sábado, 4 de julho de 2015

Velozes & Furiosos 7

Começo o texto esclarecendo que nunca fui um "especialista" dessa série de filmes. Para falar a verdade acredito que assisti no máximo a um ou dois. Puxando pela memória eu me recordo de ter visto o primeiro, mais por causa dos carrões envenenados do que pelo elenco (que sabia, era formado por brucutus canastrões) ou pelo roteiro (fala sério, quem vai atrás de roteiro em filmes como esse?). Achei o primeiro filme bem mais ou menos. Não consegui curtir. Havia um excesso de testosterona burra no ar, com aqueles caras fortões e monossilábicos. Até as atrizes eram machonas, com por exemplo a caminhoneira Michelle Rodriguez (que depois, ora vejam só, assumiu ser lésbica, o que não causou surpresa em absolutamente ninguém que acompanha cinema). Então o tempo passou e de vez em quando eu me deparava com algum poster sequência dessa série em cartaz no cinema e o ignorava completamente. Sabia que era tudo caça-níquel. Nem quando esbarrava de bobeira, zapeando na TV a cabo, com algum continuação me animava a conferir. Bastava o troglodita Vin Diesel surgir na tela com aquela marra toda para que eu imediatamente mudasse de canal. Tenho uma antipatia natural pelo seu jeito brutamontes debilóide de ser. Aquela marra, aquelas bombas... sem condições de simpatizar com o dito cujo. 

Então o mundo seguiu em frente. Quando foi ontem resolvi encarar esse sétimo filme. Engoli minhas aversões de lado e fui, incentivado quase que exclusivamente pela curiosidade mórbida de saber que o Paul Walker morreu incinerado em tochas dentro de seu carrão, após um acidente terrível, o que por si só já é uma tremenda ironia de humor negro do destino. Ele assim acabou trilhando o mesmo destino de James Dean, que também adorava carros possantes, dentro e fora das telas. Claro que Walker nunca foi Dean. Ao contrário do eterno rebelde que estrelou filmes maravilhosos, o Walker deixou como legado um monte de fitinhas B de ação que serão esquecidas em tempo recorde. Mesmo assim fui, impulsionado por esse sentimento banal e em muitos aspectos também bem hipócrita.

O filme, como era de se esperar, é do tipo ação sem cérebro. Explosões para todos os lados, cenas muito mentirosas e aquela qualidade técnica que apenas os ianques são capazes de reproduzir em uma tela de cinema. Há duas sequências absurdas que valem a pena. A primeira quando os membros da equipe de Diesel pulam de paraquedas dentro seus próprios carros. Um primor de absurdo! Na outra Paul Walker tenta escapar após um ônibus inteiro ficar pendurado em um abismo! São cenas vazias, claro, porém divertidas. Por fim o carequinha invocado Jason Statham interpreta o vilão, um sujeito indigesto, hiper, mega, ultra, super treinado soldado de elite que ninguém consegue matar! Coisas de filmes de ação desse tipo. Ao se deparar com vinte homens armados até os dentes, prontos para atirar em sua fuça, tudo o que ele consegue fazer é dizer, com olhar de desprezo: "É só isso o que vocês trouxeram para me enfrentar?". Tudo para que o garoto cheio de espinhas que assistir ao filme pensar consigo mesmo "Uau! Esse cara é macho mesmo!". Depois de 2 horas e 17 minutos de duração (uma eternidade), o filme chegou ao fim com uma singela homenagem do Vin Diesel ao finado Paul Walker. Esses poucos minutos provavelmente foram a melhor coisa de uma fita que parece chiclete, você masca, masca, não sai nada de substancial e depois, sem muita cerimônia, simplesmente o cospe fora. Assista, mas claro, apenas se você gostar de chiclete! 

Velozes & Furiosos 7 (Furious Seven, Estados Unidos, 2015) Direção: James Wan / Roteiro: Chris Morgan, Gary Scott Thompson / Elenco: Vin Diesel, Paul Walker, Dwayne Johnson, Michelle Rodriguez, Jason Statham. / Sinopse: Sétimo filme da franquia dos filmes de ação "Velozes e Furioso". Carros possantes, mulheres deslumbrantes e muita ação.

