segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 110

Coração Rebelde
Data: janeiro de 1961 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: 20th Century Fox / Local: Hollywood, USA. 

Coração Rebelde - Um ano após deixar o exército Elvis Presley deu seguimento ao seu plano de se tornar um ator respeitado em Hollywood. Depois de fazer concessões aos estúdios com G.I.Blues Elvis se sentia forte o suficiente para exigir certo controle artístico sobre sua carreira no cinema. O chefão da Fox, Darryl F. Zanuck, já havia dado carta branca a Elvis para ele escolher o roteiro que quisesse para seu próximo filme no estúdio. Então Elvis foi à caça de uma boa estória para ser filmada. Depois de ler pilhas de scripts e roteiros Elvis escolheu "Wild in The Country", uma adaptação de uma peça teatral que havia sido escrita para ser estrelada pelo ator Montgomery Clift. 

Infelizmente antes das filmagens programadas Clift sofreu um sério acidente de carro ao sair da casa de Elizabeth Taylor e teve o rosto completamente desfigurado pelo painel de seu carro. Com isso o projeto do filme foi arquivado. Ao cair nas mãos de Elvis no verão de 1960 o rei do rock se entusiasmou pelo roteiro e pela chance de finalmente fazer um filme com conteúdo mais dramático. Para Elvis esse filme deveria ser filmado de forma fiel à adaptação da peça teatral. Com a aprovação de Darryl F. Zanuck o projeto começou a tomar forma com a contratação do conceituado diretor Phillp Dune e a escalação das atrizes Hope Lange, Tuesday Weld e Cristina Crawford. 

Tudo ia bem até o dia em que o coronel Parker resolveu ler o teor da estória do novo filme de Presley. Parker ficou chocado com o que leu! Em primeiro lugar a estória era completamente dramática com final trágico - Elvis faria um personagem que se envolvia com uma mulher mais velha, não haveria músicas e o pior: Elvis se suicidaria no final! Uma coisa inaceitável na visão de Tom Parker, sempre preocupado com a imagem de seu principal (e único) cliente! Atuando pelas costas de Elvis o coronel começou a tomar as rédeas do projeto: o final foi mudado por um grupo de roteiristas contratados pelo empresário, o romance entre Elvis e uma mulher mais velha foi suavizado e foi encaixada diversas músicas dentro do filme (no roteiro original o personagem principal nem sabia cantar!). Elvis ficou completamente desapontado pois o filme agora se aproximava cada vez mais de sua comédias bobocas! Tudo em que havia apostado agora estava indo por água abaixo! 

Tentou vencer a queda de braço com Parker e Zanuck mas não conseguiu, principalmente depois que o diretor Phillip Dune resolveu ceder às pressões comerciais envolvidas na realização da película. Assim Elvis se viu totalmente sozinho na defesa do roteiro original que havia lido. Finalmente o presidente da Fox se reuniu com Elvis e demonstrou que as mudanças seriam mais benéficas ao sucesso do filme. Elvis resolveu então tentar salvar o que restava do script mas não obteve êxito em um set completamente controlado pela mão forte do todo poderoso magnata Darryl F. Zanuck. Finalmente acabou cedendo as pressões, com um forte sentimento de frustração e decepção com a maneira de fazer filmes em Hollywood. 

E assim "Coração Rebelde" se tornou um filme sem identidade própria, um mistão indigesto que tentava colocar sob o mesmo teto conceitos teatrais complexos com romances inventados na última hora para suavizar a forte densidade melodramática da trama. E também se tornou o adeus de Elvis às suas pretensões de exercer uma atividade de ator independente de sua carreira musical, principalmente depois do sucesso arrasa quarteirão do filme "Feitiço Havaiano", que chegou nas telas nesse mesmo ano. E a fusão desse dois fatores: o sucesso de "Feitiço Havaiano", comédia musical leve cheia de canções, e o relativo fracasso de "Coração Rebelde", filme com pretensões mais sérias, iria determinar como seria a futura carreira de Elvis no cinema, onde ele não iria mais sair do esquema imposto pelos grandes estúdios, das comédias musicais românticas. Era o fim do sonho de Elvis em se tornar um novo Marlon Brando ou James Dean. Será que se tivesse tido a oportunidade ideal, Elvis teria se tornado um grande ator? Nunca saberemos ao certo, infelizmente.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 109

Spinout
Data: 1966 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: MGM Pictures / Local: Hollywood, USA. 

Minhas três noivas (Spinout) - Em 1966 Elvis Presley completou dez anos de carreira em Hollywood. Os executivos da MGM então resolveram elaborar um intenso projeto de marketing para celebrar a data com muito material promocional, posters, álbuns, comerciais, folders etc. No centro das comemorações estava a realização de mais um filme de Elvis na produtora: Spinout (Minhas três noivas, no Brasil). As filmagens começaram em fevereiro de 1966 e duraram dois meses. Para contracenar com Elvis foram chamadas três beldades da época: Shelley Fabares (que já havia atuado ao lado de Elvis), Debora Walley (que chegou a ter um casinho com Elvis no set de filmagem) e Diana McBaine. 

Na direção o "pau-pra-toda-obra" dos estúdios Norman Taurog. Infelizmente os executivos da MGM não quiseram se arriscar e resolveram apostar na velha fórmula dos filmes anteriores de Elvis, que já estavam bastante desgastados pela crítica e até mesmo pelos fãs, que vinham exigindo atráves do fanzine "Elvis Monthly" mudanças na carreira de Elvis. Ou seja, muitos fãs estavam mais lamentando esse "aniversário" do que comemorando tal data. A falta de inovação da carreira de Elvis o levou a um impasse: ele tinha que mudar o rumo que vinha tomando há tempos ou afundaria de vez e se tornaria apenas uma "lenda viva" sem relevância artística. Os primeiros sinais já tinham aparecido no ano anterior com as más bilheterias de seus últimos filmes. 

O público estava cansado dos mesmos roteiros, das mesmas estórias e o pior de tudo: da má qualidade do material musical apresentado nesses filmes. E Elvis tinha consciência disso, porém preso a muitos contratos cinematográficos desde a primeira metade dos anos 60 o cantor se viu amordaçado não só aos grandes estúdios como também à sua própria gravadora que lançava todas as trilhas sonoras - e que por sua vez também estava presa à obrigações com os estúdios de cinema. Por incrível que isso possa parecer a melhor coisa a acontecer na carreira de Elvis nesse período era um grande fracasso no cinema! 

E o que todos de certa forma já previam finalmente aconteceu! Spinout foi lançado em novembro de 1966 e afundou nas bilheterias! Nem todo o marketing do mundo o salvou de ser um dos piores fracassos da carreira de Elvis! Até mesmo os fãs resolveram boicotar o lançamento e isso acabou sendo muito bom, pois acendeu de vez a luz vermelha nas organizações Presley - não dava mais para seguir essa velha linha "Trilha / Filme". Para se ter uma idéia do tamanho da bomba, basta afirmar que o filme não conseguiu ficar nem entre os 50 mais vistos do ano - logo Elvis que mesmo em suas bilheterias mais fracas conseguia ficar no top 10 ou até mesmo no top 20. O ano que viria apenas iria corroborar essa visão e tudo isso iria desbancar na realização do NBC TV Special de 68 que iria reviver a carreira de Elvis e o levar de uma vez por todas para longe de Hollywood, para o seu próprio bem e dos seus fãs, é claro! 

Spinout (S.Wayne / B. Weisman / D. Fuller) - Ao contrário do filme, que é destituído de valor artístico, a parte musical de Spinout traz pela primeira vez em muitos anos de trilhas sonoras fracas, uma seleção bastante interessante de momentos e até mesmo algumas músicas excelentes da carreira de Elvis - "Down in the Alley", "I'll Remember You" e "Tomorrow is a long Time" de Bob Dylan. Isso se deveu a um fator que ocorreu nos bastidores da RCA Victor em 1966. Por motivos de saúde o produtor de Elvis, Chet Atkins, teve que se afastar dos estúdios. Isso abriu caminho para que os trabalhos musicais de Elvis fossem providenciados por um novo produtor: Felton Jarvis. Ao contrário de Atkins, que apesar de ser um produtor e músico talentoso estava muito acomodado, Jarvis chegava com muita vontade de mostrar serviço. Resolveu embelezar as músicas de Elvis com novos arranjos e lhes dar maior qualidade harmônica, mesmo que essas fossem apenas canções descartáveis de filmes. Enfim, finalmente havia um sopro de ar fresco pairando dentro dos estúdios da RCA Victor. 

All That I Am - (S. Tepper / R.C. Bennett) - A prova viva de que Felton Jarvis vinha para ficar! Nesse caso o produtor pegou uma música despretensiosa que fazia parte da trilha e resolveu escrever um belíssimo arranjo de cordas em violino! A nova versão ficou tão bela que, com a concordância de Elvis, Jarvis resolveu lançá-la em single antes do filme. O resultado foi tão satisfatório que a música chegou ao Top 20 na Inglaterra, se tornando também bem conhecida no resto da Europa. Nesse compacto europeu ela foi lançada como lado A, ao contrário do single americano original que vinha com "Spinout" no lado principal e com "All That I am" no lado B. O disco com a trilha sonora se saiu melhor que o filme e conseguiu também ser Top 20 nos EUA (18º lugar entre os mais vendidos). Um excelente sinal de mudanças positivas nas combalidas trilhas sonoras de Elvis nesse período.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

domingo, 19 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 108

Os presentes de natal de Elvis
Data: janeiro de 1960 / Fonte: "Elvis e Eu" / Texto: Priscilla Presley e Sandra Harmon / Photo: RCA Victor / Local: Hollywood, USA. 

O Natal em Graceland - "Feliz Natal!"- exclamou Elvis, orgulhoso, entregando-me um cachorrinho cor de mel, de seis semanas. "Oh! Elvis, é a coisinha mais linda que eu já vi!" - Abracei-o e ouvi um latido abafado entre nós - "Oh Honey, desculpe!". Involuntariamente eu acabara de batizar o cachorrinho de Honey. Era véspera de Natal. Elvis rezara por um natal branco e - como resposta ao seu pedido - naquela noite caíram dez centímetros de neve. A reunião em torno da árvore de Natal incluía Vernon e Dee, os três filhos dela - David, Billy e Ricky - o círculo íntimo com suas mulheres e mais um punhado de outros amigos e parentes de Elvis. Todos se mostraram simpáticos e me fizeram saber que era bem vinda, embora parecesse estranho me ver a mim e não Anita Wood ao lado de Elvis. Anita partilhara o Natal com ele nos dois últimos anos. Havia ocasiões em que eu não podia deixar de especular se Elvis ainda sentia saudades dela. Não era fácil para ele se separar das pessoas. Eu sabia disso. 

