sábado, 25 de maio de 2019

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 10

Uma estrela em Hollywood - A primeira grande chance de se tornar uma estrela para Marilyn Monroe apareceu em 1953 quando ela foi escalada para atuar em "Gentlemen Prefer Blondes" que no Brasil recebeu o título de "Os Homens Preferem as Loiras". Era uma comédia musical dirigida pelo excepcional cineasta Howard Hawks. O filme seria estrelado pela star Jane Russell e Marilyn estaria no enredo como uma espécie de escada para ela. Pelo menos foi isso que o estúdio disse a Monroe. Por baixo dos panos havia uma clara tentativa da Fox em testar a atriz para saber se ela poderia se tornar um novo chamariz de bilheteria para suas produções. O fato é que Marilyn conseguiu se tornar uma celebridade fora das telas, mesmo tendo participado na maioria das vezes como mera coadjuvante por anos e anos. Sem grandes chances nos filmes a atriz começou então uma bem sucedida campanha pessoal de auto promoção, se tornando amiga de jornalistas e produtores influentes, dando entrevistas, abrindo aspectos de sua vida pessoal e aparecendo em jornais, revistas e eventos promocionais.

O aparente desinteresse da Fox escondia uma pretensão bem mais ousada. Marilyn aos poucos foi percebendo que o estúdio finalmente parecia acreditar nela. Infelizmente isso não se refletia em seu salário que praticamente continuou o mesmo. Sua colega Jane Russell receberia quase vinte vezes mais do que ela pela atuação no filme. Isso logo chamou a atenção da imprensa e Marilyn resolveu brincar um pouco com a situação fazendo piada com o título do filme. A um jornalista amigo declarou: "Bom, eu deveria ganhar o mesmo que Jane, não acha? Até porque eu sou a loira do filme e ele se chama Os Homens Preferem as Loiras!". Depois disso arregalou seus grandes olhos azuis para a câmera, numa pose engraçada. Na verdade Marilyn iria provar no set de filmagens que ela tinha um maravilhoso timing para comédias e enredos engraçados, algo que ela não demonstrava tanto em dramas ou filmes mais melodramáticos. Em pouco tempo esse seu talento pelo cômico iria despertar a atenção da Fox que entenderia que finalmente havia descoberto o grande filão para explorar comercialmente o talento daquela loira. Dali em diante Marilyn seria escalada para brilhar em comédias românticas musicais.

Outro fato chamou bastante a atenção em Hollywood. Assim que o projeto do filme foi anunciado muitos entenderam que as duas atrizes não iriam se dar bem no set. Era um tanto tradicional haver brigas em filmes que fossem coestrelado por duas atrizes. Geralmente uma tentava superar a outra, querendo roubar o filme para si, e isso terminava em longas brigas nos sets de filmagens. As colunas de fofocas da época esperavam por enormes brigas envolvendo Marilyn e Jane, mas no final das contas acabaram se decepcionando. Ao contrário do que muitos aguardavam Monroe se deu muito bem com Jane Russell. Ambas ficaram até mesmo bastante amigas durante as filmagens. Uma apoiando a outra, dando sugestões. Isso para Marilyn era mais do que bem-vindo. Sua insegurança nas filmagens era notória dentro do estúdio. Ela sempre ficava apavorada antes de entrar em cena. Contar com um ombro amigo atrás e na frente das câmeras foi algo maravilhoso para ela. Em troca ofereceu uma amizade sincera e muito carinhosa para com Jane. Essa amizade parece ter trazido muito para o resultado final da película.

 "Gentlemen Prefer Blondes" custou relativamente barato pois foi quase que todo rodado em estúdio em Los Angeles. Assim que chegou nas telas de cinema se tornou um sucesso de público e crítica. Também pudera, o roteiro era deliciosamente divertido com ótima trilha sonora e números musicais extremamente bem realizados. O papel de Marilyn foi um dos mais caricatos de sua carreira, o que não significa que tenha sido ruim, muito pelo contrário, foi excelente, captando um lado de comediante na atriz que pouca gente conhecia. Para não fazer feio nos números musicais Marilyn tomou aulas de canto e dança com o departamento de arte da Fox. Uma das primeiras regras que teria que cumprir era ser disciplinada e pontual nas aulas, algo que ela conseguiu a duras penas pois chegar na hora marcada era um problema e tanto para ela, sempre. Algo que iria piorar muitos nos anos seguintes. De qualquer maneira como almejava muito ser uma estrela de sucesso, Marilyn por essa época adotou o estilo "garota boazinha e obediente". Mal sabia a Fox no que estava se metendo.

Pablo Aluísio.

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 9

Marilyn Monroe e os desajustados - Quando John Huston anunciou que iria dirigir "Os Desajustados" ele disse com euforia que iria fazer "O máximo em cinema!". Para isso o estúdio não mediu esforços e contratou além de Marilyn Monroe, a atriz mais popular do mundo naquela época, dois outros ícones da sétima arte, Clark Gable e Montgomery Clift. Com o próprio nome indicava, o roteiro (escrito pelo marido de Marilyn, Arthur Miller) mostrava um grupo de personagens perdidos na sua existência, tentando encontrar uma razão para viver, um sentido para a vida.

Quando o filme começou a ser rodado nos desertos de Nevada e Califórnia, John Huston percebeu que não, esse não seria o seu melhor filme. Como sempre Marilyn causou problemas. Não chegava na hora certa, não decorava suas falas e tinha ataques de Pânico. Pior do que isso, ele criou uma inimizade, uma raiva irracional contra o ator Clark Gable. O galã veterano já não tinha idade para segurar uma barra daquelas. Era muito stress para ele naquele momento de sua vida.

Estranhamente após a morte de Gable, poucos meses depois do filme ficar pronto, a própria Marilyn confessaria que estava se vingando da figura de seu pai ausente ao tratar mal o velho ator. Acontece que Marilyn associou sua imagem à do próprio pai, que para ela era desconhecido, pois sua mãe jamais conseguiu contar a Marilyn quem era o seu pai verdadeiro. Numa crise que apenas Freud poderia explicar perfeitamente, Marilyn resolveu tratar mal Gable, que no final das contas não tinha nada a ver com seus traumas e complexos de infância.

Nunca é demais lembrar que Marilyn Monroe havia entrado numa espécie de frenesi com psicólogos e analistas de Los Angeles, o que a tornou mais confusa ainda do que já era, segundo disse Billy Wilder. Assim Marilyn indiretamente boicotou o filme que mesmo com todas as dificuldades seria o seu último a ser terminado e lançado nos cinemas. Talvez por vingança ou talvez por pura maldade, o diretor John Huston encaixou uma cena gratuita onde Marilyn ficava jogando pingue pongue, rebolando da forma mais vulgar. Era uma cena desnecessária, mas que para Huston demonstrava que Marilyn era acima de tudo uma "boneca do sexo".

Os Desajustados (The Misfits, EUA, 1960) Direção de John Huston / Elenco: Clark Gable, Marilyn Monroe, Montgomery Clift, Thelma Ritter, Eli Wallach / Sinopse: Roslyn Taber (Marilyn Monroe) é uma mulher sensível, que está se divorciando. Gay Langland (Clark Gable) e um cowboy frio, que passou a vida pegando cavalos e conquistando mulheres divorciadas. Ela não aceita a captura de cavalos selvagens para virarem comida de cachorro, enquanto que ele não haveria nada demais naquilo. No meio de tantos conflitos, nasce uma paixão entre os dois.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 8

O casamento italiano de Marilyn Monroe - O casamento de Marilyn Monroe com o astro do esporte americano Joe DiMaggio estava fadado ao fracasso desde o começo. Eles se conheceram por acaso quando Marilyn foi contratada para fazer uma peça publicitária em um campo de beisebol. Embora Joe fosse nacionalmente conhecido pelos fãs do esporte mais popular da América, Marilyn não tinha a menor ideia de quem ele era e por isso não lhe deu muita bola quando apertaram as mãos pela primeira vez. O primeiro encontro, como se pode perceber, não causou qualquer efeito sobre ela, mas DiMaggio ficou perdidamente apaixonado por ela, um caso típico de amor à primeira vista. Ele tinha que ver aquela garota novamente. Isso porém iria demorar um pouco pois Marilyn tinha outros interesses. Ela na verdade tinha que se desdobrar com os inúmeros amantes ocasionais, namorados fugazes e flertes casuais que cultivava por onde andava. Seu empresário porém alertou para Marilyn que um romance com Joe DiMaggio iria trazer boa publicidade para sua carreira nos jornais e assim ela resolveu dar uma chance a ele, um encontro foi marcado e o casal saiu para jantar junto em uma cantina tipicamente italiana.

Marilyn porém não continuou impressionada por ele. Na verdade o esportista tinha pouco a trazer para Marilyn, além da já mencionada publicidade na imprensa. Ele não era particularmente culto e nem estava interessado nas mesmas coisas que a atriz. Não era conhecedor do mundo do cinema e nem tampouco tinha interesse em qualquer tipo de arte (no máximo era um fã de faroestes, mas nada muito além disso). Meio a contragosto ela levou o breve namorico em frente, tudo meio ao estilo "chove não molha". Ao mesmo tempo que saía com DiMaggio, Marilyn continuava a manter seus outros namorados. O que fez Marilyn mudar seu modo de agir com o jogador aposentado foi sua extrema dedicação a ela. Não importava o que precisasse, sempre que Marilyn precisava de uma ajuda ela pedia a Joe que lhe ajudasse. E ele jamais vacilava quando era chamado. Assim foi nascendo uma cumplicidade que jamais acabou, mesmo quando se separaram alguns anos depois. De fato Joe era extremamente devotado a ela, muitas vezes abrindo mão de sua própria vida para ir ao socorro de Marilyn, em qualquer situação e em qualquer lugar que sua ajuda fosse necessária (não raro viajava para lugares distantes onde Marilyn filmava, apenas para ficar ao lado dela).

Outro fato que serviu para aproximá-los foi a forte ligação familiar que Joe mantinha com seus parentes. Marilyn, que foi uma garotinha órfã, que não tinha tido muitos laços fraternais e familiares ao longo da vida, valorizava muito esse tipo de coisa. Quando o irmão de Joe foi assassinado numa praia deserta, Marilyn ficou bastante comovida com os sentimentos que Joe demonstrou na ocasião. Marilyn ficou particularmente impressionada com tudo o que viu em seu funeral, com todos os membros da família de Di Maggio reunidos, a missa de corpo presente e tudo mais. Era aquele tipo de aproximação que ela almejava um dia. Embora não fosse apaixonada por Joe ela percebeu que ele poderia ser um bom pai de família. Ora, seu sonho sempre foi ter uma bela família no futuro e Joe parecia ser o homem ideal para isso.

Mas havia dois problemas para a realização de seus sonhos. O primeiro era que, como iria descobrir com os anos, Marilyn jamais poderia ter filhos. Na juventude ela realizou um aborto que foi muito complicado em termos médicos. Após o procedimento realizado ela ficou impossibilitada de um dia vir a se tornar mãe. Embora tenha ficado grávida algumas vezes, nada seguiu em frente. Invariavelmente Marilyn acabava perdendo seus filhos por causa de uma sucessão de gravidezes mal sucedidas e dolorosas, tanto do ponto de vista físico como emocional. O outro problema insuperável para ter um relacionamento feliz com Di Maggio vinha da própria personalidade dele. Joe era da velha escola, um sujeito machista, que desejava que Marilyn abandonasse a profissão para ser apenas dona de casa. Verdade seja dita, durante um pequeno período de sua vida Marilyn até tentou... mas era impossível trocar Hollywood pela cozinha da casa do marido. Não havia possibilidade. A vida, para Marilyn, era algo mais, uma oportunidade única de tornar sonhos em realidade. Passar o dia inteiro enfurnada na cozinha fazendo bolos e doces para o maridão era algo impensável para ela, algo simplesmente insuportável. Assim, como era de se esperar, o casamento de Marilyn logo chegou ao fim. Eram pessoas diferentes demais para uma união assim dar certo por muito tempo.

Pablo Aluísio.

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 7

As noites de solidão - O sucesso de "Os Homens Preferem as Loiras" elevou Marilyn Monroe ao time das grandes atrizes de Hollywood. De repente a jovem aspirante que estava sempre implorando por papéis insignificantes havia sido catapultada para o grupo de elite do elenco da Fox. Com o sucesso veio também a pressão. Marilyn era agora nome certo nas listas das principais festas e premiações da indústria do cinema. Além disso veio junto também toda a repercussão na mídia, nas revistas de cinema, de moda e nos ensaios de publicidade. Marilyn, no fundo apenas uma jovem garota que mal conseguia organizar os aspectos mais simples de sua vida, tinha agora que se manter na linha, comparecer a todos os eventos, sempre surgindo com a melhor imagem possível. Por essa época a Fox incentivava seus astros a se consultarem regularmente com o departamento médico da empresa. O objetivo não era apenas ajudar seu elenco, mas principalmente ficar de olho se todos estavam bem tanto do ponto de vista médico como psicológico.

Nem é preciso ser expert na história de Marilyn para entender que ela deixava muito a desejar nesse último aspecto. Com um histórico de vida muito complicado a atriz vivia em um fio de navalha, tentando se mostrar segura, firme e de bem com a vida em público, enquanto que na vida pessoal as coisas pareciam desmoronar rapidamente. Marilyn tinha um segredo: ela estava se viciando em bolinhas, como eram chamadas as pílulas em Los Angeles durante os anos 50. Para se manter magra, esbelta e atenta com tudo o que acontecia ao redor, Marilyn começou a usar uma enorme série de inibidores de apetite, de estimulantes e soníferos. Era uma roleta russa. Para ficar bonita Marilyn tomava os inibidores. Para ficar sóbria e atenta nos sets de filmagens usava estimulantes e para conseguir dormir depois muitos soníferos. Sua figurinista na Fox sempre ficava surpresa quando Marilyn surgia no estúdio com um saco cheio de comprimidos, de todas as cores e tamanhos.

Esse uso indiscriminado de drogas muitas vezes trazia problemas para a atriz. Ao misturar todos eles com champagne, que Marilyn tomava durante as festas, era criada uma reação que ora a deixava completamente nauseada, ora totalmente bêbada. E quando Marilyn ficava de pileque ela costumava dar vexames em público, ficando super agitada, dando gritinhos e saindo seduzindo despudoradamente todos que encontrava no meio do salão, até mesmo dando em cima de homens casados na frente de suas próprias esposas. Era uma situação delicada. Numa dessas festas aconteceu uma saia justa. Marilyn esbarrou na cantora Billie Holiday. A atriz era grande fã daquela voz e estilo únicos e quis lhe conhecer, mas Billie Holiday a esnobou e o pior, foi extremamente grosseira, chegando ao ponto de lhe chamar de "puta"!

A Fox também logo entendeu que Marilyn não podia ficar muito tempo sem trabalhar pois ela, mais cedo ou mais tarde, se envolveria em confusões na sua vida pessoal. Assim o estúdio a escalou para filmar a comédia musical "Como Agarrar um Milionário". O filme seria dirigido por Jean Negulesco e contaria o divertido enredo envolvendo três mulheres  interesseiras em busca de maridos ricos. Marilyn dividiria o estrelato com duas outras famosas atrizes: Betty Grable e Lauren Bacall! Eram veteranas, profissionais e muito queridas em Hollywood. Perto delas Marilyn era apenas uma novata de sorte. Será que juntar três estrelas desse naipe em um só filme daria realmente certo? Só o tempo responderia a essa pergunta...

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 6

Os Amores de Marilyn Monroe - Marilyn nunca foi uma garota convencional. Mesmo quando jovem, ela não se furtava em experimentar uma nova aventura amorosa, mesmo se estivesse tendo um caso sério com alguém. Na realidade olhando para sua biografia de relacionamentos podemos definir a atriz como uma mulher de espírito livre, que nunca dizia "não" se estivesse interessada romanticamente por alguém. Durante sua trajetória Marilyn namorou e teve casos com inúmeros homens que de uma forma ou outra refletiam suas ambições pessoas em determinadas fases de sua vida. Assim Marilyn acabou tendo casos com homens mais velhos, pessoas influentes e poderosas na indústria cinematográfica já que nessa época ela almejava ter bons papéis em filmes importantes. Jamais negou que fez o "teste do sofá" com executivos de cinema, algo que lhe trazia bons filmes, mas também confusões.

Embora tivesses casos com esse tipo de gente, isso não impedia Marilyn de também sair ao mesmo tempo com homens mais jovens que não tinham nada a lhe oferecer em termos profissionais. Marilyn usava os velhotes ricaços donos de estúdios para subir na vida, mas se apaixonava mesmo pelos bonitões, muitas vezes tão pobres como ela. Certa vez Marilyn Monroe marcou um encontro com o chefão da Columbia Pictures, Harry Cohn, em um hotel de Los Angeles. Como era muito desorganizada acabou marcando para o mesmo dia e na mesma hora um outro encontro com um fotógrafo desempregado que ela havia conhecido há poucas semanas. De repente Marilyn se viu na embaraçosa situação de ter dois homens em sua porta, ambos com flores, um olhando para o outro, sem entender o que estava acontecendo. Cohn ficou tão furioso que acabou demitindo a atriz da Columbia depois daquela tarde confusa!

Os maridos de Marilyn também sofreram nas mãos da atriz. Enquanto estava casada com Joe DiMaggio ela se apaixonou por um jovem italiano que era conhecido da família de DiMaggio. Joe queria que Marilyn se comportasse como as matronas italianas, que passasse sua roupa enquanto assistia filmes de faroeste na TV, tomando cerveja com seus amigos barrigudos. Claro que isso jamais daria certo. Logo cedo Marilyn entendeu que aquela vida de casada não era para ela. Marilyn queria conquistar o mundo, não ficar lavando roupas para Joe DiMaggio. Sufocada pelo tédio de seu relacionamento italiano tradicional ao velho estilo ela logo arranjou um amante mais jovem na vizinhança. Era algo proibido, sedutor e travesso, tudo que Marilyn tanto amava! E engana-se quem pensa que esse era o único amante de Marilyn na época. Ela também deu suas saídas em Hollywood, inclusive com outro mito do cinema, Marlon Brando. Marilyn adorava a fama de rebelde do ator e quando surgiu a primeira oportunidade saiu com ele para uma noite de loucuras ao seu lado em um hotel da Sunset Strip. Brando achava Joe DiMaggio um idiota cheio de si, um estúpido, e por isso decidiu que iria seduzir Marilyn. Em sua autobiografia ele diz que não precisou fazer muito esforço para isso. Apenas ligou para Marilyn e marcou um encontro furtivo. Foi uma paixão fugaz em sua vida, mas muito gratificante.

Marilyn era tão fora dos padrões que ela chegou a fugir com um namoradinho para o México, onde numa noite de loucuras e bebedeiras acabou se casando com ele em uma capelinha local! Uma loucura completa que quase enlouqueceu os agentes e executivos da Fox, que imediatamente a forçaram voltar àquele país para pedir anulação do enlace por estar "bêbada demais" para entender que estava se casando. Alguns desses relacionamentos rápidos de Marilyn podiam ser bem destrutivos também. Seu caso amoroso com o cantor Frank Sinatra foi complicado. Sinatra logo percebeu que Marilyn tinha muitos problemas com drogas e comprimidos. Ela estava sempre carregando uma bolsa cheia deles para onde ia. Quando Monroe misturava as drogas que tomava com bebidas ela ficava fora de si. Se já era louquinha sóbria, imagine alcoolizada! Talvez por isso tenha surgido um boato (até hoje não se sabe se foi verdade) de que Marilyn, completamente embriagada, teria sido abusada por Sinatra e seu grupo de amigos em uma noite de orgias em Las Vegas. Ela teria sido usada por todos aqueles caras porcalhões em uma suíte privativa de Frank Sinatra. Se era mentira ou não, o fato foi que Joe DiMaggio ficou sabendo da fofoca e imediatamente baniu Sinatra de seu círculo de amigos (ambos eram muito próximos, mas depois disso DiMaggio se recusou a falar com Sinatra novamente e o impediu de ir até no enterro de Marilyn).

Arthur Miller, o famoso dramaturgo que se tornou o último marido de Marilyn, também logo descobriu esse lado pouco fiel de sua esposa. No começo de seu namoro Marilyn ficou perdidamente apaixonada por Miller, mas depois que se casou foi perdendo o interesse. Começou a considerar o marido intelectual um "chato" que ficava o tempo todo em casa escrevendo suas peças de teatro e seus romances. Essa vida era uma chatice sem tamanho para ela e quando isso acontecia Marilyn aprontava. Arranjou não apenas um amante, mas dois. Eles eram famosos, figurões da política. Eram irmãos! Como se isso fosse pouco um era o presidente dos Estados Unidos, JFK. O outro era seu irmão, o procurador geral Robert Kennedy! Segundo alguns autores Marilyn pagaria muito caro por essa última aventura de sua vida, mas essa é realmente uma outra história.

Pablo Aluísio.

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 5

Os homens preferem as loiras? - O sucesso de "Os Homens Preferem as Loiras" fez com que a Fox desse uma estrela na calçada da fama para Marilyn Monroe e Jane Russell, as estrelas do filme. Era uma grande honraria, só dada aos grandes astros e estrelas do passado. Jane reagiu muito bem à homenagem, chegando a dizer que "Já estava na hora" disso acontecer. Já Marilyn ficou completamente apavorada. Ela sentia-se muito jovem para ter sua própria estrela da fama e além disso passava longe de se considerar naquela altura de sua vida uma verdadeira estrela de cinema. No máximo Marilyn se achava uma modelo que tivera a sorte grande de ser levada à sério como atriz.

A insegurança e o medo de ir para a cerimônia se tornou mais uma vez um problema. Como recorda sua cabeleireira particular Gladys, a quem Marilyn chamava carinhosamente de Gladyness, ela ficou em crise quando soube que seria homenageada em Hollywood. "Marilyn tinha um problema de auto estima muito grave, desenvolvido provavelmente em seus anos como órfã, em lares adotivos onde ninguém dava muita atenção para ela. Quando se é assim qualquer elogio ou homenagem é visto como algo embaraçoso demais para se lidar. Assim na manhã do dia em que haveria a fixação de sua estrela na calçada da fama ela me ligou logo cedo. Pelo tom de sua voz pensei que era algo muito sério, pois ela parecia estar em pânico. Quando cheguei em sua casa, dirigindo em alta velocidade, pude perceber que Marilyn estava aterrorizada na verdade apenas por não saber qual vestido usaria naquela tarde!". A insegurança de Marilyn já tinha ficado clara para sua amiga Jane Russell que relembrou anos depois em uma entrevista: "Marilyn era completamente insegura. Ela chegava mais cedo do que eu no set de filmagens, completamente preparada, com o texto na ponta de língua, mas ficava apavorada demais dentro do camarim, com medo de enfrentar a câmera. Era algo patológico em sua personalidade".