Pablo Aluísio.

Terra Estranha

Depois de um escândalo sexual envolvendo a própria filha adolescente e o seu professor do ensino médio, uma família decide se mudar para uma cidadezinha isolada, bem no meio do deserto australiano. O lugar é atrasado e possui um clima insuportavelmente quente. A instabilidade emocional acaba sendo agravada pela própria hostilidade natural da região. A vida familiar não é das melhores, mesmo na nova casa. Há uma tensão sempre presente envolvendo todos os membros. A filha Lily Parker (Maddison Brown) não suporta mais o que ela considera pura opressão de seus pais e por isso desenvolve uma personalidade muito complicada de se lidar. Não demora muito e ela começa a se insinuar para todos os rapazes de sua idade, o que acaba lhe trazendo uma má fama entre os jovens da cidade. Em pouco tempo ela ganha o infame rótulo de vadia do bairro. Para piorar frequenta uma pista de skate onde rola muitas drogas e sexo casual. O pai Matthew (Joseph Fiennes) é um pacato funcionário de uma farmácia e não tem muita força para impor uma disciplina mais rígida em relação a ela e o filho caçula é um garoto com problemas emocionais, sem amigos, absorvido em si mesmo. Como se a rotina já não fosse ruim e pesada o bastante a família enfrenta um novo problema, esse bem maior do que qualquer outra complicação de relacionamento pessoal entre seus membros. Pela manhã, ao acordar, a mãe Catherine (Nicole Kidman) descobre que seus filhos simplesmente desapareceram, sem deixar rastros. Desesperada, ela busca ajuda com o xerife local e intensas buscas são organizadas para localizar os jovens pela região deserta ao redor da cidade, mas tudo parece ser em vão. Os moradores da cidade tampouco parecem também dispostos a ajudar na solução do mistério, o que aumenta ainda mais o desespero de Catherine. O que afinal de contas poderia ter acontecido com seus filhos?

Esse é o mais novo filme estrelado pela atriz Nicole Kidman. É uma produção australiana, país onde ela cresceu e considera seu lar, apesar de ser havaiana de nascimento. O roteiro explora o tema do desaparecimento de crianças, algo que é muito mais comum e rotineiro do que muitas pessoas pensam. Obviamente que a perda de um filho, sem saber de seu paradeiro ou destino, é devastador para qualquer mãe. O pior acontece quando a jovem garota adolescente (sempre uma fase complicada na vida de toda garota) tem sérios problemas emocionais causadas por um envolvimento impróprio com seu professor na escola, algo que destruiu sua reputação entre seus amigos, criando uma situação tão ruim que a família precisou até mesmo mudar de cidade. A família mostrada é desfuncional e cheia de problemas. O próprio passado da mãe, Catherine (Kidman), parece piorar ainda tudo, pois o pai associa o comportamento promíscuo da filha com a dela em seu passado. Kidman está muito bem no papel, uma mulher que começa a entrar em colapso quando percebe que sua família está desmoronando. Ela inclusive tem cenas bem corajosas, como aquela em que entra bem no meio da rua principal da cidade completamente nua e com os nervos em frangalhos após passar a noite no deserto numa busca desesperada e sem rumo pela filha. Com cabelos escuros, pintados de preto, ela consegue ainda ficar mais bela na tela, embora sua personagem não seja naturalmente sensual ou atraente, isso por causa do próprio roteiro que explora dramaticamente a perda de seus filhos. O final do filme pode vir a decepcionar alguns, principalmente aos que esperavam uma solução muito mais bem elaborada do mistério do desaparecimento dos jovens. Esse aspecto porém não me pareceu negativo, muito pelo contrário. Gostei do desfecho mais realista, pé no chão e que no final das contas faz todo o sentido. A proximidade com a realidade contou pontos a favor do roteiro e não o contrário. Muitas vezes a vida em família se torna insuportável, o que faz certas pessoas tomarem atitudes impensadas e irresponsáveis. Assim temos aqui um bom drama, bem escrito e atuado, que merecerá sua atenção.