Foi divertido observar Elvis abrir os presentes. "Era exatamente o que eu estava precisando, outra caixa de jóias" - disse ele rindo desembrulhando a quarta da noite. Ele olhou para Gene Smith, uma das poucas pessoas que era capaz de fazê-lo rir sistematicamente. "Foi você que me deu isso, Gene?" - "Não, El, não fui eu" - respondeu Gene. "Pensando bem, não podia ser você, Gene. É bom gosto demais" - todos riram com Elvis. "Poxa, E, como você pode dizer uma coisa dessas?" - murmurou Gene, em seu arrastado sotaque sulista. "Muito fácil" - Elvis estreitou os olhos - "Basta olhar pra você Gene, um exemplo vivo do mau gosto" Fingindo estar ofendido, Gene afastou-se coçando a cabeça, enquanto todos riam. Embora houvesse muitas brincadeiras, eu sentia uma tristeza em Elvis quando nossos olhos se encontravam. 

Não pude deixar de recordar o que ele me dissera certa ocasião na Alemanha: "O Natal em Graceland nunca mais será o mesmo sem mamãe. Será terrível para mim e não sei se sou capaz de suportar a solidão. Mas acho que conseguirei de alguma forma. Deus me dará a força necessária." Querendo distraí-lo, estendi um presente de papel muito colorido e disse: "Aqui está mais um, que você esqueceu de abrir". Era o meu presente, uma caixinha musical, que eu deliberadamente deixara por último. Prendi a respiração enquanto ele abria. No momento em que ele levantou a tampa, soaram os acordes de "Love me Tender". "Adorei! Juro que adorei, Cilla! Muito Obrigado!" Havia um brilho intenso nos seus olhos e desejei sempre poder fazê-lo feliz assim. De todas as celebrações e datas durante o ano o Natal sempre foi o preferido de Elvis. Além do aspecto religioso, sempre forte em Elvis, havia a sempre presente lembrança dos natais passados ao lado de sua querida mãe Gladys. Um feliz Natal para todos! 

If Every Day Was Like Christmas (Red West) - Música natalina lançada em single para o natal de 1966. Sob o comando de Felton Jarvis, Elvis registra uma das melhores melodias de sua carreira. Nota-se claramente o avanço de qualidade em relação às trilhas sonoras do mesmo período. Primor de interpretação de Elvis Presley em todos os aspectos. O single foi lançado com "How Would You Like To Be" no lado B, sendo essa uma reprise do filme "It Happened At World's Fair" (Loiras, ruivas e morenas, no Brasil). A música foi gravada nas mesmas sessões de "I'll Remember You" e "Indescribably Blue" em junho de 1966 e quando lançada em novembro desse mesmo ano chegou ao top 10 britânico.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 107

Elvis for Everyone
Data: 1965 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: MGM Pictures / Local: Hollywood, USA. 

Elvis for Everyone - Nos anos 60 Elvis Presley tentou conciliar uma carreira de ator no cinema com seu lado musical. Nesta fase muitas foram as trilhas sonoras de seus filmes. Mas foi justamente neste período que foi lançado um dos mais curiosos discos de sua carreira, uma colcha de retalhos sonora inventada pelos produtores e executivos da RCA Victor. O LP foi chamado de "Elvis for Everyone". Para compor o disco a RCA Victor vasculhou seus arquivos atrás de gravações perdidas de Elvis. E sem dúvida acharam muita coisa relevante e importante, inclusive duas canções de Elvis da época da Sun Records. Pode-se inclusive afirmar que este disco foi uma salvação para muitas músicas de Elvis que poderiam muito bem se perder nos porões empoeirados de sua gravadora, mas que felizmente foram resgatadas do esquecimento bem a tempo. Parte das músicas foram retiradas das sessões que foram realizadas para a composição de um disco de Elvis que jamais foi lançado. 

Ao longo dos anos esse disco acabou sendo batizado de "The Lost Album", o disco perdido de Elvis. Curioso mesmo é acompanhar como todas essas faixas foram sendo espalhadas em diversos discos diferentes da carreira de Elvis em épocas diversas e sem nenhum critério de classificação. Além das faixas da Sun e do The Lost Album, "Elvis for Everyone" trazia ainda algumas músicas de filmes de Elvis que não havia sido lançadas antes, canções de filmes como "Follow That Dream", "Flaming Star" e "Wild in The Country". Por fim o disco ainda contou com a coordenação do produtor Chet Atkins que tentou de alguma forma colocar a bagunça em ordem. Essas são as principais faixas do disco "Elvis for Everyone": 

Your Cheatin Heart (Hank Williams) - Clássico da música country gravada por Elvis pouco antes de ir servir o exército americano na Alemanha. Curiosa homenagem de Elvis a Hank Williams, considerado um dos pais do country and western daquele país. Elvis inclusive deixou um pouco seu aspecto criativo de lado e resolveu seguir um arranjo mais conservador. Nunca havia sido lançada antes na carreira do Rei do Rock. 

Memphis, Tennessee (Chuck Berry) - Faixa retirada das sessões do "The Lost Album". Muito bem arranjada e executada por Elvis e banda. Sem dúvida essa canção não poderia passar em branco na sua carreira, não só por sua importância na história do Rock como também pelo fato de ter o nome de sua querida cidade. Elvis e Chet Atkins deram um tratamento de luxo e à altura desse clássico moderno de Chuck Berry. Aliás Elvis sempre se deu muito bem com músicas compostas por Chuck Berry. Essa não foge à regra, sendo um grande momento da carreira de Elvis e que deve ser conhecido por todos. 

Sound Advice (Giant / Baum / Kaye) - Elvis e violão. Essa é uma canção que fez parte da trilha sonora de "Follow That Dream" (Em cada sonho um amor, no Brasil). Curiosamente ela jamais havia sido lançada antes, nem mesmo no EP da trilha do filme. É uma das melhores músicas Pop da carreira de Elvis. Outras faixas de filmes que fizeram parte desse disco foram: "Santa Lucia" (de Viva Las Vegas), "In My Way" e "Forget Me Never" (de Wild In The Country) e "Summer Kisses, Winter Tears" (de Flaming Star). 

Finders Keepers, Losers Weepers - (Dory Jone / Ollie Jones) - Música que foi gravada nas sessões do The Lost Album. Este disco deveria ter sido lançado pois as músicas gravadas estão entre as melhores de Elvis nos anos 60. Entre as gravações do The Lost Album estão "Devil in Disguise", "Please Don't Drag That String Around", "Long Lonely Highway" e a própria "Memphis, Tennessee". Isso sem dúvida demonstra como foram produtivas essas sessões. 

Tomorrow Night (S. Coslow / W. Gross) - A história dessa canção é bem interessante. Elvis a gravou na Sun Records e foi arquivada. Quase dez anos depois Chet Atkins resolveu fazer um arranjo totalmente novo sobre o antigo acompanhamento dos Blue Moon Boys. As participações de Scotty Moore e Bill Black foram apagadas só preservando mesmo o vocal original de Elvis. Depois Atkins resolveu chamar um grupo de músicos e praticamente regravou um novo arranjo. Sem dúvida o resultado ficou muito bom mas não agradou muito aos fãs mais puristas que sempre preferiram a versão original, que foi lançada finalmente em CD na coleção "The King of Rock'n'Roll". Vale pela curiosidade de conhecer uma versão B que só foi lançada nesse disco. 

O disco "Elvis For Everyone" foi lançado em agosto de 1965 e chegou ao top 10 da parada americana e ao oitavo lugar entre os mais vendidos na Inglaterra. Apesar de seu bom êxito nas paradas internacionais os fãs brasileiros ficaram a ver navios na época pois o disco não foi lançado no Brasil, só chegando nas lojas em 1982 como parte do pacote "Pure Gold" da RCA, que relançou vários discos da carreira de Elvis Presley. Antes tarde do que nunca.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

sábado, 18 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 106

His Hand In Mine
Data: novembro de 1960 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: RCA Victor / Local: Nashville. 

His Hand In Mine 
Ao retornar do Exército em 1960, Elvis resolveu realizar um de seus sonhos, gravar um álbum de canções religiosas. A realização deste trabalho foi fruto de muito empenho pessoal do próprio Elvis, o empresário dele, o coronel Parker, não via com bons olhos a gravação deste disco, pois temia prejuízos financeiros com sua realização. Elvis bateu o pé e exigiu que iria fazer o disco, com ou sem a aprovação dele. E assim o fez. O disco foi chamado de "His Hand in Mine" e é hoje considerado um de seus mais bonitos trabalhos. 

O disco fez um enorme sucesso, para espanto de Parker e da RCA, e provou que Elvis estava certo. A intenção de Elvis na realidade na gravação deste disco era homenagear a sua mãe, que havia morrido poucos anos antes. Segundo as próprias palavras de Elvis este disco era "um trabalho de amor". Ele participou efetivamente de todos os arranjos, de todo o trabalho de direção musical, praticamente monopolizou todas as fases da produção, realmente o verdadeiro produtor do disco foi o próprio Elvis. Escolheu as canções pessoalmente levando como critério de escolha a importância delas em sua vida, por isso o disco é recheado de canções da metade do século, algumas mais agitadas e algumas spirituals. As gravações foram realizadas em Nashville em outubro de 1960. 

Elvis declarou: "Esse disco será uma forma de mostrar minha gratidão para com os quartetos gospel. Acho que praticamente conheço todos os hinos já feitos. Adoro ficar sozinho ao piano, em Graceland, tocando essa música". No final de 1960, Elvis afirmou a um repórter que "His Hand in Mine" havia se tornado o seu trabalho musical de que tinha mais orgulho. O disco ficou na lista dos mais vendidos durante todo o ano seguinte, se tornando mais um grande êxito em sua carreira. 

His Hand In Mine (Mosie Lester) - Como tema principal do disco Elvis escolheu essa conhecida canção gospel de Mosie Lester. Como sempre fazia, Elvis resolveu modificar o arranjo da música original. Para isso ele realçou ainda mais a presença do quarteto gospel que o acompanhava. Depois modificou o acompanhamento instrumental dando destaque especial ao piano, ao contrário do órgão da versão de Mosie Lester. Por fim, resolveu trocar a seqüência original do refrão, aproveitando para modificar também o tempo da canção. Enfim, Elvis a reconstruiu ao seu gosto e como sempre suas escolhas se revelaram bem vindas, pois sem dúvida deram mais consistência a essa antiga canção gospel. 