Para aliviar a tensão Marilyn começou a tomar doses e mais doses de Vodka russa. Quando chegou na calçada da fama ao lado de Jane Russell já estava devidamente calibrada para enfrentar aquele momento. Tudo o que ela tinha que fazer era molhar as mãos para colocar no cimento fresco e depois assinar com um palitinho seu nome ao lado da estrela da fama. Só sorrisos, ensaiou até algumas piadas para o público presente, dizendo que Jane deveria se abaixar para que o cimento preservasse seu famoso busto - e não parou por aí, chegou a dizer que iria sentar no cimento para que seu bumbum ficasse eternamente gravado na calçada da fama em Hollywood. Era óbvio que Marilyn estava de fogo por causa da vodka que havia tomado, mas ninguém se importou muito com isso, todos riram e a cerimônia foi um sucesso de divulgação e publicidade. A Fox até colocou um pequeno diamante no pingo do "i" de Marilyn para causar ainda mais impacto nos jornais (no final do dia os próprios funcionários do estúdio foram até o local para tirar a peça valiosa, uma vez que seria seguramente roubada durante a noite). Marilyn ficou extasiada com a homenagem e começou a dizer para amigos que pela primeira vez sentia-se uma verdadeira estrela. Todos na Fox a adoravam pois Marilyn procurava tratar todos os funcionários de maneira igual, fossem eles altos executivos ou empregados comuns, como faxineiros, maquiadoras, cabeleireiras, guardas, etc. Marilyn conhecia todos pelo nome e sempre os cumprimentava, mesmo depois quando virou a maior estrela do estúdio. No fim de ano ela também providenciava pequenas lembranças para todos, presentes que saía distribuindo a cada um. Eram mimos simples, mas significativos, que ela fazia questão de presentear.

Para sua professora particular de interpretação, Natasha Lytess, Marilyn foi além e deu de presente seu próprio carro, um Potomac branco que havia sido dado a ela pela Fox. O relacionamento de Natasha Lytess com Marilyn aliás ia muito além da simples relação professora e aluna. Natasha tinha desenvolvido ao longo dos anos uma grande paciência com a personalidade e o modo de agir de Marilyn. Como se sabe Marilyn poderia ser uma doce pessoa, quase uma criança indefesa, como também um monstro de irritação e ataques de raiva, pânico ou depressão. Natasha conseguia passar por cima de tudo isso. Para muitos autores a professora de Marilyn era na verdade lésbica e tinha uma grande atração pela atriz. Ao que tudo indica Marilyn, que era muito sensitiva sobre esse tipo de questão, logo percebeu que sua professora estava apaixonada por ela, e procurou respeitar sua opção sexual, mas sempre deixando subentendido nas entrelinhas que jamais haveria um romance entre elas. A verdade é que Marilyn Monroe tinha curiosidade em relação às lésbicas, embora soubesse que era cem por cento heterossexual. Naqueles tempos o preconceito era muito forte na sociedade e os gays em geral eram tratados como verdadeiras párias da sociedade. Marilyn porém tinha uma visão diferente e procurava respeitar todos eles. Quando alguém lhe contava uma piada sobre bichas, Marilyn imediatamente se sentia ofendida, dizendo que aquilo não era engraçado, mas sim um grande desrespeito com as pessoas homossexuais.

A verdade é que a atriz precisava mesmo de uma pessoa com muita paciência para lidar com ela no dia a dia. Monroe era completamente desorganizada em sua vida cotidiana. Ela poderia levar horas para chegar em um encontro e mesmo quando era algo relacionado ao seu trabalho a atriz poderia simplesmente esquecer de aparecer. Mais de uma vez ligou para Natasha para que ela a viesse buscar na rodovia de Los Angeles pois tinha esquecido de colocar gasolina em seu carro e tinha ficado parada no meio do caminho, sem combustível. Seu apartamento era de uma bagunça incrível, com roupas jogadas pelo chão e móveis fora do lugar. Anos depois Natasha confidenciou que tinha ficado chocada na primeira vez que entrou no apê de Marilyn. Havia roupas em todos os lugares, malas abertas, gavetas fora do lugar. Por anos Marilyn havia vivido em diversos apartamentos perto de Hollywood. Quase sempre deixava de pagar o aluguel e era despejada. Isso criou nela um hábito de deixar sua mala sempre por perto, pois era quase certo ela de repente precisaria colocar tudo dentro dela para ser despejada mais uma vez. Contas de telefone também eram outro problema na vida de Marilyn. Ela ficava horas e horas conversando ao telefone, mas nunca se lembrava de pagar as contas. Ao longo da vida Marilyn foi processada mais de dez vezes por longas contas de telefone que nunca pagou.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 22 de maio de 2019

