Hoje vivemos uma nova onda de vampirismo no cinema. Vários filmes voltaram a explorar essa mitologia e essa nova moda se estendeu em toda cultura pop, seja em jogos RPGs, livros, séries de TV e muito mais. Um clima bem diferente de quando "A Hora do Espanto" surgiu nas telas na metade da década de 80. Era um fato: o personagem do vampiro estava em baixa. Christopher Lee não queria mais saber de fazer filmes de Drácula e a Hammer era vista como uma produtora fora de moda. Nos Estados Unidos a coisa era ainda pior pois os filmes que mostravam vampiros geralmente o faziam em tom de deboche como "Amor a Primeira Mordida" em que o galã decadente George Hamilton fazia um vampiro muito afetado e fanfarrão. Nenhum estúdio pensava seriamente sobre o tema e os fãs do estilo estavam desamparados. Até que o diretor descolado Tom Holland resolveu convencer a Columbia a investir meros nove milhões de dólares em um novo roteiro seu. Era um filme de vampiros certamente, mas bem diferente do tradicional. Ao invés da trama se passar em castelos isolados da Transilvânia a estória se passava em um bairro suburbano, tipicamente americano. O jovem Charley (William Ragsdale) era igualzinho aos garotos que iriam assistir ao filme. Eles curtiam filmes trashs na TV e eram apaixonados pela garota mais bonita da escola. A diferença era que seu vizinho era um vampiro! Um ser da noite morando ao lado, já pensou?
Desnecessário dizer que quando o filme surgiu nas telas caiu imediatamente no gosto do público jovem que ia aos cinemas. O roteiro era divertido, movimentado, tinha ótimos efeitos especiais e criava uma identificação imediata com a platéia. Quer fórmula mais certeira do que essa? Dois personagens eram divertidas releituras feitas em cima dos vampiros do passado e de seus caçadores incansáveis. Chris Sarandon tem aqui uma das melhores interpretações de sua carreira. Vivendo o vampiro sensual e gentleman Jerry ele rouba todas as cenas. Para falar a verdade sua caracterização lembra muito outra, que foi feita por Frank Langella no Drácula de 1979 mas mesmo assim consegue ter também uma identidade própria. Outro personagem ótimo é Peter Vincent (nome que mistura Peter Cushing com Vincent Price, dois ícones do cinema de terror das décadas passadas). Interpretado com raro brilhantismo por Roddy McDowall, ele é um apresentador de TV e ator decadente, que posa de caçador de vampiros nas telas mas que na realidade é um covarde inveterado. O sucesso do filme foi fenomenal e cunhou até mesmo a expressão "Espantomania", um rótulo que começou a ser usado em filmes que seguiam pela mesma linha (jovens com problemas sobrenaturais). Com o tempo o filme só ganhou em charme e simpatia e dá de dez a zero em seu péssimo remake que foi lançado há pouco tempo. "A Hora do Espanto" é aquele tipo de filme cuja estória já encontrou a versão definitiva no cinema. Um terror nota dez que até hoje diverte e encanta. Se já viu reveja, se ainda não conhece, corra para ver - será certamente um belo programa para essa noite!
A Hora do Espanto (Fright Night, Estados Unidos, 1985) Direção: Tom Holland / Roteiro: Tom Holland / Elenco: Chris Sarandon, William Ragsdale, Amanda Bearse, Roddy McDowall, Stephen Geoffreys / Sinopse: Charley Brewster (William Ragsdale) é um típico jovem americano que começa a desconfiar dos estranhos hábitos de seu novo vizinho, o misterioso e charmoso Jerry Dandrige (Chris Sarandon). Após investigar por conta própria ele acaba descobrindo que Jerry é na verdade um vampiro, igual aos que vê todas as noites nos filmes da TV. Sem saber o que fazer pede ajuda a Peter Vincent (Roddy McDowall), um ator decadente que apresenta um programa que exibe velhas produções de terror.
Pablo Aluísio.
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