Milk White Way (Elvis Presley) - Mais um exemplo do poder de trabalho de Elvis dentro dos estúdios. Aqui ele transformou mais uma vez uma tradicional canção religiosa para lhe dar um sabor todo especial. As mudanças foram ótimas, a música, antes mais lenta e melancólica, se transformou nas mãos de Elvis em um momento alto astral do disco. Elvis a deu ritmo e embalo. Se não fosse pela letra gospel poderia até ter entrado em qualquer disco convencional de sua carreira. Completamente diferente da tradicional canção religiosa, tanto que a RCA resolveu até mesmo lhe dar os créditos de autoria da música. Nota 10 para Elvis, que provou mais uma vez que realmente tinha ritmo correndo em suas veias. 

Swing Down Sweet Chariot (Elvis Presley) - Outra música que foi totalmente arranjada e adaptada por Elvis. O mais importante sobre essas gravações religiosas de Elvis é o fato dele ter trazido o gingado típico das músicas de R&B ao Gospel. Misturar gêneros e fundi-los sempre foi uma coisa natural para Elvis, que aliás detestava rotular qualquer tipo de ritmo ou música. Como disse Sam Phillips: "Elvis era daltônico", ou seja, ele não queria distinguir as canções de que gostava, para ele pouco importava o rótulo, seja a música fosse classificada como branca, negra, rock, pop, gospel; para Elvis isso não tinha importância, pois para ele tudo era música, tudo era mágica.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 105

G.I. Blues (Saudades de um pracinha)
Data: abril de 1960 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Pablo Aluísio / Photo: Paramount Pictures / Local: Hollywood, USA. 

Saudades de um pracinha 
Trilha Sonora do quinto filme de Elvis Presley que no Brasil recebeu o título de "Saudades de um Pracinha". O filme foi dirigido por Norman Taurog e produzido por Hal Wallis e contava em seu elenco com Juliet Prowse (a atriz era na época um dos casos amorosos de Frank Sinatra). Este filme seria o percursor dos filmes de Elvis nos anos sessenta com seus roteiros fracos e trilhas de gosto duvidoso. Apesar de tudo, "G.I.Blues" apresenta alguns momentos interessantes sendo uma de suas melhores trilhas nessa período. Elvis porém não gostou nada dos resultados mas preferiu manter sua decepção só para si. Neste mesmo ano Elvis iria realizar dois projetos de alto nível artístico. 

O primeiro foi a gravação do disco gospel "His Hand in Mine", velho sonho do cantor. O outro foi a realização do filme "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960), western dirigido pelo aclamado diretor Don Siegel e co-estrelado pela atriz Barbara Eden. Este filme foi bastante elogiado pela crítica e se tornou um bem sucedido veículo para o sonho de Elvis em se tornar um ator respeitado. Ambos os filmes, "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960) e "G.I.Blues" (saudades de um pracinha, 1960) foram grandes sucessos de bilheteria. Já a trilha sonora de "G.I. Blues" concorreu ainda nesse mesmo ano a 4 prêmios Grammy, ficando 10 semanas em primeiro lugar na Billboard, sendo classificada na lista dos mais vendidos por incríveis 111 semanas (recorde absoluto). 

Eis as principais canções desse grande sucesso de Elvis nos cinemas: 
Frankfort Special (Sid Wayne / Sherman Edwards) - Elvis interpreta esta divertida canção em um trem! Pois é, como havia várias músicas na trilha então não se devia desperdiçar tempo para apresentá-las. O ritmo aliás lembra o som de um trem em movimento. De qualquer forma vale por ser um momento de alto astral do disco e do filme. A trilha do outro filme de Elvis em 1960, "Flaming Star" (estrela de fogo, 1960)", contava com as seguintes canções: "Summer Kisses, Winter Tears", "Flaming Star", "Britches" e "A Cane and A Starched Collar", esta última aliás, a única cantada por Elvis no filme. 

Wooden Heart (adapt:Kaempfert / Wise / Weisman) - A melhor música de todo o disco. É baseada na canção folclórica Alemã "Muss I Denn". A cena que Elvis a apresenta no filme (com as marionetes) é a melhor parte de toda a película. A canção foi lançada em compacto na Alemanha e no restante da Europa alcançando um tremendo sucesso. O Single norte-americano com "Wooden Heart" só foi lançado no final de 1964, ou seja, quatro anos depois!!! É digno de nota a ótima adaptação do maestro alemão Bert Kaempfert e o acordeonista Jimmie Haskiell. Ela foi gravada no dia 27 de Abril nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. 

Pocketfull Of Rainbows (Wise / Weisman) - Elvis faz dueto com Juliet Prowse no filme, porém a versão lançada no disco só conta com a voz do cantor, o que é um alívio. É uma típica canção lenta e romântica dos filmes de Elvis nos anos sessenta. Os compositores desta música iriam compor diversos temas para Elvis durante sua carreira. A Letra traz uma mensagem bonita: "todos temos que ter um arco íris no nosso bolso nos momentos difíceis da vida". 

Blue Suede Shoes (Carl Perkins) - Uma nova versão para o clássico de Carl Perkins. Apesar de ser muito bem arranjada com um ótimo acompanhamento ela não consegue se tornar melhor do que a versão do cantor para o disco "Elvis Presley" (1956). Algo se perdeu, talvez falte um pouco de garra e pique nesta versão. Porém sem dúvida é um dos pontos altos de todo a trilha. Elvis não a canta no filme, ela só aparece quando um soldado liga um jukebox. 

Shoppin Around (Tepper / Bennet / Schroeder) - O ritmo é muito empolgante além de ser muito bem executada, porém mais uma vez fica evidente a fragilidade da letra. Esta aliás é uma característica de muitas canções de filmes de Elvis nos anos 60: um bom balanço com letras frágeis. O filme "Saudades de um pracinha" foi lançado na segunda metade de 1960 e se tornou um dos filmes de maior bilheteria do ano. A trilha sonora logo bateu a marca de mais de um milhão de cópias vendidas e liderou o top 10 da Billboard. Elvis também liderou a lista dos filmes mais vistos e abriu caminho de uma vez para sua carreira de ator de cinema em Hollywwod, com tudo de bom e ruim que isso acabou significando para sua carreira.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 104

G.I. Elvis - Parte II
Data: 12 de outubro de 1958 / Fonte: "Elvis, documento histórico" / Texto: Lu Gomes / Photo: U.S.Army / Local: Bad Nauheim, Alemanha Ocidental. 

Sessões de autógrafos 
Goethhestrasse 14 foi onde os Presleys moraram em Bad Nauheim, por 15 longos meses. A vida nessa casa era uma rotina que nunca variava. Às 4:30 hs da manhã, Lamar acordava para esquentar o motor do carro de Elvis, uma BMW esporte branca. Quando Elvis acordava, todo mundo também tinha que acordar: essa era uma regra não escrita. Vovó e Elizabeth iam para a cozinha preparar a comida que era feita para agradar ao paladar de uma única pessoa, mas que era servida para todos. Bacon e ovos fritos, geléia, manteiga, café e pêssegos em calda. Depois do Breakfast, 

Elvis entrava no carro e dirigia 17km até a base. 
Assim que ele partia, todo mundo voltava para a cama, só acordando mais tarde, no horário normal, para iniciar suas tarefas diárias. O volume de correspondência era enorme, e virtualmente toda pessoa naquela casa aprendeu a falsificar a assinatura de Elvis. O jantar era servido às seis horas e, à noite, acontecia a cerimônia de autógrafos. Elvis estabeleceu esse ritual para que sua família não fosse incomodada em horas impróprias. Assim os autógrafos só eram concedidos durante meia hora, todas as noites. Uma placa na janela da casa, escrita em inglês e alemão avisava: "autógrafos entre 7:30 a 8:00 da noite somente, por favor" Durante o dia, a rua ficava calma e deserta. 

Mas quando a hora mágica se aproximava, uma pequena multidão se formava diante da casa. Elvis aparecia vestindo seu uniforme e assinava capas de discos, retratos, cartões postais, etc. Nunca houve nenhuma desordem ou violência durante essas sessões de autógrafos, mas depois de um tempo elas começaram a aborrecê-lo. Nesse ponto a rotina foi alterada, Lamar ou Red, iam lá fora e explicavam que Elvis estava indisposto, mas mesmo assim fazia questão de assinar os souvenirs das fãs. Lamar e Red coletavam as coisas, entravam na casa, Elvis assinava ou eles mesmos forjavam a assinatura do cantor e voltavam para devolver tudo, enquanto os fãs esperavam pacientemente. Depois dessa cerimônia, a família sentava-se na sala para o balanço do dia. Elvis ia ao piano tocar alguma canção, ou então escutar a estação de rádio das forças armadas ou seus discos preferidos. 

Lá pelas nove horas, Elvis estava com fome novamente e, depois do lanche, subia para seu quarto e dormia dando boas risadas com a revista Mad. Nos fins de semana, Elvis convidava alguns companheiros do exército para irem à sua casa. Rex Mansfield (na foto ao lado de Elvis), Joe Esposito e Charlie Hodge. Lá pela meia noite de Sexta feira todos saíam. Se alguém demonstrasse cansaço ou relutância, em ir, Elvis pegava quatro ou cinco bolinhas, conseguidas com o farmacêutico da base, e fazia o cara tomar. E iam todos para Frankfurt. A diversão favorita de Elvis nessa moderna cidade era uma contorcionista que trabalhava numa boate. Impressionado pela forma que ela contorcia o corpo, Elvis finalmente foi apresentado à dama e saíram algumas vezes. 

Todos os rapazes se deliciavam pensando no que essa garota poderia fazer na cama. Mas The Pelvis nunca divulgou que tipo de relacionamento ele manteve com a "rosquinha", como a moça foi apelidada. Durante esse inverno, Vernon conheceu Dee Stanley, mulher de um sargento que lá servia e com quem tinha três filhos. Dispostos a casar, Dee iniciou a ação de divórcio contra o marido e, em junho, ela e Vernon foram visitar Elvis no hospital militar de Frankfurt, onde ele estava confinado com tonsilite (inflamação das amígdalas) Vernon e Dee queriam a permissão para o casamento. "Senhora Stanley" – disse Elvis deitado na cama – "quero que meu pai seja feliz. Ele é um pai e um marido maravilhoso, e eu sempre quis Ter um irmão. Agora, terei três. Só precisamos acrescentar outro quarto em Graceland"

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 103

Teen Angel
Data: 12 de setembro de 1959 / Fonte: "Elvis, documento histórico" / Texto: Lu Gomes / Photo: American Photo Library / Local: Frankfurt, Alemanha Ocidental. 

