiras “bonus songs” das trilhas sonoras de Elvis Presley. O que eram "Bônus Songs"? Basicamente eram gravações de Elvis que não faziam parte dos filmes, mas que eram incluídas no álbuns das trilhas para completa-las. Geralmente as trilhas de Elvis tinham de seis a sete canções e eram insuficientes para ocupar todo o espaço de um antigo LP. Dessa maneira as Bônus Songs eram adicionadas, se completando as dez ou doze faixas necessárias. Todos os artistas da época faziam isso e com Elvis não seria diferente.

O carro chefe de Just For You era a boa "I Need You So". Uma balada sentimental que apesar de bem executada nunca conseguiu boa repercussão. Completando o lado A temos o country "Have I Told You Lately That I Love You" cujo destaque é a boa sonorização do grupo vocal The Jordanaires. Por essa época eles já estavam completamente entrosados com Elvis e essa simbiose já surgia perfeitamente nos registros. Já o lado B abria com a deliciosa "Blueberry Hill". Falaremos melhor sobre ela quando formos analisar a trilha de "Loving You", mas de antemão quero dizer que é uma pena que a RCA nunca tenha trabalhado melhor nessa música. Eu a considero excelente. Seu potencial de virar hit na época já havia se esgotado pois ela já tinha feito sucesso na voz de outros cantores, porém mesmo assim merecia melhor destino certamente. "Just For You" fecha com outra boa balada," Is It So Strange", uma bela canção que também nunca encontrou bom espaço dentro da discografia de Elvis. Ela reaparecia anos depois no álbum "A Date With Elvis" quando o cantor estava servindo o exército americano na Alemanha.

Quando chegou no mercado "Just For You" surpreendeu e conseguiu emplacar um ótimo segundo lugar entre os compactos duplos mais vendidos. Isso incentivou a RCA a lançar novos EPs de Elvis nos anos seguintes, disquinhos que só deixariam mesmo de serem lançados por volta de 1966 quando a RCA lançou as últimas trilhas sonoras de Elvis nesse formato. Não se preocupe, ainda falaremos muitos sobre esses charmosos vinis que marcaram a discografia de Elvis Presley. Até lá.

Elvis Presley - Just For You (1957)
I Need you So
Have I Told You Lately That I Love You
Blueberry Hill
Is It So Strange

Elvis Presley – Just For You (1957) / Elvis Presley (voz e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J.Fontana (bateria) / Gordon Stoker (piano) / Dudley Brooks (piano) / Hoyt Hawkins (órgão) / Jordanaires (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado nos estúdios Radio Recorders - Hollywood / Data de Gravação: 18 e 19 de janeiro de 1957 / Data de Lançamento: abril de 1957 / Melhor posição nas charts: #2 (EUA).

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Loving You - Parte 1

Esse foi o segundo filme de Elvis Presley e o primeiro a ganhar um disco no formato LP ou álbum. "Love Me Tender", o filme anterior, teve sua trilha sonora vendida em compacto. Aliás é bom salientar que Elvis foi um dos primeiros artistas jovens a ganhar essa honraria de ter suas músicas lançadas em álbum. Naquela época as gravadoras usavam esse formato mais para o lançamento de música clássica ou óperas. Não era comum um artista pop como Elvis ter discos de longa duração como esse. Geralmente esse tipo de artista tinha seu trabalho lançado apenas em singles, conhecidos no Brasil como compactos.

Não havia músicas suficientes para encher todo um álbum. Então a RCA Victor colocou no lado B do disco várias canções do "Just For You". Para os fãs o lado A era a grande novidade. Só músicas inéditas, todas gravadas para o filme "A Mulher Que Eu Amo" (Loving You, em seu título original em inglês). A boa notícia é que eram boas músicas, excelentes gravações por parte do cantor. A maioria delas foi gravada em Hollywood em janeiro de 1957. Para essas sessões Elvis trouxe sua banda habitual. Nada de músicos contratados pelos estúdios de cinema como havia acontecido em "Love Me Tender". Aqui Elvis fez questão de trabalhar com seus próprios músicos.

