terça-feira, 2 de maio de 2017

Chet Baker: A Lenda do Jazz

Chet Baker foi um dos grandes músicos da história do jazz. Ele marcou época em um tempo onde só havia gênios atuando nesse estilo musical como Miles Davis e Dizzy Gillespie. O roteiro desse filme "Born to Be Blue" porém não se ocupa dos anos de glória de Chet Baker, mas sim de seus anos de queda. Após um início promissor no mundo da música, com muitos discos de sucesso, tanto do ponto de vista comercial como de crítica, Chet começou a decair. Seu talento não havia desaparecido, ele apenas estava viciado em heroína.

A partir da perda do controle de seus problemas com drogas ele começou a sofrer reveses sucessivos, tanto na vida profissional como pessoal. Sua mulher o abandonou, a gravadora rescindiu seu contrato e uma surra dada por traficantes acabou quebrando todos os seus dentes. Para quem era trompetista a perda dos dentes representou um problema e tanto. Em pouco tempo ele estava praticamente acabado.

O filme começa quando Chet saiu da prisão. Um produtor de Hollywood pagou sua fiança para que ele estrelasse um filme sobre sua vida pessoal. Chet iria interpretar ele mesmo. A produção não deu certo e assim o músico precisou reencontrar o caminho do sucesso e do respeito. O roteiro do filme mostra apenas uma pequena parte da vida do músico, justamente aquela em que ele tenta se reerguer na vida. Arruinado financeiramente, sem trabalho, ele busca pela última chance em sua vida. Há uma luta interna para não voltar para as drogas e a humilhação de ter que tocar em pequenos bares para sobreviver. Um momento particularmente difícil em sua trajetória.

O ator Ethan Hawke se sai muito bem em sua interpretação de Chet Baker. Esse ator sempre teve uma característica bem interessante, a de passar uma certa vulnerabilidade, até mesmo uma fraqueza física e psicológica em todos os personagens que interpretou. Algo que foi mais do que adequado para esssa atuação. Seu Chet é um ídolo caído, um sujeito que já foi grande, mas que agora beija a sarjeta. Seus maneirismos, as humilhações que teve que passar, tudo é muito bem desenvolvido por Hawke. Ele só não conseguiu ser tão boa pinta como o verdadeiro Chet Baker (que lembrava até mesmo um Elvis Presley do mundo do jazz). Não tem problema, esse filme é realmente muito bom para resgatar a trágica história desse músico que foi do céu ao inferno em sua arte.

Chet Baker: A Lenda do Jazz (Born to Be Blue, Estados Unidos, 2015) Direção: Robert Budreau / Roteiro: Robert Budreau / Elenco: Ethan Hawke, Carmen Ejogo, Callum Keith Rennie / Sinopse: O filme narra parte da vida do músico de jazz Chet Baker, desde o momento de sua queda na carreira e na vida pessoal causada pelo vício em heroína, até suas tentativas de voltar ao topo no mundo da música.

Pablo Aluísio.

9 comentários:

  1. Avaliação:
    Direção: ★★★
    Elenco: ★★★
    Produção: ★★★
    Roteiro: ★★★
    Cotação Geral: ★★★
    Nota Geral: 7.9

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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  2. O Chet Baker foi especial.

    No Brasil, felizmente, temos nosso Chet Baker e ainda por cima com toques de gênio: chama-se João Gilberto. Já está muito velho, logo se irá e não poderá ser substituído. Que época estamos vivendo.

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  3. Um dos criadores da bossa nova...

    Em relação ao Chet Baker... Ao assistir a esse filme voltei a uma velha dúvida que tenho. Até hoje não consegui decifrar a relação existente entre ser músico e ser autodestrutivo. Talvez a psicologia explique. De minha parte realmente não consigo decifrar esse enigma.

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  4. PS: Não consegui localizar seu novo comentário no Cine Western. Será que foi naquele blog mesmo que você comentou?

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  5. Pablo:

    Sobre músicos serem autodestrutivos, eu te digo que isso afeta mais os mais famosos, então vale o que alguém disse: "o sucesso é insuportável".

    Sobre o meu novo comentário no Western, eu também não consegui encontra-lo. Já viu né? Desculpe.

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  6. Pablo:

    Agora que eu assisti esse filme eu notei uma coisa que me soou estranho. O fato de, justamente, os negros agirem com preconceito em relação ao Chet Baker como se esse precisasse do beneplácito deles para poder existir como músico de Jazz só pelo inevitável dele ser branco. Eu não sei se aconteceu da forma como aparece no filme, mas se foi assim, o Miles Davis e o Dizzy Gillespie são dois palhaços prepotentes e racistas como quaisquer brancos da Klu Klux Klan.

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  7. Boa observação Serge. Essa mentalidade de "apropriação cultural" é bem típica dos nossos dias, mas não do passado em que o filme se desenrola. Provavelmente o roteirista do filme errou aí.

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