Elvis dá baixa no exército e volta para os Estados Unidos - Nem bem Vernon encontrou sua mulher, Elvis também achou a sua. Foi em agosto de 1959, que ele conheceu Priscilla Ann Beaulieu. Sentado na sala num fim de semana à noite, ele viu entrar a mais bela adolescente do mundo. Priscilla parecia um anjo de 14 anos. Ela veio com Currie Grant, um colega de Elvis, e ficou até às onze horas. Quando Priscilla voltou para sua casa (na cidade de Weisbaden) seus pais estavam à sua espera. Não haveria mais visitas a esse tal de Elvis Presley. Priscilla nem se incomodou, pois não pensava que Elvis quisesse vê-la de novo. Imagine sua surpresa quando soube por intermédio de Grant que Elvis estava querendo um novo encontro no fim de semana. Junto com Grant, ela acabou persuadindo os pais. 

Currie Grant fez um bom serviço, explicando que Elvis era um jovem exemplar, que vivia com o pai e a avó de forma respeitosa, e que as festas de fim de semana eram inocentes reuniões onde moças e rapazes tocavam piano e cantavam, comendo pizzas e tomando refrigerantes. Quando ao problema de Priscilla chegar tarde em casa, Elvis colocaria um carro à disposição, para trazê-la e levá-la. Naquele fim de semana, Priscilla voltou a Bad Nauheim. Gradualmente o ritmo de suas visitas mudou para duas ou três vezes por semana e, eventualmente, quatro vezes por semana. Lamar ia buscá-la em Wiesbaden, logo no começo da noite, e dirigia uma hora até chegarem em Bad Nauheim. Depois, no fim da noite, outra longa viagem de volta. Assim que a freqüência dessas visitas aumentou, seu objetivo mudou. 

Agora, em vez de festinhas em volta do piano, o famoso herói sexual, e sua "teen angel" passavam a noite no quarto sozinhos, conversando sobre carros, cinema e maquiagem. Mas o que pensavam os Beaulieus, ao ver sua filhinha ir passar a noite com um notório símbolo sexual? Bem, quando Priscilla contou a Elvis que as mentiras que era forçada a inventar para explicar porque chegava em casa tão tarde da noite, não estavam mais colando, e que isso poderia por um fim às visitas, Elvis decidiu ir direto ao coração do problema. Ele e Vernon telefonaram aos Beaulieus e marcaram uma visita. O que disseram aos pais de Priscilla não se sabe exatamente, mas é bastante provável que tenham explicado que, um dia, quando Elvis deixasse o exército e restabelecesse sua carreira artística, ele iria querer se casar e cuidar da família. Embora nenhuma promessa de casamento tenha sido feita nesse primeiro encontro, essa idéia estava implícita na mente de todos. A Sra Beaulieu chegou a dizer a filha que sua relação com Elvis representava a "oportunidade de sua vida". 

Por volta de setembro de 1959, Elvis viu os primeiros sinais de que sua carreira estava revivendo. Hal Wallis veio de Hollywood para supervisionar o trabalho de uma 2ª unidade de produção, que iria filmar algumas cenas de fundo para o primeiro filme de Elvis depois do exército. Logicamente, o filme iria explorar dramaticamente suas aventuras na Alemanha, como recruta do Tio Sam. Elvis não gostou nada da idéia, mas guardou seu descontentamento só para si. Ele queria papéis que não apenas explorassem versões fantasiosas de sua vida, mas nunca disse nada ao produtor Wallis. Elvis passaria toda a sua longa carreira em Hollywood lamentando-se do fato de não ganhar bons papéis. O que ele nunca aprendeu é que atores não ganham bons papéis – eles exigem. Os últimos meses na Alemanha passaram rapidamente. Três semanas antes de dar baixa, Elvis mandou sua família de volta para Memphis. No dia final ele embarcou em um DC 7 no aeroporto de Frankfurt, de volta aos Estados Unidos. 

Single nas lojas: 
A Fool Such As (B.Trader) - Lançada originalmente em 1952 por Hank Snow pela RCA. Balada romântica excepcional que marcou toda uma época! A vocalização dos Jordanaires se faz presente de forma maravilhosa pois ecoa em harmonia com a voz do Rei. Elvis chegou a concorrer a um Grammy de "Melhor canção do ano" por esta música. Ela foi gravada no dia 10 de junho de 1958 contando com as preciosas colaborações de Chet Atkins na guitarra (que iria se tornar o produtor de Elvis nos anos sessenta), Floyd Cramer no piano e Buddy Harmon nos bongôs. "A Fool Such As I" se tornou um dos maiores sucessos da carreira de Elvis. Mesmo ausente, servindo o exército na Alemanha, Elvis alcançou o primeiro lugar nas paradas inglesas e o segundo nas paradas americanas. Confirmando que sua popularidade continuava em alta no mundo todo. 

I Need Your Love Tonight (Wayne/Reichner) - Aqui esta uma ótima canção pop que possui um ritmo gostoso e fluente. Elvis a gravou em Nashville, a capital da música country and western, no dia 10 de junho de 1958 naquela que foi sua última sessão de gravação antes de servir o exército americano. Foi lançada como Lado B do single "A Fool Such As I" em março de 1959 atingindo o quarto lugar nas paradas.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 102

G.I. Elvis
Data: 24 de março de 1958 / Fonte: "Elvis, documento histórico" / Texto: Lu Gomes / Photo: U.S.Army / Local: Fort Hood, Texas. 

Elvis no exército 
No dia 24 de março de 1958, Elvis Presley se tornou o recruta US53310761. Suas costeletas e seu topete foram cortados, e só a revista Life arquivou 1200 fotos desse episódio. Em seguida foi despachado para Ford Hood, no Texas, para oito semanas de treinamento básico com tanques. Ao perder seu filho para o exército, Gladys começou a declinar. Sua saúde piorou e não havia consolo para sua dor. Quando Elvis voltou a Memphis em sua primeira licença, muita gente ficou surpresa ao vê-lo com os cabelos loiros novamente. No dia 10 de junho ele foi a Nashville para sua única sessão de gravação nos seus anos de exército. Embora Elvis fosse o mais rápido hit maker da história do show business, o coronel Parker lhe avisou: "Quero a lata vazia". "Esvaziar a lata", isto é, não gravar quase nada, iria forçar a RCA a reeditar seus discos. 

A estratégia do coronel foi sempre vender a mesma coisa duas vezes, e quando Presley retornasse da Alemanha, a "lata vazia" iria pesar muito na renegociação do seu contrato com a companhia. E Elvis recebeu suas ordens: "Você irá para uma noite de gravação. Depois disso nada até você voltar do exército". De novo em Fort Hood, sua família começou a chegar para ficar junto dele. Vernon, Gladys, vovó e Lamar Fike alugaram uma casa perto da base. Mas Gladys não estava nada bem, queixando-se de dores no abdômen, náuseas e muito mau humor. Certas noites era óbvio que ela estava bêbada. Na primeira semana de agosto seu estado de saúde piorou e Vernon a levou de trem para Memphis, para que Gladys fosse internada e examinada no Hospital Batista. 

Sua doença era hepatite. Seu fígado estava inflamado, mas ninguém sabia qual era a causa. Especialistas vieram consultá-la e argumentaram que podia ser cirrose. Enquanto isso Gladys piorou mais ainda. Na verdade, Gladys nunca foi honesta com seu médico particular. Ela bebia ao ponto de ficar embriagada, mas nunca disse nada ao doutor. Pior ainda, Gladys tomava uma grande quantidade de pílulas para emagrecer. Havia começado a usar esses compostos de anfetaminas alguns anos atrás, e foi aumentando o consumo à medida que ficava mais dependente. Sua desculpa era que tinha vergonha de sua obesidade e queria melhorar sua aparência, especialmente depois que seu filho ficou famoso e ela era sempre fotografada para os jornais. Mas Gladys nunca contou nada disso aos médicos. 

Enquanto a saúde de sua mãe piorava, Elvis conseguiu uma licença e foi vê-la no hospital em Memphis, onde passou 36 horas em vigília ao seu lado, indo depois para Graceland. As três horas da manhã, o telefone tocou, era Vernon: "Elvis, sua mãe acabou de morrer" Com a morte de Gladys, sua confessora e guia moral, Elvis ficou desesperadamente sozinho. Seu primeiro instinto foi retirar-se do mundo e rodear-se de pessoas que devotavam a ele corpo e alma. O cantor se viu diante do maior drama de sua vida, Gladys não era somente sua mãe, mas também sua melhor amiga e companheira. Sem dúvida era muito ligado à mãe, pois quando seu pai foi preso anos atrás, ficaram só ele e Gladys contra todos, e lutando pela sobrevivência. Realmente se amavam muitíssimo. Conversavam uma conversa de bebês que só eles entendiam. 

Com sua morte, Elvis amargou uma das maiores depressões de sua vida e não havia consolo para sua dor. Presley perdeu totalmente o controle emocional e seu médico particular receitou calmantes para que ele pudesse acompanhar os serviços funerários. Gladys foi velada em Graceland e Elvis mandou abrir as portas da mansão para que todos pudessem prestar suas homenagens: "Mamãe adorava meus fãs, quero que todos venham se despedir dela". Gladys Smith Presley foi sepultada originalmente no cemitério de Forrest Hill. Na lápide de Gladys, Elvis mandou escrever a seguinte frase: "Ela foi o raio de sol de nosso lar".

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Compilação: Pablo Aluísio.

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 101

Alemanha Ocidental
Data: 1º de outubro de 1958 / Fonte: "Elvis, documento histórico" / Texto: Lu Gomes / Photo: U.S.Army / Local: Friedberg, Alemanha Ocidental. 

O primeiro natal sem Gladys 
O recruta Elvis Presley pisou em solo alemão no dia 1º de outubro de 1958, e foi recebido por 5000 adolescentes, que estavam à sua espera no porto de Bremen. Depois seu batalhão de 800 homens embarcou em um trem para Friedberg, em Hesse, uma cidade muito próxima de Frankfurt. Elvis logo foi designado para dirigir um jipe para o quartel general. Logo sua família chegou, instalando-se em Bad Nauheim, uma pequena cidade perto de Friedberg, com 14000 habitantes naquela época. A chegada de Dear Elvis imediatamente produziu um afluxo de jovens à pacata cidadezinha. Num de seus primeiros finais de semana em Bad Nauheim, Elvis estava passeando no parque com Lamar, quando um fotógrafo alemão aproximou-se dele, acompanhado por uma linda loirinha de 16 anos, sugerindo que Elvis posasse com a garota. 