"Mean Woman Blues" foi escolhida para abrir o disco. Grande momento tanto do álbum, como do filme, quando Elvis a canta em uma de suas melhores cenas no cinema durante os anos 50. Essa era uma composição de Claude Demetrius, aqui aparecendo pela primeira vez em um disco de Elvis - e ele não se tornaria um compositor habital na discografia de Elvis, apesar de seu grande talento. O ritmo era até um pouco fora dos padrões, unindo a escala musical típica de um blues com a agitação do nascente rock ´n´roll. A mistura, apesar de ser original e muito bem composta, não chegou a agradar todo mundo. Alguns mais tradicionais criticaram, ignorando o fato de que o blues foi um dos gêneros musicais que deram origem ao rock. Enfim, erraram no ponto de vista.

"Blueberry Hill" abriu o lado B do álbum. Essa não fazia parte da trilha sonora de "Loving You" e foi colocada no disco para completar espaço. Isso de um ponto de vista puramente comercial, porque do ponto de vista artístico essa era uma grande canção. Foi composta por um trio (Vincent Rose, Al Lewis e Larry Stock) e virou sucesso na interpretação do ótimo Fats Domino. Seu toque de piano inicial era sua maior característica. Algo inclusive que levou Elvis a tentar tocá-la ao vivo algumas vezes durante os anos 50. Ficou muito bom, na maioria das vezes. Como a música já havia esgotado seu potencial de sucesso com Fats, ela nunca chegou a se tornar um hit na voz de Elvis, mas isso em nada tira seus méritos. É um dos melhores momentos de todo o disco.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Elvis Presley - Too Much / Playing For Keeps

O primeiro material inédito de Elvis a chegar nas lojas americanas em 1957 nos Estados Unidos foi o single Too Much / Playing For Keeps. Havia uma grande ansiedade por canções inéditas de Elvis Presley pois seu sucesso inigualável no ano anterior o tinha elevado ao posto de cantor número 1 da América. Assim tudo o que levava a marca Elvis era esperado com grande expectativa pelo mercado. Um mês antes do lançamento a RCA enviava para as principais lojas do país o material promocional do novo single de Elvis – um enorme cartaz para ser exposto na entrada dos estabelecimentos com a capa do compacto e a data de lançamento. A frase “Elvis está chegando” podia ser lida em letras garrafais.

Pelos números alcançados em 1956 a RCA resolveu caprichar em cada novo produto de seu agora artista principal. Os fãs adoravam esse tipo de clima pré lançamento e não se faziam de rogados oferecendo uma bela soma pelos cartazes para adicionar em suas coleções de itens relacionados ao Rei do Rock. O curioso é que embora fossem esperadas como novidade absoluta a verdade pura e simples é que as duas canções desse compacto nada mais eram do que sobras das sessões do segundo álbum de Elvis. As músicas tinham sido arquivadas para serem lançadas depois, justamente para cobrir os primeiros meses do ano de 1957 pois Elvis descansaria por algumas semanas da correria dos compromissos do ano anterior para só então retomar o ritmo dentro do novo ano que nascia.

Dentro da RCA surgiu um debate sobre qual música deveria ocupar o lado A do compacto. Alguns defendiam que Playing For Keeps tinha mais potencial nas paradas pois lembrava em certos momentos a grande balada de seu último sucesso, Love Me Tender. Keeps também era uma balada cuja letra consistia em uma declaração de amor, ideal para os corações adolescentes apaixonados da década de 50. Outra corrente porém defendia que Too Much tinha mais forças para chegar ao topo da Billboard pois era um rock com pegada, com aquela vocalização “mastigada” de Elvis que todos os jovens adoravam. A indecisão fez com que a RCA imprimisse a capa do single com Playing For Keeps em primeiro lugar (obviamente ocupando o lado A) para logo depois mudar completamente de idéia ao colocar finalmente Too Much no lado principal. Indecisão é pouco.