Strangerland (Idem, Austrália, Irlanda, 2015) Direção: Kim Farrant / Roteiro: Michael Kinirons, Fiona Seres / Elenco: Nicole Kidman, Hugo Weaving, Joseph Fiennes, Maddison Brown / Sinopse: Após ir para uma nova cidade em busca de uma nova vida, uma família fugindo do escândalo sexual da filha adolescente que se envolveu com seu professor no passado, precisa lidar com o desaparecimento dela e do irmão. Para investigar o caso o xerife local David Rae (Hugo Weaving) começa intensas buscas pelo deserto, ao mesmo tempo em que procura sondar o que teria acontecido dentro da própria família antes dos filhos desaparecerem.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

A Casa dos Mortos

Título no Brasil: A Casa dos Mortos
Título Original: Demonic
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Dimension Films
Direção: Will Canon
Roteiro: Max La Bella, Will Canon
Elenco: Maria Bello, Frank Grillo, Cody Horn
  
Sinopse:
Uma antiga casa localizada em Baton Rouge, no estado americano da Louisiana, foi palco de um massacre no passado. Na época a polícia suspeitou de que no local funcionava uma seita satânica. No total cinco pessoas foram mortas lá, sem que o crime nunca tenha sido plenamente solucionado. Como era de se esperar a velha casa acabou sendo considerada amaldiçoada e maldita, sendo aos poucos esquecida. Décadas depois da tragédia um grupo de jovens, estudiosos de fenômenos paranormais, decide ir para a casa com equipamento de última geração para tentar gravar ou localizar sinais da presença de espíritos, pois durante anos a comunidade da região criou uma lenda de que o lugar teria ficado mal assombrado após as mortes. O que eles não esperavam era que tudo sairia do controle de uma forma tão rápida e brutal.

Comentários:
Filmes sobre velhas mansões mal assombradas costumam ser bons. Esse aqui não chega a ser um grande filme de terror, mas tampouco pode ser descrito como uma decepção completa, pois de certa forma mantém uma boa pegada, com história interessante e duração na medida, tudo apoiado em um bom roteiro. Esse foi escrito com duas linhas temporais básicas. A primeira se passa no presente quando o xerife da cidade é chamado para uma realizar uma batida na velha casa abandonada. Desde que houve a tragédia no passado ninguém mais se arriscou a morar na residência. A porta da frente havia sido arrombada e gritos vindos de dentro da velha casa despertaram a atenção dos vizinhos que logo chamaram a polícia. Ao chegar lá o veterano homem da lei acaba se deparando novamente com um grupo de corpos de jovens que teriam sido brutalmente assassinados. A partir desse ponto e seguindo os registros deixados pelas próprias vítimas - que estavam com farto equipamento tecnológico para registrar fenômenos paranormais - eles reconstituem, em flashbacks, o que de fato teria acontecido no local. As investigações acabam revelando que um dos rapazes sobreviventes teria um elo de ligação com as mortes no passado. Assim aos poucos o fio da meada começa a ser puxado, revelando tudo o que teria acontecido. A direção é boa, mas também não surpreende. Pelo menos não atrapalha em nenhum momento. O elenco é formado por atores desconhecidos que conseguem dar conta do recado. Como eu já escrevi passa longe de ser um terror brilhante, mas como diversão no fim de noite em uma semana sem mais nada o que assistir, até que funciona muito bem. Vale a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

Sob Pressão

Título Original: Pressure
Título no Brasil:Sob Pressão
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra
Estúdio: Bigscope Films
Direção: Ron Scalpello
Roteiro: Louis Baxter, Alan McKenna
Elenco: Danny Huston, Matthew Goode, Joe Cole, Alan McKenna
  
Sinopse:
Durante uma expedição no Oceano Índico um navio inglês acaba ficando preso com alguma coisa no fundo do mar. Para solucionar o problema um grupo de mergulhadores especializados em altas profundidades é enviado até o local. Através de um submergível eles descem até a região localizada a mais de 400 metros. Uma vez lá são surpreendidos quando uma enorme tempestade atinge seu navio de apoio na superfície. Presos ao fundo, sem ter como submergir e com pouco oxigênio de estoque, os quatro mergulhadores precisam lutar para sobreviverem ao trágico evento.