Aquela foto transformou Margrit Buerguin, em cinderela. Em menos de 24 horas ela ficou conhecida mundialmente. Elvis descolou seu telefone com o fotógrafo e, dias depois, ligou marcando um encontro. Claro que isso não foi ignorado pela imprensa. De noite para o dia, Margrit virou notícia internacional. Embora estivesse saindo com uma alemãzinha, Elvis ainda considerava Anita Wood, sua única namorada. Para reafirmar suas intenções e acalmá-la quanto às fofocas da imprensa, um dia Elvis fez algo sem precedentes em toda a sua vida – escreveu uma carta para Anita. "Não estou saindo com ninguém" – assegurou ele na carta – "Quando me casar será com a senhorita Wood Presley". Depois de exigir de Anita que não revelasse o conteúdo dessa carta à ninguém, Elvis pediu: "confie em mim e mantenha-se limpa e saudável". 

Depois de um mês na Alemanha, Elvis foi com sua unidade para o posto de Grefewohr, perto da fronteira com a Checoslováquia, para treinamento especial. Os únicos passatempos em Graf eram beber cerveja, jogar sinuca ou ir ao cinema. Naturalmente Elvis escolheu o último. Foi numa noite no cinema que ele conheceu outra garota alemã que iria fazer parte de sua vida, Elizabeth Stefaniak. Elvis e Elizabeth saiam muito, mas apenas passeavam de carro. O que Elvis queria realmente era conversar, Ter a sua hora confessional que por tantas vezes tivera com Gladys. Ao deixar Grafenwohr, um pouco antes do natal, Elvis levou Elizabeth com ele, para trabalhar em sua casa, como secretária e intérprete, ganhando um salário de 35 dólares semanais (nessa época Elvis sempre pagava aos seus empregados um ordenado de 35 dólares por semana, pois essa era a quantia que recebia quando trabalhava como motorista de caminhão na Crown Eletric). Foi um péssimo natal para os Presley, não houve ceia e o baixo astral pela ausência de Gladys foi geral. 

Na noite de natal, Elvis chorou muito, sozinho em seu quarto. Mas logo sua solidão iria chegar ao fim e Elvis teria sua vida alterada para sempre ao conhecer a filha de um oficial da Força Aérea. Mas essa é uma outra história que você vai conferir no próximo mês, até lá. 

Single nas lojas: 
Wear My Ring Around Your Neck (Carrol/Moody) - Rock'n'Roll que é um dos melhores gravados por Presley em toda a sua carreira. Foram gravadas diversas versões, "takes", para se chegar a uma definitiva. Segundo Scotty Moore esta foi "sem sombra de dúvida a mais trabalhosa sessão de gravação de sua carreira..." o que se refletiu nos resultados pois a versão escolhida e presente neste disco é simplesmente irretocável. Esta canção foi lançada como single em Abril de 1958 chegando ao terceiro lugar na parada da revista Billboard. 

Doncha'Think It's Time (Otis/Dixon) - Ritmo característico é a marca registrada desta música. Foi gravada no dia 1º de fevereiro de 1958 em Hollywood onde Elvis filmava "King Creole" (balada sangrenta, 1958). Ela foi lançada como lado B de "Wear my Ring Around Your Neck" em Abril de 1958. Elvis Presley mais uma vez mostrava seu insuperável talento. Com a finalização das sessões, Elvis fez as malas e seguiu rumo à Alemanha, onde iria servir o exército americano estacionado no norte germânico. O cantor deu azar, pois acabou pegando um dos mais rigorosos invernos daquele país. No fundo Elvis era mais uma arma de propaganda do governo dos EUA na "guerra fria", pois ele foi despachado para um posto bem perto da "cortina de ferro". Assim os jovens sem liberdade do leste europeu teriam um símbolo da "liberdade americana" no seu quintal! Boa idéia, hein?

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 100

Grand Ole Opry
Data: 25 de setembro de 1954 / Fonte: "Elvis, documento histórico" / Texto: Lu Gomes / Photo: Grand Ole Opry / Local: Nashville, Tennessee. 

Desilusão em Nahsville 
Na noite de 30 de julho de 1954 Elvis Presley deu o seu primeiro concerto profissional, num pequeno teatro de Memphis. Ele entrou no palco junto com Scotty Moore e Bill Black, esperou o guitarrista ligar seu instrumento e começou com "That's All Right" - dando tudo o que tinha. Mal começou a cantar, gritos surgiram na platéia. Mas Elvis e seu violão foram até o fim. Depois dos aplausos foi a vez de "Blue Moon of Kentucky" e, de novo, gritos inexplicáveis. Quando o número terminou, porém, o público queria mais. Enquanto combinavam o que tocar, Elvis perguntou aos companheiros: "O que está fazendo elas gritarem desse jeito?". Scotty e Bill responderam dando risada: "É a sua perna cara, é o jeito que você está mexendo sua perna esquerda. É isso que faz elas gritarem!" Elvis, The Pelvis, acabava de nascer. 

Com seus trinta anos de história, o templo da música country, o Grand Ole Opry, em Nashville, era o reduto do conservadorismo musical americano. Seu público era de velhos e crianças, sem nenhum adolescente sequer na platéia. Sua programação era saudosista dos bons velhos tempos e havia um tabu contra o uso da bateria. Fazer Elvis se apresentar neste programa, com seu cabelo comprido, suas roupas chocantes e seu estilo R&B era a mesma coisa que atirá-lo aos leões. 25 de setembro de 1954 foi a data da primeira e única apresentação de Elvis Presley no Opry e foi escolhida por Sam Phillips para coincidir com o lançamento do segundo disco de Elvis pela Sun Records. 

Na manhã desse dia, Elvis, Scotty, Bill, Sam e Marion Keisker embarcaram em dois automóveis e rodaram 350 Km até Nashville. O show foi bom, mas infelizmente provocou a ira de Jim Denny, o truculento e racista gerente da casa. Nem bem a apresentação terminou, Denny disse a Elvis: "Não gostamos dessa música de negros por aqui. Se eu fosse você voltaria a dirigir caminhão!" Elvis chorou todo o caminho de volta. Segunda feira de manhã ele foi trabalhar na Crown Eletric, dirigindo caminhão. O desastre em Nashville logo seria apagado pelo sucesso no Louisiana Hayride, um show rival do Opry. Apresentado no auditório municipal de Shreveport, Louisiana, a 700 Km de Memphis, o Hayride tinha apenas seis anos de existência e era aberto e receptivo aos novos talentos. 

Tão boa foi a acolhida que Elvis e os Blue Moon Boys - como chamavam a si mesmos - receberam no programa, que foram contratados como atrações fixas. Todo o sul escutava pelo rádio o Louisiana Hayride e, dessa forma, Elvis começou sua escalada para o sucesso. Muito embora tenha se tornado famoso nacionalmente graças à televisão, foi o rádio o verdadeiro responsável pelo sucesso de Elvis Presley, quando ele tinha só uns poucos discos gravados. Através do rádio, esses discos eram ouvidos além dos limites de Memphis e Elvis ficou conhecido no Texas, Louisiana e Arkansas. Os Blue Moon Boys aumentaram com a entrada do baterista D.J. Fontana. 

Por todo o outono inverno de 1954-55, Elvis continuou gravando na Sun Records aqueles que seriam os melhores discos de toda a sua carreira. Claro, não estamos falando das baladas, que mesmo assim são superiores às que gravou na RCA. Estamos falando do Rockabilly. O que fazia essa música diferente das outras era sua extrema excentricidade. Até hoje a gente fica impressionado com tanta criatividade, imaginação e alegria. Cada canção é diferente da outra e não tem nada a ver com o modelo original. 

As sessões de gravação eram espontâneas e cheias de improvisação e como Elvis era criativo nesses dias! Ele se divertia e era cheio de idéias, sempre descolando alguma música antiga que não precisava ser tratada seriamente, subvertendo seu arranjo num deboche total. Isso talvez explique porque ele sempre falhava nas baladas. No palco, então, essas baladas inevitavelmente fracassavam, pois exigia uma pose e uma seriedade que Elvis absolutamente não possuía. É muito chato ser um cantor careta com a idade de 19 anos.

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Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 99

Lamar Avenue
Data: setembro de 1954 / Fonte: "Elvis, documento histórico" / Texto: Lu Gomes / Photo: Jailhouse Rock - MGM / Local: Hollywood. 

Uma casa própria para a família Presley 
Em novembro de 1954, impressionado com o seu sucesso no Hayride, o empresário Bob Neal assinou um contrato com Elvis na base do meio a meio. Scotty Moore não fez nenhuma objeção ao acordo. Dos 50% que os Blue Moon Boys receberiam, 25% ficariam com Elvis e o restante seria dividido entre Scotty e Bill. Fontana continuaria recebendo seu salário semanal de 100 dólares. Em novembro, também, Elvis pediu demissão de seu emprego na Crown Electric e, por um ano, ele e sua banda fizeram uns 200 recitais. Assim que Elvis começou a pegar a estrada, precisou de um automóvel. Um Cadillac, é claro. Embora só pudesse adquirir um de segunda mão, no dia em que comprou seu primeiro carro, Elvis sentiu que havia atingido um dos objetivos de sua vida. Metade da noite ele passou contemplando o Cadillac pela janela do hotel. Infelizmente, pouco depois, quando ia para Texarkana, a traseira do Cadillac se incendiou e teve que ser abandonado na estrada. 

Elvis comprou outro e mandou pintá-lo de rosa e branco, que agora seriam as suas cores. A seguir, comprou um Ford branco e rosa para seus pais. E não parou mais de comprar automóveis. Como era o show de Elvis nesses tempos pioneiros? Bem, Elvis e os Blue Moon Boys não paravam um segundo enquanto estavam no palco. Como tocavam por 45 minutos, não podiam se restringir apenas aos seus discos, e passavam em revista todos os sucessos das paradas. Nas cidadezinhas do interior, Elvis ficava exausto tentando inutilmente animar a caipirada. Mas, quando chegava nas grandes cidades, a reação do público era muito diferente. A sensualidade de Elvis deixava as garotas louquinhas e, depois do concerto, ele tinha que sair correndo para o carro, para não ser rasgado, agarrado, beijado, o diabo. 