Quem não estava gostando nem um pouco de Too Much ganhar todo esse destaque no lançamento era justamente Scotty Moore, o guitarrista da banda de Elvis. Ele tinha errado no solo, perdeu-se por um momento e só depois conseguiu voltar ao ponto certo. Quando Elvis escolheu aquele take como oficial, Moore se apressou em lhe avisar que ele tinha errado mas Elvis respondeu: “Eu sei disso, mas essa versão ficou ótima, vamos deixar assim”. A canção chegou ao mercado com a falha de Scotty Moore que falaria sobre esse seu erro por anos a fio, como que se quisesse se desculpar com os fãs de Elvis. Bobagem, a falha existe realmente mas não macula a gravação e nem a música que é contagiante e tem a marca registrado do vocal de Elvis – algo que ele já fazia desde os tempos da Sun e que usaria ainda bastante nos anos seguintes. Aquilo era o mais puro puro rock ´n ´Roll. O single chegou nas lojas e como era de se esperar vendeu muito, mas não o bastante para chegar ao topo da Billboard. O máximo que alcançou foi um honroso segundo lugar. O fato deixou alguns cabeças da RCA preocupados mas eles não teriam motivos para reclamar pois logo Elvis estaria de volta aos estúdios para produzir material realmente novo, fresquinho, saído do forno em um ano que ele reinaria absoluto nas paradas de sucesso. Elvis estava realmente chegando e dessa vez para ficar definitivamente.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Elvis Presley - Love Me Tender

Toda a trilha sonora do filme "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender, EUA, 1956) foi lançada originalmente em compacto duplo. Todas as faixas foram providenciadas pelos estúdios Fox e depois repassadas para a RCA Victor, a gravadora que tinha contrato de exclusividade com Elvis na época. O interessante é que praticamente todo o material foi composto pelo diretor musical do estúdio Fox, o maestro e arranjador Ken Darby (que não aparecia nos créditos).

Como o filme era um faroeste ao velho estilo, todas as canções tiveram de uma maneira ou outra um sabor Country and Western. Claro, esse tipo de sonoridade não soava estranha a Elvis. Afinal ele vinha de Memphis, cidade próxima a Nashville, considerada a capital da country music nos Estados Unidos. Ele estava mais à vontade do que nunca com as canções, embora soubesse também que aquele tipo de música era no fundo apenas a visão de Hollywood sobre o estilo musical que tanto conhecia. Elvis porém era um cantor profissional e resolveu dar o melhor de si para o material previamente produzido pelos estúdios da Fox.

Praticamente tudo foi gravado em apenas uma sessão de gravação realizada no dia 24 de agosto de 1956. As músicas não foram produzidas por Steve Sholes, o produtor de Elvis na RCA, mas sim por Lionel Newman, outro contratado da Fox. Esse dispensou a banda de Elvis e ele teve que gravar pela primeira vez sem estar ao lado de seus músicos habituais. Scotty Moore, Bill Black e cia, ficaram de fora. Ele não gostou dessa mudança, porém não quis criar problemas. Mais tarde Elvis iria impor sua vontade, determinando que sua banda o acompanhasse nas trilhas sonoras, mesmo em Hollywood.

A primeira música gravada foi "We’re Gonna Move". Para surpresa de muitos a canção, embora simples, acabou criando uma certa dificuldade para Elvis. Ele precisou de 10 takes para chegar onde queria. Em se tratando de Elvis Presley nos anos 50 isso era algo até incomum de acontecer. "Poor Boy" deu menos trabalho. Em apenas 3 takes a música estava finalizada. Elvis veria essa faixa ser relançada alguns anos depois no álbum "For LP Fans Only" enquanto ele servia o exército americano na Alemanha. Era um country bem simplório, tipicamente mais bobinho do que Elvis estava acostumado a lidar.

As duas músicas anteriores mais pareceram um aquecimento quando Elvis finalmente se concentrou para gravar o tema principal, "Love Me Tender". A melodia era conhecida desde os tempos da guerra civil americana. Aqui Elvis tinha como principal instrumento sua voz, uma vez que a música, que iria se tornar uma das mais conhecidas e famosas de sua carreira, contava apenas com voz e violão. A versão original ficou belíssima e em pouco tempo estava pronta para se tornar um hit absoluto nas paradas de sucesso. Elvis só retornaria ao estúdio da Fox em Hollywood em setembro para gravar algumas versões das mesmas músicas que seriam utilizadas apenas no filme. De inédita ele só completou "Let Me" . já que o compacto duplo tinha que ter quatro músicas e ele só havia gravado três em agosto.

Pablo Aluísio.