Comentários:
Ainda sem título no Brasil e data para lançamento, esse filme inglês se mostra bem interessante. Com um estilo que lembra os antigos filmes sobre aventuras subaquáticas, o roteiro mostra a complicada situação em que se encontram mergulhadores cujo navio vem a ser atingido por uma imensa tempestade. Lá no fundo, dentro de um pequeno submergível eles precisam encontrar um meio de sair daquela encruzilhada. A única possibilidade de saírem vivos é alguma outra embarcação os resgatar, contudo como isso parece pouco provável eles precisam elaborar algum plano de salvamento, até porque na profundidade em que se encontram fica praticamente impossível subir por conta própria (a diferença de pressão os mataria rapidamente). Em termos de produção o filme apresenta excelentes cenas de mergulho, principalmente na região abissal em que se encontram, com estranhos seres e pouca visibilidade. No meio de uma enorme escuridão, equipados apenas com seus aparelhos mais básicos, eles precisam encontrar um meio de subir à superfície novamente. Os quatro mergulhadores são bem trabalhados pelo roteiro. Reclusos naquelas fossas oceânicas eles começam a literalmente perder sua cabeça e sanidade. O intoxicamento causado pelos gazes que os mantém vivos também causam todo tipo de alucinação e numa delas o mais jovem dos membros da tripulação delira ao ver uma sereia vindo em sua direção. Em suma, uma aventura muito interessante e muito bem fotografada que mostra os limites dos seres humanos sendo colocados à prova.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

O Exterminador do Futuro - Gênesis

Título no Brasil: O Exterminador do Futuro - Gênesis
Título Original: Terminator Genisys
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Alan Taylor
Roteiro: Laeta Kalogridis, Patrick Lussier
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Jason Clarke, Emilia Clark, Jai Courtney, J.K. Simmons
  
Sinopse:
No futuro o líder rebelde John Connor (Jason Clarke) decide enviar seu amigo e companheiro de armas Kyle Reese (Jai Courtney) para o passado com a missão de proteger sua mãe, Sarah Connor (Emilia Clarke). A Skynet teria enviado um exterminador a 1984 com a missão de matá-la, evitando assim que o futuro líder da resistência humana contra as máquinas pudesse nascer. Uma vez no passado Kyle descobre que tudo o que ele esperava encontrar foi alterado mais uma vez por causa do envio de uma outra máquina ainda mais distante no tempo, o que acabou mudando completamente a linha temporal no qual está inserido.

Comentários:
Ao custo de 150 milhões de dólares esse novo filme da saga "Terminator" não tem correspondido às expectativas. Além de estar indo mal nas bilheterias americanas esse retorno de Arnold Schwarzenegger ao papel que o consagrou no passado também tem despertado muitas críticas negativas, tanto do público como das publicações especializadas em cinema. A mais recorrente delas diz respeito ao roteiro truncado e em muitos aspectos completamente sem sentido. Não faltam espectadores reclamando que pouco entenderam da trama do filme. Se você se enquadra entre eles não precisa ficar preocupado ou com sensação de não ter prestado a devida atenção em tudo o que acontecia em cena. O fato é que o roteiro é mal escrito mesmo. Tentando colocar ordem cronológica em algo tão confuso os roteiristas só conseguiram mesmo dar um nó na mente de grande parte do público. A sensação que temos foi a de que tiveram ideias demais para a curta duração do filme e ao tentarem juntar tudo em um só roteiro a coisa ficou indigesta e em muitos aspectos inexplicável. Mesmo para os que são fãs da série o novo filme parece ter ultrapassado todos os limites do bom senso narrativo. Um deles é a quantidade absurda de pontas soltas e perguntas sem resposta! Só para citar um exemplo: podemos questionar quem teria enviado o primeiro Exterminador, aqui conhecido carinhosamente por Sarah como "papi". De onde ele veio? Quem o enviou? Qual seria seu objetivo verdadeiro? Ninguém responde e nem mesmo os roteiristas parecem ter alguma explicação para essas perguntas.

