O lançamento do CD FTD Pot Luck por parte do selo Follow That Dream trouxe aos fãs de Elvis a oportunidade de ouvir as sessões de gravação desse álbum. Não se trata apenas de conferir as canções oficiais que fizeram parte do disco original de 1962, mas ir além, conferindo os takes alternativos, os takes que não foram usados. O processo de criação de uma versão ideal, oficial, em estúdio, é dos mais interessantes e ouvir CDs como esse é extremamente curioso para o fâ de Elvis.
Veja o caso dos takes 1 e 3 de "Easy Question". Antes da faixa começar Elvis tira uma onda, fazendo uma voz engraçada - provavelmente imitando o personagem Pernalonga dos desenhos animados. As primeiras versões dessa canção são bem diferenciadas em seu tempo e ritmo - pois são bem mais lentas, quase parecendo uma outra canção. Curiosamente o vocal de Elvis segue seu caminho, praticamente intacto ao que ouvimos no disco vinil original dos anos 60. Elvis era craque, pois mesmo com a banda fora de compasso ele conseguiu um ótimo resultado vocal. É um típico caso em que a banda não ajuda muito, mas o cantor vai em frente, tentando encontrar o caminho certo.
Os takes 4 e 9 de "Fountain Of Love" são bem parecidos nesse aspecto, porém devo confessar que eles combinam muito bem com a sonoridade latina - espanhola da composição. A versão que ouvimos, a oficial que estamos acostumados, era bem mais rápida. O som ibérico porém exige uma certa preguiça, vamos colocar assim, um tipo de sesta sonora. Assim devo dizer que essas versões iniciais são extremamente belas em sua execução. Poderiam fazer parte de qualquer CD oficial do Rei sem que ninguém nem ao menos se apercebesse que eram meros takes alternativos, inacabadas de estúdio, tamanha a boa performance de Elvis.
"Just For Old Times Sake" é uma das baladas mais bonitas da carreira de Elvis. Nesse CD ouvimos três takes - 2, 3 e 4. O primeiro take aliás é absurdamente interrompido pelo produtor pois Elvis estava perfeito. No take 3 quem erra e perde o tempo da música é o próprio Elvis. Bobagem, poderia ter seguido em frente, isso se Elvis não fosse tão perfeccionista. O take 4 traz um pequeno erro de introdução, mas o produtor nem se abala e não interrompe o take que segue em frente com perfeição. Elvis era realmente um talento raro. Duvida disso? Ouça takes como esse para entender.
Pablo Aluísio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário