É um dos personagens mais populares do cinema de ação. Tudo começou com a publicação do livro "First Blood" de David Morrell. O autor original não tinha a pretensão de criar um herói de ação, mas sim retratar o drama dos veteranos que voltavam da guerra do Vietnã. Derrotados, humilhados e até mesmo mal vistos pela sociedade americana, esses soldados não encontravam mais um lugar para viver em seu retorno à pátria. Tanto isso era verdade que Morrell resolve matar Rambo nas páginas finais do romance. Um desfecho bem adequado para o drama vivido pelo protagonista central. Um homem que não tinha mais a quem volta depois de uma guerra sem sentido.
Em pouco tempo Sylvester Stallone, sempre de olho em boas histórias para roteiros, descobriu o livro. Como era pouco conhecido, cujo lançamento praticamente passou despercebido, Stallone comprou os direitos para o cinema por uma quantia realmente ridícula. Depois de Rocky III ele sabia que tinha que emplacar outra série de sucesso para ficar no topo das bilheterias. Assim quando escreveu o roteiro do primeiro filme Sly modificou o destino de Rambo. Ele não morria mais nas mãos dos policiais da pequena cidadezinha. Stallone sabia que tinha um potencial campeão de bilheteria em mãos e não iria matar a franquia logo no primeiro filme, lançado em 1982."Rambo - Programado Para Matar" foi a grande influência para os filmes de ação que iriam dominar as telas na década de 1980. Excessivamente violento, apostando no sujeito que fazia o estilo "Exército de um Homem Só" o filme realmente criou todo um novo estilo de se fazer filmes em Hollywood. Até então os filmes de guerra investiam em equipes, como "Os Selvagens Cães de Guerra". Stallone estava visando outro tipo de produção. Ele queria encarnar o soldado perfeito que apesar dos traumas desenvolvidos na frente de batalha, conseguia se tornar uma verdadeira máquina de guerra.
E foi justamente o que o público viu no melhor filme da franquia, "Rambo II - A Missão". Havia várias modificações em relação ao primeiro filme. Ao invés de mostrar o drama da volta de Rambo aos Estados Unidos o roteiro (também escrito por Stallone) levou o personagem de volta aos campos do Vietnã para um último acerto de contas. Claro que Rambo só deveria ir lá para confirmar a existência de prisioneiros americanos vivos, mas como era de esperar ele resolveu tocar o terror naqueles vietcongues malditos. Até o presidente americano da época, Ronald Reagan, adorou o filme. Um aspecto interessante desse segundo (e melhor filme da série) é que Stallone chamou James Cameron (o futuro diretor de "Titanic" e "O Exterminador do Futuro") para escrever o roteiro ao seu lado. Assim Rambo II é praticamente o filme de ação perfeito dos anos 80. Uma verdadeira obra prima dentro de seu gênero. Se Rambo II foi tão bom e bem feito, não podemos dizer o mesmo de "Rambo III". Rodado em 1988 o filme acabou se tornando uma sucessão de erros, principalmente políticos. Stallone elegeu como mocinhos os afegãos que lutavam contra o exército Soviético na época. O problema é que esses mesmos combatentes iriam dar origem com o tempo ao movimento Talibã, tudo culminando com os atentados de 11 de setembro. Revisto hoje em dia não poderia haver roteiro mais equivocado do que esse. Realmente um tiro no pé dado pelo próprio Stallone.
Com tantos problemas era de se esperar que tudo acabasse com Rambo III. A década de 80 se foi e não havia mais sentido para o velho Rambo. Não era bem isso que Stallone pensava. Em 2008 (vinte anos depois do terceiro filme) ele ressurgiu com "Rambo IV". Foi algo sem razão de ser. Stallone, já com o peso da idade nas costas, não conseguia mais alcançar o nível de preparo físico que o personagem sempre exigiu. Ao contrário disso desfilou seu ar cansado com uma grande camisola preta durante todo o filme que definitivamente não empolga em nenhum momento. Com roteiro melancólico e sem graça, Rambo IV deve ser a despedida final de Stallone ao papel, a não ser que ele de algum modo queira ressurgir em cena para um improvável Rambo V. Afinal de contas em se tratando de Sylvester Stallone tudo é realmente possível.
Pablo Aluísio.
Publicado originalmente no blog Cine Action
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