Pior é o surgimento de uma multidão de personagens secundários sem a menor importância e as estranhas explicações sem sentido que são jogadas sem qualquer sutileza para o público digerir. Atores excelentes como J.K. Simmons tem poucas linhas de diálogo e na grande maioria das cenas se limita a sair correndo de um lado para o outro. Os efeitos especiais, que deveriam ser o cartão de apresentação principal do filme, também pouco impressionam. O exterminador T-1000 não é novidade nenhuma desde o segundo filme da franquia. A única boa ideia em termos de roteiro parece ter sido transformar um dos antigos mocinhos dos filmes anteriores em um dos vilões mais interessantes desse novo filme. Fora isso é um deserto de boas inovações. O que acaba salvando em termos o filme é algumas poucas boas presenças no elenco, com destaque para Emilia Clarke como Sarah Connor. Com um visual diferente do que estamos acostumados a ver na série "Game of Thrones" ela pouca lembra de sua personagem Daenerys Targaryen. Com boa presença de cena e o estilo de atuação certa, ela acaba amenizando em muito o descontentamento geral em relação ao filme como um todo. Pena que com um roteiro ruim desses pouca coisa pode ser salva. A conclusão final a que chegamos é a de que "Terminator Genisys" prova mais uma vez que muitas vezes ideias complexas demais nem sempre resultam em uma boa diversão. De todos os filmes anteriores da série esse só não consegue ser pior do que o terceiro, "O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas", que curiosamente trazia Arnold Schwarzenegger em vias de se aposentar na época para emplacar uma nova e promissora carreira política. Se formos nos basear em filmes como esse novo Exterminador para celebrar seu retorno ao cinema então seria melhor que ele continuasse aposentado mesmo.

Pablo Aluísio.

Maggie - A Transformação

Título no Brasil: Maggie - A Transformação
Título Original: Maggie
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate, Grindstone Entertainment
Direção: Henry Hobson
Roteiro: John Scott 3
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Abigail Breslin, Joely Richardson
  
Sinopse:
O mundo passa por uma terrível ameaça. Descoberto há poucos anos um novo tipo de vírus começa a tomar conta da natureza. Plantações precisam ser destruídas para evitar novas contaminações e pessoas começam a ser infectadas por esse novo tipo de doença desconhecida pela ciência. Para os que são atingidos pelo mal não há muito o que fazer a não ser entrar em quarentena, esperando por uma nova cura que parece nunca chegar. Não há salvação à vista e os sintomas praticamente deixam o infectado com os modos e a aparência de um zumbi. Para Wade Vogel (Arnold Schwarzenegger) a situação é ainda mais desesperadora uma vez que ele descobre que sua própria filha adolescente Maggie (Abigail Breslin) está com a nova peste. Determinado a não levá-la para um abrigo do governo, Wade decide ficar ao seu lado, em sua fazenda, enquanto testemunha sua gradual degradação que aos poucos vai transformando a antes bela jovem em um ser repugnante, sedento por carne humana.

Comentários:
Filme de apocalipse Zumbi com Arnold Schwarzenegger? Praticamente isso mesmo. O enredo se desenvolve em um futuro próximo quando o personagem de Schwarzenegger precisa lidar com um terrível drama familiar ao descobrir que sua própria filha Maggie (Breslin) estaria contaminada com esse novo e devastador vírus que transforma todos os infectados em zumbis devoradores de carne humana. Obviamente que o espectador vai ligar imediatamente o roteiro desse filme ao da série de sucesso "The Walking Dead". Sim, há zumbis e um clima de destruição no ar. As cidades parecem desertas e as autoridades não sabem o que fazer com a situação calamitosa. As semelhanças porém param por aí. A trama procura explorar e desenvolver o drama pessoal do pai em desespero Wade (Schwarzenegger), não abrindo praticamente nenhum espaço para uma história cheia de ação, violência e reviravoltas mirabolantes. Isso de certa maneira pode vir a decepcionar os fãs de Arnold Schwarzenegger, já que ele construiu toda a sua carreira em cima de filmes violentos de ação. Muitos inclusive vão esperar que ele vá empunhar uma escopeta em todas as cenas para estourar os miolos dos zumbis que venha a encontrar pela frente. Desista, isso não acontecerá nesse filme.