Sonny West conta: "Nessa época Elvis era mesmo um puritano. Com todas aquelas garotas se jogando sobre ele, era muito fácil transar com elas. Mas ele sempre dizia que queria se casar com uma garota virgem!" Mas, mesmo não estando interessado nas fãs, Elvis era sempre ameaçado pelos rapazes locais, ressentidos pelo modo como ele excitava as meninas. Para defendê-lo desses caras, Elvis começou a levar Red West consigo, que dirigia o carro e atuava como guarda costas, só pela curtição de viajar para outras cidades. 

Nem bem começou a ganhar algum dinheiro, Elvis comprou as duas coisas que mais desejava: um Cadillac cor de rosa novinho e uma casa para a família, um pequeno bangalô de tijolos na Lamar Avenue, com sala, cozinha e dois quartos. De indigente moradores em laurdedale Courts, os Presleys agora tinham sua casa própria. Pequena, mas própria. Em fevereiro de 1955, Elvis e os Blue Moon Boys saíram em excursão pelo sudoeste americano, numa turnê liderada por Hank Snow, um cantor country de muito sucesso naquele tempo. 

Bob Luman, um cantor country daquela época, relembra como eram as primeiras apresentações de Elvis, the Pelvis: "O cara apareceu de calças vermelhas, paletó verde, meias e camisa cor de rosa, com aquela cara de deboche e ficou parado em frente ao microfone por cinco minutos antes de fazer qualquer movimento. Então começou a tocar seu violão e quebrou duas cordas, eu toco há dez anos e no total ainda não quebrei duas cordas! E lá estava ele, as cordas arrebentadas e as garotas gritando e correndo até o palco. Ele mexia os quadris, como se tivesse algum caso de amor com o violão. Assim era Elvis Presley tocando em Kilgore, Texas. Ele me deixou arrepiado cara!"

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Compilação: Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 98

Amor a toda Velocidade
Data: julho de 1963 / Fonte: "Elvis, the Hollywood years" / Texto: Pablo Aluísio / Photo: MGM / Local: Flamingo Hotel, Las Vegas. 

Viva Las Vegas (1964)
"Viva Las Vegas" é o filme de Elvis em que tudo deu certo, desde a trilha sonora que é maravilhosa, da escolha de elenco que contou com a ótima Ann Margret, ao diretor George Sidney que deu um show de direção. Além disso foi um prato cheio para os jornais da época por tudo que rolou durante as filmagens, com o namoro de Elvis e Margret, indo muito além das telas de cinema. O rei do rock ficou perdidamente apaixonado pela atriz, bem debaixo do nariz de Priscilla. O clima de paixão passou para o filme, tudo é feito, encenado e coreografado com o maior bom gosto. Elvis estava em seus melhores dias. 

A atriz sueca Ann-Margret era chamada pela imprensa americana de "Elvis de saias". Realmente foi a melhor parceira de Elvis em toda a sua carreira cinematográfica. O clima entre os dois esquentou ao ponto de Margret falar em um jornal de Los Angeles que sua cama cor de rosa foi um presente de Elvis. Os membros da máfia de Memphis também afirmam que, pela primeira vez em sua vida, o rei do rock confessou a eles estar realmente apaixonado por um mulher. Além disso Elvis passava longas temporadas com ela em sua casa em Beverly Hills. Isto sim foi uma paixão avassaladora. 

O filme foi filmado, claro, em Las Vegas, tendo como pano de fundo a corrida anual de Nevada. Claro que Elvis faria o papel de um piloto e como tal ele próprio chegou a entrar na pista pra valer, em suma "Viva Las Vegas" é disparado o melhor trabalho de Elvis no cinema nos anos 60. Até os mais ferozes críticos se renderam ao seu charme. 

Estas são as principais canções do filme "Amor a toda velocidade": 
Viva Las Vegas (Pomus / Schuman) - Uma das últimas composições da dupla Pomus / Schuman, pois em pouco tempo eles iriam se separar definitivamente. Um tema muito bom, que tenta capturar o clima da cidade, com seus cassinos, hotéis e casas de show luxuosos. Bem executada com ótimo arranjo. O filme teve vários títulos provisórios, que iam mudando conforme as filmagens avançavam, eis alguns: "The Only Game in Town", "The Lady Loves me", "The Magic Touch" e finalmente "Mr, will you Marry Me?". Então, após ouvir toda a trilha sonora, o diretor George Sidney resolveu mudar de forma definitiva o nome do filme para "Viva Las Vegas" por causa da canção. 

What'd I Say (Ray Charles) - Clássico de Ray Charles, gravada por um grande número de artistas ao longo da história. Aqui Elvis contou não somente com sua banda, mas também por um grupo de apoio da MGM, contando inclusive com uma segunda turma de vocalização, os grupos The Jubilee Four e Carole Lombard Quartet. Este primeiro inclusive teve direito a apresentar uma canção solo no filme, chamada "The Climb". Ann-Margret também apresentou duas canções solos: "Appreciation" e "The Rival". 

C'Mon Everybody (J. Byers) - Sem sombra de dúvida uma das melhores canções da carreira de Elvis. A cena em que ele dança com Ann-Margret no ginásio da universidade de Nevada é insuperável. A banda de Elvis está super afinada, tudo resultando em um ótimo momento artístico. Elvis era um grande dançarino que precisava de uma partner à altura, sendo que ele a encontra aqui. A coreografia apresentada é bem diferente da que ele usava nos anos 50, o que demonstra sua versatilidade. 

The Lady Loves Me (Tepper / Bennett) - Deliciosa parceria entre Elvis e Ann-Margret, que cantava otimamente bem. Como sempre a cena do filme é deliciosa. Seria o tema principal do filme, mas acontece que não houve um acordo satisfatório com os empresários de Ann-Margret para o lançamento desta canção em disco. Assim surgiu um problema incrível, pois a RCA não pôde lançar a trilha sonora em um LP, pois não haveria canções suficientes depois de retirar aquelas em que a atriz sueca fazia dueto com Elvis. E assim acabou acontecendo, o projeto do LP foi arquivado definitivamente. Desta forma as músicas acabaram sendo lançadas em um EP (compacto duplo) chamado "Viva Las Vegas" com 4 canções, e em um single com "What'd I Say / Viva Las Vegas" que chegou às lojas em abril de 1964 nos Estados Unidos. Isto causou uma grande insatisfação entre os fãs de Elvis, pois todos esperavam o lançamento de um LP, com todas as canções juntas, o que efetivamente não ocorreu. 

Today, Tomorrow and Forever (Giant / Baum / Kaye) - Adaptação do clássico "sonho de amor" de Liszt. Foram gravadas duas versões, uma solo e uma em dueto com Ann-Margret. Em uma palavra: linda. O arranjo piano, violão, coro e orquestra é fabuloso. Um dos melhores momentos de Elvis na música romântica. Em 2002 se comemorou os 25 anos da morte de Elvis, a RCA - BMG para celebrar e lembrar a data lançou uma coleção com mais de cem versões inéditas com o nome de "Today, tomorrow and Forever". O carro chefe foi justamente a versão nunca lançada em que Elvis dividiu o microfone com Margret. Momento raro.

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Compilação: Pablo Aluísio. 

domingo, 12 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 97

Feitiço Havaiano
Data: março de 1961 / Fonte: "Elvis, the Hollywood years" / Texto: Pablo Aluísio / Photo: Paramount Pictures / Local: Kauai Island, Hawaii. 

Trilha sonora do oitavo filme de Elvis Presley, que no Brasil, recebeu o título de "Feitiço Havaiano". Este disco se tornou um enorme sucesso de vendas quando foi lançado em outubro de 1961, se tornando o disco mais vendido da carreira do cantor. Ele atingiu rapidamente o primeiro lugar ficando nesta posição durante 5 Meses!!!
(recorde absoluto). 

O single extraído da trilha com "Can't Help Falling in Love / Rock A-Hula Baby" também acompanhou o grande sucesso deste filme, vendendo mais de 6 milhões de cópias. "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) seria o grande responsável pelos rumos que a carreira de Elvis iria tomar a partir daí. Praticamente todos os seus filmes posteriores iriam seguir a fórmula desta película, com o roteiro versando sobre garotas bonitas, praias turísticas e o interesse romântico do personagem principal. 

A direção do filme ficou novamente a cargo de Norman Taurog e a estrela seria novamente a atriz Joan Blackman que já havia contracenado com Elvis em "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957). O roteiro era baseado no romance "O rapaz Havaiano da praia" e a estória versava sobre um jovem de família rica, recém saído do exército, que tentava vencer na vida sozinho. O disco, é claro, segue a mesma temática do filme e Elvis pelo menos no caso desta trilha nos brinda com algumas belas canções que ficaram imortalizadas na sua voz e que iriam se incorporar definitivamente em seu repertório de shows durante os anos 1970. "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) é isso aí: um filme bonito de se ver, mostrando os pontos mais turísticos das ilhas havaianas, com Elvis pegando umas ondas com seu "jacaré", namoros, diversão e música. Talvez por ser sido tão "relax e na paz" tenha tido tanto sucesso. 

Os Grandes sucessos de Blue Hawaii: 
Blue Hawaii (Robin/Rainger) - Música título do filme. A versão original desta canção foi lançada em 1937 por Bing Crosby para a trilha do filme "Waikiki Wedding". Em 1957 o cantor Billy Vaughn a relançou com grande sucesso. Finalmente Elvis gravou sua versão em 22 de março de 1961. Sem sombra de dúvida é uma bela canção que faz jus ao talento do Rei do Rock. A crítica Pauline Kael escreveu sobre "Blue Hawaii": "Elvis parece que deixou sua moto e seu casaco de couro negro à la Brando de lado e o trocou por uma prancha de surf! Só uma coisa parece não ter mudado: seu topete para fazer filmes bobinhos". 

Can't Help Falling in Love (Peretti/Creatore/Weiss) - Canção baseada em "Plaisir d'Ámor" do compositor francês de origem alemã Jean Paul Martini. A versão de Presley foi muito feliz pois foi muito bem adaptada. O maior sucesso do filme. Quando foi lançada em Single em Novembro de 1961 alcançou um enorme sucesso de vendas. Nos anos setenta ela seria utilizada como desfecho de todos os seus shows. Nos anos 90 o grupo UB40 faria uma nova versão de grande sucesso. 

Rock a Hula Baby (Wise/Weisman/Fuller) - Lado B do Single "Can't Help Falling in Love". Vinha classificado no compacto como "twist special". A verdade é que esta não é uma canção do ritmo imortalizado por Chubby Checker e sim apenas mais uma canção pop da trilha. Curiosidade: as filmagens, ao contrário do que pode parecer, foram um tédio para Elvis. Ele afirmou depois que tinha que ficar trancado no Hotel e só descia para as tomadas de cena. Elvis não poderia sair à praia para se divertir como um pessoa comum, pois certamente iria acontecer um tumulto, assim ele só sairia do hotel para realmente trabalhar. Esta música foi relançada no disco "Elvis 2nd to none" em 2003. 