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 4

O último ano de Marilyn Monroe - O último ano da vida de Marilyn Monroe foi bem turbulento. Ela resolveu se livrar de coisas e pessoas que não estavam lhe fazendo bem. Por recomendação de seu terapeuta Marilyn resolveu que pela primeira vez em sua vida iria comprar uma casa própria. A atriz viveu toda a sua vida alugando e sendo despejada de apartamentos de Los Angeles e seu psicólogo lhe disse que isso criou nela uma espécie de trauma, onde seu subconsciente lhe passava a mensagem subliminar de que ela na verdade não pertencia a lugar nenhum e nem tinha raízes seguras onde se fixar. Marilyn gostou da explicação e comprou uma bela casa nos arredores da cidade - nada luxuoso ou extravagante, mas acima de tudo aconchegante. Conformou confessou a um repórter adorou a sensação de ser dona de sua própria casa, onde poderia ficar como bem entendesse, totalmente à vontade.

Como o casamento também vinha de mal a pior Marilyn resolveu despachar seu marido, o escritor Arthur Miller. Marilyn havia se apaixonado por ele principalmente por ser uma pessoa culta que passava uma imagem paterna para ela. Na vida a dois Marilyn porém se decepcionou completamente com ele. Miller caiu em um ostracismo incrível na carreira onde não produzia ou escrevia mais nada que fosse relevante ou elogiado. Além disso se mostrou totalmente submisso a esposa, carregando suas malas para cima e para baixo. Nos últimos meses Miller havia virado praticamente um empregado de Marilyn e isso a deixou completamente decepcionada com ele. Marilyn queria um homem de verdade ao seu lado, não um capacho, um verme que dizia sim a praticamente tudo o que ele queria ou mandava. Não demorou muito e Marilyn o mandou embora de sua vida, dizendo que além de ser um banana ele havia se revelado um tremendo de um chato!

Marilyn na verdade estava mirando nos irmãos Kennedy. Seria uma reviravolta e tanto em sua vida se ela conseguisse conquistar Bob ou então tivesse a chance de emplacar um romance com o próprio presidente dos Estados Unidos, JFK! Não seria o máximo se tornar a primeira dama do país depois de brilhar por tantos anos no mundo do cinema? Isso tudo porém não passava de um delírio de Marilyn já que nenhum deles estava disposto a colocar a carreira política em jogo por causa de Marilyn e suas loucuras. De qualquer forma Marilyn estava pelo menos respirando ares novos em sua vida. Uma sensação de mudança a tinha deixado de melhor humor a tal ponto que convidou o fotógrafo George Burns para tirar algumas fotos de seu novo lar para a capa de uma revista de decoração. A foto acima, por exemplo, foi tirada apenas seis semanas antes de sua morte.

Nas fotos Marilyn surgia feliz e sorridente porém os velhos fantasmas do passado ainda a incomodavam. Marilyn tinha dois grandes receios na vida, o primeiro era terminar louca como sua mãe, internada em uma instituição psiquiátrica. Muitos parentes de Marilyn tinham desenvolvido problemas mentais no passado de sua família e ela tinha pavor de também começar a apresentar sinais de insanidade. O segundo grande medo de sua vida era terminar sozinha seus dias, sem marido ou filhos. Por ter feito muitos abortos na juventude, Marilyn sabia que agora com mais de 30 anos o sonho da maternidade ficava cada vez mais distante. Isso a deixava deprimida, principalmente nas noites solitárias. E foi justamente numa noite dessas, na privacidade de seu quarto, ouvindo um disco de Frank Sinatra, que ela finalmente encontraria a paz que tanto desejava.

Pablo Aluísio.

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 3

O Casamento com Arthur Miller - Quando a imprensa descobriu que Marilyn Monroe e Arthur Miller tinham um caso amoroso um jornalista escreveu que era a combinação perfeita entre um cérebro privilegiado e o corpo mais desejado da América. Miller realmente era um grande intelectual, mas sua fama na literatura jamais conseguiu ofuscar o mito de Marilyn. Miller se tornou conhecido com a publicação de "A Morte do Caixeiro Viajante", um texto celebrado até os dias de hoje. Marilyn tinha esperanças de ser feliz ao seu lado, mas o casamento não deu certo. Ela morreria de uma overdose acidental de pílulas aos 36 anos. Ele teve uma vida longa, morrendo apenas aos 89 anos. Sua carreira estava destruída e segundo os principais críticos de sua obra jamais conseguiu escrever nada de importante após a morte de Marilyn. Assim completava-se a triste sina na vida de Norma Jean Baker. Ela jamais conseguiria ser feliz em sua vida amorosa. Filha de um relacionamento obscuro, onde nunca conseguiu saber direito quem havia sido seu pai, com uma mãe esquizofrênica, Marilyn não teve uma vida fácil. Na verdade ela foi muito dura. A atriz cresceu em uma série de lares adotivos. Entre uma família ou outra sempre retornava para o orfanato californiano onde viveu grande parte de sua infância.