Ao invés disso o diretor Henry Hobson optou por desenvolver e explorar as angústias de um pai vendo sua filha adolescente sendo tomada gradualmente aos poucos por esse terrível mal. Embora seja aconselhado por todos (médicos e os policiais da cidade) a mandar ela com urgência para um lugar de quarentena determinado pelo Estado ele resiste, querendo ficar ao lado dela até o fim. No fundo é uma história de amor entre pai e filha. O veterano durão Schwarzenegger até mesmo deixa cair algumas lágrimas pelo rosto em um momento crucial do enredo, imagine você! O problema é que apesar de todas as suas boas intenções a doença rapidamente começa a tomar conta da jovem, fazendo com que ela aos poucos vá perdendo o contato com a realidade, sendo tomada por infectas feridas negras por todo o corpo, além de uma indisfarçável atração e gosto por carne humana. Conforme o tempo passa a fome vai se tornando cada vez mais presente e insuportável de resistir. Isso tudo vai acontecendo aos poucos. O ritmo é lento, contemplativo e com poucas cenas de ação (na verdade há apenas uma, bem tímida e discreta que não chega a fazer qualquer diferença). Fora isso tudo o que você encontrará pela frente é realmente a história de um pai fazendeiro que fica destruído emocionalmente por causa do estado de saúde cada vez mais deteriorado de sua própria filha. Quem poderia imaginar que um dia o brucutu Arnold Schwarzenegger iria estrelar um filme tão sensível como esse?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Mar Negro

Título no Brasil: Mar Negro
Título Original: Black Sea
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Kevin Macdonald
Roteiro: Dennis Kelly
Elenco: Jude Law, Scoot McNairy, Ben Mendelsohn
  
Sinopse:
Depois de trabalhar por mais de trinta anos em uma empresa de exploração submarina, o Capitão Robinson (Jude Law) é demitido. De repente ele se vê numa situação muito complicada pois é um profissional extremamente especializado numa função em que não é fácil conseguir um novo emprego no mercado. Sem dinheiro e sem opções, ele resolve apostar alto numa jogada arriscada. Recruta um grupo de ex-marinheiros como ele e levanta financiamento com um gangster para alugar um velho submarino. O objetivo é encontrar um antigo U-Boot alemão afundado durante a II Guerra Mundial. A embarcação nazista estaria supostamente carregada com milhões em ouro puro quando foi a pique! Uma fortuna enterrada nas profundezas do oceano só esperando por um resgate. 

Comentários:
"Black Sea" me surpreendeu de forma muito positiva. Parecia ser mais um daqueles filmes derivativos sobre submarinos, do mesmo tipo que vemos há anos. Não é bem assim. O roteiro tem ótimas surpresas, algumas muito bem boladas. A história de um Capitão que resolve encarar uma missão submarina para resgatar ouro nazista já é bem interessante. Junte-se a isso o bom roteiro e você certamente terá uma diversão e tanto. Obviamente que há alguns absurdos no desenvolvimento da trama - situações que você dificilmente engolirá tão facilmente. Isso porém deve ser deixado de lado em nome do puro divertimento. O submarino que esse velho grupo de marujos veteranos e desempregados precisam encarar é uma verdadeira banheira flutuante, uma velha embarcação toda enferrujada. Isso porém não diminui o ânimo de todos, afinal de contas se forem bem sucedidos ficarão ricos pois a promessa é de dividir a fortuna em parte iguais entre todos eles. São apenas doze homens que precisam encarar o desafio de irem até as profundezas do mar negro em busca desse submarino nazista afundado cheio de ouro em seu interior. 