No More (Yradler/Robertson/Blair) - Adaptação do grande sucesso mundial "La Paloma" do compositor cubano Sebastian Yradler. A adaptação foi feita por Don Robertson, que novamente compareceu em estúdio para ajudar nas gravações. É um dos mais belos momentos de toda a carreira de Elvis Presley. Aqui fica claro que quando o Rei contava com material de ótima qualidade ele demonstrava toda a plenitude de seu talento. A inclusão desta canção italiana se justifica porque o personagem de Elvis serviu o exército na Itália. Assim ele a canta para seus amigos na praia para mostrar o som que rolava nas forças armadas. 

Hawaiian Weeding Song (King/Hoffman/Manning) - Canção que Elvis cantou para Priscilla na sua lua de mel segundo o próprio relato dela no livro "Elvis e Eu" (Elvis and Me, Editora Rocco, 1985). Pode-se encontrar duas versões ao vivo desta canção gravadas pelo cantor nos anos setenta. Uma está presente no já citado disco "Alternate Aloha" e a outra que faz parte do trabalho musical póstumo "Elvis in Concert". Termina assim a trilha, como no filme, com a "canção havaiana de casamento" (foto acima).

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Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 96

"Carrossel de Emoções"
Data: março de 1964 / fonte: "Elvis, the Hollywood years" / Texto: Pablo Aluísio / Photo: Lucien Ballard / Local: Thousand Oaks, California. 

Roustabout (1964) - 1964 foi um bom ano para Elvis nos cinemas, dos seus três filmes que estrearam naquele ano, dois foram sucesso tanto de público como de crítica: "Viva Las Vegas" e "Roustabout". O terceiro porém, foi um dos mais fracos de sua carreira: "Kissin Cousins" (com caipira não se brinca, no Brasil). Esse foi sem dúvida uma bola fora, mas vamos deixar para falar dele em uma outra oportunidade. O que interessa nesse momento é analisar um dos grandes sucessos do rei em Hollywood, o filme "Carrossel de Emoções" (Roustabout). 

Antes de mais nada é fácil afirmar que esta película trouxe para a carreira de Elvis uma de suas melhores trilhas sonoras. Claro que ela não foge à regra das trilhas de Elvis nos anos 60, claro que há músicas bobinhas e tal, mas neste caso elas estão em menor número, felizmente. Todas as dez músicas do filme são boas, algumas são de excelente qualidade e apesar de Elvis as gravar em playback (a banda gravou a instrumentação e só depois Elvis colocou sua voz), os resultados não foram prejudicados. O filme em si também é muito bom, ver Elvis em um casaco de couro negro, andando por aí de moto e interpretando um "Easy Rider" é sempre um prazer sem culpa. O próprio deve ter gostado muito de fazer esse papel de "Brando Soft". 

Obviamente se você tem mais de trinta anos certamente o assistiu alguma vez na TV, principalmente porque ele se tornou um dos maiores clássicos "Sessão da Tarde" da carreira de Elvis ao lado de "Feitiço Havaiano" (esse campeão absoluto na categoria). Convenhamos, o filme ainda é muito legal mesmo depois de 40 anos de seu lançamento. Vale a pena ver e ouvir de novo. 

Destaques do disco: 
Roustabout (Giant/Baum/Kaye) - Canção título do filme. Essa é na realidade a versão "B", pois a primeira versão tema foi rejeitada por Hal Wallis que considerou sua letra ofensiva. Essa versão "A" chamada de "I'm Roustabout" só foi lançada em 2003 no disco "Elvis 2nd to none". Ela foi redescoberta por acaso por seu autor pegando poeira em seus arquivos. Então ele entrou em contato com Ernst Jorgensen e perguntou se ele estaria interessado em lançar uma gravação inédita de Elvis no mercado (Isso é lá pergunta que se faça!). O produtor atual dos discos de Elvis ficou encantando com a versão descoberta e tratou logo de a colocar no CD. O resultado todos conhecem: primeiro lugar nos EUA e Inglaterra e milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. Pois é, mais vale um Elvis empoeirado do que milhares de artistas atuais tinindo de novo. Ei, qualidade não tem idade! 

Little Egypt (Leiber / Stoller) - Esta canção acabou se tornando uma dor de cabeça para os produtores do filme. Tudo porque uma bailarina chamada "Little Egypt" resolveu processar todo mundo, afirmando que seu nome havia sido utilizado sem permissão no filme. E para completar ela pedia 3 milhões de dólares de indenização. Os advogados da Paramount conseguiram provar no tribunal que o filme se baseava em uma outra bailarina que usava o mesmo nome artístico, chamada Catherine Devine, que fez carreira em 1893 nos EUA. No fundo quem estava imitando e usando o nome de forma inadequada era a dançarina que processou o estúdio. No final ela acabou sendo processada pelos herdeiros da primeira bailarina. Isso é o que eu chamo de confusão jurídica! 

Big Love Big Heartache (Fuller/Morris/Hendrix) - Uma das melhores músicas do disco, com ótima vocalização de Elvis, além de um arranjo primoroso. Ela seria lançada em single para tentar repetir o sucesso estrondoso de "Can't Help Falling in Love", mas como o LP vendeu muito bem e alcançou rapidamente o topo nos EUA (em pleno auge da Beatlemania) os produtores se contentaram com as vendas e cancelaram o lançamento do single. Momento de alto nível da trilha e do filme, pois a cena em que Elvis a canta foi muito bem fotografada. 

There's a Brand New Day on the Horizon (J. Byers) - Eu particularmente gosto muito dessa música porque ela é antes de tudo uma canção alto astral que traz uma mensagem positiva (afinal de contas todos nós precisamos de um pouco disso, principalmente nos dias atuais). Ela fecha a seqüência final do filme. 

A trilha sonora desse filme foi gravada no Radio Recorders em Hollywood e foi lançada antes da estréia do filme, chegando ao primeiro lugar entre os mais vendidos. Além de "I'm Roustabout", duas outras gravações dessas sessões estão desaparecidas há anos: "I Never Had It So Good" e uma outra versão de "Poison Ivy League" com letra mudada. Em recente entrevista Ernst Jorgensen afirmou que não perdeu as esperanças de achá-las, vamos torcer para que algum dia ele consiga atingir esse objetivo. Milhões de fãs de Elvis ao redor do mundo torcem por ele.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

sábado, 11 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 95

Memphis Recording Service 
Aos 18 anos Elvis parecia não ter nenhuma perspectiva. Este foi um dos seus períodos mais melancólicos. A maior parte do dia ele passava trabalhando numa fábrica junto com seu primo Gene Smith, montando projéteis de canhão para o exército americano, das 7 da manhã até às 3 da tarde. Seu ordenado, 66 dólares por semana, era muito mais do que seu pai recebia depois de cinco anos trabalhando como carregador. Mas, no inverno, antes de fazer 19 anos, Elvis trocou seu emprego e foi ser motorista de caminhão de uma companhia de eletricidade. O ordenado era menor, mas a curtição era maior, pois ele era louco por carros e caminhões. E foi de dentro da cabine deste caminhão que Elvis avistou pela primeira vez uma propaganda que logo lhe chamou a atenção. O anúncio do Memphis Recording Service dizia: "Gravamos qualquer coisa, em qualquer lugar, a qualquer hora". 

Com 4 dólares, era possível gravar duas músicas num acetato de 78 rotações. Por mais duro que fosse, Elvis tinha essa quantia e em junho de 1953 ele pintou pela primeira vez na Sun Records. De acordo com o mito ele foi gravar um disco para dar de presente de aniversário de sua mãe. Mas acontece que o aniversário de Gladys havia sido no dia 25 de abril e, além do mais, os Presleys não tinham vitrola. Elvis só estava curioso em saber como a sua voz ficava num disco. Embora sua perfomance tenha sido qualquer coisa, sua voz e presença impressionaram Marion Keisker, a secretária de Sam Phillips. Ela recorda: "foi no começo da tarde de um sábado muito atarefado que ele chegou, e eu achei uma figura muito estranha, com aquele cabelo grande. Ele me disse que queria gravar umas canções para sua mãe e eu perguntei que tipo de música ele cantava. Ele então se virou até mim e disse: "Eu canto todo tipo de música". 

Fiquei intrigada e perguntei que tipo de interpretação tinha, se era hillbilly (caipira), porque ele tinha um jeito de caipira. Então eu perguntei: "Você vai imitar que cantor? Com quem você se parece?" Ele me olhou muito sério e disse: "Eu não me pareço com ninguém". Quando Marion começou a rodar a fita, ela viu que Elvis estava certo. Ele não se parecia com ninguém. Cantou um sucesso de um grupo negro, The Ink Spots, "My Happiness" e uma balada melosa, favorita de sua mãe: "That's when your Heartaches begin". E seu estilo era um cruzamento perfeito entre o timbre áspero e monocórdio dos negros e o gingado, o scat dos cantores brancos rurais. Elvis saiu com o disco para Gladys e Marion foi correndo mostrar a fita para Sam Phillips. Ele não ficou muito impressionado. Só quando Elvis voltou, no começo de 1954, e pediu para fazer outro disco, Sam descobriu o que tinha nas mãos. Assistiu as gravações e anotou: "Elvis Presley. Bom baladista. Chamar na primeira oportunidade". 

Nove meses depois Sam Phillips lembrou-se do "garoto de costeletas" e resolveu ligar para ele. Elvis veio no maior pinote até o estúdio e, depois de tentar inutilmente copiar o disco de demonstração, encarou o exasperado Sam Phillips: "Bem, o que você sabe cantar, garoto?". Elvis desfilou seu repertório, passando por diversos estilos, com ênfase em Dean Martin. Contudo, quando a audição terminou, Phillips não estava nada convencido, e disse a Elvis que seria preciso "trabalhar muito". Presley respondeu que gostaria que ele lhe "arranjasse uma banda". O guitarrista Scotty Moore e o baixista Bill Black foram chamados e começaram a trabalhar junto com Elvis. Quatro meses depois, na noite de 5 de julho de 1954, Elvis voltou ao estúdio com sua banda para sua primeira gravação profissional. A música era uma balada country muito piegas, com uma parte recitada onde Elvis sempre engasgava. O som estava muito ruim e Phillips pediu aos rapazes para darem um tempo.