Quando tinha apenas 16 anos a "mãe" adotiva de ocasião lhe arranjou um casamento sem amor com um rapaz que morava no bairro. Marilyn não o amava, porém não havia outro jeito ou outro caminho a se seguir. A única boa coisa era que o marido era marinheiro e passava longos períodos distantes de casa. Isso trouxe uma certa independência para Marilyn que aproveitou sua ausência para quem sabe ir atrás de seu velho sonho de ser atriz. Ela foi descoberta por um fotógrafo quando trabalhava numa fábrica. Virou a garota do calendário e depois resolve ir embora de vez, para Hollywood, para tentar arranjar emprego na indústria de filmes de Los Angeles. Era mais uma mocinha em busca do sonho de ser uma estrela. Marilyn conseguiu. Ficou famosa, namorou homens desejados e ganhou bastante dinheiro. A felicidade porém não veio. Durante muito tempo ela não foi levado à sério como atriz, mas sim como uma loira burra gostosona com talento para comédias. Marilyn porém queria mais. Ela queria se reconhecida como boa atriz. Assim foi embora para Nova Iorque estudar no famoso Actors Studio que era dirigido por Lee Strasberg, o gênio da arte de atuar.

Foi em Nova Iorque, respirando e convivendo com a classe intelectual artística da cidade que conheceu o escritor Arthur Miller. Marilyn que procurava por cultura e sabedoria viu tudo isso em Miller. Ele era um homem respeitado, vencedor do prêmio Pulitzer. Embora fosse casado Marilyn investiu em sua nova paixão. Depois de um namoro um tanto desajeitado, finalmente se casaram em 1956. Marilyn achava que seu novo marido parecia muito com Lincoln, que ela idolatrava. Obviamente que o casamento enlouqueceu a imprensa. Todos queriam entender essa estranha atração entre o homem das letras e a garota bonita das telas. O dramaturgo ficou no centro da atenção e começou a ser cortejado também pelos grandes estúdios de Hollywood. Ele certamente não seria o primeiro escritor a virar um roteirista de sucesso.

O casamento parecia perfeito nos jornais e revistas, mas a realidade era bem outra. Miller queria que Marilyn se dedicasse a ser uma esposa em tempo integral, que deixasse um pouco a badalação da capital do cinema em prol de uma vida caseira e dedicada ao lar. Nessa época Miller disse a Marilyn que ela deveria ser acima de tudo sua esposa, deixando a fama de lado. Claro que não deu certo. Marilyn jamais deixaria seu sonho de lado por nenhum homem. Ela foi para a Inglaterra filmar ao lado do grande Laurence Olivier. Com sérios problemas envolvendo pílulas e drogas as filmagens foram caóticas. Marilyn começou a tratar mal seu marido Arthur Miller, o destratando na frente de todos. Aos poucos também foi perdendo o interesse por ele. Marilyn estava sempre o chamado de ser "um chato" e que nunca saía para se divertir. Mesmo tendo ficado ao seu lado durante a "Ameaça Vermelha", Marilyn já não encontrava nada de interesse em seu esposo.

Não demorou muito e ela começou a humilhar Miller durante as filmagens. O diretor John Huston disse que durante as filmagens de "Os Desajustados" Miller não parecia nada muito além do que seu carregador de malas. O casal até tentou consertar as coisas, comprando uma bela casa de campo em Connecticut, mas ela não conseguia mais passar muito tempo ao seu lado. Marilyn também não colaborava pois estava bebendo como nunca e tomando pílulas na mesma proporção. Ela também começou a ter relacionamentos fora do casamento. Se envolveu com o ator Yves Montand e depois se apaixonou perdidamente pelo presidente JFK. Miller não tinha chances de competir com esses homens. Logo foi deixado de lado, como a uma mala velha. Em pouco tempo ela resolveu o colocar para fora de casa e depois pediu o divórcio. Achava insuportável viver mais alguns anos com Miller de novo. Ele era naquela altura de sua vida apenas um chato enfadonho.

Pablo Aluísio.