A carga milionária teria sido enviada pelo próprio Stálin para os cofres do Reich como uma amostra de sua boa vontade após a assinatura do pacto de não agressão entre as duas nações, nas vésperas da invasão alemã sobre o território soviético. Depois que a guerra entre a Alemanha Nazista e o Estado Soviético começou o velho U-Boot alemão foi destruído por navios de guerra russos, ficando por 70 anos enterrado em seu túmulo no fundo do mar. O problema é que a tripulação do Capitão Robinson (Law) não tem autorização para resgatar esse carregamento. Eles precisam passar incógnitos pela própria marinha russa que patrulha a região. Enquanto procuram pelo submarino alemão desaparecido no fundo do oceano, navios russos passam por cima deles, na superfície! Essa porém nem é a maior dificuldade pois o próprio submarino que estão utilizando começa a apresentar um problema técnico atrás do outro, fruto de seu mal estado de conservação, afinal de contas era uma nau praticamente aposentada há anos! Enfim, uma aventura como nos velhos tempos. Sim, sua trama é bem improvável e muitas cenas são totalmente inverossímeis, mas a despeito de tudo isso a diversão também estará garantida.

Pablo Aluísio.

Tracers

Título no Brasil: Tracers
Título Original: Tracers
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate
Direção: Daniel Benmayor
Roteiro: Leslie Bohem, Matt Johnson
Elenco: Taylor Lautner, Marie Avgeropoulos, Adam Rayner
  
Sinopse:
Depois da morte dos pais, o jovem Cam (Taylor Lautner) faz o que é possível para sobreviver. De dia entrega correspondência em Nova Iorque com sua bicicleta. De noite tenta recuperar o velho carro que seu pai lhe deixou. Morando numa garagem que mal consegue pagar o aluguel, a vida não é nada fácil para ele. Durante um dia no trampo ele acaba conhecendo um grupo de jovens que praticam parkour pela cidade. Imediatamente ele acaba ficando interessado no estilo de vida deles e na adrenalina que esse esporte radical proporciona aos seus praticantes. Precisando de grana urgente, que deve a um criminoso de Chinatown, Cam acaba também aceitando fazer parte de alguns trabalhos sujos arranjados pelo mentor da turma. Algo que será muito arriscado e perigoso.

Comentários:
Filme de ação estrelado pelo ídolo teen Taylor Lautner. Para quem não se lembra ele foi o ator que interpretou o personagem Jacob Black na saga "Crepúsculo". Sim, aquele jovem que se transformava em lobo e que nunca vestia uma camisa! Pois bem, desde o fim daquela franquia os estúdios estão tentando transformar em astros o trio principal da série (que contava ainda com Kristen Stewart e Robert Pattinson). Até agora nenhum deles têm conseguido grande sucesso de bilheteria. Robert Pattinson vem acumulando fracassos e Kristen Stewart, apesar de ter aparecido em alguns poucos filmes interessantes, também ainda não entrou no grupo de elite do cinema americano. Taylor Lautner, como o menos badalado da turma, tem tentado emplacar no gênero dos filmes de ação. 

Esse aqui aposta numa moda popular entre os jovens americanos e europeus, o parkour. Nunca ouviu falar? Basicamente são acrobacias e movimentos que usam a arquitetura das grandes cidades como um grande playground. Esses jovens, que não sabem o perigo que correm, pulam em vãos de prédios, sobem andares sem equipamento de proteção e fazem todo tipo de pirueta em cima de carros, pontes e viadutos. Não é algo que você vá recomendar para seus filhos - a não ser que queira que eles sofram algum tipo de acidente mais sério. Enfim, mais uma modinha do mundo dos esportes radicais. O enredo é simples e direto, sem muita firulas. Dentro do nicho adolescente e com uma visão de não se esperar por muita coisa, até que a fita consegue divertir em suas pretensões modestas. Há uma trama envolvendo o submundo do crime, mas no fundo tudo é mera desculpa para os dublês darem shows de parkour por aí - realmente os caras são feras naquilo que se propõe a fazer. No final de tudo o que fica de mais interessante é a oportunidade de conhecer um pouco mais dessa nova modalidade radical. Não vai mudar em nada sua vida e nem lhe trará maior bagagem cultural, mas pensando bem, para um jovem de 16 anos isso também pouco importa. Está de bom tamanho.

Pablo Aluísio.