Sun Records 
Antes dessa sessão de gravação, todavia, Sam havia sugerido a Elvis que ele cantasse algumas músicas de Arthur "big boy" Grudup, um dos pioneiros do Blues elétrico de Chicago. Presley conhecia muitas músicas de Grudup como "Cool Disposition", "Rock me Mama", "Hey Mama", "Everything's All Right" e "That's All Right Mama", que era a sua favorita. Agora, durante o intervalo, Elvis pegou uma garrafa de Coca-Cola e com ela nas mãos começou a cantar essa música, de maneira envenenada, só por brincadeira. "Elvis começou a brincar" - lembra Scotty, "e eu comecei a tocar junto assim que descobri em qual tom ele estava tocando. Então a porta da sala de controle se abriu. Sam entrou e disse: 'O que vocês estão fazendo?' Elvis respondeu que não sabia, que era só brincadeira. 'Bem', disse Sam, 'isso está muito bom. Vamos gravar' No terceiro ou no quarto take nós acertamos - e pronto" A criação dessa música, tão modestamente descrita por Scotty Moore, foi uma obra de arte, a fusão perfeita de duas culturas distintas, a negra e a branca. Comparando-se o original de Grudup com a versão de Presley, dificilmente se pode dizer que ambos estejam cantando a mesma canção. A diferença é muito grande, algo assim como comparar Mick Jagger e Frank Sinatra cantando "satisfaction". 

Em sua versão, Elvis acrescentou um ingrediente fundamental - o sexo. Ele erotizou a canção, criando um som espontâneo e ritmado. Nascia o Rock'n'Roll como o conhecemos. O estilo country ao fundir-se com o rhyntim and blues, estabeleceu um novo gênero musical na América, até então dominada pelo jazz e pelos musicais da Broadway. Assim que Elvis firmou as bases dessa nova música, novos talentos surgiram como Carl Perkins, Johnny Cash, Jerry Lee Lewis, Buddy Holly, os Beatles e os Rolling Stones. John Lennon reconheceu publicamente a importância de Elvis ao declarar: "Antes de Elvis não existia nada". O jovem Elvis era um gênio. Durante seus anos na Sun, Presley criou uma música debochada, alegre e erótica e lançou as bases estéticas do Rock'n'Roll. O rock não é, como alguns críticos acreditam, apenas um mistura maluca de vários ritmos americanos. Tudo isso é a fonte do Rock, mas não a sua alma. A essência do Rock'n'Roll está no comportamento, na postura frente a vida. E quem primeiro expressou essa atitude foi Elvis, depois os Beatles e depois todos as grandes bandas de rock da história. Todos esses caras foram gozadores e muito chegados ao deboche e à paródia, a energia e o entusiasmo diante da vida, por mais cruel que ela tenha sido com eles (a maioria dos pioneiros do Rock tinham origem humilde e sofrida, inclusive o próprio Elvis e os Beatles). 

Para o lado B do primeiro single de Elvis foi escolhida uma tradicional canção de bluegrass de Bill Monroe, "Blue Moon Of Kentucky". Com tudo pronto Sam começou os trabalhos de divulgação do disco. No próximo sábado à noite, ele levou o pequeno acetato para Dewey Phillips, na rádio WHBQ. Dewey era um disc Jockey muito louco que só tocava música negra, isso em Memphis, uma das cidades mais racistas do país. Ele ficou receoso em tocar Elvis, no começo. Depois de ouvir opiniões de outras pessoas, ele finalmente decidiu tocar, e assim por volta das nove horas, foi ao ar pela primeira vez na história um disco de Elvis Presley. O resultado foi incrível. Dewey sempre recebia muitos pedidos e conversava por telefone com seus ouvintes enquanto estava no ar. Isso foi antes da televisão e todo garoto de Memphis escutava seu programa. Nesse sábado à noite, o telefone da estação não parou um só minuto. Dewey tocava "That's All Right" virava o disco e tocava "Blue Moon of Kentucky". E foram só estas duas músicas a noite toda. Elvis ficou tão nervoso que sintonizou o rádio para seus pais e foi ao cinema. Mal sabia ele que naquela noite de sábado em Memphis começava a ser escrita uma das páginas mais importantes na história da música do mundo, o nascimento de uma revolução cultural que resiste até os dias de hoje. Uma revolução chamada Rock'n'Roll!

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 94

Lauderdale Courts
Em setembro de 1948, os Presleys juntaram suas coisas, colocaram tudo num velho Plymouth 37 todo estropiado e foram para Memphis, a capital do Tenneesse. Mais tarde, Elvis contaria que sua família estava completamente na miséria e que Vernon esperava conseguir emprego na grande cidade. Esta súbita mudança de Estado, entretanto, foi conseqüência de outra infelicidade ocorrida com os Presleys. A polícia de Tupelo declarou aos compiladores do livro "All About Elvis", que Vernon Presley fora apanhado vendendo uísque fabricado ilegalmente e havia sido expulso da cidade. Assim, numa manhã ensolarada Elvis, Gladys e Vernon rumaram em direção a Memphis, na esperança de uma vida melhor. Em Memphis, os Presleys foram morar em Lauderdale Courts, um conjunto de prédios do governo Roosevelt para famílias de baixa renda, onde alugaram o apartamento 328, no primeiro andar do grande prédio em forma de C. Foi a sorte grande da família. Eles mudaram em maio de 1949, depois de passarem o inverno numa casa velha infestada de baratas, onde habitavam um único quarto e cozinhavam num fogareio. Agora, em Courts, eles pagavam o mesmo aluguel (35 dólares mensais) por um apartamento de dois cômodos e muito confortável. 

O aluguel era pago de acordo com a seguinte fórmula: um mês de aluguel era igual a uma semana de salário, e quem ganhasse mais de 3 mil dólares anuais tinha que sair. Vernon Presley trabalhava como carregador e seu grande problema era ter uma mulher que raramente trabalhava, um filho muito jovem para trabalhar e uma mãe sem nenhuma intenção de arranjar seu primeiro emprego aos 54 anos de idade. Minnie Mae Presley havia ido morar com Vernon logo que esse conseguiu seu apartamento. Ela tinha se divorciado de Jessie Presley em 1947, depois de 34 anos de casada. Vernon sempre dizia que seu pai abandonou sua mãe, mas foi justamente o contrário. Quando se mudaram para seu novo lar Elvis estava quase completando o 9º grau na Humes HIgh School, um colégio vocacional na rua Manassas, a vinte minutos de caminhada de Lauderdale Courts. Gladys só deixou Elvis sair sozinho para brincar sozinho quando ele tinha 15 anos. Mas, mesmo assim, não podia ir muito longe. 

Foi quando Elvis começou a sair com uma garota magrinha chamada Betty McMann, sua vizinha do terceiro andar. O par namorou por quase um ano, saindo todo sábado à tarde para ir ao cinema. Betty preferia dançar no salão da igreja St. Mary, mas jamais conseguiu fazer com que seu namorado aprendesse o dois-pra-lá-dois-pra-cá. Elvis era uma dessas pessoas que só sabiam dançar sozinhas. De noite, quando o tempo estava quente, Elvis sentava-se nas escadas do prédio depois do jantar, e entretinha seus vizinhos cantando e tocando violão. Todos gostavam de ouvi-lo e davam a maior força, mas ele era muito tímido. Nas festas por exemplo, Elvis insistia em só cantar quando todas as luzes estivessem apagadas. Durante essas sessões ele descobriu Bette Wardlow, 13 anos, alta e bonita, que também morava no 3º andar. Mas Billie era muito diferente de Betty. Enquanto esta última preferia ir ao baile, mas se contentava com um cineminha, Billie só queria o melhor, e insistia em freqüentar o salão de festas da igreja e dançar com os pracinhas, já que Elvis não sabia. Essa atitude logo pós fim ao romance. Elvis não gostava nada de ver Billie nos braços de outro rapaz. Quando chegou a hora da despedida, ele tinha lágrimas nos olhos: "Billie" - disse Elvis - "eu ia pedir para você se casar comigo". Detalhe: Elvis só tinha 16 anos de idade!

Elvis estava agora com 16 anos. Nunca mais durante seu período escolar, ele se envolveria seriamente com outra garota. Pior ainda: ele começou a sofrer crises emocionais , manifestadas através de pesadelos e ataques de sonambulismo. Toda noite, enquanto dormia no sofá da sala, ele gritava, suava e saía andando, pelo prédio, acordando todo mundo. Qualquer família comum que visse o filho nesse estado, levaria-o ao médico imediatamente. Mas os Presleys não eram pessoas comuns - eram caipiras, uma gente acostumada com o estranho e o inexplicável. Assim, associaram o comportamento de Elvis com os pesadelos que seu pai também tinha, e concluíram que isso era hereditário e simplesmente inevitável. Elvis também começou a ter problemas na escola, por causa da primeira grande manifestação de seu gênio criador. Num dia de verão em 1951, ele decidiu finalmente mudar o penteado do cabelo, depois de muitas experiências anteriores. 

Billie Wardlow recorda-se de que, certa vez, ela foi à casa do namorado depois da escola e viu sua mãe lhe fazendo um permanente. Outra vez, Billie levou um susto quando Elvis apareceu com um penteado estilo moicano, uma faixa de cabelo correndo pelo meio da cabeça, igual à moda punk atual. Agora, todas essas experiências iriam conduzi-lo a criação de uma obra prima. Elvis foi até o salão de beleza e mandou o atônico cabeleireiro cortar seu cabelo no estilo "Tony Curtis", que tinha visto num filme. Também já tinha deixado suas costeletas crescerem. Como seu cabelo não parava no lugar, ele comprou uma lata de Royal Crown, uma brilhantina muito popular entre os negros. E, de tanto usá-la seu cabelo loiro começou a escurecer. Só faltavam as roupas: camisas em cores brilhantes e calças pretas com frizos verde-limão ou amarelos (sua fase rosa e preto só aconteceria aos 20 anos). Estava pronto o visual. Essa metamorfose marca o verdadeiro início de sua carreira como herói da cultura pop. 

Embora ele estivesse há anos do rock'n'roll e da Sun Records, já estava muito próximo da clássica imagem de Elvis Presley. Quando voltou à escola no verão, todo mundo caiu matando em cima dele. Mas, apesar de toda a pressão, Elvis não mudou seu visual. Sua recusa em se conformar e voltar a ser o que era antes, tem sido glorificada há décadas como o primeiro grande ato de rebeldia do Rock'n'Roll, essa nova música que em breve iria tomar conta da América e do mundo.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.